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Cartografia aplicada ao ensino de Geografia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE (UFRN) 
Cartografia aplicada ao ensino de Geografia 
Prof. Dr. Silvio Braz de Sousa 
 
CARTOGRAFIA - ORIGEM, NATUREZA, PRINCÍPIOS TEÓRICOS, EVOLUÇÃO E ESTADO 
DA ARTE 
 
Expressões gráficas do espaço, são construções humanas existentes desde a 
Pré-História (até 3500 a.C) e se constituem, um método de comunicação que para 
alguns autores é mais antiga que a escrita (GURGEL, 2017; CASTRO, 2012; RAISZ, 
1969). Sabe-se que expressões gráficas do espaço sempre fizeram parte da 
materialização do imaginário do mundo conhecido e ou interpretado, constituindo-se 
o mapa uma prática do instinto humano de organizar o mundo a sua volta, bem como, 
o impulso de especular o desconhecido. 
Jacob (1992) considera que “o mapa é, tanto em seu processo como em seu 
resultado, a projeção de um esquema mental sobre um suporte, a materialização de 
uma ordem intelectual abstrata do universo empírico”. Fitz (2008, p.34) considera as 
representações cartográficas como a representações gráficas da superfície terrestre ou 
de outro planeta, satélite, ou mesmo abóboda celeste de forma simplificada, de modo 
a permitir a distinção de fenômenos nela existentes e seus elementos constituintes. 
A título de conceituação geral dos produtos cartográficos, podemos citar Taylor (2005) 
com um conceito de cartografia que já aborda suas múltiplas dimensões e seus diversos 
formatos: “cartografia é a organização, apresentação, análise e comunicação da espacialidade 
georreferenciada sobre amplo leque de temas de interesse e uso para a sociedade em formato 
interativo, dinâmico, multimídia, multissensorial e multidisciplinar” (TAYLOR, 2005, p. 406). 
Ademais, cabe-se registrar aqui, algumas diferenças entre a cartografia sistemática 
(topográfica ou básica) e a cartografia temática, enquanto dissociadas, mas, também 
complementares e, todas no campo da representação gráfica. 
 A cartografia sistemática aplica uma concepção matemática na construção de seus 
mapas, ela mantém um rígido controle da escala, possui preocupação quanto a precisão das 
localizações e representa geralmente restritamente os elementos fisiográficos do terreno. Esta 
cartografia é também chamada de cartografia de base, já que os mapas por ela produzidos são 
utilizados como mapas base na cartografia temática. Além disso, sua característica de seguir 
convenções as torna padronizadas para navegações terrestres, náuticas e aeronáuticas. Já a 
cartografia temática, tem sua concepção ligada à comunicação, sua discussão é centrada na 
linguagem gráfica, seu objetivo é comunicar resultados das mais variadas áreas das ciências, 
bem como participar da construção de análise de fenômenos mais variados, inclusive os que 
não se apresentam de forma material e geometricamente sobre a superfície (MARTINELLI, 
2013, p. 27). Assim, a cartografia temática representa trata de elementos que vão além do 
simples terreno (SANTOS, 2013) e, tem suas bases científicas na Teoria da Informação e 
Comunicação, Semiologia, Estatística, enquanto, a Cartografia Sistemática está baseada na 
Geodésia, Topografia e Astronomia. Porém, ambas podem se basear no sensoriamento 
remoto. 
 Quanto às bases da cartografia temática, temos segundo Martinelli (2013, p.29) cinco 
diferentes paradigmas, são eles: A teoria matemática da comunicação; Semiologia Gráfica; 
Coremática; Transformações Cartográficas e Visualização. Aqui especificamente, iremos 
discutir a semiologia gráfica, certamente o paradigma mais bem difundido no Brasil, e que tem 
como uns dos principais autores o professor Marcelo Martinelli (1991; 2003; 2013), podemos 
citar aqui em Goiás, o professor Ivanilton de Oliveira (2013), como um dos difusores da 
simbologia gráfica e contribuinte do pensamento acerca da cartografia temática no Brasil. 
O engenhoso trabalho cartográfico atual, baseado principalmente em insumos 
tecnológicos surgidos no Século XX, trás em sua essência, a vontade humana de 
explorar o espaço dos povos primitivos e os princípios teóricos criados na antiguidade, 
os quais têm sem sombra de dúvidas, contribuição da civilização grega, passando pelas 
obras de Cláudio Ptolomeu (90 d.C – 168 d.C) de Alexandria, e se consolidando com os 
feitos de Gerardus Mercator (1512 - 1594) na Europa moderna. Em toda a história, a 
cartografia foi influenciada pelo contexto sociocultural do mundo, sendo produto do 
intelecto humano voltado ao atendimento de diversos interesses e necessidades. 
no ponto de vista histórico, proponho a divisão da cartografia em cinco grandes 
eixos: 1) A cartografia efêmera, pouco consciente do mundo que de fato existia, 
portanto, se limitava a representar elementos do espaço vivido, utilizando gravetos, 
conchas, rochas e técnicas rudimentares, tendo se desenvolvido no paleolítico 
superior; 2) A cartografia da babilônia e a cartografia cosmográfica desenvolvida na 
Grécia Antiga, oriente médio e África, baseada na filosofia, astronomia e na 
experimentação, tendo sido sustentada por um pensamento naturalista, fortemente 
influenciada pelas ideias de Cláudio Ptolomeu; 3) A cartografia da idade média, que 
abandonou a visão de mundo de Ptolomeu (naturalista), dando ênfase a uma 
perspectiva cristã; 4) A cartografia eurocêntrica, do século XIX, influenciada por 
Mercator e pelo desenvolvimento do capitalismo, a qual perdurou até as inovações 
tecnológicas; 5) O estado atual das coisas, representada pelas inovações tecnológicas, 
a cartografia de precisão executada com imagens de satélite e por sistemas de 
posicionamento por satélites, além da formação de múltiplas concepções de 
cartografia, incentivadas principalmente por um pensamento crítico da função e da 
forma de se fazer cartografia. 
É sempre bom citar como as primeiras representações, as atribuídas aos 
nativos das Ilhas Marshall (arquipélago da Micronésia no Oceano Pacífico), os quais 
utilizavam pecíolos de folhas de palmeira, conchas e fibras para criar representações 
do espaço (LYONS, 1928) (Figura 1), as quais constituam-se uma espécie de cartas 
náuticas (GURGEL, 2017). Além das representações dos povos pré-colombianos, os 
maias e os astecas “possuíam uma rica tradição cartográfica” (GURGEL, 2017). Os 
mapas dos povos pré-colombianos eram grafados em pele de animal, papel de casca 
ou agave, registrava atributos geográficos naturais, como as colinas e montanhas, bem 
como a cobertura vegetal, além disso, mapeavam elementos antrópicos, tais como a 
localização de palácios (GURGEL, 2017). 
Figura 1: Carta náutica das Ilhas Marshall. As varetas de madeira representam as dobras das ondas, a 
concha no canto inferior esquerdo, no centro de um feixe de galhos é a ilha do cartógrafo, as demais 
conchas são outras ilhas. 
 
Fonte: http://www.ufrgs.br/igeo/m.topografia/index.php/component/content/article/12-mapas/75-
cartamarinhailhasmarshall. Acesso dm jan. 2018. 
 
 A maioria dos autores sobre a história da cartografia citam as formas de 
representação da Antiguidade Oriental (4000 a.C - 476 d.C) e suas obras como as mais 
antigas representações cartográficas do mundo. Estas obras são o mapa regional de 
Ga-Sur, e o “mapa do mundo” da Babilônia. Aqui se cabe ressaltar que é difícil dizer 
qual a origem da cartografia, ou definir com exatidão o seu surgimento, como já foi 
citado, as representações do espaço vivido precedem todas as formas de comunicação 
escrita, portanto, considerando diferentes definições de cartografia e das formas de 
representações qualquer afirmação é perfeitamente discutível. 
 O tablete ou mapa de Ga-Sur (Figura 2), foi encontrado em 1930 nas 
escavações realizadas em Ga-Sur, a 320 km ao norte do sítio da Babilônia (atual Iraque) 
http://www.ufrgs.br/igeo/m.topografia/index.php/component/content/article/12-mapas/75-cartamarinhailhasmarshall
http://www.ufrgs.br/igeo/m.topografia/index.php/component/content/article/12-mapas/75-cartamarinhailhasmarshall
(RAISZ, 1969).É um tablete de argila com 7,6 cm por 6,8 cm de dimensão e que 
maioria dos estudiosos o datam de 2300 a.C a 2500 a.C (GURGEL, 2017), portanto, foi 
produzido a aproximadamente 4,5 mil anos atrás. Para Ferreira (2008, p.62), o mapa 
de Ga-Sur surge como a “primeira evidência sobre nossa capacidade de descrevermos, 
de forma consistente e espacialmente coerente, o mundo à nossa volta”. 
 
Figura 2: o tablete de Ga-Sur 
 
Segundo CASTRO (2012), o mapa de Ga-Sur representa muito provavelmente 
um vale do rio Eufrates, há duas cadeias de montanhas (segundo Gurgel (2017) os 
estudiosos identificam que provavelmente, podem ser o monte Zagros, no Leste, e o 
Líbano ou Antilíbano, no Oeste) e nele já há a indicação das direções Norte, Leste e 
Oeste em círculos com inscrições (ver esquema na Figura 2). 
 Mais recente que o mapa de Ga-Sur, o “mapa do mundo” segundo os 
babilônios (Figura 3) também é um tablete de argila com extensão de 12,2 cm por 8 
cm, datado de aproximadamente 600 a.C, e é identificado como o mais antigo mapa 
do mundo (GURGEL, 2017). Ainda segundo o autor, “o mapa mostra um mundo plano 
e circular, com a babilônia ao centro”, na parte superior, há um texto descritivo em 
escrita cuneiforme. O mapa aborda o continente conhecido, com a Babilônia, a assíria 
e diversos lugares e aspectos topográficos, além de estar presente o rio Eufrates 
(GURGEL, 2017). 
 
Figura 3: o “mapa do mundo” dos babilônios 
 Mesmo tendo os mapas da babilônia com os primeiros representantes da nossa 
capacidade de representar de forma inteligente e organizada nosso mundo, a bases do 
sistema cartográfico atual foram desenvolvidas pelos Gregos já na Antiguidade. 
Segundo RAISZ (1969 p.11) “os gregos admitiram a forma esférica da Terra, como seus 
Pólos, Equador e Trópicos, desenvolveram o nosso sistema de latitude e longitude, 
desenharam as primeiras projeções e calcularam o tamanho e nosso planeta”. Para 
Gurgel (2017) entre as civilizações antigas em geral, a grega foi uma das mais 
importantes no que diz respeito ao desenvolvimento da cartografia: 
pois a ela se devem os conhecimentos básicos aplicados atualmente nessa 
arte, entre os quais estão a concepção a concepção da esfericidade da Terra, 
as noções de polos, círculos máximos do planeta, altitude e longitude, e o 
desenvolvimento das primeiras projeções (GURGEL, 2017, p. 28) 
 Na civilização grega ganha força a cartografia, principalmente, porque há o há a 
estabelecimento de ideias e conceitos filosóficos de mundo em bases naturalistas, 
mesmo sendo esta civilização influenciada por concepções mitológicas, há um esforço 
em se estabelecer as posições reais das cidades, regiões, montanhas, rios e estradas ou 
seja, é há o interesse de descrever o ambiente. Com o desenvolvimento das 
navegações e do comércio na Antiguidade, há a gênese de uma prática que duraria 
séculos, que é a de produzir mapas com informações de marinheiros e viajantes, 
constituindo-se fonte de dados para os mapas. Registra-se também que o estudo da 
astronomia e astrologia, iniciado com os babilônios, permitiu o desenvolvimento das 
coordenadas geográficas (latitude e longitudes) (GURGEL, 2017). 
 Uma das escolas que mais contribuíram para a cartografia, é a de Mileto, 
colônia grega situação na atual Turquia. Foi lá que grandes pensadores, como Tales 
(624 - 546 a.C), Anaximando (610 – 547 a.C), Anaxímenes (585 – 525 a.C.) e Hecateu 
(546 – 480 a.C) produziram mapas, análises do cosmos e do clima (GURGEL, 2017). 
Anaximandro, que era discípulo de Tales, desenvolveu um mapa do mundo conhecido, 
em que a Grécia ocupada o centro (Figura 4), o qual não teria aplicação prática, porém, 
mas permitia conceber o mundo habitado, “já que permitia organizar e visualizar 
informações sobre localidades e povos em uma superfície continua, e não somente em 
itinerários de viagens” (GURGEL, 2017). Mais tarde esse mapa foi utilizado como base 
por Hecateu de Mileto (546 – 480 a.C) para um mapa do mundo com mais precisão e 
detalhe (Figura 4). 
Figura 4: A esquerda Interpretação do mapa do mundo de Anaximandro, à direita reprodução 
aproximada do mapa do mundo de Hecateu. Fonte: Gurgel (2017) 
 
Além disso, é com Anaximandro que se registra a utilização de uma das 
primeiras ferramentas da cartografia, o gnômon (relógio solar) (Figura 5, 6 e 7), o qual 
foi usado inclusive para o estudo e concepção da noção de latitude. 
 
 
 
 
Figura 5: Imagens da Construção de um gnômon simples. Fonte: Bergmann; Fraquelli (S/D) roteiro da 
construção de um gnômon (UFRGS): 
http://www.if.ufrgs.br/~riffel/notas_aula/ensino_astro/roteiros/Roteiro_Relogiosolar_Gnomon.htm 
 
 
Figura 6: Relógio Solar nos jardins a beira-mar em Santos (SP). Fonte: Wikimapia 
 
 
 
 
 
http://www.if.ufrgs.br/~riffel/notas_aula/ensino_astro/roteiros/Roteiro_Relogiosolar_Gnomon.htm
 
 
Figura 7: Detalhe do Relógio Solar de Santos (SP). Fonte: Wikimapia 
 
 
O gnômon, segundo Gurgel (2017), é o mais antigo instrumento astronômico 
construído pelo homem, e consistia em sua forma mais simples de uma vara fincada 
no chão. “A observação da sombra da vara provocada pelos raios solares, permitia 
materializar a posição do Sol no céu. Além da concepção de latitude, com o gnômon 
vários conceitos foram estabelecidos, como por exemplo, a noção das direções (Norte, 
Sul, Leste e Oeste), o meio dia, as estações do ano e o ano das estações. Todos 
conceitos que servem a cartografia até os dias atuais. Molina et al. (2000) detalha a 
utilização do Gnômon para a definição dos conceitos: 
 
Observando a sombra da gnômon ao longo de um dia, os antigos 
astrônomos puderam perceber que ela era muito longa ao amanhecer e que 
ia mudando tanto de direção como de comprimento ao longo do dia. 
Verificaram que o instante em que a sombra era a mais curta do dia, 
correspondia ao instante que dividia a parte clara do dia em duas metades. 
A esse instante, deram o nome de Meio-dia e a direção em que a sombra se 
encontrava nesse instante recebeu o nome de Linha do Meio-dia, ou seja, 
linha meridiana. 
A linha horizontal perpendicular à linha meridiana, chamaram de Linha 
Leste-Oeste, sendo que a direção Leste foi nomeada aquela que 
correspondia a do lado do nascer do Sol, ficando o Oeste para o lado oposto. 
De pé, com os dois braços esticados na horizontal, e apontando o direito 
para o Leste, definia-se o Norte como sendo a direção da linha meridiana à 
frente da pessoa e sul para trás. Assim, foram definidos os pontos cardeais, 
Norte, Sul, Leste e Oeste. 
A observação da variação cíclica do comprimento da sombra mínima ao 
longo do tempo permitiu definir o conceito de estações e de Ano das 
Estações. Ao intervalo de tempo necessário para que o comprimento da 
sombra completasse um ciclo chamaram de Ano das Estações. Observaram 
que quando a sombra ao meio-dia era mais longa de todas, era uma época 
fria, enquanto que, na época da sombra mais curta, era uma época mais 
quente. Definiram o início do Inverno, o qual ocorria quando a sombra ao 
meio-dia era a mais longa; o início do Verão ocorria quando essa sombra era 
mais curta. Para definir os instantes de início da primavera e do outono, 
usaram a posição da sombra no instante em que ela dividia ao meio o 
ângulo formado pelas posições do Sol nos inícios do verão e do inverso 
(MOLINA et al., 2000). 
 
 Cabe-se ressaltar que na Antiguidade Clássica, havia a predominância da visão 
Geocêntrica do universo. Esta teoria do universo geocêntrico é um modelo 
cosmológico que se baseava na hipótese de que o planeta Terra estaria fixo no centro 
do universo e os demais corpos celestes (incluindo o Sol) giravam ao seu redor. Esta 
teoria, encontra respaldo entre Aristóteles e Ptolomeu. Tendo sido superada apenas 
no século XVII d.C., dando lugar a visão cosmológica heliocêntrica. 
 A medição da circunferência da terra foi pela primeira vez realidade por 
Erastóstenes de Cirene(276 – 196 a.C), um dos chefes responsáveis pelo vasto acervo 
cultural da Biblioteca de Alexandria. “no Século II a.C., Erastóstenes juntou as 
correntes de pensamento divergentes em um campo de conhecimento integrado” 
(GURGEL, 2017, p. 34), o seu “método de calcular a circunferência da Terra, um feito 
tão completo e, ao mesmo tempo, tão profundo que permanece como uma das mais 
surpreendentes peças do pensamento humano desde a Antiguidade” (GURGEL, 2017, 
p. 35). Segundo Raisz (1969) Erastóstenes efetuou a medição da circunferência da 
terra por meio de um método geométrico, observando a distância entre Siena e 
Alenxandria (5.000 estádios, o estádio grego valia 176,6 m) em relação ao 
comportamento da Sol no dia 21 de junho (solstício de verão), no que diz respeito ao 
ângulo formado pelas sombras. Partindo do conhecimento a priori, de que no dia 21 
de junho, a luz solar iluminava o fundo de um poço na cidade de Siena, estando, 
portanto, a prumo, sem projetar sombras. Assim, mensurou em 21 de junho o ângulo 
da sombra projetada em relação a vertical em Alexandria, chegando ao resultado de 
7,2° (Figura 8), isto é 1/50 (um cinquenta avo de um círculo) de um círculo máximo 
(que possui 360°), o que significa que circunferência da terra deveria medir 50 vezes a 
distância entre Alexandria e Siena, algo em torno de 250.000 estádios, ou seja, 
aproximadamente 45.000 km. Atualmente o valor estimado é de 39.690 km, ou seja, 
um erro de 14%. Gurgel (2017), no entanto, afirma que há muito debate sobre o 
tamanho de um estádio (o estádio era a distância que um arado cobria antes da 
virada), e afirma que se for considerado o valor atribuído ao estádio egípcio (157,5 m) 
e não o grego, o erro de Erastóstenes cai para apenas 1%. 
Figura 8: O método geométrico de Erastóstenes 
 
 Ainda na Antiguidade Clássica, Cláudio Ptolomeu (90 d.C – 168 d.C) produziu 
conhecimentos geográficos substanciais para a cartografia. Raisz (1969) afirma que foi 
com Ptolomeu o apogeu da cartografia grega, o qual produziu uma obra de grande 
transcendência. Autor de uma famosa obra, intitulada Geografia, com oito volumes, 
trata no primeiro deles de princípio teóricos da cartografia, possui também um tratado 
de construção do globo, e ainda trabalha técnicas de projeções de mapas (mostra 
como diminuir as distorções causadas quando se coloca a esfera terrestre em uma 
folha de papel) (RAISZ, 1969). Além disso, “Ptolomeu deixou extensa relação de 
cidades ou pontos geográficos, com suas latitudes e longitudes específicas, para que 
qualquer pessoa com conhecimentos matemáticos possa construir um mapa com 
dimensões do mundo conhecido. Geografia, possui em seu conjunto total um mapa-
múndi e 26 mapas detalhados, os quais segundo Raisz (1969) se constituíram no 
primeiro Atlas Universal. 
 É importante destacar as projeções de Ptlomeu, como uma das construções 
mais complexas de sua produção. Para que um mapa em superfície plana, conserve 
uma rede de paralelas e meridianos, preservado a forma esférica da terra, é necessário 
a adoção de uma projeção matemática, que possua uma regra (GURGEL, 2017). Gurgel 
detalha as projeções de Ptolomeu, “na primeira projeção, a moldura do mundo 
habitado é mostrado sobre uma rede cônica com as linhas de longitude convergindo 
em direção ao polo e ao Equador, enquanto as linhas de latitude como arco do 
círculo”. No entanto, esta projeção não reflete a curvatura da Terra (Figura 9). 
A segunda projeção de Ptolomeu (Figura 10) foi desenvolvida para “que as 
linhas longitudinais ficassem mais parecidas com a forma com as quais elas aparecem 
no globo” (GURGEL, 2017). Gurgel (2017) informa que os cartógrafos atuais 
chamariam esta projeção de pseudoconical, porque as paralelas são desenhadas como 
arcos circulares concêntricos. 
Figura 9: Primeira Projeção de Ptolomeu 
 
Figura 10: Segunda projeção e Ptolomeu 
 
A obra de Ptolomeu foi tão importante, que figurou na cartografia Europeia até 
o ano de 1700 (RAISZ, 1969). De fato, na Idade Média houve uma decadência contínua 
no desenvolvimento da cartografia na Europa Ocidental, visto que houve o domínio da 
perspectiva cristã. Assim, as deformações dos mapas de Ptolomeu se mantiveram em 
alguns mapas europeus, todavia, há também a característica do abandono da 
Geografia naturalista, e até da obra de Ptolomeu, a qual foi fortemente resgatada a 
partir do século XV, e influenciado até os autores renascentistas (portanto, por 14 
séculos), tais como Gerardus Mercator. 
Na figura 11 e 12, pode ser observado, mapas que foram construídos utilizando 
a perspectiva de Ptolomeu utilizando para isso as duas projeções. Na figura 13 há um 
modelo criado em computador sobre o mundo conhecido por Ptolomeu. No mapa-
múndi é possível ver que a indicação dos graus de latitude e longitude, a orientação 
para o Norte, além de mostrar o equador e os trópicos. 
Figura 11: o mapa do mundo de Ptolomeu construído por Johannes Schnitzer em 1492, como base nas 
informações de Geografia de Ptolomeu. Fonte: Gurgel (2017) 
 
Figura 12: Mapa do mundo de Ptolomeu, datado de 1482 de autoria desconhecida. Fonte: RAISZ (1969). 
 
 
Figura 13: Modelo digital do mapa de Ptolomeu 
 
 Segundo Gurgel (2017), após as teorias e criações de Ptolomeu, houve um 
grande hiato, que separou a teoria geocêntrica de Ptolomeu (século I) da teoria 
heliocêntrica de Copérnico (século XVI). Para Castro (2012), a Idade Média (300 – 
1400) representou um período de retrocesso da Cartografia, no qual os “cartógrafos” 
perderam as orientações naturalistas e o rigor matemático para se basearam em uma 
“cosmografia” cristã. Raisz (1969) critica com maior intensidade a cartografia desse 
período, afirmando que, o cartografo medieval não se dedicou a representar o mundo 
como ele é na realidade, perdendo totalmente sua exatidão geográfica, pela utilização 
dos mapas-múndi circulares, os Orbis Terrarum, o mapa do T no O, mapa T-O, ou mapa 
de roda (Figura 14). 
 
Figura 14: Mapa T no O (Orbis Terrarum) 
 
 Nos mapas T no O, “a letra O, um círculo, simbolizava a totalidade e a perfeição 
de Deus, e a letra T, a cruz do Martírio de Cristo” (GURGEL, 2017, P.62). A Ásia ocupava 
a metade superior do O, com Jerusalém no centro do círculo, Europa e África dividiam 
a metade inferior do círculo, com a presença do Mar Mediterrâneo e os rios Nilo e 
Don. Segundo Gurgel (2017) estes mapas tinham por objetivo instruir os fiéis dos 
eventos do cristianismo. Raisz (1969) informa que o mapa é idealizado por um texto 
bíblico “Esta é Jerusalém; no meio das nações eu a coloquei, e suas terras ao redor 
dela”. Cabe-se registrar que quase nunca tais mapas representavam um sistema de 
coordenadas e escala. 
Raisz (1969) informa que na segunda metade do século XII (ainda na Idade 
Média), outro tipo de mapa, quase sempre em pelo de ovelha, e totalmente aplicados 
a navegação, portanto, ligado a prática, se tornaram comuns. Estes mapas 
representavam o Mar Mediterrâneo e Negro com grande precisão, e o Oceano 
Atlântico, de modo deficiente e são conhecidos como Cartas Portulanas. Ainda em 
Raisz (1969) há o indicativo de havia um minucioso sistema da rosa-dos-ventos e de 
rumos. Gurgel (2017) informa que a carta portulana mais antiga conservada até nossos 
dias é a Carta de Pisana, construída por volta de 1290 (Figura 15 e 16). 
 
Figura 15: Carta de Pisana. Fonte: Castro, 2012. 
 
Figura 16: Redesenho da Carta de Pisana. Fonte: Raisz (1969). 
 
Segundo Castro (2012) a cartografia do mundo Árabe na Idade Média se 
manteve mais próxima ao legado de Ptolomeu, tendo como maior expressão o 
trabalho de Abu Abdallah Muhammad Al-Idrisi (1100 – 1165), o qual elaborou um 
mapa-múndi em projeção retangular, um mapa excepcional quando comparado com 
os mapas cristãos (CASTRO, 2012). 
Já na idade Moderna e na Idade Contemporânea, período dividido por Castro 
(2012) entre Renascimento (1400-1700) e Reforma(1700 – 1930) para contar a 
história da cartografia, há grande influencia das grandes navegações e uma 
redescoberta da obra de Ptolomeu. Castro registra três fatos importantes do 
Renascimento que constribuiram com a Cartografia: 1) A tradução da Geografia de 
Ptolomeu para o Latim (1405); 2) O desenvolvimento da imprensa e da técnica de 
gravação (antes os mapas era desenhados a mão); 3) As grandes navegações e 
descobrimentos (1490). 
No Renascimento o mundo conhecido e mapeado mais que dobrou de 
extensão em função das navegações e descobrimentos, registram-se as descobertas de 
Diogo Cão nas costas da África Ocidental entre 1482 e 1486, a chegada de Colombo à 
América em 1492, a descoberta do caminho para as índias realizado pelo explorador 
português Vasco da Gama em 1497 e a descoberta do Brasil em 1500 por Pedro 
Alvares Cabral. Segundo Castro, Waldssemuller, foi o primeiro a empregar a palavra 
América em 1507. 
No ponto de vista dos mapas, é interessante mostrar a evolução conforme as 
descobertas traziam informações novas. Inicia-se com o mapa de Martellus de 1490 
(Figura 17), o qual não apresentava ainda a América, posteriormente o mapa de 
Cantino de 1502 (Figura 18), no qual pela primeira vez aparece o litoral brasileiro e o 
meridiano de Tordesilhas, Depois temos o mapa de Waldssemuller de 1507 (Figura 19), 
o qual apresenta o continente Americano com uma forma pouco parecida com a real 
e, por fim, o mapa de Ribeiro de 1529 (Figura 20) o primeiro a apresentar o litoral 
brasileiro. 
Figura 17:Mapa do mundo de Martellus (1490) sem a representação da América. Fonte: Whitefield, 
(1994) 
 
 
 
Figura 18: Mapa do mundo de Cantino (1502) com as primeiras representações da América 
 
 
Figura 19: Mapa do mundo de Waldssemuller (1507) 
 
 
Figura 20: Mapa do mundo de Diogo Ribeiro (1929) uma cartografia de maior precisão 
 
 Para finalizar a época do Renascimento, tem-se o trabalho de Gerardus 
Mercator (1512 – 1594), o qual é considerado um marco na cartografia moderna 
(CASTRO, 2012). Gurgel (2017, p. 76) informa que Mercator era mais que um 
cartógrafo: “ele se distinguiu também como calígrafo, entalhador e gravador (em 
placas de cobre usadas em impressão gráfica), construtor de instrumentos científicos 
(compassos, réguas e esquadros) e de globos terrestres e celestiais, assim como editor 
de seus mapas”. Seu primeiro mapa, lançado em 1537 foi intitulado de Terra Sancta, 
um mapa da Palestina, considerado a partir de então, padrão para os estudiosos da 
Bíblia (GURGEL, 2017, p.80). 
 Após vários trabalhos cartográficos, e o aperfeiçoamento e construção de 
globos terrestres, Mercator lançou em 1969 o seu feito mais importante, um Mapa do 
Mundo (Figura 21). Segundo Gurgel (2017, p.97) assim como os mapas anteriores, o 
mapa de Mercator “usava uma malha de coordenadas aleatórias, mas trazia um 
sistema de coordenadas em que o nível de distorção estava matematicamente 
controlado”, e poderia ser utilizado de forma muito eficiente na navegação, uma 
concepção mais utilitária do que estética (GURGEL, 2017, p.97), pois era o único que 
apresenta as linhas correspondentes aos rumos magnéticos como retas (RAISZ, 1969, 
p.30). Mercator usou uma projeção cilíndrica conforme (Figura 22), em que todos os 
meridianos são linhas retas perpendiculares ao equador e as latitudes são linhas 
horizontais, a escala não varia com a direção. Segundo Gurgel (2017) o matemático e 
cartógrafo inglês Edward Wright (1561 – 1615), publicou em 1599 uma obra em que 
apresentava os fundamentos matemáticos da projeção de Mercator, permitindo que 
fosse possível construir e utilizar mapas com essa projeção. 
Figura 21: Mapa do mundo de Mercator 
 
Figura 22: Projeção cilíndrica de Mercator. O plano da projeção é um cilindro envolvendo a esfera 
terrestre, no cilindro desenvolvido os meridianos e os paralelos são retos e perpendiculares entre si. 
 
 A reforma da cartografia (1700 – 1930) se baseava na adoção de novos 
métodos e técnicas para aquisição e construção dos mapas. Segundo Raisz (1969) no 
mar as antigas alidades e esquadras foram substituídas pelo octante o sextante, as 
longitudes passaram a ser levantadas por meio do cronômetro invendado por 
Harrison, ainda, aperfeiçoou-se o sistema de triangulação e por fim, foi desenvolvido o 
teodolito com luneta, o que permitiu um salto quanto a qualidade dos levantementos 
topográficos. Tais elementos, podem ser considerados, o primeiro pacote de 
geotecnologias já desenvolvido na história da humanidade. No século XVII visto a 
quantidade de guerras que ocorreram na Europa (Napoleão em, Grã-Bretanha, 
Espanha, Áustria, Alemanha e Suíça organizaram seus Serviços Geográficos Nacionais, 
os quais promoveram cartografia de ponta nas mais variadas escalas. O marco do início 
da reforma foi o mapa produzido por João Domingos Cassini (Figura 23), o qual se valia 
de uma projeção polar, azimutal ou plana, e que se valeu de seus trabalhos na 
Academia Francesa no final do século XVII. 
 No Brasil, se destaca como expressão da época influenciada pela reforam da 
cartografia o “mapa da capitania de Minas Geraes com a deviza de suas comarcas”, de 
Jozé Joaquim da Rocha, executado em 1778 (Figura 24). 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 23: Planisfério de Cassini. 
 
Fonte: RAISZ (1969) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 24: Mapa da capitania de Minas Gerais. Já utilizava símbolos pictóricos na legenda para 
identificação em método de implantação pontual 
 
Fonte: Castro, 2012. 
 
 No século XX, a cartografia conheceu uma grande mudança em seus métodos e 
técnicas, principalmente pela adoção cada vez maior de aerofotogrametria, da 
evolução dos equipamentos topográficos e pelo surgimento dos Sistemas de 
Informações Geográficas (SIG) e do sensoriamento remoto orbital, tais técnicas, 
permitiram com que estudiosos da área criassem o termo Geotecnologias, o que seria 
o conjunto instrumental e aparato tecnológico para a geração de informação 
ambiental, além disso, houve a popularização do termo Geoprocessamento. Tais 
modificações compõem o que podemos dizer ser o atual estado-da-arte de se fazer 
cartografia. 
 O geoprocessamento atualmente tem seu conceito fortemente vinculado a 
utilização de técnicas computacionais e pode ser definido como: conjunto de 
tecnologias de coleta, tratamento, manipulação e apresentação de informações 
espaciais voltado para um objetivo específico (RODRIGUES, 1993). Segundo Fitz (2008) 
o geoprocessamento utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento 
da informação geográfica, as quais influenciam a cartografia, análise dos recursos 
naturais, transportes, comunicação, energia e planejamento urbano e regional. Porém, 
como também atenta Fitz (2008) o geoprocessamento não se resume as operações 
realizadas em ambiente computacional, informando que a manipulação e a típica 
sobreposição de mapas analógicos (overlay) também é geoprocessamento. 
 Sem dúvida, existe uma grande ligação entre a Ciência Geográfica e o 
Geoprocessamento, tendo como elo o espaço geográfico, sua representação, o 
registro de atributos espaciais dos objetos, a localização de fenômenos e suas 
características. Nesse sentido, os produtos de geoprocessamento (análises, mapas e 
representações) podem ser carregadas pelo analista de conceitos geográficos e, 
certamente aperfeiçoar a Cartografia e compor estudos não só da Geografia, mais de 
outras ciências. 
 Vários autores nos informam que o geoprocessamento é constituído de quatro 
elementos básico, são eles: 1) Cartografia Digital; 2) Processamento de dados; 3) 
Dados; 4) Profissionais. Ao observar esta composição, vemos a forte ligação entre o 
conceito de geoprocessamento e o ambiente computacional vigente entre os 
pesquisadores (FITZ, 2008; MOREIRA, 2005). A ligação é tão demasiada que alguns 
autores ao se referir as pessoas envolvidas citam o termo peolpleware,o qual não é 
bem recebido por nós, já que pessoas, mesmo condicionadas e qualificadas, possuem 
subjetividades e potencialidades que as diferem, não podendo estar condicionadas a 
um mero elemento. 
 Podemos citar ainda outros pontos que são importantíssimos para a qualidade 
de resultados em geoprocessamento, as quais são: o conhecimento claro em relação a 
cartográfica básica e temática, tal conhecimento se dá principalmente em relação aos 
Sistemas Geodésicos de Referência, a noção de escala e os Sistemas de Coordenadas. 
Outro conhecimento que se faz necessário é sobre a organização e montagem de 
banco de dados em ambiente computacional. 
 Para poder esboçar uma análise mais aprofundada em geoprocessamento, 
temos que falar sobre a ferramenta principal que se vale para o tratamento da 
informação espacial, os Sistemas de Informações Geográficas (SIG), o qual podemos 
definir como um pacote de módulos que permitem realizar análises complexas com 
diversos dados, manipular editar e criar um banco de dados para múltiplas finalidades, 
o que sempre dizem respeito as propriedades e relação espaciais (FITZ, 2008). 
 De forma simplificada, os SIG’s constituem-se: 1) Ferramenta para produção de 
mapas; 2) Suporte para análise espacial de fenômenos; 3) Banco de dados Geográficos. 
Para que o SIG cumpra sua finalidade é necessário um operador instrumentalizado 
com o conhecimento cartográfico e computacional e principalmente que possua dados 
adequados para o propósito que se quer atingir. Em geral, os dados de entrada em um 
SIG podem ser disponibilizados de forma gratuita em órgãos ou empresas, como por 
exemplo, no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou a Diretoria de 
Serviço Geográfico do Exército (DSG), governos municipais e estaduais e universidades 
também então entre os produtores e fonte de dados. Caso os dados não existam, é 
necessário que se produza (geração de dado). 
 Existem diversas formas de se obter um dado para cartografia: 
• Digitalização: documentos analógicos são convertidos para o formato digital, 
hoje esse procedimento é muito comum com dados do Projeto RadamBrasil e 
com as cartas da DSG. 
• Aerofotogrametria: durante muito tempo foi a principal forma de obtenção de 
informações da superfície terrestre (FITZ, 2008). Antes com aeronaves 
tripuladas e instrumental de alto custo. Hoje a aerofotogrametria ganha novo 
fôlego frente as imagens de satélite com o advento dos Veículos Aéreos Não 
Tripulados (VANT’s). 
• Sensoriamento Remoto: Aqui, especificamente se faz alusão as técnicas de 
obtenção orbital, porém, ressalta-se que a aerofotogrametria também é uma 
técnica remota, já que o conceito de sensoriamento remoto é a obtenção de 
informações da superfície terrestre sem que haja contato físico (NOVO, 2008, 
p.3). O ponto zero para os sistemas sensores orbitais de observação sistemática 
da superfície terrestre podem ser considerados o lançamento do pioneiro 
Landsat 1 (23 de julho de 1972), nos dias atuais existem diversos sensores com 
várias características que promoveram uma revolução nas técnicas de 
mapeamento, extração de informações e análises temporais. 
• GNSS: muitas pessoas se referem aos sistemas de posicionamento por satélite 
de forma equivocada, se referindo apenas a GPS (Global Position System), que 
é a constelação pioneira e mantida pelo governo estadunidense. No entanto, 
nos dias atuais, existem várias constelações de satélites (GPS – Estados Unidos 
da América, GLONASS – Rússia, Compass – China e Galileo – União Europeia) e 
se faz correto a utilização da sigla GNSS que significa: Sistema Global de 
Navegação por satélite (sigla em inglês) para se referir a esta tecnologia. 
 Os sistemas de posicionamento por satélites constituem-se a 
constelações de satélites artificiais que orbitam a terra e transmitem sinais de 
rádio, receptores em terra adquirem coordenadas de forma rápida e precisa, 
podendo ser utilizadas para diversos fins em que o posicionamento é elemento 
importante. 
 
 Ainda em relação aos dados, temos que ressaltar detalhes sobre sua 
estrutura/arquitetura. Após serem coletados e ou convertidos de analógicos para 
digitais, eles podem assumir três formas para entrada e armazenamento em um SIG, 
sãos os formatos Matriciais, Vetoriais e alfanuméricos. 
 Vetores são abstrações gráficas em forma de ponto, linha e polígono e são 
usados para representar a forma, localização e distribuição de objetos no mundo real 
(FITZ, 2008). A estrutura vetorial é sem dúvida, uma das principais utilizadas em um 
SIG, tendo-se popularizado bastante na forma Shapefile. 
 Na estrutura matricial tem-se uma matriz de células (pixel), as quais estão 
associadas valores (nível de cinza ou valores digitais) que permitem reconhecer os 
objetos sob a forma de imagens digitais. Cada uma destas células possui uma 
coordenada geográfica e uma coordenada de imagem (linha/coluna). 
 As imagens de satélite e as fotografias aéreas, por exemplo, possuem em meio 
digital uma estrutura matricial, as quase são resultado de sensores orbitando a terra a 
aproximadamente 400 km de altura e registram a reflectância dos diferentes alvos da 
superfície terrestre. Quanto maior a reflectância, maior o valor do pixel. 
 Os dados alfanuméricos geralmente constituem-se em atributos descritivos dos 
dados espaciais (formas) e são associados a feição (ponto, linha, polígono, pixel) por 
um geocódigo (id). Os dados alfanuméricos podem oferecer informações qualitativas e 
quantitativas das feições espaciais, geralmente são carregadas em um SIG e 
representadas como uma tabela (tabela de atribuitos). Ex: em uma feição de linha que 
represente uma estrada, os dados alfanuméricos podem informar: número de faixas, 
jurisdição (estadual, municipal ou federal), estado de conservação, ano de 
pavimentação etc. estes dados por sua natureza podem se tornar muito mais 
inteligíveis, quando espacializados, como, por exemplo, dados censitários. 
 Tosos esses já citados formatos de dados, das mais variadas fontes, são 
inseridos no SIG para serem trabalhados a luz do geoprocessamento. Assim, podem ser 
sobrepostos (overlay) e manipulados como camadas de informação (ou plano de 
informação). Dessa forma, temos em um SIG módulos para tratamento da informação, 
como: operação de aquisição e conversão de dados, gerenciamento e montagem de 
banco de dados, análise espacial e geográfica, sistema para processamento de 
imagens, sistema para análise e modelagem, estatística e por fim sistema para 
construção de mapas (layout). 
 Para finalizar em relação aos dados, é importante comentar que a aquisição de 
dados está obviamente relacionada com os objetivos do trabalho, é importante a 
atenção quanto a escala (nível de detalhe, diretamente ligada as aplicações) e 
resolução, projeção, datum e, data de confecção (afim de se saber o contexto cultural 
e tecnológico de sua produção). 
 
Referências bibliográficas 
Jacob, C. L’empire des cartes: approche théorique de la cartogrhaphie à travers 
l’histoire. Paris: Albin Michel, 1992. P.44. 
Lyons, H., the sailing charts of the Marshall Islanders, Geog. Journal, Vol. 72, p. 325 -
328, 1928. 
FITZ, Paulo Roberto. Geoprocessamento sem complicação . São Paulo: Oficina de 
Textos, 2008. 
MOREIRA, M.A. Fundamentos de Sensoriamento Remoto e Metodologias de 
Aplicação. 3° ed.Viçosa, UFV, 2005, 250p.

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