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MONOGRAFIA TELECOMUNICAÇÕES E CRESCIMENTO ECONOMICO

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
CURSO DE CIÊNCIAS ECONOMICAS
DELMA DE FÁTIMA VELOSO
CRESCIMENTO ECONÔMICO E EXPANSÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL – 2000 – 2010
GOIÂNIA
2013
DELMA DE FÁTIMA VELOSO
CRESCIMENTO ECONOMICO E EXPANSÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL – 2000 a 2010
Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Econômicas da Pontifícia Universidade Católica de Goiás, em atendimento ao requisito parcial para obtenção do grau de bacharel no Curso de Ciências Econômicas.
Orientador: Prof. Dr. Luis Antônio Estevam
GOIÂNIA
2013
DELMA DE FÁTIMA VELOSO
CRESCIMENTO ECONÔMICO E EXPANSÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL – 2000 A 2010.
Goiânia ______/______/______
Banca Examinadora
​​​​​​​​​​​​​​______________________________________________
 Prof. Dr Luis Antônio Estevam
 Presidente
______________________________________________
 Prof.
 Membro
______________________________________________
 Prof.
 Membro
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado aos meus pais, Maria José de Matos e José Nereu Soares Veloso, por serem exemplos de humildade, caráter, perseverança e por terem feito do meu sonho, os seus sonhos e tornado o possível, as minhas desculpas por tê-lo prorrogado tanto. Ao meu esposo Leonardo, pela parceria, dedicação e colaboração, sempre o meu porto seguro. Ao meu filho “Gut”, razão da minha existência e do significado da palavra amor e Charles, não me esqueci da promessa, seu nome consta neste trabalho.
AGRADECIMENTOS
Primeiramente à DEUS, que, em sua infinita bondade e sabedoria, sempre nos dá força para suplantar as dificuldades e a espiritualidade amiga que sempre conduz nossos pensamentos para jamais perdermos a fé.
Em especial ao meu orientador, Prof. Dr. Luis Antônio Estevam, pelo incentivo, dedicação e paciência. Pessoa a qual aprendi a admirar pela sabedoria, humildade e pelo amor incondicional a arte acadêmica. 
A toda minha família, pela existência de todos vocês em minha vida.
 “Vencedor não é só aquele que vence, mas
também quem dá o melhor de si na busca da vitória.”
(Paulo Berri)
RESUMO
O presente trabalho foi elaborado com o objetivo de tratar conjuntamente duas temáticas, o crescimento econômico nos últimos dez anos e a expansão das telecomunicações pós privatização, setor que tem tido extrema relevância no crescimento da economia nacional. Para tratar tais temáticas, foram abordadas a principio separadamente em capítulos paralelos para posteriormente apontar as variáveis de crescimento que permitiram concluir que os resultados da expansão do produto e da renda brasileira no período apresentaram crescimento, mas em proporção menor que a expansão das telecomunicações.
Palavras chaves: crescimento, tecnologia, transformações, telecomunicações.
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Aspectos Demográficos do Brasil (2000 – 2010)......................................
TABELA 2 – Brasil: Produto Interno Bruto (2000 – 2010)...........................................
TABELA 3 – Brasil: PIB por Setores da Economia (2000 – 2010)...............................
TABELA 4 – Brasil: Renda Per Capita (2000 – 2010)...................................................
TABELA 5 – Evolução da Densidade Telefônica ao redor do mundo (1888 – 1980)..
TABELA 6 – Atendimento do setor de telecomunicações no Brasil.............................
TABELA 7 – Resultado do leilão do Sistema Telebrás em US$ milhões – 1998..........
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – Faixa Etária da População (2000 e 2010)............................................
GRÁFICO 2 – Taxa de Crescimento do PIB 2000 a 2010..........................................
GRÁFICO 3 – Brasil: Formação Bruta do Capital Fixo 2000 – 2010........................
GRÁFICO 4 – Brasil: Evolução do Estoque do Emprego Formal 2000 – 2010........
GRÁFICO 5 – Brasil: Variação Percentual do Estoque de trabalho formal 2000 – 2010......................................................................................................................
GRÁFICO 6 – Brasil: Taxas de Desemprego Regiões Metropolitanas 2000 – 2010 .....................................................................................................................................
GRÁFICO 7 – Brasil: Trajetória do Gasto Social Federal 2000 – 2010..............
GRÁFICO 8 – Brasil: Trajetória do Gasto Social Federal Per Capita 2000 – 2010......................................................................................................................................GRÁFICO 9 – Brasil: Evolução da Bolsa Família (2003 – 2010).............................
GRÁFICO 10 – Brasil: Evolução do número de acessos instalados, acessos em serviços e densidade de telefonia fixa 2000 – 2010.........................................................
GRÁFICO 11 – Brasil: Evolução do número e densidade de Terminais de Uso Público (TUP) 2000 -2010.................................................................................................
GRÁFICO 12 – Brasil: Evolução do número e densidade de acessos móveis 2000 – 2010.....................................................................................................................................
GRÁFICO 13 – Brasil: Número de usuários de internet 2000 – 2010..........................
GRÁFICO 14 – Brasil: Crescimento da Banda Larga 2000 – 2010.............................
GRÁFICO 15 – Brasil: Participação das Classes no Uso da Internet (%) 2000 – 2010.....................................................................................................................................
GRÁFICO 16 – Brasil: Crescimento da TV por assinatura 2000 – 2010.....................................................................................................................................
GRÁFICO 17 – Brasil: Proporção de Domicílios com Acesso à Internet, Telefonia Fixa, Telefonia Celular e TV por Assinatura por região – 2009...................................
GRÁFICO 18 – Brasil: Proporção de Domicílios com Acesso á Telefonia Fixa, Telefonia Celular e TV por Assinatura por área – 2009................................................
GRÁFICO 19 – Brasil: Gasto Médio Mensal com Serviços de Telecomunicações (R$) – 2010..........................................................................................................................
GRÁFICO 20 – Brasil: Receita Bruta do Setor de Telecomunicações (em bilhões) 2000 a 2010.........................................................................................................................
GRÁFICO 21 – Brasil: Receita Bruta do Setor E Sua Relação com o PIB 2000 – 2010.....................................................................................................................................
GRÁFICO 22 – Brasil: Investimentos em Fixa e Móvel 2000 – 2010..........................
GRÁFICO 23 – Brasil: Investimentos em Telecomunicações e Sua Relação com a Formação Bruta de Capital Fixo e Com o PIB 2000-2010............................................
GRÁFICO 24 – Brasil: PIB Per Capita x Densidade Telefônica (fixa e celular) 2000 – 2010.........................................................................................................................
GRÁFICO 25 – Brasil: Comércio Eletrônico (e-commerce) 2001 – 2010.....................
GRÁFICO 26 – Brasil: Empregados no Setor de Telecomunicações2000 – 2010.....................................................................................................................................
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
	ADSL
	Asymmetric Digital Subscriber Line (Linha Digital Assimétrica para Assinante
	ANATEL
	Agência Nacional de Telecomunicações
	BNDES
	Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
	CAGED
	Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
	CETIC.BR
	Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação
	CNTr
	Centro Nacional de Treinamento da Telebrás
	COPOM
	Comitê de Política Monetária do Banco Central
	CPqD
	Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações
	DDD
	Discagem Direta à Distância
	DDI
	Discagem Direta Internacional
	DIEESE
	Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
	EUA
	Estados Unidos da América
	FAT
	Fundo de Amparo ao Trabalhador
	FGTS
	Fundo de Garantia por Tempo de Serviço
	FMI
	Fundo Monetário Internacional
	GESAC
	Governo Eletrônico Serviço de Atendimento ao Cidadão
	GSM
	Global System for Móbile Communications (Sistema Global para Comunicações Móveis
	IBGE
	Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
	IPCA
	Índice de Preços ao Consumidor Amplo
	IPEA
	Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
	LCA
	Letra de Crédito do Agronegócio
	LGT
	Lei Geral das Telecomunicações
	LOAS
	Lei Orgânica da Assistência Social
	MCT
	Ministério da Ciência e Tecnologia
	MHz
	MegaHertz
	MPOG
	Ministério do Planejamento
	MTE
	Ministério do Trabalho e Emprego
	PAC
	Programa de Aceleração do Crescimento
	PASTE
	Programa de Recuperação e Ampliação do Sistema de Telecomunicações e do Sistema Postal
	PBLE
	Programa de Banda Larga às Escolas
	PCS
	Personal Communication Service (Serviço de Comunicação Pessoal)
	PDV
	Plano de Demissão Voluntária
	PEA
	População Economicamente Ativa
	PIB
	Produto Interno Bruto
	PNAD
	Pesquisa Nacional por Amostragem de Domícilios
	PNBL
	Plano Nacional de Banda Larga
	PSID
	Programa Serpro de Inclusão Digital
	RAIS
	Relação Anual de Informações Sociais
	Secom
	Secretaria de Comunicação Especial
	Selic
	Sistema Especial de Liquidação e Custódia
	SIDOR
	Sistema Integrado de Dados Orçamentários
	SIAFI
	Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal
	SindiTelebrasil 
	Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel e Celular Pessoal
	TIC
	Tecnologia da Informação e Comunicação
	TUP
	Telefone de Uso Público
	UCA
	Projeto um Computador por Aluno
	
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................
CAPÍTULO I – ECONOMIA BRASILEIRA.........................................
A EVOLUÇÃO RECENTE DA ECONOMIA BRASILEIRA .............................
VARIÁVEIS DO CRESCIMENTO ECONOMICO..............................................
População........................................................................................
Produto Interno Bruto (PIB).........................................................
Mercado de trabalho......................................................................
Gastos Sociais..............................................................................
CAPÍTULO II – HISTÓRICO DAS TELECOMUNICAÇÕES...........
2.1 ASPECTOS DAS TELECOMUNICAÇÕES......................................................
2.1.1 Contexto histórico das telecomunicações no mundo...............................
2.1.2 Contexto histórico das telecomunicações no Brasil.................................
2.2 O SISTEMA TELEBRÁS...................................................................................
2.3 O PROCESSO DE PRIVATIZAÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL
CAPÍTULO III – A EXPANSÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL (2000 – 2010).................................................................................................................
3.1 AS TELECOMUNICAÇÕES NO BRASIL NO PÓS PRIVATIZAÇÃO....................
3.2 PANORAMA BRASILEIRO.........................................................................
3.2.1 Diversificação do setor.................................................................
3.2.2 Diversificação por regiões..............................................................
3.2.3 Impactos da expansão das telecomunicações na economia brasileira............
3.2.4 Programas e Projetos........................................................................................
CONCLUSÃO..............................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................
	
INTRODUÇÃO
O Brasil atravessa um período de intensa urbanização no território. O reflexo de tal fenômeno é o avanço do setor de Serviços no PIB nacional. A Indústria e a Agropecuária vêm perdendo espaço seguidamente para o setor de Serviços.
Por outro lado, o mundo atravessa também, um período de intensa evolução na informática e nas telecomunicações. A economia globalizada tornou-se fortemente dependente da revolução tecnológica pelo qual vem passando. Diversos autores têm tratado desta questão, assim como do fenômeno da urbanização brasileira.
A presente monografia objetiva tratar dessas duas questões conjuntamente, abordando o avanço da Telemática e, ao mesmo tempo a evolução da economia brasileira no período de 2000 a 2010, período de maior expansão no setor.
A problemática que guia este trabalho gira em torno da seguinte questão: as telecomunicações têm crescido, na mesma proporção que o crescimento econômico brasileiro na referida década?
A hipótese que norteia esta monografia confirma que a economia brasileira tem expandido, embora em proporção bem menor que o crescimento usufruído pelas telecomunicações.
A metodologia do trabalho compreende três momentos: o referencial teórico, a pesquisa técnica e a forma de abordagem.
No referencial teórico é utilizada a macroeconomia básica, com os seus conceitos dos aspectos demográficos, PIB, emprego, renda e investimentos, aplicados em levantamentos feitos no contexto da economia, baseado nos analistas clássicos brasileiros.
Alem dessa abordagem, o trabalho trata do histórico das telecomunicações, da privatização e da estatização, bem como, da complexidade das cadeias de comunicação no mundo moderno, pesquisados nas principais publicações do assunto.
Na pesquisa técnica, buscou-se a consulta dos clássicos da macroeconomia e das comunicações, conforme mencionada na pesquisa da internet junto às instituições públicas e privadas, pertinentes ao tema.
Na forma de abordagem optou-se pela exposição e estudo da temática do trabalho em três capítulos.
No primeiro capitulo, será visto a evolução recente da economia brasileira, o seu comportamento nos últimos anos, até a referida década. Para isso, a pesquisa parte de uma retrospectiva na historia, mostrando a evolução da economia ao longo dos tempos e o seu comportamento na virada do século, até o ano 2010. Para a análise do crescimento econômico, nesta ultima década, o capitulo será dividido em seções que analisaram as variáveis do crescimento econômico. Primeiro da população, onde se averigua as alterações demográficas brasileiras. Depois o PIB no período, suas taxas de crescimento ano a ano, bem como o crescimento por setores da economia, da renda per capita e dos investimentos anuais. Por fim, o comportamento do mercado de trabalho, mostrando o crescimento do trabalho formal e ainda os gastos sociais e investimentos aplicados para inclusão social.
No segundo capitulo, serão analisados, os aspectos das telecomunicações no Brasil. Será uma revisão históricados primeiros indícios do surgimento do telefone, um invento criado com o intuito de estabelecer a comunicação a distancia, até a revolução das telecomunicações, setor que se tornou de extrema relevância para o desenvolvimento de um país. Para tanto, o capitulo foi dividido nas seguintes seções: contexto histórico das telecomunicações no mundo, contexto histórico das telecomunicações no Brasil, sistema Telebrás e processo de privatização no Brasil.
No terceiro capitulo será tratado objetivamente à expansão das telecomunicações no Brasil no período de 2000 a 2010. Nesse capitulo será registrado todo o crescimento desse setor e suas transformações após a privatização, através das seções: panorama brasileiro das telecomunicações, diversificação do setor, diversificação por regiões, impactos da expansão das telecomunicações na economia brasileira, projetos e programas para o setor.
Espera-se que, na conclusão, a hipótese levantada seja confirmada. Ou seja, que a economia brasileira cresceu, mas, em proporção menor que o avanço das telecomunicações.
CAPÍTULO I: ECONOMIA BRASILEIRA 
1.1. A evolução recente da economia brasileira	
De acordo com os manuais de economia, o crescimento econômico de um país corresponde ao aumento de sua produção, bem como seu consumo de bens e serviços. Nesse processo, a renda per capita da sociedade pode se elevar de modo substancial, acarretando transformações estruturais quantitativas e qualitativas. Dentre elas destacam-se: a diminuição nas taxas brutas, tanto de natalidade como de mortalidade, pois alteram a estrutura etária da população e da força de trabalho; ampliação do sistema educacional e de saúde; maior acesso aos meios de transportes, de comunicação, bem como culturais; urbanização das atividades econômicas e da força de trabalho, em detrimento do setor primário, favorecendo as atividades de Serviços; maior integração com as mais importantes economias mundiais e aumento da produtividade média da economia nos diferentes setores da atividade econômica, liderado pelo setor industrial.
No caso do Brasil, o crescimento econômico tem se mostrado continuamente em um cenário de altos e baixos. A instabilidade das taxas de crescimento do PIB tem sido uma constante nas ultimas décadas.
Sob uma perspectiva histórica, esse cenário revela um País com momentos de grande expansão, apresentando elevadas taxas de crescimento. Desde o pós 2ª Guerra Mundial, até meados da década de 1970, quando o País cresceu a taxa média de 7,5% a.a, com picos no período do Plano de Metas de 8,2% a.a, fechando com o chamado “milagre econômico”, a uma taxa em torno de 14,5% a.a em 1973. Seguido por períodos de forte contração, que podem ser exemplificados com o período logo ao final da década de 1970, onde o crescimento do PIB apresentou uma taxa média de 2,2% a.a, seguida por uma taxa media decrescente de - 4,3% a.a, já em 81 inicio da “década perdida”. Em 1990 essa taxa permanece em -4,4% a.a, fechando a década e o século com 0,3% a.a em 1999. Para logo, após iniciar novamente um ciclo de crescimento que pode ser observado nos primeiros dez anos seguintes.
Ou seja, a evolução da economia brasileira, em termos de crescimento econômico foi bastante instável nos últimos 50 anos.
O País experimentou períodos de elevada taxa de crescimento ate o final dos anos 1970. A década de 1980, no entanto foi considerada uma década perdida porque o país conviveu com elevado déficit público, com altíssimo índice de inflação e endividamento, tornando assim o crescimento econômico praticamente nulo.
Na década seguinte, o país optou pela busca de crescimento econômico através da abertura para o exterior, as tarifas de importações foram paulatinamente diminuídas ou eliminadas e o Brasil experimentou um grau bem maior de abertura econômica. Entretanto esse crescimento continuou modesto. De positivo, o país encontrou uma saída para a contenção da inflação através do Plano Real, facilitando as expectativas dos agentes econômicos e as taxas de investimento.
Em suma o modelo de industrialização brasileiro (Modelo de Substituição de Importações), esgotou-se no inicio da década de 1980 e na década seguinte, a abertura econômica liquidou com esta política industrial de protecionismo.
O País iniciou o ano 2000 com significativo crescimento econômico e estabilidade financeira. Diversos indicadores revelaram uma década muito diferente da anterior, onde foram revertidas inúmeras tendências observadas nos anos 1990. Com isso, o Brasil experimentou importantes mudanças nos primeiros 10 anos do século XXI e o crescimento econômico apresentou taxas que há muito não eram vistas em nossa economia.
Para analise do crescimento econômico nesta ultima década, o capitulo será dividido em sessões que analisará as seguintes variáveis: população, onde se averigua as alterações demográficas da população brasileira, as taxas de crescimento do PIB no período, bem como o crescimento por setores e as taxas de investimentos anuais. Finalmente este, primeiro capitulo, tenta analisar os reflexos do crescimento demográfico e econômico no mercado de trabalho brasileiro e ainda os investimentos públicos com gastos sociais.
1.2 Variáveis do crescimento econômico
A renda Per Capita de um país é resultante da divisão Produto Interno Bruto pela população. Além do mais o produto cresce em setores diferenciados, ou seja, agricultura, indústria e serviços. Por isso, as variáveis de crescimento econômico, serão tratadas separadamente.
 População
Os dados demográficos produzem informações imprescindíveis que permitem conhecer a distribuição territorial do país, as principais características das pessoas e dos domicílios, a composição da renda e do mercado de trabalho. Ao mesmo tempo permitem acompanhar os impactos das transformações em relação á estrutura da economia, ao novo perfil da população e ás suas implicações para a estrutura do consumo. E a partir da, pode-se definir políticas publicas e tomadas de decisões de investimentos de acordo com a realidade do país. Ou seja, os dados demográficos são importantes para a economia de uma sociedade.
Os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2011 registraram acréscimo populacional de aproximadamente 21 milhões de habitantes, atingindo um total de mais de 190 milhões de habitantes no País. Esses resultados, embora apresentem um crescimento considerável em termos numéricos, mostram também uma desaceleração no ritmo de crescimento da população brasileira e mudanças expressivas em sua estrutura etária, no sentido de seu envelhecimento.
O processo migratório da população vinda do campo para a cidade, ocorrido a partir de 1950, fez com que a população brasileira se tornasse cada vez mais urbana, mais de 84% da população se concentra nas cidades, como mostra a tabela 1. Entretanto nesta ultima década, os dados evidenciam que o processo ainda continua, embora em níveis bem modestos.
	TABELA 1: Aspectos Demográficos do Brasil ( 2000 a 2010)
	Ano
	População
	Taxa de Crescimento (%)
	% da população urbana
	% da população rural
	
	
	
	
	
	2000
	169.799.170
	
	81,25
	18,75
	2001
	172.460.470
	1,57
	81,82
	18,18
	2002
	174.736.628
	1,32
	82,30
	17,70
	2003
	176.731.844
	1,14
	82,71
	17,29
	2004
	178.550.319
	1,03
	83,06
	16,94
	2005
	180.296.251
	0,97
	83,35
	16,65
	2006
	182.073.842
	0,99
	83,61
	16,39
	2007
	183.110.095
	0,57
	83,82
	16,18
	2008
	186.110.095
	1,64
	84,02
	15,98
	2009
	188.392.937
	1,23
	84,20
	15,80
	2010
	190.755.799
	1,25
	84,36
	15,64
	Fonte: Elaboração da autora com dados do IPEA, IBGE e PNAD.
	
Os dados mostram também que a população brasileira, em 2010, é mais urbanizada do que há 10 anos. Em 2000 pouco mais de 80% da população vivia nas cidades e em 2010, esse contingente já é superior a 84%. O processo é explicado, por se concentrar nascidades o maior número de empregos, em função das indústrias e da modernização da agropecuária. Vale ressaltar que, assim como as taxas do crescimento populacional tem sofrido declínio nessa ultima década, as taxas do processo migratório rural-urbano também têm acompanhado esse declínio. 
Outro processo importante observado na pesquisa é a mudança na estrutura etária da demografia brasileira, conforme mostra o GRÁFICO 1. O País vem enfrentando um processo significativamente acentuado de envelhecimento de sua população já há alguns anos que se acentuou na ultima década. Tal envelhecimento populacional significa uma alteração na proporção dos diversos grupos etários da população, o que pode ser observado no gráfico 1. Em 2000, a população idosa respondia por 8,56% do total, passando para 10,79% em 2010, um crescimento de 2,23%, enquanto o grupo de 0 a 14 anos correspondia em 2000 á 29,60% da população. Em 2010, esse número caiu para 24,07%, queda de 5,53% no período. Os resultados permitem também constatar que nesse momento o Brasil passa pela chamada janela demográfica �. A população com idade no mercado de trabalho (15 a 24 anos) passa de 34 milhões de pessoas. Com isso o Brasil alcança um “bônus demográfico” favorável ao crescimento econômico. Em outras palavras, o mercado de trabalho tem nos jovens a mola precursora para o crescimento.
Em resumo a população brasileira tem crescido como todos os países emergentes, ostentando uma taxa média razoável de expansão: 1,4% ao ano. A característica importante é que a população brasileira ainda é bastante jovem e tem hoje uma População Economicamente Ativa (PEA) de mais 101 milhões de habitantes.
 Fonte: Elaboração da autora com dados do IBGE e IPEA.
A função da População Economicamente Ativa (PEA) e do Emprego será vista no final do capitulo.
1.2.2 Produto Interno Bruto (PIB)
A análise da variação do Produto Interno Bruto (PIB) retrata o desempenho econômico do Brasil, uma vez que este indicador engloba a dinâmica de todos os setores da economia e de toda a renda gerada. 
A trajetória do PIB brasileiro, nos últimos dez anos possibilita compreender as mudanças ocorridas na economia nacional e reforçar a sua trajetória de instabilidade. 
Pelos dados do IBGE, a economia brasileira cresceu a uma taxa média anual em torno de 3,6% a.a, de 2000 a 2010, bem acima da média de 2,6% registrada na década anterior. No período, o valor corrente do PIB praticamente triplicou. Em 2000, esse valor não chegava a R$ 1,2 trilhão e em 2010, esse valor foi superior a R$ 3,6 trilhões. No entanto, a taxa de crescimento do PIB não acompanhou esse crescimento, mais uma vez reforçando a característica “stop and go” do PIB brasileiro. Ou seja, seu crescimento varia em um ano para maior, no ano seguinte para menor e volta a crescer novamente no ano posterior. Conforme TABELA 2.
	TABELA 2 – Brasil: Produto Interno Bruto (2000 – 2010)
	Ano
	Em (R$) trilhões correntes
	Taxa de Crescimento (%)
	2000
	1.179.482
	4,30
	2001
	1.302.136
	1,30
	2002
	1.477.822
	2,70
	2003
	1.699.948
	1,10
	2004
	1.941.498
	5,70
	2005
	2.147.953
	3,20
	2006
	2.369.484
	4,00
	2007
	2.661.345
	5,70
	2008
	3.031.864
	5,10
	2009
	3.239.404
	-0,20
	2010
	3.770.085
	7,50
	Fonte: Elaboração da autora com dados do IBGE�
 Evidente que esses picos de elevações e quedas do PIB são resultantes da conjuntura econômica vivenciada no País na ultima década.
Segundo os índices econômicos de 2000, o ano foi de crescimento. O PIB cresceu 4,3% contra 0,3% do ano anterior, nos dados do IBGE. GRÁFICO 2.
Fonte: Elaboração da autora com dados do IBGE e IPEA
Naquele ano o aquecimento da economia esteve relacionado a queda de juros, à estabilização do Real nos anos anteriores e a recuperação da confiança dos investidores, resultante do cumprimento do acordo com o FMI.
Em 2001 houve novamente uma desaceleração econômica, devido a crise energética vivenciada no País e pela insegurança no mercado externo provocado pela crise da Argentina e atentados terroristas contra os EUA. Com isso, o mercado de cambio passou por algumas oscilações e o Real sofreu depreciação.
 Para conter os impactos da crise, o país optou por uma política monetária retrativa, aumentando a taxa básica de juros e depósitos compulsórios, permanecendo dentro da meta inflacionária. Com tudo isso, o PIB cresceu apenas 1,3% naquele ano.
Em 2002, a taxa de crescimento do PIB alcançou 2,7%, crescimento ocasionado pela vitória nas eleições presidenciais do candidato de oposição (Lula). Assim adveio a incerteza quanto à sustentação da política econômica brasileira, que, aliada à degradação da economia e da política Argentina, resultou na queda do fluxo de capitais e aumentou o risco dos países emergentes, ainda em função do ataque ao Iraque pelos EUA. O resultado desse turbulento cenário foi o aumento da taxa cambial que, além de se manter alta, influenciou os preços internos e elevou a dívida pública. Também teve aumento da inflação, a depreciação do real elevou-se ainda mais, a taxa Selic, que sofreu queda forçada pelo Banco Central de Julho a Setembro, voltou a crescer e fechou em Fevereiro com uma meta de taxa de 25%�. 
Para 2003 o novo governo eleito, adotou uma política fiscal contracionista, desacelerando a taxa de crescimento do PIB. A insegurança nesse período foi marcada pelo aumento do risco-país�, pela depreciação da taxa de câmbio, pela saída de capitais e pela queda do crédito internacional. O governo Lula tentou controlar a inflação optando por continuar aumentando a meta Selic, elevou-a a 26,5% e a manteve nesse percentual ate Junho. Essa política econômica resultou em maior confiança dos mercados e na baixa do câmbio, que aliada á ferramentas monetárias restritivas conseguiu obter certo controle sobre a inflação. Com isso, a taxa básica de juro voltou a cair. 
A taxa de crescimento do PIB nesse ano foi de 1,1% e a inflação acumulada do período alcançou ainda 9,3% (IPCA).
O ano de 2004 foi marcado pela retomada do crescimento do PIB, que alcançou a taxa de 5,7%. A taxa de câmbio voltou a valorizar-se por causa do ambiente externo favorável e o continuo aumento do saldo da balança comercial. A queda da inflação iniciada no anterior motivou o Banco Central a reduzir as metas da taxa Selic, com o intuito de prorrogar o crescimento econômico e alcançar pequeno nível de inflação.
A taxa de crescimento do PIB em 2005, por sua vez foi menor do que em 2004. Cresceu 3,2% e a retração foi resultante da desaceleração dos investimentos nos setores da indústria de transformação e agropecuária.
Para 2006 o crescimento registrado foi de 4,0%, consubstanciando pequeno aumento comparado com o ano anterior. O ano foi marcado pelos reflexos da crise do agronegócio iniciado em 2005, determinada pela ausência de investimentos, de incentivos por parte do governo e pelo comprometimento das exportações brasileira do setor, devido a preocupação mundial com a gripe do frango, febre aftosa e transgenia.
O resultado de 2007 mostrou crescimento de 5,7%, conquistado principalmente pela recuperação do setor do agronegócio, setor que apresentou maior crescimento no ano, conseguido com o bom desempenho das lavouras e o preço pago pelos produtos. Nesse ano o agronegócio foi um dos setores de maior desempenho na economia brasileira�, aliado a projetos do PAC em andamento.
O PIB em 2008 foi de 5,1%. Ate meados de 2008, a economia brasileira viveu um ciclo favorável, pois cresceu a confiança dos empresários no mercado interno estimulada pelo aumento do credito e do rendimento da população, a indústria atraiu investimentos. Somente no ultimo trimestre do ano, os impactos da crise financeira internacional começaram a repercutir na economia brasileira�. Repercussão que pode ser notada claramente nos resultados do ano seguinte.
Em 2009 o PIB teve uma retração significativa e a taxa ficou em – 0,2%. A crise financeira internacionaliniciada em 2008 impactou a economia brasileira, acarretando uma desaceleração no mercado interno e o setor mais afetado foi o da indústria. No segundo semestre, a economia deu indícios de recuperação, propiciado pelo bom desempenho do mercado interno, aquecido pelas reduções do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI) para automóveis, eletrodomésticos da linha branca e matérias de construção e ainda pela pequena melhora no comercio internacional.
Em 2010 o PIB alcançou uma taxa de 7,5%. Segundo o IBGE foi à maior alta desde 1986. Após o baque da crise financeira internacional, a economia brasileira voltou a ter um crescimento sustentável e o motor dessa superação foi a demanda domestica (consumo interno)�. Os investimentos também mostraram um ritmo de crescimento favorável (ver Gráfico 3), e a indústria apresentou melhor desempenho dos setores.
Se analisado sob a ótica dos setores da economia, o PIB brasileiro revela que os três principais setores, continuam representando parcelas bem distintas de sua composição (ver Tabela 3). 
A agropecuária, apesar da agricultura, tradicionalmente ser entendida como um forte setor da economia nacional é o setor com a menor parcela na composição do PIB. Em 2010, ele representou apenas 5,8%, praticamente a mesma de 10 anos atrás. 
A indústria representou quase 30% da composição do PIB, sendo a indústria de transformação responsável por mais de 60% desse percentual�. Foi também a indústria o setor que teve maior desempenho no ano de 2010, obtendo um crescimento em torno de 1,4% comparado ao ano de 2009, enquanto a agropecuária e os serviços tiveram respectivamente uma queda de -0,3% e -1,1%, comparado ao mesmo ano. 
	TABELA 3: Brasil - PIB por Setores da Economia (2000 – 2010)
	Ano
	Agropecuária
	Indústria
	Serviços
	
	 Valores a preços correntes  (bilhões de R$)
	(%)
	 Valores a preços correntes  (bilhões de R$)
	(%)
	 Valores a preços correntes  (bilhões de R$)
	(%)
	2000
	66.051
	5,6
	326.717
	27,7
	786.714
	66,7
	2001
	78.128
	6
	350.275
	26,9
	873.733
	67,1
	2002
	97.536
	6,6
	400.490
	27,1
	979.796
	66,3
	2003
	125.796
	7,4
	472.586
	27,8
	1.101.566
	64,8
	2004
	133.963
	6,9
	584.391
	30,1
	1.223.144
	63,0
	2005
	122.433
	5,7
	629.350
	29,3
	1.396.169
	65,0
	2006
	130.322
	5,5
	682.411
	28,8
	1.559.120
	65,8
	2007
	149.035
	5,6
	739.854
	27,8
	1.772.456
	66,6
	2008
	178.880
	5,9
	845.890
	27,9
	2.007.094
	66,2
	2009
	197.604
	6,1
	822.809
	25,4
	2.218.992
	68,5
	2010
	218.665
	5,8
	1.010.383
	26,8
	2.541.037
	67,4
	Fonte: Elaboração da autora com dados do IBGE e do Seplan�
	
	
O setor de serviços foi responsável por mais de 67% da composição do PIB, com uma receita de mais de R$2,5 trilhões, sendo um dos principais responsáveis pela economia brasileira, pois é o setor que mais ajudou a aumentar a competitividade interna e externa e também foi responsável por mais de 75% dos empregos formais gerados no país�. Conforme mostrado na TABELA 3.
O aspecto mais relevante para o crescimento de uma economia é a taxa de investimento do seu PIB, pois ela retrata a parcela do PIB que foi destinada á reposição e ampliação do capital (da capacidade produtiva) no País. É o investimento que irá determinar o aumento da produção, emprego e riqueza no futuro. Sendo assim, quanto maior for á taxa de investimento, maior será o crescimento do País e a geração de emprego nos anos seguintes. 
Tornou consenso entre economistas que um país para conseguir sustentar o seu crescimento precisa de uma de taxa de investimento de, pelo menos 25% ou ¼ do seu PIB para um crescimento médio de 5% ao ano. 
No Brasil essa taxa está muito abaixo desse percentual. Não chega a 20% do PIB (ver Gráfico 3). O ano em que apresentou a melhor taxa de investimento, essa taxa chegou a 19,1%, foi em 2008, justamente o ano em que teve inicio a crise financeira internacional.
 Fonte: Seplan�
O recuo na taxa de investimento do ano seguinte foi de 2,2%, Naquele ano, a taxa de investimento foi de 16,9% praticamente a mesma do ano 2000. Em 2010, houve novamente crescimento na taxa de investimento, ficando em o 18,4%, embora ainda bem distante do percentual de consenso.
	Tabela 4: Brasil - Renda Per Capita (2000 – 2010)
	
	Ano
	 Renda Per Capita
	
	Preço Corrente (R$)
	Taxa de Crescimento (%)
	2000
	6.886
	2,8
	2001
	7.492
	-0,2
	2002
	8.382
	1,2
	2003
	9.511
	-0,2
	2004
	10.720
	4,3
	2005
	11.709
	1,9
	2006
	12.769
	2,7
	2007
	14.183
	4,9
	2008
	15.992
	4,1
	2009
	16.918
	-1,3
	2010
	19.509
	6,5
	 Fonte: Elaboração da autora com dados do IBGE�.
A taxa de crescimento da renda per capita foi a que mais sofreu declínio negativo nos dez anos aqui estudados, conforme TABELA 4. Mesmo assim é notório que estatisticamente o poder de compra dos brasileiros tem apresentado crescimento, ano a ano, de 2000 a 2010. 
A renda per capita passou de R$ 6.886 em 2000, para R$19.509 em 2010, ou seja, mesmo em 2009, ano da crise financeira internacional e que toda economia passou por um momento critico, a renda per capita apresentou crescimento comparando-se com o ano anterior.
Em suma, apesar de o PIB brasileiro ter enfrentando um resultado de instabilidade na ultima década, a renda per capita cresceu bastante em termos absolutos, melhorando pelo menos estatisticamente o desempenho do poder de compra do cidadão brasileiro.
Observou-se também que o setor de serviços continuou em todo período representando mais de 2/3 de toda renda nacional. O crescimento da indústria e agropecuária no período foi muito pequeno.
O resultado de tudo pode ser avaliado, em termos sociais, primeiramente no mercado de trabalho.
1.2.3 Mercado de trabalho 
O mercado de trabalho brasileiro, na ultima década apresentou comportamento bastante atrelado á dinâmica econômica do país. Com isso o crescimento econômico do período refletiu positivamente também no crescimento do mercado de trabalho.
Enquanto nos anos 1990, o Brasil enfrentou uma grave crise do emprego. Década em que a questão do desemprego se tornou o maior e mais grave problema do país na percepção da população brasileira, pois nesse período o mercado de trabalho apresentava um ritmo muito baixo na criação de emprego e concentrado na criação de ocupações precárias e informais. Os anos 2000 mostraram um panorama bem diferente. 
A primeira década do século XXI encerou com um crescimento significativo nos postos de trabalho do mercado formal. As políticas públicas, adotadas deram forte impulso e os resultados foram à expansão e melhora nos níveis de ocupação, queda do desemprego e aumento do emprego formal. Podendo-se dizer inclusive que a intensa geração de emprego formal, tenha sido um dos aspectos mais virtuosos do crescimento econômico na década de 2000. Uma vez que o crescimento da formalização do trabalho é um importante indicativo de melhoria no mercado de trabalho e conseqüentemente isso reflete no crescimento econômico, pois com a entrada de mais trabalhadores no mercado formal, há aumento do nível de assalariamento da economia ao mesmo tempo em que se contribui para a queda das taxas de desemprego, isto porque o regime assalariado, quando formalizado, assegura ao trabalhador, vários direitos, como o acesso á proteção da Previdência Social, 13° salário, férias remuneradas, descanso semanal remunerado, licenças maternidade e paternidade, recolhimento de FGTS, aumentando o poder de consumo do trabalhador.
Entre 2000 e 2010, o país criou mais de 17 milhões de emprego formais, mais de 1,4 milhões por ano. Ver Gráfico 4. Segundo dados da PNAD-IBGE, nesse período para cada dez novas ocupações criadas sete foram empregos formais, enquanto na década anterior esse valor era de três para cada dez. 
Fonte: MTE, RAIS�. Elaboração: Dieese
O contingente doemprego formal no Brasil cresceu á taxa média de 5,3% ao ano de 2000 a 2010, bem superior a expansão média do PIB e do crescimento da População Economicamente Ativa (ver GRÁFICO 5) no mesmo período. Mesmo no período de crise, como em 2009, em que o PIB esteve estagnado, essa taxa conseguiu manter-se, num patamar de crescimento acima do crescimento do PIB.
Fonte: MTE, RAIS�, Elaboração: Dieese
Seguindo o desempenho positivo do mercado de trabalho, o desemprego por sua vez revelou um declínio acentuado no período analisado, esse declínio foi um marco na economia brasileira na ultima década. Pela Dieese-IBGE, a taxa de desemprego, caiu de 20,2% em 1999, para 18,7% em 2000 e 12,1% em 2010, no período foi uma queda de aproximadamente 60%. Desde 2003 essa taxa apresentou quedas sucessivas, mas foi a partir de 2005 que essa queda ganhou força, GRÁFICO 6.
Fonte: Dieese/Seade, MTE/FAT e Convênios regionais PED – Pesquisa de Emprego e Desemprego�. 
1 – Regiões metropolitanas compreendem: Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, 
Porto Alegre e Distrito Federal.
1.2.4 Gastos sociais
O gasto social é uma variável relevante para o crescimento econômico e distribuição de renda. Pois os gastos do governo com o pagamento de benefícios e prestação de bens e serviços se convertem velozmente em consumo de alimentos, serviços e produtos industriais básicos que dinamizam a produção estimulam o emprego, aumentam a renda e reduzem a pobreza e a miséria extrema, ampliando assim a demanda agregada e ampliando o mercado interno de consumo de massa.
No Brasil a política social é implementada por meio de ações do Estado, mas só foi reconhecida como política de Estado no final do século XX, com a carta constitucional de 1988, e somente na primeira década do século XXI foi possível constatar uma política social mais estruturada, com a criação de Programas de Transferência Direta de Renda e a ampliação dos benefícios a maior número de pessoas.
O gasto social está dividido basicamente em: Previdência Social Geral, Previdência Social do Setor Público, Educação, Saúde, Assistência Social, Trabalho e renda.
A assistência social foi a que recebeu maior ênfase no período e contribuiu decisivamente para a ampliação dos gastos sociais. Segundo dados do Ipea, 52% dos recursos dos gastos públicos são destinados a área social. Incluem aqui os serviços de seguridade pública, programa de melhoria na qualidade de vida, programas de renda mínima, subsídios a serviços de primeiras necessidades. Já são mais de 11 milhões de famílias cadastradas nos Programas de Transferência Direta de Renda e mais de 3 milhões de pessoas beneficiadas pela Lei Orgânica da Assistência Social (Loas). 
Mas mais importante é que o expressivo crescimento nos gastos públicos não aconteceu apenas na área social, mas abrangeu todas as áreas da política social. Em percentuais diferentes é claro, mas todos relevantes para o resultado alcançado.
 Fonte: SIAFI/SIDOR Elaboração: Disoc/Ipea�.
O GRÁFICO 7 demonstra a elevação permanente dos Gastos Sociais do Governo Federal no período de 2000 a 2010. Observa-se que em 2000 o valor era R$ 306,8 bilhões e em 2010, esse valor alcançou R$ 638,5 bilhões. Um crescimento real de mais de 100% em 10 anos. 
Se considerado também o crescimento populacional no mesmo período, ver GRÁFICO 8, observa-se que o gasto social federal per capita teve um acréscimo de mais de 82% em termos reais, passando de R$ 1.802,90 em 2000 para R$ 3.324,84 em 2010. 
Essa trajetória de crescimento, embora permanente, não foi homogênea. Há momentos mais lentos, como 2002/2003 que apresentou um leve declínio e outros mais velozes a partir de 2006. Crescimento esse que não mostrou sinais de frenagem nem mesmo no período da crise iniciada em 2008.
Apesar do crescimento contínuo do Gasto Social Federal em valores reais nos últimos anos, a parcela do PIB destinada aos gastos sociais do governo federal manteve-se estável de 2006 a 2008, para então dar um salto inédito em 2009, e repetir o mesmo patamar no ano seguinte.
Fonte: SIAFI/SIDOR Elaboração: Disoc/Ipea�.
O Programa Bolsa Família merece destaque por se tratar do mais importante programa de transferência de renda atualmente. Foi instituído em 2003 unificando os programas que existiam na época, como: Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Auxílio Gás, Cartão Alimentação. O orçamento destinado a esse programa em 2010 foi de R$ 14,4 bilhões o correspondente a 0,38% do PIB, enquanto em 2003 no inicio do programa, o orçamento foi de R$ 3.2 milhões. Em oito anos um crescimento muito maior do que qualquer outro apresentando na economia brasileira no mesmo período. Ver GRÁFICO 9.
Fonte: Brasil sem miséria�
Em resumo, a avaliação final do comportamento da estrutura sócio-econômica brasileira recente foi positiva. Em termos demográficos, a população cresceu nos últimos dez anos, a uma taxa média de 1,5% ao ano, o que representa uma expansão relativamente moderada. De positivo, o bônus demográfico favorável ao crescimento econômico, na pirâmide etária brasileira, constitui um fenômeno novo.
Com relação ao PIB, houve um crescimento médio no período de 3,6%, sendo que o Produto triplicou em valores correntes na década considerada.
Da mesma forma, a renda per capita ostentou um crescimento estatístico em percentual, apesar da instabilidade das taxas de expansão quando consideradas ano a ano. De qualquer modo, a economia brasileira ainda tem um potencial de crescimento acumulado, pois a taxa de investimentos ainda caminha apenas no patamar de 17% a 18% do PIB. Não é por demais repetir, que, para um crescimento em torno de 5% ao ano, é necessário um montante de investimentos na ordem de 25% do PIB.
Com relação ao mercado de trabalho, os dados comprovam uma queda no desemprego e um aumento no emprego formal, que amorteceram o crescimento da PEA ao longo da década. O que houve de novidade foi a expansão dos gastos sociais, principalmente a partir de 2003, que colaborou para uma maior distribuição de renda entre a população brasileira mais carente.
 
CAPÍTULO II: HISTÓRICO DAS TELECOMUNICAÇÕES
2.1 Aspectos das telecomunicações no Brasil
Comunicação ou serviços de comunicação é o conjunto de atividades que põem em funcionamento os meios pelos quais as pessoas compartilham informações, pessoais ou profissionais, ou seja, é o canal de acesso a todo e qualquer individuo em uma sociedade. Incluem-se nessa categoria alem da mídia, rádio, a área de telecomunicações, que abrange serviços de telefonia, internet e TV a cabo.
As telecomunicações formam a base tecnológica das sociedades modernas. A evolução tecnológica das telecomunicações teve uma de suas primeiras experiências com a invenção do telefone, em 1875, pelo escocês Graham Bell. A partir dessa experiência, teve inicio a evolução das telecomunicações, na verdade uma revolução que mudou a historia. E, desde então, vem apresentando mudanças revolucionárias com novas e surpreendentes tecnologias, que fazem com que o sistema de telecomunicações seja considerado uma força socioeconômica de grandes proporções. A propósito, é o ramo da economia que apresentou maiores taxas de crescimento nas ultimas décadas. Sua importância pode ser explicada através da crescente participação no total da economia mundial, inclusive da economia brasileira em particular. O desenvolvimento desse setor tem um papel significativo em uma sociedade globalizada, gerando renda e emprego. Seus resultados imediatos elevam os índices de produção, aumentam a produtividade do trabalho e estimulam o desenvolvimento econômico. A abordagem deste capítulo será justamente sobre a importância e a expansão desse setor na economia brasileira.
Ate o século XIX, às matérias primas e os meios de produção promoviam a melhoria e o desenvolvimento de uma determinada área. A partir de então, cabe a posse da informação promovera evolução e o poder de uma região. Sendo o que, em outras palavras, Castells� define como a Era da Informação. E é justamente o setor de telecomunicações o viabilizador dessa posse. Através das telecomunicações, a informação se distribui de forma rápida e precisa. Imagens e fatos, palavras e opiniões mudam a ordem dos acontecimentos e alteram a realidade do mundo, criando assim uma necessidade cada vez maior para um número maior de usuários.
Assim, o setor de telecomunicações passou por um processo de rápida evolução em nível mundial. Principalmente nas ultimas cinco décadas, devido aos avanços tecnológicos digitais, houve acelerada disseminação da telefonia de longa distancia, da comunicação de dados, da telefonia celular, da teleinformática, das unidades centrais de processamento, dos satélites geoestacionários�, da comunicação de texto, da transmissão de sinais de televisão e rádio, das comunicações marítimas, das fibras ópticas, da tecnologia wireless, das antenas, microeletrônica, dos sinais operacionais e da internet. 
Essa evolução tecnológica no setor possibilitou a redução das distancias de maneira notável, permitindo a conexão entre os cinco continentes, promovendo a integração entre as pessoas através da comunicação com qualquer individuo em diferentes partes do mundo, desenvolvimento de negócios entre países e sendo determinante para o atual estágio da globalização, através da abertura do setor em vários países, desde a Europa até os países emergentes. A evolução também propiciou ainda um aporte de investimentos significativos na infraestrutura do setor, acarretado pelo aumento da velocidade da transmissão e da entrada de novos usuários aos serviços oferecidos.
Hoje de fato, tornou-se impossível imaginar as sociedades modernas desprovidas das facilidades oferecidas pelas telecomunicações e pela sua multiplicidade de serviços. Facilidades essas que estão presentes tanto no dia-a-dia do cidadão, como no âmbito econômico, social e cultural. A generalização e a democratização do seu uso constituem hoje um indicador de progresso para muitos países e mesmo a chave para a criação de novas oportunidades de negócios com diferencial competitivo.
Neste capitulo será discutida a expansão no setor de telecomunicações no Brasil. Para tanto o capitulo está dividido em: contexto histórico das telecomunicações no mundo e no Brasil, a criação da Telebrás, o processo de privatização do setor e a expansão na economia brasileira de 2000 a 2010.
2.1.1 Contexto histórico das telecomunicações no mundo
A comunicação desde o inicio dos tempos sempre foi uma necessidade humana, na tentativa de buscar aproximar-se de comunidades distantes pelos mais variados motivos. Nesta tentativa varias gerações desenvolveram inúmeros métodos de comunicação a distancia, mas somente com o advento e aperfeiçoamento das telecomunicações isso se tornou possível. 
A história das telecomunicações remonta ao final do século XVIII, quando os principais sistemas foram empregados para a transmissão à distância. Entretanto, sua implantação definitiva ocorreu apenas na segunda metade do século XX, como conseqüência do avanço acelerado da eletrônica e das ciências associadas à automatização.
Dentre várias invenções, três marcaram a evolução das telecomunicações no mundo até os dias atuais. Em 1844, Samuel Morse inventou o telégrafo, 1876, Graham Bell inventou o telefone e em 1895, Marconi inventou o rádio. Mas foi sem duvida, a invenção de Graham Bell que deu inicio a historia das telecomunicações.
O telefone se espalhou rapidamente por todo o mundo e em um período de poucos anos, foram instaladas as primeiras redes telefônicas em Nova Iorque, Filadélfia, Denver, Chicago, São Francisco, alem de outras cidades dos Estados Unidos pela Bell Telephone Company, fundada por Graham Bell.
Logo depois o processo de implantação das redes telefônicas ocorreu quase simultaneamente em todo o mundo. O desenvolvimento do telefone, como meio de comunicação, ocorreu de forma rápida, partindo de um plano global para chegar á instalação de linhas telefônicas mais regionais e ate mesmo locais. Essas mudanças e inovações tecnológicas permitiram á sociedade o encurtamento de distancias, ocasionando novos impulsos de crescimento ás cidades e a conquista de novos espaços.
A partir daí, a incorporação de novas tecnologias ao telefone não cessaram de evoluir e muitos fatos� marcaram tal evolução:
1876 – Alexandre Graham Bell patenteia a invenção do telefone, ainda naquele ano foi realizada a primeira ligação interurbana do mundo, entre as cidades de Baltimore e Salem, a uma distancia de aproximadamente 25 quilômetros.
1878 – O primeiro telefone público é instalado nos EUA e Londres funda a primeira companhia telefônica privada, a Telephone Company Ltd.
1885 – Lars M. Ericsson revoluciona o design do telefone, acoplando bocal e fone numa única peça.
1892 - 	Alon B. Strowgeer inaugura, em Indiana, a primeira central telefônica automática. 
1904 – Padre Roberto Landell de Moura traçou um projeto de transmissão de imagens á distancia, que ele batizou de The Telephotorama (visão á distância). Tratava-se do primeiro protótipo da televisão.
1906 – Acontece a primeira transmissão radiográfica do mundo, nos Estados Unidos por Lee Forest.
1920 – È inaugurada a primeira emissora de rádio do mundo, instalada em uma garagem na cidade de Pitsburg, Estados Unidos..
1946 – Entra em funcionamento o primeiro computador eletrônico dos Estados Unidos, o Eniac.
1956 – Começa a funcionar o primeiro cabo telefônico transatlântico entre Estados Unidos e Grã-Bretanha.
1962 – Entra em operação o primeiro satélite mundial de telecomunicações, o Telstar, construído pelos laboratórios Bell.
1966 – Inicio da aplicação da fibra óptica em telecomunicações.
1971 – A Intel anuncia o invento do microprocessador, base dos futuros computadores.
1978 – A Telefonia Móvel Celular é ativada no Japão.
2000 – Escolha da faixa de 1.8 MHz para o PCS (Personal Communiction Service).
2001 – Assinatura das primeiras licenças GSM.
Enfim, de lá para cá, a incorporação tecnológica nas telecomunicações, tornou-se intensa, complexa e impressionante. As mudanças advindas da evolução tecnológica acarretaram o crescimento e a reestruturação nos centros urbanos.
	TABELA 5 - Evolução da Densidade Telefônica ao redor do mundo (1888 - 1980)
	N° de linhas por 100 habitantes
	1888
	1913
	1928
	1938
	1948
	1960
	1970
	1980
	Estados Unidos
	0,25
	9
	15,8
	15,1
	24,2
	39,5
	5,6
	79,9
	Canadá
	-
	-
	13,2
	11,9
	17,4
	30,8
	45,4
	66
	Japão
	-
	-
	-
	-
	3
	7
	15
	46,3
	Suécia
	0,31
	4,9
	7,7
	11,7
	21,2
	35,3
	55,7
	77,3
	Suíça
	0,27
	2,7
	5,6
	10,2
	16,3
	2,6
	48,2
	70
	Alemanha Ocidental
	0,08
	2,1
	-
	5,3
	6
	11
	22,4
	43,3
	Inglaterra
	0,06
	1,6
	3,6
	6,4
	9,3
	15
	25
	48,1
	França
	0,03
	0,8
	2,2
	3,7
	5,2
	9,1
	17,2
	41,5
	Italia
	0,04
	-
	0,7
	1,4
	1,6
	7,1
	17,4
	31,8
	Espanha
	0,05
	-
	0,6
	1,2
	1,8
	5,4
	13,4
	29,9
	Dinamarca
	0,13
	4,7
	9,3
	11,2
	14,8
	22,2
	34,2
	61,5
	Fonte: Aurelle (1986:33)
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	 
	 
Tais modificações fizeram com que o uso do telefone se tornasse cada vez mais indispensáveis. Desde então, já era possível acompanhar esse crescimento, conforme a tabela abaixo:
Pelos dados acima podemos observar o que foi dito anteriormente, ou seja, a rápida disseminação do uso do telefone, a quantidade cada vez maior de linhas instaladas ao redor do mundo. É válido lembrar, ainda, que Inglaterra, França, Alemanha e Japão tiveram suas redes parcialmente destruídas durante a Segunda Guerra Mundial, justamente os países que apresentaram menor crescimento. Mas, que foram sendo reimplantados ao longo dos anos, conforme tabela acima.
Desde o inicio, as telecomunicações vêm revolucionando a vida das pessoas, colocando-as cada vez mais perto uma dasoutras. No principio aconteceu de forma tímida, no entanto, agora as mudanças são profundas e dinâmicas, impulsionando a economia do planeta e influenciando o modo de vida das pessoas.
Ao longo da historia, o setor de telecomunicações demonstrou uma força socioeconômica de proporções gigantescas. Com isso, esse ambiente se tornou muito mais complexo e competitivo, sendo que as mudanças ocorridas têm alterado permanentemente sua estrutura. Tais mudanças levaram a alterações na organização das atividades produtivas e conseqüentemente nas formas de concorrência do setor, como será visto no caso brasileiro.
Nos anos 1950, inicia-se a revolução tecnológica da informação, com o surgimento dos primeiros sistemas de computadores, baseados em grandes equipamentos para processamento e armazenamento de informações.
Hoje, o setor de telecomunicações no mundo atingiu uma evolução admirável e o centro desse avanço, segundo Castells, está na revolução tecnológica, concentrada nas tecnologias da informação e comunicação, reformulando um novo desenho das economias em todo o mundo. 
As telecomunicações no mundo não se restringem mais a monopólios públicos. O setor se tornou um mercado competitivo e internacionalizado. O acirramento da concorrência internacional, o reforço da globalização e a concentração de grandes operadores e fornecedores, fizeram com que o setor adotasse estratégias concorrenciais e de investimentos típicos de outros setores oligopolizados. Atualmente as grandes empresas mundiais de telecomunicações estão se transformando em global partners�, acompanhando o movimento das macroempresas transnacionais. Esse novo mercado cria poderosas e sofisticadas redes de comunicação de dados, gerando uma demanda de telecomunicações altamente rentável e tecnologicamente muito avançada. Propiciou o surgimento de novos mercados, de serviços e de produtos antes inexistentes como comunicação de dados a alta velocidade, serviços interativos de home-banking, telecompras, internet/intranet\extranet, integração de sistemas, redes sociais e principalmente a convergência dos serviços uma forte tendência atualmente.
2.1.2 Contexto histórico das telecomunicações no Brasil 
No Brasil, assim como no restante do mundo, muitos foram os esforços e invenções para se criar uma forma de comunicação a distancia. Como, exemplo as tentativas do gaúcho, o padre Landell de Moura, com seus experimentos de transmissão sem fios de sinais, entre a Avenida Paulista e o bairro do Santana. O clérigo tentou de várias maneiras demonstrar ao governo brasileiro e aos empresários locais a utilidade e a viabilidade de seu invento, mas todos sem sucesso. O contexto brasileiro, na época, não era favorável a esse tipo de ousadia, pois era uma novidade de alto risco e que envolvia uma tecnologia avançada para a época, num país eminentemente agrícola.
A telecomunicação só veio de fato a ser implantada no Brasil, em 1877, com a instalação de um par de telefones, presente de Graham Bell a D. Pedro II, após sua visita à Exposição do Centenário da Independência dos Estados Unidos. Segundo os registros históricos, D. Pedro era muito interessado pela tecnologia, inclusive a ele é atribuída à credibilidade da invenção de Graham Bell. O presente dado por Graham Bell foi instalado no Rio de Janeiro, antiga capital de Império. A partir daí, abriu-se o mercado brasileiro para as telecomunicações e o telefone foi sendo aos poucos disseminado em outros pontos do país. Apesar de o país ter vivenciado um lento desenvolvimento nesse setor, após a instalação das primeiras linhas, foi perceptível as mudanças e alterações no cotidiano das pessoas, possibilitado assim, como no resto do mundo, a facilidade na comunicação, a qualquer hora do dia e em qualquer lugar do mundo. 
Essas mudanças alavancaram a história das telecomunicações no Brasil. E não demorou, para que, D. Pedro abrisse o mercado para algumas empresas particulares operarem em diferentes regiões brasileiras. A partir da 1ª Guerra Mundial foi importante o crescimento do número de linhas instaladas. 
A trajetória das telecomunicações no Brasil também foi marcada por grandes momentos, que se tornaram decisivos para a evolução atual do setor: 
1876 – Visita de dom Pedro II á exposição do Primeiro Centenário da Independência dos Estados Unidos.
1879 – D. Pedro II autoriza o funcionamento da primeira empresa de telefonia no Brasil.
1883 – A primeira estação telefônica do Brasil é instalada em Santos, com 75 assinantes.
1884 – Os primeiros telefones começam a funcionar na cidade de São Paulo.
1893 – As primeiras transmissões de sinais telegráficos e de voz humana em telefonia sem fio no mundo são realizadas pelo padre Landell de Moura, na cidade de São Paulo.
1922 – Os serviços de telegrafia e telefonia via rádio são introduzidos no Brasil, entre o Rio de Janeiro e Nova Iorque.
1958 – O primeiro sistema de discagem direta a distancia (DDD) da America do Sul é implantado no Brasil.
1962 – Criação do Código Brasileiro de Telecomunicações, 
1972 – Criação do Holding Telebrás, responsável pelas empresas governamentais de serviços públicos de telecomunicações do Brasil. Naquele ano também foram instalados os primeiros telefones públicos no Rio de Janeiro e em São Paulo.
1975 – O Brasil integra-se ao sistema de discagem direta internacional (DDI).
1990 – Uso da telefonia móvel no Brasil, a primeira cidade a utilizar foi o Rio de Janeiro.
1995 – Implantação da Internet comercial no Brasil e desregulamentação do Sistema Brasileiro de Telecomunicações.
1998 – Privatização do Sistema Brasileiro de Telecomunicações.
1999 – A Telefônica introduz em São Paulo a tecnologia ADSL, unindo telecomunicação e informática.
É importante salientar que, nas décadas de 1950 e 1960, enquanto no resto do mundo o desenvolvimento das telecomunicações estava acelerado, o Brasil continuava praticamente mudo com a estagnação do setor, por falta de investimento e por uma infraestrutura inadequada. 
Na década de 1950, as concessões dos serviços de telecomunicações eram distribuídas indistintamente pelos governos federal, estaduais e municipais, permitindo que empresas operadoras surgissem e se expandissem de forma desordenada, com custos onerosos e sem qualquer compromisso com a qualidade dos serviços prestados. No final daquela década existiam, aproximadamente, 1000 companhias telefônicas � no Brasil.
 O desenvolvimento posterior só foi retomado no final da década de 1960, após a regulamentação do Código Brasileiro de telecomunicações e a criação do Ministério das Comunicações. A partir de então, houve a modernização do setor baseado no modelo europeu da época. Nessa modernização, o programa mais importante foi a criação da Embratel, cujo objetivo era cobrir todo território nacional através de um sistema de comunicação interurbana de alta capacidade.
Nos anos 1970, foi criado o Sistema Telebrás, que estruturou o setor, através do monopólio estatal, passando a controlar, a disciplinar e a expandir as empresas estaduais, que já estavam quase todas estatizadas nessa época. As redes telefônicas foram ampliadas e grande parte da demanda que estava reprimida foi atendida.
A década de 1980 foi marcada por problemas de congestionamento e pela falta de linhas. As linhas estavam cada vez mais escassas e eram comercializadas a preço de ouro no mercado paralelo. O serviço ainda era precário, tanto para os usuários domésticos como para os usuários coorporativos e piorava a cada dia. Naquela mesma década, precisamente em 1989, aconteceu a inauguração do primeiro sistema de telefonia celular no Brasil.
Nos anos 1990, o mundo testemunhou mudanças extraordinárias na ordem internacional da economia. O Brasil também foi envolvido pela dominadora onda liberal e, em meados da década, com a posse do presidente Fernando Henrique Cardoso, iniciou-se o processo de “flexibilização do monopólio estatal das telecomunicações”�. Nessa época também, já no final do século XX, houvedefinitivamente a fusão das telecomunicações e dos computadores (ADSL). Em 1997, foi assinada a Lei Geral das telecomunicações, acabando com o monopólio estatal e privado. Foi criada agência reguladora para o setor, a Anatel. E, em 1998, teve inicio à privatização da Telebrás, assunto que será discutido no próximo item.
2.2 O Sistema Telebrás
Com o intuito de dar sequencia á política governamental de reestruturação no setor de telecomunicações, iniciada em 1962, e visando solucionar os problemas concernentes, principalmente às operadoras urbanas que se mostravam deficientes, enquanto o serviço de telefonia de longa distância apresentava um bom nível de qualidade, o Ministério das Comunicações propôs uma nova estruturação para o setor. E através da Lei 5.792, de 11 de julho de 1972, criou-se a Telebrás – Sistema Brasileiro de Telecomunicações S.A. Empresa holding� de sociedade mista, vinculada ao Ministério das Comunicações, que detinha 50% das ações com direito a voto, tornando o governo o principal acionista e os assinantes dos serviços telefônicos como acionistas minoritários. Foi responsável por mais de 95% dos serviços, pela operação e gerenciamento das redes de telecomunicações no país. Tinha com principal objetivo planejar, implantar, operar e modernizar as diversas empresas concessionárias de serviços públicos que existiam no setor nacional de telecomunicações e, como missão, contribuir para o desenvolvimento econômico e social do país. 
Desta forma, a Telebrás deveria ser a grande prestadora estatal dos serviços de telecomunicações, executando-os com qualidade, diversidade e quantidade suficiente de linhas para atender a população. Para isso ela instituiu, em cada estado brasileiro, uma empresa-pólo e promoveu a incorporação das companhias telefônicas já existentes adquirindo seus acervos e ou seus controles acionários. Essas empresas teriam o monopólio de operação em suas respectivas regiões, constituindo, assim um sistema com 27 operadoras estaduais e uma operadora de longa distância, alem de mais dois centros de treinamento (em Recife e em Brasília) e o CPqD.
CPqD – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações.
CNTr – Centro Nacional de Treinamento da Telebrás, em Brasília e o Centro e treinamento da Telpe, em Pernambuco.
Embratel – Empresa Brasileira de Telecomunicações (operadora de longa distancia).
CETERP – Centrais Telefônicas de Ribeirão Preto.
CTBC – Borda do Campo – Companhia Telefônica da Borda do Campo
CTBC – Companhia de Telecomunicações do Brasil Central.
CTMR – Companhia Telefônica Melhoramento e Resistência.
SERCONTEL – Serviço de Comunicação Telefônica de Londrina.
TELAIMA – Telecomunicações de Roraima.
TELAMAZON – Telecomunicações do Amazonas.
TELESA – Telecomunicações de Alagoas.
TELEACRE – Telecomunicações do Acre.
TELEAMAPÁ – Telecomunicações do Amapá
TELEBAHIA – Telecomunicações da Bahia.
TELEBRASILIA – Telecomunicações de Brasília.
TELECEARÁ – Telecomunicações do Ceará.
TELESC- Telecomunicações de Santa Catarina.
TELEGOIÁS – Telecomunicações de Goiás.
TELEMAT – Telecomunicações de Mato Grosso.
TELEMIG – Telecomunicações de Minas Gerais.
TELEMS – Telecomunicações do Mato Grosso do Sul.
TELEPAR – Telecomunicações do Paraná.
TELEPARÁ – Telecomunicações do Pará.
TELEPISA – Telecomunicações do Piauí.
TELERGIPE – Telecomunicações de Sergipe.
TELERJ – Telecomunicações do Estado do Rio de Janeiro.
TELERN – Telecomunicações do Rio Grande do Norte.
TELERON – Telecomunicações de Rondônia.
TELESP – Telecomunicações de São Paulo.
TELEST – Telecomunicações do Espírito Santo.
TELMA – Telecomunicações do Maranhão.
TELPA – Telecomunicações da Paraíba.
TELPE – Telecomunicações de Pernambuco.
Na primeira década de operação, a Telebrás saiu do patamar de 1,4 milhões de telefones, em 2,5 mil localidades, para 5,8 milhões de telefones, em 6,1 mil localidades�.
No começo dos anos 1980, o setor de telecomunicações passou por um grande avanço. Foram lançados os satélites de comunicação Brasil-Sat-I e o Brasil-Sat-II, através dos quais se conseguiu a integração total do território brasileiro, distribuindo sinais de telefonia, telegrafia e televisão a todas as regiões do país, proporcionando maior integração entre cidadãos e suas respectivas comunidades. Começaram também os estudos para implantação da telefonia móvel.
Foi um período promissor, levando inclusive o Brasil a ser citado em relatórios dos Bancos Mundiais, como um país bem sucedido em telecomunicações e a Embratel garantindo os melhores índices de confiabilidade nas comunicações internacionais. Porém, a recessão, a inflação, a crise da divida externa e a crise fiscal que vieram em seguida, impediram a continuidade dos investimentos e a modernização do sistema Telebrás. Essa contenção dos investimentos e a progressiva burocratização da gestão da Telebrás levaram á formação de um conjunto numeroso de deficiências no setor, ao final da década, sendo as principais�:
Pequena dimensão, tanto absoluta como relativa, da rede telefônica, configurando uma enorme demanda reprimida;
Desequilíbrios regionais excessivos em relação á distribuição dos terminais telefônicos;
Qualidade insuficiente do serviço e excessiva taxa de congestionamento principalmente nas chamadas de longa distância, nos horários de 10 horas da manhã e entre as 3 e 6 horas das da tarde, além de chamadas locais incompletas e interferência, desde ruídos até linhas cruzadas; 
Oferta insuficiente de telefonia avançada e de serviços de “valor adicionado”. Bancos, corporações internacionais e companhias aéreas, que precisavam de redes digitais de alta velocidade, para as redes de seus computadores, circuitos e linhas eram os que enfrentavam maiores problemas com a carência desses serviços.
Alto custo dos terminais, longo prazo de espera para a instalação de linhas e consequente formação de um especulativo mercado secundário de linhas telefônicas, com preços de três a cinco vezes do valor da empresa-pólo, conforme a cidade e o bairro em questão;
Estrutura tarifaria defasada e desequilibrada; 
Níveis de investimentos irregulares e insuficientes;
Falta de incentivos e de regulamentação adequada para investimentos privados no setor, apesar das boas perspectivas de captação de recursos no mercado financeiro internacional;
Ausência de um sistema de planejamento consistente de médio e longo prazo, juntamente com a presença de um processo de desqualificação na escolha dos dirigentes de determinadas empresas do sistema, (politização das nomeações com uma desvinculação crescente dos critérios técnicos);
Ociosidade na indústria produtora de telecomunicações, especialmente os de grande porte e ausência de uma política industrial voltada para a competitividade desse segmento;
Defasagem significativa em relação a novos serviços, cuja tecnologia já estava difundida no resto do mundo, como a telefonia celular, a comunicação de dados, os serviços telemáticos, as redes de valor agregado entre outros.
O inicio dos anos 1990, foi um período voltado para a retomada de crescimento e de qualidade na prestação dos serviços do setor. Iniciou-se o processo de instalação do sistema de telefonia móvel e da rede inteligente; no campo industrial em parcerias com outros órgãos, desenvolveu diversos produtos, como centrais de comutação telefônica digital, que permitia grande variedade de serviços que não eram possíveis nas centrais convencionais; utilização da fibra-óptica, que permitia altíssima capacidade de transmissão de informações; sistema de comunicação de dados e textos, permitindo a interligação de terminais e computadores á rede telefônica. No entanto, as demais tentativas de expansão ocorridas no decorrer da década mostraram-se todas infrutíferas, sem grandes resultados. 
Com o esgotamento do modelo praticado, juntamente com as dificuldades de financiar o setor, mais as mudanças decorrentes da globalização, o governo acaboubuscando uma nova estrutura para as telecomunicações brasileiras.
 A partir de 1995 iniciou-se um novo processo de reestruturação do setor, pondo fim ao monopólio estatal das telecomunicações para adotar o modelo que já era tendência mundial, a privatização�. 
Para isso, os primeiro passos foram à aprovação da Emenda Constitucional 8, em 1995, pondo fim ao monopólio estatal, a criação da Lei Mínima, em 1996, regulamentando a exploração dos serviços considerados não necessários e a criação da Lei 9.472 – Lei Geral das Telecomunicações (LGT), que visava à ampliação e a universalização dos serviços de comunicação, além do enxugamento da maquina estatal nacional.
Em 29 de julho de 1998, o sistema Telebrás foi privatizado. A tabela abaixo mostra o desempenho positivo da Telebrás ao longo dos seus 26 anos de funcionamento.
	TABELA 6 - Atendimento do setor de telecomunicações no Brasil
	Serviço
	Unidade
	1972
	1996
	1997
	1998
	Telefonia Fixa
	Milhões de acessos
	1,4
	14,9
	17
	18,2
	Telefonia móvel (geral)
	Milhões de acessos
	-
	2,5
	4
	4,6
	Telefone público
	Milhões de acessos
	10,3
	406
	484
	590
	Localidades atendidas
	Mil localidades
	2,5
	20,6
	22
	22,9
	Telebrás
	Companhias telefônicas
	9
	29
	-
	-
	Outras
	Companhias telefônicas
	927
	4
	-
	-
Fonte: “Livro Azul”(1994), “Evolução da RNT” (Minicom, Brasília, 1997) e “Modernização Ampliação do
Sistema Telebrás” (1998).
Ou seja, a marca alcançada foi de 18,2 milhões de terminais fixos instalados e 4,6 milhões de celulares, em 22,9 mil localidades.
Posteriormente, a Telebrás foi oficialmente reativada para gerir o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), em 2010 pelo governo de Luis Inácio Lula da Silva.
2.3 O processo de privatização das telecomunicações no Brasil
A privatização do setor de telecomunicações no Brasil envolveu um esforço consistente do Governo Federal para abrir o setor à iniciativa privada e ao mesmo tempo, uma reforma do aparato legal que o regulava. O foco principal da reestruturação foi a transformação do monopólio público, provedor de serviços de telecomunicações, em um novo sistema de concessão publica a operadores privados, atraindo investimentos privados, fundado na competição e orientado para o crescimento da universalização dos serviços (Novaes, 2000). O intuito foi o de ampliar a oferta de serviços, pois a maioria da população não tinha acesso nem aos serviços básicos de telefonia, além de atender as necessidades dos consumidores por novos serviços e melhorar a expansão da infraestrutura das telecomunicações.
A privatização das telecomunicações foi uma prioridade no inicio do governo de Fernando Henrique Cardoso. Para ele: “Dentro do quadro das aspirações nacionais, as telecomunicações constituem a área mais importante, pois podem acelerar o desenvolvimento econômico, aumentar a produtividade, reduzir os desníveis de pobreza, elevar a qualidade de vida de milhões de brasileiros e prestar serviço que jamais poderíamos supor há duas décadas”.� 
Essa reestruturação demandou certo tempo para ser efetivada. A preparação para a concretização da privatização ocorreu praticamente no decorrer de todo primeiro mandato do presidente FHC, 1995-1998. Havia alguns entraves a serem superados, polemicas e discussões, frutos de diversos interesses envolvidos e mesmo da opinião publica. Além disso, persistiam algumas preocupações no âmbito do setor que precisavam ser definidas como, a elaboração de uma nova lei que revisse e redefinisse o papel do estado no setor, o estabelecimento de uma agencia reguladora independente e legítima, a criação de um ambiente competitivo para depois da privatização, uma revisão nas tarifas, o estabelecimento de um modelo capaz de suportar a passagem de um sistema monopolista estatal para o setor privado, protegendo os interesses, por vezes conflitantes, entre o governo e os demais acionistas da Telebrás, a preparação e formatação das empresas vinculadas á Telebrás para a privatização (Novaes 2000) e, ainda, seriam necessárias mudanças na Constituição de 1988 que mantinha o monopólio da União no setor.
A par de tais dificuldades, o governo deu início a transformações no setor, iniciando esse processo em três etapas: 
a primeira foi a aprovação da Emenda Constitucional n° 8, em 1995, com a decisão da quebra do monopólio e desestatização do setor e elaboração do PASTE (Programa de Recuperação e Ampliação do Sistema de Telecomunicações e do Sistema Postal), buscando a valorização das companhias para a futura venda.
a segunda etapa foi a inauguração da Lei Mínima de 1996, possibilitando a regulamentação a exploração privada de serviços considerados não essenciais, como a telefonia celular.
a terceira etapa foi a aprovação da LTG (Lei Geral das Telecomunicações), em 1997, que substituiu o código de 1962, exceto em relação á radiodifusão, reformulando todo o setor, para concretização da venda do Sistema Telebrás e a criação da Agência Nacional das Telecomunicações (ANATEL). A intenção da LTG era garantir a universalização dos serviços, estimular a concorrência e o desenvolvimento tecnológico.
A ANATEL – Agencia Nacional de Telecomunicações é o órgão regulador do setor de telecomunicações no Brasil. Foi criada em 1997, como uma autarquia especial, vinculada ao Ministério das Comunicações, é uma agencia administrativamente independente, financeiramente autônoma que, não se subordina hierarquicamente a nenhum outro órgão do governo, as suas decisões só podem ser contestadas judicialmente e os seus dirigentes têm mandato fixo e estabilidade.
A agente foi encarregada de construir toda a estrutura regulatória do processo de privatização. Desta forma, ela exerce o papel de poder concedente, celebrando e gerenciando os contratos de concessão, além de planejar, fiscalizar e normatizar os serviços de telecomunicações.
A partir das diretrizes criadas pela LTG, a ANATEL elaborou um documento regulamentando o setor com o objetivo de estabelecer algumas normas para a privatização, dentre elas�:
definição do Plano Geral de Outorgas, dividindo o território nacional em três áreas, nas quais atuariam as empresas vencedoras dos leilões de privatização de telefonia fixa;
fixação do Plano Geral de Universalização do Serviço de Telecomunicações, estabelecendo metas a serem seguidas pelas empresas de telefonia fixa atuantes sob regime público. Estas metas envolvem, entre outros itens, o número de telefones instalados, a quantidade de telefones públicos a ser disponibilizada, os prazos para atender aos clientes que solicitam linhas fixas, prover serviços de emergência e priorizar atendimento a escolas e instituições de saúde e deficientes;
definição do Plano de Metas de Qualidade, com base nisso os Contratos de Concessão;
definição de que a Embratel, mesmo depois de privatizada, atuaria em ligações de longa distancia em todo território nacional;
definição de que cada uma das empresas de telefonia fixa atuantes nas três regiões sofreria posteriormente a concorrência de uma empresa espelho, o mesmo valendo para a Embratel.
	TABELA 7 - Resultado do leilão do sistema Telebrás em US$ milhões - 1998
	Empresas
	Receita de Vendas
	Telefonia Fixa e longa distância
	 
	Telesp
	4.967,00
	Tele Centro Sul
	1.778,00
	Tele Norte Leste
	2.949,00
	Embratel
	2.276,00
	Total
	11.970,00
	Telefonia Celular Banda A
	 
	Telesp Celular
	3.082,00
	Tele Sudeste Celular
	1.168,00
	Telemig Celular
	649,00
	Tele Celular Sul
	601,00
	Tele Nordeste Celular
	567,00
	Tele Leste Celular
	368,00
	Tele Centro Oeste Celular
	378,00
	Tele Norte Celular 
	161,00
	Total
	6.974,00
	Telefonia Fixa das Empresas Espelhos
	 
	Região I (Tele Norte Leste)
	45,50
	Região II (Tele Centro Sul)
	0,10
	Região III (Telesp)
	41,10
	Região IV (Embratel)
	41,70
	Total
	128,40
Fonte: Brasil�
A privatização de fato ocorreu em 29 de julho de

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