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TGPp2_Unidade do direito processual

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR - UCSAL
FACULDADE DE DIREITO
TEORIA GERAL DO PROCESSO
Tema 02 - 	Unidade do Direito Processual. Divisão Processual Penal e Civil e demais ramificações da norma processual. 
UNIDADE DO DIREITO PROCESSUAL
Divisão Processual Penal e Civil
Como bem realça Vicente Greco Filho, “na fase primitiva do direito dos povos, os atos ilícitos não recebiam qualificação específica civil ou penal e eram corrigidos ou reprimidos identicamente. Assim, no direito romano antigo o termo iniuria representava qualquer conduta civil ou penal. Por conseqüência, o direito processual acompanhava essa indefinição, se é que se pode dizer que existisse um direito processual, cuja autonomia somente muito mais tarde foi reconhecida. O processo era, portanto, um só”. Era, assim, o caminho comum da atividade judiciária no sentido de atuar o direito material, corrigindo ou reprimindo as condutas violadoras das normas estabelecidas.
É, pois, o direito, essencialmente dinâmico porquanto acompanha as relações interpessoais cada vez mais complexas. As normas de conduta se distanciaram em razão da preponderância dos interesses das pessoas, da sociedade e do estado, impondo a este maior ou menor responsabilidade em reprimir as violações das leis. Por isso, dinamizaram-se as regras e disposições de direito material e conseqüentemente do processo, como veículo de atuação efetiva dessas mesmas leis, desdobrando-se o processo em dois ramos perfeitamente distintos : o direito processual penal e o direito processual civil. O primeiro ramo teria como escopo a atuação da lei penal e o segundo, por exclusão, se destinava à tutela dos direitos não penais, isto é, os direitos subjetivos das pessoas quando lesados, resistidos, ameaçados ou postos em dúvida.
Demais disso, seguindo a mesma tendência da evolução do direito objetivo, o direito processual se ramificou em várias especialidades: processo civil, penal, administrativo, do trabalho, etc.
Hodiernamente, manifesta-se um movimento de retorno no sentido de reconhecer a unificação do processo, como afirma Carnelutti: “o direito processual é fundamentalmente uno. Processo civil e penal se distinguem, sem dúvida, não porque tenham raízes distintas, mas porque são dois grandes ramos em que se bifurcam, a boa altura, de um tronco único”.
Essa unidade, apontada pelo mestre italiano, se avantaja tanto pelo aspecto científico do processo como pela instrumentalidade como via de exercício da função jurisdicional, que objetiva, precipuamente, o respeito ao ordenamento jurídico com a efetiva atuação da lei civil e penal.
Compreendemos que o processo é fundamentalmente uno, tendo como fim a prestação jurisdicional devida pelo Estado, por meios sistematizados, dentro dos princípios gerais que o legitimam como via tutelar das pessoas em seus direitos à vida, à liberdade, à propriedade e à própria dignidade da pessoa humana, etc.
Contudo, tendo em mira o direito material deduzido na lide, distingue-se o processo civil do penal pela natureza da prestação jurisdicional e a adequação do procedimento a este fim.
Como bem adverte Frederico Marques : “Quando se afirma a unidade do Direito Processual, não se está admitindo que processo civil e processo penal sejam idênticos, mas tão só mostrando que ambos têm uma base comum, que é a teoria que pode e deve ser elaborada por exigência científica de elementar evidência, como bem afirma Grispgni”.
De resto, a boa doutrina é uniforme à conceituação da unidade do direito processual, valendo trazer mais uma colocação doutrinária sobre o que aqui e agora se discute: “Como é una a jurisdição, expressão do poder estatal igualmente uno (v. esp. cap. 12), também é o direito processual, como sistema de princípios e normas para o exercício da jurisdição. O direito processual como um todo decorre dos grandes princípios e garantias constitucionais pertinentes e a grande bifurcação entre processo civil e processo penal corresponde apenas a exigências pragmáticas relacionadas com o tipo de normas jurídico-substanciais a atuar. Tanto é assim, que nos domínios do direito comparado já se podem invocar exemplos de regulamentação unitária do direito processual civil com o direito processual penal, em um só Código ( Codex iuris cononici, de 1917; Código Processual Sueco de 1942; Código do Panamá e Código de Honduras)”. - Teoria Geral do Processo, ADA PELLEGRII e demais co-autores - 14ª edição - pág. 48.
Os mesmos autores, às fls. 49 da citada obra, assim se manifestam :
“Obviamente, a unidade fundamental do direito processual não pode levar à falsa idéia da identidade de seus ramos distintos. Conforme a natureza da pretensão sobre a qual incide, o processo será civil ou penal. Processo penal é aquele que apresenta, em um dos seus pólos contrastantes, uma pretensão punitiva do Estado. E civil, por seu turno, é o que não é penal e por meio do qual se resolvem conflitos regulados não só pelo direito privado, como também pelo direito constitucional, administrativo, tributário, trabalhista, etc. Disciplinando um e outro processo, temos respectivamente o direito processual civil e o direito processual penal., cujas normas espelham as características próprias dos interesses envolvidos no litígio civil e na controvérsia penal. Note-se, por último, que tais características se esbatem e quase se desvanecem no campo do chamado processo civil ‘inquisitório’, que gira em torno de interesses indisponíveis, e da ação penal privada, que se prende a interesses disponíveis da vítima.”
Por tudo quanto dito, examinado e exposto, com fundamentação, fica, afinal, esclarecido que “o Direito Processual é uno havendo, em conseqüência, Teoria Geral do Processo, consoante entendimento da melhor doutrina”. Vale dizer que, nas diversas modalidades de processo, o que diversifica é apenas o procedimento, isto é, a forma exterior do processo, e não os princípios estruturais que qualificam o Direito Processual como ramo autônomo do direito público, ou seja, como ciência jurídica com substância própria, submetida a princípios gerais que possam dar, a cada um dos ramos apontados, conteúdo próprio e autônomo (vide C.F. arts. 22, inc. I, e 24, inc. XI).
À contrariedade do entendimento unificado do direito processual, no sentido de que a sua unificação seria o retorno às origens, um retrocesso científico, pode-se contra-argumentar que, hoje, com o reconhecimento pela pacífica doutrina quanto ser, o processo, ramo autônomo do direito, enquanto princípios e leis, “exatamente a formulação de uma Teoria Geral exalta essas autonomia e dignidade. Isto porque para qualquer ramo do direito positivo, que haja uma ramificação do direito processual, há princípios gerais onde se enraízam, em sua essência, no tronco uno do direito processual, nas linhas mestras gerais.
Todavia, não se pode desconhecer ser difícil ao estudioso a identificação do que é válido para todos os ramos do direito processual e do que é específico, apontando, pois, os princípios e normas plurivalentes e os monovalentes. Esse saber não é fácil, inclusive por razões históricas”. ( Vicente Greco Filho).
Igualmente, no particular, analisemos as colocações de Maria da Glória Colucci e José Maurício Pinto de Almeida. Obra referida, pags. 26/28:
“E civil, por seu turno, é o que não é penal e por meio do qual se resolvem conflitos regulados não só pelo direito privado, como também pelo direito constitucional, pelo direito administrativo, pelo direito tributário, pelo direito trabalhista, etc.”
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“Direito Processual é ramo autônomo e unitário, sendo identificado como de Direito Público, uma vez que, embora os interesses jurisdicionalmente apreciados sejam, na sua grande maioria, de natureza privada, éseu objeto o processo, instrumento utilizado pelo Estado na composição de interesses e, sobretudo, na atuação da lei. Por outro lado, é interesse do Estado que a composição da lide se faça o mais rápido possível, com o mínimo de dispêndio de tempo e custos, para que o equilíbrio social se restabeleça o quanto antes. Houve, porém, um período na história do processo em que este apareceria como simples apêndice do Direito Civil, sendo-lhe atribuída natureza privatista, cabendo às partes promover o andamento dos atos processuais.
	‘O direito processual não é mais um complemento do chamado direito material. Sua autonomia nos quadros da Ciência Jurídica está, plenamente, reconhecida e firmada pela moderna doutrina do Direito. O processo tem uma teoria geral, aplicável a todos os seus ramos, e, para fins práticos, está dividido em dois grandes setores: o Direito Processual Civil e o Direito Processual Penal ’ ”.
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“Direito Processual: ramo do Direito Público, relacionando-se com todos os ramos da Ciência do Direito, destacando-se, todavia: Direito Constitucional, Direito Judiciário, Direito Administrativo, Direito Civil e Direito Penal”.
Finalmente, sabendo-se que o poder jurisdicional é único, tanto mais quando ele é um dos Poderes do Estado, e que a sua estrutura única é definida na constituição federal, não se pode falar em dualidade ou pluralidade processual. Acresce mais a circunstância de que o processo é instrumento de realização do direito, pelo Estado, dando-lhe condição para o exercício da função jurisdicional. Sendo unitária a jurisdição na sua estruturação constitucional, não há porque pensar-se em vários processos para atender particularmente às várias espécies do direito material.
DIVISÃO GERAL ATUAL
Demais Ramificações Da Norma Processual
Conforme ficou suficientemente esclarecido, existe a unidade do direito processual quanto a sua estruturação básica e no que tange aos princípios e normas gerais do processo.
Isto quer dizer que, na sua natureza endógena, o processo mantém a unidade para ramificar-se, ou dividir-se, no formalismo das suas normas procedimentais para o fim de atender aos amplos objetivos da jurisdição, no Brasil de hoje, e em particular às várias espécies de direitos materiais e de naturezas diversas.
No particular às ramificações, ou divisão do Direito Processual, observe-se o que diz, aqui, Federico Marques: “Como o processo é instrumento de que se serve, para seu exercício, a função jurisdicional, relativamente a cada uma das jurisdições há o respectivo processo com igual nome. Daí resulta haver as seguintes espécies de processo : 
	a) processo militar;
	b) processo eleitoral;
	c) processo do trabalho;
	d) processo político;
	e) processo administrativo;
	f) processo penal; e
	g) processo civil ”.
E continua Frederico Marques : “... pode-se dizer que o Direito Processual, como ciência que trata do processo, está assim dividido, no Direito Brasileiro :
	a) Direito Processual Militar;
	b) Direito Processual Eleitoral;
	c) Direito Processual do Trabalho;
	d) Direito Processual Político;
	e) Direito Processual Penal;
	f) Direito Processual Civil; e 
	g) Direito Processual Administrativo”.
Observe-se que em todos esses enumerados ramos do direito, as suas respectivas normas procedimentais são taxativas, ao deixar expresso, ou implícito, que têm sua fonte subsidiária no código de processo civil. Isto para as figuras de direito processual que são polivalentes, e por isso, comuns a todos os seus ramos.
É oportuno lembrar os ensinamentos de Pellegrini, etc, segundo os quais “...os principais conceitos atinentes ao direito processual, como os de jurisdição, ação, defesa e processo, são comuns naqueles ramos distintos ... Pense-se, ainda, nas noções de defesa, coisa julgada, recurso, preclusão, competência, bem como no princípio do contraditório, do juiz natural, do duplo poder de jurisdição - que são concorrentes, em igual medida ...”
Assim, pois, conclui-se que a bifurcação maior do direito processual em civil e penal e das demais ramificações, não comprometem o conceito unitário do processo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tomando como ponto de exame a natureza da tutela jurisdicional, o Direito Processual pátrio se diversifica em dois ramos substancialmente distintos : O direito Processual Civil e o Direito Processual Penal.
O processo civil objetiva a composição das lides, a atividade e as medidas do judiciário para fazer atuar a lei, que não tenha como escopo a aplicação de penas criminais.
O processo penal, ao contrário, visa a ação punitiva do Estado, nas controvérsias penais.
Como bem preleciona Frederico Marques, “ a lide penal se define, primeiramente, como aquela derivada de uma presunção que a pena não pode ser aplicada sem controle jurisdicional a ‘Priori’ do Poder Judiciário”.
Em regra a lei penal, tipificando comportamentos criminosos, a estes prescreve uma pena, resultando daí o princípio da legalidade, retratado na expressão romana “ nullum crimen nulla poena sine lege ”, que limita o direito de punir do Estado, princípio igualmente encontrado na Constituição Federal Brasileira, conforme se vê do seu art. 5º, inciso XXXIX: “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal.”
Por outro lado, verifica-se também que, resguardando a liberdade individual, defere a lei, à pessoa, ação penal para defesa do seu direito a liberdade de ir e vir, como garantia do direito individual.
É o “ hebeas corpus ” previsto na Constituição Federal, art. 5º, inciso LXVIII:
“Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
A ação civil, objeto do processo civil, se destina a toda pessoa física ou jurídica e entidades com capacidade processual, cujos interesses legítimos tenham sido lesados, ameaçados de lesão, resistidos ou postos em dúvida.
Distribuído o processo, na medida do pluralismo judiciário implantado, na estrutura do Poder Judiciário, com as várias justiças especiais, o processo civil e penal se ramificam em subcategorias, com a repartição jurisdicional em razão do direito material aplicável ou das pessoas que se relacionam no processo.
Consoante se pode ver de tudo quanto informado neste ponto, é mais abrangente a ação do direito processual civil do que a área restrita do direito processual penal, eis que este último tem como escopo, por exemplo, proteger o cidadão no seu direito à vida, à integridade física e moral, a dignidade da pessoa humana, os costumes e à liberdade, como também nos crimes contra o patrimônio. Enquanto o direito processual civil informa todos os demais ramos de direito processual dos quais é fonte primária e subsidiária.
Além do que o direito processual civil, pela própria evolução histórica da sociedade, experimentou maior crescimento quantitativo e qualitativo no campo do direito.
Convém conhecermos o pensamento de Greco Filho a respeito : “O direito processual civil, por razões que não vêm ao caso agora discutir, apesar de muito interessantes, evoluiu cientificamente com maior rapidez que o direito processual penal, consagrando suas teorias, plasmando seus instintos, merecendo, inclusive, maior destaque bibliográfico. Isto ocorreu, por exemplo, na formulação da teoria da ação, suas condições, os pressupostos processuais, os princípios da competência, a coisa julgada, etc.
A aproximação do processo civil ao processo penal enriquece este último, obrigando a meditação sobre temas anteriormente não cogitados, como as condições da ação penal, a natureza jurídica dos provimentos jurisdicionais penais, a coisa julgada penal, etc. Todavia,nem sempre as conclusões foram proveitosas e adequadas. Em contrapartida, o processo civil recebeu uma nova visão publicística que o auxilia a superar a tentadora subordinação de seus princípios ao direito privado que ordinariamente aplica ”.
As demais ramificações do direito processual foram comunicadas quando informamos a divisão do direito processual concebida por Frederico Marques, merecendo acrescentar que “ O Direito Processual Administrativo é o que regula o processo administrativo no Tribunal de Contas. Este é o processo administrativo especial, visto que o comum é o que se aplica na jurisdição administrativa a qual é exercida pelos órgãos da justiça ordinária .
O Direito Processual Político, que tem suas fontes normativas, respectivamente, no Regimento Interno do Senado e da Câmara Federal, é de âmbito muito restrito e de raríssima aplicação. O Direito Processual Eleitoral, por seu turno se subdivide : a) Direito Processual Eleitoral Penal; b) Direito Processual Eleitoral em sentido estrito”.
Pode-se falar, também, em Direito Processual Constitucional, como o conjunto de preceitos destinados a regular o exercício da jurisdição constitucional, ou seja, a aplicação jurisdicional das normas da Constituição. Ele não se confunde o Direito Constitucional Processual, que trata das normas de processos contidas na Constituição.
_________________________________________________________
APOSTILA DE RESPONSABILIDADE DO PROFº. LUIZ SOUZA CUNHA.
AUTORES CITADOS E CONSULTADOS
José Frederico Marques	Manual de Direito Processual Civil
	1º Vol. - 13ª Edição
Moacyr Amaral Santos	Direito Processual Civil Brasileiro
	1º Vol. - 15ª Edição
Vicente Greco Filho	Direito Processual Civil Brasileiro
	Vol. I - 10ª Edição
Antonio Carlos de A. Cintra	Teoria Geral do Processo
Ada Pellegrini Grinover	14ª Edição - 1998
Cândido R. Dinamarco
Maria da Glória COLLUCCI	Lições de Teoria Geral do Processo
José Antonio de Almeida	2ª Edição – 2ª Tiragem – 1994
Atenção:	A apostila é, tão somente, um resumo da matéria que pode ser aprendida pelo aluno. Ela deve servir de guia do ensino-aprendizado, sob orientação pedagógica.	
Esta apostila se destina, pois, exclusivamente ao estudo e discussão do texto em sala de aula, como diretriz do assunto, podendo substituir os apontamentos de sala de aula, a critério do aluno.
Consulte a bibliografia anteriormente indicada além de outros autores. 
 
 Atualizada em abril/2009
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