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A cartografia no ensino e os desafios do mapa da globalização Fernanda Padovesi Fonseca PODE-SE CARTOGRAFAR A GLOBALIZAÇÃO? • Se é um fenômeno geográfico, parece que sim; • Se ela é expressão de um espaço pode ser cartografada como qualquer outro fenômeno, em qualquer escala; •Mas, isso supõe escolher de maneira precisa e renovada o ato cartográfico • e, adotar uma ideia de globalização compatível com uma apreensão renovada do fenômeno. 1. Todo mapa deve levar em conta e traduzir um pensamento geográfico que o precede – o que supõe uma teoria do espaço, mesmo que ela esteja implícita, até mesmo inconsciente. 2. O pensamento geográfico da globalização deve ser capaz de se abstrair, ao menos particularmente, dos pressupostos veiculados pelos mapas-múndi existentes. 3. As imagens constituem a nossa compreensão de mundo. O mundo não é só constituído pelo mundo, mas também pelas representações desse mundo. 4. É cada vez mais evidente que os produtos cartográficos não são apenas representações do espaço, eles são elementos estruturais da própria produção desse espaço. 5. O mapa e as imagens tem que ser polo consistente de discurso. 6. Considerar que os elementos constituintes dos mapas: escala, projeção, métrica e semiologia estão naturalizados. O que é a globalização (ou mundialização)? • Emergência do Mundo como espaço; •Processo pelo qual a extensão planetária torna-se um espaço. • Trata-se hoje, de uma emergência de novas escalas, de novos poderes políticos, da escala mundial, de novos lugares, de acréscimo de mobilidades, de novos mundos que se articulam ao Mundo; • Tudo implica num grande desafio para a Cartografia MUDANÇA DE ESCALA: INOVAÇÃO GEOGRÁFICA MAIOR •Gera um problema cartográfico por duas razões: •1. Questão gráfica da unidade do mundo que costuma ser tratada (de forma obscurantista) em torno da projeção. Qual seria a melhor ? •Projetar é escolher um centro de Mundo e sacrificar os espaços que é preciso descartar, desfigurar etc. •2. O mapa da mundialização deve figurar o Mundo de uma maneira ou de outra. •Isso não significa se render às formas clássicas •O planisfério do mundo (com países) não é um mapa do mundo. •Por três razões: •A) Traduz uma ideia antagônica a ideia de unificação •B) A mundialização é em grande parte suportada em redes geográficas de toda natureza •C) A aposta maior da mundialização é a emergência de uma sociedade política de escala mundial, o que um mapa dos países do mundo não indicam. •Além disso o planisfério convencional tem uma deficiência congênita: o EUCLIDIANISMO. ht tp :/ / i. im g u r. co m / V 0 2 R H R n. jp g ht tp s: / / w w w .s h ut te rs to ck .c o m / p t/ im a g e -i ll us tr a ti o n/ n ig ht -p la ne t- e a rt h- p re ci se -d e ta il e d -r e lie f- 3 4 5 3 9 3 1 1 0 ?s rc = rI 0 FE b i2 M lk lb D q N _ o s1 N w -1 -3 0 https://www.nasa.gov/sites/default/files/thumbnails/image/blackmarble2016-1500px_0.jpg Mapa-múndi feito a partir da composição de dados adquiridos pelo satélite Suomi NPP em abril e outubro de 2012 (crédito de imagem: NASA Earth Observatory / NOAA NGDC) https://visionscarto.net/earth-bertin-projection The Blue Marble Foto feita pela tripulação da Apollo 17 em 1972 Joaquín Torres-García, Mapa invertido, 1943. O Mediterrâneo à escala do Mundo BRAUDEL, Fernand. O Mediterrâneo e o mundo mediterrânico na época de Filipe II. 2ª edição. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1995. v, 1, p. 192 ht tp :/ / i. im g u r. co m / V 0 2 R H R n. jp g © Signe Wilkinson Harley em “Mapas, saber e poder”: “A estrutura geométrica dos mapas, vale dizer, a concepção gráfica que determina o lugar central ou a projeção, fixando o modo de transformação em relação ao globo terrestre, é um elemento que pode amplificar o impacto político de uma imagem, mesmo quando alguma distorção não é buscada conscientemente. Um traço universal dos primeiros mapas do mundo, por exemplo, reside na maneira pela qual eles foram regularmente centrados no “umbigo do mundo”, tal como foi percebido pelas diferentes sociedades. Esta síndrome do omphalo, que faz com que um povo se creia designado por Deus para ser o centro do Universo, aparece nos mapas distantes no tempo e no espaço, tais como os da antiga Mesopotâmia centrados em babilônia, os do universo chinês na China, os mapas gregos em Delfos, os mapas islâmicos em Meca, e aqueles do mundo cristão, em que Jerusalém aparece como “ verdadeiro ” centro do mundo. É difícil apreciar o efeito desta geometria, que reforça certos lugares, sobre a consciência social do espaço, e seria errôneo sugerir que esses modos de representação fizessem eclodir visões de mundo idênticas. Portanto, os mapas tendem a focalizar a atenção do observador sobre o centro e a promover assim o desenvolvimento de visões de mundo exclusivas, voltadas para o interior com um centro cultural povoado unicamente de verdadeiros crentes ...” Terra Brasilis - 1519 Atlas Miller : Le Brésil, Œuvre de Lopo Homem [Pedro et Jorge Reinel, António de Holanda], [Portugal], 1519. Manuscrit enluminé sur vélin, 41,5 x 59 cm et 61 x 118 cm, BnF, département des Cartes et Plans, CPL GE D-26179 (RES), f. 5, © Bibliothèque nationale de France Ed ua rd o D ut e m ke fe r i n : FO N S EC A , F e rn a nd a P a d o ve si ; C O S TA , G ilb e rt o P a m p lo na ; O LI V A , Ja im e T a d e u ; G IA N S A N TI , R o b e rt o . G e o g ra fi a : um o lh a r so b re a d iv e rs id a d e . 1 a . e d . S ã o P a ul o : A JS , 2 0 1 2 . v. 1 . 2 8 0 p . http://bigthink.com/ideas/21253 http://www.armellecaron.fr/ Géographie de Claude Ptolémée Traduction par Jacopo d’Angelo. Copie par Hugues Commineau de Mézières et le cartographe Pietro del Massaio ayant appartenu aux rois aragonais de Naples, [Florence], vers 1475-1480. Manuscrit enluminé sur parchemin, 61 x 45 cm, BnF, département des Manuscrits, Latin 4802, f. 74v-74bis, © Bibliothèque nationale de France Mapa T-O, aparece pela primeira vez numa obra de Isidoro de Sevilla, (aqui numa publicação de1472). Psalter mappamundi, 1225 d.C. (leste no topo do mapa), British Library. Planisfério de Cantino - 1502 Planisfério de Waldseemüller - 1507 “O conhecimento do território é, indissociavelmente, uma produção do território” Jacques Revel. A Invenção da sociedade. P. 104 http://memory.loc.gov/cgi-bin/query/h?ammem/gmd:@field(NUMBER+@band(g3200+ct000725C)) Nova Et Aucta Orbis Terrae Descriptio Ad Usum Navigantium emendate Mapa- múndi de Gerard Mercator, 1569 http://cafe-geo.net/les-mises-en- scene-du-monde/ [Cartographic Game Board] Die Reise um die Welt geographisches Gesellschafts Spiel zur Unterhaltung u. Belehrung, 1860 ht tp :/ / w w w .r a re m a p s. co m http://submarine-cable-map-2013.telegeography.com/http :/ / w w w .p ro g o no s.co m / furuti/ M a p P ro j/ N o rm a l/ C a rtP ro p / D isto rt/ d isto rt.htm l Web Mercator usada em Google Maps, Bing Maps, Mapquest, Mapbox, OpenStreetMap e outros http://cartotheque.sciences-po.fr/media/Diferentes_projecoes_cartograficas/989/ ASC ASC ASC ASC Thomas Saarinen (Children´s Mental Maps of the World) Foram coletados mais de 3.800 esboços de mapas múndi feitos por crianças de 49 países e constatou-se que a visão eurocêntrica do mundo continua dominante. Liao Zhiyuan (15), China – A world of lotus, a world of harmony, 2016 Bankoku sokaizu / Ishikawa-shi Toshiyuki. Hoei 5 [1708] http://assemblyman-eph.blogspot.com/2009/07/japanese-historical-world-maps.html Mapas da Japanese Historical Maps da East Asian Library of University of California, Berkeley Shintei - chikyu bankoku hozu. Unknown cartographer. Kaei 6 [1853] Bankoku chikyu bunzu : zen / Hashimoto Gyokuran. [between 1856 and 1868] http://cafe-geo.net/les-mises-en-scene-du-monde/ Jacques Bertin, Air France, 1949 J. Cassini, 1696, BNF, Gallica Broche do Encontro de 50 países em São Francisco (EUA) – abril de 1945 CAPDEPUY, Vincent. Le monde de l’ONU. Réflexions sur une carte-drapeau. Mappemonde, no 102, vol. 3, 2011. Disponível em: http://mappemonde.mgm.fr/num30/mois/moi11201.html. Encontro de 50 países em São Francisco (EUA) – abril de 1945 C A P D EP U Y, V in ce nt . Le m o nd e d e l ’O N U . R é fl ex io ns s ur u ne c a rt e -d ra p e a u. M a p p e m o n d e , n o 1 0 2 , vo l. 3 , 2 0 1 1 . D is p o ní ve l e m : ht tp :/ / m a p p e m o n d e .m g m .f r/ nu m 3 0 / m o is / m o i1 1 2 0 1 .h tm l. A rotação do mundo das Nações Unidas, 1945- 1946: o retorno da Europa no centro do mapa CAPDEPUY, Vincent. Le monde de l’ONU. Réflexions sur une carte-drapeau. Mappemonde, no 102, vol. 3, 2011. Disponível em: http://mappemonde.mgm.fr/num30/mois/moi11201.html. Clarisse Didelon, « Cartes des goûts, cartes du monde », Confins [Online], 6 | 2009, posto online em 12 juin 2009, Consultado o 16 octobre 2011. URL : http://confins.revues.org/5863 ; DOI : 10.4000/confins.5863 Buckminster Fuller Fo nt e : < w w w .s ci e n ce s- p o .f r/ ca rt o g ra p hi e > A ce ss o :0 5 / 0 2 / 2 0 1 2 [m o d if ic a d o ] Ed ua rd o D ut e n ke fe r in : FO N S EC A , F e rn a nd a P a d o ve si ; C O S TA , G ilb e rt o P a m p lo na ; O LI V A , Ja im e T a d e u ; G IA N S A N TI , R o b e rt o . G e o g ra fi a : um o lh a r so b re o e sp a ço m un d ia l. 1 a . e d . S ã o P a ul o : A JS , 2 0 1 2 . v. 1 . 3 5 2 p . ht tp :/ / g e o g ra p he r- no te s. b lo g sp o t. co m .b r/ 2 0 1 1 / 0 8 / fu n -w it h- m a p -p ro je ct io n s- o b liq ue -c a se .h tm l h ttp ://w w w .s a s i.g ro u p .s h e f.a c .u k /w o rld m a p p e r/in d e x .h tm l http://www.viewsoftheworld.net/wp-content/uploads/2011/06/megacitymap.jpg F o n te d o s d a d o s d e p o p u la çã o u rb a n a : F ra n ço is M o ri co n i- E b ra rd , G é o p o lis . C o n ce p çã o : P a tr ic k P o n ce t. F u n d o d e m a p a : D o m in iq u e A n d ri e u , Ja cq u e s Lé v y , P a tr ic k P o n ce t. R e a liz a çã o : A la in J a rn e S e m io lo g ia / D e si g n c a rt o g rá fi co : A la in J a rn e , P a tr ic k P o n ce t https://www.courrierinternational.com/grand-format/cartographie-ou-se-trouvent-les-utilisateurs-dinternet-sur-la- planete?utm_campaign=Echobox&utm_medium=Social&utm_source=Facebook#link_time=1461654408 ht tp s: / / v is io n sc a rt o .n e t/ tr o is -s ie cl e s- d -e vo lu ti o n -d e -l a -p o p ul a ti o n Comércio intercontinental em 1800 Ben Schmidt , professor assistente de história na Universidade Northeastern http://sappingattention.blogspot.com.br/2012/11/reading-digital-sources-case-study-in.html#more https://visibleearth.nasa.gov/view.php?id=73963 ht tp :/ / ca rt o th e q ue .s ci e nc e s- p o .f r/ m e d ia / P ri nc ip a ux _ m o uv e m e nt s_ m ig ra to ir e s_ 2 0 1 3 / 2 2 2 / https://www.monde-diplomatique.fr/cartes/smartphone https://www.monde-diplomatique.fr/cartes/ventesdarmes16 ht tp :/ / ca rt o th e q ue .s ci e nc e s- p o .f r/ m e d ia / Ev o lu ca o _ d e m o g ra fi ca _ d a s_ m e tr o p o le s_ 1 9 5 0 - 2 0 2 5 / 3 2 0 / FONSECA, Fernanda Padovesi ; COSTA, Gilberto Pamplona ; OLIVA, Jaime Tadeu ; GIANSANTI, Roberto . Geografia: um olhar sobre a diversidade. 1a. ed. São Paulo: AJS, 2012. v. 1. 280p . FONSECA, Fernanda Padovesi ; COSTA, Gilberto Pamplona ; OLIVA, Jaime Tadeu ; GIANSANTI, Roberto . Geografia: um olhar sobre a diversidade. 1a. ed. São Paulo: AJS, 2012. v. 1. 280p .
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