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ESCOLA DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA Curso de Engenharia Civil – 2014/02 Disciplina: Física Geral Prof. Carlos Armando Chohfi TRABALHO DE FÍSICA GERAL Jonatas Oliveira do Nascimento – 20601305 – Vila Olímpia – Matutino São Paulo 2014 2 Introdução Este trabalho compreende devidamente a pesquisa e estudo dos assuntos, da disciplina de Física Geral, que serão abordados em sala de aula durante o semestre. A abordagem dos itens foi extremamente intuitiva, evitando ao máximo termos complexos de linguagem, visando, sempre, maior clareza, em nível acadêmico, do assunto. O objetivo do trabalho é proporcionar, de maneira clara e objetiva, um entendimento básico, sobre os itens abordados, e suficiente para auxiliar o aprendizado e domínio da matéria. Também, proporcionar ao leitor, informações necessárias para que, em sala de aula, haja mais interação do aluno junto ao professor, em questão de tirar dúvidas, ou, até mesmo, esclarecimento de algo não muito bem definido. Isto é, fazer com que o leitor esteja por dentro do assunto previamente à ministração da aula. 3 Índice Trabalho ...................................................................................................................... 4 Forças Conservativas .................................................................................................. 8 Forças Dissipativas ..................................................................................................... 8 Energia Mecânica ........................................................................................................ 8 Energia Cinética .......................................................................................................... 9 Energia Potencial ........................................................................................................ 9 Temperatura .............................................................................................................. 10 Dilatação Térmica ..................................................................................................... 14 Calorimetria ............................................................................................................... 19 Transmissão de Calor ............................................................................................... 22 Estudo dos Gases ..................................................................................................... 24 Termodinâmica .......................................................................................................... 26 Máquina Térmica ....................................................................................................... 31 Figuras e Gráficos ..................................................................................................... 35 Conclusão ................................................................................................................. 41 Biografia .................................................................................................................... 42 4 A. Trabalho Para introduzirmos nosso estudo de Trabalho é importante, primeiramente, entender o conceito básico de energia. i. Energia é “algo” que nos capacita a realizar tarefas tais como atirar um objeto, levantar um corpo, subir uma escada, entre outros. Pode se manifestar sob diversas modalidades. Toda energia necessária para realizar tarefas é proveniente de algum combustível. Há mais conceitos que englobam “energia”, porém veremos mais à frente. Para o momento basta ter definido o conceito básico de energia. Vamos ao nosso estudo sobre Trabalho. Definição: Trabalho é a medida da energia transferida de um corpo a outro ou transformada de uma modalidade em outra, mediante a aplicação de uma força. Vejamos alguns exemplos: 1. Quando empurramos um corpo, o trabalho realizado pelas forças musculares é a medida da energia transferida ao corpo. (fig. A1) 2. Quando um vaso cai em queda livre, o trabalho realizado pela força- peso mede a energia transformada de uma modalidade em outra. (fig. A2) 3. Quando um corpo desliza sobre uma superfície, parando após certo tempo, o trabalho da força de atrito é a medida da energia transformada da modalidade mecânica para outras formas. 5 Vamos conceituar esta questão de trabalho. a. Determinação do Trabalho de uma Força Constante Seja um corpo qualquer submetido à ação de uma força constante F, durante determinado intervalo do tempo. Seja d o deslocamento do ponto material enquanto durou a aplicação da força, e α o ângulo formado entre a reta da força e a direção do deslocamento. (fig. A3) Relacionamos dizendo que o trabalho realizado pela força é a grandeza escalar dada pelo produto do módulo do deslocamento pela intensidade da projeção da força na direção do descolamento. 𝝉 = 𝑭 ∙ 𝒅 ∙ 𝐜𝐨𝐬 𝜶 Unidade de medida: 𝜏 = 𝒏𝒆𝒘𝒕𝒐𝒏 (𝑵) ∙ 𝒎𝒆𝒕𝒓𝒐(𝒎) = 𝒋𝒐𝒖𝒍𝒆 (𝑱) b. Trabalho Motor Quando a projeção de uma força aplicada sobre um corpo tiver o mesmo sentido do deslocamento, o trabalho é chamado de trabalho motor. Ocorre que o corpo recebe energia manifestando aumento em sua velocidade. O máximo trabalho motor ocorre para α=0˚. 𝜏 = 𝐹 ∙ 𝑑 ∙ cos 0˚ = 𝐹 ∙ 𝑑 ∙ 1 ∴ 𝝉 = 𝑭 ∙ 𝒅 c. Trabalho Resistente Se a projeção da força aplicada sobre o corpo for oposta ao deslocamento, o trabalho é chamado de trabalho resistente. Ocorre que o corpo cede energia, o que pode ser demonstrado por meio da redução em sua velocidade. O máximo trabalho resistente ocorre para α=180˚. 𝜏 = 𝐹 ∙ 𝑑 ∙ cos 180˚ = 𝐹 ∙ 𝑑 ∙ (−1) ∴ 𝝉 = −𝑭 ∙ 𝒅 6 d. Trabalho Nulo Quando o ângulo α for igual a 90˚, o trabalho é chamado trabalho nulo. Isso significa que não ocorre transferência ou transformação de energia. 𝜏 = 𝐹 ∙ 𝑑 ∙ cos 90˚ = 𝐹 ∙ 𝑑 ∙ 0 ∴ 𝝉 = 𝟎 e. Trabalho da força-peso Seja um bloco de massa m, abandonado do alto de um plano inclinado de um ângulo α com a horizontal. Seja h, a altura do plano, 𝒍, sua extensão e g, o módulo da aceleração da gravidade. Ocorre que para o trabalho da força-peso não depende da extensão ι do plano, mas sim da sua altura h, o que pode ser chamado também de desnível, onde representa o deslocamento apenas na vertical, podendo ser em uma subida ou uma descida. Assim, relacionamos da forma em que o trabalho da força-peso é o produto do peso do corpo pelo desnível do deslocamento, condicionado no sentido deslocado na vertical. Durante a descida: 𝝉𝒑 = 𝒎 ∙ 𝒈 ∙ 𝒉 ∴ 𝝉𝒑 = 𝑷 ∙ 𝒉 Durante a subida: 𝝉𝒑 = −𝒎 ∙ 𝒈 ∙ 𝒉 ∴ 𝝉𝒑 = −𝑷 ∙ 𝒉 Conclui-se que, durante a descida, o trabalho do peso é motor e, durante a subida, o trabalho é resistente. Além dos conceitos que acabamos de definir, temos outros conceitos que também se associam ao trabalho. Vamos a eles. f. Potência É a medida da relação entre o trabalho realizado e o intervalo de tempo gasto em sua realização. 𝑷𝒐𝒕 = 𝝉 𝜟𝒕 7 Observação: Quanto menor o intervalo de tempo gasto, maior será a potência. Quanto maior o intervalo de tempo gasto, menor será a potência. Unidade de medida: 𝑷𝒐𝒕 = 𝝉 𝜟𝒕 = 𝑱 𝒔 = 𝒘𝒂𝒕𝒕 (𝑾) g. Rendimento Quando uma máquina opera, gerandoforças capazes de realizarem determinado trabalho, parte da energia utilizada para seu funcionamento é dissipada. Isso demonstra que a máquina desenvolve determinada potência, em que apenas uma parte é aproveitada para a realização do trabalho (potência útil). A potência não aproveitada é chamada de potência passiva. Portanto a potência total é a soma da potência útil com a potência passiva. 𝑷𝒐𝒕𝑻 = 𝑷𝒐𝒕𝑼 + 𝑷𝒐𝒕𝑷 Entendido a questão de potência útil e potência passiva, podemos definir rendimento como a razão entre a potência útil e a potência total. 𝜼 = 𝑷𝒐𝒕𝑼 𝑷𝒐𝒕𝑻 Unidade de medida: também é dado em watt (W) h. Potência Instantânea Refere-se ao estudo em um curto intervalo de tempo de um movimento linear, em que dizemos que o intervalo de tempo tende à zero, o que faz do cálculo um estudo em um momento quase preciso. Vamos entender melhor. O trabalho da força motora é dado por 𝝉 = 𝑭 ∙ 𝒅 A potência média desenvolvia pela força motora é dada por 𝑷𝒐𝒕𝒎 = 𝝉 𝜟𝒕 8 Relacionando as duas equações, temos que: 𝑷𝒐𝒕𝒎 = 𝑭 ∙ 𝒅 𝜟𝒕 O quociente de 𝒅 𝜟𝒕 representa o módulo da velocidade vetorial média. 𝒗𝒎 = 𝒅 𝜟𝒕 Portanto: 𝑷𝒐𝒕𝒎 = 𝑭 ∙ 𝒗𝒎 Se fizermos Δt tender a zero, os valores médios se reduzem a valores instantâneos e o deslocamento a um ponto. Desse modo: 𝑷𝒐𝒕 = 𝑭 ∙ 𝒗 B. Forças Conservativas Um sistema é dito conservativo quando a totalidade da energia mecânica que ele possui se mantém constante. O fato ocorre quando os corpos que constituem o sistema estiverem sujeitos apenas às forças conservativas (no caso a força peso e as forças normais à trajetória). Desprezam-se as ações do atrito e das demais forças resistentes, tais como a imposta pelo ar. C. Forças Dissipativas Compreende em duas etapas. A primeira etapa compreende a quantificação da energia mecânica inicial, ou seja, trabalho das forças que convertem outra modalidade de energia em energia mecânica. A segunda etapa compreende a quantificação da energia mecânica final, ou seja, após a ocorrência do processo mecânico. A diferença entre a energia mecânica fina e a inicial nos permite avaliar a energia que foi dissipada sob a forma de calor. D. Energia Mecânica Dizemos que um corpo possui energia mecânica quando este pode, por si só, realizar um trabalho mecânico. A Energia mecânica pode ser dividida em: 9 1) Energia cinética, ou de movimento. 2) Energia potencial, ou de posição. Unidade de medida: são expressas nos mesmos termos de trabalho, ou seja, em joule (J) Agora veremos as duas divisões de Energia Mecânica. E. Energia Cinética É a energia que está relacionada com o estado de movimento de um corpo. Este tipo de energia é uma grandeza escalar que depende da massa e do módulo da velocidade do corpo. Quanto maior o módulo da velocidade do corpo, maior é a energia cinética. Quando o corpo está em repouso a energia cinética é nula. 𝑬𝒄 = 𝒎 ∙ 𝒗² 𝟐 F. Energia Potencial É a modalidade de energia que tende a ser convertida em energia cinética. Pode ser dividida em: a. Energia Potencial Gravitacional (𝐸𝑝𝑔) É aquela que o sistema possui em virtude da posição ocupada dentro do campo gravitacional e em relação a um nível de referência. Ela é considerada uma forma de energia armazenada pelo corpo e pronta para ser transformada em outra modalidade. Suponha um objeto abandonado de certa altura h em relação ao solo e caindo livremente. No momento em que ele estiver tocando o solo, toda a sua energia potencial gravitacional terá se transformado em energia cinética. Isso ocorre por causa do trabalho da força peso do objeto, que é exatamente a medida da energia potencial gravitacional, que o objeto tinha acumulado no momento em que foi abandonado em queda livre da altura h. 10 Portanto, temos que: 𝝉𝒑 = 𝑬𝒑𝒈 ∴ 𝑬𝒑𝒈 = 𝒎 ∙ 𝒈 ∙ 𝒉 b. Energia Potencial Elástica (𝐸𝑃𝐸) É uma modalidade da energia mecânica armazenada nos sistemas que sofreram deformações elásticas. É uma forma latente de energia sempre prestes a se transformar em energia cinética. O trabalho da força elástica sobre um sistema constante elástica k que sofre uma deformação x é a energia potencial elástica por ele armazenada. 𝑬𝑷𝑬 = 𝒌 ∙ 𝒙𝟐 𝟐 G. Temperatura É uma grandeza física que mede o nível de agitação térmica das partículas que constituem um corpo. Observação: Energia térmica é a energia cinética associada à agitação térmica das moléculas. Temperatura é uma grandeza física passível de ser medida, e está é feita por termômetros, os quais são feitos sob uma determinada escala. a. Escalas Termométricas Para o estabelecimento de uma escala termométrica, escolhem-se dois pontos fixos que se reproduzem com facilidade. São eles: a temperatura de fusão de gelo e a temperatura do vapor d’água em ebulição, ambas sob pressão normal, onde são atribuídos, arbitrariamente, valores numéricos para eles. A divisão do segmento, determinado entre eles, em partes iguais consolida a construção da escala termométrica. 11 b. Escalas Oficiais Como visto antes, escalas são originadas da associação arbitrária de dois valores numéricos a duas medidas da grandeza termométrica utilizada. Na ciência há algumas escalas termométricas oficiais. São elas: 1. Escala Celsius Elaborada pelo físico e astrônomo sueco Anders Celsius. Utilizando-se de uma haste capilar com um bulbo em que havia mercúrio, atribuiu 0˚C (grau Celsius) ao ponto de fusão do gelo e 100˚C ao ponto do vapor d’água em ebulição, ambas sob pressão normal. O intervalo foi de 100 partes iguais. (fig. G1) 2. Escala Fahrenheit Elaborada pelo físico alemão Daniel Gabriel Fahrenheit. Embora tivessem construído a sua escala adotando 0˚F para a temperatura de uma mistura de cloreto de amônia com neve picada e sal e 100˚F para a temperatura do corpo humano, no seu método de graduação, o ponto de fusão de gelo corresponde a 32˚F (graus Fahrenheit) e 212˚F ao ponto de vapor d’água em ebulição. O intervalo foi de 180 partes iguais. (fig. G2) 3. Escala Kelvin Elaborada pelo físico irlandês Willian Thompson, tendo o título de nobreza como Lord Kelvin. Criou a escala absoluta ou escala Kelvin. Após inúmeras discussões com outros eminentes cientistas em torno da máxima e da mínima temperatura que um corpo poderia atingir, concluiu que o limite superior é, teoricamente, inatingível, ou seja, um corpo pode ter sua temperatura elevada sem que se chegue a uma máxima admissível. Entretanto, para a mínima temperatura teoricamente possível para um corpo, após muitos estudos e verificações chegou à conclusão de que seu valor é -273,15˚C, ou, aproximadamente -273˚C. Esta temperatura é denominada zero absoluto e, embora jamais tenha sido constatada no 12 Universo ou mesmo obtida em laboratórios, chegou-se a valores muito próximos dela. Para construção de sua escala, Kelvin propôs o valor 0K (zero Kelvin) ao limite inferior, graduando-a de tal forma que cada intervalo de temperatura unitário corresponderia exatamente a um intervalo de temperatura da escala Celsius. Desse modo, os pontos de fusão do gelo e do vapor d’água em ebulição sob pressão normal assumem os valores, respectivamente, 273K e 373K. (fig. G3) Representa-se a temperatura com a letra θ quando as escalas forem a Celsius e a Fahrenheit. Em se tratando da escala Kelvin, usa-seo símbolo T, ou, ainda, T(K). c. Equação de Conversão Imagine os três termômetros oficiais exatamente iguais, diferindo apenas na graduação. Isso significa que a distância entre os pontos fixos é a mesma nos três. É possível relacionar os comprimentos das hastes, entre os pontos fixos, com os deslocamentos que possam ocorrer. Observe a imagem fig.G4. Denomina-se: PV o ponto de vapor d’água; PG o ponto de fusão do gelo; b à distância entre os pontos fixos; e a a um possível deslocamento ocorrido com as colunas a partir do 1º ponto fixo. Como a medida linear dos citados segmentos é a mesma nas três escalas, pode-se dizer que a razão 𝐚 𝐛 é constante. Da divisão de a por b nos três termômetros, conclui-se: 𝐚 𝐛 = 𝛉𝐂 − 𝟎 𝟏𝟎𝟎 − 𝟎 = 𝛉𝐅 − 𝟑𝟐 𝟐𝟏𝟐 − 𝟑𝟐 = 𝐓(𝐊) − 𝟐𝟕𝟑 𝟑𝟕𝟑 − 𝟐𝟕𝟑 13 𝛉𝐂 𝟏𝟎𝟎 = 𝛉𝐅 − 𝟑𝟐 𝟏𝟖𝟎 = 𝐓(𝐊) − 𝟐𝟕𝟑 𝟏𝟎𝟎 e, ao simplificarmos os denominadores, teremos: 𝛉𝐂 𝟓 = 𝛉𝐅 − 𝟑𝟐 𝟗 = 𝐓(𝐊) − 𝟐𝟕𝟑 𝟓 d. Escalas Arbitrárias Sejam X e Y duas escalas arbitrárias em que seus pontos fixos correspondentes ao ponto de fusão do gelo foram arbitrados como 𝐱𝟏e 𝐲𝟏, e os pontos fixos correspondentes ao vapor d’água em ebulição em 𝐱𝟐e 𝐲𝟐. Observe a imagem fig. G5. Sendo b a distância entre os pontos fixos: Em X, ocorrerá: 𝒃 = 𝒙𝟐 − 𝒙𝟏 Em Y, ocorrerá: 𝒃 = 𝒚𝟐 − 𝒚𝟏 Sendo a um possível deslocamento das colunas de mercúrio a partir do 1º ponto fixo: Em X: 𝒂 = 𝜽𝒙 − 𝒙𝟏 Em Y: 𝒂 = 𝜽𝒚 − 𝒚𝟏 Dividindo a por b: 𝒂 𝒃 = (𝜽𝒙 − 𝒙𝟏) (𝒙𝟐 − 𝒙𝟏) = (𝜽𝒚 − 𝒙𝟏) (𝒙𝟐 − 𝒙𝟏) que é a equação de conversão entre as escalas arbitrárias X e Y. 14 H. Dilatação Térmica A elevação de nível de agitação térmica de um corpo é traduzida por um aumento em todas as formas de movimentação das partículas que os constituem. Esse fato impõe que a frequência das vibrações e também a amplitude aumentem. Por causa disso, a distância média entre todas as partículas torna-se maior provocando aumento nas dimensões do corpo: é a dilatação térmica. A diminuição do nível de agitação térmica causa efeito contrário, em que se percebe diminuição nas dimensões do corpo: é a contração térmica. A análise da dilatação e da contração térmicas de um corpo pode ser feita levando-se em conta uma, duas ou as três dimensões desse corpo. Seguindo esse critério, a dilatação pode ser linear, superficial ou volumétrica. Vamos estudar cada uma delas. a. Dilatação Térmica Linear (𝛥𝑙) Constitui o estudo da dilatação de apenas uma das dimensões. Seja a barra (fig. H1), de comprimento inicial 𝒍𝟎 a uma temperatura 𝜽𝟎. Ao ser aquecida até sua temperatura aumentar para 𝜽, seu comprimento passa a ser igual a 𝒍. Tal variação é a dilatação térmica linear sofrida pela barra em seu comprimento. Variação de temperatura: 𝚫𝜽 = 𝜽 − 𝜽𝟎 Dilatação térmica linear: 𝚫𝒍 = 𝒍 − 𝒍𝟎 Pode ser expressa graficamente. Denomina-se dilatação específica aquela sofrida por unidade de comprimento. Ou seja, 𝚫𝜾𝑬 = 𝚫𝒍 𝜾𝟎 . Relacionando-a com a variação de temperatura 𝚫𝜽, decorre conforme demonstrado na fig.H2. 15 A inclinação 𝛟 mostra a maior ou a menor facilidade oferecida pelo material que constitui a barra em sofrer dilatação, chamando de α a tangente do ângulo 𝛟. 𝚫𝒍 = 𝜶 ∙ 𝒍𝟎 ∙ 𝚫𝜽 A conclusão a que se chega é que a dilatação sofrida pela barra é diretamente proporcional ao seu comprimento inicial e à variação ocorrida em sua temperatura, sendo α o coeficiente de proporcionalidade, também denominado coeficiente de dilatação linear do material que constitui a barra. b. Dilatação Térmica Superficial (ΔA) Seja a placa (fig. H3), em que a área inicial de sua superfície mede 𝑨𝟎 quando a temperatura for 𝜽𝟎. Ao aquecer a placa até sua temperatura aumentar para 𝜽, a área de sua superfície passa a ser 𝑨. Tal variação é a dilatação térmica superficial da placa. Variação de temperatura: 𝚫𝜽 = 𝜽 − 𝜽𝟎 Dilatação térmica superficial: 𝚫𝑨 = 𝑨 − 𝑨𝟎 Da mesma forma que foi vista para dilatação linear, a dilatação térmica 𝚫𝑨 é diretamente proporcional à área da superfície inicial 𝑨𝟎 e, também, à variação da temperatura 𝚫𝜽. Assim, pode-se escrever: 𝚫𝑨 = 𝜷 ∙ 𝑨𝟎 ∙ 𝚫𝜽 em que 𝜷 é o coeficiente de dilatação superficial do material que constitui a placa. 16 c. Dilatação Térmica Volumétrica ou Espacial (ΔV) Seja o cubo (fig. H4), cujo volume inicial é 𝑽𝟎, quando sua temperatura for 𝜽𝟎. Ao aquecer o cubo até sua temperatura aumentar para 𝜽, seu volume passa a ser 𝑽. Tal variação é a dilatação volumétrica do cubo. Variação de temperatura: 𝚫𝜽 = 𝜽 − 𝜽𝟎 Dilatação térmica volumétrica: 𝚫𝑽 = 𝑽 − 𝑽𝟎 Verifica-se também que a dilatação térmica volumétrica é diretamente proporcional ao volume inicial do corpo e, também, à variação de temperatura. Assim, pode-se escrever: 𝚫𝑽 = 𝜸 ∙ 𝑽𝟎 ∙ 𝚫𝜽 em que 𝜸 é o coeficiente de dilatação volumétrico do material que constitui o corpo. Relação entre os coeficientes: Com pequena aproximação, os coeficientes de dilatação térmica 𝜶, 𝜷 e 𝜸 podem ser relacionados: 𝜶 𝟏 = 𝜷 𝟐 = 𝜸 𝟑 d. Dilatação Térmica dos Líquidos As leis que regem a dilatação térmica dos líquidos são as mesmas estudadas para os sólidos. O que se deve levar em conta é o fato de os líquidos assumirem a forma do recipiente que os contém. Quando o sistema recipiente mais líquido é aquecido ou resfriado, é necessário considerar não só a dilatação ou contração do líquido, mas também a do recipiente. O fato de não possuir forma própria torna irrelevante tratar da dilatação linear ou mesmo superficial do líquido. O 17 que interessa é apenas sua dilatação volumétrica e usam-se as mesmas relações vistas para a dilatação volumétrica dos sólidos, ou seja: 𝚫𝑽 = 𝑽 − 𝑽𝟎 e 𝚫𝑽 = 𝜸 ∙ 𝑽𝟎 ∙ 𝚫𝜽 1. Dilatação Aparente Quando temos um recipiente cheio em temperatura inicial, e este for aquecido, sofrendo a dilatação térmica, levando em consideração a dilatação tanto do líquido quanto do recipiente, notamos que haverá um extravasamento do líquido. O volume de líquido extravasado apresenta ser a dilatação que ele sofreu; portanto, será denominada dilatação aparente do líquido. 𝚫𝑽𝑹: dilatação real do líquido; 𝚫𝑽𝑭: dilatação do frasco; 𝚫𝑽𝑨𝑷: dilatação aparente do líquido. ou seja: 𝚫𝑽𝑨𝑷 = 𝚫𝑽𝑹 − 𝚫𝑽𝑭 Essa expressão relaciona os três tipos de dilatação e é de fundamental importância para que se possa deduzir a relação entre os coeficientes de dilatação: 𝚫𝑽 = 𝜸 ∙ 𝑽𝟎 ∙ 𝚫𝜽 a expressão geral para dilatação volumétrica, considerando um recipiente inicialmente cheio, conclui-se: 𝜸𝑨𝑷 ∙ 𝑽𝟎 ∙ 𝚫𝜽 = 𝜸𝑹 ∙ 𝑽𝟎 ∙ 𝚫𝜽 − 𝜸𝑭 ∙ 𝑽𝟎 ∙ 𝚫𝜽 18 simplificando 𝑽𝟎 e 𝚫𝜽: 𝜸𝑨𝑷 = 𝜸𝑹 − 𝜸𝑭 em que: 𝜸𝑨𝑷: coeficiente de dilatação aparente do líquido; 𝜸𝑹: coeficiente de dilatação real do líquido; 𝜸𝑭: coeficiente de dilatação do frasco. e. Estudo da Dilatação e Contração Térmicas dos Líquidos Para um recipiente inicialmente cheio há três possibilidades. São elas: 1. Primeira 𝜸𝑹 > 𝜸𝑭, então 𝜸𝑨𝑷 > 𝟎 Ao aquecermos o conjunto, o líquido se dilata mais que o frasco, de tal forma que ocorro transbordamento. Seo conjunto for resfriado, o líquido contrai mais que o frasco, determinando diminuição em seu nível. 2. Segunda 𝜸𝑹 < 𝜸𝑭, então 𝜸𝑨𝑷 < 𝟎 Se o conjunto for aquecido, o líquido se dilata menos que o frasco, de tal forma que seu nível diminui. Se o conjunto for resfriado, o líquido se contrai menos que o frasco, de tal forma que ocorre transbordamento. 19 3. Terceira 𝜸𝑹 = 𝜸𝑭, então 𝜸𝑨𝑷 = 𝟎 Ao aquecermos ou resfriarmos o conjunto, as dilatações ou contrações do líquido e do frasco serão sempre iguais, de tal forma que o nível do líquido se mantém no interior do frasco. I. Calorimetria Estuda as medidas das quantidades de calor trocadas pelas substâncias. Primeiramente, precisamos definir o que é calor. Calor é a energia térmica em trânsito de um local para outro por causa da diferença da temperatura. O redundante do calor resulta no equilíbrio térmico. Ou seja, quando há troca de energia térmica, essa energia em trânsito é chamada de calor. a. Capacidade Térmica ou Calorífica Capacidade térmica ou calorífica de um corpo é a medida da quantidade de calor que o corpo necessita trocar para sofrer uma variação de temperatura equivalente a uma unidade. Em símbolos: 𝐂 = 𝐐 𝚫𝛉 Unidade de medida Quantidade de calor (Q): em joules (J) Variação de temperatura (𝚫𝛉): em Kelvin (K) Capacidade térmica (C): em 𝐉 𝐊 b. Calor Sensível Tal valor, que caracteriza a quantidade de calor que cada grama da substância que constitui o corpo necessita trocar para variar a temperatura em 1 grau Celsius, é denominado calor específico sensível da substância ou da mistura 20 que constitui o corpo. Ou seja, é a medida de sua capacidade térmica por unidade de massa. Em símbolos: 𝐜 = 𝐂 𝐦 Unidade de medida Capacidade térmica (C): em 𝐉 𝐊 Massa (m): em 𝐉 𝐤𝐠∙𝐊 c. Equação Fundamental da Calorimetria A quantidade de calor necessária para que um corpo, constituído com determinada substância, sofra apenas variação em sua temperatura, sem que ocorra mudança de estado físico, é denominada quantidade de calor sensível (𝐐𝐒). Tal quantidade de calor pode ter sinal positivo ou negativo, conforme o calor trocado pelo corpo seja recebido ou cedido. 𝐐 > 𝟎: quantidade de calor recebido; 𝐐 < 𝟎: quantidade de calor cedido; 𝐐 = 𝟎: não ocorre troca de calor. A determinação da quantidade de calor sensível é calculada por meio do que denominamos equação fundamental da calorimetria. Seja o corpo esquematizado (fig. I1), cuja massa é m, trocando determinada quantidade de calor 𝐐 e, com isso, sofrendo uma variação θ em sua temperatura. I. A capacidade térmica (C) do corpo é 𝐂 = 𝐐 𝚫𝛉 II. O calor específico sensível (c) do material que constitui o corpo é 𝐜 = 𝐂 𝐦 Substituindo I. em II. 𝐜 = 𝐐𝐒 𝐦 ∙ 𝚫𝛉 O que resulta: 𝐐𝐒 = 𝐦 ∙ 𝐜 ∙ 𝚫𝛉 21 d. Equivalente em água (E) A expressão “Equivalente em Água de um corpo” é comumente utilizada para o estudo do comportamento de um corpo constituído com uma substância, ou uma mistura, cujo calor específico é desconhecido. Corresponde à massa de água que, ao trocar a mesma quantidade de calor que o corpo trocou sofre a mesma variação de temperatura. (fig. I2) Portanto, o equivalente em água de um corpo é numericamente igual à sua capacidade térmica. e. Calor Latente A quantidade de calor que a substância troca durante sua mudança de estado físico é denominada quantidade de calor latente. O objetivo é analisar as mudanças de estados físicos causadas pelas variações apenas na temperatura. Veja na fig. I3 um esquema com as possíveis mudanças de estado. 1. Transformação endotérmica quando a substancia deve receber certa quantidade de calor (𝐐 > 𝟎) 2. Transformação exotérmica quando a substância deve ceder certa quantidade de calor (𝐐 < 𝟎) f. Calor Latente de Mudança de Estado É a quantidade de calor que cada unidade massa do corpo deve trocar para mudar seu estado físico mantendo-se a temperatura constante durante o processo. Quando determinada massa de um material sofre mudança de estado, a quantidade total de calor latente trocada no processo pode ser calculada mediante uma regra de três simples. 𝐐𝐋 = 𝐦 ∙ 𝐋 22 A expressão permite a determinação da quantidade de calor necessária para que toda a massa que constitui o material sofra a mudança de estado físico, mantendo-se à temperatura constante. g. Curva de Aquecimento e Resfriamento Observe o gráfico (fig. I4). As linhas inclinadas indicam que a temperatura sofreu variações, ou seja, troca de quantidade de calor sensível (𝐐𝐒). As linhas paralelas ao eixo referente à quantidade de calor mostram que a temperatura permaneceu constante durante a troca de calor, ou seja, a substância está mudando de estado físico e trocando quantidade de calor latente (𝐐𝐋). J. Transmissão do Calor Como vimos, o calor é uma modalidade de energia em trânsito. Sua transmissão de um local para outro pode ocorrer de três modos; condução, convecção e irradiação térmicas. a. Condução Térmica Suponha que, uma haste metálica tem uma das suas extremidades submetidas a uma fonte intensa de calor. Após certo intervalo de tempo, ocorrerá o aumento gradativo da temperatura da extremidade oposta da haste. Aconteceu que calor fornecido pela fonte propagou-se através da haste. A transmissão do calor ocorreu com o calor sendo transmitida de uma partícula da barra a outra. As partículas da extremidade da barra submetida à fonte de calor ficam dotadas de maior quantidade de energia térmica e vibram intensamente. As partículas vizinhas recebem parte da referida energia e aumentam também seu nível de agitação. Estas transmitem energia para as seguintes e assim sucessivamente, até que a outra extremidade da barra acuse elevação em sua temperatura. A condução térmica é um processo que exige a presença de um meio material e, portanto, não ocorre no vácuo. 23 b. Convecção Térmica Imagine um recipiente com um líquido qualquer. Colocada sobre uma fonte de calor, a massa fluida situada próxima à base do recipiente é rapidamente aquecida, dilatando-se e, consequentemente, diminuindo sua densidade em relação à massa líquida situada acima. A massa aquecida tende a subir originando, no local que ocupava, uma zona de baixa pressão que será preenchida com a massa líquida mais fria. Esta sofrerá o mesmo processo e assim sucessivamente. Colocando certa quantidade de serragem no recipiente, você poderá observar o movimento contínuo das massas. A convecção térmica é o processo de transmissão do calor juntamente com o material aquecido. Ela pode ser natural ou forçada. c. Irradiação Térmica É um processo de transmissão do calor por meio de ondas eletromagnéticas, predominando, entre elas, as radiações infravermelhas, também denominadas ondas de calor ou radiações caloríficas. Então, sabemos que, onda é uma perturbação que propaga energia de um local a outro. As ondas podem ser classificadas em mecânicas (transportam energia mecânica, como é o caso das ondas sonoras) ou eletromagnéticas (podem se propagar no vácuo e transportam energia radiante). A energia radiante, por sua vez, manifesta-se ao incidir em um meio material, aquecendo-o. Apenas a radiação infravermelha pode ser denominada onda de calor, pois é ela que transporta a maior quantidade de energia radiante.Experimente colocar uma das mãos sob uma lâmpada acesa sem chegar a encostar-se a ela. Sua sensação térmica lhe permitirá perceber que o calor está se propagando da lâmpada até sua mão. 24 K. Estudo dos Gases Os gases não apresentam forma nem volume próprios. Ocupam todo o volume do recipiente que lhes é oferecido. Também se movimentam intensamente. Ao colidirem contra as paredes do recipiente irão originar determinada pressão, tanto mais acentuada quanto for a velocidade. a. Gás Ideal O gás ideal é um modelo teórico utilizado para os estudos dos comportamentos gasosos. Suas principais características são: As moléculas possuem movimento caótico regido pelos princípios da Mecânica Newtoniana; As colisões entre as moléculas e as paredes e entre as próprias moléculas são perfeitamente elásticas; portanto, as velocidades de aproximação e de afastamento têm o mesmo módulo; A força de atração entre as moléculas é nula, e a única interação entre elas ocorre no momento das colisões; As dimensões das moléculas são nulas se comparadas com a distância média percorrida entre uma colisão e outra. b. Gás Perfeito É um gás real cujo comportamento aproxima-se do comportamento do gás ideal. Qualquer gás real, quando submetido a grande redução na pressão enquanto sofre aumento em sua temperatura, passa a ter comportamento que se torna cada vez mais próximo do comportamento de m gás ideal. Veja o esquema na fig. K1 c. Variáveis de Estado O estado de certa quantidade de gás é caracterizado pelos valores das grandezas volume, pressão e temperatura. 25 Volume (V): quantidade de espaço ocupada pelo gás. Corresponde ao volume do recipiente que lhe é oferecido. Temperatura (T): nível de agitação térmica. A escala de temperatura a ser utilizada é a Kelvin (escala absoluta). Pressão (p): oriunda da força aplicada durante as colisões ocorridas entre as moléculas gasosas e as paredes do recipiente. d. Equação de Clapeyron Elaborada pelo engenheiro e físico francês Paul-Émile Clapeyron, a equação relaciona as variáveis de estado de um gás perfeito. Em química, 1 mol de gás perfeito nas CNTP contém 6,02 ∙ 1023 moléculas, ocupando um volume de 22,4ℓ, ou seja, 22,4 ∙ 10−3 𝑚3. Clapeyron demonstrou que, para um gás perfeito, a expressão 𝑝∙𝑉 𝑇 é sempre constante. Assim sendo para 1 mol de gás perfeito nas CNTP: 𝒑 ∙ 𝑽 𝑻 = 𝑹 A constante R é denominada Constante Universal para os gases perfeitos ou Constante de Clapeyron. Seu valor depende das unidades de medidas utilizadas para as variáveis de estado. 1. Pressão em mm de Hg e o volume em litros: 𝑹 = 𝒑 ∙ 𝑽 𝑻 = 𝟕𝟔𝟎 ∙ 𝟐𝟐, 𝟒 𝟐𝟕𝟑 = 𝟔𝟐, 𝟑𝟔 𝐦𝐦 𝐇𝐠. 𝓵 𝐊. 𝐦𝐨𝐥 26 2. Pressão em atm e o volume em litros: 𝑹 = 𝒑 ∙ 𝑽 𝑻 = 𝟏 ∙ 𝟐𝟐, 𝟒 𝟐𝟕𝟑 = 𝟎, 𝟎𝟖 𝐚𝐭𝐦. 𝓵 𝐊. 𝐦𝐨𝐥 3. Pressão em pascais e o volume em m³ (SI): 𝑹 = 𝒑 ∙ 𝑽 𝑻 = 𝟏𝟎𝟓 ∙ 𝟐𝟐, 𝟒 ∙ 𝟏𝟎−𝟑 𝟐𝟕𝟑 = 𝟖, 𝟐𝐉 𝐊. 𝐦𝐨𝐥 Assim, para um número n de mols de qualquer gás, fica, para a equação de Clapeyron: 𝒏 ∙ 𝑹 = 𝒑 ∙ 𝑽 𝑻 ⇒ 𝒑 ∙ 𝑽 = 𝒏 ∙ 𝑹 ∙ 𝑻 L. Termodinâmica O Conhecimento das relações existentes entre calor e trabalho impõe que a Física dedique um capítulo especial a esse importante segmento, denominado Termodinâmica, cujo objetivo é o estudo das relações existentes entre calor, energia interna e trabalho. a. Energia Interna (U) As colisões entre as moléculas associadas às forças que aplicam ao colidirem com as paredes do recipiente provocam certa pressão. O fato permite perceber que cada uma das moléculas está dotada de energia. Entre as modalidades de energia que mais se destacam, temos a energia cinética de translação das moléculas, a energia cinética de rotação e a energia potencial de ligação entre elas. A soma de todas as modalidades de energia de todas as moléculas que participam do sistema constitui a energia interna do sistema. 𝐔 = 𝚺𝐄 27 Se o sistema for constituído com certa massa de gás perfeito, a energia interna do sistema será a soma de todas as energias cinéticas de translação de suas moléculas, que pode, para os gases monoatômicos, ser determinada do seguinte modo: U = 3 2 (𝑛 ∙ 𝑅 ∙ 𝑇) Da expressão, pode-se concluir que a energia interna de um sistema não depende da natureza do gás perfeito, mas sim do número de moles (n) que o constitui e da sua temperatura absoluta. b. Trabalho Termodinâmico Sob Pressão Constante Em todas as transformações de uma modalidade de energia em outra, ou mesmo durante a transferência da energia de um corpo para outro, uma parcela da energia inicial é transformada em calor, o qual se difunde através do meio. Considere um gás perfeito encerrado em um recipiente cilíndrico dotado de êmbolo móvel sobre o qual se coloca um corpo de massa m. A relação entre as forças que as moléculas aplicam na superfície inferior do êmbolo, ao colidirem com ele e a área da dita superfície, origina a pressão exercida pelo gás. Ao se submeter o sistema a uma fonte térmica, o gás recebe determinada quantidade de calor e a utiliza para aumentar a sua energia interna mediante o aumento da energia cinética média das moléculas que o constituem. Observa-se elevação na temperatura do sistema, que causa a expansão do gás, com o êmbolo sendo deslocado para permitir tal expansão. O gás para aplicar força no êmbolo, realizou um trabalho mecânico, ou seja, utiliza parte da energia que lhe foi concedida sob a modalidade de calor, para deslocar o êmbolo. Assim o trabalho mecânico realizado existe quando a força aplicada é capaz de provocar o deslocamento do corpo e pode ser determinada do seguinte modo, caso força e o deslocamento tenham a mesma direção e o mesmo sentido: 𝜏 = 𝐹 ∙ 𝑑 28 Ao dividirmos e multiplicarmos a fórmula de definição do trabalho pela área da base do cilindro, constata-se que: 𝜏 = 𝐹 ∙ 𝑑 ∙ 𝐴 𝐴 mas, como 𝐹 𝐴 = 𝑝, em que p é a pressão que o gás exerce e 𝒅 ∙ 𝑨 é a variação observada no volume do gás (ΔV), temos: 𝜏 = 𝑝 ∙ 𝛥𝑉 A expressão permite a determinação do trabalho termodinâmico realizado ou recebido por um sistema constituído com um gás perfeito durante uma transformação isobárica. Convém lembrar que 1 caloria vale, aproximadamente, 4,18J. c. 1º Princípio da Termodinâmica Trata de situações em que toda a energia que o sistema troca com o meio sob a modalidade de calor é integralmente aproveitada, sem que ocorram dissipações. É o caso dos sistemas fisicamente isolados. Sendo uma reafirmação do princípio da conservação da energia, também é valido para qualquer processo natural que envolva trocas de energia e pode ser assim enunciado: “A variação da energia interna (Δ𝑈) de um sistema é dada por maio da diferença entre o calor (Q), trocado com o meio externo e o trabalho (𝜏) realizado no processo termodinâmico”. Em símbolos: Δ𝑈 = 𝑄 ∙ 𝜏 Ou, ainda: 𝑄 = 𝜏 + Δ𝑈 29 d. Grandezas Envolvidas Quantidade de calor: o 𝑸 > 𝟎: Recebe calor do meio externo; o 𝑸 < 𝟎: Cede calor ao meio externo; o 𝑸 = 𝟎: Não troca calor com o meio externo (adiabáticas). Trabalho termodinâmico: o 𝝉 > 𝟎: Realiza trabalho sobre o meio externo (volume aumenta); o 𝝉 < 𝟎: Recebe trabalho do meio externo (volume diminui); o 𝝉 =𝟎: Não troca trabalho com o meio externo. Variação da energia interna: o 𝚫𝑼 > 𝟎: Aumenta a energia interna (temperatura aumenta); o 𝚫𝑼 < 𝟎: Diminui a energia interna (temperatura diminui); o 𝚫𝑼 = 𝟎: Não varia a energia interna. e. Trabalho nas Transformações Gasosas Transformações isobáricas (pressão constante) O calor trocado entre o sistema e o meio externo é integralmente utilizado. Parte dele para causar uma variação na energia interna do sistema enquanto outra parte é utilizada para o trabalho trocado entre o meio externo e o sistema. 𝑸 = 𝝉 + 𝚫𝑼 Transformação isotérmica (temperatura constante) Na expansão ou compressão lenta do gás, todo o trabalho trocado entre ele e o meio externo é convertido na modalidade de calor. Em se tratando de expansão gasosa, o sistema recebe calor no meio e, em se tratando de compressão o sistema cede calor ao meio, 30 sem que, no entanto, nas situações, sua temperatura sofra alteração e, consequentemente, sua energia interna varie. 𝑸 = 𝝉 Transformação isométrica (volume constante) O calor trocado pelo sistema com o meio externo é utilizado para variar sua energia interna. Isto ocorre porque o trabalho termodinâmico é nulo, já que não ocorre variação do volume. 𝑸 = 𝚫𝑼 f. 2º Princípio da Termodinâmica Nas transformações energéticas a energia se degrada de forma organizada para uma desorganizada, denominada energia térmica. Conclui-se que a energia térmica flui das regiões mais quentes para as mais frias; mas o processo inverso não ocorre espontaneamente. Com base nessa conclusão, físico alemão Rudolf Clausius enunciou: “O calor não pode fluir espontaneamente de um corpo para outro cuja temperatura é mais elevada”. Sendo o calor é uma modalidade inferior de energia (energia degradante), torna-se difícil sua conversão em outra modalidade de energia, embora o 1º Princípio da Termodinâmica estabeleça essa possibilidade. Mais difícil ainda é convertê-lo integralmente, sem que haja perdas para o meio externo. Ciente do fato, Kelvin enunciou o 2º Princípio da Termodinâmica, também conhecido como Princípio da Degradação da Energia, do seguinte modo: “É impossível construir uma máquina que operando em ciclos, retire calor de uma fonte quente e o transforme integralmente em trabalho”. Para que haja a transmissão do calor, são necessárias duas fontes térmicas: uma denominada fonte quente, e outra denominada fonte fria. Uma parte do calor (𝐐𝑨) cedido pela fonte quente à máquina térmica é convertido em trabalho. 31 Outra parte do calor (𝐐𝑩) é rejeitada para a fonte fria. Portanto, o calor cedido pela fonte quente não é integralmente convertido em trabalho. Em símbolos: 𝐐𝑨 = 𝝉 + 𝐐𝑩 ou 𝝉 = 𝐐𝑨 − 𝐐𝑩 M. Máquina Térmica Todo dispositivo que, operando em ciclos entre duas fontes térmicas submetidas a temperaturas diferentes, converte calor em trabalho é denominado máquina térmica. Como exemplo os motores dos automóveis, a locomotiva a vapor, os refrigeradores, as usinas nucleares e o próprio corpo humano. O engenheiro e físico francês Sadi Carnot, estudando o funcionamento de uma máquina térmica, estabeleceu, com base no 2º Princípio da Termodinâmica, o seguinte princípio: “Para que uma máquina térmica consiga converter calor em trabalho de modo contínuo, deve operar em ciclos entre duas fontes térmicas, uma quente e outra fria; retira calor da fonte quente (𝑄𝐴), converte-o parcialmente em trabalho (𝜏), rejeitando o restante (𝑄𝐵) para a fonte fria”. a. Rendimento de uma Máquina Térmica O rendimento de qualquer máquina é a relação entre a energia útil (energia usada para a realização de um trabalho) e a energia total (energia colocada à disposição da máquina). 𝜼 = 𝐄𝐧. ú𝐭𝐢𝐥 𝐄𝐧. 𝐭𝐨𝐭𝐚𝐥 32 Nas máquinas térmicas, o rendimento é a relação entre o trabalho termodinâmico e a energia total que a fonte quente fornece à máquina. 𝜼 = 𝝉 𝑸𝑨 mas como: 𝝉 = 𝐐𝑨 − 𝐐𝑩 temos: 𝜼 = (𝑸𝑨 − 𝑸𝑩) 𝑸𝑨 ∴ 𝜼 = 𝟏 − 𝑸𝑩 𝑸𝑨 Máquina Térmica a Vapor Observe o esquema na fig. M1. A fonte de calor alimenta o sistema e mantém o vapor d’água sob pressão. Estando a válvula A aberta e a B fechada, a pressão do vapor origina uma fora que empurra o pistão para cima, movimentado a polia. Quando o pistão desce, a válvula B é aberta, enquanto A é fechada. O vapor vai para o condensador, onde é resfriado até se condensar; a água resultante é esgotada. Refrigerador Observe o esquema na fig. M2. O funcionamento do refrigerador consiste em retirar calor da fonte fria (congelador) e rejeitá-lo à fonte quente (meio ambiente). O compressor realiza trabalho para comprimir o gás (vapor), condensando-o, e com isso ele perde calor para o ambiente. Ao atravessar a válvula, o líquido fica submetido à baixa pressão, 33 condensa-se e, para tanto, recebe calor do refrigerador. O compressor torna a condensá-lo e o ciclo recomeça. b. Ciclo de Carnot Sadi Carnot estabeleceu um ciclo de transformações do fluído operante para a obtenção do rendimento máximo que a máquina térmica pode proporcionar. É constituído com duas transformações isotérmicas intercaladas com duas transformações adiabáticas. Todas as transformações podem ser reversíveis, permitindo que o ciclo também o seja. Confira na fig. M3 a representação das transformações que compõem Ciclo de Carnot. Transformação AB É uma expansão isotérmica, com o fluído recebendo calor da fonte quente e realizando determinado trabalho ao expandir-se. 𝑸 = 𝝉 Transformação BC É uma expansão adiabática, com o fluído operante expandindo-se à custa de sua energia interna, o que acarreta uma queda em sua temperatura. 𝝉 = −𝜟𝑼 Transformação CD É uma compressão isotérmica, com o fluído operante cedendo calor à fonte fria ao receber trabalho do meio, o qual acarreta sua compressão. 𝑸 = −𝝉 Transformação DA É uma compressão adiabática, com o fluído operante sendo comprimido, o que eleva sua energia interna e, consequentemente, sua temperatura. 𝜟𝑼 = −𝝉 34 c. Rendimento da máquina de Carnot Toda máquina térmica teórica que puder operar obedecendo ao Ciclo de Carnot terá rendimento maior que qualquer outra que esteja operando entre as mesmas fontes, mas nunca será igual a 100%. Carnot demonstrou que as quantidades de calor trocadas pelas fontes e o meio externo são proporcionais às respectivas temperaturas absolutas das fontes. O rendimento de uma máquina de Carnot pode ser calculado em função apenas das temperaturas absolutas das fontes. 𝑸𝑩 𝑸𝑨 = 𝑻𝑩 𝑻𝑨 O rendimento pode ser dado por: 𝜼 = 𝟏 − 𝑻𝑩 𝑻𝑨 A expressão mostra que, para o rendimento da máquina ser igual a 1 (100%), é necessário que a fonte fria opere no zero absoluto (0K), o que é teoricamente impossível. 35 Figuras e Gráficos o Fig.A1 o Fig.A2 o Fig.A3 36 o Fig.G1 o Fig.G2 o Fig.G3 37 o Fig.G4 o Fig.G5 o Fig.H1 38 o Fig.H2 o Fig.H3 o Fig.H4 o Fig.I1 39 o Fig.I2 o Fig.I3 oFig.I4 o Fig.K1 40 o Fig.M1 o Fig.M2 o Fig.M3 41 Conclusão Este é o fim do estudo que compreende Física Geral. É importante notar que a cada assunto que é avançado, são necessários alguns conceitos do que foi visto anterior mente, o que leva a percebermos que a física é contínua, e suas modalidades se complementam. 42 Biografia Todo o conteúdo do trabalho foi cuidadosamente, e carinhosamente, estudado através de três apostilas do material didático do Sistema Maxi de Ensino, juntamente com o discernimento do aluno que o fez. Apostilas de física, número 2, 3 e 4 do terceiro ano do ensino médio. Sistema Maxi de Ensino. Edição 2012.
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