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UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
DISCIPLINA: DIREITOS E CIDADANIA
PROFESSOR: CLÓVIS S. SOUZA
ACADÊMICO: ALEXANDER F. BAVARESCO
Avaliação I – Fichamento de texto: Formação do Estado Nacional. A política como categoria autônoma.
MAQUIAVÉL
Nicolau Maquiavel, observando a falta de estabilidade da política na Italia dividida, via esse território frágil á invasão de outros povos, então introduziu características inovadoras. 
A ciência política de hoje nasceu com Maquiavel. Rejeita os modelos prontos de política e cria outros utópicos, que procurasse mostrar a verdade, como o homem agia naturalmente. Através de seus estudos, ele percebeu que o homem agia de forma corrupta e violenta. Cria a ciência política para combater esses atos. 
A obra de Maquiavel, “O Principe”, pode ser interpretada de várias maneiras. Em uma primeira leitura tem-se a impressão de defesa do imoralismo e do absolutismo, pois ele fala que para um príncipe se manter deve aprender a ser mau. Rosseau, porém, dizia que não era isso. Argumentava que era para que o povo ao ler a obra, soubesse como agir e defender-se. Outro aspecto que é controverso, é sobre o mito do “maquiavelismo”. Chamamos alguém que age de má fé para se sobressair de maquiavélica, porém devemos desconstruir esta idéia para entendermos o ponto crucial entre ética e política, o rompimento de uma mentalidade cristã para uma mentalidade laica.
Na Idade Média a moral cristã deveria se sobressair á política, pois o homem deveria se submeter á salvação da alma. Para resumir o indivíduo estava subordinado ao Estado, e este deveria ter suas ações limitadas á moral que constituía uma instancia, á qual todos poderiam recorrer sempre que o poder temporal fosse contra seus direitos inalienáveis.
Agora porém, a nova ética leva em consideração as ações geradas pelas conseqüências da ação política, e não “mística” (a priori). Trata-se de uma nova moral baseada nos critérios do que é útil á comunidade, que visa sempre o bem, e por isso ás vezes, tem que ser “mau”. Mas vale lembrar de que este pensamento Maquiavel, valia para as pequenas tiranias italianas, não se aplicavam á todos os modelos absolutistas da época.
HOBBES 
Thomas Hobbes viveu no século XVII, época em que o absolutismo estava prestes a ser ultrapassado por ideais liberais. A burguesia começa a ascender e almejar o poder. Tem continuidade a laicização do pensamento, e crítica em relação ao papado e a teoria do direito divino dos reis. E também na França começa a Fronda, na Inglaterra, Cromwell comanda a Revolução Puritana, destrona e executa o rei Carlos I.
Partindo de alguns ideais de Maquiavel, os filósofos se preocupam em legitimar racionalmente o poder do Estado sem recorrer a explicações religiosas, por isso a preocupação com a origem do Estado. Mas a origem não como começo, e sim como princípio. A razão de ser Estado. Hobbes é quem começa com esta temática, seguido por Locke e Rousseau. Ambos partem de seus estudos vendo o homem antes de qualquer sociabilidade, dono de plena liberdade, para então entenderem ou buscar entender porque o homem abandonaria esse estado para se submeter ao Estado. Para Hobbes, essa situação é de anarquia, a qual é responsável por gerar insegurança, angústia e medo, e faz do homem, lobo para outro homem.
O medo que o homem sente o obriga a tornar-se um ser social, mesmo que por pacto. Abdicando de seus direitos em favor de um soberano. E essa entrega deve se dar por completo, caso contrário, haverá guerra. E a consolidação do soberano se da também pela força, pois é a única capaz de gerar medo no homem. Hobbes usa a figura bíblica Leviatã, um monstro cruel, mas que defende os peixes menores para comparar aos soberanos. Revestido de poder, o soberano tem a responsabilidade de criar leis, julgar, guerrear, etc. E ainda diz que é melhor ser um súdito obediente do que se submeter as consequências de uma guerra civil ou o estado de um homem sem senhor. 
Contrapor totalmente Hobbes e Locke, representantes respectivamente do absolutismo e liberalismo é uma visão simplista, tendo em mente que Hobbes tinha elementos que denotavam ideais burgueses. O homem por natureza, tem medo da morte e anseia por uma vida confortável, e pelo desejo é movido pelo instinto de posse e o desejo de acumulação. Isso dentre vários outros pontos de vista de Hobbes, vem a calhar com o pensamento burguês de liberalismo. Portanto mesmo Hobbes sendo defensor do absolutismo, tem em seu discurso partes, significantes que marcariam o pensamento burguês liberal.
LOCKE 
Filósofo que também acredita que o pacto entre homem e Estado é o único meio de tornar legítimo o poder do Estado. Locke acredita que os homens são livres, iguais e independentes, e que se abandonam esse estado para aliar-se ao Estado, é por livre arbítrio. Por isso, visando a segurança e tranqüilidade, optam por criar um corpo político. Locke acredita que os direitos naturais do homem não desaparecem com o pacto, mas subsistem para limitar o poder do soberano. O poder seria um depósito confiado aos governantes, que se não atenderem aos ideais dos governados, estes podem retirá-lo do poder. 
Locke estabelece também a distinção entre sociedade política e civil, entre o público e o privado, que devem ser regidos por leis distintas. Portanto o poder político não deveria mais ser herdado, e sim conquistado, assim como o Estado não deve intervir, mas garantir o livre exercício da propriedade e iniciativa econômica. Pensava que até o homem, era proprietário, mesmo que não tivesse nenhum bem material, era dono de si mesmo. 
Porém, Locke se contradiz com esse discurso, alegando hora que todo homem era proprietário, ora que o Estado era criado de classes, num discurso universal. Mas o que se conclui, é que todos fazem parte de uma sociedade civil, tendo bens ou não, e apenas os que tem fortuna podem ter plena cidadania, pois apenas esses tem interesse na preservação da propriedade, e apenas esses são capazes de viver racionalmente. 
O LIBERALISMO DEMOCRÁTICO
A partir do século XIX, os pensadores políticos não mais buscam defender ideais, mas sim buscar métodos para pô-los em prática. Agora as exigências democráticas não eram só dos burgueses, mas também dos operários, numero que crescia consideravelmente. Estes, organizados por sindicatos e liderados por ideais socialistas exigiam melhores condições de trabalho. A liberdade deveria ser garantida por meio de uma legislação e de garantias jurídicas. Jeremy Bentham, substitui a teoria do direito natural pela teoria da utilidade. O cidadão só deve obedecer ao Estado quando a obediência contribui para a felicidade geral. Por isso os objetivos do governo são promover a subsistência, produzir a abundância, favorecer a igualdade e garantir a segurança. Pra isso deve-se ter eleições periódicas. Jon Mill, segue essa corrente mas a modifica. Preocupa-se com o destino das massas oprimidas e a sugestão de co-participação na indústria e representação proporcional. 
Mesmo com todas essas ideias democráticas, problemas de economia e outras questões sociais permanecem sem solução. A expansão do capitalismo justifica a colonização de alguns continentes. Países europeus não querem abrir mão do controle político e econômico. E em contrapartida ao discurso liberal, temos no meio do socialismo, os socialistas utópicos, e posteriormente o socialismo cientifico, reflexos da busca de uma nova ordem diferente da atual, criticando o Estado burguês.