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Brasília-DF. Patologias em Processos construtivos Elaboração Laoana Tuíra Gonçalves Mendes Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7 UNIDADE I PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES – INFORMAÇÕES GERAIS .................................................................... 9 CAPÍTULO 1 DEFINIÇÕES E ORIGEM DAS PATOLOGIAS NAS CONSTRUÇÕES ................................................. 9 UNIDADE II TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I ........................................................................................................... 14 CAPÍTULO 1 PATOLOGIAS DAS ESTRUTURAS ................................................................................................ 14 CAPÍTULO 2 PATOLOGIAS DAS ALVENARIAS ................................................................................................ 22 CAPÍTULO 3 PATOLOGIAS DOS REVESTIMENTOS .......................................................................................... 31 UNIDADE III TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II .......................................................................................................... 37 CAPÍTULO 1 PATOLOGIAS DAS PINTURAS .................................................................................................... 37 CAPÍTULO 2 PATOLOGIAS DAS INSTALAÇÕES .............................................................................................. 44 CAPÍTULO 3 PATOLOGIAS DOS FORROS, ESQUADRIAS E COBERTURAS ........................................................ 52 UNIDADE IV PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES - METODOLOGIA DE ABORDAGEM .................................................... 62 CAPÍTULO 1 LEVANTAMENTO DE SUBSÍDIOS ................................................................................................ 62 CAPÍTULO 2 DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO ................................................................................................. 71 CAPÍTULO 3 DEFINIÇÃO DA CONDUTA, RETROALIMENTAÇÃO E EXEMPLOS PRÁTICOS ................................ 75 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 85 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 6 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 Introdução Nesta disciplina, vamos estudar as patologias dos sistemas construtivos. Na primeira Unidade o aluno irá se ambientar com algumas definições importantes para o estudo das patologias nos sistemas construtivos, bem como as principais origens das manifestações patológicas. Estas informações serão apresentadas em um único capítulo, o Capítulo 1. A segunda Unidade trata de alguns dos tipos de patologias. O Capítulo 1 mostra as patologias das estruturas. O Capítulo 2 abrange as patologias das alvenarias e o Capítulo 3 trata das patologias dos revestimentos. A terceira Unidade abordará alguns tipos de patologias nas construções. No Capítulo 1 será possível se ambientar com as patologias das pinturas. Já o Capítulo 2 trata das patologias das instalações. E o Capítulo 3 mostra as patologias dos forros, esquadrias e coberturas. Na quarta Unidade o assunto é sobre a metodologia de abordagem nas patologias das construções. Essa unidade conta com três capítulos. O Capítulo 1 abordará a etapa de levantamento de subsídios. No Capítulo 2 será tratada a etapa de diagnóstico da situação. Por fim, o Capítulo 3 abordará as etapas de definição da conduta e retroalimentação, e ainda apresentará exemplos práticos. Objetivos » Descrever os principais problemas patológicos. » Definir os erros comumente cometidos durante as fases de concepção. » Entender os tipos de patologias. » Aprender a formular diagnósticos. » Compreender as alternativas de intervenção nas manifestações patológicas. 8 9 UNIDADE I PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES – INFORMAÇÕES GERAIS Nessa Unidade vamos estudar algumas definições importantes para o estudo das patologias nos sistemas construtivos, bem como as principais origens das manifestações patológicas. Estas informações serão apresentadas em um único capítulo, o Capítulo 1. CAPÍTULO 1 Definições e origem das patologias nas construções Conceitos Patologia das construções A prática da construção está presente na civilização humana desde seus primórdios e vem se aprimorando desde então. A demanda por edificações vem aumentando em ritmo acelerado e junto a isso se desenvolveu, também, novas técnicas, gerando um grande salto científico e tecnológico. Por outro lado, aumentaram-se, também, os problemas relacionados à construção. Esses problemas derivam da combinação de inúmeros fatores, como: falta de projetos ou projeto mal feitos, economia de materiais, desvalorização de profissionais, materiais com má qualidade, a faltade mão de obra qualificada no setor da construção civil, entre outros. Segundo Cremonini (1998), patologias das construções é a área da engenharia civil responsável por analisar o desempenho insatisfatório dos elementos de uma edificação 10 UNIDADE I │ PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES – INFORMAÇÕES GERAIS ao longo de sua vida útil. A verificação do desempenho é feita a partir de limites estabelecidos pelas normas técnicas. Neste sentido, o ramo de patologias faz análises dos tipos de manifestações, suas causas e suas origens. Desempenho O desempenho de uma construção é definido como o atendimento a certas exigências, estabelecidas por normas, ao longo de sua vida útil. Este desempenho pode estar relacionado a habitabilidade, manutenibilidade, estética, uso, entre outros. Vale lembrar que caso uma edificação apresente desempenho insatisfatório para determinado aspecto não significa que essa edificação esteja necessariamente condenada. É necessário avaliar a situação patológica e atribuir uma intervenção técnica que reabilite a edificação, garantido que esta atinja sua vida útil. Vida útil A vida útil de uma construção é definida como a manutenção da segurança, funcionalidade e aparência aceitável, sob as condições ambientais esperadas, durante certo período de tempo sem a necessidade de custos elevados de manutenção e reparo. Em suma, vida útil é o período em que as características mínimas de funcionalidade, resistência e aspectos externos exigíveis são conservadas. Manutenção A manutenção é o conjunto de ações necessárias para garantir que a edificação atenda a níveis satisfatórios, ou seja, são rotinas de inspeção e reparos com o objetivo de prolongar a vida útil do projeto, com um valor plausível. É importante ressaltar que a manutenção não é a ação realizada depois do surgimento das patologias, e sim o processo que não permite que estas surjam. Assim, pode-se dizer que a manutenção de uma edificação é tão importante quanto sua execução. Causas dos problemas patológicos De acordo com Helene (2003), para entender as patologias que incidem em uma edificação é preciso investigar a origem do problema em questão, ou seja, definir a causa e o efeito que gerou a manifestação patológica. 11 ATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES – INFORMAÇÕES GERAIS │ UNIDADE I As manifestações patológicas geralmente se originam em algum erro ou falha cometida em uma ou mais etapas do projeto: concepção (planejamento, projeto e fabricação das matérias primas), execução (métodos construtivos e qualidade dos materiais) e uso. Dessas fases de projeto, as que mais originam patologias são as fases de controle de matérias primas, execução e utilização. Na pesquisa apresentada na Tabela 1, exemplificamos as principais causas das manifestações patológicas. Tabela 1. Causas dos principais problemas patológicos. Causa Percentual (%) Causas diversas 1,6% Disposições defeituosas 2,5% Erros de concepção 3,5% Fenômenos químicos 4,0% Erros nas hipóteses de cálculo e uso dos materiais 8,5% Falhas de execução 16,5% Deformações excessivas e sobrecargas 19,7% Falhas resultantes de variações dimensionais 43,7% Fonte: Do Carmo, 2003. Segundo Gnipper e Mikaldo Jr. (2007), quando se limitam as causas a fatores inerentes à própria edificação, têm-se que os erros de projetos são responsáveis por 36% a 49% das patologias, execução, 19% a 30%, falhas dos componentes, 11% a 25%, e falhas de utilização, 9% a 11% (Figura 1). Figura 1. Causas de patologias inerentes à edificação. Projeto Execução Componentes Utilização Fonte: Própria autora. Concepção (Planejamento, Projeto e Materiais) A fase de concepção de uma edificação é composta por duas sub etapas: o planejamento e o projeto. Durante o planejamento define-se o tipo/função do edifício de acordo com 12 UNIDADE I │ PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES – INFORMAÇÕES GERAIS as necessidades do usuário. No projeto, escolhem-se os matérias e métodos a serem utilizados para que a função e o desempenho do edifício sejam garantidos. A etapa de concepção é extremamente importante, pois é a partir dela que a edificação é definida e onde uma concepção equivocada pode gerar inúmeros problemas patológicos. Assim, deve-se atentar para as características esperadas dos materiais a serem utilizados, as possíveis exposições externas, o desempenho previsto e, além disso, a viabilidade da edificação. As principais causas de falhas que originam na concepção são: » Modelo de cálculo inadequado. » Erros de dimensionamento. » Erros de análise das capacidades da estrutura ou do solo. » Especificação dos materiais e serviços inexistentes ou incorretos. » Detalhes construtivos inexistentes ou insuficientes. » Falta de compatibilização entre os projetos (arquitetura, estrutura, instalações etc.). » Falta de análise do meio em que a edificação está inserida (classe de agressividade). Execução (Construção) Durante a execução/construção da edificação, a origem das manifestações patológicas está ligada, principalmente, a: » Baixa qualidade da mão de obra. » Profissionais não qualificados. » Ausência de treinamento dos profissionais. » Falta de controle de qualidade e fiscalização. » Uso de materiais de baixa qualidade. » Falta de condições locais de trabalho. » Layout ocupacional do canteiro de obras inadequado. » Erros de interpretação de projetos. » Não atendimento às especificações de projeto. 13 ATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES – INFORMAÇÕES GERAIS │ UNIDADE I Utilização (Manutenção) Os problemas patológicos que ocorrem durante a utilização estão relacionados, principalmente, à má utilização ou à falta de manutenção do edifício. Muitas vezes, esses problemas se devem à ausência de manuais de uso de manutenção da edificação, que deveriam ter sido elaborados pela construtora. As principais causas de problemas patológicos com origem devido à utilização são: » Sobrecargas não previstas. » Alterações estruturais indevidas (reformas). » Uso de agentes químicos agressivos. » Inexistência ou insuficiência de programa de manutenções. » Ausência de vistorias periódicas com o intuito de detectar sintomas patológicos. » Elementos danificados por impactos. » Erosões por abrasão. » Retração do cimento. » Deformações excessivas das armaduras. O principal instrumento para evitar grande parte dos problemas patológicos de utilização é a elaboração de um manual de uso, operação e manutenção de qualidade. Este manual deve ser bem explicativo e conter todos os requisitos para garantir o bom desempenho da edificação. São esses requisitos: » Requisitos gerais. » Requisitos das estruturas. » Requisitos dos pisos. » Requisitos das vedações verticais internas e externas. » Requisitos da cobertura. » Requisitos das instalações. Todos esses requisitos são elaborados de maneira a atender aos seguintes critérios: » Segurança: desempenho mecânico e segurança contra incêndio. » Habitabilidade: desempenho térmico, acústico e luminoso; estanqueidade; saúde, higiene e qualidade do ar; funcionalidade e acessibilidade. » Sustentabilidade: adequação ambiental; durabilidade e manutenibilidade. 14 UNIDADE II TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I Na Unidade II, vamos estudar alguns tipos de patologias das construções. O Capítulo 1 mostra as patologias das estruturas. O Capítulo 2 abrange as patologias das alvenarias e o Capítulo 3 trata das patologias dos revestimentos. CAPÍTULO 1 Patologias das estruturas Por muito tempo o concreto armado foi tido como material perene, ou seja, não carecia de cuidados durante sua vida, não necessitando de manutenção. Contudo, ao passar dos anos percebeu-se que uma quantidade significativa de edificações apresentava casos de deterioração de seus componentes estruturais e, assim, a perenidade do concreto foi sendo reavaliada. Essa deterioração do concreto ocorre por diversos motivos, como: estruturas mal projetadas, mal executadas, utilizadas de maneira equivocadae por não sofrerem manutenções preventivas. Essa degradação do concreto se dá, na maioria das vezes, por processos biológicos, eletromagnéticos, físicos, mecânicos ou químicos. Esses processos interferem no seu desempenho, muitas vezes sem manifestações visuais, o que pode provocar uma queda da capacidade resistente, podendo gerar, em determinadas ocasiões, colapso parcial ou total da estrutura. 15 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I│ UNIDADE II Origem Os erros mais comuns cometidos em cada uma das fases são: Concepção (Planejamento, Projeto e Materiais) » Carência de detalhes. » Erros de dimensionamento. » Desconsiderar o efeito térmico. » Incoerências entre os projetos. » Deixar de prever sobrecargas. » Especificar o concreto deficiente. » Especificar o cobrimento incorreto. Execução (Construção) » Condições dos locais de trabalho inadequadas (cuidados e motivação). » Profissionais (mão de obra) não capacitados. » Falta de controle de qualidade de execução. » Materiais e componentes de baixa qualidade. » Equipe técnica irresponsável. » Sabotagem. Utilização (Manutenção) » Manutenção inadequada ou falta de manutenção. » Utilização inadequada (mudança da finalidade da estrutura). 16 UNIDADE II │ TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I Sintomas patológicos Os sintomas patológicos mais comuns em estruturas de concreto são fissuras, esmagamento do concreto, desagregação do concreto, carbonatação e corrosão da armadura. Fissuras, trincas, rachaduras e fendas Um dos sintomas mais comuns é o aparecimento de fissuras, trincas, rachaduras e fendas. A fissura (Figura 2) é uma fresta linear que surge na superfície de um material sólido. Essa fresta se deve a uma ruptura sutil de parte do material e possui espessuras até 0,5mm. Figura 2. Fissuras em estruturas de concreto. Fonte: Fissuras em lajes, 2012. A trinca (Figura 3) é uma fresta linear que surge na superfície de um material sólido. Essa fresta se deve a uma ruptura evidente de parte do material e possui espessura entre 0,5mm e 1,0 mm. 17 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I│ UNIDADE II Figura 3. Trincas em estruturas de concreto. Fonte: Fissuras em lajes, 2012. A rachadura (Figura 4) é uma fresta linear que surge na superfície de um material sólido. Essa fresta se deve a uma ruptura acentuada de parte do material (é possível “ver” através dela) e possui espessuras entre 1,0 mm e 1,5 mm. Figura 4. Rachaduras em estruturas de concreto. Fonte: Fissuras em lajes, 2012. A fenda (Figura 5) é uma fresta linear expressiva que surge na superfície de um material sólido. Essa fresta se deve a uma ruptura acentuada do material e possui espessura acima de 1,5 mm. 18 UNIDADE II │ TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I As principais causas do aparecimento de fissuras, trincas, rachaduras e fendas são: » Recalques diferenciais. » Movimentação pela variação térmica. » Peças com excesso de deformação. » Sobrecargas não previstas. » Retração do concreto. » Carbonatação. » Corrosão das armaduras. » Reações químicas internas. » Deficiências construtivas. Figura 5. Fendas em estruturas de concreto. Fonte: Plantas de casas, S. d. Esmagamento do concreto O esmagamento do concreto (Figura 6) se dá pela formação de trincas na zona de compressão. 19 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I│ UNIDADE II Figura 6. Esmagamento do concreto. Fonte: Guide, 2017. As principais causas do sintoma de esmagamento do concreto são: » Mal dimensionamento do elemento estrutural (erro na bitola, no número de barras de aço ou na seção). » Uso de concreto de baixa resistência. » Aplicação de sobrecarga não prevista. » Carregamento precoce da estrutura. » Erros de concepção estrutural. Desagregação do concreto A desagregação (Figura 7) é um dos sinais mais típicos de ataques químicos. Nela o cimento perde a capacidade de aglomerar e desprende os agregados da pasta. 20 UNIDADE II │ TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I Figura 7. Desagregação do concreto. Fonte: Techne, 2013. Suas principais causas são: » Oxidação ou dilatação das armaduras. » Aumento de volume do concreto quando este absorve água. » Movimentações estruturais e choques. Carbonatação A carbonatação (Figura 8) é a transformação do hidróxido de cálcio, com alto PH, em carbonato de cálcio, que tem um PH mais neutro. Suas principais causas são: » Dosagem incorreta do concreto. » Cura inadequada. » Presença de fissuras. » Alta umidade. 21 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I│ UNIDADE II Figura 8. Carbonatação em estruturas de concreto. Fonte: BDE, 2017. Corrosão da Armadura A corrosão das armaduras (Figura 9) ocorre através de sua oxidação por elementos agressivos. O principal sintoma é o aumento do volume da região oxidada que, pela força de expansão, expulsa o concreto do cobrimento e expõe a armadura. Figura 9. Corrosão da armadura em estruturas de concreto. Fonte: Clube do Concreto, 2015. Suas principais causas são: » Carbonatação. » Porosidade do concreto. » Existência de trincas. » Cobrimento deficiente. 22 CAPÍTULO 2 Patologias das alvenarias A alvenaria é utilizada nos processos construtivos a muitos anos. No início, começou com pedras empilhadas e, então, foi sofrendo evoluções com as descobertas de novas técnicas, desde peças modulares, blocos, tijolos até alvenarias de gesso. A maioria das manifestações patológicas em alvenarias são vísiveis, pois são inerentes aos materiais que as compõem e do comportamento destes. Os principais problemas nas alvenarias são causados por infiltrações, variações térmicas, movimentações estruturais, umidade relativa do ar etc. Os principais sintomas patológicos em alvenarias são fissuras, eflorescências e infiltrações de água. Fissuras As principais causas do aparecimento de fissuras em alvenarias são: » Movimentações térmicas. » Movimentações higroscópicas. » Recalques diferenciais. » Deformações estruturais. Os principais tipos de fissuras nas alvenarias são fissura vertical, horizontal e inclinada e cada uma tem suas causas prováveis. Fissuras verticais As principais causas de fissuras verticais são: » Deformação da argamassa de assentamento em paredes submetidas a uma carga vertical uniformemente distribuída (Figura 10). » Movimentação térmica da laje de cobertura (deficiência de isolamento térmico, com a ocorrência de fissuras no topo da parede, decorrente da dilatação da laje de cobertura (Figura 11). 23 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I│ UNIDADE II » Movimentação higroscópica da alvenaria, principalmente no encontro de alvenarias (cantos) e em alvenarias extensas. » Retração por secagem da alvenaria, principalmente em pontos de concentração de tensões ou seção enfraquecida. » Expansão da argamassa de assentamento (interação sulfato-cimento, hidratação retardada da cal). Figura 10. Fissuras verticais em alvenarias causadas pela atuação de carga vertical uniformemente distribuída. Fonte: Vitório, 2003. Figura 11. Fissuras verticais em alvenarias junto à cobertura causadas pela dilatação térmica da laje de cobertura Fonte: Vitório, 2003. 24 UNIDADE II │ TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I Fissuras Horizontais As principais causas de fissuras horizontais são: » Alvenaria submetida à flexocompressão devida a deformações excessivas da laje (Figura 12). » Expansão da argamassa de assentamento (interação sulfato-cimento, hidratação retardada da cal). » Expansão da alvenaria por movimentação higroscópica, em geral nas regiões sujeitas à ação constante de umidade, principalmente na base das paredes (Figura 13). » Movimentação térmica da laje de cobertura (deficiência de isolamento térmico, com a ocorrência de fissuras no topo da parede, decorrente da dilatação da laje de cobertura) (Figura 14). » Retração por secagem da laje de concreto armado, que gera fissuras nas alvenarias, principalmente nas externas enfraquecidas por vãos (Figura 15). Figura 12. Fissuras horizontaisna parte inferior das alvenarias causadas pela deformação da laje que solicita a alvenaria à flexão composta. N M Laje Parede Fissura horizontal Fonte: Vitório, 2003. 25 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I│ UNIDADE II Figura 13. Fissuras horizontais causadas pela movimentação higroscópica, em geral, nos trechos mais suscetíveis à umidade. Fonte: Vitório, 2003. Figura 14. Fissuras horizontais de cisalhamento causadas pela movimentação térmica da laje de cobertura. Fonte: Vitório, 2003. 26 UNIDADE II │ TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I Figura 15. Fissuras horizontais causadas pela retração por secagem de lajes de concreto armado, em geral, ocorre nas paredes externas enfraquecidas por aberturas de portas e janelas. Fonte: Vitório, 2003. Fissuras inclinadas As principais causas de fissuras inclinadas são: » Recalques diferenciais, decorrentes de falhas de projeto, rebaixamento do lençol freático, heterogeneidade do solo, influência de fundações vizinhas (Figura 16). » Carregamentos desbalanceados, principalmente em sapatas corridas, ou vigas baldrames excessivamente flexíveis (Figura 17). » Atuação de cargas concentradas diretamente sobre a alvenaria, devido à inexistência de coxins ou outros dispositivos para distribuição das cargas (Figura 18). » Alvenarias com inexistência ou deficiência de vergas e contravergas nos vãos de portas e janelas (Figura 19). » Movimentação térmica de platibanda, ocorrendo fissuras horizontais e inclinadas nas extremidades da alvenaria. 27 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I│ UNIDADE II Figura 16. Fissuras inclinadas causadas por recalques diferenciais nas fundações. Fonte: Vitório, 2003. Figura 17. Fissuras inclinadas de cisalhamento no trecho mais carregado e fissuras de flexão sob as aberturas causadas por carregamentos desbalanceados sobre sapatas corridas. Fonte: Vitório, 2003. 28 UNIDADE II │ TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I Figura 18. Fissuras inclinadas causadas pela ação de cargas concentradas diretamente sobre a alvenaria. Fonte: Vitório, 2003. Figura 19. Fissuras inclinadas causadas pela ação de cargas uniformemente distribuídas em alvenarias com aberturas de portas e janelas e com inexistência de vergas e contravergas. Fonte: Vitório, 2003. Eflorescências A eflorescência (Figura 20) é um depósito cristalino de sais que pode se formar quando a água está presente nas alvenarias. Tem uma tonalidade branca ou acinzentada e consiste em depósitos de sal deixados para trás quando a água evapora. A superfície com eflorescência pode ser alterada e, em alguns casos, os sais presentes podem ser agressivos e causar uma deterioração profunda das alvenarias. 29 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I│ UNIDADE II Os principais fatores que influenciam no surgimento de eflorescência são: » Presença de sais solúveis. » Umidade disponível para transformar sais em uma solução solúvel. » Capacidade dos sais de se movimentarem através de um material até sua superfície (evaporação). Figura 20. Eflorescências em alvenarias. Fonte: Mapa da Obra, 2017. As principais causas do aparecimento de eflorescências são baseadas, na sua maioria, na presença de água, que podem ocorrer devido aos seguintes fenômenos: » Capilaridade. » Infiltrações em fissuras. » Percolação por vazamentos de tubulações de água ou vapor. » Condensação de vapor de água dentro das paredes. Infiltrações Um outro problema que surge nas alvenarias são as infiltrações (Figura 21). Elas são uma das patologias com maior incidência. 30 UNIDADE II │ TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I Figura 21. Infiltrações em alvenarias. Fonte: Mapa da Obra, 2017. A principal causa das infiltrações é a umidade. Essa umidade pode ter diversas origens: » Absorção de água do solo pelas fundações. » Condensação do vapor de água nas superfícies ou no interior das edificações. » Vazamento de tubulações de água ou esgoto. » Infiltração de água da chuva que penetra nos edifícios. 31 CAPÍTULO 3 Patologias dos revestimentos Os revestimentos são responsáveis por proteger as estruturas e as alvenarias contra intempéries, o que aumenta sua vida útil e desempenho. As principais patologias que ocorrem nos revestimentos de paredes e tetos são: » Pintura fissurada e solta da argamassa de revestimento. » Manchas de umidade, com surgimento de bolor. » Eflorescência na superfície da pintura ou entre a pintura e o reboco. » Descolamento da argamassa do revestimento da alvenaria, em placas compactas ou por desagregação completa. » Superfície do revestimento fissurada em conformações variadas. » Superfície do revestimento com bolhas de deslocamento da pintura. » Endurecimento do reboco com empolamento e deslocamento do emboço. As principais causas das patologias em revestimentos são: » Preparo da argamassa com tipo e/ou qualidade dos materiais incoerentes. » Utilização de traço incorreto na argamassa. » Revestimento mal aplicado. » Fatores externos. É possível separar as patologias dos revestimentos em dois grupos: patologias nas argamassas e patologias nos revestimentos cerâmicos. Patologias nas argamassas As principais patologias nas argamassas são: » Manchas causadas pela umidade e mofo. » Argamassa descolando do substrato (Figura 22). 32 UNIDADE II │ TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I » Surgimento de bolhas. » Surgimento de fissuras. » Retrações ocorridas devido à secagem rápida da argamassa (Figura 23). » Pulverulência (esfarelamento / massa podre) devido ao excesso de finos nos agregados ou traço pobre (Figura 24). Figura 22. Descolamento da argamassa. Fonte: Mapa da Obra, 2015. Figura 23. Fissuras de retração da argamassa. Fonte: Guide, 2017. 33 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I│ UNIDADE II Figura 24. Pulverulência da argamassa. Fonte: Construliga, 2017. Patologias nos revestimentos cerâmicos As patologias nos revestimentos cerâmicos podem ser separadas em patologias nos revestimentos cerâmicos de pisos e patologias nos revestimentos cerâmicos de paredes ou fachadas. As principais patologias nos revestimentos cerâmicos de pisos são: » Caimento incorreto. » Manchas devido à umidade ascendente (Figura 25). » Impermeabilização deficiente. » Eflorescência (Figura 26). » Descolamentos e destacamentos (Figura 27). 34 UNIDADE II │ TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I Figura 25. Manchas nos pisos cerâmicos. Fonte: Goyazlimp, 2015. Figura 26. Eflorescência nos pisos cerâmicos. Fonte: Costa, 2012. 35 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I│ UNIDADE II Figura 27. Descolamentos e destacamentos nos pisos cerâmicos. Fonte: Parente, 2017. Já as patologias nos revestimentos de paredes ou fachadas são: » Descolamentos e destacamentos (Figura 28). » Trincas, gretamento e fissuras (Figura 29). » Eflorescência. » Degradação das juntas. » Bolor (Figura 30). Figura 28. Descolamentos e destacamentos nos revestimentos cerâmicos em fachadas. Fonte: Techne, 2014. 36 UNIDADE II │ TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE I Figura 29. Trincas nos revestimentos cerâmicos em paredes e fachadas. Fonte: AKI, S. d. Figura 30. Bolor (mofos) nos revestimentos cerâmicos em paredes e fachadas. Fonte: Cultura Mix, S. d. 37 UNIDADE III TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II Na Unidade III vamos estudar alguns tipos de patologias nas construções. No Capítulo 1 será possível se ambientar com as patologias das pinturas. Já o Capítulo 2 trata das patologias das instalações. E o Capítulo 3 mostra as patologias dos forros, esquadrias e coberturas. CAPÍTULO 1 Patologias das pinturas A pintura pode ser considerada um tipo de revestimento com acabamento estético com a função de proteger os elementos construtivos e aumentar a durabilidade da edificação. As principais manifestações patológicas das pinturas são trincas, bolhas, eflorescência, descascamento, saponificação, calcinação, desagregamento, descoloração, cratera e manchas diversas. Trincas As principais causas do surgimento de trincas (Figura31) nas pinturas são: » Movimentação natural da estrutura da edificação. » Expansão natural do concreto. 38 UNIDADE III │ TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II Figura 31. Trincas nas pinturas. Fonte: Rua Direita, 2014. Bolhas As principais causas do surgimento de bolhas (Figura 32) nas pinturas são: » Utilização de massa corrida PVA em superfícies externas. » Repintura sobre uma tinta muito antiga ou de qualidade inferior. Eflorescências As principais causas do surgimento de eflorescências (Figura 33) nas pinturas são: » Aplicação direta da tinta sobre o reboco úmido. » Infiltrações. Descascamento As principais causas do descascamento (Figura 34) nas pinturas são: » Aplicação da tinta em superfícies pulverulentas ou que tiveram aplicação de cal. 39 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II │ UNIDADE III Figura 32. Bolhas nas pinturas. Fonte: Condoplus, S. d. Figura 33. Eflorescências nas pinturas. Fonte: Reforma Fácil, 2010. Figura 34. Descascamento nas pinturas. Fonte: Mãos à Obra, 2013. 40 UNIDADE III │ TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II Enrugamento As principais causas do enrugamento (Figura 35) nas pinturas são: » Quantidade excessiva de tinta numa demão. » Tempo de secagem incorreto entre demãos. Figura 35. Enrugamento nas pinturas. Fonte: Tintas e Pinturas, 2013. Saponificação As principais causas do surgimento de saponificação (Figura 36) nas pinturas são: » Alcalinidade natural da cal e do cimento do reboco. 41 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II │ UNIDADE III Figura 36. Saponificação nas pinturas. Fonte: Progresso Distribuidora, 2013. Calcinação As principais causas do surgimento de calcinação (Figura 37) nas pinturas são: » Alcalinidade natural da cal e do cimento. » Intemperismo causado pelas águas das chuvas. Figura 37. Calcinação nas pinturas. Fonte: Ibraclube, 2016. Desagregamento As principais causas do desagregamento (Figura 38) nas pinturas são: » Aplicação da tinta sobre um reboco novo, não curado ou na presença da umidade. 42 UNIDADE III │ TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II Figura 38. Desagregamento nas pinturas. Fonte: Alessi, S. d. Descoloração As principais causas da descoloração (Figura 39) nas pinturas são: » Perca de brilho ou intensidade, devido ao envelhecimento natural da tinta. » Ação da luz solar. Figura 39. Descoloração nas pinturas. Fonte: Pintar a Casa, 2014. Cratera As principais causas do surgimento de crateras (Figura 40) nas pinturas são: » Diluição das tintas em solventes não indicados. 43 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II │ UNIDADE III » Contaminação da superfície por graxas, óleos ou silicones. Figura 40. Descoloração nas pinturas. Fonte: Ibraclube, 2016. Manchas As principais causas do surgimento de manchas (Figura 41) nas pinturas são: » Respingos de chuva. » Fungos. » Infiltrações. Figura 41. Manchas nas pinturas. Fonte: Construindo Decor, S. d. 44 CAPÍTULO 2 Patologias das Instalações As patologias das instalações são pontos importantes a serem observados nas construções. Esse tipo de patologia pode causar danos à utilização da estrutura das edificações e, em muitos casos, comprometer a utilização da construção. Figura 42. Ferrugem em instalação. Fonte: Construindo Decor, S. d. As instalações são de suma importância para que a edificação seja utilizada para o seu devido fim. Em muitos casos, as instalações de uma construção ficam embutidas, para que não se fique aparente, o que pode gerar graves consequências quando apresenta algum problema no seu funcionamento. Dessa forma, torna-se importantíssimo o estudo das patologias nas instalações elétricas a fim de se evitar que elas ocorram ou ainda para saber as medidas que podem ser adotadas para que sejam corrigidas em uma dada edificação. As principais patologias nas instalações a serem estudadas são aquelas relacionadas com as instalações elétricas e instalações hidráulicas. As instalações hidráulicas são uma das principais causas de patologias pós ocupação das edificações, em virtude de estarem embutidas e as graves consequências que o contato da estrutura predial com a água pode causar. 45 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II │ UNIDADE III Figura 43. Teto infiltrado por vazamentos das instalações. Fonte: Patologia IFAP, 2014. Patologias das instalações hidráulicas A seguir, são apresentadas as principais patologias em instalações hidráulicas. Tampas de acesso às câmaras do reservatório elevado Os problemas com as tampas de acesso às instalações hidráulicas são causados em virtude da compatibilização de projetos de arquitetura, estrutura e hidrossanitários ser feita de maneira inadequada ou com desatenção aos detalhes que envolvem esses acessos. Em muitos casos as plantas de arquitetura não contemplam o detalhamento da locação das tampas de acesso às câmaras do reservatório elevado. Dessa forma, esse item apresenta grande probabilidade de ser executado de maneira incorreta, o que pode propiciar a admissão de água contaminada em seu interior. Ramais de distribuição de água fria e água quente O sifão é uma peça importante para as instalações hidráulicas. O formato dele é ideal para evitar o fluxo desfavorável e o mau cheiro no interior das edificações. Em construções que o sifão é feito erroneamente no formato de U invertido, o fluxo desfavorável causará um vácuo e bolhas de ar. Com isso, a água sairá descontínua nos pontos terminais de 46 UNIDADE III │ TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II torneiras e chuveiros, o que causa desconforto na utilização e pode provocar a queima da resistência dos chuveiros. Tubulações plásticas expostas ao tempo Os tubos de PVC, usados comumente em instalações hidráulicas, sofrem desordens químicas ao longo do tempo, pela exposição ao sol e às diferentes temperaturas ao longo do dia. A superfície externa desses materiais apresenta descoloração e ressecamento, provocando perda de resistência e colapso de seu material, pois os tubos seguem sendo exigidos sem dispor da resistência original. Figura 44. Tubo de PVC marrom exposto à radiação ultravioleta e variações térmicas, que concorrem para redução do tempo de vida útil. Fonte: IBDA, 2018. Irregularidades na central redutora de pressão Um grande problema na utilização dos edifícios, relacionado rede hidráulica, é a pressão na rede e nos pontos de saída de água. Quando mal dimensionada, a rede pode ter pontos com baixa pressão, o que pode trazer problemas de abastecimento, não atendendo à vazão de projeto e, consequentemente, não suprindo a demanda de quem utiliza a edificação. O maior problema de uma rede mal dimensionada reside nos pontos de maior pressão dentro da tubulação, bem como nos pontos de saída. Quando uma rede tem pontos de alta pressão, deve ser assegurado que os materiais que compõem a tubulação serão 47 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II │ UNIDADE III resistentes o suficiente para que não haja a ruptura da rede e conexões e evite-se vazamentos. Uma rede com pontos de saída com pressão muito alta causa transtornos aos usuários. A alta pressão pode causar mau funcionamento dos equipamentos e utensílios, ou ainda danificá-los. A maioria das mangueiras que são de uso residencial não é projetada para pressões muito elevadas e se romperão quando forem conectadas a pontos de saída de água com alta pressão. Para evitar esses pontos de alta pressão é importantíssimo que sejam instaladas estações redutoras de pressão. Devendo ser bem dimensionada para que não seja instalada em locais que gerem a pressão muito baixa nos pontos de saída. Essa é uma solução que deve ser utilizada em prédios e edificações muito altos. Figura 45. Vazamentos em pontos de alta pressão. Fonte: Desentupidora Jundiaí, S. d. Ruídos e vibrações das bombas de recalque Os ruídos e vibrações de bombas são inevitáveis. Porém, os efeitos que eles produzem podem ser minimizados com a localização adequada, bem como escolhendo-se bem o material que ela será assentada. O projeto e as especificações devemprever que seja instalada em uma plataforma que absorva as vibrações, a fim de minimizar o ruído e o desgaste dos equipamentos devido às vibrações. Assim, além da redução do barulho, as instalações hidráulicas e tubulações ficam protegidas contra rachaduras e vazamentos nas conexões. 48 UNIDADE III │ TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II Fios Aparentes dentro de reservatórios Nas paredes do teto do reservatório sempre há água de evaporação e isso acaba infiltrando nos eletrodutos e fios (Figura 46), resultando em problemas nas instalações elétricas. Efetuar manutenções nestes trechos torna-se perigoso, pois água e eletricidade juntas não combinam. Por isso, ao criar o projeto, nunca atravesse eletrodutos e fios por dentro de reservatórios. Zonas de estagnação na cisterna As cisternas têm uma peculiaridade grande no que diz respeito à renovação da água. O formato da cisterna, assim como as instalações hidráulicas e reservatórios devem ter uma forma geométrica e volume que favoreça o fluxo da água continuamente em seu interior. Dessa forma, a água se mistura por igual, não ocasionando áreas onde ocorra a estagnação que podem comprometer a potabilidade da água, com acúmulo de resíduos e proliferação de micro-organismos indesejáveis. Figura 46. Fios aparentes em reservatórios. Fonte: Topsul, 2014. Ramais de distribuição de água quente em contra piso das lajes Um erro muito comum na execução de ramais de água quente é a instalação de ramais com passagem pelos enchimentos do contrapisos de lajes. Como há o aquecimento da água nessas redes de distribuição ocorre o aquecimento da tubulação e, devido a esse aquecimento, ocorre a dilatação térmica dos materiais que compõem esses ramais de distribuição. 49 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II │ UNIDADE III No caso de as instalações estarem confinadas, como no caso de tubulações embutidas em contrapisos ou em elementos estruturais, não há espaço para que ocorra a dilatação térmica dos materiais da tubulação de água quente. Em virtude disso, os elementos hidráulicos sofrem uma pressão muito grande no momento da dilatação ou retração térmica, e podem comprometer a funcionalidade dessas tubulações ou ainda causar danos aos pisos e elementos estruturais, com rachaduras e trincas. Patologias das instalações elétricas Para evitar patologias ligadas às instalações elétricas de uma edificação, deve ser projetada uma rede elétrica prevendo-se uma carga de utilização o mais próximo possível da carga real a ser utilizada. Dessa forma, evita-se que sejam realizados maus usos ou que se adapte à rede existente para atender uma dada necessidade, evitando assim uma sobrecarga na rede dimensionada. Além do projeto bem elaborado, a rede da instalação elétrica deve ser executada com materiais confiáveis e que respeitem as normas vigentes. Assim, evita-se o superaquecimento da fiação, ou ainda que haja fugas de correntes. Ligações inadequadas do circuito As ligações dos circuitos elétricos são de fundamental importância para que não haja outros problemas na rede. Uma ligação inadequada pode transmitir à rede uma carga maior, superaquecer o circuito e causar danos aos equipamentos ligados à rede. Os famosos “gatos” são exemplos de circuitos que não são ligados corretamente à rede e acabam por não proteger o sistema. Além disso, eles podem causar inúmeros acidentes, alguns deles fatais. Utilização de materiais inadequados A utilização de materiais de boa qualidade e que atendam os pré-requisitos de norma é de extrema importância para que um circuito seja de qualidade. Cabos pp, paralelo ou torcidos são proibidos de serem utilizado para instalações elétrica, podendo ser utilizados apenas para uso temporário ou extensões. Um fator importante para a proibição de sua utilização é que esse tipo de material não é antichamas e pode ocasionar um incêndio na edificação. 50 UNIDADE III │ TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II Falta de aterramento A NR 5410 preconiza que o aterramento é obrigatório para os circuitos, porém em muitos casos isso não é respeitado. O aterramento é fundamental para a proteção do circuito e dos equipamentos ligados a ele. Além disso, o aterramento, que é ligado nos circuitos por fios de cor verde ou amarela, é importantíssimo para proteger as pessoas contra choques elétricos. Uso Inadequado de extensões O uso de extensões aumenta muito a carga na rede elétrica. São responsáveis por sobrecarregar uma determinada tomada, o que pode gerar efeitos desastrosos na rede elétrica. Dependendo do equipamento que é ligado àquela tomada por meio da extensão, aquela parte do circuito receberá uma carga muito maior que aquela que foi projetada. Com essa carga extra o natural é que o circuito superaqueça e pode culminar em danos aos equipamentos ligados a ele ou ainda gerar a combustão da fiação ligada à tomada com muitos equipamentos ligados. Utilização de tomadas de uso normal para usos específicos Os equipamentos com potência muito alta, como chuveiros (Figura 47), ar condicionado, geladeira, precisam de tomadas de uso específico, para não sobrecarregar um determinado sistema. O uso desses equipamentos em tomadas ligadas em um circuito normal pode ser desastroso, principalmente se os circuitos que esses equipamentos forem ligados estejam já trabalhando com a sua carga de projeto. Esse tipo de desatenção é um problema grave que acontece nas edificações que não são projetadas e acompanhadas por um profissional qualificado. Um circuito montado de forma errônea é muito difícil de ser adequado para a necessidade real. Disjuntores incompatíveis com os cabos elétricos do circuito O disjuntor é um mecanismo que deve proteger o circuito, ao passo que se houver uma variação de corrente e a corrente que passa por ele é maior que a corrente nominal do disjuntor ele irá desarmar, como é o caso de um curto-circuito dentro da rede, onde a corrente aumenta-se consideravelmente. Sendo assim, se um disjuntor tem uma corrente nominal muito baixa ele impedirá que o circuito ligado a ele trabalhe na corrente de projeto e irá disparar sempre que o circuito for solicitado. 51 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II │ UNIDADE III O mais desastroso é quando se utiliza um disjuntor que tem a corrente nominal muito alta. Quando isso acontece, o circuito poderá trabalhar com uma carga acima daquela que foi projetada sem que o disjuntor dispare, o que compromete a função do disjuntor no circuito. Assim, o circuito fica desprotegido e pode ocasionar o superaquecimento dos fios, podendo culminar no derretimento dos cabos ou ainda a combustão deles. Figura 47. Acidente em chuveiro devido ao uso indevido de tomadas de uso normal. Fonte: Rocha Energia, 2013. Não Colocação de Disjuntor DR O disjuntor DR é um componente obrigatório, mas que muitas vezes é esquecido de serem colocados no quadro da rede. Ele pode evitar o choque elétrico nas pessoas e são fundamentais em ambientes molhados, como cozinhas e banheiros. 52 CAPÍTULO 3 Patologias dos forros, esquadrias e coberturas Este capítulo trata das principais patologias em forros, esquadrias e coberturas. Patologias dos forros Forro de gesso As patologias mais comuns em forros de gesso são: Trincas e fissuras As principais causas de trincas ou fissuras em forros de gesso são: » Forros mal executados. » Tensões no material provocadas pela dilatação e retração térmica. Figura 48. Trincas em forros de gesso. Fonte: Gazeta, S. d. Infiltrações As principais causas de infiltrações nos forros são: » Umidade. » Falha de impermeabilização da cobertura. » Vazamentos em instalações hidráulicas. 53 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II │ UNIDADE III Figura 49. Infiltrações em forros de gesso. Fonte: Doutor Faz Tudo, 2015. Manchas As principais causas de manchas em forro é a umidade. Figura 50. Manchas em forros de gesso. Fonte: Lucy, 2017. 54 UNIDADE III │ TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II Desplacamentos As principais causas de desplacamentos são as mesmascausas das trincas, acrescida da umidade. Figura 51. Desplacamentos em forros de gesso. Fonte: Ubaitaba, S. d. Forro de Fibra Mineral As principais patologias em forros de fibra mineral se devem às restrições de utilização do produto. Ou seja, esse tipo de forro se danifica por: » Alta umidade relativa do ar. » Grandes variações térmicas. Forro de Madeira As principais patologias em forros de madeira são: » Deformação (Figura 52). » Apodrecimento (Figura 53). » Rachaduras. » Tábuas despregadas. » Manchas de mofo. 55 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II │ UNIDADE III Figura 52. Deformação/Empenamento em forros de gesso. Fonte: Habitissimo, 2017. Figura 53. Apodrecimento em forros de gesso. Fonte: Sindicato, S. d. 56 UNIDADE III │ TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II Patologias das esquadrias Diversos cuidados devem ser tomados na execução das esquadrias em uma obra. Geralmente, as esquadrias são peças frágeis e que ficam à mostra por se tratarem de um acabamento. Caso esses cuidados não sejam atendidos pode ocorrer a deterioração das peças ou a peça acaba por não cumprir sua função, seja ela estética ou de vedação do ambiente. Oxidação As esquadrias de alumínio, por exemplo, necessitam de um tratamento para evitar possíveis corrosões. Porém, esse tratamento muitas vezes é negligenciado ou não é feito de maneira correta. Os tratamentos possíveis para evitar esse tipo de corrosão são anodização, coloração inorgânica eletrolítica e pintura eletrostática. Figura 54. Oxidação em esquadrias. Fonte: IBDA, 2018. Deformação As esquadrias de PVC são uma ótima opção e estão sendo largamente utilizadas nas obras atuais. Porém, apesar de toda a versatilidade, é importante ressaltar que o PVC é um material termoplástico, ou seja, ele se deforma quando submetido a altas temperaturas. Em consequência disso, ao longo do tempo o PVC pode se deformar e deixar de cumprir sua função. 57 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II │ UNIDADE III Um problema comum encontrado na execução da esquadria é a deformação da peça (Figura 55) na hora da colocação da peça ou no manuseio e transporte dela. Trincas nos cantos Nas portas uma patologia típica é a formação de trincas (Figura 56) ao redor dos vãos devido à concentração de tensões. Esse fato deve-se à inexistência de vergas ou contravergas, que podem prevenir que essas trincas apareçam. Figura 55. Deformação em esquadrias. Fonte: Portas de Ferro, S. d. Figura 56. Trincas nos cantos de esquadrias. Fonte: Imbiara, S. d. 58 UNIDADE III │ TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II Trincas dos batentes Os batentes podem apresentar trincas e rachaduras, além de empenarem. O manuseio é importantíssimo para que não se propaguem essas falhas. Além disso, a prática do chumbamento, um método que utiliza tacos e parafusos para firmá-los, preenchendo os vãos com massa, é um fator que pode gerar esse tipo de patologia. Uma alternativa para evitar essas patologias é a utilização de espuma de poliuretano. Figura 57. Uso de espuma expansiva para evitar trincas em batentes em esquadrias. Fonte: Suporte e Soluções, 2016. Patologias das coberturas A cobertura tem papel importantíssimo na impermeabilização da estrutura e seu bom funcionamento é importante para que não aconteçam infiltrações que podem deteriorar a estrutura da edificação, além de causar desconforto aos usuários e denotar uma má impressão estética. Infiltrações Uma patologia que pode ser vista na cobertura das edificações é a infiltração de água, quando a impermeabilização não é feita da maneira correta. A telha tem um papel importante para manter a estrutura da cobertura estanque. 59 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II │ UNIDADE III Figura 58. Encaixe das telhas que pode provocar infiltração. Fonte: Frazão, 2015. As infiltrações de água da chuva podem ser através das cumeeiras. Seja pela má colocação ou pela impermeabilização dela ter sido feita de maneira inadequada. Para evitar esse tipo de infiltração é necessário que as cumeeiras tenham sido fabricadas em um formato que se encaixe perfeitamente nas telhas e que esteja fixa e estanque na posição que for instalada. Outro modo de evitar esse tipo de infiltração é utilizar algum material impermeável como base para a cumeeira. Dessa forma, a maior parte da água é dissipada pela cumeeira e a água que infiltrar por ela será levada para o restante do telhado por meio desse material. Figura 59. Material impermeável para evitar infiltração. Fonte: Frazão, 2015. 60 UNIDADE III │ TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II Falhas na estrutura Geralmente, a estrutura da cobertura é feita de madeira por ser um material de fácil manuseio e muito versátil. Porém, em algumas construções essa estrutura é mal dimensionada ou mal executada, podendo formar patologias construtivas que se refletirão no telhado, com recalques diferenciais, ondulações e podem gerar fissuras por onde infiltrará a água pluvial. Figura 60. Falha na estrutura de sustentação da cobertura. Fonte: Frazão, 2015. Essas falhas na estrutura do telhado podem ser solucionadas utilizando-se chapas com dentes, principalmente nas ligações entre as madeiras, conferindo maior estabilidade à estrutura. Figura 61. Chapas de ligação entre as madeiras. Fonte: Frazão, 2015. 61 TIPOS DE PATOLOGIAS – PARTE II │ UNIDADE III Patologias em lajes impermeabilizadas As lajes impermeabilizadas podem trazer transtornos, principalmente ligados à infiltração de água, quando não executados da maneira correta ou quando não se realiza periodicamente a manutenção necessária. Figura 62. Infiltração em laje. Fonte: Construsul, S. d. As mantas devem ser inspecionadas regularmente e em casos de deterioração excessiva deve ser feita a intervenção para que não haja infiltrações na edificação. Figura 63. Remoção de impermeabilização antiga. Fonte: Fibersals, S. d. 62 UNIDADE IV PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES - METODOLOGIA DE ABORDAGEM Na Unidade IV vamos estudar a metodologia de abordagem nas patologias das construções. Essa unidade conta com três capítulos. O Capítulo 1 abordará a etapa de levantamento de subsídios. No Capítulo 2 será tratada a etapa de diagnóstico da situação. Por fim, o Capítulo 3 abordará as etapas de definição da conduta e retroalimentação, e ainda apresenta um exemplo prático. Problemas relacionados a um desempenho satisfatório estão presentes em um grande número de edifícios. Para tanto, faz necessário o desenvolvimento de uma metodologia de avaliação (Figura 64) e solução desses problemas. A metodologia consiste em levantamento de subsídios, diagnóstico da situação, definição da conduta e, por fim, registro do caso. CAPÍTULO 1 Levantamento de subsídios O levantamento de subsídios reúne e organiza as informações necessárias para entender o fenômeno patológico. Essas informações são obtidas através de vistorias no local, anamnese (estudo do histórico do problema) e, se necessário, ensaios complementares. Vistoria no local A vistoria pode ser solicitada pelo usuário que esteja insatisfeito com o desempenho de um ou mais elementos da edificação ou quando, durante uma inspeção periódica, observa-se alguma manifestação patológica. 63 PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES - METODOLOGIA DE ABORDAGEM │ UNIDADE IV Assim, a vistoria é feita por um profissional técnico capacitado que levanta todas as informações necessárias para a avaliação da situação, diagnóstico e proposta de solução. Figura 64. Fluxograma de atuação para resolução dos problemas patológicos. N N N S S S Não Intervir Intervir Conhecida Desconhecida Insatisfatório Satisfatório Vistoria do Local - Utilização dos sentidos humanos - Utilização de instrumentos Problema Patológico Anamnese - Informações orais - Informações formalizadas Pesquisa - Bibliográfica - Tecnológica - Científica Exames Complementares - In situ - Em laboratório É possível diagnosticar? É possível diagnosticar? É possível diagnosticar? Diagnóstico - Origens - Causas -Mecanismos de ocorrências Prognóstico Alternativas de intervenção Definição da Conduta - Colapso - Deterioração - Desempenho insatisfatório Terapia - Proteção - Reparo - Restrição no uso Pesquisar Execução Avaliação Registro do Caso Fonte: Lichtenstein, 1986. Cada situação é única, contudo, alguns passos são essenciais na vistoria de uma manifestação patológica: » Determinar a existência e a gravidade da manifestação patológica. » Definir a extensão e o alcance da análise. » Caracterizar os materiais e a patologia. 64 UNIDADE IV │PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES - METODOLOGIA DE ABORDAGEM » Registrar os resultados. O Quadro 1 mostra um exemplo de laudo de vistoria que pode ser utilizado para registrar os resultados da análise. Quadro1. Exemplo de laudo de vistoria. Fachada e posição das imagens: Imagens: 1 – Estrutura de madeira e lambrequim da varanda no jardim norte 2 – Paredes, lambrequim e forro de madeira na varanda norte Descrição por observação visual: » Reboco com manchas de umidade, mofo, bolor; » Colunas de madeira apodrecidas; » Descascamento na pintura; » Estrutura de madeira e forro totalmente apodrecidos; » Falta de telhas; » Lambrequim danificado. Local Tipo de manifestação patológica Umidade Origem Fissuras Trincas Origem Descolamento de resvestimento Origem Varanda X FM X FM X FM Jardim X EE / FM X MI / FM Fonte: Peres, 2001. Legenda: - EE: Erros de Execução. - FM: Falta de Manutenção. - MI: Materiais Inadequados. 65 PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES - METODOLOGIA DE ABORDAGEM │ UNIDADE IV Existência e gravidade da patologia Para determinar a existência de uma patologia deve-se fazer uma avaliação qualitativa comparando o desempenho atual com o desempenho esperado. Contudo, nem sempre a manifestação patológica causa mudanças nos materiais em questão. Nesses casos, faz- se necessária uma análise mais profunda, por meio de modelos físicos e/ou matemáticos para avaliar o desempenho da edificação. Uma boa estratégia é ter uma lista dos possíveis problemas patológicos que poderão estar presentes na edificação, conforme apresentado no Quadro 2. Quadro 2. Check list inicial para primeira vistoria. Tipologia Anomalias ou falhas Estrutura Trincas e fissuras, esmagamento do concreto, desagregação, carbonatação, corrosão da armadura, armadura exposta, oxidação da armadura, umidade ascendente, quebras, deslocamento de placas. Alvenarias Trincas e fissuras, umidade ascendente, manchas, infiltração, eflorescências. Revestimentos Trincas e fissuras, umidade ascendente, manchas, aderência, descolamentos, destacamentos, quebras, desgaste. Pinturas Trincas e fissuras, bolhas, eflorescências, manchas, sujeira, sem pintura, , descascamento, enrugamento, saponificação, calcificação, desagregamento, descoloração, crateras. Instalações Hidrossanitárias Tampas de acesso ao reservatório, ramais de disitribuição, tubulações expostas, central redutora de pressão, ruídos e vibrações das bombas e das tubulações. Instalações Elétricas Caixas de passagem, tomadas/interruptores, disjuntores, instalação (fios), aterramento. Forros Abaulamento, quebras, sujidades. Esquadrias Conservação, funcionamento. Cobertura Sujidades, quebras, infiltração. Fonte: Adaptado de CBIC (2013). Após a definição da existência do problema, deve-se avaliar a gravidade deste. A gravidade é determinada a partir da existência de risco à segurança do usuário que, em caso positivo, pode ser necessário tomar medidas imediatas. Extensão e alcance da análise Para determinar a extensão e o alcance da análise de vistoria deve-se avaliar a distribuição dos sintomas ao longo da edificação. Para sintomas distribuídos por todo o edifício, o exame de vistoria também deve ser feito por toda a edificação. Já para sintomas locais, a vistoria deve definir a extensão, ou seja, análise local versus análise do todo, desde que haja informações suficientes para elaborar um diagnóstico. 66 UNIDADE IV │PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES - METODOLOGIA DE ABORDAGEM Em alguns casos, as informações obtidas na avaliação da edificação não são suficientes, então, pode ser necessário analisar as edificações vizinhas ou até mesmo as características do local (vegetação, lençol freático, solo etc.). Características dos materiais e da patologia O levantamento de subsídios propriamente dito acontece na fase de determinação das características dos materiais e da manifestação patológica. Nesta fase, em geral, utilizam-se principalmente os cinco sentidos humanos, às vezes, auxiliados por equipamentos. Esses equipamentos servem apenas para complementar a avaliação humana e quantificar a análise qualitativa. Alguns dos equipamentos complementares mais comuns são: » Nível d’água. » Fio de prumo. » Régua e metro precisos. » Hidrômetro elétrico. » Psicrômetro. » Termômetro de contato. » Pacômetro. » Indicador de PH. » Dilatômetro. » Testemunhas de metal ou de vidro. » Endoscópio. » Lupa graduada. Registro dos resultados O registro dos resultados é de suma importância para organizar os subsídios coletados e formular um diagnóstico, e também como histórico para avaliações futuras. 67 PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES - METODOLOGIA DE ABORDAGEM │ UNIDADE IV As principais formas de registrar os resultados são: » Croquis. » Indicações nas plantas e elevações. » Fotografias. » Vídeos. » Relatórios descritivos. Anamnese (estudo do histórico) Quando não for possível fazer o diagnóstico de um problema apenas com a vistoria do local, deve-se fazer a análise da história do problema, ou seja, o histórico do edifício. Neste histórico devem-se avaliar os dados de evolução do problema, a descrição do desempenho do edifício ao longo do tempo, a variação das condições de exposição a que o edifício esteve sujeito etc. As principais fontes de obtenção de informações do histórico são: » Investigar junto às pessoas envolvidas na construção (incorporadora, construtora, projetista, fabricantes de materiais etc.). » Investigar juntos aos usuários. » Analisar documentos formais (projetos, relatórios, laudos etc.). Investigação junto aos envolvidos na construção e junto aos usuários A investigação junto aos envolvidos, em geral, ocorre através de entrevistas. Alguns exemplos de informações básicas a serem sabidas são: » Como, quando e onde os sintomas ocorreram pela primeira vez? » Já houve intervenções para esses sintomas? Quais intervenções? Qual o resultado obtido? » Houve alterações de projeto, execução ou tipo de materiais durante a construção? » Foram feitas as manutenções e limpezas necessárias? 68 UNIDADE IV │PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES - METODOLOGIA DE ABORDAGEM Alguns exemplos de informações complementares (dos usuários) que podem ser úteis são: » Quando os sintomas foram notados pela primeira vez? Quando decidiu que era necessário intervir? » Há algum fato relacionado ao aparecimento do problema? » Os sintomas aumentaram ou diminuíram durante determinado momento? » Quais eram as condições climáticas quando se notou o problema? E quando se optou pela intervenção? Vale ressaltar que estas informações devem ser filtradas e avaliadas, já que cada parte tende a fornecer informações de seu interesse. Por exemplo, o construtor pode dizer que utilizou material de boa qualidade, quando isso não ocorreu. Análise de documentos Como dito anteriormente, as informações obtidas através das entrevistas muitas vezes não são confiáveis. Portanto, faz-se necessário que se utilizem documentos formalizados que não apresentem suspeitas de veracidade. O documento principal e mais importante é o projeto. Ele deve acompanhar o técnico durante toda a vistoria. Alguns exemplos de documentos que compõem um projeto são: » Plantas (Executivo e AsBuilt). » Memoriais. » Caderno de encargos. » Especificações de materiais. » Manuais de execução e uso. Outros documentos bastante importantes, além do projeto, são:» Diário de obra. » Ensaios de recebimento de materiais e componentes. » Notas fiscais de materiais e componentes. 69 PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES - METODOLOGIA DE ABORDAGEM │ UNIDADE IV » Contratos de execução de serviços. » Cronograma físico-financeiro previsto e executado. » Relatórios de manutenções já realizadas. Exames complementares Em muitos casos apenas a vistoria e o histórico do edifício não são suficientes para emitir um diagnóstico. Em outros, o técnico pode necessitar de comprovação do seu diagnóstico antes de partir para a intervenção. É aí que entram os exames complementares, para aferir o diagnóstico de determinado problema. Os exames complementares podem ser divididos em análises e ensaios de laboratório e ensaios “in situ”. Análises e ensaios de laboratório As análises e ensaios de laboratório são utilizados para caracterizar as amostras coletadas ou avaliar o desempenho de materiais e componentes com as mesmas características dos usados na obra. Essas análises buscam determinar as propriedades físicas, químicas e/ou biológicas dos materiais. São exemplos de propriedades físicas: densidade, condutibilidade térmica e elétrica, coeficiente de dilatação, índice de redução acústica etc. Os exemplos de propriedades químicas: análise quantitativa e qualitativa dos elementos e compostos químicos e determinação da microestrutura do material. Já os exemplos de propriedades biológicas estão relacionados ao ataque de organismos vivos como fungos, bactérias, insetos etc. Ensaios “in situ” Os ensaios “in situ” são realizados com equipamentos específicos no próprio local de vistoria, assim, são mais complexos que os ensaios de laboratório. 70 UNIDADE IV │PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES - METODOLOGIA DE ABORDAGEM Quadro 3. Exames complementares normalmente utilizados para resolução de problemas patológicos. In Situ Não Destrutivos Avaliação da permeabilidade Método IPT: aplicação de água sob pressão, impedindo- se sua saída que não seja atrvés da peça – medida da quantidade de penetra. Avaliação da resistência à compressão do material Esclerometria: análise do choque de dois corpos, um fixo e outro em movimento. Ultrassonografia: velocidade de propagação de ondas de frequência superior a 20Hz. Estrutura interna dos elementos de concreto Ultrassonografia Gamografia: passagem de irradiação que impressiona filme colocado no lado oposto do elemento. Raio-X: passagem de raio-x que impressiona filme colocado no lado oposto do elemento. Avaliação do comportamento tensão/ deformação de estruturas Prova de carga: aplicação de cargas à estrutura e medida das deformações correspondentes. Avaliação da aderência revestimento- base Sonometria: máquina percutindo na parede, calibrada para um frequência sonora correspondente a uma boa aderência. Avaliação da corrosão interna e incrustações em tubulações Endoscopia: passagem de sonda através das tubulações. Avaliação do conforto higrotérmico Termometria: medida de temperatura ao longo do tempo. Higrometria: medida de umidade ao longo do tempo. Anemometria: medida de velocidade do vento ao longo do tempo. Avaliação do conforto acústico Medidas acústicas. Avaliação do conforto luminoso Medidas luminosas. Destrutivos Avaliação da aderência revestimento- base Aplicação de força de arrancamento no revestimento até o seu deslocamento. Em Laboratório Ensaios de caracterização de amostras coletadas Determinação das propriedades físicas dos materiais e componentes Levantamento da curva tensão-deformação, módulo de elasticidade, deformação residual. Medida da resistência mecânica (flexão, compressão, tração, impacto, abrasão). Medida de aderência. Medida de permeabilidade, porosidade, absorção de água, densidade. Determinação da condutibilidade térmica, do coeficiente de dilação, da condutibilidade elétrica. Caracterização química dos materiais Análise química elementar por via úmida: dissolução da amostra e determinação dos elementos (gravimetria, volumetria). Análise química elementar por via instrumental: determinação dos instrumentos com base em propriedades físicas dos elementos (raio-x fluorescente, fotometria de chama, absorção atômica). Análise química dos compostos: determinação por instrumentos com base em propriedades físicas dos elementos (difração, raio-x fluorescente, análises térmicas, espectroscopia no infra vermelho). Análise da microestrutura: determinação da microestrutura baseada na análise da morfologia da substância (lupa estereoscópica, microscópio óptico, microscópio eletrônico de varredura e de transmissão). Ensaios de avaliação de desempenho a partir de materiais e componentes similares aos usados na obra Fonte: Lichtenstein, 1986. 71 CAPÍTULO 2 Diagnóstico da Situação O diagnóstico da situação consiste em entender o fenômeno patológico a partir de suas causas e consequências. Conceitos básicos para formulação do diagnóstico O diagnóstico de um problema patológico pode ser definido como o entendimento do processo de interação entre as ações externas e a reação do edifício, ou seja, entender como as ações externas estão afetando o desempenho do edifício. Na maioria das vezes a causa das manifestações patológicas está relacionada à falta de capacidade do edifício em se adaptar frente à ação de agentes agressivos. Portanto, o problema patológico é a análise de ambos, do agente agressivo e da resposta do edifício. Essa análise é importante porque dois edifícios diferentes podem estar expostos aos mesmos agentes e um apresentar problemas e o outro não. Neste sentido, pode-se dizer que cada edifício possui certa predisposição a determinado agente agressivo que lhe causa perda de desempenho e imunidade a outros. Os principais agentes agressivos causadores de manifestações patológicas são apresentados no Quadro 4. Quadro 4. Agentes de deterioração dos edifícios. Natureza Exterior à edificação Interior à edificação Atmosfera Solo Impostos pela Ocupação Consequência da Concepção 1. Agentes mecânicos 1.1 Gravidade Cargas de neve, água de chuva Pressão do solo, de água Sobrecarga de utilização Cargas permanentes 1.2 Forças de deformação imposta Pressão de gelo, dilatação térmica e higroscópica Escorregamentos, recalques Esforços de manobra Retrações, fluência, forças e deformações impostas 1.3 Energia cinética Vento, granizo, choques exteriores Choques interiores, abrasão Impactos de corpo mole 1.4 Vibrações de ruídos Ruídos exteriores Sismos, vibrações exteriores Ruídos interiores, vibrações interiores Ruídos da edificação, vibrações da edificação 2. Agentes eletromagnéticos 2.1 Radiação Radiação solar Lâmpada, radiação nuclear Painel radiante 2.2 Eletricidade Raios Correntes parasitárias Correntes de distribuição 2.3 Magnetismo Campos magnéticos Campos magnéticos 72 UNIDADE IV │PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES - METODOLOGIA DE ABORDAGEM 3. Agentes térmicos Reaquecimento, congelamento, choque térmico Reaquecimento, congelamento Calor emitido, cigarro Aquecimento, fogo 4. Agentes químicos 4.1 Água e solventes Umidade do ar, condensamento, precipitação Água de superfície, água subterrânea Ações de lavagem com água, detergentes, álcool Águas de distribuição, águas servidas, infiltrações 4.2 Oxidantes Oxigênio, ozônio, óxidos de nitrogênio Hipoclorito de sódio, água oxigenada Potenciais eletroquímicos positivos 4.3 Redutores Sulfetos Agentes combustíveis, amônia Agentes combustíveis, potenciais eletroquímicos negativos 4.4 Ácidos Ácido carbônico, escremento de pássaros, ácido sulfúrico Ácido carbônico, ácidos húmicos Vinagre, ácido cítrico, ácido carbônico Ácido sulfúrico, ácido carbônico 4.5 Bases Cales Soda cástica, hidróxido de potássio, hidróxido de amônio Soda cáustica, cimentos 4.6 Sais Névoa salina Nitratos, fosfatos, cloretos, sulfatos Cloreto de sódio Cloreto de cálcio, sulfatos, gesso 4.7 Matérias inertes Poeira Calcário, sílica Gorduras, óleos, tintas,poeira Gorduras, óleos, poeira, sujeita 5. Agente biológicos 5.1 Vegetais Bactérias, grãos Bactérias, fungos, cogumelos, raízes Bactérias, plantas domésticas 5.2 Animais Insetos, pássaros Roedores, vermes Animais domésticos Fonte: Lichtenstein, 1986. É importante ressaltar que uma edificação não está sujeita à ação de apenas um agente agressivo. Em geral, as manifestações patológicas estão ligadas a uma gama de causas e não uma única causa. Para cada caso de patologia, essas causas podem ser classificadas em: » Causas operantes ou eficientes. » Causas predisponentes ou coadjuvantes. As causas que efetivamente geram os problemas patológicos são as causas eficientes, que estão diretamente ligadas às alterações dos materiais e componentes. Já as causas coadjuvantes são causas secundárias que agravam os problemas, como por exemplo, a idade da edificação e a falta de conservação e manutenção. Outro ponto importante é a análise da extensão dos problemas na edificação, onde deve- se distinguir problemas gerais de problemas locais. Muitas vezes um problema local pode acabar afetando outros materiais e componentes e expandir por todo o edifício. Esses problemas secundários são chamados de manifestações patológicas de segunda ordem, que também podem geram manifestações de terceira ordem e assim por diante. 73 PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES - METODOLOGIA DE ABORDAGEM │ UNIDADE IV O desenvolvimento da manifestação patológica pode ser crônico e ocorrer lentamente ou pode se desenvolver rapidamente gerando problemas intensos em um curto período de tempo. Assim, pode-se dizer que as manifestações patológicas são dinâmicas, sendo que em determina fase pode-se apresentar certos tipos de manifestações diferentes da fase subsequente. Portanto, o processo de diagnóstico também deve ser dinâmico a fim de entender todas as fases de desenvolvimento das manifestações e não somente da situação momentânea. O processo do diagnóstico Como dito anteriormente, o processo de diagnóstico deve englobar todas as fases de desenvolvimento do problema patológico. Assim, os subsídios obtidos através da vistoria, do levantamento da história, dos exames e dos ensaios também devem ser analisados de modo a compor todo um quadro de entendimento progressivo do problema. Esse entendimento se dá pela análise de algumas perguntas, como por exemplo: » Como o edifício trabalha? » Como a edificação reage à ação dos agentes agressivos? » Porque o problema surgiu? » Como o problema se desenvolveu? Com as respostas dessas questões elaboram-se hipóteses e verificam-se as mesmas, ou seja, a partir dos dados obtidos sugere-se hipóteses de avaliação do problema e compara aos sintomas apresentados e ao conhecimento geral da patologia. Essa comparação é feita a partir de uma análise e uma síntese das informações obtidas e das hipóteses sugeridas. A análise é o estudo de cada sintoma isoladamente enquanto que a síntese é o entendimento da interação entre os sintomas. Com uma gama de hipóteses de diagnósticos, o técnico vai reduzindo sua incerteza até que se chega numa correlação satisfatória entre o problema observado e o diagnóstico obtido. Assim, elabora-se um esquema com causas, origens e possíveis reparações das manifestações patológicas. 74 UNIDADE IV │PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES - METODOLOGIA DE ABORDAGEM Esse esquema deve seguir às seguintes condições: » Classificar cada sintoma em um único lugar. » Todos os sintomas possuem um lugar. » A classificação deve ser a mesma com observadores diferente. Pode parecer simples separar e classificar todos os sintomas e definir um diagnóstico, contudo muitos problemas patológicos podem apresentar manifestações semelhantes, o que dificulta a montagem do esquema. Mesmo seguindo todas as etapas de análise de um problema patológicos e estudando todos os subsídios obtidos, pode ser que não se obtenha um diagnóstico confiável. E mesmo quando se obtém um diagnóstico plausível, ainda há uma incerteza. Portanto, é possível afirmar que todo diagnóstico apresentar um certo risco de incorreção. 75 CAPÍTULO 3 Definição da conduta, retroalimentação e exemplos práticos Definição da conduta A definição da conduta nada mais é que definir os procedimentos necessários para resolução do problema. Nesse procedimento devem-se definir os materiais, mão de obra, equipamentos e se haverá alguma mudança no desempenho. Neste sentido, deve-se elaborar um prognóstico da situação, analisando todas as possíveis hipóteses da evolução dos problemas e possíveis alternativas de intervenção. As hipóteses de evolução futura e as alternativas de intervenção Após definir o diagnóstico do problema patológico, deve-se elaborar um programa de intervenção. Para tanto, é necessário, primeiramente, levantar as hipóteses de evolução futura do problema, ou seja, levantar o prognóstico. No prognóstico devem-se levantar diversas alternativas de possíveis evoluções do problema, verificando todo o seu desenvolvimento ao longo do tempo. Esse prognóstico é levantado a partir das seguintes informações: » Dados fornecidos pelo tipo de problema. » Estágio de desenvolvimento. » Características gerais da edificação. » Condições de exposição. O resultado final do prognóstico é feito através da comparação do quadro obtido com quadros semelhantes, avaliando os processos físicos e químicos da evolução. A avaliação da evolução do problema é necessária, pois permite que se atinja o objetivo inicial do problema, seja ele o desaparecimento do sintoma ou a diminuição do mesmo. Outra função importante do prognóstico é não deixar que alternativas de intervenção que solucionem apenas o problema instantâneo sejam colocadas em prática, já que, 76 UNIDADE IV │PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES - METODOLOGIA DE ABORDAGEM dependendo do desenvolvimento do problema, a manifestação poderia retornar ou desenvolver outro tipo de patologia. Em alguns casos, o prognóstico pode prever que não há possibilidade de intervenção que solucione o problema e, então, a edificação perderá todo seu desempenho. Por fim, tem-se a fase de proposição de alternativas de intervenção onde, através do diagnóstico e do prognóstico e utilizando a criatividade e o conhecimento, determina- se a melhor forma de intervir. A decisão do que Fazer A decisão do que fazer é definida a partir das alternativas de intervenção possíveis (definidas de acordo com o diagnóstico e o prognóstico) escolhendo-se aquela mais apropriada para reduzir ou eliminar o problema. Quando se diz alternativa mais apropriada não se deve atentar apenas para a ação que conduza ao desempenho ideal e sim procurar aquela que possibilite o melhor desempenho possível com um custo razoável. Em suma, a escolha é feita pela análise do custo/benefício das alternativas propostas, onde elas apresentem o desempenho mínimo exigido. A definição da conduta é baseada em três parâmetros básicos relativos à cada alternativa de intervenção: o grau de incerteza sobre os efeitos, a relação custo/benefício e a disponibilidade de tecnologia para execução dos serviços. Grau de incerteza sobre os efeitos Toda alternativa possui um grau de incerteza associado aos seus efeitos, o que gera uma probabilidade em relação à eficiência do resultado. A probabilidade de um resultado eficiente vem de duas incertezas: » Incerteza de correção do diagnóstico. » Incerteza quanto ao tipo de intervenção e seu resultado. Neste sentido, cabe analisar estatisticamente cada solução e avaliar seus resultados. Portanto, é de suma importância o processo de retroalimentação de casos reais, para que se possa avaliar mais precisamente os efeitos de cada alternativa. 77 PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES - METODOLOGIA DE ABORDAGEM │ UNIDADE IV Relação custo/benefício O custo analisado para cada alternativa deve englobar tanto o custo a curto prazo (instantâneo) quanto a longo prazo (vida útil), ou seja, os custos envolvidos na execução da alternativa e o custo/economia
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