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Concreto de CP Introducao

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Construção I 
Texto 2 – Concreto de cimento portland – Parte 1 
 
CONCRETO DE CIMENTO PORTLAND 
 
Tipos de concreto 
Atualmente, quando fala-se em concreto, deve-se definir a qual se refere, pois existe uma 
enorme variedade de tipos de concreto, tais como: concreto armado, concreto protendido, 
concreto compactado com rolo, concreto projetado, concreto massa, concreto leve, 
concreto pesado, concreto com fibras, etc. Cada um deles com características e 
aplicações próprias. Nos parágrafos seguintes, será feito uma breve descrição de alguns 
dos tipos mais usados, citando suas principais características e aplicações. 
 Concreto simples: concreto utilizado sem armadura, que resiste basicamente às 
forças de compressão, e possui um peso específico de 2400 kgf/m3; utilizado 
principalmente nas fundações, como os blocos de concreto ciclópico, os tubulões e 
as estacas de concreto; 
 Concreto armado: é o material resultante da ação conjunta do concreto e o aço, 
que trabalha como armadura passiva, onde o primeiro resiste às forças de 
compressão e o último às forças de tração, e possui um peso específico de 2500 
kgf/m3; a existência do concreto armado se dá, principalmente, pela aderência 
entre os dois materiais; é utilizado em praticamente todo tipo de estrutura, até onde 
o binômio Eficiência X Economia é satisfeito; 
 Concreto protendido: é a ação conjunta do concreto e do aço, como armadura 
ativa (com a introdução de tensões prévias na armadura); o concreto protendido é 
utilizado, entre outras aplicações, nas estruturas com grandes vãos e cargas 
elevadas, onde o concreto armado passa a não ser economicamente viável; 
 Argamassa armada: possui basicamente a mesma composição do concreto, 
porém sem a utilização do agregado graúdo (pedra), e possui uma armadura 
difusa, de pequeno diâmetro, normalmente em tela soldada; é muito utilizada em 
pecas pré-moldadas leves; 
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 Concreto normal: concreto de massa específica normal é aquele que depois de 
seco em estufa tem massa específica compreendida entre 2000 kg/m3 e 2800 
kg/m3. 
 Concreto leve: é um concreto bem mais leve que o convencional, feito, na maioria 
das vezes, com agregados leves celulares, podendo seu peso específico seco ao 
ar ser 2/3 do peso do concreto convencional, e não ultrapassando o valor de 1850 
kgf/m3; é muito utilizado nas peças de pré-moldados leves, e em estruturas onde se 
pretende reduzir o peso próprio das mesmas; 
 Concreto pesado: é um concreto feito com minerais de alta massa específica, e é 
cerca de 50% mais pesado que o concreto convencional; é usado para blindagem 
em usinas nucleares, ou outros tipos de radiação; 
 Concreto massa: concreto executado em volume de grandes dimensões que 
exige medidas para reduzir a geração do calor de hidratação do cimento para 
permitir controlar as variações volumétricas do concreto e minimizar a conseqüente 
fissuração resultante destas variações nelas incluída a retração por secagem. 
 Concreto bombeado: é o concreto que é transportado por pressão através de 
tubos rígidos ou mangueiras flexíveis e descarregado diretamente nos pontos onde 
der ser aplicado; muito utilizado nas obras de grandes edificações, onde o 
concreto, normalmente, chega em caminhões betoneiras, e é então bombeado; 
 Concreto projetado: é o concreto que é projetado, por uma bomba pneumática, 
em alta velocidade sobre uma superfície; é muito utilizado em obras de reparo, 
túneis, canais, paredes finas, etc.; 
 Concreto de alta-resistência: é o concreto com resistência à compressão acima 
de 50 MPa; esse limite pode variar de país para país; muito utilizado atualmente em 
praticamente todo tipo de estruturas, especialmente nas lajes e pilares dos edifícios; 
 Concreto de alto-desempenho: segundo o CEB-FIP, é o concreto com fator A/C 
inferior a 0,40; é um concreto que tem um desempenho diferenciado, em relação 
ao convencional, para determinadas propriedades, como a resistência e a 
durabilidade; é um concreto que possui na sua composição algum material com 
propriedades pozolânicas, como por exemplo a sílica ativa ou a cinza volante; é 
utilizado em estruturas sujeitas à compressão elevada (como os pilares), em peças 
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protendidas, em estruturas submetidas a desgastes mecânicos e erosão (como 
rodovias, pisos industriais, pistas de aeroportos), etc.; 
 Concreto compactado com rolo: é um concreto seco, de consistência dura e 
trabalhabilidade tal que lhe permite receber compactação por rolo compressores, 
vibratórios ou não; empregado como base e revestimento de pavimentos sujeitos a 
tráfego pesado, e em obras hidráulicas; 
 Concreto com fibras: concreto contendo fibras de aço, vidro, polipropileno, etc, 
que aumentam a sua rigidez e dutilidade, e controlam melhor a sua fisuração; muito 
utilizado em estruturas pré-moldadas, lajes e pisos, túneis, etc.; 
 Concreto com polímeros: concreto contendo polímeros, que resulta num material 
com permeabilidade muito baixa e excelente resistência química; utilizado como 
revestimento de proteção de armaduras, contra corrosão, em pisos industriais e 
tabuleiros de pontes. 
 Concreto celular: concreto obtido pela mistura de cimento Portland ou pastas de 
cimento e pozolona, cal e pozolona e pela adição de produto químico espumante 
ou pela geração de gás durante a mistura do cimento e do agregado miúdo. 
Normalmente recebem tratamento de cura em autoclave. 
 Concreto ciclópico: concreto lançado na fôrma em camadas de 0,50m de 
espessura e que recebe pedras de mão, com diâmetro de 20 a 30cm, lançadas 
manualmente sobre a massa de concreto fresco ocupando, aproximadamente, 
30% do volume total da peça concretada. 
 Concreto pré-misturado: concreto produzido em central para ser entregue ao 
comprador ainda no estado fresco. 
 Concreto reciclado: concreto endurecido que foi processado para ser reutilizado 
como agregado graúdo e/ou miúdo. 
 Concreto Refratário: concreto endurecido que apresente propriedades refratárias 
e seja apropriado para utilização em temperaturas entre 300 a 1300ºC. 
 Concreto Submerso: concreto de elevada plasticidade que é colocado de modo 
submerso, através de tubulação metálica dotada de funil numa das extremidades. 
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 Concreto Aparente: superfícies de concreto formadas que resultam em textura e 
acabamento aceitáveis para permanecerem expostas permanentemente. 
 Concreto pré-moldado: concreto fabricado em local que não seja a sua posição 
final. 
 
Os tipos de concretos citados anteriormente podem ser encontrados separadamente ou 
em conjunto, por exemplo, um estrutura em concreto armado pode ser com concreto de 
alto-desempenho, que normalmente é também um concreto de alta-resistência. Ou ainda, 
uma estrutura em concreto protendido pode utilizar concreto reforçado com fibras, e assim 
por diante. 
Existem ainda outros tipos de concretos especiais, como por exemplo, concreto de alta 
densidade, concreto com alta trabalhabilidade, concreto com baixa retração, etc. Cada um 
deles com uma característica própria, visando atender melhor um determinado tipo de 
estrutura. 
Os constituintes do concreto 
O concreto é um material de construção constituído por uma mistura de aglomerante, 
materiais inertes e água. Quando recém misturado, deve oferecer condições tais de 
plasticidade , que facilitem as operações de manuseio indispensáveis ao lançamento nas 
formas, adquirindo com o tempo, pelas reações que então se processarem entre 
aglomerados e água, coesão e resistência. Os materiais componentes são: cimento, 
agregado miúdo, agregado graúdo e água. Modernamente tem-se algum outro 
constituinte destinado a melhorar ou conferir propriedades especiais ao conjunto,tais 
como impermeabilidade da massa, diminuição do calor de hidratação, aumento da 
durabilidade, maior plasticidade quando fresco, rápido aumento da resistência quando 
endurecido, etc. São os chamados aditivos, que dão origem aos concretos tratados. 
Produto fabricado muitas vezes no canteiro de obras, deve apresentar características e 
propriedades compatíveis com o fim a que se destina, dentro dos limites econômicos de 
cada obra, e exige de seu executor, um perfeito conhecimento das propriedades e 
qualidades dos materiais constituintes e do proporcionamento destes, bem como da 
técnica de seu preparo e uso. 
Para obter um concreto durável, resistente, econômico e de bom aspecto, deverá o 
engenheiro/arquiteto estudar : 
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a) As propriedades de cada um dos materiais componentes; 
b) As propriedades do concreto e os fatores suscetíveis de alterá-los; 
c) O proporcionamento correto e a execução cuidadosa da mistura em cada caso, 
afim de obter as características impostas; 
d) Os meios de transportes, lançamento e adensamento compatíveis com a obra; 
e) O modo de executar o controle do concreto durante a preparação e após o 
endurecimento, afim de capacitar-se do atendimento das caraterísticas exigidas, 
tomando os cuidados devidos em caso contrário. 
Ao conjunto cimento mais água dá-se a denominação de pasta; adicionando um agregado 
miúdo a pasta, obtém-se a argamassa; considerando-se o concreto como uma 
argamassa, a qual foi adicionado um agregado graúdo. A pasta terá com função: 
a) envolver os agregados, enchendo os vazios formados e comunicando ao concreto 
possibilidades de manuseio, quando recém misturado. 
b) Aglutinar os agregados no concreto endurecido dando um conjunto com certa 
impermeabilidade, resistência aos esforços mecânicos e durabilidade frente aos agentes 
agressivos. 
A função dos agregados será: 
a) contribuir com grãos capazes de resistir aos esforços solicitantes ao desgastes e a 
ação das intempéries; 
b) reduzir as variações de volume provenientes de causas várias; 
c) reduzir o custo. 
Vantagens e desvantagens do concreto armado 
As grandes vantagens do concreto armado, responsáveis pelo seu desenvolvimento 
verdadeiramente espantoso, a ponto de obter – em menos de um século – o domínio 
absoluto do mercado mundial, são as seguintes : 
a) Economia, basicamente a mais importante dentre todas. O concreto (armado ou 
protendido) se revela mais barato que a solução metálica (antes adotada) em 
praticamente todos os casos, só perdendo para ela em casos de vãos excessivamente 
grandes (e, mesmo assim, somente quando se tiver esgotado a faixa de viabilidade 
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econômica do concreto protendido), como, por exemplo, o das pontes pênseis, coberturas 
de grande vão, etc., quando a economia em peso próprio é fundamental; de estruturas em 
que os problemas relativos à montagem sejam dimensionantes (tais como torres muito 
elevadas de linhas de transmissão) ou de estruturas provisórias ("desmontar" uma 
estrutura em concreto não é tarefa cômoda...). 
b) Adaptação a qualquer tipo de forma e facilidade de execução, permitindo total 
liberdade à concepção arquitetônica, estrutural e de método construtivo, liberdade esta 
que nenhum outro material propicia (acoplada à economia). 
c) excelente solução para se obter – de modo direto e sem necessidade de 
posteriores ligações – uma estrutura monolítica, hiperestática, apresentando, por esta 
razão, maiores reservas de segurança. 
d) manutenção e conservação praticamente nulas, em associação a grande durabilidade 
e) Resistência a efeitos térmicos, atmosféricos e a desgastes mecânicos. 
Este assunto é tratado em maior profundidade nos trabalhos sobre tecnologia do 
concreto. No caso de estruturas pré-fabricadas de concreto, a continuidade será 
assegurada por pequenas concretagens de ligação, de simples execução e boa 
confiabilidade, graças à deformação lenta. 
Basicamente, a grande desvantagem do concreto armado é seu peso próprio, da ordem 
de 2,5 t/m' para o concreto normal, conseguindo-se chegar a valores compreendidos entre 
1,2 e 2,0 t/m' para o concreto leve estrutural. A utilização deste último no Brasil é 
atualmente pequena, dado o custo elevado do agregado especial utilizado. (argila 
expandida), se comparado com aquele da brita comum, isto aliado ao fato de só trazer 
repercussões maiores de ordem econômica para estruturas especiais de grande vão 
(onde o peso próprio acaba sendo a solicitação dimensionante) ou para pré-fabricados 
(quanto mais leves, mais fácil e barata a montagem). 
Outras desvantagens são as dificuldades para reformas ou demolições e o baixo grau de 
proteção térmica que oferece, vindo a exigir a aplicação de produtos com esta finalidade 
(normalmente em associação à obtenção de boa impermeabilização), sobre coberturas. 
Finalmente, cabe frisar que a inevitável fissuração da região tracionada em peças de 
concreto armado, durante muito tempo apontada como inconveniente grave, na realidade 
não o é, pois hoje sabemos que o uso de armação fina e convenientemente distribuída 
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nas zonas tracionadas limita a abertura das fissuras, tornando-as capilares e, então, 
inofensivas.

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