Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CAMPUS FREDERICO WESTPHALEN DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS ANDRIELI TELLES DJENIFFER DUTELL JAKSON SILVA THAIS CARMINATTI CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA DE SOLO SATURADO FREDERICO WESTPHALEN - RS 2018 1. INTRODUÇÃO A condutividade hidráulica é uma das propriedades físicas do solo mais importante na determinação quantitativa e qualitativa do movimento de água no solo. A sua obtenção é de grande importância para qualquer projeto de engenharia que envolva percolação, avaliação de estabilidade, investigação da contaminação de solo, impermeabilização de aterros sanitários e muitos outros. Conforme Chernicharo et al (2008), um local com alta condutividade hidráulica permite mais facilmente a passagem de líquidos, entre eles os lixiviados. Segundo Fiori et al. (2010), a condutividade hidráulica de um solo tanto em superfície como em profundidade é um parâmetro fundamental para determinar ou prever o funcionamento hídrico dos diferentes tipos de coberturas. É um parâmetro importante não apenas para a caracterização dos solos e avaliação de sua vulnerabilidade à contaminação das águas subterrâneas, mas também para as avaliações de condições de recarga dos aquíferos, regularização de vazões de cursos d’água superficiais, comportamento de plumas de contaminação, entre outras aplicações. A maioria dos ensaios é realizada com permeâmetros ou infiltrômetros visando a determinação da condutividade hidráulica em condições de saturação (LISBOA, 2006), no entanto sua determinação pode ser realizada em laboratório como também à campo. 1 2. METODOLOGIA Segundo Pinheiro e Soares (2006), os ensaios realizados em laboratório são feitos em um equipamento chamado permeâmetro. Em função do método como é executado os ensaios podem ter diversas denominações como: ensaio de carga constante; ensaio de carga variável e ensaio com vazão constante, sendo escolhidos de acordo com o tipo de solo que melhor se adequar a eles. No nosso caso a determinação da condutividade hidráulica de solo argiloso saturado foi realizada em laboratório com permeâmetro de carga constante. Imagem 1- Método do Permeâmetro de Carga Constante Fonte: Autores O método consistiu basicamente em manter uma carga hidráulica constante, medindo o volume da água drenado em função do tempo, isto é, a vazão (Q). 2 Portanto, o volume da água percolado na unidade de tempo foi anotado, até ficar constante, e calculou-se a condutividade hidráulica através da seguinte equação: K O = V . LA . H . T Em que: Ko – condutividade hidráulica saturada (cm/s); V– volume da água percolado (cm3); L – altura da coluna d´água (cm); A – área do cilindro da amostra (cm2); H – altura da amostra + coluna d´água (cm); T – tempo correspondente ao volume de água percolada (s). 3. RESULTADOS Ainda segundo Pinheiro e Soares (2006), o ensaio de carga constante não é indicado para solos finos, como os argilosos e siltosos por conta desses materiais apresentarem pouca percolação de água pela amostra, o que dificulta a determinação do coeficiente de permeabilidade. Desta forma, os autores citam que se torna mais vantajosa a utilização de permeâmetros com carga variáveis para esses tipos de materiais. Na NBR 14545 (2000), encontra-se descrito que a determinação do coeficiente de permeabilidade de solos argilosos deve ser realizada à carga variável para apresentar bons resultados, sendo então uma técnica indicada para solos com baixa permeabilidade. O quadro 1, abaixo, exibe dados de condutividade hidráulica coletados no experimento. De maneira que foram realizadas 6 repetições, com intervalo de 5 minutos cada, onde o objetivo era a estabilização do volume em um único valor, para que fosse possível efetuar o cálculo com maior exatidão. 3 Quadro 1 - Leituras. Tempo (intervalo de 5 minutos) Volume (mL) T1 7,0 mL T2 12,0 mL T3 11,0 mL T4 12,0 mL T5 12,0 mL T6 12,0 mL Fonte: Dados coletados em aula. A partir dos dados obtidos no experimento realizou-se o cálculo descrito a seguir: V = 12 cm3 L = 3 cm H = 8 cm A = 19,63 cm2 T = 300 s K O = 12 . 319,63 . 8. 300 K O = 7,64x10-4 cm/s A classificação da permeabilidade de um solo é feita tendo como referência a Lei de Darcy, sendo assim, são considerados permeáveis os solos que apresentam condutividade hidráulica superior a 10-5 cm/s (KARMANN, 2008), como mostrado no quadro a seguir: 4 Quadro 2 – Classificação da condutividade hidráulica do solo. Coeficiente k (cm.s ^-1) Grau de Permeabilidade (TERZAGHI e PECK, 1967) Tipo de solo (MELLO E TEIXEIRA, 1967) 109 a 1 Alta Pedregulhos 1 a 10-1 Alta Areias 10-1 a 10 -3 Média Areias 10-3 a 10 -5 Baixa Areias finas siltosas e argilosas, siltes argilosos 10-5 a 10 -7 Muito Baixa Areias finas siltosas e argilosas, siltes argilosos Valores menores que 10-7 Praticamente Impermeável Argilas Fonte: Santos (2005). O Coeficiente de condutividade hidráulica (K) é de grande importância e retrata maior ou menor facilidade com que a água percola por um meio poroso. A condutividade hidráulica (K) é influenciada por diversos fatores, dentre eles: densidade do solo; densidade do líquido; distribuição, forma e arranjo das partículas; porosidade total; macroporosidade (volume de poros com diâmetro maior que 50 mm); microporosidade; características do fluído e teor de umidade volumétrica do material (FEITOSA e MANOEL FILHO, 2000) 5 4. CONCLUSÃO Conclui-se, por meio dos resultados obtidos, que o solo em estudo possa ser um silte argiloso que apresenta uma permeabilidade baixa, esse fato é demonstrado por SANTOS (2005) em que indica que solos silte argilosos apresentam condutividade hidráulica entre 10-3 a 10-5 cm/s. Segundo Chernicharo et al (2008), para construção de aterros sanitários o solo deve ser compactado até uma permeabilidade inferior a 1 x 10-7 cm/s. A amostra de solo em estudo apresentou condutividade hidráulica de 7,64x10-4 cm/s, portanto o solo não se mostra ideal para a construção de um aterro sanitário. Ainda segundo Franceschet (2006), por possuir condutividade hidráulica maior que 10 -7 cm/s, o solo não se mostra ideal para a cobertura de aterros, pois não possui permeabilidade baixa o suficiente, não fornecendo assim a isolação necessária para os resíduos sólidos e do líquido percolado, desta forma podendo gerar a contaminação do subsolo e não oferecendo uma proteção de longo prazo ao meio ambiente (NBR 13897-97). 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRADE NORMAS TÉCNICAS . NBR 13896: Aterros de resíduos não perigosos: Critérios para projeto, implantação e operação. Rio de Janeiro, 1997. CHERNICHARO, C. A. de L.; RUTKOWSKI, E. W.; VOLSCHAN JUNIOR, I.; CASSINI, S. T. A. Resíduos sólidos: projeto, operação e monitoramento de aterros sanitários: guia do profissional em treinamento – nível 2. Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental (org.). Belo Horizonte: ReCESA, 2008. 120p. FEITOSA, F. A. C.; MANOEL FILHO, J. (Coord.). Hidrogeologia: conceitos e aplicações. 2. ed. Fortaleza: CPRM/ REFO, 2000. FIORI, J. O.; CAMPOS, J.; ALMEIDA, L. Variabilidade da condutividade hidráulica das principais classes de solos do estado de Goiás. Geociências. São Paulo, v. 3, n. 1, p. 229-235, 2010. FRANCESCHET, MEIRE. Estudo dos solos utilizados em camadas de base e cobertura em aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos de Santa Catarina. Meire Franceschet – Florianópolis, 2006. 148f. KARMANN, I. Ciclo da água, água subterrânea e sua ação geológica . In.: TEIXEIRA, W. et. al. (Org.). Decifrando a Terra. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008. p. 113-138. LIBARDI, PAULO LEONEL. Dinâmica da Água no Solo. 2 ed. – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2012. 356p. LISBOA, R. L. L. Determinação da condutividade hidráulica não saturada de solos residuais com o permeâmetro Guelph e ensaios de laboratório. 2005. 89 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. 2006 MEAULO, F. J. Caracterização geológica, hidrogeológica e o mapeamento da vulnerabilidade natural à poluição dos Aquíferos, na escala 1:25000, das áreas urbana e de expansão do município de Araraquara - SP . 2007. 113f. Tese (Doutorado em Geociências e Meio Ambiente) - Universidade Estadual Paulista, SP, 2007 PINHEIRO, R. J. B.; SOARES, J. M. D. Notas de aula: mecânica dos solos. Santa Maria, 2006. 253 p. SANTOS, Maurício Moreira dos. Avaliação hidrogeológica para determinação da vulnerabilidade natural do aquífero freático em área selecionada na cidade de Londrina (PR). 2005. xii, 130 f. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas, 2005. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/92835>. 7