Buscar

Inflação e Planos Econômicos no Brasil (1985-89)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UEL/CESA/ECONOMIA/ Economia Brasileira IIA/ Profa. Solange Cassia Inforzato Souza
ROTEIRO DE ESTUDOS
1. O que se pode dizer do debate sobre a natureza da inflação no período 1985-89? Quais as teses e propostas para a solução do problema inflacionário apresentadas no período referido?
Havia quatro proposta de desindexação (retirar índices de correção) sendo discutidas: 
Pacto social (economistas do PMDB e da Unicamp): defendia que a inflação resultava de uma disputa entre os diversos setores da sociedade por uma maior participação na renda nacional, o chamado conflito distributivo. Para eles, o fim da inflação se daria quando o governo promovesse um acordo que convencesse empresários e trabalhadores de que a estabilização de preços (de salários e de produtos) era um bem maior.
Choque Ortodoxo (FGV): baseava-se na TQM, para eles, a inflação nada mais era do que a excessiva expansão monetária que ocorreu devido gasto excessivos do governo. Era, então, preciso promover o choque ortodoxo, ou seja, era preciso severos cortes de gastos, aumento de receitas e tributos e corte de emissão de moeda e títulos da dívida pública. Ao mesmo tempo, deveria promover a desindexação e a liberação total de preços.
Choque heterodoxo (Francisco Lopes da PUC Rio) e Reforma Monetária (André Lara Resende e Pérsio Arida): estudos econométricos mostravam dois fatos estilizdos: o componente de realimentação pela inflação passada era a principal causa do problema (inflação inercial) e que a influência sobre a inflação de variações no hiato do produto era pequena. A ineficácia do FMI mostrou que a inflação não acontecia devido à um sobreaquecimento da demanda, mas sim sobre cláusula de indexação que a perpetuavam ao longo do tempo. O fim da inflação se daria pela desindexação, mas esta não ocorreria através de um acordo voluntário como previa o pacto social.
Francisco Lopes acreditava que a solução da inflação se daria pelo congelamento de preços. Pérsio e André criaram a Proposta Larida que queria desindexar a economia através da introdução de uma moeda indexada que circularia paralelamente à moeda oficial brasileira. O planos cruzado, Bresser e Verão seguiram a proposta de congelamento, enquanto o Plano real adotou a proposta Larida.
2. Quais as experiências de estabilização (Planos) vividas no período? 
Plano Cruzado: geralmente definido como plano heterodoxo, para se contrapor a ortodoxia, sendo que esta ve a inflação como resultado de um excesso de demanda e excessiva expansão monetária. Para os ortodoxos a solução seria ajuste fiscal e política monetária restritiva. No diagnóstico da inflação inercial (tendência inflacionária torna-se a própria inflação) no Plano Cruzado, a tese foi da existência não de problemas estruturais/reais da economia, mas da existência de cláusulas de indexação contratual que perpetuavam a inflação. De todo forma, a enfase na inconsistência da renda desejada entre os agentes e a negçaão da importância do desequilíbrio do setor público como a causa última da inflação fazem do Plano Cruzado um plano “hetedorodoxo”.
Também costumava-se olhar a inflação inercial com a expectativa adaptativa (agente olham para inflação passada, na hora de inferir preços futuros) ou como expectativas racionais (esperança matemátiva da inflação era a inflação esperada pelo público).
Plano Cruzado: adotado em 1986 pelo ministro da fazendo, Dílson Funaro. Adotou o choque heterodoxo proposto por Francisto Lopes. Neste momento, o Brasil se encontrav em uma situação bastante positiva do ponto de vista do produto. Este plano adotou 4 medidas: Reforma monetária e congelamento (adotou nova moeda, o cruzado e congelou preços e fixou taxa de câmbio. Foi criada a tabela da Sunab que era uma lista de preços a ser respeitada). Desindexação da economia (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional – ORTNs – criadas em 1964, foram substituídas pelas Obrigações do Tesouro Nacional – OTNs – cujo os valores ficariam congelados por um ano. Ficou proibida a indexação de contratos com prazos inferiores a um ano). Índice de preços e cadernetas de poupança, trocou-se o IPCA pelo IPC, que são índices de preço ao consumidor, com o objetivo de eliminar a contaminação do índice pela inflação do mês de fevereiro, as poupanças passaram a ter rendimentos trimestrais e não mensais para tentar acabar com o fenômeno da ilusão monetária que fazia queda do rendimento nominal e despoupança. Política salarial, salários eram calculados através de uma tabela com valores corrigidos e estavma congelados a partir de então, houve aumento do salário mínimo, mas os dissídios anuais não podiam ultrapassar a variação acumulada do custo de vida.
O Plano Cruzado teve sucesso, como queda no índice de preços para quase zero. Houve crescimento dos postos de trabalho, desemprego caiu, a utilização da capacidade cresceu, as contas públicas melhoraram, aumento da poupança do governo, fim do efeito Tanzi. Porém, o governo tinha criado uma expansão muito grande da moeda , tornando a taxa de juros negativas e valorização de ativos. Essa queda na taxa levou ao crescimento de empréstimo, junto com o abono salarial, ocorreu um boom de consumo. Diante da demanda muito aquecida, começou a surgir sinais de desabastecimento da economia. Era então, preciso fazer o descongelamento da economia.
Surgiu o Cruzadinho que consistia em um pacote fiscal para desaquecer consumo e financiar investimento. A população ficou insatisfeita pois o mesmo não conseguiu controlar o consumo e nem financiar a economia. O Governo voltou a importar, fazendo com que a balança comercial apresentasse déficit.
Foi anunciado o Cruzado II, um novo pacote fiscal que buscou aumentar a arrecadação em 4% do PIB. A inflação voltou a crecer acionando o gatilho salarial. O fim oficial do Plano Cruzado se deu em 1987, com o fim do congelamento de preços.
Foi visto que o Plano Cruzado errou em: diagnosticar a inflação como puramente inercial, aumento salarial impulsionou o boom de consumo, política monetária e fiscal foi “frouxa”, congelamento de preços durou muito, distorções de preços relativos, gatilho salarial agravou indexação dos preços, economia informal ficou fora do congelamento, manutenção do cambio fixo.
Após a substituição de Dílson Funaro por Luís Carlos Bresse Pereira, o último anúnciou em 28 de junho de 1987 o novo plano de estabilização: O plano Bresser que via a inflação como inercial e de demanda, esse plano foi caracterizado como híbrido, contendo elementos heterodoxos e ortodoxos. Pelo lado ortodoxo, iriam se utilizar políticas fiscais e monetárias, juros reais positivos seriam usados para conter consumo e evitar especulação de estoque. O déficit público seria coberto por corte de gasto, aumento de tarifa e corte de investimento público.
Do lado heterodoxo foi decretado congelamento de preços e salários no nível vigente do anúncio do plano. Este seriam, depois, descongelados. Os salários ficaram indexados a uma nova base: URP (Unidade de referência de preços), que era prefixada a cada 3 meses com base na inflação dos três meses precedentes. A taxa de câmbio não foi fixada. Foi criado a tablita e regras para correção de contratos de aluguéis.
O plano Bresser teve sucesso inicial, reduzindo a inflação, mas em dezembro ela voltou a crescer devido a acordos salariais. Como a população não respeitou o congelamento de preços, houve maior desequilíbrio entre os preços relativos. As contas externas tiveram um bom resultado com a flexibilização do câmbio. Em 1988, Bresse-Pereira pediu demissão e Maílson da Nóbrega entrou em seu lugar.
Em 1988 foi promulgada uma nova constituição, que formalizou diversas conquista para o povo brasileiro, como a jornada de 8 horas, décido terceiro, licença maternidade. Essa constituição afetou muito a economia, pois agora houve crescimento no gasto público.
O insucesso da política do feijão com arroz (que se baseava no congelamento dos valores nominais dos empréstimos do setor público e na concentração salarial do funcionalismo público) no combate à inflação,levou a uma radicalização das propostasde desindexação, que resultaram em 14 de janeiro de 1989, o Plano Verão. Este plano possuía ideias ortodoxas (restrição de crédito, reforma administrativa) e heterodoxas (congelamento de preços e salários). O Cruzado novo passou a ter paridade 1:1 com o dólar e o congelamento anunciado por tempo indeterminado. A OTN (indexadora de papéis pós fixados) foi extinta. Foi decretado aumentos prévios e preços públicos e tarifas. 
O ajuste fiscal, no fim, não ocorreu. Os trabalhadores começaram a reenvidicar reposições salariais. A inflação caiu inicialmente, mas voltou a aumentar.
3. A partir da leitura de Bresser-Pereira(1986), responda: 
3a.Qual foi o diagnóstico da inflação em 1986? Diante do diagnóstico, quais as formas de combate à inflação? Qual é a condição essencial para o êxito do Plano de estabilização de 1986 (Plano Cruzado)? 
A inflação foi caracterizada como uma inflação inercial, ou seja, os agentes econômicos podiam indexar formal ou informalmente seus preços, repassando automaticamente seus aumentos de custos para preços. Seu combate se daria por meio do congelamento de preços e reforma monetária, em outras palavras, através do choque heterodoxo. 
Tem-se medidas heterodoxas pois não era necessários provocar a recessão, pois não há excesso de demanda.
3 b. Quais as medidas econômicas adotadas no dia 28/02/1986?
Congelamento de preços, salários e taxas de câmbio, desindexar a economia, introduzir uma nova moeda, o cruzado, no lugar do cruzeiro, converter contratos a prazo de cruzeiros em cruzados através de fórmula que garantisse a recomposição do preço. 
 3c. Como evoluiu a teoria da inflação inercial? 
O primeiro momento da teoria se deu pela CEPAL e introduziu dois pontos básicos: os pontos de estrangulamento de oferta, provocando elevação setorial de preços; efeitos propagadores da inflação, generalizando a elevação inicial dos preços para toda a economia.
O segundo momento se da com a publicação do livro de Ignácio Rangel, que coloca a ideia do caráter endógeno da oferta de moeda, inflação como mecanismo de defesa da economia diante da insufiência da demanda e conceito de inflação oligopolística. 
O terceiro momento se dá nos anos 80, quando se percebe que a inflação presente é uma representação da inflação passada e é o resultado da indexação formal e informal da economia. A teoria da inflação inercial está desenvolvida quando surgiu o conceito de estagflação.
 3d. Quais as características e causa da inflação inercial? Diferencie fatores aceleradores e mantenedores da inflação e sua ocorrência na economia brasileira. 
Fatores aceleradores: choques de demanda ou oferta.
Fatores mantenedores: tendência ou componente inercial. Tem-se a ideia de expectativas do agente, que podem ser alteradas através de mudanças de regime de política econômica. Tem também a teoria estrutural, que está relacionada com a distribuição de renda
3e. Como entender a endogeneidade da oferta de moeda na teoria da inflação inercial?
O aumento inercial dos preços, leva ao aumento da oferta de moeda. A alternativa é a redução da quantidade real de moeda, a crise de liquidez, a elevação da taxa de juros e a recessão. Tem-se a necessidade de expandir a quantidade nominal do crédito. Mesmo buscando políticas monetárias restritivas, aumenta-se a velocidade de circulação da moeda.
 
4. A partir do esquema a seguir, reflitam sobre os apontamentos e sobre as questões(em vermelho), baseadas em LOPES(1986).
	Teoria da inflação inercial 
I COMPONENTES DO PROCESSO INFLACIONÁRIO – distinção conceitual:
CHOQUES INFLACIONÁRIOS
4a) Quais os choques/impulsos inflacionários ou deflacionários que vocês conhecem?
TENDÊNCIA INFLACIONÁRIA 
Contribuição de cada fator provocador da inflação: choques inflacionários(explicado) e tendência inflacionária(não pode ser explicado pelos choques)
	II NATUREZA DA TENDÊNCIA INFLACIONÁRIA
 EXPECTATIVAS INFLACIONÁRIAS – convencional, dominante na literatura estrangeira
INÉRCIA INFLACIONÁRIA
4b) Quais os economistas estudiosos da inércia inflacionária?
4c) Como evoluiu a teoria da inflação inercial a partir dos estudos cepalinos da década de 1950? Leiam também Bresser-Pereira(1986).
Respondido em 3c.
	III EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS SOBRE A CONTRIBUIÇÃO DOS CHOQUES
4d) Procure no texto os autores das pesquisas realizadas no Brasil que destaquem a relativa importância dos choques X papel dominante dos choques para a explicação da aceleração inflacionária
- Os choques podem provocar efeitos deflacionários, mas “o problema, entretanto, é como produzir choques de oferta deflacionários com a magnitude suficiente para combater uma inflação de 200% ao ano.” (LOPES, 1986,p.123)
	IV TENDÊNCIA INFLACIONÁRIA CAUSADA PELAS EXPECTATIVAS (natureza da inflação)
Adaptação das expectativas aos valores realizados (Curva aceleracionista de Phillips) ou expectativas racionais: “ao invés de serem formadas a partir de valores da variável observados no passado, resultam de uma intuição dos agentes econômicos sobre a trajetória futura de equilíbrio da economia.”(LOPES, 1986, p. 124) – enfatiza a opinião e observação dos fatos e política econômica e o papel das antecipações sobre o futuro da economia.
	TENDÊNCIA INFLACIONÁRIA CAUSADA PELA INFLAÇÃO INERCIAL (natureza da inflação)
“Na ausência de choques inflacionários a inflação corrente é determinada pela inflação passada, independentemente do estado das expectativas” (LOPES, 1986, p. 124)
A hipótese da inflação inercial foi sugerida pelos estudos empíricos brasileiros em política salarial. 
4e) Quais os pesquisadores que vocês podem citar?
 “a ideia básica é que num ambiente cronicamente inflacionário, os agentes econômicos desenvolvem um comportamento fortemente defensivo na formação de preços, o qual em condições normais consiste na tentativa de recompor o pico anterior de renda real no momento de cada reajuste periódico de preço. Quando todos os agentes adotam esta estratégia de recomposição periódica dos picos, a taxa de inflação existente no sistema tende a se perpetuar: a tendência inflacionária torna-se igual à inflação passada.” (LOPES, 1986,p.124)
Ilustração com evolução do salário real – fig.1 equação (1)
4f) Quais as variáveis tratadas e as suas relações? - Como você visualizam essas relações na fig. 1? - Como ampliar essa visão restrita aos trabalhadores para todos os agentes econômicos? 
	V ESSÊNCIA DA HIPÓTESE DA INFLAÇÃO INERCIAL
”A tendência inflacionária (causada pela inércia) tende a reproduzir a taxa de inflação passada quando os agentes tem um padrão de comportamento defensivo dos seus picos de renda real” p.126
5. Resuma as transformações econômicas ocorridas na década de 1990 em seus três estágios.
A primeira metade dos anos de 1990 marca a posse do primeiro presidente eleito pelo voto direto, fato que não ocorria no país desde 1961. No início de 1990, a inflação havia ultrapassado 80% ao mês e a economia, que crescera a uma taxa média em torno de 7% entre 1930-80, desde meados de 1980 se encontrava estagnada. Nesse contexto, é eleito, pelo voto direto, Fernando Collor de Mello, numa operação de autêntico marketing eleitoral, sem precedentes na história do Brasil.1 Inicialmente apoiada por um partido novo e inexpressivo (Partido da Reconstrução Nacional — PRN), sua candidatura conseguiu derrotar as aspirações de políticos tradicionais, como Leonel Brizola, e de Luiz Inácio Lula da Silva, que já possuía forte expressão no cenário político nacional. Collor trazia um discurso centrado na denúncia da corrupção, assistência às camadas mais desfavorecidas da sociedade e promessas de mudanças profundas na economia, tendo assumido o governo em março de 1990. As reformas propostas por Collor, de fato, introduziram uma ruptura com o modelo brasileiro de crescimento com elevada participação do Estado e proteção tarifária. Embora os primeiros passos tenham sido dados na gestão Collor, o processo só se aprofundou no governo seguinte (1o GovernoFernando Henrique Cardoso — 1995-98). A política industrial também ficou abaixo dos objetivos traçados, sempre subordinada à questão prioritária do combate à inflação. Já os planos econômicos Collor I e II não apenas fracassaram em eliminar a inflação, como resultaram em recessão e perda de credibilidade das instituições de poupança. Na realidade, após uma série de escândalos, revelação de esquemas de corrupção e dois planos econômicos malsucedidos, Fernando Collor de Mello foi destituído do poder, no final de 1992, mostrando mais uma vez que “o poder despreza aqueles que não sabem ocupá-lo”, como citado na primeira epígrafe deste capítulo. A partir da posse de Itamar Franco (Vice-Presidente de Collor) deu-se continuidade ao processo de reformas. Mais importante: foram lançadas as bases do programa de estabilização que daria fim à alta inflação no país. A consolidação da estabilidade, entretanto, exigiu mais do que a desindexação. Na estratégia de combate à inflação do Plano Real, a taxa de câmbio e os elevados juros tiveram um papel fundamental, embora com consequências negativas para o desempenho da economia nos anos que se seguiram.
6. Explique a mudança do modelo econômico brasileiro nos anos 1990.
A Mudança de Modelo Foge ao escopo desse capítulo analisar o modelo brasileiro de desenvolvimento e suas transformações históricas. O objetivo dessa seção é tão somente traçar, em linhas gerais, algumas características para que o leitor compreenda as principais mudanças em curso na primeira metade dos anos 1990. Durante o período de 1950-80, o Brasil cresceu a uma taxa média de 7,4% ao ano, e apenas em quatro ocasiões cresceu abaixo do marco de 4%. Esse crescimento esteve associado a uma política de substituição de importações, mas também a alguns episódios de promoção de exportações, como por exemplo, ao longo do “Milagre” (1968-73). Resumidamente, podemos dizer que as três principais características do modelo de industrialização brasileira do pós-Guerra foram: (1) a participação direta do Estado no suprimento da infraestrutura econômica (energia e transportes) e em alguns setores considerados prioritários (siderurgia, minera- ção e petroquímica); (2) a elevada proteção à industria nacional, mediante tarifas e diversos tipos de barreiras não tarifárias; e (3) o fornecimento de crédito em condições favorecidas para a implantação de novos projetos. O modelo de substituição de importações (MSI), tal como defendido pela Cepal, foi a forma de os países retardatários promoverem a sua industrialização. Sinteticamente, pode-se dizer que a Cepal questionava a teoria econômica convencional em diversos pontos, sobretudo quanto à capacidade de o livre-comércio promover seja a eficiência na alocação de recursos (no nível interno e externo), seja o desenvolvimento “natural” das economias. Dessa forma, o MSI defendia três papéis fundamentais para o Estado: o de indutor da industrialização, através da concessão de crédito e do uso intensivo de instrumentos cambiais, restrições quantitativas e tarifárias; o de empreendedor, a fim de eliminar os principais “pontos de estrangulamento” da economia; e o de gerenciador dos escassos recursos cambiais, a fim de evitar a sobreposição de picos de demanda por divisas e crises cambiais recorrentes.
A privatização do período, entretanto, provou ter metas muito mais otimistas em termos de receita e cronograma, do que se verificou na prática. Nos governos Fernando Collor e Itamar Franco (1990-94) foram privatizadas 33 empresas federais (as empresas estaduais só entraram no programa posteriormente). Os principais setores foram o de siderurgia, petroquímica e fertilizantes. O total de receitas obtido foi de US$8,6 bilhões, com transferência para o setor privado de US$3,3 bilhões em dívidas. A natureza relativamente modesta das privatizações realizadas em relação aos prognósticos iniciais dos governos Collor e Itamar Franco possui várias explicações: (1) muitas empresas públicas estavam em má situação financeira e precisavam ser saneadas para que existisse interesse na sua aquisição; (2) existia grande dificuldade em avaliar os ativos de diversas estatais, após anos de alta inflação e várias mudanças de moeda; (3) havia resistência do público e um governo que perdia credibilidade; (4) alguns setores, tais como o de jazidas minerais e setor elétrico, não podiam, pela Constituição de 1988, ser vendidos para estrangeiros; 5) operações mais complexas exigiam per se ganhos de experiência de privatização, que ainda não existiam. Além de todos esses fatores, a dificuldade em vencer a inflação acabou por ocupar o maior espaço dentre os esforços do governo, deixando as privatizações em segundo plano.
7. A que se refere o Consenso de Washington? 
	É uma lista de reformas que os países em desenvolvimento deveriam adotas na área econômica para que entrassem em uma trajetória de crescimento autossustentado. Essas propostas visavam assegurar a disciplina fiscal e promover ampla liberalização comercial e financeira, além de forte redução do papel do estado na economia. O plano Brandy teve como elemento essencial a reestruturação da dívida soberana de 32 países.
8.Qual foi o diagnóstico sobre os problemas econômicos brasileiros que deram origem ao Plano Collor I e as suas principais medidas de política econômica.? Quais as medidas de política econômica no Plano Collor II? Quais os resultados econômicos apresentados em 1992 (especialmente PIB e inflação).
O Plano Collor I foi lançado em março de 1990, esse plano diagnosticou que existia uma fragilidade financeira do Estado, ele também queria controlar a inflação através da desindexaçãp parcial da economia e desoneração temporária do pagamento de juros sobre a moeda indexada (essa moeda eram os depósitos bancários que tinham por contrapartida títulos públicos e privados de overnight). A moeda indexada tinha liquidez absoluta, mas nçao servia como meio de troca, embora pudesse ser reserva de valor e de unidade de conta.
Através do Collor I, o cruzeiro foi reintroduzido como padrão monetário e houve novo congelamento de preços de bens e serviços. As medidas de congelamento foram desrespeitadas. Nessa época, toda aplicação financeira que ultrapassasse o limite de 50 mil novos cuzados foram bloqueados por um prazo de 18 meses. O Governo se propôs a devolver esse dinheiro em cruzados, em 12 prestações com correção de 6% ao ano. O Plano promoveu a maior arrecação fiscal, por meio de aumento de impostos. Reduziu-se o número de ministérios, extinção de autarquias e demissão de funcionários públicos. Implementou-se, também, o regime de câmbio flutuante.
O plano Collor I recebeu muitas críticas, principalmente pelo bloqueio de contas. O congelamento também foi mal recebido, dado o desgaste de planos anteriores. A mudnaça fiscal também foi questionada, pois esta aumentou impostos, e não cortou gastos. O plano Collor I errou ao controlar o estoque e não o fluxo. O Plano conseguiu abaixar a inflação inicialmente, mas depois esta voltou a subir.
Em 1991 Zélia Cardoso de Melo foi substituída por Marcílio Marques Moreira e, então, lançado o Plano Collor II. Este buscava manter a inflação em torno de 20% através da racionalização dos gastos nas administrações públicas, do corte das despesas e da aceleração do processo de modernização do parque industrial. O plano também pretendia por fim a indexação da economia.
Cria-se o neogradualismo, este parte do princípio de que as pessoas observam o comportamento fiscal corrente do governo e dele inferem suas expectativas de inflação, mas este não funcionou devido a pouca credibilidade do governo, que em 1992 sofreu impeachment e renúncia de Collor.
Entra Itamar Franco e FHC como Ministro da Fazenda (antes dele, muitos outros assumiram o cargo). Nesse contexto nasce o plano que marcará a estabilização econômica.
9. Quais as causas da inflação brasileira escritas na exposição de motivos do Plano de Estabilização(Plano real)- MF(1994)?
Desordem do estado, má gestão pública, a inflação prejudica as camadasmais pobres, reorganização fiscal do Estado é a pedra fundamental, a dívida é maior que a receita do Estado, corte de liquidez internacional, arrecação menor, crise fiscal e aumento da rigidez de contas públicas, aumento do repasse para estados e municípios, receitas livres da União se reduziram.
10.Explicite as três fases para a implementação do Plano Real.
Ajuste fiscal, desindexação e âncora nominal.
11.Qual é a natureza/origem da crise fiscal em 1993 e as medidas tomadas na fase I, conforme consta na exposição de motivos do Plano Real? ((MF, 1994)
Nesta época no Brasil existia um grande desequilíbrio, o governo necessitava de mais recursos do que estava sendo concedido no ano fiscal, existia um hiato entre os recursos orçados e o resultado fiscal. Isso ocorria porque as receitas públicas do Brasil eram indexadas a inflação verificada e as despesas por sua vez eram fixas em termos nominais, portanto essa indexação criava essa diferença entre os dois. Outro problema era que o Ministério da Fazenda adiava a liberação das verbas, levando um desajuste fiscal muito elevada. Foi então que na primeira fase do Plano real foram colocados duas medidas, o Programa de Ação Imediata e o Fundo Social de Emergência, o primeiro redefiniria a relação da união com os estados e do Banco Central com os Bancos Estaduais e Municipais, isso também foi um grande combate a sonegação. O FSE resolveria a questão do financiamento dos programas sociais.
12.Explique a estratégia da URV para o combate à inflação, conforme exposta na literatura.
O plano Real tinha como foco a eliminação da do componente inercial da inflação, para isso seria necessário “zerar a memória inflacionaria”. Então criou-se uma nova unidade de conta, a chamada URV, o ponto principal desta nova unidade de conta é que ela não seria uma nova moeda e mas sim um indexador para contratos, portanto o cruzeiro real permanecia como moeda. Ela foi Lançada no período de transição entre o Cruzeiro Real e o Real, a medida de valor foi um estágio para a implementação da nova moeda. No dia 1° de julho de 1994 ela foi substituída pelo real, que foi quando a equiparação estava em CR$2.750 e o valor da URV tornou equivalente a R$1.
13.Qual é a importância da âncora cambial para a estabilidade dos preços? Como se apresenta essa relação? O Plano real teve efeitos recessivos em 1994?
Até a instalação do Plano, a política cambial brasileira era regida por constantes desvalorizações cambiais, que buscavam eliminar os efeitos da inflação sobre a taxa de câmbio real. Essa política buscava a manutenção do equilíbrio do balanço de pagamentos. Por outro lado, ela se tornava uma alimentação da inflação. Com o Plano Real o objetivo da taxa de câmbio foi alterado. Foi estabelecida uma âncora nominal por meio de uma nova política cambial. A adoção de um câmbio mais firme, com limite máximo, se deu pela necessidade de instituir uma ancora nominal, para combater o processo inflacionário. Essa fixação atua de algumas formas para ajudar no controle da inflação, ela passa a afetar as expectativas dos agentes definidores de preços, feito ajudado pela melhora da credibilidade , também vamos levar em conta a competição de produtos importados, que sofreram redução de preço graças a apreciação da moeda local, assim como insumos intermediários, que reduziram o custo de produção de produtos nacionais, ela permite estabelecer contratos a longo prazo e exerce pressão sobre os preços no setor de bens comercializáveis, indo diretamente de encontro com o nível geral de preços.
14. Cite os principais desafios/dificuldades enfrentados pelo governo FHC entre 1995-98?
A sucessão de erros nos planos anteriores permitiu um aprendizado que serviria como base na concepção de um plano com o mínimo de chance de dar certo. Um problema encontrado foi a dificuldade de se montar uma equipe econômica à altura do problema devido à instabilidade que esses indivíduos estavam sujeitos e as pressões dentro e fora do governo.
Dentre as dificuldades enfrentadas por Cardoso estavam a de conciliar interesses de seu partido, porém no final de 1993 o plano de estabilização insurge como uma alternativa menos arriscada, favorecendo uma coalizão política de centro direita que apoiasse tal plano, o plano em sua concepção contrastava com as alternativas que haviam falhado anteriormente, o plano teve de se mostrar inteiramente transparente e com razoável chance de sucesso na percepção da opinião pública.
15. Relacione a política econômica brasileira assentada na âncora cambial e o desequilíbrio externo (1995-98). 
Em 1995 à 1998 a ancora cambial uma das medidas do plano real, foi fundamental para o combate da inflação incialmente, mas depois se desgastou e surgiram problemas.
A conta corrente do pais estava se deteorizando e assim gerando um aumento acelerado do passivos externos do pais, e para compensar esse déficit aumentaram a taxa de juros, porem a entrada de capitais atraídos por esta taxa passou a gerar mais despesas financeiras, que por sua vez pressionava as contas públicas e piorava a relação entre a dívida pública e o PIB. Com o passar do tempo o resto do mundo deixou de financiar o Brasil por conta das crises que os mercados internacionais passaram
16.Explique o efeito realimentador do desequilíbrio externo provocado pela valorização cambial (1995-98)
17. Quais as controvérsias sobre a política cambial no interior da equipe econômica do primeiro governo FHC? Quais as explicações/razões para a manutenção do câmbio apreciado (1995-98)?
No que tange ao desequilíbrio externo, a razão do mesmo era o grande aumento das importações que se seguiu ao Plano Real, combinado com um desempenho nada brilhante das exportações.
Além da piora da conta-corrente associada ao comportamento da Balança Comercial, o financiamento do próprio déficit em conta-corrente a partir de 1995 gerou um efeito de realimentação dos desequilíbrios. Como estes eram financiados com novo endividamento externo e com a entrada de capitais na forma de investimento direto estrangeiro (IDE), a acumulação de estoques de passivos externos — dívida ou estoque de capital no país — implicava pagamentos crescentes de juros e de lucros e dividendos. O resultado é que o déficit de serviços e rendas praticamente dobrou no primeiro governo FHC. 
Todos esses fenômenos eram consequência da forte apreciação cambial que tinha se verificado nos primeiros meses do Real e que cobrava seu preço anos depois. Há três fortes razões, porém, que ajudam a entender o comportamento do governo. A primeira era o temor de uma repetição dos efeitos da desvalorização mexicana, concebida para ser “moderada” e que acabou fugindo ao controle e gerando uma inflação de mais de 50% em 1995. Hoje sabemos que a desvalorização brasi leira de 1999 foi bem-sucedida, mas no começo do Plano Real havia o medo de que, se o Brasil deixasse o câmbio desvalorizar mais, repetiria a experiência do México, onde a forte desvalorização cambial experimentada anos antes tivera grande impacto inflacionário. A segunda razão estava ligada à primeira e era de ordem política. O melhor momento para uma desvalorização maior teria sido em 1995, quando o nível de atividade, em termos dessazonalizados, estava caindo rapidamente, e um câmbio mais desvalorizado enfrentaria uma pressão de demanda muito baixa. 
A terceira razão para manter o câmbio sobrevalorizado era a esperança de que o resto do mundo continuasse a financiar o país, em um processo no qual os ajustes fossem feitos gradualmente e o governo se beneficiasse do papel de “ponte até o restabelecimento do equilíbrio”, que poderia ser representado pelas volumosas privatizações em curso.
18.Relacione o efeito da política de estabilização de preços sobre as contas públicas.(1995-98)
	Entre 1995 e 1998, houve o desgaste da âncora cambial como o instrumento básico da política econômica. Ocorreu então a deterioração da conta corrente estava gerando um aumento acelerado dos passivos externos do país. Por outro lado, a necessidade de compensardéficit externo com elevadas taxas de juros passou a gerar despesas financeiras significantes. Isso pressionava as contas públicas e contribuía para piorar a trajetória da relação dívida pública/PIB. A combinação de taxas de juros elevadas e déficit em conta corrente durou enquanto havia espaço para o endividamento, mas com o passar do tempo, esse espeço se reduziu e em 1998, o resto do mundo deixou de financiar o Brasil e passou a atribuir taxas de juros proibitivas osbre o financiamento.
19. Qual é o papel das privatizações e reformas no período 1995-98?(inclua as críticas encontradas na literatura)
As reformas mais importantes foram: i. Privatização. ii. Fim dos monopólios estatais nos setores de petróleo e telecomunicações. iii. Mudança no tratamento do capital estrangeiro. iv. Saneamento do sistema financeiro. v. Reforma (parcial) da Previdência Social. vi. Renegociação das dívidas estaduais. vii. Aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). viii. Ajuste fiscal, a partir de 1999. ix. Criação de uma série de agências reguladoras de serviços de utilidade pública. x. Estabelecimento do sistema de metas de inflação como modelo de política monetária. A privatização transferiu para o setor privado empresas deficitárias ou empresas superavitárias com níveis inadequados de investimento. 
A mudança no tratamento do capital estrangeiro também exigiu Emenda Constitucional. A medida, por um lado, abriu os setores de mineração e energia à possibilidade de exploração por parte do capital estrangeiro. Por outro, mudou o conceito de empresa nacional, permitindo que firmas com sede no exterior passassem a dispor do mesmo tratamento que as empresas constituídas por brasileiros. 
No que se refere ao sistema financeiro, com os problemas associados ao desaparecimento das receitas de float dos bancos após o fim da alta inflação, as ineficiências do setor ficaram expostas. Em tal contexto, os anos de 1995-1997 foram marcados pelas crises dos bancos Econômico, Nacional e Bamerindus, além dos casos inicialmente não resolvidos dos bancos estaduais, notadamente Banespa e Banerj. O governo atuou, então, em diversas frentes, propiciando, entre outras coisas, uma solução de mercado para esses três bancos privados, que foram absorvidos por outras instituições financeiras, também privadas. 
A reforma da Previdência se deu em duas etapas. Na primeira, através da Emenda Constitucional no 20, de 1998, estabeleceu-se uma idade mínima para os novos entrantes na administração pública, e ampliou-se a necessidade de tempo de contribuição para quem já estava na ativa, além de “desconstitucionalizar” a fórmula de cálculo das aposentadorias do INSS (referentes, portanto, aos trabalhadores do setor privado). Na segunda, mediante a Lei no 9.876/99, aprovou-se o “fator previdenciário” para o INSS. Conforme essa lei, as novas aposentadorias concedidas por esse instituto aos antigos trabalhadores do setor privado passariam a ser calculadas em função da multiplicação da média dos 80% maiores salários de contribuição a partir de julho de 1994.
A renegociação dos passivos estaduais consistiu na “federalização” de dívidas frente ao mercado, mediante comprometimento dos estados junto à União, com as dívidas sendo pagas em 30 anos, na forma de prestações mensais. A contrapartida exigida, na forma de colateralização das receitas futuras de transferências constitucionais, evitou que os estados conseguissem burlar a regra de pagamento, pois nesse caso a União poderia se apropriar das receitas de transferências dos Fundos de Participação e até do ICMS estadual, o que obrigou os Estados a se ajustarem. 
As agências reguladoras dos serviços de utilidade pública, nos moldes das que existem em diversos países desenvolvidos, foram criadas com o intuito de defender os interesses do consumidor, assegurar o cumprimento dos contratos, estimular níveis adequados de investimento e zelar pela qualidade do serviço, nas áreas de telecomunicações (Anatel), petróleo (ANP) e energia elétrica (Aneel). 
Finalmente, o sistema de metas de inflação, ainda que institucionalmente algo precário pela ausência de autonomia do Banco Central, caracterizou um compromisso formal com a estabilidade de preços, por parte das autoridades, inédito na história do país. As metas operam como um instrumento de balização das expectativas, e a implementação do sistema foi marcada pela gestão profissional do Banco Central; pelo desenvolvimento de procedimentos de transparência no relacionamento entre a instituição e o público; pela elaboração periódica de atas do Banco Central e dos “Relatórios de Inflação”; e pela obtenção de taxas de nflação relativamente baixas.
As privatizações, na gestão FHC, caracterizaram-se pela venda de empresas prestadoras de serviços públicos, com ênfase nas áreas de telecomunicações e energia. Essas operações, por sua vez, foram marcadas por uma nova mudança de porte. As privatizações tinham os seguintes objetivos fundamentais: “reordenar a posição estratégica do Estado na economia, transferindo à iniciativa privada atividades indevidamente exploradas pelo setor público; contribuir para a redução da dívida pública (...); permitir a retomada de investimentos nas empresas e atividades que vierem a ser transferidas à iniciativa privada; contribuir para a modernização do parque industrial do país (...); permitir que a administração pública concentre seus esforços nas atividades em que a presença do Estado seja fundamental para a consecução das prioridades nacionais; e contribuir para o fortalecimento do mercado de capitais”.
20.Cite o tripé macroeconômico adotado em 1999. Destaque a mudança da âncora na política econômica.
FHC deixou um “tripé” de políticas — metas de inflação, câmbio flutuante e austeridade fiscal.
O panorama do Brasil começou a mudar com a nomeação de Armínio Fraga para o posto de presidente do Banco Central. Ele anunciou duas providências: a elevação da taxa de juros básica; e o início de estudos para a adoção do sistema de metas de inflação, que há anos vinha sendo adotado em diversos países. Esta última foi entendida como uma espécie de “troca de âncora”, face ao desaparecimento da âncora cambial. Esta âncora dava ao ao Banco Central do Brasil toda a responsabilidade e a independência operacional para conduzir a política monetária de forma a alcançar a inflação definida pelo governo.
21.Como explicar esse novo arcabouço de política econômica pós 1999 a partir dos choques externos e das crises cambiais?
Faltando poucas semanas para as eleições presidenciais de 1998, o governo brasileiro começou a negociar um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) que lhe permitisse enfrentar um quadro externo extremamente adverso, caracterizado pelo esgotamento da disposição do resto do mundo em continuar a financiar déficits em conta-corrente da ordem de US$30 bilhões. Isso, por sua vez, estava gerando uma fuga de capitais, porque o temor de uma desvalorização vista como iminente estava estimulando a troca de R$ por US$ antes que ocorresse a mudança cambial e/ou a adoção de algum tipo de controle de capitais. O primeiro acordo contemplava um importante aperto fiscal, com o superávit primário passando de 0,0% do PIB em 1998 para 2,6% do PIB em 1999, e 2,8% e 3,0% do PIB em 2000 e 2001, respectivamente. É importante registrar que o acordo não contemplava mudanças na política cambial, que seria mantida inalterada. O acordo, porém, enfrentou dois obstáculos que se revelaram insuperáveis. O primeiro foi o ceticismo com que foi recebido pelo mercado. E o segundo foi a rejeição, pelo Congresso, de uma das mais importantes medidas do programa fiscal proposto em outubro de 1998: a cobrança de contribuição previdenciária dos servidores públicos inativos. Ela foi rejeitada pelo Congresso nos últimos dias de 1998, dando a ideia de que o governo não conseguiria ter apoio para a implementação das suas propostas. Em tais circunstâncias, o pessimismo externo aumentou e a perda de divisas se acelerou. Nesse cenário o governo ficou sem opção,e a desvalorização cambial foi uma imposição das circunstâncias, pois, em meados de janeiro de 1999, ela se tornara inevitável. 
22. Como se estabelece a política fiscal em 1999-2002? O que dizer dos resultados primários e nominais do setor público no período? E da dívida líquida do setor público?
Com a grande dívida pública com o FMI, foi necessário ampliar a meta de superávit primário, que passou a ser de 3,10%; 3,25% e 3,35% do PIB para os anos de 1999 a 2002, implicando um forte aperto fiscal, em particular, nas contas do governo central. Alguns fatos explicam os resultados na economia:
O cumprimento sucessivo das metas fiscais acertadas com o FMI criou uma confiança crescente de que a economia seria mantida sob controle. O aumento do salário mínimo em maio de 1999, de menos de 5% nominais, quando muitos analistas ainda projetavam taxas de inflação da ordem de 20%, teve um papel crucial nas negociações salariais da época, balizando reajustes baixos. A definição, em junho, de uma meta de inflação de 8% para o ano completou o ciclo de medidas para ajustar a economia a uma inflação superior à de 1998, porém, inferior a dois dígitos.
Com as medidas de 1999, o país passou a ter condições de enfrentar cada um desses problemas: se a inflação preocupa, o BC atua através do instrumento da taxa de juros; se há uma crise de BP, o câmbio se ajusta e melhora a conta corrente; e se a dívida pública cresce, há que se “calibrar” o superávit primário. Com isso, têm-se os elementos para atacar os principais desequilíbrios macroeconômicos de forma integrada. Até então, os governos tinham muitas vezes gerado diversos desequilíbrios, enquanto o balanceamento entre os novos instrumentos a partir de 1999 permite dar conta do conjunto dos desafios e aspirar a ter inflação baixa, equilíbrio externo e controle fiscal.
23. Quais as relações existentes entre a política fiscal, monetária e cambial adotadas e as suas repercussões nas contas públicas entre 1999-2002?
24.Quais os principais resultados macroeconômicos brasileiros em 2000? Quais as adversidades encontradas pela economia brasileira em 2001? E os resultados econômicos em 2002?

Outros materiais

Outros materiais