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Desafios da Intersetorialidade na Gestão Pública - leonardo koury

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DESAFIOS DA INTERSETORIALIDADE NA GESTÃO PÚBLICA 
Leonardo Koury Martins
1
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho objetivou em explorar o papel da Intersetorialidade na 
administração pública trazendo os conceitos de cidadania, políticas sociais e de que 
forma estes conceitos se apresentam como desafios para a efetivação do diálogo 
intersetorial na gestão pública. É importante considerar que o conceito de 
Intersetorialidade ganha ascensão com a promulgação da Constituição Federativa 
do Brasil em 1988, quando se inscrevem na história do Brasil novas formas de 
pensar as políticas públicas. Este trabalho analisa o desenvolvimento de uma gestão 
pública que tenta ser coerente nas proposições de articulação e descentralização 
das ações governamentais na garantia dos direitos. Na realização deste trabalho, foi 
possível perceber e analisar, como o olhar gerencial trazido pelas experiências 
nomeadas de Nova Administração Pública fez com que a Intersetorialidade 
ganhasse um destaque na interlocução e execução das ações governamentais. A 
intersetorialidade tem o papel de possibilitar um diálogo integrado entre diversos 
setores da máquina pública, pensando os sujeitos usuários dos serviços ofertados 
pelo Estado como objetivo central além de perceber as necessidades da população 
de forma integrada para efetivar a cidadania. 
Palavras – chave: Gestão Pública. Intersetorialidade. Diálogo 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A Intersetorialidade é um tema debatido arduamente nas últimas décadas na 
administração pública brasileira. Problematiza uma situação de uma herança 
deixada por várias gestões passadas que refletiram no abandono da população nas 
políticas públicas, principalmente no que se refere às políticas sociais e as garantias 
de direitos de cidadania. 
 
1
 Leonardo Koury Martins Graduado em Serviço Social e MBA em Gestão Pública pelo Centro Universitário 
UNA Belo Horizonte 
2 
 
A partir de 1988, com a nova Constituição Federal aprovada, as políticas sociais 
ganham novo caráter e as políticas começam se configurar entendendo que os 
problemas da população são transversais. Por mais que algumas políticas públicas 
não estivessem organizadas no tripé da Seguridade Social (Saúde, Previdência 
Social e Assistência Social) estavam ligadas na proteção e na garantia da cidadania 
compreendendo o sujeito em sua integralidade. 
Este diálogo entre as necessidades e demandas da sociedade começou a ter que se 
compreender e se organizar em trabalhos conjuntos e não mais individuais ou 
setoriais. O objetivo enfim passa ser em buscar respostas mais propositivas às 
necessidades sociais que a cada dia tornam-se mais complexas. 
De acordo com Junqueira podemos conceituar a intersetorialidade como: 
[...] a intersetorialidade é entendida como a articulação de 
saberes e experiências no planejamento, realização e 
avaliação de ações, com o objetivo de alcançar resultados 
integrados em situações complexas, visando um efeito 
sinérgico no desenvolvimento social (JUNQUEIRA; INOJOSA 
e KOMATSU, 1997 p.2) 
A Intersetorialidade é um conceito presente nas últimas décadas e ganha corpo na 
construção das Políticas Sociais, compreendo que os problemas abarcados pelas 
manifestações que emergem do modo de produção capitalista fazem com que se 
transforme em Questão Social. O conceito mais difundido sobre Questão Social 
atualmente pode ser entendido como: 
[...] as expressões do processo de formação e 
desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no 
cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento 
como classe por parte do empresariado e do Estado. É a 
manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição 
entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir 
outros tipos de intervenção mais além da caridade e 
repressão. (CARVALHO e IAMAMOTO, 1983, p.77) 
Construída como eixo no âmbito da Nova Administração Pública, a Intersetorialidade 
busca descrever as relações de cooperação e articulação que existem em 
determinados setores. Surge como resposta a uma segmentação das políticas 
3 
 
sociais que não compreendiam o sujeito em sua totalidade, além de 
desconsiderarem a Questão Social como uma série de manifestações provocadas 
pelo modo de produção capitalista. 
O objetivo deste trabalho é entender quais são os desafios da Intersetorialidade na 
administração pública, além de entender os entraves para sua efetivação e de que 
forma a intersetorialidade pode interagir com os mecanismos de participação 
popular. É fundamental perceber de que forma a Intersetorialidade se manifesta na 
Gestão Pública, especificadamente no que se refere às políticas sociais e quais 
impactos causam quando tende-se a romper com a fragmentação dos setores 
públicos na proposta de avançar na defesa da cidadania. 
 
2. PENSAR A CIDADANIA DE FORMA INTEGRADA NA GESTÃO 
PÚBLICA 
 
2.1. POLÍTICAS SOCIAIS E A GESTÃO PÚBLICA 
 
 
Nas últimas décadas algumas linguagens referentes à administração pública 
acabaram se popularizando no Brasil. É certo que os noticiários de telejornais, 
rádios e revistas, ajudaram muito para que estes conceitos se tornassem 
conhecidos, mas a aproximação da administração pública para a população vem a 
cada ano se tornando um desafio importante a ser construído. 
 
O conceito de gestão pública é compreendido como a ideia de um conjunto de 
agências e de servidores profissionais, mantidos com recursos públicos e 
encarregados da decisão e implementação das normas necessárias ao bem estar e 
das ações voltadas à gestão da coisa pública. (WOLYNEC, 2009 p.2) 
 
Este conceito encontra-se numa perspectiva maior que referencia a identidade da 
administração pública e como ela pode ser um instrumento de operacionalização 
entre as necessidades apresentadas pela população e a organização destas 
demandas em prioridades. O papel da gestão pública na administração é trazer a 
identidade temporal a esta operacionalização. Ao longo da história da administração 
4 
 
pública vários modelos de gestão por ela perpassam e se entrelaçam. Estes 
modelos deixaram consigo marcas que se destacam ou se referenciam, desde a 
burocracia como principal método de organização da maquina pública, até mesmo 
ao modelo de administração gerencial. 
 
É fundamental perceber que o papel da administração pública é trazer a resolução 
dos problemas coletivos, não cabendo à ela a administração de interesses 
individuais e ou privados. 
 
A administração pública é a ocupação de todos aqueles que atuam 
em nome do povo – em nome da sociedade, que delega de forma 
legal – e cujas ações têm consequências para os indivíduos e grupos 
sociais (HARMON E MAYER 1999, p.34) 
 
Estas reflexões são fundamentais para compreendermos que a gestão pública é a 
aglomeração de todos os processos desenvolvidos dentro da administração pública 
no Estado, e que se caracteriza em produzir resultados analisando as demandas e 
traçando desde a priorização das necessidades urgentes, quanto analisando a 
conjuntura existente e a sua atuação. 
 
A conjuntura nacional, por sua vez é a grande responsável pelo aparecimento das 
necessidades e a forma na qual as demandas se apresentam. Este contexto se 
expressa desde fatores econômicos e políticos, quanto fatores culturais, sociais e 
tecnológicos. Cabe à gestão pública estar atenta a toda esta estrutura para que a 
mesma tenha capacidade de dialogar com as necessidades da população. Também 
é imprescindível que a gestão pública esteja em constante planejamento para que 
os fatores externos não desmobilizem ou descontextualize as ações do Estado 
perantea sociedade. 
 
A informação por sua vez, e a gestão de todo este conhecimento, tornam-se 
essenciais na análise da conjuntura e no planejamento das ações da gestão. O 
subsídio de uma boa análise não é somente capaz de trazer a gestão pública uma 
funcionalidade maior para a sociedade. É necessário além de compreender a 
5 
 
conjuntura pensar estratégias mais eficazes e processos que levem em 
consideração a integralidade dos sujeitos e seus anseios perante o papel do Estado. 
 
Outro conceito fundamental que busca constante um diálogo interno e externo com a 
sociedade é o conceito de Políticas Sociais. Segundo Draibe (1990) as políticas 
sociais caracterizam como o conjunto de ações assumidas pela administração 
pública que expressam a garantia de direitos sociais estabelecidos e as prioridades 
da gestão frente aos desafios encontrados. A autora também enfatiza que esta 
construção no Brasil toma corpo pós 1988, quando a constituição descreve os 
direitos sociais em grandes eixos temáticos, como os eixos de Seguridade Social, 
mas também de Educação, Trabalho, Habitação, entre outros (DRAIBE, 1990). 
 
Com a Constituição de 1988, o modelo de políticas sociais apresenta-se em sua 
maior significação, como um modelo de Seguridade Social. Suas características se 
aproximam do modelo constitucional redistributivo que visa à proteção integral do 
cidadão por meio da Saúde, Assistência Social e Previdência Social, que segundo 
Draibe (1990) possui as características abaixo. 
 
O modelo institucional redistributivista, se concebe através de um vasto 
entendimento de proteção social, que se inspira no sistema Welfare. Este novo olhar 
de integralidade é importante e se torna fundamental nas sociedades 
contemporâneas, voltado para a produção e distribuição de bens e serviços sociais 
“extra mercado”, os quais são garantidos a todos os cidadãos. Apoia-se na premissa 
de que o mercado é capaz de realizar, por si próprio, uma alocação tal de recursos 
que reduza a insegurança e elimine a pobreza, atual ou futura. (DRAIBE, 1990, p. 6) 
 
A crescente centralização das políticas sociais gera um aumento da demanda pela 
execução de programas sociais no interior das instituições públicas e privadas. 
 
Assim, passam a existir as políticas públicas sociais como respostas do Estado para 
assegurar e consolidar os direitos sociais, pois é notável que as políticas públ icas 
surjam com o intuito de atender à população, fazendo com que os mesmos se 
tornem cidadãos de direitos. 
6 
 
 
Não se poderia pensar em construir uma cidadania plena se a garantia de direitos 
civis, políticos ou sociais fossem vistos de forma fragmentada. José Murilo de 
Carvalho (2005) descreve que o início dessa nova perspectiva de tentar pensar 
direitos e ações de forma integrada, começa a nascer a partir da nova constituição 
brasileira, tendo entre seus principais pontos a garantia da cidadania. Com o 
amadurecimento deste novo momento no Brasil e com o modelo de gestão pública 
se aproximando da realidade da população, fragmentar as ações na administração 
pública torna-se um perigo a consolidação destes direitos positivados. 
 
2.2. A IMPORTÂNCIA DA INTERSETORIALIDADE 
 
Com tantas novas exigências sociais apresentadas e positivadas 
constitucionalmente, novas estratégias de trabalho do estado tornam-se cada vez 
mais necessárias para suprir os anseios da sociedade. 
 
Neste contexto a administração pública burocrática também passa a não mais ser 
entendida como primordial para suprir estas novas positivações que tornam 
diferentes as atuais demandas sociais. É certo que estes novos direitos trouxeram 
um peso obrigatório ao Estado de se organizar. Compreender que o direito a 
Habitação deixa de ser uma oferta clientelista dos governos e passa a ser um direito 
constitucional traz à administração pública novos desafios e a necessidade de novas 
formas de organização da gestão. 
 
A dinâmica da Questão Social faz com que a administração pública também encare 
com uma nova perspectiva o pensar sobre a consolidação da cidadania. A 
administração pública tem que entender os indivíduos como sujeitos e isso faz com 
que a mesma enxergue seus problemas na sua integralidade, bem como o Estado 
com uma maior presença na vida da população. A constituição se nomeia como 
Constituição Cidadã, por pensar ao centro da vida das pessoas. 
 
Com toda esta nova conjuntura apresentada, surge um paralelo entre o antigo 
modelo aplicado na administração pública, conhecido como burocrático, que a partir 
da década de noventa torna-se evidente a importância de aplicação de novas 
7 
 
metodologias e práticas de gestão. Esta série de novas experiências é apresentada 
no Brasil após diversas reformas administrativas e nomeada de Nova Administração 
Pública - NAP. 
 
A proposta antiga que era adotada pela gestão pública de obedecer às regras e 
procedimentos, concentrar-se nos processos, ter controle e ser autorreferente é 
gradativamente substituída. A ideia de uma administração gerencial visa melhorar a 
continuidade dos processos, orientar-se por resultados, pensar condições para que 
os planejamentos sejam orientados por resultados e que exista autonomia nos 
espaços de execução. 
 
O ponto que caracteriza esta mudança conceitual, funcional e atitudinal, faz-se ao 
focalizar a gestão pública na consolidação da cidadania, pensar na orientação das 
ações em prol aos usuários das suas políticas e de toda a sociedade. (WOLYNEC, 
2009 p.2) 
 
Esta nova experiência de pensar o diálogo e a forma conjunta da atuação pública 
trouxe um conceito que atualmente vem sendo destacado, não apenas nas 
discussões acadêmicas e governamentais, mas sensivelmente percebida enquanto 
prática pela população que utiliza das políticas sociais, como por exemplo, para 
atender suas necessidades mais emergentes. 
 
A Intersetorialidade é uma ação concentrada das agências governamentais, 
rompendo a tradicional perspectiva fragmentada e setorizada do planejamento e da 
implementação das políticas públicas. Ela nasce na área do conhecimento da 
Administração Pública, busca descrever as relações de cooperação e articulação 
que existe em determinados setores. Surge como resposta a uma segmentação das 
políticas sociais que não compreendiam o sujeito em sua totalidade, fragmentando 
as ações, além de desconsideravam a Questão Social como uma série de 
manifestações provocadas pelo modo de produção capitalista. (BRONZO, 2007) 
 
É fundamental perceber que a Questão Social é irremediável sem a ação do Estado, 
tendo o mesmo como regulador dos problemas sociais. A categoria Questão Social 
é analítica e proposital na percepção da pouca efetivação dos direitos ou até mesmo 
8 
 
de novos direitos a serem garantidos. A gestão pública por sua vez deve entendê-la 
como conceito fundamental de nortear suas ações na garantia de direitos. 
 
De acordo com Junqueira (1997) esta nova prática de pensar as políticas no formato 
intersetorial prevê uma possibilidade de rearticular um vazio das políticas públicas 
que é a proximidade de um olhar integrado. Esta nova prática apenas pode ser 
possibilitada quando todos os setores entendem-se integrados a uma visão coletiva 
de trabalho. 
 
As ações intersetoriais possibilitam ao dia a dia da prática socio-ocupacional dos 
servidores uma estratégia de compreender a interlocução dos processos aplicados. 
A sua importância está cotidianamente ligada não apenas ao fazer profissional, mas 
na construção de políticas integradas. Sua importância encontra-se também na 
humanização do olhar do serviço público e do servidor às necessidades da 
população.2.3. DESAFIOS DA EFETIVAÇÃO DO DIÁLOGO INTERSETORIAL 
 
Toda efetivação de uma prática profissional aliada a uma nova forma de gerenciar 
uma política traz em sua rotina a mudança da cultura organizacional e a 
possibilidade de se permitir a esta mudança. 
 
A Intersetorialidade por sua vez, traz não apenas uma mudança, mas um novo 
desafio. Ela não passa apenas pela alteração de metodologias de trabalho ou de 
previsão legal no âmbito da gestão. Este conceito inclina-se na gradativa 
sensibilidade de compreender a Questão Social como um norteador ético político da 
administração pública, bem como trabalhar de forma integrada nos processos de 
planejamento e monitoramento das ações governamentais. 
 
Por mais que as legislações instrumentalizem um diálogo integrado para garantir os 
direitos de cidadania, possibilitar o acesso à comunicação e a autonomia de todos 
os servidores envolvidos torna-se fundamental para o sucesso da prática 
intersetorial. A mesma deve ser uma rotina em todos os níveis hierárquicos e 
9 
 
precisam estar interligadas não apenas entre agências e setores governamentais, 
mas na relação com a sociedade civil organizada e na participação popular. 
 
A intersetorialidade diz respeito à inter-relação entre as diversas 
políticas bem como a sociedade civil organizada, em que se destaca 
algumas dificuldades para a intersetorialidade no que se refere a 
crescente especialização do poder público e a tendência de 
maximização do desempenho de cada um dos órgãos do setor 
estatal. (BRONZO, 2007, p.21) 
 
Estas reflexões trazidas por Bronzo (2007) nos possibilitam trazer, dialeticamente, a 
reorganização do fazer profissional e dos espaços de trabalho que, em sua alta 
especialização não pode ser perdida a capacidade de dialogar conjuntamente. 
 
Segundo Ckagnazaroff (2005, p.18-21), podemos entender a intersetorialidade como 
uma prática social que vem sendo construída a partir da existência de profundas 
insatisfações, principalmente no que se refere à capacidade das organizações 
sociais e do Estado em dar respostas às demandas do povo e aos problemas 
complexos de nosso mundo. 
 
A abordagem e o diálogo intersetorial nas políticas públicas, mesmo sendo recente, 
já é considerado uma alternativa de resolução de problemas em que a administração 
pública tem que se apropriar. A grande especialização profissional e a constante 
setorialização dos espaços de gestão no governo não pode ser um fator que 
desmobiliza o diálogo conjunto entre os atores envolvidos no processo de execução 
das políticas públicas. 
 
O desafio da comunicação entre estes espaços e do planejamento integrado e 
adotado por todos estes atores é sem dúvida um problema ainda a ser superado. 
Compreender que a efetivação de direitos e a garantia da cidadania é uma função 
coletiva e deve ser responsabilidade de toda a administração pública para trazer a 
sociedade respostas concreta às demandas sociais. 
 
Atualmente é possível perceber que no âmbito da administração pública municipal a 
aplicação de práticas intersetoriais vem sendo uma importante estratégia para 
10 
 
superação dos problemas sociais. A integração destas políticas e o impacto da sua 
articulação no território é uma exemplificação de que é possível trazer qualidade na 
atuação da gestão pública independente de uma maior ou menor alocação de 
recursos públicos. 
 
Os problemas do cotidiano necessitam deste constante diálogo intersetorial. As 
ações por sua vez planejadas de forma conjunta pela gestão devem também ser 
compreendidas pelo território como uma nova estratégia de comunicação e adoção 
de métodos coletivizados. Também traz à população a possível resolução de 
diversos problemas em um só setor, como também o olhar ampliado de outras 
necessidades que por sua vez passam despercebidas num contexto individual. 
 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A sociedade cada vez mais se torna complexa. Diversas manifestações sociais, 
culturais bem como mudanças geográficas e políticas trazem a gestão pública entre 
todos os desafios, o de perceber esta dinâmica e sua complexidade. 
 
Um território em sua vivência traz diversos olhares para os mesmos problemas, traz 
em sua diversidade formas de diálogo que a cada dia são necessários de se 
compreender, assim como as transformações tecnológicas, como as relações 
sociais de poder que neste território se manifestam. As mudanças nas organizações 
e no mundo do trabalho trazem um diálogo interessante que vai desde a 
especialização até mesmo a integração das ações. 
 
Nos últimos anos, o modelo de administração pública vem percebendo todos estes 
movimentos e tentando trazer respostas para estas novas conjunturas. A forma de 
valorização do servidor e do seu fazer profissional bem como a autonomia de suas 
atividades não são contraditórias quando pensamos na construção de processos de 
trabalho integrados. 
 
O objetivo de compreender os desafios da Intersetorialidade na gestão pública 
trouxe algumas inquietações e algumas respostas específicas ao compreender as 
manifestações intersetoriais como uma nova filosofia de gestão. 
11 
 
 
É fundamental que o trabalho intersetorial seja entendido não como uma intervenção 
ou intromissão dos setores, mas um eixo fundamental para pensar que os sujeitos e 
atores deste território precisam de respostas eficazes para a consolidação da sua 
cidadania. Este amadurecimento é importante, pois a integração dos processos traz, 
antes de qualquer coisa, o olhar de que um cidadão atendido pela assistência social, 
por exemplo, tem suas violações por parte do Estado que são responsabilidade de 
diversos outros fatores. 
 
Este cidadão que procura a assistência social enquanto política pública tem seus 
problemas que perpassam pela baixa escolaridade, a ausência de informação e 
cuidados com a saúde, e o desemprego como consequência de uma infância 
provocada por diversos rompimentos, entre eles, pela pouca intervenção do Estado 
em sua vida. 
 
Antes de qualquer coisa, o que toda população deseja da administração pública é a 
garantia dos seus direitos positivados. Esta efetivação apenas ocorre quando a 
gestão está em constante diálogo com o povo e atenta às conjunturas presentes em 
cada território. Para isto, o diálogo intersetorial traz respostas mais eficazes na 
resolução dos problemas sociais, como também otimiza o uso da máquina pública 
para seus usuários, tendo os mesmos necessitando procurar menos, quando as 
condições de resposta das suas demandas estão integradas em ações na garantia 
dos direitos de cidadania. 
 
O que se espera, por fim, da intermediação do Estado no contexto da Questão 
Social, é perceber que estas ações modifiquem, com o tempo, os problemas 
existentes no território bem como propiciem uma rede de proteção social à vida da 
população. Intermediar esta série de manifestações emergentes que se produzem 
por um modelo de produção que tem como cerne a desigualdade, é uma 
responsabilidade de um Estado que se entende não como administrador da coisa 
pública, mas como aquele que acredita que suas ações podem garantir os direitos 
de cidadania e trazer aos seus cidadãos uma possível qualidade de vida. 
 
12 
 
4. REFERÊNCIAS 
 
 
BRASIL. Constituição (2004). Constituição da República Federativa do Brasil, 2004. 
Brasília: Senado Federal, 2004. 
 
BRONZO, C.; VEIGA, L. de. Intersetorialidade e Políticas de superação da pobreza. 
In: Revista Serviço Social & Sociedade: política social desafios para o serviço social. 
São Paulo: Cortez, v. 28, n. 92, 2007. 
 
CARVALHO, J. M. de. Cidadania no Brasil – O longo caminho. 7. ed. Rio de Janeiro:Civilização Brasileira, 2005. 
 
 
CKAGNAZAROFF, Ivan Bico. Da gestão da intersetorialidade: o caso do Programa 
BH Cidadania. In: X Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y 
de la Administración Pública, Santiago p. (18-21), 2005. 
 
DRAIBE, S. M. As políticas sociais brasileiras: diagnóstico e perspectivas. 
IPEA/IPLAN. Para a década de 90: prioridades e perspectivas de políticas públicas. 
Brasília: IPEA/IPLAN, 1989. 
 
WOLYNEC, Elisa. O novo conceito de gestão pública. São Paulo, 2009. 
 
IAMAMOTO, Marilda CARVALHO, Raul de. Relações Sociais e Serviço Social no 
Brasil. São Paulo: Cortez, 1998. 
 
JUNQUEIRA, Luciano Antonio Prates; INOJOSA, Rose Marie & KOMATSU, Suely. 
Descentralização e Intersetorialidade na Gestão Pública Municipal no Brasil: A 
experiência de Fortaleza. In: XI Concurso de Ensayos del CLAD “El Tránsito de la 
Cultura Burocrática 20 al Modelo de la Gerencia Pública : Perspectivas, 
Posibilidades y Limitaciones”, Caracas, 1997 
 
 
MAGALHÃES, E. P. de; CORRÊA, I. M. Descentralização e intersetorialidade: 
desafios para a gestão do BH Cidadania. In: Revista Pensar BH – Política Social, 
n.10, p.05-09, jun./2004. 
 
 
NAHAS, Jorge. As políticas sociais e o Programa BH Cidadania. Revista Outro 
Olhar. Ano V, n. 5, Belo Horizonte, ago/2006.

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