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RESPOSTA A ACUSAÇÃO - TRÁFICO DE ENTORPECENTES - DESCLASSIFICAÇÃO PARA USO

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Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ______VARA CÍVEL DA COMARCA DE _______ – PARANÁ.
_________, brasileiro, solteiro, pintor, natural de _______, Paraná, filho de Andrea Gimenes e Rodrigo Silva, portador da carteira de identidade RG nº. XXXX e CPF sob o nº. XXXX, residente e domiciliado na Rua Brasil, nº. 89, Jardim São Jorge, ______, Paraná; vem, respeitosamente, a presença de Vossa Excelência através de sua procuradora devidamente constituída (procuração anexa), apresentar, dentro do prazo legal, com base no artigo 396 do Código de Processo Penal, RESPOSTA À ACUSAÇÃO, pelas razões de fato e direito a seguir expostas.
DOS FATOS RELATADOS NA DENÚNCIA
De acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público do Estado do Paraná, no dia 23 de fevereiro de 2016, em _______, o denunciado foi preso em flagrante sob a acusação de ter praticado, em tese, os delitos previstos no artigo 33, caput, c/c art. 40, III, da Lei 11.343/2006 e 330 do Código Penal. 
Consta nos autos que o denunciado estaria portando em seus bolsos “um pacote plástico com 20 gramas da substância conhecida como cocaína, bem como, 05 gramas da substância conhecida como maconha” e, ainda, teria desobedecido ordem dos policiais militares para ficar parado, correndo em direção contrária a da viatura.
Na delegacia, ao ser interrogado, negou a prática de tráfico de entorpecentes, afirmando que a substância que trazia consigo era talco para os pés e que o “baseado”, como relatado, era para uso pessoal, razão pela qual teria corrido da polícia, receando a prisão.
DO DIREITO
No entanto, a acusação não merece prosperar, pois falta justa causa, conforme exposição a seguir:
PRELIMINAR
DA AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA À PERSECUÇÃO CRIMINAL
Devido ao caráter infamante do processo penal em si, em que o simples fato de estar sendo processado já significa uma grave “pena” imposta ao indivíduo, não se pode admitir denúncias absolutamente temerárias e desconectadas com elementos concretos de investigação que tenham sido colhidos na fase pré-processual. Aliás, uma das finalidades do inquérito policial é, justamente, fornecer ao acusador os elementos probatórios necessários para embasar a denúncia. (FILHO, 2012, p. 602) [1: FILHO, Fernando da Costa Tourinho. Processo Penal. 34 ed. São Paulo: Saraiva, 2012. v. 1]
O conceito de justa causa evoluiu, então, de um conceito abstrato, para uma ideia concreta, exigindo a existência de elementos de convicção que demonstrem a viabilidade da ação penal. A justa causa passa a pressupor a existência de um suporte probatório mínimo, tendo por objeto a existência material de um crime e a autoria delitiva. A ausência desse lastro probatório ou da probable cause autoriza a rejeição da denúncia e, em caso de seu recebimento, faltará justa causa para a ação penal, caracterizando constrangimento ilegal apto a ensejar a propositura de habeas corpus para o chamado “trancamento da ação penal”.
Pelo exposto e de conhecimento consagrado, a ação penal imprescinde de justa causa, uma vez que sua finalidade é evitar que denúncias ou queixas infundadas ou mesmo sem uma viabilidade aparente possam prosperar, como no caso em comento!
Excelência, ao denunciado foi imputada a prática de delitos que não se sustentam, não havendo materialidade delitiva e indícios de autoria que comprove, inquisitorialmente, que os tenha cometido, principalmente, atrelado ao fato de NEGAR a tipicidade dos mesmos, como será melhor trabalhado nos tópicos a seguir.
Assim posto, requer seja rejeitada a denúncia, uma vez que imputa ao denunciado fato atípico, sempre em conta que inexistindo tipicidade não pode haver persecução criminal, por ausência de justa causa.
É assim que impõe o art. 395 do Código de Processo Penal Brasileiro: 
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
I - for manifestamente inepta;
II - faltar pressuposto processual ou condição para o exercício da ação penal; ou
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal.
Ressalta-se, para ser recebida a denúncia, a peça acusatória deve vir acompanhada de um suporte probatório que demonstre a idoneidade e a verossimilhança da acusação.
Veja-se o entendimento firmado pela 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná:
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS  REJEIÇÃO DA DENÚNCIA  INCONFORMISMO DO MINISTÉRIO PÚBLICO ALEGAÇÃO DE QUE NESTA FASE PROCESSUAL A DÚVIDA PREVALECE EM FAVOR DA SOCIEDADE IMPROCEDÊNCIA  INEXISTÊNCIA DE INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA QUE VIABILIZE A SATISFAÇÃO DA PERSECUÇÃO PENAL  NEGADO PROVIMENTO AO RECURSO (TJ-PR 8134690 PR 813469-0 (Acórdão), Relator: Tito Campos de Paula, Data de Julgamento: 12/04/2012, 4ª Câmara Criminal).
Ratificam tal evidência as informações que serão explanadas no mérito da causa, de onde se extrai a incontroversa entre a realidade e os fatos narrados da denúncia. 
DO MÉRITO
DA DESCLASSIFICAÇÃO POR ATIPICIDADE DA CONDUTA
O artigo 33 da Lei nº da Lei nº. 11.343/2006 determina em seu caput que aquele que trazer consigo drogas em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, estará tipificado no crime de tráfico ilícito de entorpecentes, devendo sofrer as sanções previstas no dispositivo mencionado. 
Por sua vez, o artigo 28 da Lei em comento, estabelece em seu caput que,
Art. 28.  Quem adquirir guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
Luiz Flávio Gomes (2006) contempla o entendimento do dispositivo ao descrever que[2:  GOMES, Luiz Flávio. Nova lei de drogas: descriminalização da posse de drogas para consumo pessoal. Disponível em:< http://jus.com.br/revista/texto/9180>. Acesso em: 04 de Maio de 2018.]
A posse de droga para consumo pessoal transformou-se, com a nova Lei nº 11.343/2006, numa infração "sui generis" (art. 28, que não comina pena de prisão). A ela se aplica, isolada ou cumulativamente, uma série de medidas alternativas (advertência, prestação de serviços à comunidade e comparecimento a programa ou curso educativo). Quando, entretanto, se trata de posse ínfima de droga, o correto não é fazer incidir qualquer uma dessas sanções alternativas, sim, o princípio da insignificância, que é causa de exclusão da tipicidade material do fato.
A acusação imputou ao denunciado o crime de tráfico ilícito de entorpecentes, mas a defesa não entende qual foi o fator predominante para a caracterização da tipificação.
O artigo em comento, em seu § 2º, determina que o magistrado avalie determinadas questões para julgar se a substância destina-se ou não a consumo pessoal. [3: §2o  Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.]
Com intuito de elucidar tais questões, a defesa passa a análise:
Emérito julgador, não restou comprovada a veracidade dos argumentos elencados na exordial acusatória, uma vez que a conduta do denunciado não é a de traficante, mas sim de consumidor.
Narra o agente ministerial que o denunciado, no momento da abordagem policial, trazia consigo 05g de substância análoga à maconha e 20g de substância análoga a cocaína. Contudo, o Ministério Público apresentou a denúncia enquadrando os fatos aqui narrados na conduta prevista no artigo 33 da Lei 11.343/2006, não havendo lógica na imputação do crime de tráfico, uma vez que não há nos autos qualquer informação de que o denunciado estaria traficando.
Para tanto, importante mencionar que a ilegal prisão fora realizada quando o réu passeava sozinho, não estava vendendo droga, não havendo flagrante para tal conduta, mas simapreensão de pequena quantidade que portava para acalmar o próprio vício. 
Ainda, vejamos a descrição do escrivão a respeito da substância, considerada erroneamente análoga à cocaína, no laudo de constatação de substância entorpecente:
“A substância periciada possui a textura de cocaína, pois é branca e é em pó, sendo que o cheiro é diferente, parecendo ser talco para os pés, necessitando de perícia especializada. Já a substância enrolada em papel vegetal trata-se de maconha, pois possui o mesmo cheiro e características de tal droga.”
No mesmo viés, o denunciado ao ser interrogado assume ser usuário e nega a traficância, informando que o pó branco era apenas talco para os pés, e que a maconha destinava-se a consumo próprio, razão pela qual, inclusive, o cigarro feito da substância já estava acendido e fumado pela metade. 
Ora, sendo dado incontroverso que o denunciado era dependente de tóxicos, percebe-se com uma obviedade cristalina que a droga (maconha) apreendida destinava-se, única e exclusivamente, ao próprio consumo e que, obviamente, o talco para os pés em nada deve implicar contra si, uma vez que acabara de comprar para utilizar como loção pós-barba, uma vez que hidrata a pele e diminui a vermelhidão.
Conclusão inversa afronta a lógica e o bom senso de quem ainda o preserva!
Registra-se que em nenhum momento os policiais militares encontraram em posse do acusado dinheiro que eventualmente seria da traficância, bem como, não encontraram quaisquer objetos que pudessem caracterizar a guarnição da droga encontrada para posterior revenda a terceiros como balança de precisão, caderno de anotações, papel alumínio, sacolas, etc.
Em que se pese a fé pública dos nobres policias militares, em muitos casos a autoridade policial não logra êxito na busca da droga e não há convicção se há mercancia da substância entorpecente, não merecendo serem acolhidos os argumentos ofertados de que se tratava de tráfico, posto que, meros argumentos não servem para alicerçar um pedido de condenação, não havendo provas cabais de prática de mercancia da droga apreendida.
Com a devida vênia, condenar o denunciado pela prática de tal delito, não observando os requisitos para concessão da desclassificação esculpida no artigo 28, tão pouco observando a quantia apreendida, não havendo indícios da mercancia da droga, é ir contra o princípio garantidor da liberdade humana, qual seja, o princípio do in dubio pro reo, ou seja, na dúvida, que se decida a favor do réu e não contrariamente ao mesmo. Em um Estado Constitucional, Social e Humanitário de Direito, muito mais aceitável que se liberte um culpado do que se condene um inocente.
A mais abalizada jurisprudência não destoa desse entendimento, conforme se extrai das seguintes ementas, verbis:
TRÁFICO DE ENTORPECENTES. ART. 33, CAPUT, DA LEI 11.343/06. SENTENÇA CONDENATÓRIA. RECURSO DA DEFESA. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. DESCLASSIFICAÇÃO PARA USO PRÓPRIO. ART. 28, CAPUT, DA LEI 11.343/06. TESE ACOLHIDA. POSSE PARA USO PRÓPRIO EVIDENCIADA. CONTEXTO PROBATÓRIO DÚBIO E INCERTO. TESTEMUNHAS DE ACUSAÇÃO QUE NADA SABEM ACERCA DA DO EVENTO DELITUOSO. PROVA JUDICIAL INSUFICIENTE PARA CONDENAÇÃO POR DELITO DE TRÁFICO, DO ART. 33, CAPUT, DA LEI 11.343/06. DESCLASSIFICAÇÃO OPERADA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 3311.3432811.3433311.343. Inexistindo prova da autoria do crime de tráfico de substância entorpecente, mas apenas da posse desta para consumo próprio, impõe-se a desclassificação do crime para aquele previsto no art. 28 da lei 11.342/06.11.342 (7022266 PR 0702226-6, Relator: Jefferson Alberto Johnsson, Data de Julgamento: 13/01/2011, 3ª Câmara Criminal, Data de Publicação: DJ: 557.
PROVA TÃO SOMENTE DA APREENSÃO DO TÓXICO – INSUFICIÊNCIA PARA CONFIGURAR O COMÉRCIO – DESCLASSIFICAÇÃO PARA POSSE DE ENTORPECENTE – RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. Não basta a apreensão – seja de que quantidade for – de material entorpecente, para a caracterização do tráfico, sendo necessário um mínimo de outros elementos formadores de convencimento. (TJSP – AC 125/764-3/9. Rel. RENATO NALINI, in RT 693/338 e RJTJSP 136/495).
Destarte, impossível receber a denúncia por tráfico de drogas e consequente condenação, devendo ser a mesma improcedente frente ao descompasso com os elementos de prova colhidos, perdendo seu objeto, ante a atipicidade imposta ao réu.
DO CRIME DE DESOBEDIÊNCIA
O artigo 330 do Código Penal tipifica o crime de desobediência, o qual consiste em “desobedecer a ordem legal de funcionário público”, cuja pena é de detenção, de quinze dias a seis meses, e multa. Trata-se de uma questão de tutela da Administração Pública, objetivando a manutenção da autoridade e do respeito devidos às ordens legais emitidas pelos funcionários públicos em geral (MASSON, 2015). [4: MASSON, Cleber. Código penal comentado. 3.ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015.]
Em relação ao mencionado delito, existem algumas questões específicas que merecem a devida atenção, uma vez que a ausência de elementos probatórios leva a consequente absolvição do denunciado, como no presente caso.
Importante destacar o seguinte trecho dos autos do inquérito,
“Consta ainda que no momento da abordagem, os policiais deram ordem para o denunciado Anderson da Silva ficar parado, sendo que este correu em direção contrária a da viatura, somente sendo preso após novecentos metros, desobedecendo assim uma ordem legal de funcionário público.”
Destaca-se ainda,
“[...] sendo que na averiguação acharam suspeita a atitude do denunciado, que ao ver a viatura policial, começou a andar mais rápido.”
Por sua vez, o denunciado, em seu interrogatório informa ter corrido dos policiais porque estava com seu cigarro de maconha, que terminaria de fumar antes do almoço, e temia ser preso em razão disso.
Excelência, diante de tais informações, resta a indagação: Por qual motivo o denunciado, que temia ser detido por estar com substância entorpecente para uso próprio, correria exatamente em direção contrária a da viatura, conforme depoimento do policial?
Ilustremos para melhor análise:
A viatura da Polícia Militar estava em averiguação após denuncia anônima e observaram o denunciado, que andava pelas imediações da Escola São Vicente, e acharam suspeita a atitude do mesmo, o que nos leva, obviamente, a crer que vieram em direção ao mesmo. Se o denunciado confessou que ao avistar a viatura já correu por acreditar que seria preso por estar portando um cigarro de maconha para uso próprio, não haveria qualquer sentido a declaração do policial ao relatar que este foi em direção contrária a da viatura, ou seja, se a viatura vinha no sentido norte, onde se encontrava o denunciado, este correu no sentido sul, exatamente de frente para a viatura!
Um indivíduo com justificado receio de uma abordagem (por desconhecer o ordenamento jurídico nos mesmos moldes que os operadores da justiça), por estar portando um cigarro de maconha para consumo próprio, (o que não lhe implicaria em uma prisão nas circunstâncias em que ocorreu), correria exatamente de frente (ou seja, na direção contrária a que estava vindo a viatura) para o suposto “perigo”?
Ainda, se este estava em direção contrária a da viatura, nenhum esforço faria os policiares para abordarem o denunciado, não necessitando de ter de emanar uma ordem para que o mesmo ficasse parado, se este em um primeiro momento apenas começou a andar mais rápido.
MM. Juiz, estamos diante de uma situação controversa! As declarações que constam nos autos não são suficientemente claras e, consequentemente, firmes para imputar o delito previsto no artigo 330 do CP ao denunciado. 
No depoimento do denunciado não houve qualquer menção a um descumprimento de ordem de parada, apenas a afirmação de que correu por justo receio, duas situações distintas de um mesmo momento que precisam ser esclarecidas antes de qualquer julgamento.
Ressalta-se que as alegações do denunciado condizem com a realidade apresentada, tanto ao que portava quanto ao fato de ter corrido por medo da prisão. Do contrário encontramosas declarações dos policiais que se chocam ao sentido lógico!
Como descrito alhures, a ausência de provas robustas implica na absolvição do acusado e, no mesmo sentido, já decidem os tribunais, 
RECURSO CRIME. DESOBEDIÊNCIA. ARTIGO 330 DO CÓDIGO PENAL. INSUFICIÊNCIA DE PROVAS. SENTENÇA CONDENATÓRIA REFORMADA.
A ausência de elementos probatórios firmes e seguros acerca da efetiva desobediência à ordem policial de revista pessoal enseja a absolvição do réu, mormente em se verificando que, ao final, consumada a abordagem, não havendo, assim, embaraço à atuação policial. RECURSO PROVIDO. (Recurso Crime Nº 71004179966, Turma Recursal Criminal, Turmas Recursais, Relator: Cristina Pereira Gonzales, Julgado em 25/03/2013).
Ainda, analogia se faz a interpretação quando a denúncia pelo cometimento do crime de desobediência ocorre em razão de descumprimento da ordem de parada em fiscalização de trânsito, com o intuito de escapar de possível prisão em flagrante, por exemplo. As alegações giram em torno de que o ato de não se submeter à fiscalização com o intuito de evitar a prisão é penalmente atípico, na medida em que seria considerado um mero exercício da autodefesa, em razão do princípio nemo tenetur se detegere (o direito de não produzir prova contra si mesmo) está consagrado pela constituição, assim como pela legislação internacional, como um direito mínimo do acusado, sendo de fundamental importância seu cumprimento, pois este é um direito fundamental do cidadão. 
Diante da dúvida acerca do fato, por ausência comprobatória, que se instala com total razoamento lógico, pugna-se pela absolvição do denunciado quanto ao crime em comento, atendendo ao que dispõe nosso ordenamento pátrio.
DO PEDIDO 
Diante do exposto, vem requerer a Vossa Excelência, seja esta Resposta à Acusação recebida, onde, com supedâneo nos artigos 397, III c/c art. 386, II, V e VII do Código de Processo Penal, pleiteia-se a ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA do acusado, em face da atipicidade dos fatos narrados na peça acusatória. Não sendo este o entendimento, o que se diz apenas por argumentar, reserva-se ao direito de proceder em maiores delongas suas justificativas defensivas nas considerações finais, protestando, de logo, provar o alegado por todas as provas em direito processual penal admitida, valendo-se, sobretudo, do depoimento das testemunhas arroladas.
DOS REQUERIMENTOS FINAIS
O acolhimento da preliminar de rejeição da denúncia por falta de justa causa;
Subsidiariamente, caso não seja o entendimento de Vossa Excelência, requer-se a desclassificação do crime previsto no artigo 33 da Lei 11.343/06 para o delito previsto no artigo 28 da mesma Lei;
Por fim, na remotíssima hipótese de não ser acolhida nenhuma das teses lançadas nesta petição, o denunciado protesta pela produção de todas as provas admitidas em direito, em especial a oitiva das testemunhas arroladas pela acusação e das testemunhas de defesa abaixo indicadas, mediante prévia intimação pelo senhor oficial de Justiça.
Nestes termos, 
pede deferimento.
___________, ______ de _____ de 2018.
 ______________________________
XXXXXXX
OAB/PR XXXX
ROL DE TESTEMUNHAS
_________, policial militar, qualificado à fls. 20;
_______, policial militar, qualificado à fls. 22;
_______ (vizinha do denunciado), brasileira, aposentada, residente e domiciliada na Rua Brasil, nº. 92, Jardim São Jorge, em Paranavaí, Paraná;
_________ (colega de trabalho), brasileiro, ajudante de carpinteiro, residente e domiciliado na Rua Benedito Barbosa, nº. 55, Conjunto Dona Josefa, em Paranavaí, Paraná;

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