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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL – UNIJUI MARCELO SCHMITZ NEUMANN ESTUDO DE REPOTENCIALIZAÇÃO DE UMA PEQUENA CENTRAL HIDRELÉTRICA Ijuí 2017 MARCELO SCHMITZ NEUMANN ESTUDO DE REPOTENCIALIZAÇÃO DE UMA PEQUENA CENTRAL HIDRELÉTRICA Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Elétrica apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Eletricista. Orientador (a): Me. Sandro Alberto Bock Ijuí 2017 MARCELO SCHMITZ NEUMANN ESTUDO DE REPOTENCIALIZAÇÃO DE UMA PEQUENA CENTRAL HIDRELÉTRICA Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de ENGENHEIRO ELETRICISTA e aprovado em sua forma final pelo professor orientador e pelo membro da banca examinadora. Ijuí, 28 de novembro de 2017 Prof. Sandro Alberto Bock Mestre pela Universidade Federal de Santa Maria - Orientador Prof. Julio Cezar Oliveira Bolacell Coordenador do Curso de Engenharia Elétrica/UNIJUÍ BANCA EXAMINADORA Prof. Sandro Alberto Bock (UNIJUÍ) Mestre pela Universidade Federal de Santa Maria Prof. Gilson Rogério Batista (UNIJUÍ) Mestre pela Universidade Federal de Campina Grande Aos meus pais, a minha namorada, amigos e todos aqueles que sempre acreditaram no meu potencial. AGRADECIMENTOS Aos meus pais, Leuri Neumann e Romicler Schmitz Neumann, que com muito carinho е apoio, não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida, a meu irmão, Mateus pelo carinho, convívio e confiança; A minha namorada Caroline Müller Windmöller, que sempre me apoio e me ajudou nos momentos de dificuldade. Ao meu orientador Prof. Me. Sandro Alberto Bock pelo apoio, orientação e confiança a mim dedicada durante a elaboração deste projeto; Agradeço a CEEE e de modo especial ao Técnico em Eletrotécnica Fábio Oliveira da Silva por fornecer parte dos dados utilizados neste projeto; Agradeço à UNIJUÍ de um modo geral pela estrutura e oportunidade oferecidas. “ A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo “ Nelson Mandela RESUMO NEUMANN, S. M. Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Engenharia Elétrica, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2017. Este estudo busca analisar e verificar a melhor forma de repotencialização da central hidrelétrico do Guarita, atendendo requisitos necessários e promovendo a melhoria da geração de energia elétrica. Entre as fontes alternativas de energia, a hidrelétrica é a mais utilizada para produzir eletricidade no país. As pequenas centrais hidrelétricas são favorecidas pelas características da matriz energética brasileira, esse tipo de empreendimento é um dos mais atraentes entre os sistemas de geração. O constante aumento do consumo de energia elétrica no Brasil tem possibilitado a readequação e modernização das pequenas centrais hidrelétricas existentes, pensando assim, em maneiras diferentes de aumentar sua geração. Pode se encontrar centrais hidrelétricas operando a mais de 50 anos, sem ter recebido se quer uma manutenção e nem estudos de repotencialização. A principal ideia da repotencialização é aumentar a potência instalada e energia gerada de uma unidade de geração já instalada. Visando um aproveitamento da melhor forma possível para gerar o máximo de energia, em um menor custo, que o presente trabalho vai investigar algumas alternativas de repotencialização para um determinado aproveitamento hidrelétrico já em operação. Palavras-chave: Fontes alternativas. Pequenas centrais hidrelétricas. Repotencialização. ABSTRACT NEUMANN, S. M. Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Engenharia Elétrica, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2017. This study seeks to analyze and verify the best form of repowering of the Guarita hydroelectric power station, meeting the necessary requirements and promoting the improvement of electric power generation. Among alternative sources of energy, hydroelectric is the most used to produce electricity in the country. The small hydropower plants are favored by the characteristics of the Brazilian energy matrix, this type of enterprise is one of the most attractive among generation systems. e constant increase of the electric energy consumption in Brazil has made it possible to readjust and modernize the existing small hydroelectric plants, thus thinking in different ways to increase its generation. You can find hydroelectric power plants operating for more than 50 years, without having received a maintenance and no studies of repowering. The main idea of repowering is to increase the installed power and generated power of an already installed generation unit. Aiming at the best possible use to generate the maximum energy, at a lower cost, the present work will investigate some alternatives of repowering for a certain hydroelectric plant already in operation. Keywords: Alternative sources. Small hydropower plants. Repowering. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Vista de jusante de uma barragem de concreto ............................................. 22 Figura 2: Corte lateral de uma barragem de concreto. ................................................. 22 Figura 3: Planta baixa de um modelo de tomada d’água .............................................. 24 Figura 4: Planta baixa de um modelo de câmara de carga. .......................................... 27 Figura 5: Corte lateral de um modelo de câmara de carga. .......................................... 28 Figura 6: Corte longitudinal de um modelo de chaminé de equilíbrio ......................... 29 Figura 7: Aplicações das turbinas em função da queda e descarga .............................. 32 Figura 8: Rotor Pelton com bocal injetor ..................................................................... 33 Figura 9: Turbina Pelton de 5 jatos .............................................................................. 34 Figura 10: Injetor e válvula-agulha de uma turbina Peltron ......................................... 35 Figura 11: Turbina Francis ........................................................................................... 36 Figura 12: Turbina Kaplan ........................................................................................... 37 Figura 13: Modelos construtivos de Kaplan “S” jusante .............................................. 38 Figura 14: Modelos construtivos de Kaplan “S” saxo .................................................. 39 Figura 15: Modelos construtivos de Kaplan “S” montante .......................................... 39 Figura 16: Projeto de turbina bulbo .............................................................................. 40 Figura 17: Localização dos principais elementos da PCH Guarita .............................. 41 Figura 18: Vista a montante da barragem ..................................................................... 42 Figura 19: Vista a jusante da barragem ........................................................................ 43 Figura 20: Vista de montanteda tomada d’água com grades de espaçamento maior. . 44 Figura 21: Vista de montante da tomada d’água com grades de espaçamento menor . 45 Figura 22: Vista da parte inicial do túnel de adução .................................................... 46 Figura 23: Vista da Chaminé de Equilíbrio .................................................................. 47 Figura 24: Vista da tubulação forçada .......................................................................... 48 Figura 25: Vista da casa de máquinas .......................................................................... 49 Figura 26: Turbina Hidráulica e Gerador ..................................................................... 50 Figura 27: Vista da casa de máquinas .......................................................................... 51 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Classificação das PCH quanto à potência e quanto à queda de projeto ...... 20 LISTA DE SIGLAS ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ANA Agência Nacional de Águas ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica CEEE Companhia Estadual de Energia Elétrica CERILUZ Cooperativa Regional de energia e desenvolvimento de Ijuí Ltda CGH Central Geradora Hidrelétrica CGU Central Geradora Undi-elétrica CHD Centrais Hidrelétricas de Desvio CHR Centrais Hidrelétricas de Represamento CHV Centrais Hidrelétricas de Derivação DEMEI Departamento Municipal de Energia de Ijuí DSG Diretoria do Serviço Geográfico do Exército Efe Energia firme EOL Central Geradora Eolielétrica Fc Fator de capacidade IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística kW Quilowatt kWh Quilowatt-hora MW MegaWatt MWh MegaWatt-hora PCH Pequena Centra Hidrelétrica RGE Rio Grande Energia RPM Rotações Por Minuto SOL Central Geradora Solar Fotovoltaica SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 13 OBJETIVOS DE PESQUISA ......................................................................... 14 1.1.1 Delimitação .................................................................................................. 15 2 O QUE É UMA PCH ....................................................................................... 16 TIPOS DE PCH .............................................................................................. 17 2.1.1 Fio d’Água ................................................................................................... 18 2.1.2 PCH de acumulação, com acumulação diária de reservatório. .................... 19 2.1.3 Com regularização mensal de reservatório. ................................................. 19 PCH QUANTO AO SISTEMA DE ADUÇÃO ............................................. 19 2.2.1 Adução em baixa pressão com escoamento livre em canal / alta pressão em conduto forçado; 19 2.2.2 Adução em baixa pressão por meio de tubulação / alta pressão em conduto forçado. 20 PCH QUANTO À POTÊNCIA INSTALADA E QUANTO À QUEDA DE PROJETO 20 CENTRAL HIDRELÉTRICA ........................................................................ 20 2.4.1 Barragem ...................................................................................................... 21 2.4.2 Tomada d’água ............................................................................................ 23 2.4.3 Desarenador ................................................................................................. 24 2.4.4 Canal de adução ........................................................................................... 25 2.4.5 Câmara de carga .......................................................................................... 26 2.4.6 Chaminé de Equilíbrio ................................................................................. 28 2.4.7 Conduto forçado .......................................................................................... 29 2.4.8 Túnel de Adução .......................................................................................... 29 2.4.9 Casa de força ................................................................................................ 30 2.4.10 Canal de Fuga .............................................................................................. 31 TURBINAS HIDRÁULICAS ........................................................................ 31 2.5.1 Turbina Pelton ............................................................................................. 33 2.5.2 Turbina Francis ............................................................................................ 35 2.5.3 Turbina Kaplan ............................................................................................ 36 3 PCH GUARITA ............................................................................................... 41 ESTRUTURAS EXISTENTES ...................................................................... 42 3.1.1 Barragem ...................................................................................................... 42 3.1.2 Tomada d’água ............................................................................................ 43 3.1.3 Túnel de Adução .......................................................................................... 45 3.1.4 Chaminé de Equilíbrio e Conduto forçado .................................................. 46 3.1.5 Casa de força ................................................................................................ 48 3.1.6 Turbina e Gerador ........................................................................................ 49 3.1.7 Canal de Fuga .............................................................................................. 50 4 REPOTENCIALIZAÇÃO .............................................................................. 52 ALTEAMENTO DA BARRAGEM ............................................................... 52 TROCA DO GRUPO-GERADOR ................................................................. 52 NOVAS TURBINAS ...................................................................................... 52 ANÁLISE HIDROENERGÉTICA ................................................................ 53 4.4.1 Alteamento da Barragem ............................................................................. 54 4.4.2 Troca do Grupo Gerador .............................................................................. 56 4.4.3 Novas turbinas ............................................................................................. 57 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 59 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 61 ANEXO A - FLUXOGRAMA DE ATIVIDADES PARA ESTUDOS E PROJETO BÁSICO DE PCH. ............................................................................................................. 64 13 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica 1 INTRODUÇÃO O desenvolvimento da sociedade sempre esteve relacionado ao desenvolvimento tecnológico da energia elétrica. Com a crescente demanda de energia elétrica tem-se a preocupação de como manter um nível de desenvolvimento, sem ocorrer impactos negativos ao meio ambiente. Atualmente os seres humanos são dependentes da energia elétrica, ficam parcialmente limitados se por alguma forma ficarem sem serviços de eletricidade. Essalimitação ou indisponibilidade de energia elétrica pode vim a ocorrer com o aumento dessa dependência ao passar dos anos. Para tentar suprir a demanda atual, o ser humano tem desenvolvido diferentes recursos energéticos, alguns renováveis e outros com expectativa de vida bem curta. Tais como energia solar, energia eólica, energia atômica, carvão mineral, petróleo e a energia hidráulica. Uma fonte de energia com o recurso mais abundante da Terra é a água, com um volume estimado de 1,36 bilhões de quilômetros cúbicos (km³). Além de ser uma das poucas fontes de produção de energia da qual não contribui para o principal problema ambiental da atualidade – o aquecimento global. As usinas hidrelétricas são uma boa alternativa para utilizarem esse recurso abundante no planeta Terra e suprir as necessidades de energia elétrica. Pois podem ser usadas tanto em pequenas como grandes potências instaladas, apresentam uma grande durabilidade de equipamentos com tecnologia consolidada. No Brasil, as grandes hidrelétricas já deslocaram de suas terras cerca de mais de um milhão de pessoas, inundando mais de 34 mil de km² de terras férteis, florestas, modificando e destruindo culturas e biodiversidade (PAIM, 2006). É importante ser mencionado também que um projeto de uma usina hidrelétrica abrange vários ramos da engenharia tais como, hidráulica, mecânica dos solos e das rochas, estatística, mecânica, eletricidade, etc. Um só homem não pode ser especializado em todas essas ciências e por isso o projeto é o resultado dos estudos de uma equipe de engenheiros, liderada por um coordenador que deve ter conhecimento em todos os setores (SCHREIBER, 1977). 14 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 Para o projeto de uma usina hidrelétrica ser bem elaborado é preciso seguir um fluxograma de atividades para estudos e projeto básico de PCH (ANEXO A), respeitando as diversas normas e exigências existentes para tal. Depois de aprovados os projetos é importante seguir o fluxograma de implantação de uma PCH (ANEXO B) para que aquilo que foi projetado seja executado dentro daquilo que se espera do aproveitamento. A repotencialização de PCHs é de grande importância, além de não poluírem, não causam impactos negativos ao meio ambiente pois possuem reservatórios pequenos. Também pode-se levar em conta que esse tipo de PCH tem um grande valor histórico, tendo um alto potencial turístico. O processo de repotencialização é indicado para PCHs com mais de 50 anos, pois esses equipamentos geralmente são encontrados com defasagem de tecnologia e obsolescência de dimensionamento da usina. A repotencialização pode agregar ganhos de vazão, queda e rendimento, incrementando a potência gerada com respectivos ganhos. O custo médio de uma repotencialização mantem-se em valores menores ao custo médio de uma construção de novas centrais hidrelétricas. Este trabalho se dispõe ao desenvolvimento no sentido de aperfeiçoar, utilizando métodos e equipamentos com tecnologias atuais que se deseja realizar o estudo de repotencialização da PCH. É importante salientar que a melhoria das usinas já existentes através da repotencialização não supri por si só a demanda de energia no país, mas já é um começo para buscar soluções. Sendo que a repotencialização de empreendimentos hidrelétricos está sendo vista como a melhor estratégia para transformação de ativos de baixa performance em ativos de alta rentabilidade. OBJETIVOS DE PESQUISA Objetivo Geral Este trabalho tem como objetivo reavaliar o potencial hidrelétrico, levando em conta os dados pré-existentes da PCH, considerando a legislação e exigências técnicas previstas pelo órgão regulador relacionadas ao estudo da repotencialização energética, visando um novo potencial energético. 15 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica Objetivos específicos: Dentro do objetivo geral, existem assuntos que serão analisados com maior profundidade e dedicação, de forma a: Revisar a classificação das PCHs, observando a classificação para um maior aproveitamento no estudo; Avaliar a pequena central hidrelétrica do Guarita, trançando um cenário hipotético de repotencialização; Avaliar o funcionamento da PCH em estudo, observando a possibilidade de repotencialização; Remodelar o projeto existente a partir de dados do estudo, modificando e readequando com o intuito de qualificá-la, para aumentar a energia gerada; Verificar qual das alternativas de repotencialização se tornará mais adequada para tal melhoria. 1.1.1 Delimitação O projeto visa comparar os diversos tipos de repotencialização possíveis para uma PCH, utilizando diferentes métodos e equipamentos com tecnologias atuais possibilitando um melhor aproveitamento energético. 16 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 2 O QUE É UMA PCH Na primeira edição do Manual (ELETROBRÁS, 2000), uma Usina Hidrelétrica era considerada como uma PCH quando: A potência instalada total estivesse compreendida entre 1,0 MW e 10 MW; A capacidade do conjunto turbina-gerador estivesse compreendida entre 1,0 MW e 5,0 MW; Não fossem necessárias obras em túneis (conduto adutor, conduto forçado, desvio de rio, etc.); A altura máxima das estruturas de barramento do rio (barragens, diques, vertedouro, tomada d’água, etc.) não ultrapassasse 10 m; A vazão de dimensionamento da tomada d’água fosse igual ou inferior a 20 m³/s. Segundo artigo 2 da Resolução Aneel no 395, de 4 de dezembro de 1998, ouve algumas mudanças institucionais para reavaliar o enquadramento desses conceitos, mudando a metodologia de projetos em geral. Posteriormente passou a valer, a Resolução Aneel no 652, de 9 de dezembro de 2003, que complementa a resolução anterior: Segundo esta mesma resolução, se a área do reservatório exceder o limite de 3km² será considerado com características de PCH, se obedecerem uma das duas condições abaixo: Os empreendimentos hidrelétricos com potência superior a 1.000 kW e igual ou inferior a 30.000 kW, com área de reservatório igual ou inferior a 3,0km², serão considerados como aproveitamentos com características de pequenas centrais hidrelétricas. (ANEEL, 1998). Será considerado com características de PCH o aproveitamento hidrelétrico com potência superior a 1.000 kW e igual ou inferior a 30.000 kW, destinado a produção independente, autoprodução ou produção independente autônoma, com área de reservatório inferior a 3,0 km², (ANEEL, 2003) 17 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica I. Atendimento à equação 1: (1) Onde: A: é a área do reservatório (em km²); P: é a potência elétrica instalada (em MW); Hb: é a queda bruta (em m), indicada pela diferença entre os níveis de água máximo normal de montante e normal de jusante; II. Reservatório cujo dimensionamento, comprovadamente, foi baseado em outros objetivos que não o de geração de energia elétrica. Na primeira condição, para o atendimento da equação a legislação estabelece que a área do reservatório não pode ser superior a 13 km². Atualmentepassou a valer, a Resolução Aneel Nº 673, DE 4 DE AGOSTO DE 2015: 1º O aproveitamento hidrelétrico com área de reservatório superior a 13 km², excluindo a calha do leito regular do rio, será considerado como PCH se o reservatório for de regularização, no mínimo, semanal ou cujo dimensionamento, comprovadamente, foi baseado em outros objetivos que não o de geração de energia elétrica. 2º A regularização de que trata o §1º deste artigo será aferida por meio do volume útil e da vazão máxima turbinada. TIPOS DE PCH Será considerado com características de PCH o aproveitamento hidrelétrico com potência superior a 3.000 kW e igual ou inferior a 30.000 kW, destinado a produção independente, autoprodução ou produção independente autônoma, com área de reservatório inferior a 13,0 km², excluindo a calha do leito regular do rio (ANEEL, 2015) 18 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 Segundo as diretrizes da (ELETROBRÁS, 2000), para projetos de PCH, as usinas são classificadas quanto a capacidade de regularização, quanto ao sistema de adução, e quanto a potência instalada de projeto. Os tipos de PCH, quanto à capacidade de regularização do reservatório, são: A Fio d’Água; De Acumulação, com Regularização Diária do Reservatório; De Acumulação, com Regularização Mensal do Reservatório. Não fazem parte do escopo destas Diretrizes as centrais hidrelétricas de acumulação com regularização superior à mensal. Para essas, o usuário deverá consultar a bibliografia referida nestas. 2.1.1 Fio d’Água Esse tipo de PCH desconsideram-se os estudos de regulação de vazões. Toda a descarga do sistema de adução já deve ser projetada, descontando a vazão ambiental, fornecendo assim a potência que atenda a demanda máxima. O aproveitamento energético local será parcial e o vertedouro funcionará na quase totalidade do tempo (ELETROBRÁS, 2000). Esse tipo de PCH apresenta, dentre outras, as seguintes simplificações: Dispensa estudos de regularização de vazões; Dispensa estudos de sazonalidade da carga elétrica do consumidor; Facilita os estudos e a concepção da tomada d’água. No projeto: Não havendo flutuações significativas do NA do reservatório, não é necessário que a tomada d’água seja projetada para atender a depleções do NA; 19 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica Do mesmo modo, quando a adução primária é projetada através de canal aberto, a profundidade do mesmo deverá ser a menor possível, pois não haverá a necessidade de atender às depleções; Pelo mesmo motivo, no caso de ser necessário a instalação de chaminé de equilíbrio, a sua altura será mínima, pois o valor da depleção do reservatório, o qual entra no cálculo dessa altura, é desprezível; As barragens serão, normalmente, baixas, pois têm a função apenas de desviar a água para o circuito de adução; Como as áreas inundadas são pequenas, os valores despendidos com indenizações serão reduzidos. 2.1.2 PCH de acumulação, com acumulação diária de reservatório. Esse tipo de PCH é empregado quando as vazões de estiagem do rio são menores à necessária para fornecer a potência para suprir a demanda máxima do mercado consumidor e ocorrem com risco superior ao adotado no projeto (ELETROBRÁS, 2000). 2.1.3 Com regularização mensal de reservatório. Quando o projeto de uma PCH considera dados de vazões médias mensais no seu dimensionamento energético, analisando as vazões de estiagem médias mensais, presume-se uma regularização mensal das vazões médias diárias, promovida pelo reservatório (ELETROBRÁS, 2000). PCH QUANTO AO SISTEMA DE ADUÇÃO As centrais quanto ao sistema de adução podem ser classificadas como (ELETROBRÁS, 2000): 2.2.1 Adução em baixa pressão com escoamento livre em canal / alta pressão em conduto forçado; Geralmente usado quando as condições forem favoráveis a construção de um canal, em rios pequenos e de área de drenagem pequena. Usados para atingir elevados níveis de potência instalados. 20 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 2.2.2 Adução em baixa pressão por meio de tubulação / alta pressão em conduto forçado. Usado para o sistema de adução curto, a opção por tubulação única, para os trechos de baixa e alta pressão, deve ser estudada. Geralmente usado quando a distância do desvio até a casa de força é relativamente pequena. PCH QUANTO À POTÊNCIA INSTALADA E QUANTO À QUEDA DE PROJETO As PCHs podem ser ainda classificadas quanto à potência instalada e quanto à queda de projeto, considerando-se os dois parâmetros conjuntamente, uma vez que um ou outro isoladamente não permite uma classificação adequada (ELETROBRÁS, 2000). Para as centrais com alta e média queda, onde existe um desnível natural elevado, a casa de força fica localizada, geralmente, afastada da estrutura do barramento. Como resultado, a concepção do circuito hidráulico de adução envolve, rotineiramente, canal ou conduto de baixa pressão com extensão longa (ELETROBRÁS, 2000). Para as centrais de baixa queda, todavia, a casa de força fica, normalmente, junto da barragem, sendo a adução feita através de uma tomada d’água incorporada ao barramento (ELETROBRÁS, 2000). Tabela 1 - Classificação das PCH quanto à potência e quanto à queda de projeto Fonte: ELETROBRÁS, 2000 CENTRAL HIDRELÉTRICA A energia hidrelétrica é gerada pelo aproveitamento do fluxo das águas em uma usina na qual as obras civis – que envolvem a construção e o desvio do rio e a formação do reservatório – são tão ou mais importantes que os equipamentos instalados. Por isso, ao contrário do que ocorre 21 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica com as usinas termelétricas, para a construção de uma hidrelétrica é imprescindível a contratação da chamada indústria da construção pesada (Aneel). A usina hidrelétrica é uma instalação onde a barragem, componente da usina, represa as águas de um rio formando um reservatório. A energia potencial, que é a energia existente entre o nível do reservatório antes da barragem e o nível do rio após a barragem, transforma-se em energia cinética (associada com o movimento), conduzida por meio de tubulações até um motor hidráulico chamado Turbina Hidráulica (SANTANDER, 2014). A central hidrelétrica compõe- se por: 2.4.1 Barragem Para a construção da barragem é necessária a construção de uma barragem provisória, conhecida como ensecadeira. Essa barragem é construída com a finalidade de desviar o rio, por tempo determinado, para que a obra possa ser realizada, sendo depois destruída ou ficando submersa (SOUZA, e BORTONI, 1999). Segundo esses autores, a barragem para projetos de pequenas centrais hidrelétricas, é a estrutura que tem a finalidade de represar e fazer o desvio da água, para a possibilitar a alimentação da tomada d’água e adução. As Figuras 1 e 2 ilustram um modelo de barragem de concreto. A prática atual em projetos de aproveitamentos hidrelétricos tem adotado, preferencialmente, os seguintes tipos de barragem: De terra, em seção homogênea em solo; Mista; Em arco; De enrocamento; De concreto, convencional ou compactadoa rolo (CCR), em seção tipo gravidade. 22 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 Figura 1: Vista de jusante de uma barragem de concreto Fonte: ELETROBRÁS, 2000 Figura 2: Corte lateral de uma barragem de concreto. Fonte: ELETROBRÁS, 2000 23 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica 2.4.2 Tomada d’água Segundo o Manual de Diretrizes para Projetos de PCH da ELETROBRÁS tomada d’água é a estrutura encarregada de desviar a água da represa até o canal, e deve ser dimensionada para uma vasão máxima de projeto e para uma velocidade máxima de escoamento na grade de 1 m/s. Costumam ser responsável por uma série de elementos adicionais: sistema de desbaste (barras com pentes de limpeza ou barreiras de limpeza), com a função de evitar a entrada de peixes, e uma comporta com vertedouro para regular a entrada de água. Essa estrutura deve ser projetada para suportar a passagem de uma enchente, aplicando-se a fórmula para a descarga livre de vertedouros (ELETROBRÁS, 2000). Para tomadas de água submersas deve-se verificar a eventualidade da formação de vórtices junto a estrutura, deve-se investigar a submergência da aresta através da Modelo de Gordon J. L. (“Vortices at Intakes”, WP&DC, April, 1970) apresentado na equação 2: (2) Onde: C: 0,7245 ou 0,5434 (para unidades métricas), para escoamento de aproximação assimétrico e simétrico, respectivamente; V: velocidade do escoamento (m/s) na região da comporta; D: altura do conduto de adução (m). Quando se projeta a tomada d’água, deve-se tomar cuidado com as componentes de proteção e manutenção desse sistema, como grade grossa, stop-log e comporta de serviço, com isso o sistema de geração não será prejudicado com sedimentos e sujeiras vindas do rio. A Figura 3 ilustra um modelo da estrutura em planta baixa. 24 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 Figura 3: Planta baixa de um modelo de tomada d’água Fonte: ELETROBRÁS, 2000 2.4.3 Desarenador É uma câmara posicionada a montante da estrutura da tomada d’água, destinada à decantação da totalidade ou parte do material sólido grosso, com granulometria compreendida entre 0,1 mm e 10 mm, transportado pelo escoamento (ELETROBRÁS, 2000). Para evitar prejuízos e deterioração na estrutura da usina, constrói-se um desarenador. O projeto mais simples compõe-se de um tanque com uma grade ou um degrau, para diminuir a velocidade da água que vem pelo canal (ELETROBRÁS, 2000). Não possuir um desarenador pode provocar: 25 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica Redução da seção do canal por sedimentação; Redução da capacidade do tanque de carga; Aumenta o desgaste do conduto, injetores e turbinas, aumentando os custos de manutenção e reduzindo a vida útil da usina. 2.4.4 Canal de adução O canal de adução geralmente é construído de concreto, e costumam ser executados à céu aberto. É de grande importância, pois é através dele que a água parte da tomada até a câmara de carga. Podem ser construídos em formas retangulares, semicirculares, trapezoidais ou de seção irregular (OLIVEIRA, 2012). Quando se tem um conduto forçado muito elevado faz-se necessário usar as chaminés de equilíbrio. O dimensionamento do canal deverá ser efetuado em sintonia com os parâmetros definidos anteriormente para o projeto da tomada d’água (ELETROBRÁS, 2000). A sequência de cálculo a ser utilizada no dimensionamento preliminar das dimensões do canal é dada a seguir: Definir a inclinação dos taludes (m), com base nas características geotécnicas do material do terreno, que garanta a estabilidade do canal. Fixar, inicialmente, a lâmina d’água máxima (hmax) no canal igual a 1,0 m. Subtraindo-se da elevação do NA mínimo do reservatório determina-se a cota do fundo do canal. Fixar a velocidade máxima admissível no canal (Vmax), para escoamento com o tirante de 1,0 m, a partir, também, das características geotécnicas do material do terreno; essa velocidade deve ser compatível com a velocidade do escoamento a jusante da tomada d’água. 26 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 Estimar a largura necessária do canal (b), a partir da vazão de projeto, da velocidade máxima admissível e da lâmina d’água fixada, com base na Equação da Continuidade, como apresentado a seguir na equação 3. (3) 2.4.5 Câmara de carga A câmara de carga é a estrutura que se localiza entre o canal de adução e a tomada d’água. Do mesmo modo, possui um vertedouro lateral que permite evacuar toda a vazão no caso de uma parada rápida da turbina ou de uma enchente. Também serve como deposito de regulação, mesmo que só tenha capacidade de fornecer o volume necessário para o funcionamento das turbinas sem intermitência. (ADRADA, T., MANCEBO, J.A. e MARTINEZA, C.,2013). As Figuras 4 e 5 ilustram em planta baixa e corte respectivamente esse tipo de estrutura. Para alturas de queda maiores que 25 m, como prevenção, deverá ter um volume de água suficiente para atender a total funcionamento de uma turbina, com vazão de projeto, durante 60 segundos. E deverá ser dimensionada por engenheiros hidráulicos e mecânicos (ELETROBRÁS, 2000). No projeto da câmara de carga, devem ser observados os seguintes aspectos: Visando-se manter o escoamento tranquilo, deve-se evitar, sempre que possível, mudanças bruscas de direção na transição canal de adução/câmara de carga e câmara de carga/tomada d’água (ELETROBRÁS, 2000); As “zonas mortas” e zonas de turbulência devem ser evitadas e/ou minimizadas (ELETROBRÁS, 2000). 27 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica Figura 4: Planta baixa de um modelo de câmara de carga. Fonte: ELETROBRÁS, 2000 28 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 Figura 5: Corte lateral de um modelo de câmara de carga. Fonte: ELETROBRÁS, 2000 2.4.6 Chaminé de Equilíbrio É uma estrutura de concreto construída no conduto forçado, quando necessário, a chaminé de equilíbrio deve ser instalada o mais próximo possível da casa de força, para reduzir o comprimento do conduto forçado e diminuir os efeitos do golpe de aríete (ELETROBRÁS, 2000). A Figura 6 ilustra um modelo de chaminé de equilíbrio. E suas principais finalidades são: Amortecer as variações de pressão, que se propagam pelo conduto forçado, golpe de aríete, decorrente do fechamento rápido da turbina; Armazenar água para fornecer ao conduto forçado o fluxo inicial provocado pela nova abertura da turbina, até que se estabeleça o regime contínuo. 29 ______________________________________________________________________________Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica Figura 6: Corte longitudinal de um modelo de chaminé de equilíbrio Fonte: ELETROBRÁS, 2000 2.4.7 Conduto forçado O conduto forçado é construído de aço com reforçadores e apoios desenhados para esforços, incluindo possíveis golpes do martelo de água, resistência a solicitações constantes e a forças por mudanças de direção. O conduto parte da câmara de carga e leva a água ao edifício da usina e a turbina instalada (ELETROBRÁS, 2000). A espessura do conduto é calculada em função da vazão, com velocidades máximas de 4 a 5 m/s, e tem uma espessura mínima de 5 a 6mm. É necessário levar em conta no dimensionamento do diâmetro as perdas de carga no próprio conduto. Estas perdas diminuem com o aumento do diâmetro, mas ao mesmo tempo aumentam o custo (ADRADA, T., MANCEBO, J.A. e MARTINEZA, C.,2013). 2.4.8 Túnel de Adução Quando a casa de força da PCH não é incorporada ao barramento, poderá ser cogitada a adução das vazões através de túnel. Essa opção, habitualmente, será considerada nos seguintes casos: 30 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 Quando a topografia for desfavorável à adução em canal ou conduto de baixa pressão (ELETROBRÁS, 2000); Quando a rocha no trecho a ser atravessado pelo túnel se mostrar de boa qualidade, de baixa permeabilidade e sem suspeita de ocorrência de materiais erodíveis ou solúveis (ELETROBRÁS, 2000); Quando houver suficiente cobertura de rocha ao longo da diretriz prevista para o túnel (ELETROBRÁS, 2000); Quando houver solução econômica para a implantação de uma chaminé de equilíbrio (se esse dispositivo se mostrar necessário) (ELETROBRÁS, 2000). 2.4.9 Casa de força Neste que estão abrigados a turbina, o gerador, quadros elétricos de controle, sistema de regulação, válvula de guarda e de desvio e o sistema de descarga ao rio. Normalmente a casa de máquinas deve ficar situada um pouco acima do nível de cheia do rio (NOGUEIRA, F., FILHO, G., 2007). A casa de força geralmente é construída ao lado do rio ao qual a água voltara. E deverá ser projetada dependendo do tipo e número de máquinas a serem utilizadas e o tamanho das mesmas. É comum possuir um guindaste de ponte, ainda que em alguns casos pode ser suficiente um guindaste portátil durante a montagem e operações de manutenção. Deve-se considerar também que, devido ao tamanho e viabilidade da instalação, a usina somente será visitada ocasionalmente (ADRADA, T., MANCEBO, J.A. e MARTINEZA, C.,2013). Deve-se prever uma ponte rolante para os trabalhos de montagem e desmontagem em manutenções programadas. Há necessidade de se ter uma sala para o centro de operações (ELETROBRÁS, 2000). Segundo (ADRADA, T., MANCEBO, J.A. e MARTINEZA, C.,2013) a localização do edifício responde a uma seleção meticulosa baseada no projeto da central. Basicamente procura- se: Facilidade para a entrada do conduto forçado; 31 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica Capacidade para alojar todos os componentes; Facilidade para a aspiração e descarga; Cumprimento das normas relativas a este tipo de instalações, incluída a legislação ambiental; Minimizar o custo de implantação como medida para garantir a viabilidade da exploração. 2.4.10 Canal de Fuga É um canal que tem por objetivo devolver a água que foi utilizada na geração ao leito original do rio (NOGUEIRA, F., FILHO, G., 2007). O seu dimensionamento será sempre preservado pelo tipo e dimensões da casa de força e pela distância entre a casa de força e o rio. Quando esse canal for escavado em rocha, deverá procurar reduzir a sua escavação no dimensionamento hidráulico, sem provocar um aumento das perdas de carga (ELETROBRÁS, 2000). TURBINAS HIDRÁULICAS As turbinas hidráulicas utilizadas nas PCH devem ser escolhidas de modo a se obter facilidade de operação e de manutenção, dando-se grande importância à sua robustez e confiabilidade, pois a tendência é de que a usina seja operada no modo não assistido (ELETROBRÁS, 2000). Segundo (FILHO, G., NOGUEIRA, F., 2007), sobretudo existem dois tipos de turbinas hidráulicas: as de ação e as de reação. Nas turbinas de ação, a energia hidráulica disponível é transformada em energia cinética para, depois de incidir nas pás do rotor, transformar-se em mecânica: tudo isto ocorre à pressão atmosférica. Classificam-se como turbinas de ação: as turbinas Pelton com um ou mais jatos, a turbina de Fluxo Cruzado, Michell–Banki, e a turbina Turgo. Nas turbinas de reação o rotor é completamente submergido na água. Com o escoamento da água, ocorre uma variação de pressão e de velocidade no escoamento, entre a entrada e a saída 32 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 do rotor. São classificadas como turbinas de reação: a Francis, a hélice e a Kaplan, com suas variantes. Através da análise das condições de vasão, queda líquida, altitude do local, conformação da rotação da turbina com a do gerador e altura de sucção, no caso de máquinas de reação, que se verifica qual tipo de turbina se adequa. Basicamente o uso das turbinas hidráulicas se concentra no tipo Peltron, nas maquinas de ação; e Francis e Kaplan, para as maquinas de reação (ELETROBRÁS, 2000). A Figura 7 ilustra a aplicação de turbinas conforme a descarga e queda. Figura 7: Aplicações das turbinas em função da queda e descarga Fonte: ELETROBRÁS, 2000 33 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica 2.5.1 Turbina Pelton A turbina Pelton foi criada pelo americano Allan Lester Pelton. Em 1878 iniciou experimentos evolvendo rodas d’água que o conduziram a invenção de um novo conceito de rodas d’água baseadas no chamado “splitter”. São turbinas de ação e escoamento tangencial. Operam com altas quedas de 350 até 1.100 metros, e baixas vazões. Pode ter um rendimento de 94%. Este modelo de turbina é constituído por um rotor dotado de pás em forma de conchas na qual a energia é transferida do rotor através da ação do jato de agua que sai do injetor e bate sobre as pás. O principal problema é o desgaste nas pás que devido à alta velocidade causa ao chocar-se no rotor (FILHO, G., NOGUEIRA, F., 2007). A Figura 8 mostra o uma turbina Pelton no qual um único injetor é utilizado, embora possam ser utilizadas múltiplos injetoras para direcionar a água em direção as pás. Figura 8: Rotor Pelton com bocal injetor Fonte: Industrial Consultancy Services, 2017 Essas turbinas podem ser de eixo vertical ou horizontal e podem ter até 6 jatos d’água. Na Figura 9 podemos ver uma turbina Peltron com 5 jatos. 34 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 Figura 9: Turbina Pelton de 5 jatos Fonte: Voith Hydro Power, 2017 A regulação da velocidade da turbina Peltron é realizada fazendo-se o ajuste do fluxo da água nos injetores através das válvulas de agulha, a qual varia a abertura do injetor deslocando-a longitudinalmente (COSTA, 2013) A Figura 10 ilustraeste esquema, pode-se comparar como as regulagens de algumas mangueiras de jardim. 35 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica Figura 10: Injetor e válvula-agulha de uma turbina Peltron Fonte: COSTA,2013 2.5.2 Turbina Francis No ano de 1874, nos EUA, o engenheiro Inglês James Bicheno Francis (1815-1892), foi encarregado de estudar uma turbina para o aproveitamento energético do desnível de um rio. No qual focou seus interesses na máquina centrípeta de Samuel Dowd (1804-1879). As modificações que ele fez no equipamento foram tão significativas que a turbina acabou ganhando seu nome, ficando então conhecida como turbina Francis. As turbinas Francis utilizam o tubo de sucção para conduzir a água da saída do rotor até o poço. Com isso a água escoa de uma forma contínua ao invés de ser descarregada livremente na atmosfera, implicando assim em um ganho na energia cinética na saída do rotor e também um ganho topográfico entre a saída do rotor e o nível da água no poço. Na Figura 11 podemos observar uma turbina Francis (JUNIOR, 2015). 36 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 Figura 11: Turbina Francis Fonte: Voith Hydro Power, 2017 As Turbinas Francis são turbinas com escoamento radial (lenta e normal) e escoamento misto (rápida). Ideais para quedas de 15 a 250 metros. Pode alcançar rendimentos de 85 a 93%. Elas podem estar inseridas em uma caixa espiral, ou, em instalações de menor porte, sem caixa espiral, em caixas cilíndricas ou em um poço de caixa aberta (FILHO, G., NOGUEIRA, F., 2007). As turbinas Francis podem ser construídas com eixo horizontal, a qual se torna mais econômica pois se tem uma casa de força menor; e a de eixo vertical que atingem um rendimento melhor em maiores tamanhos e em menor quantidade (AZEVEDO, 2008). A distribuição da água sobre as pás do rotor é feita por meio de pás diretrizes, que são controladas externamente as quais distribui simétrica e simultaneamente a água sobre as pás do rotor (JUNIOR, 2013). 2.5.3 Turbina Kaplan Como a turbina Francis tinha algumas deficiências sob quedas baixas, ouve então a invenção das turbinas de hélices. Nesse tipo de turbina o rotor é constituído por um núcleo central, 37 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica fixo a extremidade da árvore principal, o qual sustenta um pequeno número de pás em forma de hélice (SCHREIBER, 1977). A Figura 12 ilustra a turbina Kaplan. Figura 12: Turbina Kaplan Fonte: Voith Hydro Power, 2017 As turbinas-hélices são divididas em pás fixas ou ajustáveis. As turbinas com pás fixas têm sua curva de rendimento muito aguda, sendo assim, se a carga for um pouco menor ou maior que a do ponto ótimo, já temos uma rápida caída de rendimento. Já para as turbinas Kaplan com pás ajustáveis não se tem esse defeito (SCHREIBER, 1977). As turbinas Kaplan são utilizadas para baixas quedas e altas descargas. Quando as turbinas Kaplan são projetadas com eixo horizontal, elas são classificadas da seguinte forma: 38 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 Turbinas tubulares: O receptor de pás fixas ou orientáveis é colocado num tubo por onde a água corre, e o eixo, horizontal ou inclinado, aciona um alternador colocado externamente ao tubo (MACINTYR,1990). A turbina tubular atende quedas de 4 a 25m e potências entre 500 e 5000 kW para vazões de até 22,5m³/s, e possui excelentes características de operação, mesmo com cargas parciais. Se adicionarmos um distribuidor regulável, caracterizando assim uma turbina de dupla regulação, a faixa de operação irá de 100% até 20% de carga nominal (ELETROBRÁS, 2000). As turbinas tubulares, também conhecidas como turbinas Kaplan “S”, são instaladas, podendo ser do tipo jusante (Figura 13), saxo (Figura 14) ou montante (Figura 15). Figura 13: Modelos construtivos de Kaplan “S” jusante Fonte: ANTLOGA, e VASCONCELLOS, 2007 39 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica Figura 14: Modelos construtivos de Kaplan “S” saxo Fonte: ANTLOGA, e VASCONCELLOS, 2007 Figura 15: Modelos construtivos de Kaplan “S” montante Fonte: ANTLOGA, e VASCONCELLOS, 2007 40 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 Turbinas Bulbo: Nessa turbina existe uma espécie de bulbo, colocado no interior do tubo adutor da água. No interior do bulbo, que é uma câmara blindada, pode existir um sistema de transmissão por engrenagens, para transmitir o movimento da hélice ao alternador, e/ou, como existem nos modelos aperfeiçoados, no interior do bulbo fica o próprio gerador elétrico (MACINTYR, 1990). A turbina bulbo dispensa a caixa em caracol e o trecho vertical do tubo de sucção. O espaço ocupado em planta. Para um mesmo diâmetro de rotor, a turbina bulbo absorve uma descarga maior que as Kaplan, resultando daí maior potência a plena carga (MACINTYR, 1990). A Figura 16 demostra um projeto de turbina bulbo. Essa turbina opera em quedas de 4 a 12 m com uma potência de até 1700 kW, e é utilizada como alternativa a turbina tubular, incluindo multiplicador de velocidade, que permite que o gerador fique com eixo a 90º do eixo da turbina. O limite de potência se deve mais ao multiplicador de velocidade do que a própria turbina (ELETROBRÁS, 2000). Figura 16: Projeto de turbina bulbo Fonte: ANTLOGA, e VASCONCELLOS, 2007 41 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica 3 PCH GUARITA A PCH Guarita está localizada no rio Guarita. A localização da PCH tem as coordenadas de 27º 36' 24,7" S de latitude e 53º 34' 26,6" W de longitude. A barragem se encontra na divisa entre os municípios de Erval Seco e Redentora no estado do Rio Grande do Sul. A casa de força está localizada em Erval Seco. A PCH Guarita pertence a CEEE-GT e entrou em operação no ano de 1953, o que corresponde a 64 anos de operação. A usina dispõe de uma potência instalada da ordem de 1,7 MW, sendo um grupo gerador. Esse grupo tem rendimento estimado de 69,8% e é formado por uma turbina Francis eixo horizontal e um gerador. A Figura 17 apresenta uma visão do terreno onde se localiza a PCH Guarita em conjunto com os principais elementos da PCH. A barragem está localizada na parte inferior da Figura 17, já a casa de força está localizada na parte superior. Figura 17: Localização dos principais elementos da PCH Guarita Fonte: Software Google Earth, 2017 42 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 ESTRUTURAS EXISTENTES As estruturas que compõem o arranjo são: barragem, tomada d’água, túnel de adução,chaminé de equilíbrio, tubulação forçada, casa de máquinas e canal de fuga. Estas serão comentadas a seguir: 3.1.1 Barragem A barragem é construída em concreto ciclópico, com um comprimento de crista de 100m. A Figura 18 abaixo apresenta a vista da barragem. O comprimento de crista corresponde aproximadamente ao comprimento total na direção perpendicular ao rio. A altura máxima da barragem sobre o nível do solo é de 7m, mas a altura na região do vertedouro é de 4m. Figura 18: Vista a montante da barragem Fonte: Autoria Própria, 2017 43 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica A Figura 19 apresenta uma vista do vertedouro que é do tipo soleira livre, sendo a cota da soleira igual ao nível máximo normal a montante. Verterá pelo vertedouro toda a água que chegar ao reservatório e estiver acima desse nível. Essa vazão é vertida porque está adiante da capacidade máxima projetada. Mas ainda não é a capacidade limite da barragem. O vertedouro tem comprimento de 60 metros e capacidade de vazão de 560m³/s Figura 19: Vista a jusante da barragem Fonte: Autoria Própria, 2017 3.1.2 Tomada d’água Esta estrutura foi construída junto a barragem. Pode-se perceber que a grade que protege o sistema eletromecânico, é dividida em duas partes, uma com um espaçamento maior e outra com espaçamento menor entre as grades, isso que serve para limitar a entrada de sedimentos e efluentes 44 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 oriundos do rio. A limpeza é feita manualmente pelo operador através de ferramenta adequada. As Figuras 20 e 21 ilustram a tomada d’água existente na PCH. Figura 20: Vista de montante da tomada d’água com grades de espaçamento maior. Fonte: Autoria Própria, 2017 45 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica Figura 21: Vista de montante da tomada d’água com grades de espaçamento menor Fonte: Autoria Própria, 2017 3.1.3 Túnel de Adução O túnel de adução tem comprimento de 960m e seção de 2,55m. O túnel conduz a água até o ponto mais próximo da casa de força. A Figura 22 mostra a parte inicia do túnel de adução existente na PCH. 46 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 Figura 22: Vista da parte inicial do túnel de adução Fonte: Autoria Própria, 2017 3.1.4 Chaminé de Equilíbrio e Conduto forçado A chaminé de equilíbrio tem um diâmetro de 8m e altura de 18,75m, já o conduto forçado tem diâmetro de 1,7m e comprimento de 76m. O desnível atualmente aproveitado é medido entre o nível de água dentro da chaminé de equilíbrio, e o nível de água a jusante da casa de máquinas. Esse nível tem o valor de 43,45m, já descontando as perdas de carga. A Figura 23 mostra a chaminé de equilíbrio e a Figura 24 ilustra a tubulação forçada da PCH Guarita. 47 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica Figura 23: Vista da Chaminé de Equilíbrio Fonte: Autoria Própria, 2017 48 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 Figura 24: Vista da tubulação forçada Fonte: Autoria Própria, 2017 3.1.5 Casa de força A casa de máquinas construída em alvenaria, com aproximadamente 235,04 m², abriga o grupo gerador, atuando em uma queda bruta de 47,23 metros. O gerador foi instalado em 1953. O 49 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica grupo gerador, em função da alta potência, se caracteriza pelas máquinas serem robustas. Foram construídos na posição horizontal. A Figura 25 ilustra a casa de máquinas. Figura 25: Vista da casa de máquinas Fonte: Autoria Própria, 2017 3.1.6 Turbina e Gerador A turbina utilizada é do tipo Francis, e a sua potência nominal unitária é de 2 MW com uma vazão nominal unitária é de 5,78m³/s. A rotação síncrona da turbina é de 450 rpm. O gerador tem potência nominal unitária de 2,2 MVA e uma tensão nominal de 8 kV com um fator de potência de 0,8. A rotação nominal do gerador é de 450 rpm. Por serem equipamentos antigos e robustos, estima-se que o rendimento do grupo turbina-gerador está em torno de 69,8%. Na Figura 26 é apresentado a turbina hidráulica e o gerador síncrono utilizados na PCH Guarita. 50 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 Figura 26: Turbina Hidráulica e Gerador Fonte: Autoria Própria, 2017 Segundo o estudo energético, a potência nominal da PCH é de 1,76 MW, mas a energia firme é de 1,10 MW. 3.1.7 Canal de Fuga O canal de fuga tem 20 m de extensão, e foi construído em curva para devolver a água ao rio aproximadamente na mesma direção em que segue a vazão remanescente, como mostra a Figura 27. 51 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica Figura 27: Vista da casa de máquinas Fonte: Autoria Própria, 2017 52 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 4 REPOTENCIALIZAÇÃO A repotencialização da PCH Guarita localizada no município de Erval Seco - RS, tem como sua principal finalidade o aumento da potência instalada e da energia gerada. Na qual é feita uma análise de estudos hidrológicos e hidro energéticos, realizando a partir daí os cálculos e projetos para o melhor aproveitamento da usina. Tipos de repotencialização: ALTEAMENTO DA BARRAGEM O princípio básico do alteamento da barragem é o de aumentar a queda líquida do aproveitamento, e proporcionalmente aumentar a potência instalada. O alteamento da barragem nada mais é do que aumentar a queda líquida do aproveitamento. Para o alteamento da barragem é necessário determinar os níveis de alagamento, com uma precisão topográfica para não haver possíveis impactos ambientais, no que acarretaria na não viabilização do projeto devido a altos custos com indenizações. Para essa modificação na barragem é preciso tomar alguns cuidados durante a obra, entre eles priorizar épocas de estiagem, fazer um desvio pela ombreira do rio e também utilizar uma comporta para esvaziar o reservatório para tal modificações. Apesar de ser uma obra relativamente impactante no sentido energético, o projeto não impõe muitas alterações na estrutura original na usina, não gerando grandes impactos ambientais. TROCA DO GRUPO-GERADOR Essa é uma alternativa relativamente simples, pois não será necessário fazer grandes modificações estruturais, e também pode ser vantajoso, pelo ponto de vista energético, realizar asubstituição dos equipamentos já que atualmente os geradores atingem rendimentos superiores a 96%. Com essa troca, se pode ter um melhor rendimento do conjunto, aumentando a potência instalada. O único cuidado necessário é fazer uma avaliação financeira do empreendimento. NOVAS TURBINAS 53 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica É um projeto de maior ambição e proporcionalmente um projeto que terá um custo de investimento maior, pois serão necessárias alterações nas tubulações e também na casa de força, adequando os mesmos para receber as turbinas novas. A atualização e modernização da usina com a substituição dos equipamentos antigos e colocando novos grupo Turbina – Gerador, poderá ser umas das repotencializações que poderá dar um retorno mais rápido dos investimentos. ANÁLISE HIDROENERGÉTICA É possível fazer a análise hidroenergética com base em dois aspectos que são: energia ativa adquirida e a demanda de potência ativa na ponta, que nada mais é do que estimar quanto efetivamente vai haver de aumento de energia gerada em cada caso. O aumento da potência instalada, mantendo o fator de capacidade, tem-se o aumento da energia firme, (ELETROBRÁS, 2000) conforme a equação 4: (4) Onde: Fc: É o fator de capacidade; Efe: É a energia firme (MW médios) considerando-se a vazão (Q) e a queda líquida (Hliq) constantes durante o funcionamento da usina (1 MW médio = 8.760 MWh por ano, durante a vida útil da usina); Pot: É a potência instalada (W); Para os cálculos de perdas serem precisos é necessário realiza-los por etapas, considerando cada elemento, estrutura, componente do sistema de geração e possíveis variações de queda e descarga. No caso em estudo, serão utilizados os parâmetros de queda bruta e líquida já pré- definidos, já descontados as perdas de carga. 54 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 O termo potencial hidráulico significa a energia cinética ou potencial da água dos rios e lagos que se concentra nos aproveitamentos hidrelétricos e é transformada em energia mecânica e, finalmente em energia elétrica (SCHREIBER, 1977) Em um aproveitamento hidrelétrico, a potência efetiva é dada por (SCHREIBER, 1977): (5) Onde: P = Potência efetiva ou potência instalada; Q = Descarga ou vazão (m³/s); n = Rendimento grupo turbina-gerador (unidade adimensional); 9,81 = Aceleração da gravidade (m/s²); 4.4.1 Alteamento da Barragem Com o aumento da barragem em 1 metro, a queda bruta total do aproveitamento fica estimada em 48,23 metros. Destes, 8% (3,85 metros) são considerados perdas de carga, consideradas bastante pessimistas em relação aos valores usuais. Com o aumento da altura da barragem pode-se aumentar a potência instalada repotencializada e a energia firme do aproveitamento, conforme a análise da equação 5: P = 9,81*0,698*5,78*44,45 (5) P = 1.759,23 kW Como é possível perceber, a potência foi aumentada dos 1.719,65 kW instalados para 1.759,23 kW repotencializados. A diferença, vista na equação 6, é o valor do ganho de potência instalada. Dpi = Pr – Pi (kW); (6) Onde: 55 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica Pr = Potência repotencializada (kW); Pi = Potência instalada (kW); Dpi = É a diferença entre a potência instalada e potência repotencializada (kW); Dpi = 1.759,23 – 1.719,65 = 39,58 kW (6) Utilizando um fator de capacidade de 0,65, e substituindo a diferença entre potência instalada e potência repotencializada na equação 7, tem-se: Efe = 0,65*39,58 = 25,73 kWh médios (7) Com esse valor obtido pela equação 7, se tem um valor estimado de quanto a PCH estará produzindo a mais. Multiplicando esse valor pelas horas do dia, e pelos dias do mês, resultara na quantia de potência média gerada durante o mês, conforme a equação 8: Efe mensal = Efe*horas*dias (8) Onde: Efe mensal = Energia firme mensal (kW médios mensais); Efe = Energia firme (kWh médios) Efe mensal = 25,73*24*30 (8) Efe mensal = 18.525,6 kW médios mensais Os resultados da equação (8) poderão ser descontados da energia mensal contratada. O custo da unidade do kWh é de 0,0868956 (base de referência: Nota Técnica n° 193/2017- SGT/ANEEL). É importante ressaltar que o cálculo é realizado apenas sobre a energia ativa contratada, não considerando os valores de descontos, e acréscimos existentes na base de dados referenciados. A equação (9) demonstra o valor em moeda corrente que efetivamente poderia ser descontado com os estudos realizados. Dm = Efemensal * Cd (9) 56 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 Onde: Dm: É o desconto mensal; Efe: É a energia firme mensal (kWh médios mensais); Cd: É o custo da energia mensal contratada em kWh (R$); Substituindo, vem: Dm = 18.525,6 * 0,0868956 (9) Dm = R$ 1.609,79 (mensais); Considerando que o custo de operação e manutenção fique na faixa de 4 % (R$ 64,39) da receita, o desconto mensal fica em torno de R$ 1.545,40. 4.4.2 Troca do Grupo Gerador Com a troca dos geradores, estima-se que é possível aumentar o rendimento do grupo turbina gerador dos 69,8 % atuais para 88%. Substituindo o rendimento do grupo turbina-gerador, juntamente com os demais parâmetros previamente definidos na equação 5, temos: P = 9,81*0,88*5,78*43,45 (5) P = 2.168,05 kW Como se percebe, a potência foi aumentada dos 1.719,65 kW instalados para 2.168,05 kW repotencializados. A diferença, vista na equação 6, é o valor do ganho de potência instalada. Dpi = 2.168,05 – 1.719,65 (6) Dpi = 448,4 kW Utilizando um fator de capacidade de 0,65, e substituindo a diferença entre potência instalada e potência repotencializada na equação 7, vem: Efe = 0,65*448,4 (7) 57 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica Efe = 291,46 kWh médios Com esse valor obtido pela equação 7, tem-se um valor estimado de quanto a PCH estará produzindo a mais. Multiplicando esse valor pelas horas do dia, e pelos dias do mês, resultara na quantia de potência média gerada durante o mês, conforme a equação 8: Efe mensal = 291,46*24*30 (8) Efe mensal = 209.851,2 kW médios mensais A energia firme mensal calculada poderá ser descontada da energia mensal contratada, reduzindo os custos conforme demonstrado no item 4.4.1. A substituição dos parâmetros na equação (9) demonstra o valor em moeda corrente que efetivamente poderia ser descontado com os estudos realizados. Dm = 209.851,2 * 0,0868956 (9) Dm = R$ 18.235,15 (mensais); Considerando que o custo de operação e manutenção fique na faixa de 4 % (R$ 729,40) da receita, o desconto mensal fica em torno de R$ 17.505,74. 4.4.3 Novas turbinas O investimento de maiores alterações físicas que será analisado é novo sistema de geração através da instalação de duas novas turbinas. Com esse sistema, o empreendimento possibilitará gerar maior quantidade de energia, gerando energia através de duas turbinas Francis com rendimentos de 88%, utilizando uma vazão de projetode Q =5m³/s para cada turbina, disponibilizando uma potência máxima na ordem de 3,75 MW. Através da substituição dos parâmetros Q = 5 m³/s, n = 0.88, H = 43,45m na equação (5), percebe-se que a potência instalada poderia ser na ordem de 1.875,47 kW por turbina, valores estes superiores aos valores existentes. Com a instalação das turbinas, a usina passa a ter um acréscimo na energia de 2.031,30 kW médios. Multiplicando esse valor pelas horas do dia, e pelos dias do mês, resultara na quantia de potência média gerada durante o mês, conforme a equação 8: 58 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 Efe mensal = 2.031,30*24*30 (8) Efe mensal = 2.031,30*24*30 = 1.462.536 kW médios mensais A energia mensal calculada poderá ser descontada da energia mensal contratada, reduzindo os custos conforme demonstrado no item 4.4.1. A substituição dos parâmetros na equação 9 demonstra o valor em moeda corrente que efetivamente poderia ser descontado com os estudos realizados. Dm = 1.462.536 * 0,0868956 (9) Dm = R$ 127.087,94 (mensais); Considerando que o custo de operação e manutenção fique na faixa de 4 % (R$ 5.083,51) da receita, o desconto mensal fica em torno de R$ 122.004,42. 59 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica CONCLUSÃO No senário atual mundial a população está consciente da necessidade da preservação ambiental para a manutenção da vida no planeta. Sabendo assim que as grandes hidrelétricas causam um maior impacto ambiental nas regiões implantadas. As PCHs têm um papel significativo como fontes alternativas de energia. Além de ser uma fonte limpa e renovável, têm como principais benefícios para os empreendedores o menor impacto ambiental. Apesar da evolução dos estudos, técnicas e tecnologia, para se ter um estudo com resultados mais precisos é necessário utilizar várias metodologias, analisando estudos anteriores e assim compara-los. A melhor escolha de aproveitamento depende diretamente dos estudos iniciais, interpretando a melhor forma que vai se adequar na central hidrelétrica. Essas escolhas vão determinar diretamente nos resultados de rendimento. O conhecimento do local onde se encontra o empreendimento é importante na hora de analisar os projetos e tomar as decisões. Existem características que nem sempre podem ser vistas apenas por estudos, levantamentos ou imagens. Uma visita com caráter técnico ao local tem extrema importância. Deve-se sempre estar atento a novos equipamentos e novas técnicas de utilização destes. A avaliação econômica deve estar sempre sendo analisada em grandes investimentos, para nunca fazer um grande investimento que não trará retorno durante a vida útil do equipamento, dedicando assim uma boa parte do estudo as avaliações econômico-financeiras. Avaliando a central hidrelétrica do Guarita e seu funcionamento atual foi possível verificar que a mesma já estava com uma defasagem de geração de energia muito grande, e com isso foi possível iniciar o estudo para traçar um cenário de algumas possibilidades de repotencialização. Após algumas pesquisas e leituras se deu início a remodelagem do projeto existente, sempre com o intuito de qualificar e readequar a PCH. Foi definido 3 formas a repotencialização as quais são: alteamento da barragem, troca do grupo gerador e instalação de novas turbinas. 60 _____________________________________________________________________________________________ Marcelo Schmitz Neumann (marceloneumitz@hotmail.com). Trabalho de Conclusão de Curso. Ijuí DCEENG/UNIJUÍ, 2017 Nas alternativas analisadas nesse trabalho, todos os estudos trouxeram resultados satisfatórios. No entanto observa-se que o esquema que analisa a repotencialização através da instalação de duas novas unidades turbina, é o que trará maior benefício energético para a região. Apesar de não possuir o valor do custo de implementação dos mesmos, acredita-se que as receitas do empreendimento darão condições de quitar a dívida num menor tempo, se comparado as alternativas. Para trabalhos futuros sugere-se: - Avaliação econômica financeira complexa; - Realizar um estudo hidrológico; - Realizar ampla pesquisa bibliográfica normativa junto ao órgão regulador; - Verificar orçamento junto a fabricantes; 61 ______________________________________________________________________________ Estudo de Repotencialização de uma Pequena Central Hidrelétrica REFERÊNCIAS ADRADA, T.; MANCEBO, J.A.; MARTINEZA. “Pequenas Centrais Hidrelétricas”, Rio de Janeiro, 2013. ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, “Resolução nº 652.”, 09 de dezembro, Brasília – DF, 2003. Disponível em:<http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/leitura_arquivo/arquivos/res2003652.pdf>. Acesso em 06/05/2017. ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, “Resolução nº 395.”, 4 de dezembro, Brasília – DF, 1998. Disponível em: http://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/legislacao/AGENCIAS/ANEEL/RS0395-041298.PDF acessado em 06/05/2017, acessado em 06/05/2017. ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, “Resolução nº 673.”, 4 de agosto, Brasília – DF, 2015. Disponível em: http://www.aneel.gov.br/documents/656877/14486448/ren2015673.pdf/35388ede-eba1-4750- 9734-d709f27fd00c?version=1.0, acessado em 06/05/2017. ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica, “ Energia Hidráulica, ”. Disponível em: http://www2.aneel.gov.br/arquivos/pdf/atlas_par2_cap3.pdf, acessado em 06/05/2017. ANTLOGA, Andréia; VASCONCELLOS, Ricardo C de. “Soluções em PCH’s”, Alstom power systems, 2007. 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