Buscar

Etica e Legs Profissional - Unid III Livro Texto

Prévia do material em texto

66
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 J
ul
ia
na
 M
ar
ia
 M
en
de
s 
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: L
éo
 -
 2
5/
07
/2
01
2
Unidade III
5 Ética
5.1 O que é Ética
Segundo o Dicionário Houaiss (2009), ética é
a parte da Filosofia responsável pela investigação dos princípios que 
motivam, distorcem, disciplinam ou orientam o comportamento humano, 
refletindo [...] a respeito da essência das normas, valores, prescrições e 
exortações presentes em qualquer realidade social; conjunto de regras e 
preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social 
ou de uma sociedade (HOUAISS, 2009).
Durante o exercício de nossas atividades pessoais e profissionais, estamos sujeitos às opiniões próprias 
e de terceiros, acerca de regras de conduta comportamentais, insuficientes para definir as formas de 
agir nas mais diversas situações. Portanto, em algum momento, surge um dilema de como proceder em 
relação a colegas de trabalho, amigos, parentes e todos aqueles com quem direta ou indiretamente nos 
relacionamos. Agir bem ou mal, voluntária ou involuntariamente, é um dos desafios que se sucedem 
continuamente, sobretudo, quando os conceitos de ética e de moral são malcompreendidos, mal-
interpretados ou desconhecidos.
Derivada do grego, a palavra ethos significa costume. De origem latina moralis, significa moral, que 
corresponde a usos e costumes.
Em suas origens gregas, a ética propunha-se a auxiliar o homem a cultivar um bom caráter, 
influenciando as boas práticas pessoais. Com isso, seria possível o alcance da felicidade, por meio da 
prática da ética.
Em sua obra, Ética a Nicômaco, Aristóteles (século IV a.C.) formula uma pergunta para si próprio: 
“qual o bem supremo que podemos conseguir em todos os atos de nossa vida?”, e responde: “a palavra 
que designa o bem supremo, aceita por todos, é a felicidade e, segundo a opinião comum, viver bem, 
agir bem, é sinônimo de ser feliz.” (ARISTÓTELES, 2002).
No entanto, esse tema, estudado e debatido através dos séculos, continua a gerar controvérsias, diante 
dos diferentes processos de mudança dos costumes e das culturas que se sucedem ao longo dos tempos.
Nos tempos atuais, em que presenciamos um acentuado processo migratório, motivado pela 
crescente onda de globalização, e um intenso intercâmbio de pessoas, ideias e culturas, proporcionado 
67
Re
vi
sã
o:
 J
ul
ia
na
 M
ar
ia
 M
en
de
s 
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: L
éo
 -
 2
5/
07
/2
01
2
Ética e LegisLação ProfissionaL
pelas novas tecnologias de transportes de pessoas e de informações, a assimilação dos conceitos éticos 
torna-se cada vez mais complexa.
Nesse cenário, a conduta humana vem sendo cada vez mais observada, comentada e julgada. Quando 
boa, uma conduta é considerara moral ou ética, e a conduta má, qualificada como imoral ou antiética:
“Ética é a ciência da conduta humana, segundo o bem e o mal, com vistas à felicidade.”(ALONSO, 
CASTRUCCI e LÓPEZ, 2006).
Como, em tão pouco tempo, assimilar e praticar princípios éticos e morais, vistos e interpretados sob 
diferentes pontos de vista? Como adaptar-se à moral de uma sociedade específica? São questões que 
fustigam as mentes daqueles que aspiram à felicidade, buscando interagir da melhor maneira possível 
com seus semelhantes e com a natureza que os cerca:
“Moral é o conjunto das prescrições e normas admitidas numa época por determinada sociedade.” 
(LALANDE, 1993).
Dotado de faculdades superiores, o ser humano, capaz de formular e disseminar ideias e 
conhecimentos, de prever atos e suas respectivas consequências, de emitir julgamentos de atos e fatos 
pessoais e coletivos, vê-se na busca da felicidade, condicionado a adaptar-se às condições temporais, 
sociais e ambientais do meio em que vive.
Segundo Alonso, Castrucci e López (2006), são faculdades superiores do homem: a inteligência, a 
vontade e a amorosidade:
•	 inteligência:	mediante	a	inteligência,	o	ser	humano	conhece	os	outros	
seres e a si próprio;
•	 vontade:	 é	a	 faculdade	que	permite	ao	 ser	humano	determinar-se,	
decidir-se, optar por isto ou aquilo, por agir bem ou agir mal;
•	 amorosidade:	 é	 a	 aproximação	 envolvente	 do	 ser	 humano	 com	 as	
outras pessoas (ALONSO, CASTRUCCI e LÓPEZ, 2006, p. 33-8).
5.2 Princípios e normas éticas
No Dicionário Houaiss (2009), encontramos algumas acepções para o termo princípio, tais como: 
“ditame moral; regra, lei, preceito; dito ou provérbio que estabelece norma ou regra; proposição elementar 
e fundamental que serve de base a uma ordem de conhecimentos; proposição lógica fundamental sobre 
a qual se apoia o raciocínio”.
Durante seu processo evolucionário, iniciado em tempos remotos, o ser humano vem buscando a 
satisfação de suas necessidades fisiológicas, de segurança, sociais, de autoestima e de autorrealização, o 
que não deixa de ser, de certa forma, a busca da felicidade.
68
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 J
ul
ia
na
 M
ar
ia
 M
en
de
s 
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: L
éo
 -
 2
5/
07
/2
01
2
Entretanto, para a realização desse ideal de felicidade, o homem envolveu-se em diversos conflitos, 
em razão da escassez de recursos capazes de satisfazer a suas necessidades. Muitas vezes, viu-se 
obrigado a disputar com outrem aquilo que poderia garantir sua sobrevivência ou mesmo impor sua 
superioridade.
Desde aquela época, passando por vários períodos da História, até o momento atual, a decisão de agir 
moralmente é prerrogativa livre e soberana do indivíduo, que, consequentemente, é responsabilizado 
por seus atos, bons ou maus, considerando-se os costumes da época e do local em que exerce suas 
atividades pessoais e profissionais.
Com o passar do tempo, o homem foi aprendendo que a instituição e a adoção de princípios 
particulares e gerais seriam de vital importância para viabilizar a conquista da felicidade, mesmo 
efêmera e fugidia. Tais princípios foram estabelecidos por estudiosos da natureza humana, em 
especial os filósofos gregos dos anos 500 a.C., e pelos demais estudiosos que se seguiram, até o 
período atual.
Os princípios clássicos da ética social dizem respeito:
•	 à	dignidade	humana,	que	independe	de	posses,	dos	cargos	e	dos	títulos;
•	 ao	direito	de	propriedade,	correspondente	ao	direito	das	pessoas	de	possuírem	bens	visando	ao	
atendimento de suas necessidades;
•	 à	primazia	do	trabalho,	atividade	realizada	pelo	homem	para	sua	subsistência	e	seu	crescimento	
como pessoa;
 Lembrete
O trabalho, na atividade econômica, apresenta uma permanente história 
da exploração do homem pelo homem, fato que retarda ou impossibilita o 
seu pleno desenvolvimento. Durante a Revolução Industrial, com problemas 
trabalhistas entre trabalhadores e detentores do capital, surgiram e foram 
formuladas as bases da ética social moderna.
•	 à	primazia	do	bem	comum,	conjunto	de	condições	sociais	que	permite	e	favorece	aos	membros	
da sociedade o seu desenvolvimento pessoal e integral;
•	 à	solidariedade,	que	promove	a	inclusão	social;
•	 à	 subsidiariedade,	 na	 qual	 o	 subsídio	 corresponde	 ao	 auxílio	 dado,	 que	 estimula	 e	 promove	
a participação ativa de todas as pessoas e de todos os grupos sociais nas esferas superiores, 
econômicas, políticas e sociais, de cada país e do mundo.
Na atualidade, deparamo-nos com inúmeras normas de comportamento criadas e estabelecidas de 
acordo com interesses de grupos de pessoas, para atender a finalidades diversas e específicas. Muitas 
69
Re
vi
sã
o:
 J
ul
ia
na
 M
ar
ia
 M
en
de
s 
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: L
éo
 -
 2
5/
07
/2
01
2
Ética e LegisLação ProfissionaL
dessas normas são transformadas em lei, de acordo com a expressão espontânea e formal dos integrantes 
de uma comunidadeou sociedade. As leis de trânsito são exemplos da formalização de normas que 
visam manter organizado o fluxo de pessoas e veículos em uma determinada localidade ou região, 
garantindo os direitos individuais e coletivos dos membros de uma sociedade.
As normas escritas, como os códigos de ética, são de grande importância, notadamente no aspecto 
educativo, porém não devem ser substituídas pelas normas naturais, estabelecidas pelas famílias para a 
formação das pessoas.
Em todos os agrupamentos familiares, tribais, citadinos, nacionais ou internacionais, a criação 
e a adoção de princípios da ética social são de profunda importância no tocante aos aspectos 
comportamentais do indivíduo em sociedade, bem como ao comportamento das organizações em 
diferentes níveis, naturezas e dimensões.
5.3 Ética social, família, empresa, nação e globalização
O núcleo familiar é a sociedade primordial e indispensável, na qual o ser humano recebe as primeiras 
lições para sua formação e educação. Essas primeiras lições influenciarão seu comportamento e suas 
atitudes no convívio com seus semelhantes por toda a sua vida.
Nos últimos anos, notadamente a partir dos anos 1950, o núcleo familiar vem sofrendo fortes 
desgastes em razão de impactos provocados pelo elevado ritmo do crescimento populacional, no 
qual a luta pela subsistência se acirra intensamente. Nesse cenário, as famílias se desagregam muito 
cedo, com a saída precoce das crianças e dos adolescentes do ambiente doméstico para o mercado 
de trabalho, geralmente informal, sem que tenham assimilado os conceitos de formação e educação 
básicos fornecidos por seus pais, que, por sua vez, também sacrificam sua responsabilidade formadora 
na busca dos recursos para a subsistência do grupo.
Os integrantes do núcleo familiar passam, então, a desenvolver atividades internas e externas 
para a sobrevivência desse grupo. A criação de pequenas hortas e de animais para o abate é uma 
atividade que, realizada conjuntamente e com vistas ao bem comum, constitui-se em atividade 
organizacional, ou empresarial. Essas incipientes organizações empresariais, ao evoluírem com o 
passar dos anos, são consideradas essenciais para a existência da sociedade e para o desenvolvimento 
humano.
Segundo Linton (1971, p. 107), a sociedade pode ser definida como: “[...] todo grupo de pessoas que 
vivem e trabalham juntas durante um período de tempo suficientemente longo para se organizarem e 
para se considerarem como formadoras de uma unidade social, com limites bem-definidos”.
Todo o processo econômico, de formação e distribuição de riquezas, originado das sociedades 
mais primitivas, do núcleo familiar até a sociedade de capital surgida no século XV, foi 
fundamentado por meio de ações empreendedoras e empresariais, que promoveram mudanças 
visando à melhoria das condições de produção e da distribuição de produtos e serviços, para o 
bem comum.
70
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 J
ul
ia
na
 M
ar
ia
 M
en
de
s 
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: L
éo
 -
 2
5/
07
/2
01
2
A integração dos núcleos familiares, por vínculos de parentesco e de interesses econômicos e 
políticos, vem ocorrendo desde a formação do primeiro agrupamento, as tribos. Do crescimento e da 
reunião de diversas delas, surgiu a cidade, em que a ética, como ciência, começou a ser elaborada, no 
século V a.C. Com o crescimento dos agrupamentos humanos, a educação geral das pessoas evoluiu e 
regrediu, de maneira sucessiva, notadamente no sentido ético.
A partir da Idade Moderna, iniciada em 1453 com a tomada de Constantinopla pelos turcos, 
surgem as primeiras nações, em que grupos tribais sediados em determinados territórios 
tomam consciência de suas raízes comuns, com etnias, línguas e culturas próximas. A nação 
é composta por famílias e agrupamentos situados em determinado território e que possuem 
características comuns, passando a adotar uma forma de governo com vistas ao bem de toda 
a coletividade.
Com o crescimento e o fortalecimento das nações, em diversos continentes, surgem as primeiras 
associações internacionais da iniciativa privada e as organizações transnacionais, que culminam com o 
início da organização internacional, no século XIX. Em 1945, é criada a Organização das Nações Unidas 
(ONU), com a finalidade de manter a paz e a cooperação entre as nações.
Dentre os órgãos do sistema das Nações Unidas, direta ou indiretamente, voltados para os temas da 
ética, podem-se destacar:
•	 Alto	Comissariado	das	Nações	Unidas	para	os	Refugiados	(ACNUR);
•	 Comissão	de	Direitos	Humanos	(CDH);
•	 Comissão	de	Desenvolvimento	Sustentável	(CDS);
•	 Comissão	para	o	Desenvolvimento	Social	(CsocD);
•	 Comissão	sobre	a	Situação	da	Mulher	CSW);
•	 Departamento	das	Operações	de	Manutenção	da	Paz	(DPKO);
•	 Agência	para	a	Coordenação	de	Assuntos	Humanitários	(Ocha);
•	 Fundo	das	Nações	Unidas	para	a	Infância	(Unicef).
Com o crescimento das relações internacionais, originado da migração dos povos, passando pela 
conquista e submissão de nações, e no qual se destacam as relações comerciais, a globalização vem se 
impondo e impactando, diretamente, o cotidiano das pessoas.
A globalização atual é resultante das novas tecnologias da informática e das telecomunicações, que 
permitem um crescente e intenso inter-relacionamento cultural, político, econômico e social entre os 
povos. Atrelados aos benefícios proporcionados pela tecnologia facilitadora da interação global, surgem 
também mais e maiores conflitos éticos.
71
Re
vi
sã
o:
 J
ul
ia
na
 M
ar
ia
 M
en
de
s 
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: L
éo
 -
 2
5/
07
/2
01
2
Ética e LegisLação ProfissionaL
6 códigOs de Ética PrOfissiOnaL e emPresariaL
6.1 códigos de ética
“A ética é a disciplina ou campo do conhecimento que trata da definição e avaliação do comportamento 
de pessoas e organizações.”(MAXIMINIANO, 2004).
Em todo e qualquer tipo de relacionamento, constatamos diversos tipos de comportamentos 
pessoais ou coletivos fundamentados em valores adquiridos durante a formação familiar, 
educacional e profissional, além daqueles ditados pelos diversos segmentos da sociedade em que 
se desenvolve e atua o indivíduo. No entanto, em todos esses comportamentos, ajustáveis a cada 
situação, existe uma marca pessoal própria que identifica cada ser humano, demonstrada em cada 
atitude ou gesto.
Nesse cenário há a busca de um comportamento ideal para cada situação, definido por meio de 
padrões ou códigos de conduta estabelecidos, formal ou informalmente, por grupos sociais, profissionais 
ou organizacionais. Tais códigos, com suas normas e regras de conduta, por definirem o que é permitido, 
aceito e válido em ocasiões distintas, são conhecidos como códigos de regulação ou regimentos. Quando 
sustentados por princípios éticos, são denominados códigos de ética e servem para nortear ações 
pessoais e organizacionais válidas em qualquer contexto da sociedade.
6.1.1 O código de ética profissional
6.1.1.1 A ética da área de Exatas
“Ética profissional é um conjunto de normas de conduta que deverão ser postas em prática no 
exercício de qualquer profissão.” (SÁ, 2005).
Todo trabalho individual influencia e recebe influências do meio em que é praticado, daí a importância 
do estabelecimento de um conjunto de valores e princípios que, fundamentados em condutas éticas, 
orientem as ações para o exercício das atividades profissionais e empresariais, com vistas ao bem comum 
de toda uma sociedade.
Tais valores e princípios, inerentes à cultura de uma empresa, podem ser formalizados e expressos 
por meio de um determinado código de ética, cujo conteúdo é formado por um conjunto de políticas e 
práticas específicas que devem servir de parâmetro para determinados comportamentos e tornar claras 
as responsabilidades.
Os aspectosreferentes ao respeito às leis do país e à transparência nas relações com seus públicos 
internos (dirigentes e funcionários) e externos (clientes, fornecedores, comunidade e demais stakeholders) 
devem ser abordados no código de ética, notadamente aqueles relacionados com os consumidores, por 
estarem sujeitos ao que estabelece o Código de Defesa do Consumidor e à reparação de danos causados 
pelas práticas de propaganda e de danos ambientais.
72
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 J
ul
ia
na
 M
ar
ia
 M
en
de
s 
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: L
éo
 -
 2
5/
07
/2
01
2
Numa época em que o elevado e crescente índice da capacidade de armazenamento, tratamento, 
difusão e captação de informações vem assumindo proporções de grande vulto, graças à célere evolução 
da Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC), os temas da privacidade e da transparência são 
fundamentais, uma vez que devem estabelecer e fazer cumprir o código de ética, definido por Sá (2005) 
como “um acordo explícito entre os membros de um grupo social. E deve descrever um modelo de 
conduta para seus membros”.
Nesse cenário, fazem-se presentes, e cada vez mais atuantes, as organizações representativas de 
diversas categorias profissionais, como os conselhos federais e regionais, que buscam, na criação e 
no estabelecimento de normas de conduta ética pautadas pela integridade e pela observância de 
regulamentos, padrões e leis, o reconhecimento de suas competências e atribuições.
Para muitos autores, a ética profissional estaria relacionada ao estudo e à regulação do relacionamento 
do profissional com seus clientes, fornecedores e parceiros, visando à dignidade humana e à construção 
de um bom ambiente sociocultural no qual possa exercer sua profissão.
Na área da informática, as questões relativas à influência do computador na vida das pessoas, a 
pirataria de software e o Direito autoral dos sistemas e programas são as que mais comumente afetam 
os profissionais do setor.
A intensificação do uso dos computadores nos ambientes domésticos e empresariais agiliza o 
processo de execução das atividades, ao mesmo tempo que provoca profundas alterações nas formas 
de relacionamento, agora mais virtuais do que reais. Enquanto isso, empresas e profissionais produtores 
de software têm prejuízos incalculáveis com a pirataria. Mesmo considerando a crescente utilização 
de software livre, que pode ser usado, copiado, estudado, modificado e redistribuído sem restrição, os 
desenvolvedores de outros aplicativos, como os jogos eletrônicos, ressentem-se da redução de suas 
receitas em decorrência da pirataria.
No tocante à natureza jurídica dos softwares, e a suas tratativas, o tema vem sendo amplamente 
discutido por diversos segmentos da sociedade, na busca da preservação dos direitos de seus 
desenvolvedores e proprietários.
No que diz respeito à privacidade e à proteção das informações das empresas e dos profissionais 
responsáveis pelo provimento dos serviços de tecnologia da informação, devem buscar a garantia, por 
meios técnicos ou legais, e a inviolabilidade dos referidos serviços, principalmente quando esse ato for 
cometido por alguém que fira os preceitos éticos e morais.
É importante ressaltar que a violação de um contrato de licença de software ou de qualquer outro 
que envolva a propriedade intelectual (como trabalhos literários, fotografias e vídeos) pode trazer riscos 
legais contra a empresa e o indivíduo responsável. Cabe lembrar também que, em muitos casos, infrações 
éticas graves são crimes sujeitos às leis penais do país.
Primar pela segurança física e virtual da rede e dos equipamentos, pela confidencialidade e integridade 
das informações, pelo treinamento e aprimoramento pessoal e de terceiros quanto ao uso correto e 
73
Re
vi
sã
o:
 J
ul
ia
na
 M
ar
ia
 M
en
de
s 
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: L
éo
 -
 2
5/
07
/2
01
2
Ética e LegisLação ProfissionaL
adequado dos equipamentos e sistemas e, principalmente, pela orientação sobre as consequências 
decorrentes do não cumprimento do estabelecido no código de ética profissional e/ou empresarial são 
atitudes esperadas, se não exigidas, daqueles que atuam num dos mais importantes e significativos 
setores da economia, a informática.
6.1.2 O código de ética empresarial
“Uma organização é um sistema de trabalho que transforma recursos em produtos e serviços.” 
(MAXIMINIANO, 2004).
As organizações constituídas pelo homem fornecem os mais diversos produtos e serviços para 
a comunidade em geral e proporcionam condições de subsistência para os que ali trabalham, como 
dirigentes e funcionários, por meio do pagamento de algum tipo de remuneração. Além disso, 
investidores e acionistas também são remunerados por meio da participação nos resultados obtidos 
pelo empreendimento.
De importância capital para o crescimento e o desenvolvimento das sociedades, a atividade 
empresarial abrange diversos tamanhos, tipos e setores, como padarias, fábricas, escritórios contábeis, 
instituições de ensino, igrejas e órgãos públicos, dentre outros.
Cabe destacar diversas instituições que não visam ao lucro, formadas por associações, fundações 
e demais movimentos engajados, principalmente nos aspectos voltados para fins assistenciais e 
preservacionistas.
Com o advento da Revolução Industrial, no século XVIII, e a consequente mecanização da 
produção, as relações de trabalho sofrem profundas transformações, notadamente no tocante ao 
relacionamento entre empregadores e empregados. Com a priorização do capital e dos bens de 
produção, em detrimento do trabalho, surgem os conflitos éticos. A dignidade humana, princípio 
ético fundamental, é colocada à prova. As condições de trabalho, aviltantes e exaustivas, impostas 
aos trabalhadores, com o aumento do rendimento do trabalho e do acelerado acréscimo da produção, 
comprometem os resultados obtidos.
Tais condições de trabalho foram gradualmente contestadas por diferentes setores da sociedade, 
que passaram a organizar-se na busca de soluções alternativas, capazes de promover um equilíbrio justo 
nas relações trabalhistas.
Desde aquela época até os tempos atuais, continuam a ocorrer graves comportamentos 
antiéticos em empresas de todo tipo e tamanho, dentre elas as multinacionais, ocasionando 
grandes prejuízos, notadamente no aspecto referente à imagem empresarial perante a 
sociedade:
Tudo isso tem levado muitas empresas a criarem códigos de ética, auditorias, 
programas de treinamento e contratação de assessorias especializadas em 
74
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 J
ul
ia
na
 M
ar
ia
 M
en
de
s 
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: L
éo
 -
 2
5/
07
/2
01
2
Ética, códigos do consumidor, políticas de valorização dos empregados e 
outros (ALONSO, CASTRUCCI e LÓPEZ, 2006, p. 146).
O resultado desses esforços começa a ter efeito a partir dos anos 1960, nos Estados Unidos, onde o 
conceito de ética nos negócios passa a evoluir com intensidade, motivado principalmente pelas pressões 
às indústrias automobilísticas efetuadas por movimentos ligados aos direitos dos consumidores. Tais 
movimentos questionavam a segurança dos produtos, a proteção do meio ambiente e o comportamento 
de alguns empresários, que nada ou pouco se preocupavam com as implicações negativas de suas 
condutas profissionais.
Nas décadas de 1960 e 1970, o ensino da Ética é impulsionado nas universidades americanas, com 
especial ênfase em ética nos negócios. No fim desta última década, são incentivadas as criações de 
códigos de ética corporativos, para minimizar ou reduzir os conflitos de padrões éticos de diversas 
culturas, então mais interdependentes.
A partir da década de 1980, formam-se redes acadêmicas de estudos da Ética na Europa e nos 
Estados Unidos, universalizando e disseminandoo conceito.
No Brasil, na década de 1990, é criado o Centro de Estudos de Ética nos Negócios, pela Fundação 
Getúlio Vargas, em São Paulo. Em 1998, também em São Paulo, é criado o Instituto Ethos, de empresas e 
responsabilidade social. Em 2003, é fundado o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial, que tem como 
objetivo a promoção da melhoria no ambiente de negócios.
Atualmente, os conceitos e princípios da ética empresarial, admitidos e assumidos por crescente 
número de empresas, são de vital importância na formulação e na implantação das estratégias 
empresariais. Os códigos de ética empresarial, além de formalizar compromissos, também são 
instrumentos de comunicação de seus valores e práticas para todos aqueles que, direta ou 
indiretamente, relacionam-se com a empresa. A atenção especial aos aspectos relacionados ao 
meio ambiente e à responsabilidade social na condução dos negócios constitui-se em diferencial 
competitivo, que contribui decisivamente para o crescimento e a sobrevivência das empresas num 
cenário de alta competitividade.
[...] a introdução da reflexão ética nas organizações serve para elucidar as 
questões que suscitam polêmicas ou controvérsias morais, pois corre-se 
o risco de patinar na indefinição e de estimular abusos por parte do 
corpo funcional. Ao revés, se houver respostas consistentes aos dilemas, 
a nervura central da cultura organizacional será consolidada, porque 
tais respostas transformam-se em orientações emblemáticas; dizem o 
que é justo e injusto, certo e errado, lícito e ilícito; esclarecem o que se 
espera dos funcionários e dos dirigentes; demarcam os padrões culturais 
validados pela organização; anunciam o que será recompensado e inibem 
possíveis racionalizações individuais, ao formular proibições e licenças 
(SROUR, 1998, p. 307).
75
Re
vi
sã
o:
 J
ul
ia
na
 M
ar
ia
 M
en
de
s 
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: L
éo
 -
 2
5/
07
/2
01
2
Ética e LegisLação ProfissionaL
 saiba mais
O filme Crash: no limite aborda as diferenças culturais e, especificamente, 
o tema do Direito e da moral, ao contar a história de pessoas completamente 
diferentes, mas que têm de compartilhar o mesmo espaço, tendo de lidar 
com conflitos e aprender a compreensão mútua. Para saber mais, veja: 
CRASH: no limite. Direção de Paul Haggis. EUA/Alemanha, 2004 (100 min.).
6.2 a responsabilidade social
Responsabilidade social pode ser definida como o compromisso que 
uma organização deve ter para com a sociedade, expresso por meio 
de atos e atitudes que a afetem positivamente, de modo amplo, ou 
a alguma comunidade, de modo específico [...] Assim, numa visão 
expandida, responsabilidade social é toda e qualquer ação que possa 
contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade (ASHLEY, 
2002, p. 6-7).
O Princípio da responsabilidade social está apoiado na concepção de que as empresas, criadas 
por integrantes da sociedade, utilizam os recursos dessa mesma sociedade, afetando, positiva ou 
negativamente, a qualidade de vida das pessoas. Os efeitos causados pela poluição e pela degradação 
ambiental acelerada nos últimos anos estimularam o debate acerca de tais problemas.
Fundamentada em amplos estudos científicos, produzidos pela comunidade acadêmica, em especial 
a partir da década de 1960, empresas e instituições representativas dos diversos segmentos sociais 
passaram a ter mais consciência dos malefícios produzidos pela atividade empresarial descontrolada, 
política, econômica, técnica e eticamente. O trabalho infantil e a divulgação de produtos nocivos à 
saúde são exemplos de condutas antiéticas frequentes.
Com a mobilização da sociedade pelas causas sociais, em especial pelas ambientais, a comunidade 
empresarial começou a perceber que a prática dos valores éticos, a transparência de suas relações com 
seus públicos e a integridade de suas atividades administrativas e produtivas são capazes de trazer 
melhores retornos em produtividade e lucratividade, dentre outros indicadores de desempenho.
No tocante à ética empresarial e à responsabilidade social, Srour (2000) define duas “frentes”:
Na frente interna das empresas, equacionam-se os investimentos dos 
proprietários (detentores do capital) e as necessidades dos gestores e 
dos trabalhadores. Na frente externa, são levadas em consideração as 
expectativas dos clientes, fornecedores, prestadores de serviços, fontes 
de financiamentos (bancos, credores), comunidade local, concorrentes, 
76
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 J
ul
ia
na
 M
ar
ia
 M
en
de
s 
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: L
éo
 -
 2
5/
07
/2
01
2
sindicatos de trabalhadores, autoridades governamentais, associações 
voluntárias e demais entidades da sociedade civil (SROUR, 2000, p. 195).
Daí decorre que a empresa deve desenvolver e implementar programas que beneficiem a comunidade, 
principalmente aquela em que está inserida, por sofrer direta e imediatamente as reações por atitudes 
e comportamentos antiéticos.
Para a aferição do comprometimento das empresas com as causas sociais e ambientais, foram 
criados alguns indicadores que consistem na adoção e na implantação de normas de qualidade, como 
as certificações ISO 14000 – referente à gestão ambiental –, a ISO 9000 – relativa à gestão da qualidade 
– e a AS 8000 – que atesta a qualidade das relações trabalhistas, pela análise de fatores como trabalho 
infantil, discriminação, segurança e saúde dos trabalhadores, dentre outros. Esta última certificação está 
fundamentada nas convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), na legislação do país, na 
Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Declaração dos Direitos da Criança.
Como consequência de um novo posicionamento da sociedade com relação às questões sociais, 
muitas empresas brasileiras estão adotando posturas socialmente responsáveis, de modo consciente 
ou por conveniência, para poder atuar num mercado cada vez mais exigente no tocante a produtos, 
serviços e comportamentos éticos.
6.3 O direito autoral
Segundo Campos (2006), a proteção do direito do autor vem consagrada na Constituição Federal, em 
seu art. 5º, incisos XXVII a XXIX, dizendo que a ele pertence o direito exclusivo de utilização, publicação 
ou reprodução de suas obras, transmitindo-se esses direitos aos herdeiros no tempo que a lei fixar. 
Também é assegurado aos autores de inventos industriais o privilégio de registrá-los em órgãos públicos, 
para fazer valer, perante terceiros, seu direito exclusivo de exploração por determinado tempo. Com 
isso fica assegurado, também pela lei, o direito dos autores de obter a reparação por perda e danos que 
lhes forem causados por terceiros, em razão do uso indevido ou desautorizado do bem por eles criado, 
podendo utilizar-se da ação de busca e apreensão, com efeitos imediatos de cessação do abuso.
A Lei do Direito Autoral, nº 9.610, reeditada em 1998, está sendo muito comentada e discutida, mas é 
pouco conhecida e compreendida, principalmente por aqueles que produzem obras literárias, artísticas, 
científicas e intelectuais.
Casos de violação dos direitos autorais são cada vez mais frequentes, como a falta de créditos em 
textos, ilustrações, fotografias e composições musicais, dentre outras. A prática dessas violações ocorre 
de forma voluntária e involuntária, pelo desconhecimento da lei, o qual não isenta de punição pelo ato 
cometido.
Com o progresso acentuado da tecnologia, são disponibilizados, a cada instante, centenas ou 
milhares de recursos de fácil utilização e manejo que auxiliam na produção de obras diversas. Tais 
recursos, entretanto, também são utilizados para a reprodução de outras tantas obras publicadas ao 
longo dos tempos, como aquelas que são copiadas quase no mesmo instante em que são criadas.
77
Re
vi
sã
o:
 J
ul
ia
naM
ar
ia
 M
en
de
s 
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: L
éo
 -
 2
5/
07
/2
01
2
Ética e LegisLação ProfissionaL
A Lei do Direito Autoral (BRASIL, 1998b) determina que seja creditada a autoria de um trabalho 
intelectual para que não ocorra uma violação do direito moral do autor da obra criada. Esse crédito deve 
ser efetuado mesmo quando ocorre um processo de cessão ou licenciamento de direito patrimonial, pois 
o reconhecimento da autoria da obra é irrenunciável e inegociável.
Visando evitar questionamentos legais, é recomendável a realização de contratos de cessão de direitos 
patrimoniais, mediante condições específicas, para a disponibilização de qualquer criação intelectual.
Para que determinada obra possa ser protegida, é necessário que, de acordo com o expresso no 
art. 7º da referida Lei, sejam “expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou 
intangível, conhecido ou que se invente no futuro” (BRASIL, 1998b).
A lei também determina que os direitos patrimoniais do autor, que lhe permitem usar sua criação 
para fins de benefícios econômicos, perdurem por setenta anos, contados de 1º de janeiro do ano 
subsequente ao de seu falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil. Decorrido esse prazo de 
proteção, a obra passa a pertencer ao domínio público.
A leitura e o estudo da lei são de fundamental importância para os criadores de trabalhos intelectuais, 
que, no entanto, devem contar com a assistência jurídica específica para que possam ter as garantias 
legais sobre suas obras.
 saiba mais
Para saber mais sobre a Lei do Direito Autoral, acesse:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9610.htm>
6.4 código de defesa do consumidor (cdc) – Lei nº 8.078/90
A regulamentação das relações de consumo, mais precisamente a defesa dos direitos do consumidor, 
vem durante muito tempo se tornando cada vez mais forte, uma matéria de interesse mundial.
Com o avanço da expansão do comércio e a globalização, os países foram obrigados a regular regras 
para a comercialização de produtos e serviços, estipulando padrões de qualidade, no intuito de proteger 
fornecedores e, sobretudo, consumidores, principais figuras dessa relação.
As regras fundamentais que devem ser adotadas, no plano mundial, visando à defesa e à proteção 
efetiva dos consumidores deram-se com a elaboração, pela ONU, da Resolução 39/248, de 16 de abril 
de 1985, inspirada na famosa Declaração dos Direitos do Consumidor, proferida pelo Presidente John 
Fitzgerald	Kennedy	em	15	de	março	de	1962.
78
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 J
ul
ia
na
 M
ar
ia
 M
en
de
s 
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: L
éo
 -
 2
5/
07
/2
01
2
O conteúdo da Resolução visa: proteger o consumidor quanto a prejuízos à sua saúde e segurança, 
diante de produtos e serviços perigosos ou nocivos, promover e proteger seus interesses econômicos, 
fornecer-lhe informações adequadas para educá-lo, criar possibilidades de real ressarcimento, garantir 
a liberdade para formação de grupos de consumidores e outras organizações de relevância, bem como 
oportunidades para que essas organizações possam intervir nos processos decisórios referentes às 
relações de consumo (ONU, 1985).
O Código de Defesa do Consumidor, em seu art. 4º, tem como objetivo não apenas o atendimento 
das necessidades dos consumidores, mas o respeito à sua dignidade, sua saúde e sua segurança, além 
da proteção de seus interesses econômicos, da melhoria de sua qualidade de vida e da imprescindível 
transparência e harmonia nas relações de consumo.
6.4.1 Relação de consumo
A relação jurídica será qualificada como de consumo, e assim regulada pelo CDC, quando em seus 
polos figurarem um consumidor e um fornecedor.
A relação jurídica de consumo envolve duas partes bem-definidas: de um lado, o adquirente de um 
produto ou serviço, chamado de consumidor; de outro, o fornecedor ou vendedor de um produto ou 
serviço.
Essa relação de consumo pode ser efetiva (exemplo: compra e venda de automóvel) ou potencial 
(exemplo: propaganda).
Portanto, para haver relação de consumo, nos termos do CDC, não é necessário que o fornecedor, 
concretamente, venda bens ou preste serviços; basta que, mediante oferta, coloque os bens à disposição 
de consumidores potenciais.
6.4.2 Conceito de consumidor
A Lei 8.078/90, o CDC, define consumidor como toda pessoa física (ser humano) ou jurídica (empresa, 
por exemplo) que adquire (de modo oneroso ou gratuito) ou utiliza (consome) o produto ou serviço 
como destinatário final (BRASIL, 1990b).
Dessa forma, a princípio, existem duas espécies de consumidores:
•	 pessoa	física	(pessoa	humana);
•	 pessoa	jurídica	(empresas).
Como já foi dito, o consumidor pode ser efetivo, ou seja, aquele que concretamente adquire o 
produto ou serviço; ou potencial, ou seja, aquele que é alvo da oferta ou da publicidade dos produtos e 
serviços colocados no mercado à disposição para compra.
79
Re
vi
sã
o:
 J
ul
ia
na
 M
ar
ia
 M
en
de
s 
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: L
éo
 -
 2
5/
07
/2
01
2
Ética e LegisLação ProfissionaL
Equipara-se consumidor ao grupo de pessoas, ainda que indeterminável, que haja intervindo nas 
relações de consumo. Exemplos: os doentes de hospitais ou alunos de escolas, que adquirem ou utilizam 
bens e serviços, ou, ainda, os associados a planos de saúde.
Como vimos, as pessoas jurídicas também estão incluídas na lei, como consumidoras, mas apenas 
aquelas que são as destinatárias finais do produto, e não as que adquirem bens ou serviços como 
matéria-prima necessária ao desempenho de sua atividade lucrativa. Exemplo: um supermercado que 
compra produtos de uma fábrica – óleo, leite etc. – para revender não é considerado consumidor, não 
recebendo, portanto, a proteção da legislação do CDC, justamente porque não é o consumidor final do 
produto. Quando alguém compra um produto para revender, também é considerado fornecedor.
Em contrapartida, se o mesmo supermercado comprar produtos para utilizar na limpeza de seu 
próprio estabelecimento, com relação a esses produtos, será considerado consumidor, pois foi o 
destinatário final dos produtos adquiridos.
Assim, pode-se concluir que consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza o 
produto ou serviço como destinatário final.
Nunes (2010) apresenta uma lista, exemplificativa dos apelidos que caracterizam os consumidores 
nos dias atuais, a qual auxilia na identificação destes:
•	 adquirente	(de	produtos	em	geral:	imóvel,	automóvel,	de	ingressos	[...]	
etc.);
•	 beneficiário	(segurado	no	caso	de	seguro);
•	 cliente	(do	banco,	do	barbeiro,	da	loja	etc.);
•	 comprador	(de	qualquer	produto	ou	serviço);
•	 compromissário-comprador	(na	compra	de	imóvel);
•	 emitente	(do	cheque,	do	título);
•	 espectador	(no	teatro,	no	cinema	etc.);
•	 estudante	(de	escolas	em	geral);
•	 financiado	(no	empréstimo	pessoal,	no	financiamento	de	veículo,	de	
imóveis etc.);
•	 hóspede	(do	hotel,	da	pensão	etc.);
•	 leitor	(de	jornais,	revistas	etc.);
•	 paciente	(do	hospital,	de	clínica,	do	médico);
•	 passageiro	(de	avião,	ônibus,	trem,	navio,	táxi	etc.);
[...]
80
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 J
ul
ia
na
 M
ar
ia
 M
en
de
s 
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: L
éo
 -
 2
5/
07
/2
01
2
•	 prestamista	(quem	tem	empréstimo	de	financiamento	de	imóvel	pelo	
SFH);
•	 telespectador	(do	serviço	de	TV	a	cabo);
•	 turista;
•	 usuário	(do	sistema	de	cartão	de	crédito,	do	sistema	de	saúde	etc.);
•	 viajante;
•	 vítima	(no	acidente	de	consumo)	(NUNES,	2010,	p.	19).
 Lembrete
Os consumidores sempre deverão adquirir ou utilizar os produtos ou os 
serviços como destinatário final.
6.4.3 Conceito de fornecedor
O CDC define,no seu art. 3º, fornecedor como toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, 
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produção, 
montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização 
de produtos ou prestação de serviços.
Exemplos de fornecedores: fabricante, financeira, banco, cabeleireiro, construtor, médico, padaria, 
supermercado, revendedora, vendedor ambulante, prestador de serviços em geral etc.
Dessa forma, a princípio, o fornecedor pode ser dividido em três tipos:
•	 pessoa	física;
•	 pessoa	jurídica,	pública	ou	privada,	nacional	ou	estrangeira;
•	 ente	despersonalizado,	sendo	considerados	aqueles	que	não	possuem	uma	personalidade	jurídica	
(exemplo: empresa falida, camelôs).
Assim, são considerados fornecedores de produtos tanto os supermercados, as grandes lojas de 
departamentos, quanto o feirante, a pequena mercearia e outros.
Da mesma forma, são consideradas fornecedores de serviços tanto as companhias aéreas, as agências 
ou as operadoras de viagens quanto o eletricista, o marceneiro, o encanador, os pequenos empresários etc.
O fornecedor pode ser o próprio Poder Público, por si ou por suas empresas autorizadas que, direta 
ou indiretamente, prestem serviços públicos. Exemplo: as concessionárias que administram as estradas 
e rodovias, cobrando por esse serviço o valor correspondente ao pedágio.
81
Re
vi
sã
o:
 J
ul
ia
na
 M
ar
ia
 M
en
de
s 
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: L
éo
 -
 2
5/
07
/2
01
2
Ética e LegisLação ProfissionaL
Por fim, os entes despersonalizados também são considerados fornecedores pela nossa 
legislação. Exemplo: a massa falida (pessoa jurídica falida) possui no mercado produtos e 
serviços que ela ofereceu e efetivou antes de ocorrer a sua falência, que podem, mesmo 
após esta, continuar sob a proteção da lei do consumidor. Assim, a quebra de um fabricante 
de televisores não pode eliminar a garantia do funcionamento dos aparelhos pelo prazo da 
garantia contratual e legal.
Também são considerados entes despersonalizados as chamadas pessoas jurídicas de fato, ou 
seja, aquelas que, sem constituir legalmente uma pessoa jurídica, desenvolvem, efetivamente (de fato), 
uma atividade industrial, comercial, de prestação de serviços etc. Exemplo: a figura do camelô ou do 
vendedor ambulante, que não deixam de ser fornecedores, até mesmo porque suprem de maneira 
relevante o mercado de consumo, estando, portanto, obrigados a obedecer às regras contidas no CDC, 
pois se enquadram no termo ente despersonalizado.
No termo pessoa física está inclusa a figura do profissional liberal como prestador de serviço e 
também daquele que desenvolve atividade habitual ou rotineira de venda de produtos, sem ter-se 
estabelecido como pessoa jurídica (empresa). Exemplo: o estudante que, para pagar a mensalidade da 
escola, compra roupas, joias, produtos de maquiagem etc. para revender entre os colegas, desde que 
faça isso com habitualidade, é fornecedor.
6.4.3.1 Espécies de fornecedores
•	 Fornecedor real – nessa espécie de fornecedor estão incluídos o fabricante, o produtor e o 
construtor:
— fabricante é quem fabrica e coloca o produto no mercado, que abrange também o montador e o 
fabricante de peça ou componente;
— produtor é quem coloca no mercado produtos não industrializados (in natura), de origem animal 
ou vegetal (carnes, frutas, legumes etc.).
— construtor é quem introduz produtos imobiliários no mercado de consumo, respondendo pela 
construção, bem como pelo material empregado na obra.
•	 Fornecedor presumido – importador do produto industrializado ou in natura, porque os 
verdadeiros fabricantes ou produtores não podem, em razão da distância, ser alcançados 
pelos consumidores.
•	 Fornecedor aparente – também chamado de quase fornecedor, é quem coloca seu nome ou sua 
marca no produto final, aquele que se apresenta como fornecedor. Nesse caso, aplica-se a Teoria 
da Aparência, que se justifica pela “apropriação” que a empresa distribuidora faz do produto. 
Exemplo: franquia = o franqueador (titular da marca) é o fornecedor aparente. O concessionário 
franqueado tem responsabilidade solidária.
82
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 J
ul
ia
na
 M
ar
ia
 M
en
de
s 
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: L
éo
 -
 2
5/
07
/2
01
2
•	 Comerciante e demais participantes do ciclo produtivo e distributivo – Exemplos: os supermercados, 
as lojas varejistas, as distribuidoras de bebidas etc.
6.4.4 Conceito de produto
Nos termos do art. 3º, § 1, do CDC, produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial, 
objeto da relação de consumo.
Em outras palavras, são os bens econômicos, suscetíveis de apropriação, que podem ser duráveis, não 
duráveis, de conveniência, de uso especial etc.
6.4.4.1 Classificação dos produtos (bens)
•	 Produtos (bens) materiais: são aqueles tangíveis, com consistência (peso, formato), que podem 
ser tocados. Exemplos: roupas, automóveis, frutas, carne etc.
•	 Produtos (bens) imateriais: são aqueles intangíveis, ou seja, que não podem ser tocados, mas 
são objetos de consumo. Exemplos: programas/softwares de computadores que contêm o trabalho 
intelectual do seu criador.
•	 Produtos (bens) duráveis: são aqueles que não se extinguem com o uso, levam tempo para 
desgastar-se, podem e devem ser utilizados muitas vezes. Exemplos: eletrodomésticos, automóveis 
etc.
•	 Produtos (bens) não duráveis: são aqueles que se acabam com o uso, não têm durabilidade. 
Usando o produto, ele se extingue, ou, pelo menos, vai-se extinguindo enquanto é usado. 
Exemplos: alimentos, remédios, cosméticos, bebidas etc.
 Observação
Um produto descartável é o não durável que, na maioria das vezes, 
é utilizado somente uma vez. Exemplo: copos ou pratos de plástico ou de 
papelão.
•	 Produtos (bens) in natura: são aqueles que não passam pelo sistema de industrialização, que 
vão ao mercado consumidor diretamente do sítio ou da fazenda, do local de pesca, da produção 
agrícola ou pecuária etc. Cumpre ressaltar que os produtos in natura não perdem essa característica 
quando são vendidos embalados em sacos plásticos após serem limpos, lavados ou selecionados. 
Exemplos: legumes, cereais, grãos, carnes, vegetais, frutas etc.
Diante da classificação dos produtos descrita, pode-se observar que um mesmo produto, objeto das 
relações de consumo, pode ser classificado de várias formas. Exemplo: banana é um produto in natura, 
material e não durável.
83
Re
vi
sã
o:
 J
ul
ia
na
 M
ar
ia
 M
en
de
s 
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: L
éo
 -
 2
5/
07
/2
01
2
Ética e LegisLação ProfissionaL
O	eminente	economista	Philip	Kotler	pondera	que	a	primeira	classificação	de	bens	duráveis	e	bens	
não duráveis que se aplica igualmente, tanto a bens de consumo, como a bens industriais, distingue: 
bens duráveis – que normalmente sobrevivem a muitos usos (exemplo: roupas); e bens não duráveis – 
que normalmente são consumidos em um ou em alguns poucos usos (exemplo: carne, sabonete etc.).
6.4.5 Conceito de serviço
Nos termos do art. 3º, § 2º do CDC, serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, 
mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as 
decorrentes das relações de caráter trabalhista.
No entendimento da expressão remuneração, excluem-se os tributos, as taxas e as contribuições 
de melhoria, ou seja, excluem-se as relações inseridas na área tributária, que se referem ao Fisco e ao 
contribuinte.
Por sua vez, incluem-se as tarifas ou preços públicos, cobrados pela prestação de serviços feita 
pelo Poder Público, ou mediante concessão ou permissão a empresas de iniciativa privada. Exemplo:transportes, telefonia, água, luz etc.
O CDC também classificou os serviços como duráveis e não duráveis.
6.4.5.1 Classificação dos serviços
•	 Serviços não duráveis: são aqueles que cumpriram suas obrigações uma vez prestados. Exemplos: 
serviços de transporte, de diversões públicas, de hospedagem etc.
•	 Serviços duráveis: são aqueles que têm continuidade no tempo em decorrência de uma 
estipulação contratual ou por deixarem como resultado um produto. Exemplos: a prestação 
dos serviços escolares, os chamados planos de saúde, bem como a pintura de uma casa, a 
instalação de um carpete, a colocação de um boxe, os serviços de assistência técnica e de 
consertos etc.
6.4.6 Direitos básicos do consumidor
Segundo Campos (2006), o Código do Consumidor tem por escopo defender os interesses do 
consumidor, considerado a parte mais fraca da relação de consumo. Suas normas se prestam a atingir 
as seguintes finalidades:
•	 proteger	o	consumidor	quanto	a	prejuízos	à	saúde	e	à	segurança;
•	 educar	o	consumidor	sobre	o	consumo	adequado,	com	liberdade	de	escolha;
•	 prestar	informação	adequada	e	clara	sobre	produtos,	sua	composição,	especificação,	características	
e qualidades;
•	 proteger	contra	publicidade	enganosa;
84
Unidade III
Re
vi
sã
o:
 J
ul
ia
na
 M
ar
ia
 M
en
de
s 
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: L
éo
 -
 2
5/
07
/2
01
2
•	 modificar	cláusulas	contratuais	que	estabeleçam	prestações	desproporcionais	ou	excessivamente	
onerosas;
•	 a	efetiva	prevenção	e	reparação	de	danos	patrimoniais	e	morais,	individuais,	coletivos	e	difusos;
•	 acesso	ao	Judiciário	para	busca	da	reparação	de	danos;
•	 a	facilidade	da	defesa	do	consumidor,	com	inversão	do	ônus	da	prova,	observadas	a	verossimilhança	
e a hipossuficiência;
•	 adequada	prestação	dos	serviços	públicos	em	geral.
 Observação
A política nacional de relações de consumo tem por objetivo o 
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua 
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a 
melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparência e a harmonia 
das relações de consumo.
 saiba mais
Para saber mais sobre a proteção, os diretos e as obrigações do 
consumidor, acesse: <www.procon.sp.gov.br>.
 resumo
Nesta unidade, vimos que o Código de ética formaliza um padrão de 
conduta, considerado adequado para uma organização.
Em contrapartida, pode-se resumir o Direito como um sistema de 
normas jurídicas que, em determinado momento histórico, regula as 
relações de um povo, embasadas pela moral e pela ética.
Nas relações de consumo, estão presentes, obrigatoriamente, 
as figuras do consumidor e do fornecedor de bens (produtos) ou de 
serviços. O consumidor é classificado como toda pessoa física ou 
jurídica que adquire ou utiliza o produto ou serviço como destinatário 
final. Por sua vez, fornecedor é aquele responsável pela colocação de 
produtos e serviços à disposição do consumidor, com a característica da 
habitualidade.
85
Re
vi
sã
o:
 J
ul
ia
na
 M
ar
ia
 M
en
de
s 
 -
 D
ia
gr
am
aç
ão
: L
éo
 -
 2
5/
07
/2
01
2
Ética e LegisLação ProfissionaL
Estudamos, ainda, que os objetos dessa relação de consumo configuram-
se no produto, que se refere a qualquer objeto de interesse em uma relação 
de consumo e destinado a satisfazer uma necessidade do adquirente 
(consumidor) como destinatário final; serviço refere-se a toda atividade 
fornecida, ou melhor, prestada no mercado de consumo.
Nesta obra, destacamos que todos os produtos ou serviços colocados no 
mercado de consumo devem apresentar o termo de garantia padronizado e 
que esclareça, de maneira adequada, em que consiste a garantia, bem como 
a forma, o prazo e o lugar em que pode ser exigida, devendo ser entregue 
corretamente preenchida pelo fornecedor no ato do fornecimento do 
produto ou serviço, acompanhada do manual de instrução, de instalação e 
uso do produto em linguagem didática, com ilustrações.
Por fim, apreendemos que, em relação às cláusulas contratuais, o 
Código de Defesa do Consumidor dispõe sobre sua interpretação da forma 
mais benéfica ao consumidor em caso de obscuridade. Entretanto, se as 
cláusulas forem consideradas abusivas, o artigo 51 do Código de Defesa do 
Consumidor determina sua nulidade.

Continue navegando