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POLÍTICAS MACROECONÔMICAS

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POLÍTICAS MACROECONÔMICAS: 
Análise dos planos econômicos no período da Nova República. 
 
Acadêmico1 
Tutora Externa2 
 
RESUMO 
Este trabalho tem como tema as políticas macroeconômicas (fiscal e monetária) com suas correntes – heterodoxa e 
ortodoxa -, e busca destacar como essas ferramentas foram utilizadas para, prioritariamente, tentar combater a inflação e 
manter o equilíbrio econômico do Brasil, durante o intervalo da Nova República, entre o Plano Cruzado e o Plano Real 
(1986 – 1994). Para a realização deste estudo foram traçados objetivos específicos expondo uma revisão bibliográfica 
sobre o assunto e, posteriormente, uma abordagem em ordem cronológica dos diversos planos e programas econômicos 
executados no período em análise. Pode-se observar que os pacotes de medidas adotadas na época pelas equipes 
econômicas, não cabem exclusivamente dentro de uma corrente de pensamento ou de um único sentido (expansionista ou 
contracionista). Verifica-se uma tendência, ou necessidade, de revisões e correções de rumo que transformam os planos 
em híbridos e, também, circulares em sua trajetória, devido à falta de planejamento e pensar a longo prazo. Por fim, 
conferimos que o Plano Real foi o único a acabar com essa circularidade e devolver a estabilidade econômica ao país. 
 
Palavras-chave: Política Monetária. Política Fiscal. Planos Econômicos. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 A principal preocupação, no campo da economia, dos governos da Nova República (de Sarney 
até FHC) foi a luta contra a inflação. Sem o controle dessa variável não há crescimento econômico e, 
por conseguinte, esse processo inflacionário causa um impacto negativo não somente na seara 
econômica, mas também na estabilidade social e política. 
 A aplicação prática deste trabalho consiste no estudo de caso da economia brasileira nos anos 
de 1986 até 1994 e seu objetivo é traçar a trajetória das políticas macroeconômicas utilizadas para 
combater a inflação e manter o equilíbrio econômico, durante este período. Para satisfazer este 
objetivo geral, faz-se necessário uma breve revisão dos conceitos de políticas macroeconômicas, suas 
correntes de pensamento e os sentidos nos quais elas se movimentam, bem como, a análise do 
ambiente histórico. 
 
1 Fernando Penna de Moraes Jung. 
2 Profa. Ma. Fernanda Rocha de Aguiar, Tutora Externa. Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI – Curso 
de Economia FLX 0254 – Prática do Módulo I – 18/06/20. 
2 
 
 A justificativa primordial desta investigação é mostrar que em ambientes de crise, como a que 
estamos vivendo atualmente3, para que as soluções dos problemas e desajustes de ordem econômica 
sejam eficazes é imprescindível o planejamento a longo prazo. 
 Quanto a metodologia, este artigo descritivo de natureza básica, utiliza a pesquisa 
bibliográfica através de fontes secundárias. 
Nesse contexto, o presente trabalho é formado pelos seguintes capítulos: Introdução, 
Fundamentação Teórica, Metodologia, Resultados e Discussões e, por fim, Conclusões. A Introdução 
apresenta a delimitação do tema, a definição do problema, os objetivos e justificativas. No segundo 
capítulo elabora-se uma revisão de literatura que servirá para fundamentar o desenvolvimento do 
artigo acrescido de uma narrativa linear dos planos econômicos implementados no período da Nova 
República. O terceiro capítulo aborda a metodologia em que é baseada a elaboração do trabalho. Já 
o quarto capítulo contempla o os resultados e discussões através da análise dos conhecimentos, 
conceitos e fatos associados a Fundamentação Teórica. O quinto, e último, traz as conclusões 
apreendidas sobre os tópicos abordados. 
 
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
2.1 MACROECONOMIA 
 As grandes crises e as catástrofes são responsáveis por processos disruptivos que mudaram o 
rumo da humanidade. Foi o que aconteceu quando do colapso econômico americano em 1929, 
período da Grande Depressão. Neste momento a microeconomia, até então preocupada com escolhas 
individuais e alocação de recursos escassos, não consegue responder as questões cruciais necessárias 
para enfrentar o grave momento crítico que engoliu a maior parte do mundo. A economia, por 
conseguinte, passa a ter um olhar aglutinante e macroeconômico visando analisar e determinar o 
comportamento dos grandes agregados (renda, produto nacional, nível geral de preços, nível de 
emprego, etc.), no esforço de entender e evitar as depressões econômicas. 
A macroeconomia surgiu, então, com um senso de urgência: procurou-se, por um lado, 
construir um arcabouço analítico capaz de explicar o mundo como ele se apresentava de fato 
e, por outro, fornecer instrumentos capazes de promover e sustentar o pleno emprego dos 
fatores produtivos. Tais condições históricas, aliadas àquelas demandas latentes, adequaram o 
nascente ramo da ciência econômica ao principal problema das economias desenvolvidas, a 
saber, a administração da demanda agregada a um nível suficiente para atingir o pleno 
emprego. (VIANNA; BRUNO; MODENESI, 2011, p.7). 
 
3 A pandemia do COVID19, provavelmente, irá modificar e redefinir as relações entre os agentes econômicos. 
3 
 
 Com o correr dos anos a macroeconomia amplifica seu alcance absorvendo diferentes 
temáticas como a inflação, o crescimento a longo prazo, os desequilíbrios internacionais nas 
economias abertas, as questões políticas, entre outras, visando sempre melhorar o desempenho da 
economia 
 Na definição de rumos e no intuito de atingir os objetivos macroeconômicos os governantes 
(gestores do Estado) utilizam-se das políticas macroeconômicas, com todas as ferramentas que elas 
possuem. 
2.2 POLÍTICA MACROECONOMICA 
 A política macroeconômica é a gestão do governo sobre a capacidade produtiva e a demanda 
agregada com objetivo de atingir o pleno emprego com baixas taxas de inflação (estabilidade de 
preços) e distribuição justa de renda. 
 De acordo com Ramos (2015, p. 112): 
A política econômica brasileira é caracterizada pelas ações do governo que buscam atingir seus 
objetivos através de instrumentos econômicos, divididos entre as políticas monetária, fiscal, de 
rendas e cambial. A principal função do governo deve ser cuidar do bem comum da sociedade, 
contudo, para isto, ele precisa intervir sobre determinadas variáveis econômicas para dar 
condições favoráveis à população. Estas ações são executadas pelos agentes de política 
econômica, ou seja, o Governo, o Banco Central e o Congresso Nacional. Cumprindo seu papel 
regulador, o governo, através de leis e disposições administrativas, controla os preços, e atua 
contra monopólios, cartéis e ações danosas ao direito do consumidor. O governo também tem 
o compromisso de facilitar o acesso a bens e serviços essenciais. 
 Além disso, as políticas macroeconômicas devem contemplar os objetivos de curto e longo 
prazo, isto é, conciliar a restrição externa e a estabilização de preços com pleno emprego, crescimento 
econômico sustentável e equidade social. 
 Segundo Bauinain e Rello (1998, p. 4): 
 As políticas macroeconômicas jogam um papel central neste processo. De um lado, trata-se 
 de controlar a oferta e demanda agregadas para evitar a aceleração da inflação e uma pressão 
 insustentável sobre as contas externas, e, ao mesmo tempo, assegurar o atendimento das 
 necessidades básicas da população. De outro lado, trata-se de conduzir a economia em uma 
 trajetória de desenvolvimento sustentável seja do ponto de vista econômico seja do ponto 
 de vista social. A política econômica atua por meio dos sinais macroeconômicos, em particular 
 dos chamados preços macro — juros, câmbio, salários —, e deve produzir um ambiente que 
 incentive os agentes a tomarem decisões compatíveis com os objetivos de desenvolvimento, 
 como investir em determinados setores geradores de emprego, utilizar eficientemente os 
 recursos escassos etc. 
 Para atingir seus propósitos, que muitas vezes são conflitantes,o governo faz uso de várias 
ferramentas distribuídas em três grandes grupos: política fiscal, política monetária e política cambial4. 
 
 
4 Este estudo abarca as políticas fiscal e monetária, ficando a política cambial para uma futura apreciação. 
4 
 
2.2.1 Política Fiscal 
 Política fiscal é um conjunto de medidas tomadas pelo governo para captar suas receitas e 
realizar as suas despesas. Possuem três funções essenciais: estabilizadora (promover o crescimento 
sustentável através do controle da inflação e criação de empregos), distributiva (promover a 
distribuição equitativa de renda) e alocativa (compensar falhas de mercado através da alocação de 
bens e serviços). 
A política fiscal gera um fluxo monetário entre o governo e a sociedade. Este fluxo deve ser 
analisado de um duplo ponto de vista. De um lado, a imposição e, de outro, o gasto. Ou seja, o 
problema colocado é o de saber da onde vêm prioritariamente as rendas do Governo (de que 
setor? de quais agentes?) e aonde vão os gastos governamentais (para qual setor? para quais 
agentes?). É preciso levar em conta que os efeitos desses fluxos transcendem os aspectos 
quantitativos, já que tanto os impostos como os gastos modificam os incentivos, as expectativas 
e as condições objetivas enfrentadas pelos agentes econômicos, e pela sociedade como um 
todo. (BAUINAIN E RELLO, 1998 p. 64). 
 Os instrumentos fiscais a disposição do governo para alterar o volume das receitas e dos gastos 
públicos são: os impostos, as despesas e o orçamento do governo. 
 As receitas são oriundas dos impostos, que podem ser diretos (incidem sobre a renda), 
indiretos (incorporados no processo produtivo) e outras receitas correntes do governo (propriedades 
imobiliárias, ativos mobiliários e prestação de serviços). Outrossim, as despesas do governo se 
dividem em gastos de consumo (folha salarial, administração pública e funcionalismo), transferências 
(benefícios pagos pelos institutos de previdência social), subsídios e investimentos. 
FIGURA 1 – TIPOS DE ORÇAMENTO 
 
FONTE: Elaborado pelo autor, 2020 
 Na Figura 1 acima, observa-se que o orçamento do governo (resultado das operações de 
receitas menos os gastos do setor público) pode ser superavitário se as receitas forem maiores que as 
despesas, deficitário se o inverso ocorrer e equilibrado caso sejam iguais. 
2.2.2 Política Monetária 
 A política monetária atua sobre o estoque de moeda e as condições do crédito interno. A 
regulação da quantidade de moeda em circulação (liquidez em geral) e do nível da taxa de juros 
(volume de crédito) são as principais ferramentas dessa política. Outros instrumentos utilizados são 
a manipulação dos depósitos compulsórios, as operações em Mercado Aberto (compra e venda de 
RECEITAS > GASTOS
GASTOS > RECEITAS
ORÇAMENTO SUPERAVITÁRIO 
ORÇAMENTO EQUILIBRADO 
ORÇAMENTO DEFICITÁRIO 
5 
 
títulos públicos), o redesconto - empréstimos do Banco Central (BC) aos bancos privados - e a 
emissão de moeda. Sendo assim, a política monetária pode ser usada para controlar o nível da 
demanda agregada, afetando o consumo e o investimento. Portanto, a política monetária pode ser 
vista como o conjunto de arranjos institucionais e uso dos instrumentos da autoridade monetária com 
a finalidade de maximizar o bem-estar social. 
2.2.3 Sentido das Políticas Macroeconômicas 
 No intuito de promover ou manter a estabilidade da economia através do aumento ou redução 
do crédito, da quantidade de moeda, dos bens e dos serviços, deslocando a curva da demanda agregada 
para a esquerda ou para a direita, o governo lança mão de políticas macroeconômicas expansionistas 
ou contracionistas. 
 A política monetária expansionista engloba um conjunto de medidas que tendem a aumentar 
o crédito e a quantidade de moeda em circulação. Por outro lado, o movimento no sentido inverso 
que, consequentemente, restringe a demanda agregada é conhecida como política monetária 
contracionista. 
FIGURA 2 – CICLOS DA POLÍTICA MONETÁRIA 
 
 
 
FONTE: Elaborado pelo autor, 2020 
 Já a política fiscal expansionista será usada quando houver uma insuficiência de demanda 
agregada em relação à produção (hiato deflacionário), com formação de estoques excessivos, levando 
empresas a reduzir a produção e, destarte, aumentando o desemprego. 
 Por fim, a política fiscal contracionista é usada quando a demanda agregada supera a 
capacidade produtiva da economia (hiato inflacionário), onde caem os estoques e sobem os preços. 
 Para Bauinain e Rello (1998, p. 60), os efeitos das políticas contracionistas ou expansionistas 
são: 
As políticas monetária e fiscal têm efeitos diretos sobre o nível de atividade econômica. 
Políticas restritivas, utilizadas para reduzir (por quaisquer razões) a demanda agregada, geram, 
no curto prazo, desemprego e queda do bem–estar social. Têm, em geral, efeitos assimétricos 
Aumento da 
oferta 
monetária
Taxa de juros 
mais baixa
Maior investimento 
e maior renda
Consumo 
mais alto
AUMENTO 
da Demanda 
Agregada
DIMINUIÇÃO 
da Demanda 
Agregada
Consumo 
menor
Investimento 
cai e dimunui 
renda
Taxa de juros 
mais alta
Diminui a 
oferta 
monetária
6 
 
sobre as atividades econômicas e a população, afetando mais intensamente os setores 
econômicos mais débeis, as pequenas e médias empresas descapitalizadas, os dependentes de 
crédito para capital de giro, e os trabalhadores e os pobres que não dispõem de poupança ou de 
outro mecanismo amortecedor dos impactos da crise. Podem também ser utilizadas para 
estimular a expansão da economia e do nível de emprego, e os limites para sua eficácia são 
dados pela possibilidade de crescer sem gerar pressões inflacionárias significativas nem 
problemas de balanço de pagamentos. 
 
QUADRO 1 – INSTRUMENTOS DA POLÍTICA EXPANSIONISTA E CONTRACIONISTA 
 
 POLÍTICA 
 
SENTIDO 
 
POLÍTICA MONETÁRIA 
 
 
POLÍTICA FISCAL 
 
 
 
 
 
Expansionista 
 
 
 
- Recolhimento compulsório5: a redução de sua 
taxa aumenta a liquidez da economia. 
 
- Assistência Financeira de Liquidez (AFL)6: a 
redução da taxa aumenta a demanda por 
crédito. 
 
- Compra de títulos públicos: quando o BC 
compra títulos públicos ele coloca moeda no 
mercado7. 
 
 
- Aumento dos gastos públicos. 
 
- Diminuição da carga tributária. 
 
- Estímulos às exportações e a criação de 
barreiras às importações, beneficiando as 
empresas nacionais. 
 
 
 
 
Contracionista 
 
 
 
- Recolhimento compulsório: o aumento da 
taxa diminui a liquidez da economia. 
 
- AFL: a alta na taxa de juros (Selic) irá 
ocasionar uma elevação no custo do crédito. 
 
- Venda de títulos públicos: quando o BC vende 
títulos ele retira moeda do mercado. 
 
 
- Diminuição dos gastos públicos. 
 
- Aumento da carga tributária sobre bens de 
consumo e importações (amento de barreiras) 
 
 
 
FONTE: Elaborado pelo autor, 2020. 
 
2.2.4 Ortodoxia e Heterodoxia 
 Ortodoxia e heterodoxia em economia é uma distinção que se faz entre correntes acadêmicas. 
Os ortodoxos são os que produzem sua pesquisa em linha com a maioria das teorias já fundamentadas 
e mais replicadas ao redor do mundo (mainstream). Segundo Lopes (1989), os heterodoxos são os 
que propõem um pensamento diferente do estabelecido, procurando novas formas de enxergar e lidar 
com as variáveis da economia. No combate à inflação, por exemplo, pode-se aplicar: 
 
5 Consiste na custódia, pelo Banco Central (BC), de parcela dos depósitos. Atua sobre o nível de reservas bancárias. 
6 Através do COPOM o BC controla a taxa Selic, que regula os empréstimos interbancários. 
7 Dessa forma há uma expansão dos meios de pagamento e maior liquidez da economia. 
 
7 
 
• Choque ortodoxo que consiste em realizar um corte brusco na expansão monetária e redução 
intensa do déficit público, acompanhado de uma liberalização dos preços para que estes 
encontrem livrementeseu ponto de equilíbrio no mercado. Esta política tem como resultantes 
a elevação da taxa de juros, a redução dos gastos públicos (investimentos), a contenção do 
consumo e, consequentemente, a recessão econômica, cuja duração e profundidade dependem 
de uma série de fatores. 
• Choque heterodoxo tem como base a aplicação de congelamento de preços em todos os níveis 
durante um período determinado de tempo e a liberação das políticas monetária e fiscal. 
 Conforme Lopes (1989, p. 51): 
De acordo com o pensamento ortodoxo, a inflação é decorrente do processo de emissão 
monetária devido ao déficit público, elevando a demanda e consequentemente a alta dos preços. 
O controle inflacionário é vital para o crescimento sustentável de uma nação. Para a corrente 
heterodoxa, a inflação pode ser combatida sem o controle da demanda e sim com a intervenção 
estatal promovendo congelamento de preços e salários por exemplo. 
 
2.3 TRAJETÓRIA DOS PLANOS ECONÔMICOS NA NOVA REPUBLICA 
 A inflação brasileira começa a subir fortemente depois do governo de Juscelino Kubitschek 
(1961), com o advento do financiamento inflacionário via emissão monetária. A alta inflação causou 
diversas distorções econômicas impedindo um crescimento sólido da economia brasileira. O governo 
militar tenta resolver a o problema realizando diversas reformas estruturais, possibilitando um período 
de grande crescimento – Milagre Econômico. Porém, choques externos (crise do petróleo e do sistema 
econômico no ano de 1974 e um novo choque do petróleo em 1979) causam grandes danos a 
economia fazendo a inflação aumentar novamente, ocasionando forte recessão. Na década de 80, a 
inflação ganha ainda mais força e aparenta ser insolúvel, pois as ferramentas usadas em seu combate 
parecem não ter efeito. 
 Sendo assim, entra em cena uma série de planos econômicos8 que irão fazer uso das 
ferramentas fornecidas pelas políticas macroeconômicas, com seus sentidos (expansivo ou recessivo) 
e de acordo com a corrente (heterodoxa ou ortodoxa) de seus formuladores. 
 
2.3.1 Plano Cruzado I e Cruzado II (1986) – Era: José Sarney 
 O Plano de Estabilização Econômica (PEE) ou Plano Cruzado foi lançado em 28 de fevereiro 
de 1986, durante o governo de José Sarney, pelo ministro Dilson Funaro. 
 
8 Para realização da pesquisa envolvendo os planos econômicos na Nova República, além das obras referenciadas, foram 
utilizados conhecimentos empíricos do autor e dados compilados encontrados em sites de instituições e organismos 
oficiais, como Banco Central do Brasil, Ministério da Economia e IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. 
 
8 
 
 Consistia em um plano heterodoxo de estabilização formado por políticas monetária e fiscal 
expansionistas com objetivo de derrubar abruptamente a inflação. Entre suas principais medidas 
estavam: 
 
• congelamento geral dos preços finais; 
• congelamento seguindo de um reajuste que fixou os novos salários reais com base na média 
dos seis meses anteriores mais 8%, e 15% para o salário mínimo; 
• aplicação da mesma fórmula para aluguéis e hipotecas (sem o aumento percentual); 
• um sistema de reajustamento salarial (gatilho), que assegurava um aumento automático a cada 
vez que o índice de preços ao consumidor tivesse aumentado 20% em relação ao ajuste 
anterior ou a partir da data base anual de cada categoria trabalhista; 
• proibição de cláusulas de indexação em contratos com menos de um ano; 
• criação de uma nova moeda, o Cruzado. 
 No final de 1986, o governo anuncia o Plano Cruzado II, um pacote fiscal com objetivo de 
incrementar a arrecadação do governo através de reajustes de alguns preços (gasolina, energia 
elétrica, telefone e tarifas postais) e do aumento de certos impostos indiretos (automóveis, bebidas e 
cigarros). 
 
2.3.2 Plano Bresser (1987) – Era: José Sarney 
 A inflação ressurge, em meados de 1987, devido ao realinhamento dos preços fixados 
durante o Plano Cruzado e aos aumentos especulativos provocados pela possibilidade de um novo 
congelamento. Dentro desse panorama Luiz Carlos Bresser Pereira assume o Ministério da Economia 
e introduz um plano de estabilização econômica conhecido como o Plano Bresser. 
 Sinteticamente as principais ferramentas aplicadas pelo plano, foram: 
• congelamento de preços e dos salários pelo prazo máximo de três meses nos níveis vigentes 
em junho de 1987. Entretanto, foram realizados diversos aumentos nos preços públicos e 
administrados (eletricidade, telefone, aço, pão, leite e combustíveis), para recompor perdas 
passadas e criar uma margem de folga durante a fase do congelamento; 
• indexação salarial após o término do congelamento com base na Unidade de Referência; 
• desvalorização cambial (cerca de 9,5%) sem congelamento, mas com minidesvalorizações 
diárias do cruzado em ritmo de desaceleração para indicar expectativas inflacionárias mais 
baixas e não comprometer as contas externas; 
• congelamento dos aluguéis residenciais e comerciais nos níveis vigentes em junho de 1987; 
• deflação diária dos contratos pré-fixados (contratos pós-fixados não foram afetados). 
9 
 
 O plano durou apenas seis meses e assim como os anteriores não atingiu os resultados 
pretendidos. No final de 1987 Bresser-Pereira deixa o cargo e uma inflação de 363,41% ao ano. 
 
2.3.3 Plano Verão (1989) – Era: José Sarney 
 Assume como novo Ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega e assim permaneceu até o 
restante do governo Sarney, rejeitando qualquer tipo de choque heterodoxo, dando ênfase somente a 
necessidade de se empregar medidas de austeridade para combater a inflação. Dessa forma não foi 
lançado nenhum plano de ajuste estrutural significativo, e essa política ficou conhecida como “feijão 
com arroz”. 
 “Não é de surpreender que essa estratégia se tenha mostrado incapaz de controlar a inflação, 
cuja taxa média mensal aumentou de cerca de 18% no primeiro trimestre para aproximadamente 28% 
no último trimestre de 1988”, observa Baer (1996, p. 195). 
 Assim, no início do próximo ano, o governo Sarney tenta lidar com a inflação com um novo 
programa de estabilização híbrido, contendo mecanismos de atuação ortodoxos e heterodoxos, 
denominado de Plano Verão. 
 As principais medidas foram um novo congelamento de preços e salários, a eliminação da 
indexação (exceto para depósitos de poupança), a introdução de uma nova moeda (Cruzado Novo), a 
tentativa de restringir a expansão monetária e de crédito e a desvalorização cambial. 
 Além disso, do lado ortodoxo e contracionista o plano pretendia promover uma retração da 
demanda agregada a curto prazo com cortes nas despesas públicas, para sustentar a queda da inflação 
a médio prazo. Do lado heterodoxo, tentou fazer uma desindexação, suspendendo os mecanismos de 
realimentação da inflação e da inércia inflacionária. A política monetária e contracionista consistiria 
de taxas de juros reais mais altas, um controle maior do crédito destinado ao setor privado e aumento 
do recolhimento compulsório. 
 
2.3.4 Plano Color I (1990) e Collor II (1991) – Era: Fernando Collor 
 
 Com o panorama de inflação acelerada, resultados negativos no nível de produção e a falência 
do sistema financeiro (a moeda perde sua função de reserva de valor), assume a presidência em março 
de 1990, Fernando Collor de Mello e imediatamente introduz um novo programa anti-inflacionário, 
tentando consertar erros cometidos nos planos anteriores. 
 O Plano Collor tinha como base reformas fiscal, monetária e política de caráter heterodoxo 
como por exemplo, congelamento de preços e salários. O resumo das medidas são: 
 
 
10 
 
• introdução de uma nova moeda (o Cruzeiro); 
• congelamento dos depósitos do overnight, contas correntes e de poupança que excedessem a 
NCZ$ 50 mil; 
• cobrança de um imposto extraordinário e único sobre operações financeiras (IOF), sobre o 
estoque de ativos financeiros, transações com ouro e ações, e sobre as retiradasdas contas de 
poupança; 
• congelamento inicial de preços e salários, com ajustes posteriores seguindo determinação 
governamental baseada na inflação esperada; 
• eliminação de vários tipos de incentivos fiscais, aplicação de imposto de renda sobre os lucros 
provenientes de operações (mercado de ações, atividades agrícolas e exportações) e a criação 
de um imposto sobre grandes fortunas; 
• indexação imediata dos impostos (sobre renda e produtos manufaturados), obrigando seu 
ajuste à inflação no dia posterior à realização da transação; 
• implementação de medidas disciplinares e novas leis reguladoras sobre operações financeiras, 
buscando reduzir significativamente a sonegação fiscal; 
• aumento do preço dos serviços públicos; 
• extinção de vários institutos governamentais e o anúncio da intenção do governo de demitir 
cerca de 360 mil funcionários públicos; 
• medidas preliminares para instituir um processo de privatização. 
 Com o retorno da escalada inflacionária é lançado um novo pacote econômico que ficou 
conhecido como Plano Collor II. Os objetivos principais foram promover a desindexação, criar a Taxa 
Referencial (TR), eliminar o overnight e substituí-lo pelo Fundo de Aplicações Financeiras, além de 
promover, novamente, um congelamento de preços e salários. 
 
2.3.5 Plano Real (1994) – Era: Itamar Franco 
 Itamar Franco assume como presidente interino após o impedimento de Fernando Collor, e 
após um período de grande instabilidade política e aceleração da inflação, a equipe econômica 
liderada pelo Ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso propõe um novo plano de 
estabilização visando evitar os erros e as fraquezas dos anteriores. Porém, não se tratava de um plano, 
e sim de um programa, contendo “uma sucessão de medidas que, seguindo um cronograma com 
etapas definidas, implica numa transformação radical da economia brasileira”. (CUNHA, 1993, p. 
53). 
 A natureza do plano real, dadas as características enunciadas previamente, não pode ser 
rotulada nem como ortodoxa nem como heterodoxa. Isto porque o plano contém pontos retirados de 
11 
 
ambos correntes pensamentos. Do viés ortodoxo pertence o ajuste fiscal promovido e a utilização de 
uma política monetária restritiva, e do heterodoxo a superindexação com a criação da URV. 
 O Plano Real foi executado em três fases distintas, sequenciais e complementares, a saber: 
• Primeira Fase - Ajustamento Fiscal: teve como objetivo o ajuste das contas públicas. O 
governo priorizou a criação de condições fiscais mais adequadas, através da busca do 
equilíbrio orçamentário da União precondição fundamental para o sucesso do plano de 
estabilização. É criada a Unidade Real de Valor (URV) cuja função principal era acabar com 
os reajustes fora de sincronia sobre os preços e salários da economia e trazê-los para um índice 
padronizado, reajustado diariamente e tendo o câmbio como âncora. Além disso, com o 
objetivo de compensar o crescimento do valor real dos gastos públicos durante o processo de 
estabilização do nível de preços, foram implementados, em caráter temporário, o Programa 
de Ação Imediata (PAI) e o Fundo Social de Emergência (FSE). O governo necessitava 
equilibrar suas contas e mostrar determinação em cortar os excessos de gastos, anteriormente 
corroídos pela inflação ou financiados pelo imposto inflacionário. 
• Segunda Fase – Reforma Monetária: esta foi a etapa da desindexação da economia, a mais 
fundamental do processo, onde a URV é colocada efetivamente em prática e se mostrou 
crucial para o sucesso do plano como um todo. A principal finalidade desta fase era alinhar 
os preços mais importantes da economia. A indexação da economia brasileira e o componente 
inercial da inflação não foram totalmente eliminadas, mas reduziram bastante, sendo de 
extrema importância para recobrar a eficácia das políticas usuais de combate à inflação. 
• Terceira Fase – Âncora Nominal: a terceira fase do plano caracteriza-se pela criação da nova 
moeda, o Real, que completa a reconstrução formal do sistema monetário, já iniciada pela 
URV e que passa a assumir as funções de unidade de conta, reserva de valor e também meio 
de pagamento. Nessa última etapa o processo foi o inverso: desindexar os preços sem, no 
entanto, atingir a totalidade dos contratos e obrigações. É nesse momento que se torna 
explícita a âncora cambial, quando o Banco Central fixa a taxa de câmbio em US$ 1 = R$ 1, 
com o apoio e a garantia das reservas em dólar. Como todos os preços relevantes estavam 
referenciados à taxa de câmbio por meio da URV e tornaram-se estáveis na passagem para o 
Real, a hiperinflação cedeu e a inflação começa sua trajetória de decréscimo. 
 
 
 
 
 
12 
 
3 METODOLOGIA 
 Este artigo, de natureza básica, trata-se de um estudo descritivo com abordagem qualitativa 
dos dados. Segundo Cervo e Bervian (2002), para a realização de uma pesquisa descritiva, procura-
se descobrir com precisão a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação com os outros, 
natureza e característica, observando e analisando os fatos sem alterá-los. A pesquisa descritiva 
subdivide-se em: pesquisa documental e/ou bibliográfica e pesquisa de campo. 
A modalidade desenvolvida foi a pesquisa bibliográfica, onde a forma de coleta foram as 
fontes secundárias, como livros, artigos e documentos monográficos. 
A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, 
e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web 
sites. Qualquer trabalho científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao 
pesquisador conhecer o que já se estudou sobre o assunto. Existem, porém, pesquisas 
científicas que se baseiam unicamente na pesquisa bibliográfica, procurando referências 
teóricas publicadas com o objetivo de recolher informações ou conhecimentos prévios sobre o 
problema a respeito do qual se procura a resposta (FONSECA, 2002, p. 32). 
Neste projeto foi empregada uma revisão bibliográfica, em diversas fontes, dos conceitos 
sobre o tema -Macroeconomia e Políticas Macroeconômicas-, bem como, uma breve revisão histórica 
necessária à contextualização do texto. Por fim, para que se pudesse alcançar o objetivo desse estudo, 
foi realizada a análise e conexão dos conteúdos procurando identificar as ações adotadas pelos 
diversos planos econômicos, no período determinado. 
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 O complexo de repetição e a circularidade na economia brasileira ficam evidentes na análise 
cronológica dos planos econômicos implementados pelos governos da Nova República. Notadamente 
o inimigo - a inflação - apresenta um percurso cíclico. Se na trajetória de crescimento ela corrói renda 
e moeda, na descendente desestimula o consumo prejudicando produção e emprego. 
 Para erradicar a doença inflacionária é essencial realizar um diagnóstico perfeito, receitar o 
remédio certo, na dosagem correta e, além disso, procurar evitar a reincidência. 
 Observa-se que no início do Plano Cruzado os resultados foram positivos com o aumento do 
salário real e a diminuição do desemprego. A produção de bens de consumo duráveis cresceu e as 
contas externas obtiveram superávits comerciais. Entretanto, o aumento do poder de compras dos 
salários, a despoupança voluntária causada pela ilusão monetária, a redução das taxas de juros 
nominais e o congelamento de alguns preços em níveis inferiores em relação ao custo geraram uma 
explosão de consumo e um superaquecimento da economia. Neste caso, lembrando Bauinain e Rello 
(1998), as medidas expansionistas excederam os limites da eficácia. Por estes motivos o governo 
elaborou o Plano Cruzado II, um pacote fiscal (criação de empréstimos compulsórios) para 
desaquecer o consumo. 
13 
 
 Esta mudança em direção às medidas de caráter contracionistas foi necessáriapara tentar 
amortecer a aceleração inflacionária. A estratégia não deu certo, pois a expectativa do congelamento 
provocou um novo impulso à demanda, aumentando ainda mais o consumo. Neste momento o 
governo cedeu às pressões pela liberalização dos preços e, consequentemente, nos meses seguintes a 
inflação explodiu, junto com os planos Cruzado I e II. 
 Após a experiência heterodoxa promovida pelo ex-ministro Dilson Funaro, o novo ocupante 
da pasta - Bresser Pereira - alia, no plano que leva seu nome, componentes heterodoxos e ortodoxos. 
 Entre os primeiros destacam-se o congelamento de preços e salários por 90 dias e o 
estabelecimento de um fator de conversão de créditos aplicável a obrigações e títulos emitidos antes 
do lançamento do plano com valores nominais prefixados. Além dessas medidas, substitui a Escala 
Móvel de Salários por um mecanismo baseado na Unidade de Referência de Preços (URP) que definia 
a taxa de reajuste mensal dos salários. 
 Do lado ortodoxo, no primeiro momento, desvalorizou a taxa de câmbio e reajustou as tarifas 
públicas. Além disso, manteve uma política monetária apertada no intuito de conter a formação de 
estoques especulativos. O congelamento de preços adotado foi menos rígido do que o do Plano 
Cruzado, pois Bresser não tinha a pretensão de eliminar a inflação, mas apenas de criar uma trégua 
para que se implantassem gradualmente reformas destinadas a permitir seu controle efetivo. 
 Em relação a política fiscal, de cunho contracionista, o programa pretendia reduzir o déficit 
estatal aumentando as tarifas públicas, eliminando o subsídio ao trigo e adiando projetos de 
investimento governamentais, ajudando a criar uma imagem mais austera do governo. 
 Já a política monetária, no mesmo sentido, definiu taxas de juros reais positivas visando 
reduzir o consumo de bens duráveis. Além desses pontos, segundo Modiano (1989, p. 386), o plano 
se comprometia com “a independência do Banco Central na condução da política monetária; a 
proibição das emissões de moeda para financiar os déficits do Tesouro; a orçamentação prévia de 
todas as despesas do governo e a unificação dos múltiplos orçamentos”. 
 A falta de apoio popular, a desconfiança dos empresários, os movimentos de repasse dos 
preços, as mobilizações sindicais, as pressões políticas sobre o orçamento dos estados e municípios, 
levaram a renúncia do ministro Bresser Pereira no final do ano de 1987. 
 Com a nomeação de Maílson da Nóbrega e sua política “feijão com arroz” parecia ser o fim 
da orientação heterodoxa na economia. Entretanto, depois de um ano sem plano de estabilização a 
inflação sobe novamente e na tentativa de conter esse crescimento é lançado, em janeiro de 1989, 
ainda utilizando medidas heterodoxas, o Plano Verão com o congelamento de preços, salários e tarifas 
14 
 
e a criação do Cruzado Novo. Infelizmente, os efeitos desse pacote não passaram do “Sonho de uma 
Noite de Verão”9 e foram ainda mais breves que o dos planos heterodoxos anteriores. 
 É interessante a visão de Pinho (2019, p. 199): 
 
As sucessivas trocas de ministros e de rumos ao longo do Governo Sarney corroboraram o 
argumento de que nenhuma orientação econômica – seja ortodoxa ou heterodoxa – conseguiu 
obter o consenso do amplo leque das forças sociais e políticas que conduziram a transição 
brasileira à democracia. 
 
 O fim da era Sarney abria expectativas de mudanças positivas. O presidente eleito (Collor de 
Mello) preconizava a abertura e a estabilização econômica e, para tal, de acordo com seu discurso, 
possuía apenas uma bala. O disparo veio em forma de um programa extremamente heterodoxo com 
reformas abrangentes, chamado de Plano Collor (1990). 
 A inflação, depois da queda inicial, volta a subir em julho de 1991 ao patamar de dois dígitos, 
como resultado do relaxamento do controle de preços e salários e do processo irregular de 
desmonetização10. 
 É lançado, então, um novo pacote econômico que ficou conhecido como Plano Collor II e, 
dessa vez, a estratégia concentrava-se numa reforma financeira limitada e num ataque à inflação 
inercial. Com a criação da TR, busca-se eliminar a “memória inflacionária”, permitindo que a inflação 
fosse calculada através da inflação esperada, que estava em queda. 
 Porém, ela volta a acelerar, e a equipe econômica foi substituída antes que o efeito de longo 
prazo de todo o plano pudesse ser observado. Conforme Baer (1996, p. 202), “o novo ministro, 
Marcílio Marques Moreira, assumiu declarando-se contra qualquer tipo de tratamento de choque”. 
As principais medidas da nova equipe foram: controle dos meios de pagamentos, descongelamento 
de preços e desbloqueio dos ativos ainda imobilizados. O tiro do presidente não acertou o alvo, era o 
fim do Plano Collor (I e II), mais uma tentativa frustrada no combate à inflação. 
 Depois de seis planos e três trocas de moeda, um improvável vice (Itamar Franco) assume o 
poder e monta uma equipe econômica capaz de elaborar um programa ousado, projetado e realizado 
de forma transparente, sem surpresas, choques ou confiscos. O Plano Real possuía características 
predominantemente ortodoxas, apesar de profundamente inovadoras. 
 Para Dantas (2012, p. 48): 
O Plano Real, apresenta um novo caminho ao combate inflacionário, utilizando ferramentas 
ortodoxas e heterodoxas ao mesmo tempo, no intuito de criar as condições necessárias para 
acabar com a inércia inflacionária e seus outros componentes. A situação política da época era 
muito favorável, e o programa foi aplicado abertamente junto aos agentes, trazendo grande 
credibilidade e seriedade, e assim, possibilitando a sua estratégia de aplicação com sucesso. A 
inflação foi finalmente dominada, reduzindo a população miserável, aumentando o poder 
aquisitivo dos mais pobres, aumentando os investimentos, e criando bases para um crescimento 
sustentável. Uma moeda forte e estável foi finalmente introduzida no cenário nacional. 
 
9 Peça teatral escrita pelo poeta, dramaturgo e ator inglês William Shakespeare por volta de 1590. 
10 Retirada ou redução da base monetária e fiduciária circulante. 
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 Todos os planos anteriores apresentaram resultados positivos nos primeiros meses de 
vigência, entretanto, nenhum deles obtiveram sucesso a longo prazo. Neste ponto, contrariando as 
palavras de Keynes11 “in the long run we are all dead”12, por convivermos com instabilidades 
políticas que geram crises de credibilidade, problemas macroeconômicos estruturais e mercado com 
características extremamente voláteis, é imprescindível pensar a longo prazo. 
 Sem planejamento nossa economia é como pedaços de políticas fiscais, monetárias e cambiais 
costuradas aleatoriamente formando uma colcha de retalhos curta, que por vezes deixa a cabeça de 
fora e por outras os pés descobertos. 
5 CONCLUSÕES 
 A restauração da democracia não foi uma tarefa fácil. O primeiro presidente eleito, de forma 
indireta, a assumir foi um vice (Sarney). Logo depois, um caçador (de marajás) se transforma em caça 
(Collor sofre impeachment) e mais um vice assume. Itamar nomeia um sociólogo (Fernando Henrique 
Cardoso) para a pasta da economia e, posteriormente, o ministro se torna presidente. 
 Mas, no meio dessa turbulência política um fator permanece irredutível: a inflação. O processo 
inflacionário além de promover o desiquilíbrio econômico realimenta a instabilidade política e social. 
 O Brasil precisa consolidar a democracia e promover o desenvolvimento sustentável junto a 
distribuição equânime de renda e riqueza, por conseguinte, era prioritário debelar a inflação. 
 As equipes econômicas lutaram com todas as ferramentas que as políticas macroeconômicas 
dispunham. Entretanto, os planos Cruzado I e II, Bresser, Verão e Collor I e II não produziram mais 
do que um represamento temporário da inflação, pois não conseguiram resolver quaisquer dos 
conflitos distributivos – de renda e riqueza – ou atacado os desiquilíbriosestruturais da economia, 
que são focos de pressão inflacionária a médio prazo. Os efeitos permanentes de uma sucessão de 
choques de estabilização se mostraram tão perversos quanto os efeitos da inflação que pretendiam 
eliminar. 
 Porém, com o Plano Real o combate contra a inflação passa a ser pensado como uma batalha 
a longo prazo, com planificação e estratégia. Desse modo, finalmente o inimigo é abatido. De posse 
de uma moeda forte e da conservação dos preços o país fundamenta as bases para promover, enfim, 
um desenvolvimento econômico sustentável e melhorias nos índices sociais. 
 Nos momentos de crise pode ser de extrema relevância lembrar dos percalços do passado e 
aprender com os erros cometidos; recordar que as melhores e eficientes soluções resultam de 
planejamento e do pensamento a longo prazo. 
 
11 John Maynard Keynes, economista inglês (1883-1946) e um dos maiores ícones da teoria macroeconômica. 
12 A longo prazo, estamos todos mortos. 
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REFERÊNCIAS 
 
BAER, Werner. A Economia Brasileira. São Paulo: Nobel, 1996. 
 
BUAINAIN, Antônio Marco., RELLO, Fernando. Macroeconomia e Políticas Agrícolas: um guia 
metodológico. Campinas: Projeto INCRA/FAO, 1998. 
 
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: 
Rentince Hall, 2002. 
CUNHA, Luiz Roberto. A Estratégia do Programa de Estabilização. Rio de Janeiro: Editora PUC-
Rio, 1993. 
DANTAS, Pedro de Souza. Ferramentas de Combate à Inflação Durante a Nova República. Rio 
de Janeiro: Editora PUC-Rio, 2012. 
FONSECA, João José Saraiva. Metodologia da Pesquisa Científica. Fortaleza: UEC, 2002. 
 
LONGO, Carlos Alberto; TROSTER, Roberto Luís. Economia do Setor Público. São Paulo: Atlas, 
1993. 
 
LOPES, Francisco Lafaiete. O Desafio da Hiperinflação: Em busca da moeda real. Rio de Janeiro: 
Campus, 1989. 
MODIANO, Eduardo. A Ordem do Progresso: cem anos de política econômica republicana 1889-
1989. Campinas: Editora Campus, 1995. 
 
PINHO, Carlos Eduardo Santos. Planejamento Estratégico Governamental no Brasil: 
autoritarismo e democracia (1930-2016). Curitiba: Appris, 2019. 
 
RAMOS, Fernando Antônio da Cunha. Política Econômica Brasileira. Rio de Janeiro: Fundação 
Getúlio Vargas, 2015. 
VIANNA, Salvador T. Werneck; BRUNO, Miguel Antônio P.; MODENESI, André e Melo. 
Macroeconomia para o Desenvolvimento: Uma Agenda de Pesquisa. Rio de Janeiro: IPEA, 2011.

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