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Guilherme e Marsílio

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Guilherme de Ockham: o divisor dos tempos
Este pensador inglês iniciou sua vida filosófica muito cedo, entrando para a Ordem Franciscana em Londres, estudou em Oxford, mas não completou seus estudos e dedicou-se à suas obras teológicas e filosóficas. Guilherme de Ockham causou muita discordância com sua linha de pensamento franciscano, assim sendo convocado pelo papa da época e acusado de heresia, e deste modo, foi submetido à prisão domiciliar e seus escritos revisados. Fugiu pouco tempo depois e exilou-se na Itália com outros pensadores franciscanos, vindo a falecer pelo motivo da peste negra.
Os princípios franciscanos de Guilherme de Ockham influenciam demasiadamente em seus pensamentos e teorias. Dessa forma, ele diz que como Jesus foi um homem sem posses, a Igreja da mesma forma não necessita delas, tampouco de poder. Ele almejava que a Igreja retomasse seus princípios cristãos e, portanto o papa seria simplesmente um servidor divino com função de cobrar o cumprimento dos mandamentos básicos da Igreja.
Além disso, Guilherme de Ockham inspirou a ‘Navalha de Ockham’, teoria que afirma que para qualquer fato, havendo duas explicações a correta seria a mais curta, a mais simples. Ou para um determinado destino, existindo dois caminhos possíveis o mais curto seria o que deveria ser escolhido. Essa teoria também é chamada de “Teoria da Economia”.
Ele foi o representante da virada de pensamento medieval para o cientifico moderno propondo a separação entre fé e razão, entre poder político e poder espiritual e entre direito civil e canônico. Tais separações por ele propostas foram o alicerce para as ideias renascentistas e para a laicização do Estado, tal qual o que vivemos hoje. O Estado laico não é um Estado ateu, pois há religiões, porém com a separação entre Igreja e governo.
Discordava de Aristóteles e Platão, pois estes eram racionalistas, ou seja, descreviam o raciocínio, a lógica e o pensamento. Ele, no entanto, era empirista, considerando apenas o concreto, palpável, aquilo que podia ser experimentado. Defendia ainda que a existência de Deus não poderia ser provada, que Ele se resumia a experiência sensorial e dependia, portanto exclusivamente da fé. Sem fé não haveria assim, Deus. Ockham com isso ajudou a teologia, livrando-a de ter de provar a existência divina e a partir disso então poderia propor que pela fé tudo seria possível.
Seus princípios e teorias tornaram-se vigentes e vigoram até hoje. O Estado, principalmente no Ocidente é laico em quase todos os países. A Igreja e o mesmo são separados e não influenciam um nos princípios do outro, razão e fé são divorciados sendo que suas ideias não se confundem. E por fim, direito civil e direito natural são totalmente divergentes. Apesar disso os estados teocráticos ainda existem, em sua maioria são estados árabes, nos quais o Alcorão é a base da lei.
Tomando como exemplo o Brasil, a laicização do Estado depende dos valores religiosos do povo, pois, segundo a teoria tridimensional do direito (REALE, Miguel) os fatos originam normas baseadas em valores, e para que elas sejam criadas é necessário que fato e valor estejam de acordo. Como por exemplo, a união estável entre seres do mesmo sexo, o fato já existia, havia pessoas compartilhando o mesmo teto, porém a situação, mesmo hoje sendo legalizada em cartórios, ainda não é possível ocorrer na igreja, já que essa não concede o valor moral e ético para tal fato, isso faz com que na norma religiosa não esteja incluído esse tipo de matrimônio. Isso quer dizer, que o quanto um estado é laico depende da influência da Igreja sobre sua população.
Seus pensamentos franciscanos perduram ao longo dos séculos, surgindo com São Francisco de Assis por volta do século XII e resistindo até hoje representados e seguidos pelo atual Papa, Francisco.
		 Marsílio de Pádua
Nasceu em Pádua entre 1275 e 1280, foi além de reitor da universidade de Paris entre 1312 e 1313, um grande pensador medieval, médico, jurisconsulto e político italiano. 
Pensava como Ockham defendendo a separação do Estado e da Igreja. No livro Defensor Pacis, publicado em 1324, apresenta uma teoria de um estado secular que veio a inspirar os atuais modelos de Estado vigentes. Foi excomungado pelo Papa João XXII devido à ideias que defendia no livro, e, por isso fugiu para Paris, refugiando-se na corte de Luís IV e sendo seu conselheiro político até a morte. Em meio ao tempo no qual foi conselheiro do imperador, foi nomeado também vigário de Roma.
Defendia um Estado no qual o povo fosse soberano, ou seja, no qual o povo teria de aprovar e aceitar tanto os governantes como suas formas de governo e as leis que eles propusessem. Marsílio de Pádua deu base às teorias tanto de Locke com as ideais de contrato social, quanto Rousseau com a soberania popular, ele também afirma que o legislador é o povo tem o poder de decidir o melhor para si mesmo. 
	O pensamento paduano consiste na base do estado moderno, a Igreja é submetida ao Estado e ocorre uma reformulação dos conceitos de soberania, assim ocorre a autonomia da sociedade política, sem a Igreja, demarcando o fim das ideias modernas.
	Em sua obra, Defensor Pacis, ele fundamenta a paz fundada no respeito à lei e ao direito, ou seja, ao mesmo tempo ter o que é elementar para seu sustento e convívio, ter também a prática cristã e a dedicação da vida para os fins eternos, assim o associando a São Tomás de Aquino.
	Com a igreja submetida ao Estado, os valores religiosos não estariam tão inseridos na sociedade a ponto de influenciar na criação das normas. Assim, no Brasil, por exemplo, as arcaicas opiniões baseadas no catolicismo não seriam levadas, em sua maioria, em consideração no âmbito jurídico. Tomando como exemplo o mesmo caso citado acima (Guilherme de Ockham), se o nosso país seguisse o modelo paduano o casamento homossexual teria sido aceito sem tanta hesitação, pois o Estado se encontra acima dos valores religiosos.
	Associando tais filósofos contemporâneos é possível perceber, além das semelhanças já citadas, divergências notáveis nas linhas de pensamento. Marsílio de Pádua tinha ideias mais radicais em relação à separação da fé e Estados, ele planejava a separação e posteriormente a Igreja submetia-se ao Estado numa relação de soberania, com o povo sendo soberano. Enquanto Guilherme de Ockham após a separação do Estado e da fé, queria que a Igreja readquirisse seus conceitos humildes, baseado na sua criação franciscana.

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