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Apostila Direito Administrativo 1

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Prof. Robson Carvalho – prof.rcarvalho@yahoo.com.br 1
1 – PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS 
� CONCEITO 
Princípios administrativos são postulados fundamentais que inspiram a maneira de agir da Administração 
Pública. O eminente administrativista Celso Antônio Bandeira de Mello entende o princípio como um 
“mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia 
sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para a sua exata compreensão e 
inteligência exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a 
tônica e lhe dá sentido harmônico”. 
� PRINCÍPIOS EXPRESSOS (ART. 37 DA CF/88) 
i) Princípio da Legalidade 
Este princípio encontra-se inserido no inciso II do art. 5º da Constituição Federal, sendo esta sua 
formulação mais genérica, assim prevendo: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma 
coisa senão em virtude de lei”. Assim, enquanto para os particulares a regra é a autonomia da vontade, 
para a administração a única vontade de que podemos cogitar é a da lei, sendo irrelevante a vontade 
pessoal do agente. 
No Direito Administrativo a legalidade traduz a idéia de que a Administração, no exercício de suas funções, 
somente poderá agir conforme o estabelecido em lei. Inexistindo previsão legal para uma hipótese, não há 
possibilidade de atuação administrativa, pois a vontade da Administração é a vontade expressa na lei, 
sendo irrelevantes as opiniões e convicções pessoais de seus agentes. 
ii) Princípio da Impessoalidade 
Este princípio objetiva a igualdade de tratamento que a Administração deve dispensar aos administrados 
que se encontrem em idêntica situação jurídica (isonomia), como é o caso, por exemplo, da exigência 
constitucional do concurso público para o ingresso em cargo ou emprego público. 
Numa outra acepção deste princípio, deve a Administração voltar-se exclusivamente para o interesse 
público, e não para o privado, vedando-se que sejam favorecidos alguns indivíduos em detrimento de 
outros e prejudicando alguns para favorecimento de outros (finalidade pública). 
Em outro sentido, o princípio da impessoalidade tem por objetivo proibir a vinculação de atividades da 
Administração à pessoa dos administradores, evitando que estes utilizem a propaganda oficial para a sua 
promoção pessoal. 
iii) Princípio da Moralidade 
O princípio da moralidade torna jurídica a exigência de atuação ética dos agentes da Administração. Para 
atuar em respeito à moral administrativa não basta ao agente cumprir a lei na frieza de sua letra. É 
necessário que se atenda à letra e ao espírito da lei, que ao legal junte-se o ético. Este princípio impõe que 
o administrador público não dispense os preceitos éticos que devem estar presentes em sua conduta. 
A Constituição Federal, ao consagrar o princípio da moralidade administrativa como vetor da atuação da 
Administração Pública, igualmente consagrou a necessidade de proteção à moralidade e 
responsabilização do administrador público. 
Dessa forma, deve o Poder Judiciário, ao exercer o controle jurisdicional, não se restringir ao exame estrito 
a legalidade do ato administrativo, mas entender por legalidade ou legitimidade não só a conformação do 
ato com a lei, como também com a moral administrativa e com o interesse público. 
A conduta do administrador público em desrespeito ao princípio da moralidade administrativa enquadra-se 
nos denominados atos de improbidade, previstos no § 4º do art. 37 da Constituição Federal, e sancionados 
com a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o 
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. 
iv) Princípio da Publicidade 
O princípio da publicidade apresenta duplo sentido em face do sistema decorrente da Constituição Federal. 
No primeiro, refere-se à publicação oficial dos atos administrativos a fim de que eles possam produzir 
efeitos externos. Neste sentido, a publicidade faz-se pela inserção do ato no Diário Oficial ou por edital 
afixado no lugar próprio para divulgação dos atos públicos, para conhecimento do público em geral e, 
consequentemente, início da produção de seus efeitos. 
O segundo sentido inerente ao princípio da publicidade refere-se à exigência de transparência da atividade 
administrativa como um todo. A regra da transparência administrativa é reforçada pelo inciso XXXIII do art. 
 
 
 
 
 
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5º que declara o direito de receber informações dos órgãos públicos, e pelo inciso LXXII, que prevê o 
habeas data como garantia do direito de conhecer e retificar informações pessoais constantes de 
entidades governamentais ou de caráter público. 
v) Princípio da Eficiência 
Este princípio foi acrescentado ao texto constitucional pela Emenda nº 19/98. O princípio da eficiência 
impõe ao agente público a obrigação de realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento 
funcional. 
Para a Professora Maria Sylvia Di Pietro o princípio apresenta dois aspectos: 
1. relativamente à forma de atuação do agente público, se espera o melhor desempenho possível de suas 
atribuições, a fim de obter os melhores resultados; 
2. quanto ao modo de organizar, estruturar e disciplinar a Administração Pública, exige-se que este seja o 
mais racional possível, no intuito de alcançar melhores resultados na prestação dos serviços públicos. 
O objetivo do princípio é assegurar que os serviços públicos sejam prestados com adequação às 
necessidades da sociedade que os custeia. 
� PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS (RECONHECIDOS) 
vi) Princípio da Supremacia do Interesse Público 
Por força do regime democrático e do sistema representativo, presume-se que a atuação do Estado 
sempre tenha por finalidade a tutela do interesse público. 
O princípio da supremacia do interesse público informa todos os ramos do Direito Público e possibilita que, 
nas relações jurídicas nas quais figure o Estado como representante da sociedade, seus interesses 
prevaleçam contra interesses particulares. Exemplos: desapropriação; alteração unilateral dos contratos 
administrativos, etc. 
A professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro exata que “esse princípio, também chamado de princípio da 
finalidade pública, está presente tanto no momento da elaboração da lei como no momento da sua 
execução em concreto pela Administração Pública. Ele inspira o legislador e vincula a autoridade 
administrativa em toda a sua atuação”. 
vii) Princípio da Indisponibilidade 
Na Administração Pública, os bens e os interesses públicos não se acham entregues à livre disposição da 
vontade do administrador. Assim, cabe ao administrador o dever de protegê-los nos termos da finalidade 
legal a que estão adstritos. 
Este princípio parte da premissa de que todos os cuidados exigidos para os bens e interesses públicos 
trazem benefícios para a própria coletividade. 
viii) Princípio da Autotutela 
O poder-dever de autotutela possibilita à Administração controlar seus próprios atos, apreciando-os quanto 
ao mérito e quanto à legalidade. Todavia, o controle de legalidade efetuado pela Administração sobre seus 
próprios atos, evidentemente, não exclui a possibilidade de prestação desses pelo Poder Judiciário. 
O princípio da autotutela autoriza o controle, pela Administração, dos atos por ela praticados, sob dois 
aspectos: 
1) de legalidade, em que a Administração pode, de ofício ou provocada, anular os seus atos ilegais; 
2) de mérito, em que examina a conveniência e oportunidade de manter ou desfazer um ato legítimo, 
nesse último caso mediante a denominada revogação. 
O princípio da autotutela está consagrado na Súmula nº 473 do STF, que assim dispõe: “A administração 
pode anular seus próprios atos quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se 
originam direitos; ou revogá-los,por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos 
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”. 
ix) Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos 
Os serviços públicos são prestados no interesse da coletividade. Por esse motivo sua prestação deve ser 
adequada, não podendo sofrer interrupções. A interrupção de um serviço público prejudica toda a 
coletividade, que dele depende para satisfação de seus interesses e necessidades. 
 
 
 
 
 
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A aplicação desse princípio implica restrição a determinados direitos dos prestadores de serviços públicos 
e dos agentes envolvidos em sua prestação. 
É exemplo dessas limitações a restrição ao direito de greve dos servidores públicos. A Constituição, em 
seu art. 37, VII, estabelece que o direito de greve dos servidores públicos seja exercido nos termos e 
limites definidos em lei específica. 
x) Princípio da Segurança Jurídica 
Este princípio enaltece a idéia de proteger o passado e tornar o futuro previsível, de modo a não infligir 
surpresas desagradáveis ao administrado. Visa à proteção da confiança e a garantia da certeza e 
estabilidade das relações jurídicas. 
A Lei nº 9.784/99 – lei de processo administrativo – prevê a segurança jurídica como princípio da 
Administração Pública, dispondo que nos processos administrativos serão observados, entre outros, os 
critérios de interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim 
público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. 
xi) Princípio da Motivação 
Pelo princípio da motivação, a formalização dos atos administrativos deverá trazer a narrativa escrita dos 
fatos ensejadores de sua prática (motivos de fato), suas razões jurídicas (motivos de direito) e a 
demonstração de pertinência lógica entre os motivos, de modo a garantir-se a plena possibilidade de 
controle, inclusive jurisdicional, de sua validade. 
A motivação é necessária em qualquer tipo de ato administrativo, vinculado ou discricionário, como 
corolário dos demais princípios que regem a Administração Pública e para possibilitar total incidência do 
dispositivo constitucional que prevê a impossibilidade de exclusão do Poder Judiciário de ameaça ou lesão 
a direito (CF, art. 5º, XXXV). 
A Lei nº 9.784/99 – lei de processo administrativo – obrigou de forma expressa o princípio da motivação 
como princípio da Administração Pública. Assim, segundo a referida lei, nos processos administrativos 
serão observados, entre outros, os critérios de indicação dos pressupostos de fato e de direito que 
determinarem a decisão. 
xii) Princípios da Razoabilidade e da Proporcionalidade 
O princípio da razoabilidade conduz às idéias de adequação e de necessidade. Assim, não basta que o 
ato da Administração tenha uma finalidade legítima. É necessário que os meios empregados pela 
Administração sejam adequados à consecução do fim almejado e que sua utilização, especialmente 
quando se trata de medidas restritivas ou punitivas, seja realmente necessária. 
O princípio da proporcionalidade representa uma das vertentes do princípio da razoabilidade. Isso porque 
a razoabilidade exige, entre outros aspectos, que haja proporcionalidade entre os meios utilizados pelo 
administrador público e os fins que ele pretende alcançar. Se o ato administrativo não guarda uma 
proporção adequada entre os meios empregados e o fim almejado, será um ato desproporcional, excessivo 
em relação a essa finalidade visada. 
A Lei nº 9.784/99 – lei de processo administrativo – explicitou os referidos princípios determinando que nos 
processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de adequação entre os meios e fins, 
vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente 
necessárias ao atendimento do interesse público. 
 
EXERCÍCIOS – PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS 
01. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE/TO – 2011 – FCC) São princípios da 
Administração Pública, expressamente previstos no artigo 37, caput, da Constituição Federal, dentre 
outros, 
(A) eficiência, razoabilidade e legalidade. 
(B) motivação, moralidade e proporcionalidade. 
(C) legalidade, moralidade e impessoalidade. 
(D) publicidade, finalidade e legalidade. 
(E) eficiência, razoabilidade e moralidade. 
 
 
 
 
 
 
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02. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TRT 23ª REGIÃO – 2011 – FCC) O Jurista 
Celso Antônio Bandeira de Mello apresenta o seguinte conceito para um dos princípios básicos da 
Administração Pública: De acordo com ele, a Administração e seus agentes têm de atuar na conformidade 
de princípios éticos. (...) Compreendem-se em seu âmbito, como é evidente, os chamados princípios da 
lealdade e boa-fé. 
Trata-se do princípio da 
(A) motivação. 
(B) eficiência. 
(C) legalidade. 
(D) razoabilidade. 
(E) moralidade. 
 
03. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TJ/SE – 2009 – FCC) A regra geral de 
proibição de greve nos serviços públicos, a faculdade de a Administração utilizar equipamentos e 
instalações de empresa que com ela contrata, e a necessidade de institutos como a suplência, a delegação 
e a substituição, são consequências do princípio da 
(A) continuidade do serviço público. 
(B) autotutela. 
(C) legalidade. 
(D) supremacia do interesse público. 
(E) moralidade administrativa. 
 
04. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE/AC – 2010 – FCC) Quando se fala em 
vedação de imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente 
necessárias ao atendimento do interesse público, está-se referindo ao princípio da 
(A) legalidade. 
(B) motivação. 
(C) proporcionalidade. 
(D) moralidade. 
(E) impessoalidade. 
 
05. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE/MA – 2005 – FCC) A obrigação atribuída 
ao Poder Público de manter uma posição neutra em relação aos administrados, não podendo atuar com 
objetivo de prejudicar ou favorecer determinadas pessoas, decorre do princípio da 
A) moralidade. 
B) impessoalidade. 
C) legalidade. 
D) motivação. 
E) imperatividade. 
 
06. (TÉCNICO SUPERIOR – PGE /RJ – 2009 – FCC) De acordo com o princípio da legalidade, em matéria 
administrativa, a Administração apenas pode praticar os atos que sejam expressamente permitidos pela lei. 
A partir deste enunciado, conclui-se que 
A) a observância de medidas provisórias, pela Administração, ofende o princípio da legalidade porque elas 
não são consideradas lei formal. 
 
 
 
 
 
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B) a Administração poderá praticar os atos permitidos pela lei e, em caso de omissão, estará legitimada a 
atuar se for habilitada a tanto por decreto do Chefe do Poder Executivo. 
C) a prática de atos por razões de conveniência e oportunidade é violadora do princípio da legalidade, uma 
vez que o mérito do ato administrativo nestes casos não é definido em lei. 
D) o controle de legalidade interno dos atos administrativos deve ser preocupação constante da 
Administração, como forma de atendimento do interesse público na preservação desta legalidade. 
E) o reconhecimento de circunstâncias excepcionais, como estado de sítio e estado de defesa, autoriza a 
Administração a praticar atos discricionários e arbitrários, isentos de controle jurisdicional. 
 
07. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TRT 15ª REGIÃO – 2009 – FCC) O princípio 
da autotutela significa que a Administração Pública 
A) exerce o controle sobre seus próprios atos, com a possibilidade de anular os ilegais e revogar os 
inconvenientes ou inoportunos, independentemente de recurso ao Poder Judiciário. 
B) sujeita-se ao controle do Poder Judiciário, que pode anular ou revogar os atos administrativos que forem 
inconvenientesou inoportunos. 
C) Direta fiscaliza as atividades das entidades da Administração Indireta a ela vinculadas. 
D) Indireta fica sujeita a controle dos órgãos de fiscalização do Ministério do Planejamento mesmo que 
tenham sido criadas por outro Ministério. 
E) tem liberdade de atuação em matérias que lhes são atribuídas por lei. 
 
08. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TRT 7ª REGIÃO – 2009 – FCC) Sobre os 
princípios básicos da Administração Pública, considere: 
I. O princípio da publicidade é absoluto, no sentido de que todo ato administrativo, sem exceção, deve ser 
publicado. 
II. O princípio da impessoalidade tem dois sentidos: um relacionado à finalidade, no sentido de que ao 
administrador se impõe que só pratique o ato para o seu fim legal; outro, no sentido de excluir a promoção 
pessoal das autoridades ou servidores públicos sobre suas realizações administrativas. 
III. Por força do princípio da segurança jurídica não é possível retroagir interpretação de lei a casos já 
decididos com base em entendimento anterior. 
IV. A necessidade de institutos como a suplência, a delegação e a substituição para preencher as funções 
públicas temporariamente vagas, é conseqüência do princípio da eficiência. 
É correto o que se afirma APENAS em 
A) I e II. 
B) II e III. 
C) III e IV. 
D) I e IV. 
E) I e III. 
 
09. (ANALISTA ADMINISTRATIVO – TRF 2º REGIÃO – 2007 - FCC) No que tange aos princípios da 
Administração Pública, considere: 
I – Os atos e provimentos administrativos são imputáveis não ao agente que os pratica, mas ao órgão ou 
entidade da Administração Pública, que é o autor institucional do ato. 
II – A Constituição Federal exige, como condição para a aquisição da estabilidade, a avaliação especial de 
desempenho por comissão instituída para essa finalidade. 
As proposições citadas referem-se, respectivamente, aos princípios da: 
A) impessoalidade e eficiência. 
B) hierarquia e finalidade pública. 
 
 
 
 
 
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C) impessoalidade e moralidade. 
D) razoabilidade e eficiência. 
E) eficiência e impessoalidade. 
 
10. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – PROGRAMAÇÃO DE SISTEMAS – TRE – SE – 2007 - FCC) Em relação 
aos princípios básicos da Administração Pública, considere as proposições abaixo. 
I. O princípio da moralidade corresponde à proibição de a atuação administrativa distancia-se da moral, 
dos princípios éticos, da boa-fé, da lealdade. 
II. A idéia de que o administrador não pode agir, nem deixar de agir, senão de acordo com a lei e na forma 
determinada é característica do princípio da legalidade. 
III. O princípio da publicidade implica na proibição de constar nome, símbolos ou imagens que 
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidor público na publicidade de atos, programas, 
obras e serviços. 
Está correto APENAS o que se contém em 
A) I. 
B) II. 
C) I e II. 
D) I e III. 
E) II e III. 
 
2 - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
� Administração Pública em sentido formal, subjetivo ou orgânico 
Em sentido formal, conceitua-se como o conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas destinadas à 
execução das atividades administrativas. 
Nessa concepção, a expressão Administração Pública engloba todos os órgãos e agentes que, em 
qualquer dos Poderes do Estado (Legislativo, Executivo ou Judiciário), em qualquer das esferas políticas 
(União, Estados, Distrito Federal ou Municípios), estejam exercendo função administrativa. 
� Administração Pública em sentido material, objetivo ou funcional 
Em sentido objetivo, a Administração Pública” pode ser definida como a atividade concreta e imediata 
que o Estado desenvolve para a consecução dos interesses coletivos. 
A administração pública neste sentido abrange as seguintes atividades administrativas: o fomento, a polícia 
administrativa, o serviço público e a intervenção administrativa. 
O fomento corresponde à atividade administrativa de incentivo à iniciativa privada de utilidade pública, 
como são exemplos a consignação nos orçamentos públicos de auxílios financeiros ou subvenções 
sociais, os financiamentos em condições especiais, os incentivos fiscais etc. 
A polícia administrativa é consubstanciada no chamado poder de polícia, de cujo exercício resultam 
restrições ou condicionamentos impostos ao exercício de direitos individuais em benefício do interesse 
coletivo, como são exemplos as fiscalizações sanitárias, as concessões de licenças etc. 
O serviço público compreende toda a atividade que a Administração Pública executa, direta ou 
indiretamente, para satisfazer à necessidade pública, sob o regime predominantemente público, como são 
exemplos os serviços de transporte, de telecomunicações etc. 
A intervenção administrativa compreende a regulamentação e fiscalização da atividade econômica de 
natureza privada, bem como a própria atuação direta do Estado na atividade econômica, nos termos do art. 
173 da Constituição Federal, normalmente por meio de empresas públicas e sociedades de economia 
mista. 
� ORGANIZAÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO 
i) Entidades políticas e entidades administrativas 
 
 
 
 
 
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Entidades políticas são pessoas jurídicas de direito público interno, possuidoras de poderes políticos e 
administrativos. A competência para legislar caracteriza sua autonomia política. No Brasil, são 
consideradas entidades políticas a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. 
As entidades administrativas não são detentoras de poderes políticos, mas tão-somente de autonomia 
administrativa. Não legislam, mas apenas exercem sua competência conforme estabelecida na lei que as 
instituiu, ou autorizou sua instituição. São entidades administrativas as autarquias, as fundações públicas, 
as empresas públicas e as sociedades de economia mista, integrantes da chamada Administração Indireta. 
ii) Centralização, Descentralização e Desconcentração 
Ocorre a chamada centralização administrativa quando o Estado executa suas tarefas diretamente, por 
meio dos órgãos e agentes integrantes da Administração Direta. Nesse caso, os serviços são prestados 
diretamente pelos órgãos do Estado, despersonalizados, integrantes de uma mesma pessoa política 
(União, DF, Estados ou Municípios). 
Ocorre a chamada descentralização administrativa quando a entidade estatal (União, DF, Estados ou 
Municípios) desempenha a atividade administrativa, não diretamente, mas de forma indireta ou 
descentralizada. 
A descentralização será efetivada por meio de outorga (ou por serviço ou funcional) quando o Estado cria 
uma entidade administrativa, com personalidade jurídica própria, e a ela transfere, por lei, determinado 
serviço público ou atividade para exercer em caráter específico. A outorga normalmente é conferida por 
prazo indeterminado. É o que ocorre relativamente às entidades da Administração Indireta (autarquias, 
fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista e consórcios públicos). 
A descentralização será efetivada por meio de delegação (ou por colaboração) quando o Estado transfere, 
por contrato ou ato unilateral, unicamente a execução do serviço, para que o ente delegado o preste ao 
público em seu próprio nome e por sua conta e risco, sob fiscalização do Estado. Há delegação, por 
exemplo, nos contratos de concessão ou nos atos de permissão de serviços públicos. 
Já a desconcentração é simples técnica administrativa, e é utilizada, tanto na Administração Direta, 
quanto na Indireta. Ocorre a chama da desconcentração quando a entidade da Administração, 
encarregada de executar um ou mais serviços, distribui competências, no âmbito de sua própria estrutura, 
a fim de tornar mais ágil e eficiente a prestação dos serviços. A desconcentração pressupõe, 
obrigatoriamente, a existência de uma só pessoa jurídica. 
� ADMINISTRAÇÃO DIRETA 
A administração Direta ou Centralizadaé aquela constituída a partir de um conjunto de órgãos públicos, 
através dos quais o Estado desempenha diretamente a atividade administrativa. 
Segundo o art. 4º, inciso I, do Decreto-Lei nº 200/67, a Administração Direta da União se constitui dos 
serviços integrados na estrutura administrativa da Presidência da República e dos Ministérios. 
� Órgãos Públicos 
i) Conceito de órgão público 
Hely Lopes Meirelles define órgãos públicos como “centros de competência instituídos para o desempenho 
de funções estatais, através de seus agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que 
pertencem”. 
Os órgãos públicos não se confundem com a pessoa pública que integram. Correspondem a um conjunto 
de competências pertencentes à pessoa pública. Não existem por si, mas em razão de integrarem uma 
pessoa jurídica. 
Na Administração Direta Federal somente a União possui personalidade jurídica. Os Ministérios, por 
exemplo, órgãos da Administração Direta Federal, são centros de competência despersonalizados, cuja 
atuação é imputada à União. 
Deve-se atentar que a distribuição de competências em unidades despersonalizadas pode ocorrer tanto na 
Administração Direta como na Indireta 
A Lei Federal nº 9.784/99, que dispõe sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Pública 
Federal, conceitua órgão público como “a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração 
direta e da estrutura da Administração indireta”. 
ii) Teoria do Órgão 
 
 
 
 
 
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Para doutrina e jurisprudência, presume-se que a pessoa jurídica manifesta sua vontade por meio dos 
órgãos, que são partes integrantes da própria estrutura da pessoa jurídica, de tal modo que, quando os 
agentes que atuam nestes órgãos manifestam sua vontade, considera-se que esta foi manifestada pelo 
próprio Estado. Neste caso, fala-se em imputação da atuação do agente, pessoa natural, à pessoa 
jurídica. Cuida-se da denominada Teoria do Órgão. Assim, para que possa haver a imputação, a pessoa 
que pratica o ato administrativo deve fazê-lo em situação tal que leve o cidadão comum a presumir regular 
sua atenção. Entretanto, outras teorias tentaram, sem êxito, explicar essa relação, tais como a Teoria do 
Mandato e a Teoria da Representação. 
iii) Características dos órgãos públicos 
De modo geral, os autores apontam como características dos órgãos (algumas não presentes em todos): 
a) integram a estrutura de uma pessoa jurídica; 
b) não possuem personalidade jurídica; 
c) são resultado da desconcentração; 
d) alguns possuem autonomia gerencial, orçamentária e financeira; 
e) podem firmar, por meio de seus administradores, contratos de gestão com outros órgãos ou com 
pessoas jurídicas (CF, art. 37, § 8º); 
f) não têm capacidade para representar em juízo a pessoa jurídica que integram; 
g) alguns têm capacidade processual para defesa em juízo de suas prerrogativas funcionais; 
h) não possuem patrimônio próprio. 
iv) Classificação 
1. Quanto a sua estrutura, os órgãos podem ser: 
a) Órgãos Simples – são constituídos por um só centro de competência. Estes órgãos não são 
subdivididos em sua estrutura interna, isto é, inexiste outro órgão compondo-o. 
b) Órgãos Compostos – reúnem em sua estrutura diversos órgãos, como resultado da desconcentração 
administrativa. Exemplo: os Ministérios e as Secretarias. 
2. Quanto a sua composição ou atuação funcional, os órgãos podem ser: 
a) Órgãos Singulares – também denominados unipessoais, são os órgãos em que a atuação ou as 
decisões são atribuição de um único agente, seu chefe e representante. Exemplo: a Presidência da 
República. 
b) Órgãos Colegiados – também denominados pluripessoais, são caracterizados por atuar e decidir 
mediante obrigatória manifestação conjunta de seus membros. Os atos e decisões são tomados após 
deliberação e aprovação pelos membros integrantes do órgão, conforme as regras regimentais pertinentes 
a quorum de instalação, de deliberação, de aprovação etc. Exemplo: o Congresso Nacional e os tribunais. 
3. Quanto à posição estatal, os órgãos podem ser: 
a) Órgãos Independentes – são os diretamente previstos no texto constitucional, representando os três 
Poderes. São órgãos sem qualquer subordinação hierárquica ou funcional. As atribuições desses órgãos 
são exercidas por agentes políticos. Ex.: Câmara dos Deputados, Senado Federal, STF, STJ e demais 
tribunais. 
b) Órgãos Autônomos – situam-se na cúpula da Administração, hierarquicamente logo abaixo dos órgãos 
independentes. Possuem ampla autonomia administrativa, financeira e técnica, caracterizando-se como 
órgãos diretivos. Ex.: os Ministérios, as Secretarias de Estado, a Advocacia Geral da União etc. 
c) Órgãos Superiores – são os que possuem atribuições de direção, controle e decisão, mas que sempre 
estão sujeitos ao controle hierárquico de uma chefia mais alta. Não têm autonomia administrativa nem 
financeira. Ex.: as Procuradorias, Coordenadorias, Gabinetes etc. 
d) Órgãos Subalternos – são todos os órgãos que exercem atribuições de mera execução, sempre 
subordinados a vários níveis hierárquicos superiores. Têm reduzido poder decisório. Exemplos: seções de 
expediente, de pessoal de material, de portaria etc. 
4. Quanto à esfera de atuação, os órgãos podem ser: 
 
 
 
 
 
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a) Órgãos Centrais – são os que têm atuação coincidente com o domínio político da entidade estatal a que 
pertencem. Assim, por exemplo, são órgãos centrais os órgãos públicos federais, que integram a 
administração direta da União, e têm atuação em todo território nacional, a exemplo dos Ministérios. 
b) Órgãos Locais - são os que têm atuação somente em parte do território federal, estadual e municipal, no 
domínio político da União, dos Estados e dos Municípios, respectivamente. Exemplo: as Delegacias 
Regionais do Trabalho e da Receita Federal, no âmbito da União. 
� ADMINISTRAÇÃO INDIRETA 
A Administração Indireta é constituída a partir de um conjunto de entidades, dotadas de personalidade 
jurídica, responsáveis pelo exercício, em caráter especializado e descentralizado, de certa e determinada 
atividade administrativa, por outorga legal da entidade estatal. Consiste na criação de pessoas jurídicas de 
direito público ou de direito privado para exercerem parte da competência administrativa do ente político 
que a criou e com o qual não se confunde. Segundo o art. 4º, inciso II do Decreto-Lei nº 200/67, integram a 
Administração Indireta: as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas e as sociedades de 
economia mista. Contudo, em razão da edição da Lei nº 11.107/2005, que dispôs sobre as normas gerais 
para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios contratarem Consórcios Públicos para a 
realização de objetivos de interesse comum, foi prevista a possibilidade de mais uma entidade da 
Administração Indireta: as associações públicas, que são entidades formadas por consórcios públicos 
celebrados entre entidades da Federação com natureza de pessoa jurídica de direito público. Assim, o 
consórcio público com personalidade jurídica de direito público integra a administração indireta de todos os 
entes da Federação consorciados. 
i) Autarquias 
A professora Maria Sylvia Di Pietro conceitua a autarquia como a pessoa jurídica de direito público, criada 
por lei, com capacidade de auto-administração, para o desempenho de serviço público descentralizado, 
mediante controle administrativo exercido nos limites da lei. 
As autarquias integram a Administração Indireta, representando uma forma de descentralização 
administrativa mediante a personificação de um serviço retirado da Administração centralizada. Por esse 
motivo, como regra geral, somente devem ser outorgados serviços públicos típicos às autarquias, e não 
atividades industriais ou econômicas, ainda que essas últimassejam de interesse coletivo. 
As autarquias somente podem ser criadas por meio de lei específica, consoante o disposto no art. 37, 
inciso XIX, da Constituição Federal, com redação dada pela Emenda Constitucional nº 19/1998. 
Por desempenharem atividades típicas da Administração Pública, as prerrogativas administrativas do 
Estado transmitem-se às autarquias, valendo lembrar que elas gozam de imunidade tributária recíproca no 
que respeita aos impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços vinculados a suas finalidades 
essenciais (CF, art. 150, § 2º). Os privilégios processuais conferidos à Fazenda Pública também se 
estendem às autarquias, especialmente o prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer 
(Código de Processo Civil art. 188). As autarquias estão sujeitas ao controle da entidade estatal a que 
pertencem (Controle finalístico, nos termos da lei, no âmbito da chamada supervisão ministerial). 
A obrigatoriedade de regime jurídico único foi extinta pela Emenda Constitucional nº 19/1998, retornando 
tal obrigatoriedade por força da decisão do STF na ADIn 2135, de agosto de 2007. Assim, tanto no âmbito 
da União, como no âmbito do Estado de Pernambuco, o regime jurídico único voltou a ser obrigatório, o 
que implica afirmar que o regime de contratação a ser adotado pelas autarquias é o estatutário. 
As autarquias gozam da chamada imunidade tributária recíproca, que veda a instituição de impostos sobre 
o patrimônio, a renda e os serviços das autarquias, desde que vinculados a suas finalidades essenciais ou 
às que delas decorram (CF, art. 150, § 2º). 
Não há subordinação hierárquica da autarquia para com a entidade estatal a que pertence (entre uma 
autarquia federal e a União, por exemplo), mas sim mera vinculação. 
A entidade estatal que cria uma autarquia exerce sobre ela o chamado controle finalístico, que visa a 
mantê-la no estrito cumprimento de suas finalidades, previstas na lei instituidora e no seu regulamento ou 
estatuto. 
A doutrina conceitua as autarquias de regime especial como aquelas que receberam da lei instituidora 
privilégios específicos, a fim de aumentar sua autonomia comparativamente com as autarquias comuns. 
São consideradas autarquias de regime especial o Banco Central do Brasil – BACEN, a Comissão 
Nacional de Energia Nuclear – CNEN, a Universidade de São Paulo – USP, a Ordem dos Advogados do 
Brasil – OAB e outras. As atuais agências reguladoras (ANATEL, ANEEL, ANP, ANA etc.) têm sido, todas 
elas, instituídas sob a forma de autarquias em regime especial. 
 
 
 
 
 
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ii) Fundações Públicas 
As fundações públicas são entidades integrantes da Administração Indireta, voltadas para o desempenho 
de atividades de caráter social, como assistência social, assistência médica e hospitalar, educação e 
ensino, pesquisa, atividades culturais etc. Essas entidades não deverão ser criadas para a exploração de 
atividade econômica, de cunho lucrativo, pois para esse fim existem as empresas públicas e as sociedades 
de economia mista. 
São exemplos de fundação pública: Fundação Nacional do Índio; Fundação Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística - IBGE; Fundação Nacional da Saúde; o HEMOPE; a FUNAPE, a FUNASE, etc. 
Atualmente, em decorrência das alterações trazidas pela EC nº 19/1998, a posição mais adotada pela 
doutrina é a admissão da existência de duas espécies distintas de fundações públicas na Administração 
Indireta: fundações públicas com personalidade jurídica de direito público (espécie do gênero autarquias) e 
fundações públicas com personalidade jurídica de direto privado. 
iii) Agências Reguladoras 
São autarquias em regime especial, criadas para exercerem a disciplina e o controle administrativo sobre 
os atos e contratos que dizem respeito à prestação de um serviço público específico ou a determinada 
atividade econômica. A elas são conferidas maior estabilidade e independência em relação ao ente que as 
criou. Seus dirigentes se submetem a investidura especial (são nomeados pelo Presidente da República 
após aprovação do Senado) e exercem mandatos fixos, somente podendo perdê-los em caso de renúncia, 
de condenação judicial transitada em julgado ou de processo administrativo disciplinar (Lei nº 9.986/2000). 
iv) Agências Executivas 
A agência executiva é um status, um título jurídico, uma qualificação que uma autarquia ou fundação 
pública que já existe recebe, em razão do contrato de gestão que celebra com o órgão da Administração 
Pública Direta a que se acha vinculada, para uma maior eficiência e redução de custos. 
v) Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista 
Empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da Administração Indireta, 
instituídas pelo Poder Público mediante autorização de lei específica, sob qualquer forma jurídica (Ltda., 
S/A etc.) e com capital exclusivamente público, para a exploração de atividades de natureza econômica ou 
execução de serviços públicos. 
São exemplos de empresas públicas: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos – ECT; Serviço Federal 
de Processamento de Dados – SERPRO; Caixa Econômica Federal – CEF etc. 
Sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da Administração 
Indireta, instituídas pelo Poder Público, mediante autorização legal, sob a forma de sociedade anônima e 
com capitais públicos e privados, para a exploração de atividades de natureza econômica ou execução de 
serviços públicos. 
São exemplos de sociedades de economia mista: Banco do Brasil S/A (BB); Banco da Amazônica S/A 
(BASA); Petróleo Brasileiro S/A (PETROBRAS) etc. 
As empresas públicas e as sociedades de economia mista são entidades com personalidade jurídica de 
direito privado, voltadas para a exploração de atividade econômica ou para a prestação de serviços 
públicos. 
A criação de empresas públicas e sociedades de economia mista depende de lei específica autorizativa, 
nos termos do art. 37, XIX, da Constituição Federal.A lei específica autoriza o Poder Executivo a, por ato 
próprio (um decreto), proceder à instituição da entidade. O Poder Executivo deverá providenciar o registro 
dos estatutos da entidade no registro competente, uma vez que é esse registro que dará nascimento à 
pessoa jurídica, e não a edição da lei autorizativa. 
As empresas públicas e as sociedades de economia mista são criadas com o objetivo precípuo de permitir 
ao Estado a exploração de atividades de caráter econômico. 
As empresas públicas e sociedades de economia mista são entidades de natureza híbrida. Formalmente, 
são pessoas jurídicas de direito privado. Entretanto, nenhuma dessas entidades atua integralmente sob 
regência do Direito Privado. As empresas públicas e sociedades de economia mista têm seu regime 
jurídico determinado, essencialmente, pela natureza de seu objeto, de suas atividades. 
As empresas públicas e sociedades de economia mista que atuam na exploração de atividades 
econômicas propriamente ditas (de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços de 
natureza econômica) são as entidades que, embora integrantes da Administração Pública em sentido 
 
 
 
 
 
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formal, mais se aproximam das pessoas jurídicas privadas. Somente se submetem a normas de Direito 
Público naquilo em que a Constituição expressamente determine, ou quando houver disposição legal 
específica, mesmo assim se a lei não contrariar normas e princípios constitucionais concernentes à 
atuação do Estado na economia. 
As empresas públicas e sociedades de economia mista prestadoras de serviços públicos, embora sejam, 
também pessoas jurídicas de direito privado, estão sujeitas a diversas normas e princípios de Direito 
Público, especialmente em razão do princípio da continuidade dos serviços públicos. 
O regime de pessoal das empresaspúblicas e das sociedades de economia mista é o previsto na 
legislação trabalhista (Consolidação das Leis do Trabalho – CLT). Esses empregados, porém, são 
equiparados a funcionários públicos para fins penais (Código Penal, art. 327, § 1º), bem assim 
considerados agentes públicos para os fins de incidência das diversas sanções cominadas para a prática 
de atos de improbidade administrativa (Lei nº 8.429/1992). 
Os conflitos decorrentes da relação de trabalho, envolvendo os empregados públicos e as empresas 
públicas e sociedades de economia mista, são julgados pela Justiça do Trabalho (CF, art. 114). 
As empresas públicas e as sociedades de economia mista são alcançadas pela regra constitucional que 
exige a realização de concurso público para contratação de seus empregados públicos (CF, art. 37, II), 
bem assim pela vedação de acumulação de cargos, empregos e funções públicos (CF, art. 37, XVII). 
São três as principais diferenças entre a empresa pública e a sociedade de economia mista, a saber: 
a) a forma jurídica - As sociedades de economia mista devem ter a forma de Sociedade Anônima (S/A), 
sendo reguladas, basicamente, pela lei das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/1976). As empresas 
públicas podem revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito (Sociedades Civis ou Sociedades 
Comerciais). 
b) a composição do capital - O capital das sociedades de economia mista é formado pela conjugação de 
recursos públicos e de recursos privados. As ações, representativas do capital, são divididas entre a 
entidade governamental e a iniciativa privada. Exige a lei, porém, que nas sociedades de economia mista 
federais a maioria das ações com direito a voto pertençam à União ou a entidade da Administração Indireta 
federal (Decreto-Lei nº 200/67, art. 5º, III), ou seja, o controle acionário dessas companhias é do Estado. 
O capital das empresas públicas é integralmente público, isto é, oriundo de pessoas integrantes da 
Administração Pública. Não há possibilidade de participação de recursos de particulares na formação do 
capital das empresas públicas. 
c) o foro processual (somente para as entidades federais) - As causas em que as empresas públicas 
federais forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou opoentes, exceto as de falência, 
as de acidente de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho, serão processadas e 
julgadas pela Justiça Federal (CF, art. 109, I). As empresas públicas estaduais e municipais terão suas 
causas processadas e julgadas na Justiça Estadual. 
As sociedades de economia mista federais não foram contempladas com o foro processual da Justiça 
Federal, sendo suas causas processadas e julgadas na Justiça Estadual. As sociedades de economia 
mista estaduais e municipais terão, da mesma forma, suas causas processadas e julgadas na Justiça 
Estadual. 
EXERCÍCIOS – ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA 
01. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE/TO – 2011 – FCC) A repartição de 
funções entre os vários órgãos de uma mesma pessoa jurídica da Administração Pública é conceito de 
(A) desconcentração. 
(B) descentralização. 
(C) descentralização por serviços. 
(D) delegação de competência. 
(E) desmembramento. 
 
02. (TÉCNICO SUPERIOR – PGE /RJ – 2009 – FCC) A criação de entidades da Administração indireta e a 
transferência, a estas, de atividades e competências originalmente atribuídas a órgãos da administração 
direta são decorrência de políticas administrativas tendentes à 
 
 
 
 
 
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A) desconcentração. 
B) descentralização. 
C) privatização. 
D) regulamentação. 
E) subsidiariedade. 
 
03. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TJ/SE – 2009 – FCC) Sobre a Administração 
Pública Indireta, considere: 
I. Pessoa jurídica de direito público, criada por lei, com capacidade de autodeterminação, para o 
desempenho de serviço público descentralizado, mediante controle administrativo exercido nos limites da 
lei. 
II. Pessoa jurídica de direito privado, integrante da Administração Pública Indireta, instituída pelo Poder 
Público, mediante autorização de lei específica, sob a forma de sociedade anônima. 
III. Pessoa jurídica de direito privado, integrante da Administração Pública Indireta, instituída pelo Poder 
Público, mediante autorização de lei específica, sob qualquer forma jurídica. 
Os conceitos em I, II, e III referem-se, respectivamente, a 
(A) fundação pública, empresa pública e sociedade de economia mista. 
(B) fundação pública, autarquia e empresa pública. 
(C) autarquia, sociedade de economia mista e empresa pública. 
(D) sociedade de economia mista, autarquia e fundação pública. 
(E) empresa pública, sociedade de economia mista e autarquia. 
 
04. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TJ/AP – 2009 – FCC) A entidade dotada de 
personalidade jurídica de direito privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a 
forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a 
entidade da Administração Indireta. 
Essa definição legal corresponde à 
(A) empresa pública. 
(B) empresa estatal de interesse público. 
(C) sociedade de economia mista. 
(D) concessionária público-privada. 
(E) organização social. 
 
05. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE/AP – 2011 – FCC) Considere as 
seguintes proposições acerca das entidades políticas e administrativas: 
I. As entidades estatais são pessoas jurídicas de direito público que integram a estrutura constitucional do 
Estado e têm poderes políticos e administrativos, como, por exemplo, os Estados-membros. 
II. As autarquias desempenham suas atividades sem subordinação hierárquica, no entanto, estão sujeitas 
a controle administrativo, indispensável para assegurar que elas não se desviem de seus fins institucionais. 
III. As entidades paraestatais, também denominadas entes de cooperação com o Estado, são autônomas, 
administrativa e financeiramente; têm, entre outras características, patrimônio próprio, sendo que não se 
sujeitam a qualquer controle estatal. 
Está correto o que se afirma SOMENTE em 
(A) III. 
(B) I e II. 
 
 
 
 
 
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(C) II e III. 
(D) II. 
(E) I e III. 
 
06. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE/TO – 2011 – FCC) Constitui traço 
distintivo entre sociedade de economia mista e empresa pública: 
(A) forma de organização, isto é, forma jurídica. 
(B) desempenho de atividade de natureza econômica. 
(C) criação autorizada por lei. 
(D) sujeição a controle estatal. 
(E) personalidade jurídica de direito privado. 
 
07. (TÉCNICO SUPERIOR ADMINISTRADOR – PGE/RJ – 2009 – FCC) A respeito da organização da 
Administração Federal, é correto afirmar: 
A) É traço comum às empresas públicas e sociedades de economia mista a composição de seu capital. 
B) Pessoas jurídicas de direito privado não integram a Administração Pública direta. 
C) Nas autarquias não há gestão administrativa descentralizada. 
D) As empresas públicas são pessoas jurídicas de direito público. 
E) As fundações públicas podem ter fins lucrativos. 
 
08. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TRT 22ª REGIÃO – 2010 – FCC) A 
Administração Pública brasileira é classificada em administração direta e indireta. É correto afirmar que 
(A) a administração direta não é exercida pelos órgãos centrais diretamente integrados à estrutura do 
Poder Público. 
(B) empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de Direito Privado, com criação 
autorizada por lei para a prestação de serviço público ou a exploração de atividade econômica e pertence 
à administração indireta. 
(C) a administração indireta é exercida por entidades centralizadas que mantêm vínculos com o Poder 
Público, e estão diretamente integradas na sua estrutura. 
(D) autarquia é umente autônomo, com personalidade jurídica de Direito Público, patrimônio e recursos 
próprios e pertence à administração direta. 
(E) fundação governamental ou pública é um patrimônio total ou parcialmente público, instituído pelo 
Estado e cuja função é a realização de determinados fins, pertence à administração direta. 
 
3 – PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
� Conceito 
Pode-se conceituar poderes administrativos como o conjunto de prerrogativas de direito público que a 
ordem jurídica confere aos agentes administrativos para o fim de permitir que o Estado alcance seus fins. 
Os poderes administrativos são inerentes aos exercício da atividade administrativa da União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios, em observância a suas competências constitucionais, e somente podem ser 
exercidos nos limites da lei. 
� Modalidades 
i) Poder Vinculado 
 
 
 
 
 
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O denominado poder vinculado é aquele de que dispõe a Administração para a prática de atos 
administrativos em que é mínima ou inexistente sua liberdade de atuação, ou seja, é o poder de que se 
utiliza a Administração quando pratica atos vinculados. 
O poder vinculado apenas possibilita à Administração executar o ato vinculado nas estritas hipóteses 
legais e observando o conteúdo rigidamente estabelecido na lei. 
ii) Poder Discricionário 
Poder discricionário é o privilégio concedido aos agentes administrativos de elegerem, entre várias 
condutas possíveis, a que traduz maior conveniência e oportunidade para o interesse público. 
Conveniência indica em que condições vai se conduzir o agente; já a oportunidade diz respeito ao 
momento em que a atividade deve ser produzida. 
A liberdade da escolha dos critérios de conveniência e oportunidade não se coaduna com a atuação fora 
dos limites da lei. Enquanto atua nos limites da lei, que admite a escolha segundo aqueles critérios, o 
agente exerce a sua função com discricionariedade, e sua conduta se caracteriza como inteiramente 
legítima. 
iii) Poder Regulamentar 
Poder regulamentar é a prerrogativa conferida à Administração Pública de editar atos gerais para 
complementar as leis e permitir a sua efetiva aplicação. A prerrogativa é apenas para complementar a lei, 
não podendo a Administração alterá-la a pretexto de estar regulamentando e, se o fizer, cometerá abuso 
de poder regulamentar, invadindo a competência do Legislativo. 
Sob o enfoque de que os atos podem ser originários e derivados, o poder regulamentar é de natureza 
derivada ou secundária, pois somente é exercido à luz de lei preexistente. As leis constituem atos de 
natureza originária ou primária, originando diretamente da Constituição. 
A formalização do poder regulamentar se processa, em regra, por decretos e regulamentos, também 
considerados atos de regulamentação de primeiro grau. 
Há também atos normativos que, editados por outras autoridades administrativas, podem caracterizar-se 
como inseridos no poder regulamentar. São os chamados atos de regulamentação de segundo grau. É 
o caso das instruções normativas, resoluções, portarias etc. 
iv) Poder Disciplinar 
Poder disciplinar é o que cabe à Administração Pública para apurar infrações e aplicar penalidades aos 
servidores públicos e demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa; é o caso das que com ela 
contratam. 
Note-se que não abrange as sanções impostas a particulares não sujeitos à disciplina interna da 
Administração, porque, nesse caso, as medidas punitivas encontram seu fundamento no poder de polícia 
do Estado. 
No que diz respeito aos servidores públicos, o poder disciplinar é uma decorrência da hierarquia; mesmo 
no Poder Judiciário e no Ministério Público, onde não há hierarquia quanto ao exercício de suas funções 
institucionais, ela existe quanto ao aspecto funcional da relação de trabalho, ficando os seus membros 
sujeitos à disciplina interna da instituição. 
O poder disciplinar é discricionário, o que deve ser entendido em seus devidos termos. A Administração 
não tem liberdade de escolha entre punir e não punir, pois, tendo conhecimento de falta praticada por 
servidor, tem necessariamente que instaurar o procedimento adequado para sua apuração e, se for o caso, 
aplicar a pena cabível. 
v) Poder Hierárquico 
Hierarquia “é o escalonamento em plano vertical dos órgãos e agentes da Administração que tem como 
objetivo a organização da função administrativa”. Tantas são as atividades a cargo da Administração 
Pública que não se poderia conceber sua normal realização sem a organização, em escalas, dos agentes 
e dos órgãos públicos. 
A organização administrativa é baseada em dois pressupostos fundamentais: a distribuição de 
competência e a hierarquia. O direito positivo define as atribuições dos vários órgãos administrativos, 
cargos e funções e, para que haja harmonia e unidade de direção, ainda estabelece uma relação de 
coordenação e subordinação entre os vários órgãos que integram a Administração Pública, ou seja, 
estabelece hierarquia. 
 
 
 
 
 
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Mesmo quando depende de lei, pode-se dizer que da organização administrativa decorrem para a 
Administração Pública diversos poderes: 
1. o de editar atos normativos (resoluções, portarias, instruções), com o objetivo de ordenar a atuação 
dos órgãos subordinados; 
2. o de dar ordens aos subordinados, que implica o dever de obediência, para estes últimos, salvo para as 
ordens manifestamente ilegais; 
3. o de controlar a atividade dos órgãos inferiores; 
4. o de rever atos dos subordinados, que se configura na faculdade que permite ao superior hierárquico 
alterar total ou parcialmente decisões dos subordinados; 
5. o de decidir conflitos de competência entre os subordinados; 
6. o de avocar atribuições, desde que estas não sejam da competência privativa do órgão subordinado; 
7. o de delegar atribuições que não lhe sejam exclusivas. 
Há de se observar que a relação hierárquica é acessória da organização administrativa. Pode haver 
distribuição de competências dentro da organização administrativa, excluindo-se a relação hierárquica com 
relação a determinadas atividades. 
vi) Poder de Polícia 
O poder de polícia é a atividade do Estado consistente em limitar o exercício dos direitos individuais em 
benefício do interesse público ou do próprio Estado, restringindo e condicionando o uso e gozo de bens, 
direitos individuais e atividades, em busca da preservação da ordem pública e do estabelecimento de 
regras de conduta necessárias e suficientes para evitar conflitos e compatibilizar direitos. 
O fundamento do poder de polícia é o princípio da predominância do interesse público sobre o particular, 
que dá à Administração posição de supremacia sobre os administrados. 
Esse interesse público diz respeito aos mais variados setores da sociedade, tais como segurança, moral, 
saúde, meio ambiente, defesa do consumidor, patrimônio cultural, propriedade. Daí a divisão da polícia 
administrativa em vários ramos: polícia de segurança, das florestas, das águas, de trânsito, sanitária etc. 
No direito brasileiro, o conceito legal de poder de polícia está previsto no artigo 78 do Código Tributário 
Nacional. A razão de o CTN dar o conceito de poder de polícia decorre do fato de constituir o exercício 
desse poder um dos fatos geradores da taxa (CF, art. 145, II e art. 77 do CTN). 
a) Polícia Administrativa e Judiciária 
O poder de polícia que o Estado exerce pode incidir em duas áreas de atuação estatal: na administrativa e 
na judiciária. 
A principal diferença em se acostuma apontar entre as duas está no caráter preventivo (impedir as ações 
anti-sociais) da polícia administrativa e no repressivo (punir os infratores da lei penal) da polícia judiciária. 
A diferença não é, no entanto, absoluta, pois a polícia administrativa tanto pode agir preventivamente (ex.:proibindo porte de arma ou a direção de veículos automotores), como pode agir repressivamente (ex.: 
quando apreende arma usada indevidamente ou a licença do motorista). Contudo, pode-se dizer que, nas 
duas hipóteses, ela está tentando impedir que o comportamento individual cause prejuízos maiores à 
coletividade; nesse sentido, é certo dizer que a polícia administrativa é preventiva. 
A polícia administrativa se rege pelo Direito Administrativa, incidindo sobre bens, direitos ou atividades; 
já a polícia judiciária é regida pelo Direito Processual Penal, incidindo sobre pessoas. 
A polícia judiciária é privativa de corporações especializadas (polícia civil e polícia federal), enquanto a 
polícia administrativa se reparte entre diversos órgãos da Administração, incluindo, além da própria polícia 
militar, os vários órgãos de fiscalização aos quais a lei atribui esse exercício, como os que atuam na área 
de saúde, educação, trabalho, previdência e assistência. 
b) Características 
1. Discricionariedade – Embora esteja presente na maior parte das medidas de polícia, nem sempre isso 
ocorre. Às vezes, a lei deixa certa margem de liberdade de apreciação quanto a determinados elementos, 
como o motivo e o objeto, mesmo porque ao legislador não é dado prever todas as hipóteses possíveis a 
exigir a atuação de polícia. Como exemplo temos a autorização para porte de arma, autorização para 
circulação de veículos com peso ou altura excessivos etc. 
 
 
 
 
 
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2. Auto-executoriedade – É a possibilidade que tem a Administração de, com os próprios meios, pôr em 
execução as suas decisões, sem recorrer previamente ao Poder Judiciário. Pelo atributo da auto-
executoriedade, a Administração compele materialmente o administrado, usando meios diretos de coação. 
Por exemplo, ela apreende mercadorias, interdita uma fábrica etc. Esse atributo não existe em todas as 
medidas de polícia. 
3. Coercibilidade – O ato de polícia só é auto-executório porque dotado de força coercitiva. Hely Lopes 
Meirelles define coercibilidade como sendo “a imposição coativa das medidas adotadas pela 
Administração”. 
c) Campo de atuação 
Dentre os inúmeros campos de atuação do poder de polícia podem ser lembrados os seguintes: direito de 
construir, localização e funcionamento de atividades no território de um Município; condições sanitárias de 
alimentos, elaborados ou não, vendidos à população; medicamentos; exercício de profissões; poluição 
sonora, visual, atmosférica, dos rios; preços; trânsito. 
d) Limites 
Como todo ato administrativo, a medida de polícia, ainda que seja discricionária, sempre esbarra em 
algumas limitações impostas pela lei. Alguns autores indicam regras a serem observadas pela polícia 
administrativa, com o fim de não eliminar os direitos individuais: 
a) a da necessidade, em consonância com a qual a medida de polícia só deve ser adotada para evitar 
ameaças reais ou prováveis de pertubações ao interesse público; 
b) a da proporcionalidade que significa a existência de uma relação necessária entre a limitação ao 
direito individual e o prejuízo a ser evitado; 
c) a da eficácia, no sentido de que a medida deve ser adequada para impedir o dano ao interesse público. 
� Abuso de Poder 
Hely Lopes Meirelles ensina: “O abuso de poder ocorre quando a autoridade, embora competente para 
praticar o ato, ultrapassa os limites de suas atribuições ou se desvia das finalidades administrativas”. 
Preconiza, ainda, o citado autor: “O abuso do poder tanto pode revestir a forma comissiva como omissiva, 
porque ambas são capazes de afrontar a lei e causar lesão a direito individual do administrado. Assim, a 
inércia da autoridade administrativa, deixando de executar determinada prestação de serviço a que por lei 
está obrigada, lesa o patrimônio jurídico individual. É forma omissiva de abuso de poder, quer o ato seja 
doloso ou culposo”. 
O abuso de poder pode decorrer de duas causas: 
1. ação do agente fora dos limites de sua competência (excesso de poder); 
2. ação do agente, embora dentro de sua competência, afasta-se do interesse público (desvio de poder 
ou de finalidade). 
a) Excesso de Poder 
Ocorre excesso de poder quando o agente age fora dos limites de sua competência administrativa, 
invadindo competência de outros agentes ou praticando atividades que a lei não lhe conferiu. A autoridade, 
embora competente para praticar o ato, vai além do que lhe permitiu a lei, exorbitando no uso de sua 
competência. 
Nesse caso, há violação do requisito competência, tornando o ato administrativo arbitrário, ilícito e nulo. 
b) Desvio de Poder ou de Finalidade 
Ocorre desvio de poder ou desvio de finalidade quando o administrador pratica o ato buscando alcançar 
fim diverso daquele que lhe foi determinado pela lei. Nesse caso, embora atue nos limites de sua 
competência, o agente pratica o ato por motivos ou com fins diversos daqueles estabelecidos na lei ou 
exigidos pelo interesse público. 
Diversamente do excesso de poder, que decorre de violação ao requisito competência, o desvio de 
finalidade deriva de ofensa ao requisito finalidade. 
A forma clássica de ofensa ao elemento finalidade é a prática de atos não dirigidos à satisfação do 
interesse público, como, por exemplo, a concessão de vantagens apenas a servidores apaniguados 
(protegidos). 
 
 
 
 
 
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Há, ainda, outro sentido em que pode ser violado o requisito finalidade, que é o desatendimento da 
finalidade específica, prevista em lei, na prática de determinado ato. Exemplo típico é a remoção ex officio 
de servidor, como forma de punição. 
EXERCÍCIOS – PODERES DA ADMINISTRAÇÃO 
01. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE/TO – 2011 – FCC) Sobre o poder 
hierárquico, é correto afirmar: 
(A) É possível a apreciação da conveniência e da oportunidade das determinações superiores pelos 
subalternos. 
(B) Em geral, a responsabilidade pelos atos e medidas decorrentes da delegação cabe à autoridade 
delegante. 
(C) As determinações superiores − com exceção das manifestamente ilegais −, devem ser cumpridas; 
podem, no entanto, ser ampliadas ou restringidas pelo inferior hierárquico. 
(D) Rever atos de inferiores hierárquicos é apreciar tais atos em todos os seus aspectos, isto é, tanto por 
vícios de legalidade quanto por razões de conveniência e oportunidade. 
(E) A avocação de ato pelo superior não desonera o inferior da responsabilidade pelo mencionado ato. 
 
02. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE/TO – 2011 – FCC) Sobre o poder 
disciplinar, é correto afirmar: 
(A) Existe discricionariedade quanto a certas infrações que a lei não define, como ocorre, por exemplo, 
com o “procedimento irregular” e a “ineficiência no serviço”, puníveis com pena de demissão. 
(B) Há discricionariedade para a Administração em instaurar procedimento administrativo, caso tome 
conhecimento de eventual falta praticada. 
(C) Inexiste discricionariedade quando a lei dá à Administração o poder de levar em consideração, na 
escolha da pena, a natureza e a gravidade da infração e os danos que dela provierem para o serviço 
público. 
(D) O poder disciplinar é sempre discricionário e decorre da supremacia especial que o Estado exerce 
sobre aqueles que se vinculam à Administração. 
(E) É possível, em determinadas hipóteses, que a Administração deixe de punir o servidor 
comprovadamente faltoso. 
 
03. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE/TO – 2011 – FCC) No que concerne ao 
poder de polícia, é correto afirmar: 
(A) É vedada a utilização de meios diretos de coação. 
(B) Constitui-se somente por atividades preventivas. 
(C) É puramente discricionário. 
(D) Incide sobre pessoas. 
(E) É possível a utilização de meios indiretos de coação. 
 
04. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TJ/SE – 2009 – FCC) Sobre ospoderes 
administrativos é INCORRETO afirmar que 
(A) o poder normativo ou poder regulamentar é o que cabe ao Chefe do Poder Executivo da União, dos 
Estados e dos Municípios, de editar normas complementares à lei. 
(B) o poder hierárquico é o que cabe à Administração para apurar infrações e aplicar penalidades aos 
servidores e às demais pessoas sujeitas à disciplina administrativa. 
(C) o poder de polícia é exercido sobre todas as atividades que possam, direta ou indiretamente, afetar os 
interesses da coletividade. 
 
 
 
 
 
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(D) a avocação consiste no poder que possui o superior de chamar para si a execução de atribuições 
cometidas originalmente a seus subordinados. 
(E) o poder de polícia originário é aquele exercido pelas pessoas políticas do Estado (União, Estados, 
Distrito Federal e Municípios) alcançando os atos administrativos. 
 
05. (TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TJ/AP – 2009 – FCC) Um servidor público 
presencia a prática de um ilícito por um subordinado seu. Suponha que esse servidor tenha competência 
para aplicação da penalidade disciplinar correspondente a tal ilícito. Nessa situação, o servidor 
(A) deverá tomar as providências para que seja aberto processo disciplinar, com a finalidade de se apurar 
a prática do ilícito e de se aplicar eventual penalidade. 
(B) poderá desde logo aplicar a penalidade, invocando o princípio da verdade sabida. 
(C) poderá desde logo aplicar a penalidade, invocando o princípio da presunção de veracidade dos atos 
administrativos. 
(D) poderá desde logo aplicar a penalidade, em razão de seu poder hierárquico. 
(E) poderá desde logo aplicar a penalidade, em razão de seu poder disciplinar. 
 
06. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE/AP – 2011 – FCC) No que concerne aos 
poderes discricionário e vinculado, é correto afirmar que 
(A) o ato discricionário, quando autorizado pelo direito, é legal e válido; o ato arbitrário é sempre ilegítimo e 
inválido. 
(B) para a prática de ato vinculado, a autoridade pública não está adstrita à lei em todos os seus elementos 
formadores. 
(C) no ato discricionário, há liberdade de atuação quanto a todos os requisitos dos atos administrativos. 
(D) o ato discricionário, em qualquer hipótese, é imune à apreciação judicial. 
(E) a atividade discricionária, por implicar em liberdade ao administrador público, não se sujeita aos 
princípios gerais do Direito e aos preceitos da moralidade administrativa. 
 
07. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE/AP – 2011 – FCC) NÃO constitui objetivo 
do poder hierárquico o ato (ou a conduta) de 
(A) ordenar. 
(B) sancionar. 
(C) controlar. 
(D) coordenar. 
(E) corrigir. 
 
08. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA – TRE/AL – 2010 – FCC) O poder de polícia 
A) na área administrativa não difere do poder de polícia na área judiciária. 
B) é exercido por meio de medidas preventivas, vedadas as medidas repressivas. 
C) tem como atributos, dentre outros, a autoexecutoriedade e a coercibilidade. 
D) tem como fundamentos os princípios da legalidade e da moralidade. 
E) não se subordina a limites, visto que, sendo prioritariamente discricionário, a forma de atuação fica ao 
livre arbítrio da autoridade. 
 
09. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA – TRE/AP – 2006 – FCC) Tendo em vista os poderes 
administrativos, é certo que 
 
 
 
 
 
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A) o poder de polícia pode ser arbitrário, sendo sempre discricionário, podendo restringir ou suprimir o 
direito individual. 
B) não há hierarquia nos Poderes Judiciário e Legislativo no que tange às suas funções típicas 
constitucionais, mas há hierarquia quando se trata das funções atípicas ou administrativas desses poderes. 
C) embora seja vinculado na aplicação de sanções, o poder disciplinar é facultativo, e sua inércia só 
constitui infração administrativa. 
D) o poder regulamentar é o que têm os chefes do Executivo, Legislativo e Judiciário, para detalhar a lei 
por decreto, podendo, em certos casos, ir além da norma legal. 
E) face à correlação entre o poder hierárquico e o poder disciplinar, assim como entre este e o poder de 
polícia, eles se confundem entre si, podendo caracterizar apenas uma situação. 
 
10. (ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – TRE/AP – 2006 – FCC) Observe as seguintes 
proposições: 
I. A faculdade de que dispõe a Administração Pública de ordenar, coordenar, controlar e corrigir suas 
atividades decorre do poder disciplinar. 
II. Dentre os atributos do poder de polícia, a autoexecutoriedade permite à Administração, com os próprios 
meios, decidir e executar diretamente suas decisões, sem intervenção do Judiciário. 
III. O poder normativo da Administração Pública se expressa por meio das resoluções, portarias, 
deliberações, instruções e dos decretos. 
IV. O poder discricionário permite ao administrador editar atos que exorbitem os ditames legais, desde que 
convenientes e oportunos. 
Está correto o que se afirma APENAS em 
A) I e II. 
B) I e IV. 
C) I, II e III. 
D) II e III. 
E) III e IV. 
 
4 - ATOS ADMINISTRATIVOS 
� Conceito 
O ato administrativo é toda manifestação unilateral de vontade da Administração Pública que, valendo-se 
das prerrogativas próprias do Poder Público e na função administrativa, tenha por fim declarar, adquirir, 
resguardar, transferir, modificar e extinguir direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria. 
O eminente professor Celso Antônio Bandeira de Mello define o ato administrativo como “declaração do 
Estado (ou de quem lhe faça as vezes – como, por exemplo, um concessionário de serviço público) no 
exercício de prerrogativas públicas, manifestada mediante providências jurídicas complementares da lei a 
título de lhe dar cumprimento, e sujeitas a controle de legitimidade por órgão jurisdicional”. 
O ato administrativo tem como condição a atuação da Administração em posição de supremacia, no uso do 
Poder Público. O ato administrativo deve estar apto a produzir efeitos jurídicos imediatos para os 
administrados, para a administração e seus servidores e para produzir tais efeitos o ato deve ser 
proveniente de autoridade pública competente. 
O ato administrativo diferencia-se do fato administrativo, pois este não produz efeitos jurídicos embora 
seja atividade pública material. 
O fato administrativo é toda realização material da Administração em cumprimento de um ato 
administrativo. Ex: a construção de uma ponte. 
� Atributos dos atos administrativos 
São atributos do ato administrativo: 
 
 
 
 
 
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a) Presunção de legitimidade: refere-se à conformidade do ato com a lei; em decorrência desse 
atributo, presumem-se, até prova em contrário, que os atos administrativos foram emitidos com 
observância da lei. 
b) Imperatividade: os atos administrativos se impõem a terceiros, independentemente se sua 
concordância, obriga-o a obedecê-lo. 
c) Auto-executoriedade: o ato administrativo pode ser posto em execução pela própria Administração 
Pública, sem necessidade de autorização/intervenção do Poder Judiciário. Esse atributo também não 
existe em todos os atos administrativos, mas a auto-executoriedade só é possível: quando expressamente 
prevista em lei e quando se tratar de medida urgente. 
d) Exigibilidde: é o atributo do ato administrativo que confere à Administração a possibilidade de, 
utilizando-se de meios indiretos, exigir o cumprimento de determinado ato pelos administrados, sob pena 
de aplicação de penalidades, no caso de sua não observância. 
e) Tipicidade: o ato administrativo deve corresponder a figuras definidas previamente pela lei como aptas 
a produzir determinados resultados. 
� Elementos ou Requisitos dos Atos Administrativos 
Para o ato administrativo ser válido é necessáriaa presença dos seguintes requisitos: 
a) Competência 
Diz respeito ao sujeito, ou seja, ao representante do poder público a quem o texto legal confere atribuições 
que o tornam capaz de editar determinados atos administrativos. Nenhum ato administrativo pode ser 
praticado validamente sem que o agente disponha de poderes legais a ele atribuídos. 
Inexistindo impedimento legal ou atribuições privativas ao cargo ou função, o agente poderá transferir 
atribuições a outros agentes (delegação de competência) ou chamar a si atribuições de outros agentes 
(avocação). 
b) Finalidade 
É o resultado que a Administração quer alcançar com a prática do ato. Todo ato administrativo deve ter um 
interesse público a atingir. 
O interesse público é o fim a ser atingido mediante o ato administrativo. Se o ato se desviar da finalidade 
legal, será ilegal por desvio de poder ou de finalidade. 
c) Forma 
É o revestimento externo dos atos. Em regra, é escrita e excepcionalmente existem atos verbais ou 
simbólicos, como por exemplo, os sinais de trânsito. No entanto existem várias espécies de formas 
escritas, como: Decreto, instruções, circulares, portarias. Existem casos em que a forma está associada a 
um determinado tipo de ato, é o caso do decreto que é ato sempre emanado do Chefe do Executivo. 
d) Motivo 
É o pressuposto de fato (acontecimentos) e de direito (dispositivo legal) que provocam e precedem a 
edição do ato administrativo. 
Exemplos: no ato de punição do funcionário, o motivo é a infração que ele praticou. 
A ausência de motivo ou a indicação de motivo falso invalidam o ato administrativo. 
Não se confundem Motivo e Motivação do ato. Motivação é a exposição dos motivos, ou seja, é a 
demonstração, por escrito, de que os pressupostos ou circunstâncias de fato realmente existiram. 
Nesse ínterim, convém observar a chamada Teoria dos Motivos Determinantes. Segundo essa teoria, 
quando a Administração declara o motivo que determinou a prática de um ato discricionário que, em 
princípio, dispensaria a motivação expressa, fica vinculada à existência do motivo pela Administração 
declarado. Havendo desconformidade entre a realidade e o motivo declarado ou não sendo ele causa 
justificável, torna-se possível a declaração da invalidade do ato pelo Poder Judiciário. 
e) Objeto 
É o efeito jurídico prático que o ato produz ou a modificação por ele trazida ao ordenamento jurídico. 
Assim, por exemplo, num ato de nomeação o resultado pretendido é investir uma pessoa nas funções de 
um cargo; no ato de concessão de um alvará a própria concessão do alvará. 
� Classificação dos Atos Administrativos 
 
 
 
 
 
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I) Quanto aos Destinatários 
a) Atos Gerais - atingem todas as pessoas que se encontram na mesma situação. Não possuem 
destinatários determinados. Ex: os decretos regulamentares, as instruções normativas, as circulares 
normativas, etc. 
b) Atos Individuais - são aqueles que possuem destinatários determinados ou determináveis, constituindo 
ou declarando situação jurídica particular. Ex: a nomeação, a exoneração, uma autorização. 
II) Quanto às prerrogativas com que atua a Administração 
a) Atos de Império - são aqueles que a Administração impõe coercitivamente aos administrados. Ex: os 
procedimentos de desapropriação, de interdição de atividades, de apreensão de mercadorias, etc. 
b) Atos de Gestão - são praticados sem que a Administração utilize sua supremacia sobre os particulares. 
Ex: a alienação ou aquisição de bens pela Administração, o aluguel de imóvel de propriedade de uma 
autarquia, etc. 
c) Atos de Expediente – são os que se destinam a dar andamento aos processos e papéis que tramitam 
pelas repartições públicas. 
III) Quanto à formação de vontade 
a) Atos Simples - decorrem da manifestação de vontade de um único órgão, unipessoal ou colegiado. 
Assim, por exemplo, é simples o ato de exoneração de um servidor comissionado. como a decisão 
administrativa proferida pela Junta de Recursos da Previdência Social. 
b) Atos Complexos - é o que necessita, para sua formação, da manifestação de vontade de dois ou mais 
órgãos diferentes, sejam eles singulares ou colegiados, cuja vontade se funde para formar um ato único, 
ou seja, isoladamente nenhum dos órgãos é suficiente para dar existência ao ato. 
Os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino dão os seguintes exemplos: a redução de alíquotas 
de IPI para alguns refrigerantes depende de aprovação integrada do Ministério da Agricultura e da 
Secretaria da Receita Federal, ou seja, o regime especial de redução de alíquotas somente passa a existir 
quando presentes ambas manifestações; também alguns regimes especiais relativos a documentos fiscais 
somente se aperfeiçoam com a edição de um ato concessivo da Fazenda Estadual e outro da Receita 
Federal, ambos integrantes e indispensáveis à existência do regime. 
c) Atos Compostos - é o que resulta da manifestação de vontade de dois ou mais órgãos, em que a 
vontade de um é instrumental em relação a de outro, que dita o principal. Enquanto no ato complexo 
fundem-se vontades para praticar um ato só, no ato composto, praticam-se dois atos, um principal e outro 
acessório. Ex: a nomeação do Procurador Geral da República depende de prévia aprovação pelo Senado; 
a nomeação é ato principal, sendo a aprovação prévia o ato acessório. 
IV) Quanto à exeqüibilidade: capacidade de produzir efeitos jurídicos. 
a) Ato Perfeito - é aquele que está em condições de produzir efeitos jurídicos, porque já completou todo 
o seu ciclo de formação. Não se confunde com a validade do ato, esta diz respeito à conformidade do 
ato com a lei. 
b) Ato Pendente - é o que está sujeito a condição ou termo para que comece a produzir efeitos. 
d) Ato Consumado - é o que já exauriu os seus efeitos, que já produziu todos os seus efeitos. Não 
podendo ser impugnado na via administrativa ou até mesmo na via judicial. 
V) Quanto aos efeitos 
a) Ato Constitutivo - é aquele pelo qual a Administração cria, modifica ou extingue um direito ou uma 
situação do Administrado. Ex: é o caso da permissão, autorização, revogação, aplicação de uma 
penalidade. 
b) Ato Declaratório - é aquele que a Administração apenas reconhece um direito que já existia antes do 
ato. Ex: a admissão, licença, homologação, isenção, anulação. 
c) Ato Enunciativo - é aquele pelo qual a Administração apenas atesta ou reconhece determinada 
situação de fato ou de direito. Ex: as certidões, atestados, informações, pareceres. Encerram juízo, 
conhecimento ou opinião e não manifestação de vontade produtora de efeitos jurídicos. 
VI) Quanto à liberdade de atuação do legislador 
a) Atos Vinculados - é aquele em que a lei estabelece todos os requisitos e condições de sua realização, 
sem deixar qualquer margem de liberdade ao administrador, ou seja, todos os elementos do ato estão 
 
 
 
 
 
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vinculados ao disposto na lei. Não cabe ao administrador apreciar a oportunidade ou a conveniência 
administrativa da prática do ato. 
Exemplo: concessão de licença à gestante ou da licença paternidade, como reguladas na Lei 8.112/90. 
Configurada a hipótese legal, somente uma atitude é admissível: a edição do ato concessivo, sem espaço 
para juízo de oportunidade ou conveniência administrativa. 
b) Atos Discricionários - é aquele que a Administração pode praticar com certa liberdade de escolha, nos 
termos e limites da lei, quanto ao seu conteúdo, seu modo de realização, sua oportunidade e sua 
conveniência administrativa. 
� Atos Administrativos em espécie 
a) Atos Normativos: São utilizados para possibilitar a fiel execução das leis pela Administração. Servem 
para regulamentar as leis. Ex: os decretos; os regimentos; as instruções normativas. 
b) Atos Ordinatórios: são atos internos, endereçados aos servidores públicos, que veiculam

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