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Resumo Celso Furtado

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Capítulo I – Da expansão comercial à empresa agrícola
A ocupação das terras americanas é um episódio da expansão comercial da Europa, a qual se constitui o fato histórico mais importante da metade do século XVI. A esperança de que tinha ouro na América, juntamente com o fato de que só se reconhecia novas terras depois da posse, fez com que Portugal e Espanha empossassem a América. Porém, enquanto Portugal possuía recursos insuficientes para domínio de toda a terra americana, a Espanha, mais próspera e com mais recursos, viu-se obrigada a abrir mão de parte de suas terras americanas para que fosse possível a defesa delas.
Espanha e Portugal se achavam no direito de domínio de toda a América, porém outros países europeus como França, Holanda e Inglaterra questionavam isso. Juntamente com os outros fatores supracitados esse foi um dos motivos pelos quais a Espanha preferiu limitar-se ao eixo de mineração México-Peru, pois era de suas terras, as mais prósperas, mesmo assim, a Espanha não conseguiu se defender, e as Antilhas foram invadidas. Temendo o mesmo e sabendo que suas terras não eram tão cheias de ouro e prata como da Espanha, Portugal viu-se obrigado a utilizar-se de outra atividade que não fosse o extrativismo mineral, para financiar a defesa de seus novos territórios e essa atividade foi a exploração agrícola, primeiramente com o açúcar. 
Capítulo II – Fatores do Êxito da Empresa Agrícola
Com a inserção do açúcar sul americano no mercado, houve um excesso de oferta que logo mais leva a uma redução na produção, porém já com uma parcela do mercado conquistado. Nesse período, 1/3 da produção já era vendida aos flamengos (de Flandres) os quais refinavam o açúcar e distribuía por toda a Europa. Essa contribuição dos flamengos – holandeses principalmente - constitui-se em um dos motivos pelos quais houve o êxito da colonização do Brasil, pois na época não havia outro povo capaz de criar um mercado de grandes dimensões para um produto novo como era o caso do açúcar.
Além de contribuir com a experiência comercial, os holandeses contribuíram também com o capital, financiando não só a refinação e comercialização, mas também as instalações produtivas no Brasil e a importação de mão de obra. Porém, mesmo assim não era economicamente viável o uso de mão de obra européia, dado a escassez, os altos custos de transporte, e o custo dos salários, caso viessem para cá; os índios, segundo a igreja, era um povo puro que deveria ser catequizado, por isso eles também não serviam como mão de obra. A solução então, foi a de utilizar-se de mão de obra africana – formada por negros pagãos -, escrava e barata, a qual já era usada há alguns tempos em certas regiões da Europa, cabendo lembrar que com a inserção do índio na colônia, este foi também escravizado, porém em menor escala que o negro e que o que viria a ser futuramente.
Resolvidos os problemas de técnica de produção (Portugal com suas técnicas ainda se juntou à Holanda), criação de mercado (mercado intra-europeu conquistado pelos holandeses), financiamento (capital holandês) e mão de obra (escravidão), Portugal teve sucesso nessa sua empresa colonial, a qual foi levada em frente graças à esperança de se encontrar ouro em abundância em nossas terras. Logo no século XVII, quando as noções que ficaram fora do Tratado de Tordesilhas prosperaram, Portugal já havia se estabelecido na América
Cap III – Razões do Monopólio
A Espanha achou muito mais lucrativa, e realmente o era, a exploração de metais preciosos, se concentrando nas regiões em que havia desses metais. Assim, ela organizava suas colônias de forma que estas gerassem mais excedente, no caso metais preciosos, para a metrópole. Com o aumento deste excedente, gerou-se grande inflação e muito poder ao estado – resultado do aumento dos gastos públicos e dos subsídios -, o que leva à improdutividade de classes até então consideradas improdutivas e a um déficit na balança comercial ocasionado pela inflação. Com a dependência da exploração e as transformações, as colônias espanholas foram prejudicadas.
Sem concorrência Portugal “vence” (o êxito português), vitória esta que só foi permitida devido à decadência espanhola.  Apesar disso, a Espanha possuía condições mais favoráveis de exploração (índios mais desenvolvidos e terra), mas assim como a exploração de ouro colocou a Espanha à frente de Portugal, a levou ao grande castigo quando todo seu consumismo acabou juntamente com o poderio espanhol.
Capítulo IV – Desarticulação do sistema
Absorção de Portugal pela Espanha (a crise se estendeu à Portugal), com isso o domínio de Portugal sobre suas colônias é enfraquecido, o que o leva a perder a guerra com a Holanda que se instala por um quarto de século em terras brasileiras. Até então, a Holanda dominava o comércio realizado por mar e a distribuição do açúcar. Ela era coadjuvante no monopólio, pois ela tinha a técnica de refino do açúcar que era mascavo, porém não tinha a técnica de cultivo, porém tinha sua importância era fundamental nessa cadeia produtiva do açúcar.
Depois de ficarem em terras brasileiras, os batavos conheceram as técnicas de produção, o que os permitiu levar a cultura da cana-de-açúcar para o Caribe. Com isso o monopólio se quebra, e o preço do açúcar no mercado mundial cai a preços muito baixos.
Capítulo V – As colônias de povoamento do hemisfério norte
 No século XVII o monopólio se desfaz como resultado da debilidade espanhola que tentou dominar todo o processo produtivo, mas não conseguiu mantê-lo. Nesse cenário, novas potências entram em cena: Holanda, França e Inglaterra, as quais queriam se apoderar desse rico quinhão, destas, Inglaterra e França dominam as Ilhas de Caribe, porém elas não dominam a técnica de produção em grandes escalas, nem a produção do açúcar. Então elas se instalam nas ilhas militarmente, para depois atacar a parte continental da América do sul.
Nas grandes Antilhas, não havia mão de obra suficiente e a solução para isso foi usar o sistema da pequena propriedade, no qual em troca da terra, as pessoas forneciam seu trabalho por alguns anos. Essas pessoas foram britânicos criminosos que foram levados para as ilhas ao invés de ser preso na Inglaterra, o que foi permitido devido às instabilidades britânicas daquela época. Além das instabilidades políticas e religiosas, nesse período a Inglaterra passava pelos cercamentos, fato este que também contribuiu para a liberação de mão de obra britânica para as ilhas. Este processo de levar a mão de obra britânica para as colônias foi financiado pelas Companhias.
Apesar disso, no início, as colônias do Norte apresentaram um lento desenvolvimento devido ao custo elevado de transporte dos produtos produzidos na América para a Europa, produtos estes também que eram exatamente o produzido na Europa. A exceção foi as Antilhas, onde desenvolveram culturas que se adaptaram às características do colonato (algodão, anil, café e fumo).
Capítulo VI – Conseqüências da penetração do açúcar nas Antilhas
Com a expulsão dos holandeses do nordeste do Brasil, eles se instalam nas Antilhas, criando dentro daquele sistema de povoamento no qual a produção era de subsistência, um novo sistema econômico: o de exploração. Com isso, a importação de escravos faz com que estes superem em número os brancos que já habitavam a ilhas, além disso, com a produção do açúcar, a riqueza da ilha se multiplica por quarenta. Esse fato fez com que muitos homens brancos possuidores de terra deixassem as ilhas, vendendo suas terras, e indo para o norte já com algum capital. Outra mudança foi que a Antilhas deixa de ser produtora de alimentos para subsistência e passa a importar especialmente o excedente de trigo das colônias setentrionais.
Nesse período a Holanda está no Brasil, conhecendo as técnicas de cultivo da cana-de-açúcar. A técnica usada pela Holanda nas Antilhas utilizava-se de equipamentos melhores, além de terem aprimorado a técnica portuguesa de cultivo.
Novas metrópoles surgem: Inglaterra e França, sendo a primeira detentora de duas novascolônias: Antilhas e América do Norte. Enquanto a primeira era produtora do artigo básico de exportação, a segunda região era quem a abastecia. Nas Antilhas surge a indústria de destilação de  bebidas alcoólicas e na América do Norte a indústria naval.
Para o autor, essa se trata de uma etapa na ocupação econômica das terras americanas: a primeira havia sido a exploração de mão de obra preexistente com vista a criar um excedente líquido de produção de metais preciosos; a segunda a fase dos produtos tropicais produzidos com mão de obra importada e financiada pelas grandes empresas; essa terceira era a fase em que a economia da colônia passa a ser semelhante à economia da metrópole, com uma produção voltada para o mercado interior e sem separações de áreas que produziam para exportar e áreas produtoras de produtos para consumo interno. Nesse período, de guerra civil na Inglaterra e guerra entre esta e a França, permitiu que as colônias da América do Norte abrissem mercado nas Antilhas Inglesas e por parte nas Antilhas Francesas também.
Na América do Norte, ainda com terras disponíveis, o regime de trabalho era a servidão em troca da terra, isso porque este regime de trabalho era mais seguro em relação à morte e mais apropriado para a agricultura de subsistência, não usando a mão de obra negra escrava (com exceção de culturas onde se especializava na exportação e produção em grande escala). Nessas colônias a renda era mais distribuída e o consumo era maior, apesar da baixa produtividade característica desse sistema de produção.
Com isso, os interesses metropolitanos passam a entrar em atrito com os da América do Norte, esta controlada por grupos dominantes próprios, praticamente sem qualquer afinidade com a metrópole, enquanto nas Antilhas Inglesas, os grupos dominantes estavam ligados a Metrópole, e também com influência no parlamento britânico. 
Capítulo VII – Encerramento da etapa colonial
Com a recuperação da independência Portugal se viu frágil e nesse momento ligou seu destino a uma grande Potência: a Inglaterra. Com isso, os comerciantes ingleses começaram a ter uma ascendência crescente sobre o governo português, porém a Portugal só coube continuar, pois para ele o pacto se fazia importante, pois a Espanha ainda o considerava dependente e a paz com a Holanda tinha acabado de se firmar.
Todavia, a desorganização sob a qual se encontrava o mercado do açúcar fez com que Portugal permanecesse frágil. Nesse momento, a produção de ouro no Brasil muda a situação. Para o Brasil, a importação de mão de obra escrava faz com que escravos superem os livres em número no Brasil, enquanto que para a Inglaterra, a exploração de ouro permitiu forte estímulo ao desenvolvimento manufatureiro, flexibilidade à capacidade de importar e concentração de reservas que a permitiu se tornar o principal centro financeiro da Europa. Com isso, a Inglaterra vê-se a acabar com seus protecionismos.
No período posterior, os acordos luso-ingleses mostraram a vontade de Portugal manter a família real portuguesa em suas terras, enquanto Inglaterra dominasse as colônias portuguesas na América. Em 1842 expira o acordo luso-inglês e Portugal não o renova, o que o permite aumentar o poder de seu governo central, transferindo a subordinação portuguesa para o Brasil

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