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Professor: Dra. Leila Braga Ribeiro Curso: Medicina Disciplina: IBB 626 UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE COORDENAÇÃO DE MEDICINA Profa. Dra. Leila Braga Ribeiro 07/05/2018 Módulo Med. 1.3 Padrões de Herança Monogênica Primeira Lei de Mendel Heterozigoto x heterozigoto Genótipo – 1:2:1 Fenótipo – 3:1 Segunda Lei de Mendel Duplo heterozigoto x duplo heterozigoto Fenótipo – 9:3:3:1 Sempre? Como conseguir entender o padrão de herança? Quem espirra quando olha para a luz? Espirro fótico = AUTOSSÔMICO DOMINANTE Entrelacem seus dedos... Qual polegar ficou por cima: direito ou esquerdo? Esquerdo sobre o direito DOMINANTE Direito sobre esquerdo RECESSIVO Análise das árvores genealógicas Análise das árvores genealógicas Parentais: topo da árvore Símbolos de heredogramas Propósito Quem está sendo analisado Heredograma ou árvore familial Heredograma ou árvore familial 5 padrões clássicos de herança monogênica (Doenças mendelianas) Herança monogênica: qualquer cruzamento em que somente uma característica controlada por um único gene está sendo considerada, não interessando se os progenitores diferem em outros caracteres. Herança autossômica Herança ligada ao X Herança ligada ao Y Dominante Recessivo Dominante Recessivo Herança Autossômica Recessiva Herança Autossômica Recessiva O alelo normal é o dominante (A) - Patologia não aparece em todas as gerações e poucos indivíduos afetados aparecem nos heredogramas - Ocorre em homens e mulheres e os afetados normalmente são filhos de pais com fenótipo normal - A endogamia aumenta a probabilidade do surgimento do fenótipo Afetado= homozigose do alelo recessivo (aa) aa - Ambos os pais que apresentam fenótipo normal devem ser heterozigotos para a patologia aparecer na prole A (p=1/2) a (p=1/2) A (p= 1/2) AA (Normal) Aa (Portador) a (p =1/2) Aa (Portador) aa (afetado) ♂ ♀ Aa Aa 25 % Normal 50 % Portador 25 % Afetado Normal Herança Autossômica Recessiva - Albinismo aculocutâneo - Alcaptonúria (AKU) - Anemia falciforme - Doença Tay-Sachs - Fenilcetonúria - Galactosemia - Fibrose cística - Tirosinemia - Quase todos os erros hereditários do metabolismo Mais de 1.000 distúrbios apresentando herança autossômica recessiva já foram identificados! E o número vem aumentando... Herança Autossômica Recessiva Ictiose lamelar 1 a cada 300.000 A ictiose lamelar é a forma mais grave da ictiose. É caracterizado pela desordem a nível da morte celular e escamamento das células da pele que acontece com taxa acelerada. As pessoas com essa mutação apresentam muitas fissuras na pele, pois ela “parte-se”, o que provoca dor, e cria muitas cicatrizes, por esse motivo estas pessoas sentem muito preconceito por parte dos outros. Herança Autossômica Recessiva Células da pele envelhecem Descamação Fissuras Hiperqueratose Preconceito/ Dificuldade de locomoção Infecções Cromossomo 14 Herança Autossômica Recessiva Ictiose lamelar 1 a cada 300.000 Doença de Tay-Sachs Incidência: 1 a cada 100.000 nascidos Em judeus: 1 a cada 3.600 nascidos Desordem neurológica progressiva, que acomete principalmente os bebês, deixando-os com sequelas irreversíveis. Acúmulo do gangliosídio GM2 e outros glicolipídios nas células do sistema nervoso, tendo como consequência uma progressiva deterioração neurológica A doença consiste essencialmente na parada do desenvolvimento psicomotor, e também a perda das aquisições feitas anteriormente. Herança Autossômica Recessiva Pode ser descoberta da gestação – Teste enzimático Deficiência da enzima hexoaminidase A - Gene Hexa A – Cromossomo 15 Lipídio GM(2) gangliosídeo aumenta anormalmente no corpo Sintomas aparecem a partir do 3 mês Exame ocular revela um ponto vermelho cereja na mácula Cromossomo 15 5 mutações conhecidas Herança Autossômica Recessiva Doença de Tay-Sachs Herança Autossômica Dominante O alelo normal é o recessivo (aa) - Patologia aparece em todas as gerações, em homens e mulheres e os afetados sempre tem um genitor afetado (transmissão vertical) - Homens e mulheres tem probabilidade igual de transmissão do fenótipo para os filhos de ambos os sexos - Doenças raras = alelo dominante dificilmente em homozigose É necessária apenas uma cópia do alelo anormal para desenvolver a patologia aaAA ou Aa Herança Autossômica Dominante - Qualquer filho de apenas um genitor afetado tem risco de 50% de herdar a característica a A (1/2) Aa (afetado) p = ½ x 1 = 1/2 a (1/2) aa (normal) p = ½ x 1 = 1/2 ♂ ♀ Herança Autossômica Dominante - Acondroplasia - Nanismo - Hipercolesterolemia familial - Osteogênese imperfeita - Polidactilia -Retinoblastoma - Insonia familial fatal Cerca de 2.000 distúrbios apresentando herança autossômica dominante já foram identificados! E o número vem aumentando... Herança Autossômica Dominante Insonia familial fatal – Descoberta em 1986 30 famílias no mundo 100 pessoas afetadas Manifesta entre 20 e 60 anos 7 a 13 meses de vida após o início Não tem tratamento Degeneração do tecido nervoso Cromossomo 20 Herança Autossômica Dominante Retinoblastoma Câncer da retina Gene RB - Cromossomo 13 Diagnóstico precoce através do Teste do olhinho – Reflexo vermelho Equipamento: Oftalmoscópio (R$350,00) Dados de 2010 Brasil: 21 casos por milhão EUA: 10 casos por milhão SUS disponibiliza o exame = Não é obrigatório no país Alguns estados criaram a obrigatoriedade Herança Autossômica Dominante Herança Recessiva Ligada ao X O alelo em questão encontra-se no cromossomo X Homens XY Não existem portadores, apenas normais e afetados Mulheres XX Maioria é portadora Para ser afetada o pai precisa ser afetado e a mãe portadora ou afetada Para ser afetado a mãe precisa ser portadora Herança Recessiva Ligada ao X Homens afetados - Filhos normais - Filhas portadoras Mulheres afetadas - Filhos afetados - Filhas portadoras - A maioria dos afetados são homens -Não ocorre transmissão de homem para homem Muito raro Considerando o parceiro homozigoto dominante Herança Recessiva Ligada ao X -Daltonismo verde-vermelho -Distrofias musculares de Duchenne e Becker -Síndrome Hunter Aproximadamente 200 distúrbios apresentam herança recessiva ligada ao X !!! Herança Recessiva Ligada ao X Daltonismo verde-vermelho = não conseguem distinguir estas cores Daltonismo verde-vermelho 1 : 144 mulheres e 1 : 12 homens são daltônicos Visão = três tipos de células-cone na retina Fotorreceptores para verde e vermelho = cromossomos X Herança Recessiva Ligada ao X Curiosidades sobre os daltônicos: Possuem visão noturna superior à de uma pessoa com visão normal São capazes de identificar mais matizes de violeta A maioria não sabe que possui esta anomalia A incidência o é maior entre os descendentes de Europeus Herança Recessiva Ligada ao X Síndrome de Hunter 1 a cada 155.000 Traços faciais desproporcionais, tais como cabeça grande, testa saliente, nariz largo e lábios grossos Infecções respiratórias recorrentes Problemas respiratórios, incluindo ressonar e respiração ruidosa Infecções auditivas recorrentes, perda da audição Sopro cardíaco; Aumento do abdômen devido a distensão do fígado e baço; Rigidez articular resultante em descoordenação motora; Desconfiguração no desenvolvimento e/ou na fala. Herança Recessiva Ligada ao X Síndromede Hunter 1 a cada 155.000 Mucopolissacaridose tipo II (MPSII) Deficiência da enzima Iduronato-2-Sulfatase Acúmulo dos glicosaminoglicanos (GAGs) nos lisossomos Disfunções orgânicas multissistêmicas Herança Recessiva Ligada ao X Herança Dominante Ligada ao X O alelo em questão encontra-se no cromossomo X Apenas uma cópia do alelo anormal é necessária para desenvolver a patologia Homens XY Não existem portadores, apenas normais e afetados Mulheres XX Maioria das afetadas é heterozigota Para ser afetado a mãe precisa ser heterozigota ou homozigota dominante Herança Dominante Ligada ao X Homens afetados - Filhos normais - Filhas afetadas Mulheres afetadas -Filhos afetados ou normais - Filhas afetadas ou normais - Homens e mulheres são afetados -Não ocorre transmissão de homem para homem Considerando o parceiro homozigoto recessivo Herança Dominante Ligada ao X Tanto homens quanto mulheres afetados - Síndrome do X frágil - Raquitismo resistente à vitamina D Poucos distúrbios apresentam herança dominante ligada ao X !!! Herança Dominante Ligada ao X Mineralização inadequada do osso em crescimento (placa epifisária) Raquitismo Hipofosfatêmico Rim não retém o fosfato Gene XHL ou HYP Herança Dominante Ligada ao X Quais fatores que alteram frequências mendelianas? Interação de genes Fatores que alteram a frequência mendeliana Co-dominância Dominância incompleta Alelos letais Herança ligada ao sexo Herança influenciada pelo sexo PenetrânciaExpressividade Genes ligados Lei de Mendel Gene para o albinismo Alelo A: gera um fenótipo dominante Alelo a: gera um fenótipo recessivo quando em homozigose Genótipo AA ou Aa Pessoas pigmentadas aa Pessoas sem pigmentação A = alelo dominante a = alelo recessivo Dominância completa Dominância x Recessividade Dominância: Alelo que se expressa da mesma maneira, tanto em homozigose quanto em heterozigose Recessividade: Alelo que se expressa somente quando há ausência do alelo dominante Proporções mendelianas Todos os alelos seguem as proporções mendelianas? Pai rr Mãe r’r’ Filhos com características intermediárias Filho r r’ Pais homozigotos Não possui produto gênico suficiente para apresentar as características fenotípicas do homozigoto dominante Por quê? Dominância incompleta Dominância incompleta/ dominância e recessividade Capacidade de sentir o gosto amargo da proteína feniotiocarbamida Cromossomo 7 – gene TAS2R38 5 alelos tt, T1, T2, T3, T4 Cada alelo produz uma dose de seu produto gênico tt = insensível T4T4 = mais sensível Dominância incompleta Ambos os alelos são expressos em igual intensidade Glóbulos vermelhos do sangue 2 grupos de glicoproteínas Gene L Alelos M e N Exemplo: Sistema sanguíneo MN Codominância Gene L Alelos M e N Genótipo Fenótipo LMLM Tipo M LMLN Tipo MN LNLN Tipo N Como indicar a co-dominância ? Alelo: sobrescrito Codominância Se existe o sistema sanguíneo tipo MN, porque nunca fazemos este exame para determinar ao qual tipo pertencemos? Transfusões de sangue envolvendo diferentes fenótipos do sistema MN não acarreta problemas no primeiro procedimento Produção de anticorpos anti-M ou anti-N ocorre somente após sensibilização Nome convencionado Símbolo de acordo com o ISBT Antígenos ABO ABO 4 MNSs MNS 37 P P1 1 Rh RH 47 Lutheran LU 18 Kell KEL 21 Lewis LE 3 Duffy FY 6 Kidd JK 3 Diego DI 2 Cartwright YT 2 Xg XG 1 Scianna SC 3 Dombrock DO 5 Colton CO 3 Landsteiner-Wiener LW 3 Chido/Rogers CH/RG 9 Hh H 1 Kx XK 1 Gerbich GE 7 Cromer CROMER 10 Knops KN 5 Indian IN 2 Ok OK -- Raph RAPH -- JMH JMH -- Sistemas sanguíneos Alta frequência na população humana Alelos que são capazes de ocasionar a morte de um organismo Podem ocorrer em genes essenciais para o funcionamento do organismo Mudanças nas proporções fenotípicas e genotípicas esperadas Pessoas morrem antes de deixar descendentes! Alelos letais Cruzamento monohíbrido de heterozigotos = 1: 2: 1 Cruzamento monoíbrido de heterozigotos com alelo letal 2: 1 Alelo letal Homem normal Aa Mulher normal Aa Gametas A; a Gametas A; a A (p=1/2) a (p=1/2) A (p= 1/2) AA p = ½ x ½ p = 1/4 Aa p = ½ x ½ p = 1/4 a (p =1/2) Aa p = ½ x ½ p = 1/4 aa p = ½ x ½ p = 1/4 ♂ ♀ 25 % AA 50 % Aa 25 % aa Alelos letais Em humanos existem alelos letais? D (p=1/2) d (p=1/2) D (p= 1/2) DD (letal) p = ½ x ½ p = 1/4 Dd (Anão) p = ½ x ½ p = 1/4 d(p =1/2) Dd (Anão) p = ½ x ½ p = 1/4 dd (normal) p = ½ x ½ p = 1/4 ♂ ♀ 66,66 % Anão 33,33 % Normal 25 % Não sobrevivem 50 % Anão 25 % Normal Dd – Anão dd - Normal Par 4 Acondroplasia ou nanismo DD – Não sobrevivem Alelos letais Alelos letais em humanos Fibrose cística ( cromossomo 7) Homozigose e sem tratamento é letal Fibrose cística ou mucoviscidose Secreções viscosas Transporte anormal de íons cloro e sódio pelas membranas celulares Alelos letais Padrões de herança cromossômica diferente Sexuais femininos Dois cromossomos X Sexuais masculinos X e Y Pode haver recessividade em características presente no X dos homens? Genes ligados ao sexo Homens XY Não existem portadores, apenas normais e afetados Mulheres XX Maioria é portadora Maioria filha de pai afetado Genes ligados ao sexo Genes localizados em cromossomos autossomos Influenciados pelos cromossomos sexuais Por quê? Depende da constituição hormonal do indivíduo Genes influenciados pelo sexo Calvície comum (C – cabelo) Genótipo CC Não calvas Não calvos Cc Não calvas Calvos cc Calvas Calvos ♂♀ Proporção fenotípica feminina = 1 calva: 2 normais Proporção fenotípica masculina = 2 calvos: 1 normal Genes influenciados pelo sexo Por que uns homens são totalmente calvos e outros ainda têm um pouco de cabelo? Penetrância Percentagem de indivíduos com determinado alelo que exibem o fenótipo associado a esse alelo Penetrância Polidactilia Dominante Penetrância 64% 100 pessoas com alelo da polidactilia = 64 apresentarão o distúrbio Ambiente: indivíduos com o mesmo genótipo podem apresentam uma gama de fenótipos de acordo com o local em que vivem Interação com outros genes Sutileza do fenótipo: às vezes as variações são tão sutis que não chegam a ser notadas O que influencia a penetrância? Expressividade Mede o grau que um determinado alelo é expresso a nível fenotípico Penetrância e Expressividade Fenômenos imprevisíveis Variam de pessoa para pessoa Depende do ambiente e o genótipo Penetrância e Expressividade Mulheres Gene BRCA1 85% de penetrância Mutações = Câncer de mama ou de ovário Câncer de ovário Penetrância e Expressividade Doença de Marfan 80% de penetrância Expressividade variável A cada 100 pacientes espera-se que: 20 não apresentem a doença Gene FBN1 (fibrilina-1) – cromossomo 15 Incidência : 1 em 10.000 natos-vivos - Estatura elevada, escoliose, braços e mãos alongadas e deformidade torácica; - Mau funcionalmento da válvula mitral e dilatação da aorta; - Miopia e luxação do cristalino. Pleiotropia Aconselhamento genético Gene Probabilidade genotípica e fenotípica da prole Taxas de mutações novas Penetrância e expressividade Referências bibliográficas GRIFFITHS, A.F.; WESSLER, S.R.; LEWONTIN, R.C.; CARROLL, S.B. 2009. Introdução à Genética. 9 ed. Guanabara Koogan S.A., Rio de Janeiro. - Parte II NUSSBAUM, R. L.; MCINNES, R.R.; WILLARD, H.F. 2008. Thompson & Thompson: Genética médica. 7 a Ed. Editora Elsevier. São Paulo. YOUNG, I.D. 2007. Genética Médica. Editora Guanabara Koogan S.A. Rio de Janeiro. 259p.
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