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TRABALHO EAD BIOETICA

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BIOÉTICA: TRANSPLANTES DE ORGAOS
1. HISTÓRICO DA BIOÉTICA
Na Universidade de Washington, Seattle, em 23 e 24 de setembro de 1992, aconteceu uma conferencia sobre o “nascimento da bioética”, ocasião em que se reuniram muitos “pioneiros” da nova ética da medicina para rever sua historia e projetar o futuro. Foram definidos como pioneiros aqueles cujo nome apareceu na primeira edição da Bibliografia da bioética (1975) e que continuaram a trabalhar na área. Isso equivaleria a cerca de sessenta pessoas, das quais 42 estiveram presentes em Seattle.
A bioética amadureceu como uma forma de filosofia moral praticada na medicina. Hoje, surgem artigos sérios uma grande variedade de questões éticas nas maiores revistas de medicinas. O primeiro historiador do movimento da bioética, o professor David Rothman, da Universidade de Columbia, escreve em seu livro Strangers at the bedside: “O registro da influencia da bioética... é um caso convincente para uma transformação fundamental na substância bem como no estilo do processo de decisão medica”.
Vários impulsos dramáticos surgiram em resposta publica ao avanço medico, um deles foi o transplante de órgãos. Em 1967, Christian Barnard transplantou um coração humano de uma pessoa morta (ou moribunda) para um paciente com doença terminal de coração. O (mundo ficou maravilhado, mas alguns se perguntaram a respeito da origem do órgão. O doador estava verdadeiramente morto? O coração foi tirado sem respeito aos desejos da pessoa ainda com vida? Um editor médico muito influente questionou como deveríamos pensar sobre “o uso de órgãos emprestados”. Mesmo com a realidade de transplante de rim já estabelecida já há quinze anos, foram os transplantes de coração que impulsionaram essas questões mais urgentemente. A fundação CIBA da Inglaterra patrocinou uma conferencia histórica sobre ética em Progresso Medico com Referencia Especial ao Transplantes.
Os transplantes de tecidos e órgãos têm sido por longo tempo objetivo da pesquisa medica. Os primeiros casos de transplantes de um ser humano para o outro foram de córneas e começaram a ser feitos por volta de 1880.
Os transplantes começaram na década de 1950 com o transplante de um rim de um gêmeo univitelino para outro. Se os primeiros êxitos de transplante renal datam de 1957, a consagração do sucesso de rim transplantado veio em 1956 com o caso de Wando Foster, que deu um rim a Irma gêmea Edith Helem, ambos casados, vinte e um anos, sem filhos.
A experimentação de transplantes em animais começou muito antes. A partir de 1905, foram feitos estudos tentando-se um transplante de um coração de um animal para o pescoço, o abdômen ou a região inguinal do outro; portanto, demonstrando a habilidade do coração em funcionar após o transplante. Foi observado que, após dias, os corações mostram mudanças fisiológicas e estruturais indicando rejeição. Esforços experimentais foram então feitos no sentido de superar esse problema.
Durante os anos de 1960, avanços na medicação imonussupressiva em seres humanos aumentaram o sucesso dos transplantes de rins, e cirurgiões iniciaram transplantes de outros órgãos e tecidos. Ainda com o sucesso limitado foram feitos transplantes de medula, pulmão, fígado e pâncreas. Transplantes de ossos e pele foram acrescentados como opções a mais na área dessas cirurgias.
O caso de sobrevivência mais longo no mundo de transplantes de coração é de Emanuel Vitria. Ele recebeu um coração novo na França (Marselha) em 1968, vindo a falecer em 11 de março de 1987, aos 67 anos. Viveu, portanto, 18 anos com o coração jovem de um fuzileiro naval que morreu aos 20 anos, em um acidente de transito.
2. VISÃO PANORÂMICA DA PROBLEMÁTICA
A situação atual evidencia pontos críticos no suprimento de órgãos para transplantes. Somente na Comunidade Européia já havia em 1992, aproximadamente 50 mil pessoas esperando um gesto de solidariedade humana que lhes permitiria reviver plenamente. Nos Estados Unidos, 27 mil pessoas estavam à espera de um órgão em junho de 1992. 
Nesse contexto é importante estabelecer a diferença entre demanda e necessidade. Pessoas com necessidade de um transplante são aquelas que: a) morrem do próprio problema que tornava o transplante necessário; b) são mantidas em condições terapêuticas ótimas na ausência de transplante (por exemplo, diálise). Já a demanda é para aqueles pacientes que estão imediatamente esperando um transplante e constam das listas oficiais. Assim, as necessidades são, na realidade, bem superiores na demanda clinica.
Outro aspecto que chama a atenção é a flagrante má distribuição social do transplante. No caso de transplantes renais, por exemplo, os homens são favorecidos em relação às mulheres, os brancos recebem mais órgãos, proporcionalmente as outras raças, os ricos são mais bem atendidos que os pobres, e as pessoas mais velhas são, geralmente, favorecidos em favor dos jovens.
3. PROBLEMAS DA DOAÇÃO E REALIZAÇÃO DOS TRANSPLANTES
Problemas de natureza clinico - biológica: verificação de compatibilidade biológica com o receptor (quanto às questões imunológicas relacionadas com possível rejeição); grupo sanguíneo; dificuldade para o estabelecimento de um diagnostico seguro de morte cerebral; problemas específicos de saúde que diminuem consideravelmente o numero de doadores potenciais.
Problemas de natureza logístico-administrativa e econômica: o funcionamento adequado das entidades dos recursos humanos que atuam diretamente na localização e captação de órgãos e assistentes sociais, visitadores sanitários, psicólogos, comunicadores; a infraestrutura do processo de localização e seleção de doador, retirada e conservação do órgão, disponibilidade de leitos para a urgência e reanimação, etc.
Problemas de natureza geográfica: os receptores que moram mais próximos dos centros de transplante são naturalmente beneficiados em circunstancias emergenciais.
Problemas de natureza cultural e moral: convicções religiosas, educação do paciente e seu desejo ou não de realizar o transplante.
4. RECUSA: TESTEMUNHA DE JEOVÁ
Segundo esse grupo religioso, a transfusão de sangue e a doação de órgãos são proibidas pela Bíblia. Decorrentes dessa convicção surgem situações de impasse, em que o doente recusa o sangue e pessoas proíbem a transfusão de sangue de seus filhos e familiares, mesmo que como conseqüência disso sobrevenha à morte.
A conduta medica diante dessa situação ate pouco tempo era desconhecer as convicções religiosas e impor a transfusão de sangue em defesa da vida em perigo em uma primeira instancia. Essa postura, um tanto radical, trouxe traumas e se passou a questionar esse radicalismo, que em alguns casos ocasionou a expulsão de fieis.
No Brasil foi criado um documento em 14 de setembro de 1974, que sugere que se deve respeitar suas convicções, mas exige-se que se assine uma declaração isentando de responsabilidade à instituição e o medico e quem dele cuidar, isso quando se trata de um adulto consciente. No caso do adulto inconsciente, admite que o sangue possa aplicado, desde que nem o cliente nem seu familiar venham saber. O fundamental é que se evitem traumas psicológicos e espirituais.
5. BRASIL: DADOS E LEGISLAÇAO DOS TRANSPLANTES
Em 2009 foram realizados 5.998 transplantes de órgãos nos pais (4.259 renais 1.322 hepáticos), um aumento de 11,6% em relação a 2008. A lista de espera, no entanto caiu só 1,5%. No final de 2009, 40.110 pessoas aguardavam na fila. Isto significa que precisamos incentivar mais a doação de órgãos, bem como aprimorar o sistema de captação de órgãos, bem como aprimorar o sistema de captação de órgãos, já que a legislação deixou de ser um obstáculo e se tornou uma aliada no processo de transplante, respeitando valores culturais do povo brasileiro.
Em nosso país, a partir de 1997 (Lei 9.434 de 04/02/1997) teve inicio a implantação de uma política e de um sistema nacional de transplante. Este é o lado positivo da lei: o aumento global no numero de procedimentos nos dois últimos anos foi superior a 50%. O Brasil ocupahoje a segunda posição em numero absoluto de transplante, respeitando valores culturais do povo brasileiro.
Burocratas e tecnocratas no âmbito da saúde tentaram impor ao povo brasileiro a chamada doação presumida, isto é, todos são considerados doadores, a não ser que exista uma prova documental em contrario. Eticamente, doar deveria ser uma opção generosa e expressão de solidariedade humana. A reação da população surgiu na troca de documentos de identidade, rejeitando a obrigatoriedade estabelecida pela lei. Houve casos de 97% de rejeição de novos documentos de identidade. Informações do Ministério da saúde revelam que desde a vigência da lei, 90% das famílias não autorizavam a retirada de órgãos de parentes mortos. A credibilidade e a viabilidade do sistema de transplante ficou abalada.
Em face deste quadro preocupante, a lei é alterada pela Medida provisória (MP) n°1718 de 06/10/1998, que acrescenta o seguinte dispositivo à lei em vigor: ‘Na ausência de manifestação de vontade potencial doador, o pai, a mãe, o filho ou o cônjuge poderá manifestar-se contrariamente a doação, o que será obrigatoriamente acatado pelas equipes de transplantes e doação”. Uma nova MP em 24 de outubro de 200, n°1959-27, altera substancialmente o cenário no que diz respeito à autonomia do doador e de seus familiares. “A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas, para transplante ou outra finalidade terapêutica, dependera da autorização de qualquer um de seus parentes maiores, na linha reta ou colateral, ate o segundo grau, inclusive, ou do cônjuge, firmada por documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte”. (art.4°); “É permitido à pessoa juridicamente capaz dispor gratuitamente de tecidos, órgãos e parte de próprio corpo vivo, para fins terapêuticos ou para transplantes em cônjuge ou consangüíneos até o quarto grau, inclusive, na autorização judicial, dispensada em relação à medula óssea. (art.9°); “as manifestações de vontade relativas à retirada post mortem de tecidos, órgãos e partes, constantes na Carteira de Identidade Civil e da Carteira Nacional de Habilitação, perdem a sua validade após o dia 1 de março de 2001”. (art.20).
A partir de 23 março de 2001 passa a vigorar a Lei n° 10.211, que extingue definitivamente a doação presumida no Brasil e estabelece que para ser doador após a morte é necessária a autorização familiar. As manifestações relacionadas à retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes, constantes na Carteira de Identidade Civil (RG) e da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), deixaram de ter qualquer valor. Para ser doador não é necessário deixar nada por escrito, mas é fundamental comunicar a família o desejo da doação.
Cerca de três anos depois de vigência, a lei que estabelecia a doação presumida curva-se diante da realidade cultural, moral e social do valor da família no processo de decisão acerca da vida.
6. TIPOS DE TRANSPLANTE
 Autoplástico – é aquele que retira de um indivíduo tecidos ou células e os transfere para implantação em outro local do seu próprio organismo.
Heteroplástico – transfere de um indivíduo para implantar em outro, células, tecidos ou órgãos.
 Heterólogo – é aquele em que tecidos e órgãos são transferidos e de um organismo e implantados em outro organismo de espécie diferente.
7. MERCADO HUMANO DE ÓRGÃOS
Hoje uma das questões mais polêmicas e dramáticas na agenda da bioética mundial é o mercado humano de órgãos. Reconhecendo a necessidade de definir parâmetros éticos para a prática internacional de doação de órgãos, em face dos abusos de comercialização e roubo constantemente denunciados, abusos que minam a integridade física dos membros da sociedade mais vulneráveis e a confiança que deve existir no processo de doação/transplante de órgão, foi criada uma comissão internacional composta de cirurgiões de transplante, especialistas em captação, ativistas em direitos humanos e cientistas sociais. Esta comissão de especialistas internacionais se encontrou em Bellagio, na Itália (1996), para discutir, analisar as implicações, éticas, sociais e medicas desses problemas e propor estratégias para o futuro. O relatório que comentamos a seguir, que ficou conhecido mundialmente como The Bellagio Task Force Report, apresentando no IV Congresso Mundial de Bioética em Tóquio (1998), representa um esforço para promover a confiança publica internacional no processo de doação/transplante de órgãos e para proteger o bem-estar de todos os envolvidos no processo, notadamente os mais vulneráveis.
Organizações internacionais, tanto medicas como de direitos humanos, sempre foram contra a compra de órgãos de pessoas vivas ou a provisão de incentivos econômicos para parentes de doadores mortos. Em 1985, em 1987 e novamente em 1994, a Associação Medica Mundial condenou a compra e venda de órgãos humanos para transplante. Para a organização Mundial da Saúde (OMS), o comercio de órgãos é uma violação da carta universal dos direitos humanos, bem como de sua própria constituição: “O corpo humano e suas partes não podem estar sujeitos a transações comerciais. Consequentemente pagar e receber dinheiro... de órgãos deve ser proibido”
A mesma OMS exorta os médicos a não realizar transplante de órgão “caso souberem que órgãos utilizados no transplante são de transação comercial”. O Conselho da Europa, em 1987, também declarou: “Um órgão humano não deve ser usado como objeto de lucro por nenhuma organização ou centro de transplante de órgãos”. O Conselho da Sociedade Internacional de transplante insiste: “Nenhum cirurgia e/ou equipe cirúrgica de transplante se envolvera indevidamente na compra ou venda de órgãos/tecidos ou em qualquer atividade de transplante com objetivos comerciais.
Não obstante a unanimidade em condenar eticamente a comercialização, declarações internacionais permanecem no reino das boas intenções, mas longe das dramatizações dos fatos da vida. È necessário oferecer argumentos para as posições tomadas, e isso não ocorre. Alem disso, essas declarações não tem garantia de que suas posições sejam praticadas e não apresentam pistas de como poderiam ser implementadas ou que penas seriam aplicadas em caso de violação. A Associação Medica Mundial, por exemplo, “chama a atenção de todos os países para tomar medidas efetivas para prevenir o uso comercial de órgãos humanos”. Todas essas declarações falham em estabelecer e ou pressionar um processo de investigação nos casos acidentais e de acompanhamento ético cientifico.
Quanto mais profundamente se examina a problemática da venda de órgãos, mais complexas a questão se torna, diz o relatório da Força-Tafera Bellagio. Surgiram muitas perguntas e duvidas porem poucas respostas. Constata-se que a venda de partes do corpo humano (sangue, esperma, tecidos, órgãos, etc.) já é pratica comum mundo afora e não é tão evidente porque os órgãos sólidos devam ser excluídos desse contexto. Em muitos países esperma, sangue e óvulos podem ser vendidos. Mas também existe um comercio internacional de partes de corpo de cadáveres para educação medica e pesquisa, e companhias farmacêuticas compram grandes quantidades de tecidos para fins comerciais. Em que base se permite a comercialização de sangue e ossos no mercado aberto, mas não a de rins, de coração ou fígados de cadáveres, por exemplo? Seria eticamente aceitável o comercio de órgãos se o governo supervisionasse, banisse as manobras do mercado negro, estabelecesse preços justos para os órgãos e que os vendedores e familiares recebessem uma compensação? Esse mercado humano seria mais aceitável, casos os órgãos comprados fossem distribuídos equitativamente, com base nas necessidades medicas e não na capacidade de pagamento? Hoje, todo o processo de transplante não deixa de ser uma transação comercial, com custo determinado. Hospitais, cirurgiões, equipes de captação de órgãos vendem regularmente seus serviços. Pergunta-se: porque somente a fonte de órgão não seria necessariamente recompensada?
A Força-Tarefa defendeu que a proibiçãodo comercio de órgãos de doadores vivos deve ser mantida e, ao mesmo tempo, aconselha que a experiência de programa de recompensa às famílias de doadores de órgãos de cadáveres deve continuar, acompanhada de valiosa educação. Argumenta essa Comissão Internacional que as iniqüidades políticas e sociais são tantas que a comercialização seria mais um grave risco para as populações pobres. O bem-estar físico das populações vulneráveis, especialmente nos países bem desenvolvidos, já corre risco por uma grande gama de fatores, entre outra desnutrição, falta de moradia, falta de água potável etc. Nessas circunstancias, acrescentar a essa lista a venda de órgãos seria impor nova ameaça à já precária situação de saúde e integridade corporal dessas populações. As pessoas que estariam vendendo seus órgãos certamente seriam da camada economicamente mais pobre, sabendo-se que a regulamentação fundamentalmente não previne abusos e que a transparência e a equidade no processo não podem ser garantidas.
8. NO PASSADO: PRISIONEIROS, NO PRESENTE: O TRÁFICO
O uso de órgãos de prisioneiros executados, bem como a venda de órgãos, levanta serias preocupações quanto à vulnerabilidade dos membros mais desafortunados da sociedade.
Em 1984, imediatamente após a descoberta da ciclosporina, medicamento imunossupressor que combate a rejeição de órgãos, muitos centros de transplantes pelo mundo foram reabertos. A China elaborou as “regras para utilização de corpos ou órgãos de corpos de prisioneiros executados”. Essas regras dizem que os corpos ou órgãos de prisioneiros executados podem ser retirados sem ninguém reclamar o corpo, se o prisioneiro executado voluntariamente desejou que seu corpo fosse assim usado, ou com o consentimento da família. Muito embora a regra mande respeitar a vontade do prisioneiro, a organização Human Higths Watch documentou que os prisioneiros raramente são informados e consultados sobre a doação de seus órgãos para fins transplantes. A lei de 1984 diz que o uso de corpos ou órgãos de criminosos executados deve ser mantido em estrito segredo e deve-se prestar atenção para evitar repercussão negativa... Existe um sombrio ar de segredo... Um veiculo cirúrgico do departamento de saúde deve estar no local, mas sua identificação como sendo do setor de saúde governamental é vedada, bem como não é permitido aos profissionais da saúde envolvidos usar roupas brancas. Os guardas devem estar a postos no local da execução enquanto é realizada a retirada dos órgãos.
Embora não tenhamos testemunhas oculares das execuções e da retirada de órgãos na China continental, dizem os especialistas que o processo não é diferente do que acontecia em Taiwan entre 1987 e 1994, quando a pratica foi banida. A execução acontece com um tiro na nuca. Existe a necessidade de proteger e preservar os possíveis órgãos para transplante. O medico, antes de execução, ministra um sedativo ao prisioneiro e, imediatamente após o tiro, procura estancar o fluxo de sangue, coloca o condenado no respirador, injeta medicação para manter a pressão sanguínea e os batimentos cardíaco, afim de manter os órgãos em boas condições de transplante.
Circula mundo afora muitos rumores de trafico de órgãos de crianças assassinadas em Honduras, Guatemala, Argentina e Brasil. O relator de um comitê do Parlamento Europeu recentemente escreveu: “O trafico organizado de órgãos existe, da mesma forma que o trafico de drogas... Envolve a matança de pessoas para remover órgãos que podem ser vendidos para obter lucro. Negar a existência de tais atividades seria negar a existência de fornos e câmara de gás durante a Segunda Guerra Mundial.
9. SOLUÇÃO: O QUE FAZER?
A Comissão Bellagio aponta a necessidade urgente de constituição de um comitê internacional de vigilância de doação de órgãos. Aparece com toda força a necessidade de conscientização da população em geral a respeito da doação de órgãos, que, do ponto de vista ético, é um ato de solidariedade. Muitos tabus de ordem cultural e religiosa precisam ser superados.
Caberia um questionamento ético a respeito da realidade dos transplantes no Brasil quanto ao seu “custo social”. Temos entre-nos a tecnologia mais avançada do mundo que serve a alguns “privilegiados” ao lado de uma multidão que morre de doenças endêmicas superadas pela medicina já há muitos anos. Ganha manchete em jornais e revistas a criança que não sobreviveu ao transplante de fígado e, no entanto, a que morreu porque não tinha o que comer... se junta a legião dos anônimos. Que falar das campanhas dos meios de comunicação em favor de alguém para fazer transplante de fígado nos Estados Unidos: quantas vidas não poderiam ser poupadas usando esses recursos aqui mesmo? A esses questionamentos poderíamos acrescentar outros relacionados à questão social. 
10. BIODIREITO 
 “É o ramo do Direito que trata especialmente das relações jurídicas referentes à natureza jurídica do embrião, eutanásia, aborto, transplante de órgãos e tecidos entre seres vivos ou mortos, eugenia, genoma humano, manipulação e controle genético, com o fundamento constitucional da dignidade da pessoa humana”, ou seja, se destina a disciplinar, através de normas legais, as contendas eclodidas em face do crescente progresso científico.

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