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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DO XX JUIZADO DO TRABALHO DE NATAL - RN SUZANA, nacionalidade, estado civil, empregada doméstica, portadora da cédula de identidade nºXXX, expedida pelo XXX, inscrita no CPF/MF sob nº XXX, usuária do endereço eletrônico XXX, possuidora da CTPS nº XX, PIS nºXXX, filha de XXX e XXX, residente e domiciliada na rua XXX – São Gonçalo - RJ, CEP XXX, vem, respeitosamente perante V. Exa., por seu advogado XXX, OAB XXX que subscreve, com escritório na Rua XXX, XXX, XXX - para fins do artigo 77, V do Código de Processo Civil, vem a este juízo, propor: RECLAMAÇÃO TRABALHISTA Pelo rito sumaríssimo, em face de Sr. Moraes, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula de identidade nºXXX, expedida pelo XXX, inscrito no CPF/MF sob nº XXX, usuário do endereço eletrônico XXX, residente e domiciliado na rua XXX – Natal - RN, CEP XXX, pelas razões de fato e de direito a seguir apresentadas. I. DA JUSTIÇA GRATUITA Preliminarmente, pugna, a Reclamante, que lhe seja concedido o benefício da justiça gratuita, previsto nos arts. 98 seg. do CPC, conforme preceitua a Constituição Federal, em seu art. 5º, LXXIV, por não terem condições de arcar com as custas processuais sem prejuízo do sustento próprio e se sua família. II. DOS FATOS • DO CONTRATO DE TRABALHO A reclamante foi admitida no dia 15.06.2016 para trabalhar como doméstica, a título de experiência, por 45 (quarenta e cinco) dias, na residência da família Moraes em Natal/RN. Cumpria a jornada de segunda a sexta-feira, das 07:00h às 16:00h, com 30 (trinta) minutos de intervalo intrajornada. Foi dispensada em 15.09.2016, recebendo as verbas: férias proporcionais de 3/12 (três doze) avos, acrescidas do terço constitucional, e décimo - terceiro salário proporcional de 3/12 (três doze) avos. • DO CONTRATO POR TEMPO INDETERMINADO A Reclamante foi contratada em 15.06.2016 para trabalhar como doméstica, a título de experiência, por 45 (quarenta e cinco) dias, findo os quais nada foi tratado, e foi dispensada em 15.09.2016. Deve-se considerar que o contrato de experiência não deve ultrapassar 90 (noventa) dias. Porém, caso este contrato seja pactuado por período menor e, havendo continuidade do serviço, terá de ser prorrogado até completar os 90 (noventa) dias. Como não houve nenhuma tratativa a este respeito após os 45 (quarenta e cinco) dias, o contrato passou a vigorar tacitamente por tempo indeterminado, conforme assegura o art. 5º, § 2º, da Lei Complementar (LC) 150 de 2015. Nesse contexto, a Reclamante pleiteia que seu contrato de trabalho seja reconhecido, para todos os efeitos legais, por prazo indeterminado, e que sua dispensa seja reputada sem justo motivo. • DO AVISO PRÉVIO A reclamante foi dispensada em 15.09.2016 sem o aviso prévio, tampouco receber a indenização correspondente, entre as verbas rescisórias. Em razão de ser o contrato de trabalho considerado por prazo indeterminado, e de a reclamante ter sido dispensada sem justo motivo com menos de 01 (um) ano de serviço, a empregada faz jus ao aviso prévio de 30 (trinta) dias, como alude o art. 23, § 1º, da LC 150 de 2015. Na falta de tal aviso prévio por parte do empregador, o empregado tem direito à indenização correspondente, com reflexos nas férias e terço constitucional, bem como no décimo-terceiro salário, de acordo com o art. 23, § 3º, do mesmo diploma legal. Portanto, a Reclamante requer o recebimento do aviso prévio de 30 (trinta) dias e os reflexos nas férias e terço constitucional, assim como no décimo - terceiro salário. • DOS DESCONTOS O empregador descontava 25% (vinte e cinco por cento) do valor da alimentação consumida pela empregada e 10% (dez por cento) do salário a título de vale-transporte. Ora Excelência, o desconto de alimentação foi taxativamente vedado pelo legislador, por meio do art. 18, caput, da LC 150 de 2015. Além disso, o desconto de 10% (dez por cento) do salário a título de vale-transporte revela-se excessivo, pois o art. 4º, parágrafo único, da Lei 7.418 de 1985 atribui a este desconto o valor de 6% (seis por cento) do salário base do empregado. Sendo assim, a Reclamante requer a devolução do desconto de 25% (vinte e cinco por cento) do valor da alimentação e da diferença de 4% (quatro por cento), descontada a mais do seu salário, durante todo o período trabalhado. • DO INTERVALO INTRAJORNADA A empregada laborava de segunda a sexta-feira, das 07:00 h às 16:00 h, com 30 (trinta) minutos para descanso ou alimentação. Como não foi acordado expressamente o intervalo intrajornada de 30 (trinta) minutos, é obrigatória a concessão de, no mínimo, 01 (uma) hora, disciplina o art. 13, caput, da LC 150 de 2015. Com efeito, a concessão parcial do intervalo intrajornada implica no pagamento do período total mínimo correspondente em forma de hora extra, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) sobre o valor da hora normal, segundo interpreta a Súmula 437, I, do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Dessa forma, a reclamante faz jus ao pagamento de 01 (uma) hora extra diária durante o período trabalhado e, por habitual, os reflexos sobre as férias e décimo - terceiro salário. • DA JORNADA DIÁRIA A Reclamante trabalhava das 07:00h às 16:00h, com 30 (trinta) minutos de intervalo intrajornada, totalizando uma jornada diária de 08 (oito) horas e 30 (trinta) minutos. Cabe ressaltar que não houve qualquer referência em acordo escrito relativo a regime de compensação de horas, como exige o art. 2º, § 4º, da LC 150 de 2015, vez que a jornada diária ultrapassava as 08 (oito) horas diárias, em desacordo com o prescrito no caput deste mesmo artigo, ao limitar em 8 (oito) horas diárias a duração normal do trabalho doméstico. A não observância destas prescrições implica no direito de a empregada receber 30 (trinta) minutos diários a título de hora extra, com acréscimo de 50% (cinquenta por cento) superior ao valor da hora normal, em conformidade com o art. 2º, § 1º, do referido diploma. Assim, a Reclamante requer o pagamento de 30 (trinta) minutos diários de hora extra e os reflexos sobre as férias e décimo - terceiro salário. • DO SERVIÇO EM VIAGEM A empregada viajou com a família por 4 (quatro) dias a trabalhar como babá das 08:00h às 17:00h, com 01 (uma) hora de intervalo intrajornada. A trabalhadora, por acompanhar o empregador prestando serviços em viagem, faz jus ao recebimento de remuneração-hora de 25% (vinte e cinco por cento), no mínimo, superior ao valor do salário-hora normal, segundo dispõe o art. 11, § 2º, da LC 150 de 2015, percentual que deve prevalecer sobre as horas trabalhadas no período de viagem a serviço. Destarte, a Reclamante requer o pagamento de 25% (vinte e cinco por cento) sobre as 32 (trinta e duas) horas trabalhadas no período da viagem. • DA MULTA DO ART 477, § 8º, DA CLT A empregada foi dispensada em 15.09.2016 sem aviso prévio e sem receber a indenização correspondente, entre as verbas rescisórias. Pelo fato de a empregada ter sido dispensada sem justo motivo, como descrito acima, e da ausência do aviso prévio, tampouco o recebimento da indenização correspondente entre as verbas rescisórias, conforme exposto, a Reclamante tem direito à multa do art. 477, § 8º, da CLT. É que o dispositivo do § 6º deste artigo impõe a quitação total das verbas, até o décimo dia da data da demissão, quando da ausência do aviso prévio, o que não ocorreu no caso em tela. Destarte, requer o pagamento da indenização no valor de um salário mensal, prevista no art. 477, § 8º, da CLT. III. DO DIREITODiante de todo exposto, resta claro que houve a conversão do contrato por tempo determinado em contrato a termo, conforme preceituado no art. 5º, §2º da Lei Complementar 150/2015, conforme transcrito abaixo: “Art. 5o O contrato de experiência não poderá exceder 90 (noventa) dias. § 2o O contrato de experiência que, havendo continuidade do serviço, não for prorrogado após o decurso de seu prazo previamente estabelecido ou que ultrapassar o período de 90 (noventa) dias passará a vigorar como contrato de trabalho por prazo indeterminado. “ Nesse sentido, é pacifico o entendimento jurisprudencial, veja: RECURSO ORDINÁRIO. CONTRATO POR PRAZO DETERMINADO CONVERTIDO EM INDETERMINADO. MULTA PREVISTA NO ART. 479 DA CLT. Uma vez expirado o prazo estipulado para o pacto laboral a termo e permanecendo a respectiva relação de trabalho, passa a viger o contrato sob a modalidade por prazo indeterminado, havendo conversão imediata nesse sentido, em face do princípio da continuidade que o rege, pelo que não há falar em incidência da multa prevista no art. 479 da CLT, quando da posterior dispensa do empregado. – RECURSO ORDINÁRIO RO 00018083320125060291- TRT-6 – PUBLICADO EM 19/11/2014 No tocante ao aviso prévio, pode-se observar o expresso no art. 23, §1º da Lei Complementar 150/2015: Art. 23. Não havendo prazo estipulado no contrato, a parte que, sem justo motivo, quiser rescindi-lo deverá avisar a outra de sua intenção. § 1º O aviso prévio será concedido na proporção de 30 (trinta) dias ao empregado que conte com até 1 (um) ano de serviço para o mesmo empregador. Destaca-se ainda o entendimento do TRT-RO: DEMISSÃO IMOTIVADA. AUSÊNCIA DE AVISO PRÉVIO AO EMPREGADO. A não concessão do aviso prévio implica na obrigação de indeniza-lo e protai os efeitos da rescisão contratual para a data de seu término, integrando o tempo de serviço do empregado para todos os efeitos legais. O prazo de dois anos para ajuizamento de reclamação trabalhista (Constituição Federal, artigo 7º XXIX), só começa a fluir quando do término do prazo do aviso prévio, ainda que indenizado. Inteligência dos artigos 487, § 1º, e 489, ambos da Consolidação das Leis do Trabalho, e da Orientação Jurisprudencial nº 83, da SDI – 1, do Colendo Tribunal Superior do Trabalho. – TRT-6 RECURSO ORDINÁRIO – RO 1212200300606000 PE 2003.006.06.00.0 – (TRT-6). No que diz respeito aos Descontos realizados, trago o embasamentos nos artigos 18 caput da lei 150/2015, bem como no art. 4º par. Único da CLT . Art. 18. É vedado ao empregador doméstico efetuar descontos no salário do empregado por fornecimento de alimentação, vestuário, higiene ou moradia, bem como por despesas com transporte, hospedagem e alimentação em caso de acompanhamento em viagem. Art. 4º - A concessão do benefício ora instituído implica a aquisição pelo empregador dos Vales- Transporte necessários aos deslocamentos do trabalhador no percurso residência-trabalho e vice- versa, no serviço de transporte que melhor se adequar. Relativo ao intervalo intrajornada, podemos vislumbrar o art. 13 caput da Lei 150/2015, e também a Súmula 437, I do TST. Lei 150/2015 - Art. 13 caput - É obrigatória a concessão de intervalo para repouso ou alimentação pelo período de, no mínimo, 1 (uma) hora e, no máximo, 2 (duas) horas, admitindo-se, mediante prévio acordo escrito entre empregador e empregado, sua redução a 30 (trinta) minutos. Súmula 437, I do TST - Após a edição da Lei nº 8.923/94, a não concessão ou a concessão parcial do intervalo intrajornada mínimo, para repouso e alimentação, a empregados urbanos e rurais, implica o pagamento total do período correspondente, e não apenas daquele suprimido, com acréscimo de, no mínimo, 50% sobre o valor da remuneração da hora normal de trabalho (art. 71 da CLT), sem prejuízo do cômputo da efetiva jornada de labor para efeito de remuneração. Nessa esteira, temos o entendimento pacífico do TRT da 3ª Região. INTERVALO INTRAJORNADA. EMPREGADO DOMESTICO. LEI COMPLEMENTAR 150/2015. O art. 13, caput, da LC 150/2015 estabelece que “é obrigatória a concessão de intervalo para repouso ou alimentação pelo período de, no mínimo, 1 (uma) hora e, no máximo, 2 (duas) horas, admitindo-se, mediante prévio acordo escrito ente empregador e empregado, a redução a 30 (trinta) minutos”. Fixada essa premissa, caso não demonstrada a existência de acordo para a redução do intervalo, a concessã de período inferior a uma hora implica efeitos análogos aos do art. 71, § 4º, da CLT, interpretado segundo a Súmula 437 do TST. Concernente a jornada de diária de trabalho, pode-se destacar o art. 2º, § 4º da Lei Complementar 150/2015. Lei Complementar 150/2015 § 4 - o Poderá ser dispensado o acréscimo de salário e instituído regime de compensação de horas, mediante acordo escrito entre empregador e empregado, se o excesso de horas de um dia for compensado em outro dia. Salienta-se ainda a jurisprudência abaixo. Art 2º § 4, da Lei Complementar 150/2015. Assim, julgo procedente o pagamento das horas que excederam a 8ª hora diária..., considerando a jornada de trabalho de segunda a sexta-feira, das 07h00 às 17h00, com 01h30min de ntervalo intrajornada... (ID 0986d7f – pag 1). – PG 1573 JUDICIÁRIO. TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 10ª REGIÃO TRT-10 DE 11/05/2018. Com relação a viagem de serviço, a Lei Complementar 150/2015 traz o art. 11, par. 2º. LC 150/2015 - § 2o A remuneração-hora do serviço em viagem será, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) superior ao valor do salário-hora normal. Quanto a multa, cumpre destacar o expresso no art. 477 § 8º da CLT. CLT – art 477. § 8º - A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN, salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora. Entende o TRT da 24ª Região o seguinte: MULTA DO ART 477 DA CLT. Restando incontroverso a existência do vínculo empregatício à época da rescisão contratual, devida é a multa prevista no § 8º do artigo 477 consolidado. Recurso provido por unanimidade. – TRT – 24 02140004520055240004 (TRT-24). IV. DOS PEDIDOS Diante dos fatos e fundamentos expostos, é o presente para requerer a procedência da ação, para o fim de condenar o Reclamado nos seguintes pedidos, que, quando couber, deverão ser acrescidos de correção monetária e juros: a) Concessão dos benefícios da justiça gratuita; b) que o contrato de trabalho seja reconhecido, para todos os efeitos legais, por prazo indeterminado, e que a dispensa da Reclamante seja considerada sem justo motivo; c) pagamento do aviso prévio de 30 (trinta) dias e os reflexos nas férias e terço constitucional, bem como no décimo-terceiro salário no total de R$XX; d) devolução do desconto de 25% (vinte e cinco por cento) do valor da alimentação e da diferença de 4% (quatro por cento), descontada a mais do seu salário, durante todo o período trabalhado no total de R$XX; e) pagamento de 01 (uma) hora extra diária durante o período trabalhado e, por habitual, os reflexos sobre as férias e terço constitucional, assim como no décimo-terceiro salário no total de R$XX; f) pagamento de 30 (trinta) minutos diários de hora extra e, por habitual, os reflexos sobre as férias e terço constitucional, bem como no décimo-terceiro salário no total de R$ XX. g) pagamento de 25% (vinte e cinco por cento) sobre as 32 (trinta e duas) horas trabalhadasno período de viagem a serviço no valor de R$ XX; h) pagamento da indenização no valor de um salário mensal, prevista no art. 477, § 8º, da CLT no total de R$XX. TOTAL DAS VERBAS LÍQUIDAS R$ XX. i) Requer, por fim, se digne Vossa Excelência a determinar a notificação do Reclamado e sua intimação para comparecer em audiência a ser designada por este digno Juízo e, nesta ocasião, apresentar defesa nos termos do art. 844 da CLT, combinado com o art. 336 do CPC, sob pena de revelia e confissão, conforme Súmula 74, I, do TST. Protesta provar o alegado por todos os meios de provas em direito admitidos, especialmente o depoimento pessoal do Reclamado, que fica, desde já, requerido, bem como os de caráter documental, testemunhal, pericial e o que mais for necessário para elucidar os fatos. Dá-se à presente causa o valor de R$ XXX. Nesses termos, pede deferimento. Local e data. Advogado OAB
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