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teoria da imprevisao de contratos

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Teoria da imprevisão dos contratos
Resumo: esta atividade complementar trata da Teoria da Imprevisão como forma de extinção do contrato que se torna excessivamente oneroso para uma das partes, tratada no Código Civil brasileiro como resolução por onerosidade excessiva, utilizando-se de breve análise histórica do seu surgimento e da aplicação da referida teoria aos contratos no âmbito do direito civil brasileiro, considerando os aspectos legal, doutrinário e jurisprudencial. 
Conceito: Segundo o conceito de MARIA HELENA DINIZ (1998:519), tem-se que: [...] moderna doutrina jurídica que admite a possibilidade de revisão judicial dos contratos quando a superveniência de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, por ocasião da formação dos pactos, torna sumamente onerosa a relação contratual, gerando a impossibilidade subjetiva de se executarem esses contratos. [...]. 
No conceito de MIGUEL MARIA DE SERPA LOPES, diz que: (...) a imprevisão consiste assim no equilíbrio das prestações recíprocas, nos contratos de prestações sucessivas ou deferidas, em conseqüência de acontecimentos ulteriores à formação do contrato, independentemente da 6 vontade das partes, de tal forma extraordinários e anormais que impossível se torna prevê-los razoável e antecedentemente 
A Teoria da Imprevisão é a tradução da fórmula rebus sic stantibus pode ser lido como estando as coisas assim ou enquanto as coisas estão assim. Esta Teoria permite ao juiz revisar o contrato mediante o pleito unilateral de um dos contratantes. Assim, tem a função que quando uma situação nova e extraordinária surja no curso do contrato, colocando uma das partes em extrema dificuldade.
Histórico: os princípios de mesma natureza da teoria da imprevisão são anteriores a Idade Média e ao direito romano, conforme a Lei 48 do Código de Hammurabi, escrito em pedra, com seu conteúdo destacado por GAGLIANO (2010: 308): Se alguém tem um débito a juros, e uma tempestade devasta o campo ou destrói a colheita, ou por falta de água não cresce o trigo no campo, ele não deverá nesse ano dar trigo ao credor, deverá modificar sua tábua de contrato e não pagar juros por esse ano.”
VENOSA (2008: 451) considera que a origem histórica: “É costume colocar na Idade Média a materialização dessa doutrina. É levada em consideração a aplicação da conditio causa data non secuta, segundo a qual o contrato deveria ser cumprido conforme as condições em que foi ultimado. Difundiu-se a cláusula como rebus sic stantibus, nos contratos de trato sucessivo e dependentes do futuro, como implícita em todo contrato de trato sucessivo. No entanto, princípios da mesma natureza foram observados em legislações muito anteriores a Roma.”
Não obstante esses princípios que resultaram na teoria da imprevisão ter origem em momento histórico anterior a Roma, a mesma foi conhecida e aplicada no direito romano.
A doutrina aponta para um período de esquecimento da teoria da imprevisão, entre os séculos XVIII e XIX, vindo a aparece no período da Primeira Guerra Mundial.Os conflitos da Primeira Guerra Mundial geraram desequilíbrio nos contratos a longo prazo.
Na França 1918, surgiu a Lei Failliot, onde autorizou a resolução dos contratos concluídos antes da guerra porque sua execução se tornara muito onerosa.
No Brasil A possibilidade de revisão contratual não foi regulamentada pelo Código Civil de 1916. A entrada do Código Civil de 1916, a economia brasileira, bem como as relações de consumo, era baseada na confiança, no respeito entre as partes e no fato da economia nacional ser ainda rudimentar.
Era impensável a idéia sobre revisão de cláusulas e contratos, pois tinha certeza de que seriam cumpridos ou mesmo não cumpridos haveria o pagamento do valor por seu descumprimento.
A possibilidade de alteração ou resolução dos contratos em razão de fatos supervenientes à época de sua celebração, e que o torne excessivamente oneroso, somente foi adotada pela legislação brasileira com a entrada em vigor do Código de Defesa do Consumidor, através de seu art. 6º, inciso V.
O Código Civil de 2002 consagrou a matéria, ao tratar da resolução, e possibilidade de alteração, dos contratos por onerosidade excessiva decorrente de fatos supervenientes e imprevisíveis à época de sua celebração, nos artigos 478 a 480. E também verifica-se a aplicação da teoria da imprevisão também no art. 317, o qual faculta ao juiz a possibilidade de corrigir o valor real da prestação quando houver desproporção entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução.
Da “resolução por onerosidade excessiva”, no código civil brasileiro e a diferença em relação à teoria da imprevisão
O Código Civil Brasileiro não consagrou a teoria da imprevisão como regra geral de revisão dos contratos, embora haja consignado, segundo a doutrina, em alguns dispositivos esparsos, aplicações particulares da teoria 
Nessa linha, fala a importância da jurisprudência e da legislação especial, reforçando a tendência de se impedir a escravidão contratual decorrente do absolutismo, consagram a teoria da imprevisão que com alguns matizes novos, passa a ser tratada como teoria da onerosidade excessiva.
No Direito Público, a consagração da teoria da imprevisão é admitida pela doutrina, no que tange aos contratos administrativos, com vistas à preservação do equilíbrio contratual (art. 65, II, d, da Lei nº 8666/93).
Esse argumento constata-se a nítida tendência de se consagrar a teoria da imprevisão, a fim de que esta importante construção jurídica não se assente apenas em leis esparsas ou seja apenas produto do trabalho jurisprudencial, mas sim, instituto consagrado no próprio corpo do Código Civil, aplicável às relações civis em geral.
Jurisprudência (STJ): 
Superior Tribunal de Justiça STJ - RECURSO ESPECIAL
Ementa	
AÇÃO DE REVISÃO CONTRATUAL. GRUPO DE CONSÓRCIO PARA AQUISIÇÃO DE VEÍCULO. DEFEITOS NO PRODUTO ADQUIRIDO PELO CONSORCIADO. NÃO OCORRÊNCIA DE EVENTO IMPREVISÍVEL E EXTRAORDINÁRIO. PEDIDO DE PRORROGAÇÃO DO PRAZO PARA PAGAMENTO DAS PARCELAS VENCIDAS. IMPOSSIBILIDADE. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO DEMONSTRADA. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
Não debatido e decidido nas instâncias ordinárias, porquanto ausente o indispensável prequestionamento (Súmula 211/STJ).
a revisão judicial só será aplicada quando ficar demonstrada a ocorrência, após o início da vigência do contrato, de evento imprevisível e extraordinário que diga respeito à contratação considerada e que agrave uma das partes contratantes.
A ocorrência de problemas mecânicos no veículo, dois anos após adquirido pelo consorciado, não se insere no conceito de acontecimento extraordinário e imprevisível, capaz de tornar a prestação de gasto para uma das partes e ter vantagem para a outra.
Para a caracterização da divergência jurisprudencial, não basta a transcrição das ementas dos confrontados, devem ser mencionadas as circunstâncias que identificam os casos confrontados, sob pena de não serem atendidos os requisitos previstos no art. 541, parágrafo único, do CPC/73 e no art. 255, § 2º, do RISTJ. Recurso especial parcialmente provido.
Conclusão: é possível concluir que a aplicação da teoria da imprevisão aos contratos tem sido de grande utilidade para as relações jurídicas e para o direito. A onerosidade excessiva está presente no Direito Brasileiro. E a jurisprudência mostra que os acontecimento extraordinário e imprevisível deve atingir uma quantidade significativa da sociedade, caso contrário,poderá ocorre o não cumprimento.
Bibliografia: Sites:
http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI115769,61044-STJ+Teoria+da+imprevisao+somente+pode+ser+aplicada+quando+o+fato+nao
http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,o-historico-da-teoria-da-imprevisao,26751.html

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