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PROLAPSOSUTERINOSEMRUMINANTES

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PROLAPSOS UTERINOS EM RUMINANTES
Article  in  Medicina Veterinaria · January 2003
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2 authors:
Some of the authors of this publication are also working on these related projects:
Prognostic value of uterine biopsies for the evaluation of female donkey fertility: a preliminary study View project
Manipulation of end product quality and quantity through animal nutrition View project
João Simões
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
67 PUBLICATIONS   44 CITATIONS   
SEE PROFILE
Miguel Nuno Pinheiro Quaresma
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
65 PUBLICATIONS   72 CITATIONS   
SEE PROFILE
All content following this page was uploaded by Miguel Nuno Pinheiro Quaresma on 30 May 2014.
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PROLAPSOS UTERINOS EM RUMINANTES 
 
JOÃO SIMÕES ; MIGUEL QUARESMA 
Departamento de Patologia e Clínicas Veterinárias 
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro 
Apartado 202, 5000-911 Vila Real 
 
 
Resumo 
Os autores descrevem a abordagem clínica dos 
prolapsos uterinos em bovinos com algumas 
referências a pequenos ruminantes. Caracterizam 
as causas, sinais clínicos e diagnóstico desta 
afecção esporádica, evidenciam diversos 
aspectos da conduta terapêutica e especificam o 
prognóstico relativamente à sobrevivência e 
fertilidade dos animais afectados. 
Abstract 
The authors describe the clinical approach to the 
uterine prolapse in bovine medicine, with some 
references to small ruminants. There is a 
characterization of the causes, clinical signs and 
diagnostic of this sporadic problem, with special 
regard the therapeutics aspects and prognostic, 
regarding both survival and subsequent fertility 
of affected animals. 
 
 
INTRODUÇÃO 
O prolapso uterino é uma altera-
ção de posição do útero que se observa 
quando o órgão apresenta uma inversão, 
projectando-se para o exterior da vagina 
e vulva (4,10). Embora se verifique o pro-
lapso uterino em todas as espécies ani-
mais, é mais frequentemente observado 
em vacas e ovelhas, por vezes em por-
cas e cabras (12) e raramente em carnívo-
ros e éguas (15). 
 
Incidência 
A incidência, nos bovinos, é 
baixa com estimativas na ordem de 0,09 
% (3) e 0.3 % (9), sendo o risco menor em 
primíparas (3,9). 
Esta afecção ocorre durante a 3ª 
fase do parto (1). A sua maior frequência 
surge no pós-parto imediato, ocasio-
nalmente algumas horas após e muito 
raramente entre as 48 e 72 horas (15) ou 
mesmo até 5,5 dias (13). 
 
Classificação 
A eversão do útero é definida 
quando a porção invaginada se mantém 
no interior do útero ou vagina (4). O 
prolapso uterino é consecutivo a esta 
última e ambos podem ser classificados 
em parciais ou completos, consoante há 
retroversão de um corno uterino, geral-
mente o gravídico (16), ou de ambos, 
respectivamente. O prolapso uterino 
completo pode ainda ser total quando 
está implicado o cérvix (4). 
 
ETIOLOGIA 
A etiologia dos prolapsos uteri-
nos não está completamente esclarecida. 
 
Causas determinantes 
Embora existam um conjunto de 
causas predisponentes, os factores de-
terminantes são de natureza mecânica 
(10) representada por pressões com ori-
gem em contracções abdominais 
associadas a uma inércia uterina (4). 
Outro factor mecânico, são as tracções 
que podem ocorrer em casos de partos 
distócicos com diminuição acentuada 
dos fluidos fetais (o útero adere ao feto) 
(10) ou, durante a extracção forçada de 
fetos efisematosos, devido a um efeito 
de sucção da parede uterina (4), contri-
buindo desta forma para a sua inversão 
e surgindo o prolapso por acção com-
plementar das contracções abdominais 
(4,10). 
 
Causas predisponentes 
Em muitos animais o prolapso 
uterino ocorre em simultâneo com hipo-
calcemia, conduzindo esta à inércia do 
útero (1). Risco et al. (1984) (14) eviden-
ciaram esta associação em vacas multí-
paras, o que está em consonância com a 
menor incidência de prolapso em primí-
paras, vacas de aptidão de carne, ani-
mais confinados e de menor consumo 
alimentar (menor produção) (1). 
 Outras causas predisponentes, 
além da atonia e flacidez uterinas (15), 
são os esforços intensos, os quais po-
dem ser causados por dor ou descon-
forto após o parto (12); tenesmo (15); re-
tenção placentária e lesões das vias fe-
tais moles (4); maior comprimento e re-
laxamento dos ligamentos largos, teci-
dos peri-cervicais e peri-vaginais per-
mitindo ao útero movimentos mais am-
plos (10); edema dos órgãos genitais que 
ocasiona perda de elasticidade e pode 
aprisionar o órgão invaginado (4); esta-
bulação em planos inclinados com o 
terço posterior mais baixo que o ante-
rior, o que permite uma maior pressão 
das vísceras abdominais em direcção 
caudal (10); e aumento da pressão intra-
abdominal como nas situações de 
timpanismo e decúbito (12). De referen-
ciar que Levine (1990) (8) relatou a 
ocorrência de um prolapso uterino par-
cial associado a um corpo estranho ve-
getal de 6 cm de comprimento. 
Raramente existe recorrência do 
prolapso nos partos seguintes e não pa-
rece existir predisposição hereditária 
(13), embora Woodard e Quesesenberry 
(1956) (18) sugerissem uma susceptibi-
lidade deste tipo em bovinos de raça 
Hereford. 
O prolapso uterino iatrogénico 
pode ser induzido durante as primeiras 
12 horas pós-parto por administração de 
epinefrina, a qual relaxa o útero (16). 
 
SINAIS CLÍNICOS 
No prolapso facilmente se identificam 
as carúnculas e, normalmente, a pre-
sença da placenta (com os cotilédones 
fetais aderidos) no útero revertido, lo-
calizado fora da rima vulvar, podendo 
este atingir a zona do jarrete quando o 
animal está em estação (4) (Fig. 1) ou 
mesmo alcançar o solo (10). A mucosa 
uterina exposta e placenta estão nor-
malmente recobertas de fezes, pedaços 
de palha, terra ou de coágulos sanguí-
neos excepto numa fase muito inicial 
(15). Nesta fase precoce, a mucosa tem 
um aspecto rosáceo, salpicada de pe-
quenos pontos hemorrágicos (10). 
O útero, normalmente, encontra-
se aumentado e edemaciado especial-
mente em casos com 4 a 6 ou mais ho-
ras (15). Isto ocorre devido às dificulda-
des de circulação vascular e ao estran-
gulamento vulvar. A mucosa irritada é 
de coloração violácea escura, gretando-
se devido à sua dessecação, com coá-
gulos de sangue procedentes da ruptura 
de pequenos vasos. Se ocorrer a ruptura 
em vasos de maior calibre a hemorragia 
é fatal. Se o útero permanece muito 
tempo comprimido pela vulva ocorre a 
sua gangrena (10). 
 
 
Fig. 1- Prolapso uterino em bovino. Prolapso 
total com duração de 3 horas. A placenta foi 
totalmente removida. 
 
O animal pode, aparentemente, 
encontrar-se num estado alerta, manter-
se em estação e locomover-se (possibi-
litando traumatismos uterinos diversos). 
As fêmeas multíparas podem apresentar 
sinais clínicos dos vários estádios de hi-
pocalcemia. Estes sinais devem ser dife-
renciados com os apresentados, em al-
guns casos, por estado de shock hipo-
volémico devido a hemorragias internas 
ou externas, lacerações do útero e incar-
cerações intestinais. A palidez pronun-
ciada das mucosas, frequência cardíaca 
elevada e a prostação constituem graves 
sinais clínicos. O tenesmo surge na 
maioria dos casos (13). 
 
 
Fig. 2- Prolapso uterino em caprino, ocorrido 
imediatamente à expulsão de 3 fetos de raça 
Serrana. A placenta (conspurcada com pedaços 
de palha) recobre a mucosa uterina. 
 
DIAGNÓSTICO 
Os sinais clínicos de prolapso 
uterino são suficientes para um dia-
gnóstico definitivo, sendo muito difícil 
ser confundido outras condições tais 
como oprolapso vaginal (Fig. 3) (13). 
O diagnóstico é efectuado por 
inspecção, devendo identificar-se as es-
truturas uterinas e anexos placentários, 
avaliar-se o lapso de tempo decorrido 
assim como o grau de reversão e as alte-
rações da mucosa uterina. Quando o 
prolapso é completo observam-se os 2 
cornos uterinos e a bifurcação. Quando 
é parcial, detecta-se um orifício ao lado 
da porção invertida que corresponde à 
abertura do corno uterino não invagi-
nado (4). 
 
 
Fig. 3- Prolapso vaginal de 3º grau em bovino 
de raça Maronesa. Reparar na exposição vaginal 
e cervical (parte superior). 
 
TRATAMENTO 
O prolapso uterino é uma emer-
gência médica (13). O útero deve ser 
protegido (lençol húmido) para evitar 
contaminação, dessecação e traumatis-
mos e, se possível, sustido a nível da 
vulva (12). O dono deve ser instruído 
nesse sentido enquanto espera pela as-
sistência veterinária. 
Antes do tratamento específico o 
animal deve ser avaliado na eventuali-
dade da presença de estado de shock ou 
hipocalcemia. Deve avisar-se o proprie-
tário que a vaca pode morrer a qualquer 
momento durante ou após a redução do 
prolapso quando o estado de shock é 
óbvio. O tratamento imediato da hipo-
calcemia está indicado se o animal se 
encontra em decúbito e (semi) comatoso 
(13). 
O tratamento deve seguir 3 pas-
sos: (1) preparação do órgão e do ani-
mal; (2) reintroducção (redução) do 
útero na cavidade abdominal; e (3) ma-
nutenção da localização anatómica e 
topográfica do útero (4). 
 
Preparação e posição do animal 
A anestesia epidural baixa (1 ml 
de lidocaína a 2% por cada 100 Kg nos 
bovinos) permite evitar resistências do 
animal durante a reposição uterina, ali-
viar o tenesmo (13) e prevenir a defeca-
ção durante o tratamento (1). Nos ovinos, 
esta anestesia não é necessária mas pre-
vine pressões de esforço após a redução 
do útero (1). 
Se o animal não puder permane-
cer em estação, com o terço superior 
mais elevado, deve elevar-se a região 
pélvica em posição de decúbito esterno-
abdominal, com os membros posteriores 
projectados para trás (método da Nova 
Zelândia) (12). Esta posição tem vanta-
gens mecânicas e no aproveitamento da 
força de gravidade (13). Nos pequenos 
ruminantes um auxiliar sustem os mem-
bros posteriores com o animal em decú-
bito dorsal. 
 
Preparação do útero 
Deve proceder-se à elevação do 
útero até ao nível do isquion para dimi-
nuir o edema e o comprometimento 
vascular (13). Seguidamente deve ser 
limpo e lavado com uma solução de 
água morna contendo um antiséptico 
não irritante, como por exemplo iodo-
povidona a 1%. A placenta é cuidado-
samente removida sempre que possível 
(na impossibilidade de separar os coti-
lédones das carúnculas, deixar intacto 
os placentomas) (1) e eventuais lacera-
ções suturadas com fio de sutura reab-
sorvível. 
O uso de ocitocina ou ergono-
vina por via sistémica antes da redução 
do útero é controverso, sendo estes tó-
nicos uterinos aplicados especialmente 
quando o útero se encontra completa-
mente flácido, atónico ou edemaciado e 
o risco de perfuração iatrogénica, du-
rante a sua manipulação, é elevado (13). 
No entanto, as contracções que provo-
cam no útero, tornam mais difícil a sua 
redução e causam maior resistência 
(13,15), sendo estas ocorrências desvanta-
gens importantes. 
Os problemas que surgem na 
altura da reintrodução do útero são seu 
tamanho aumentado devido à presença 
de infiltração (edema), pressão intra-ab-
dominal (evitada por epidural baixa), 
prolapso da bexiga e, raramente, de an-
sas intestinais (10). O útero deve ser pal-
pado para identificar a eventual pre-
sença da bexiga distendida, procedendo 
à sua descompressão com um catéter se 
necessário (1). 
 
Diminuição do volume do útero 
Embora nem sempre necessá-
rios, existem vários procedimentos para 
diminuir o volume do órgão e favorecer 
a circulação de retorno: aplicação de 
uma bandagem humedecida (4) ou 
mesmo elástica (10) envolvendo o útero 
em sentido caudo-craneal. A mesma li-
gadura vai sendo lentamente retirada 
por um auxiliar em consonância com a 
reposição do útero; aplicação de subs-
tâncias osmóticas (sal ou açúcar) (12); 
técnica de Bru: colocação de um pano 
debaixo do útero desde da vulva e ultra-
passando em cerca de 25 cm a sua ex-
tremidade livre. Ao mesmo tempo que 
se enrola o pano à volta do útero, um 
auxiliar torce-o na extremidade. Um 2º 
pano é colocado da mesma forma, mas 
sem sobressair da extremidade do útero. 
Os bordos laterais do pano são levanta-
dos e enrolados num pau em forma de T 
(comprimento de 120 cm), ao mesmo 
tempo que se efectuam massagens no 
útero. Os panos são retirados ao fim de 
15 minutos. 
 
Reintroducão do útero 
A redução deve começar de 
forma gradual, a partir da base, com a 
introdução de pequenas porções (4), 
eventualmente com a aplicação de gel 
obstétrico, e com o útero sustido por 
uma tela (12). Quando a massa uterina é 
volumosa pode utilizar-se o procedi-
mento de Schaack: envolver com as 
mãos abertas o útero a cerca de 11-20 
cm da vulva introduzindo essa parte re-
petindo a manobra as vezes necessárias. 
Quando já houver pouco volume, esta é 
reduzida pressionando o seu extremo 
com o punho (10). 
A redução em bloco, sugerida 
por Reinard, (pressão exercida pelo pu-
nho na parte central da extremidade do 
útero) só deve efectuar-se quando o 
prolapso é parcial e forma uma massa 
de pequenas dimensões (10). Durante a 
manipulação do útero deve, pois, evitar-
se a perfuração iatrogénica (com os de-
dos) do endométrio ou parede uterina 
friáveis. Nos pequenos ruminantes o 
risco destas perfurações pode ser dimi-
nuído envolvendo o útero com uma luva 
de plástico (12). 
 O prolapso da bexiga e intestino 
reduz-se em simultâneo com o útero (10). 
 
Redução da eversão uterina 
Após a reintrodução do útero, o 
braço deve penetrar no lúmen uterino 
para colocá-lo em posição normal , pois 
a permanência de uma porção invagi-
nada pode provocar uma recidiva (9). 
Para assegurar a completa redu-
ção pode ser efectuada a introdução de 
9 a 14 litros (1) de uma solução fisioló-
gica estéril ou solução aquosa a 40 ºC (9) 
com antiséptico (não irritante), sendo o 
líquido retirado por sifonagem imediata-
mente (1) ou até cerca de 15 minutos 
após (3). Esta prática tem ainda a van-
tagem de aumentar a temperatura do 
útero e ajudar a combater o estado de 
shock (2). 
Outra técnica consiste em utili-
zar uma garrafa como extensão do braço 
(12). 
 
Terapia farmacológica de apoio 
Após a redução deve administra-
se ocitocina (20 a 30 UI nos bovinos) 
pois estimula as contracções uterinas 
(16), favorecendo a involução uterina e 
diminuindo o risco de recorrência (12). 
A metrite é uma sequela fre-
quente motivo pelo qual está indicada 
uma antibioterapia (sistémica e intra-
uterina) adequada (16). 
 
Suturas de retenção 
As suturas vulvares de retenção, 
aplicadas durante 2 ou 3 dias, têm o 
objectivo de evitar possíveis recidivas 
(1), pois estas últimas podem ocorrer 
numa baixa percentagem de animais 
entre 1 a 3 dias (13). No entanto, podem 
mascarar situações em que o útero fique 
encaixado no interior da vagina, após 
recorrência da inversão (10), sendo o seu 
uso controverso (13), servindo inclusi-
vamente como placebo para o dono (15). 
Estas suturas podem, também, originar 
abcessos locais como complicações (5). 
Para proceder à sutura de reten-
ção, existem numerosos métodos dos 
quais destacamos o de Flessa, de 
Buhner e as suturas de colchoeiro. 
O método de Buhner é uma ma-
neira simples e eficiente de reter o pro-
lapso uterino (17), consistindo numa su-
tura em bolsa de tabaco profunda e 
bastante larga, executada com uma 
agulha especial (agulha de Buhner). É 
efectuada uma incisão vertical de2 cm 
cerca de 3 cm abaixo da comissura 
ventral da vulva. A agulha é então in-
troduzida nesta incisão e empurrada 
dorsalmente, lateral à vulva através dos 
tecidos subcutâneos profundos (6). Uma 
mão é colocada na vulva para guiar a 
agulha (17). A agulha deve sair entre a 
comissura dorsal da vulva e o ânus. 
Nesta altura prende-se uma das pontas 
da fita no olho da agulha que é arrastada 
para baixo até sair pela incisão ventral. 
O procedimento é então repetido no 
lado oposto da vulva, tendo o cuidado 
de usar as mesmas incisões ventrais e 
dorsais à vulva. A fita deve então ser 
apertada e amarrada, de modo a que a 
sutura que circunda a vulva admita dois 
ou três dedos. Uma das vantagens deste 
método é que facilmente se pode desatar 
(e voltar a atar) o nó para proceder a 
uma inspecção vaginal (6). 
No método de Flessa, são colo-
cados paralelamente 3 grampos (vareta 
metálica de 10 cm de comprimento, li-
geiramente curva, com 2 esferas de ma-
deira enroscáveis nas extremidades), a 
distâncias regulares, atravessando hori-
zontalmente os 2 lábios vulvares (10). 
Nas suturas de colchoeiro em U 
horizontais (Fig. 4), é utilizado um fio 
de sutura não absorvível n.º 3, 4 ou 5. 
Esta sutura deve ser efectuada na junção 
do lábio vulvar com a pele do períneo e 
com uma distância de 2 a 4 cm entre a 
passagem dos 2 fios. Após colocar 3 a 5 
pontos equidistantes, estes devem ser 
firmemente atados tendo o cuidado de 
colocar protectores laterais para evitar 
lacerações (5). Na proximidade da co-
missura ventral, é necessário deixar uma 
abertura suficiente com o objectivo de 
prevenir acumulação de urina no inte-
rior da vagina. 
 
Amputação do útero 
A amputação do útero é uma op-
ção de último recurso (impossibilidade 
física de redução, lacerações e necrose 
extensas da parede do útero), sendo de 
mau prognóstico embora haja bastantes 
relatos de recuperação (1). Para tal é 
aconselhável injectar ocitocina para 
provocar a contracção do órgão e certi-
ficar a inexistência de ansas intestinais 
na massa prolapsada (em caso de dúvida 
praticar uma incisão na parede do útero 
para a observação). A hemostasia é 
efectuada por aplicação de uma ligadura 
(2 ou 3 voltas) e um tubo de borracha, 
bem apertados, junto ao colo. Deve es-
perar-se 20 a 30 minutos para permitir a 
formação de edema por debaixo das li-
gaduras (15). A amputação é efectuada 
com uma incisão em forma de cone a 
uma distancia caudal de 8 cm (na vaca) 
devido à retracção do bordo interno (se-
rosa). A ligadura destaca-se espontane-
amente ou é retirada após 2 semanas (4). 
 
 
Fig. 4- Sutura de retenção. Sutura de colchoeiro 
em U horizontal. Os protectores laterais são 
constituídos por compressas enroladas. A sutura 
foi efectuada com um fio duplo de Nylon, com o 
objectivo de aumentar a sua resistência. 
 
PROGNÓSTICO 
Depende do tempo decorrido e 
do grau de lesão e contaminação do 
útero, da intensidade do estado de shock 
do animal e da posição e acessibilidade 
deste (12). 
Gardner et al. (1990) (3) relata-
ram uma taxa de recuperação em bovi-
nos leiteiros, às 2 semanas, (útero em 
posição correcta e animais vivos) de 
72,4%, tendo estes animais sido tratados 
nas primeiras 2 horas após o prolapso. 
Referem ainda que esta taxa é mais ele-
vada em primíparas, animais em que o 
feto nasce vivo e animais que não se 
apresentem no 3º estádio de hipocalce-
mia, concluindo serem estes factores 
indicadores do prognóstico da recupera-
ção. 
Esta taxa está em concordância 
com a taxa de sobrevivência de 73,5 % 
determinada por Jubb et al. (1984) (7). 
Estes investigadores referem ainda que 
ocorreu a concepção em 84 % das vacas 
disponíveis para reprodução, indiciando 
um bom prognóstico em relação à ferti-
lidade. No entanto, salientam que os 
prognósticos emitidos pelos veteriná-
rios, durante o estudo, foram razoavel-
mente exactos na questão da sobrevi-
vência dos animais, o qual não ocorreu 
em questão de fertilidade. 
Em bovinos de aptidão de carne, 
Patterson et al. (1981) (11) encontraram 
uma redução acentuada da taxa de ges-
tação após a ocorrência quer de prolap-
sos uterinos quer vaginais. 
Relativamente à sobrevivência 
dos animais o prognóstico é bom, prin-
cipalmente quando tratados precoce-
mente e o útero não sofreu traumatis-
mos graves (15), no entanto deve ser con-
siderado reservado em relação à fertili-
dade dos animais (4). 
 
ACOMPANHAMENTO 
O animal deve ser observado 3 
dias após o tratamento para avaliar o 
seu estado geral, existência e grau de 
eventuais metrites e traumatismos do 
útero (12). 
No 15º dia pós-parto, pode ser 
efectuado outro exame reproductivo, 
com os mesmos objectivos. A involução 
uterina deve ser avaliada no 30º dia. 
 
 
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