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Empreendedorismo: Carreira e Desafios

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ESPECIAL
Empreendedorismo #1
A carreira empreendedora
Está em dúvida se a carreira empreendedora é 
ou não o melhor caminho para você? Nos textos 
a seguir, entenda um pouco mais da realidade e 
do perfil dos empreendedores brasileiros
V
ocê optou pela carreira empreendedora! E 
agora? O que deve fazer para se preparar 
para trabalhar como empreendedor? 
Fique calmo, dê um passo para trás e 
reflita se é isso mesmo que você quer 
para sua vida profissional. Empreender é realmente 
a escolha certa para você? 
Abrir o próprio negócio não é fácil, leva tempo e 
muita dedicação. Vai exigir sacrifícios e foco total. 
Se, no fundo, empreender não era algo que te traria 
felicidade e ralização, colocar tanta energia nisso 
pode gerar um grande arrependimento. Por outro 
lado, essa pode ser a chance da sua vida e você o 
próximo brasileiro a encabeçar a lista da Forbes. 
Você sabe porque quer empreender? Qual sua ideia 
de negócio? Como é o dia a dia do empreendedor? 
Como se preparar para empreender? Dá pra fazer 
ainda na faculdade? É possível ser um empreendedor 
sem ter que abrir um negócio próprio? No fundo, é 
tudo uma questão de ter informação para fazer as 
escolhas certas. Nesse espcial, você encontrará a 
resposta para esta e outras perguntas. 
Sempre que você alcança 
um sonho, é preciso buscar 
outro maior
N
ascido em Salvador, Vinicius Neris descobriu 
o seu sonho em São Paulo. Quando tinha 16 
anos, sonhava em se tornar engenheiro. Aos 
22, começou a empreender durante o curso 
de Engenharia, na Universidade de São Paulo (USP). 
Aos 24 anos resolveu trancar a faculdade para focar 
completamente em seu negócio, depois de ter passado 
por programa de aceleração na Europa e ter vivenciado a 
forte cultura empreendedora do Vale do Silício. 
Vinicius Figueredo Neris, CCO da InEvent, escreve sobre 
os desafios de criar um negócio e a decisão de trancar a 
faculdade para se dedicar à vida empreendedora
No famoso centro empreendedor dos Estados Unidos, foi o 
único brasileiro da sua turma selecionado para temporada de 
estudos na Draper University com jovens de diversos países. 
Ele também é membro do Núcleo, a comunidade alumni dos 
programas presenciais do Na Prática. A seguir, deixa o seu 
relato sobre as dificuldades de empreender e a decisão de ter 
interrompido a faculdade para se dedicar a esse sonho:
Como todo jovem brasileiro, eu também tinha o sonho de chegar 
a uma universidade pública. Aos 15 anos, quando morava em 
Salvador, descobri por meio do estímulo de pofessores o que era 
sonhar grande: naquela época, ser aceito no curso de Engenharia. 
Foi também quando percebi que precisava ter mentores, pessoas 
experientes que iriam me levar a lugares bons que não ainda 
conhecia Esses professores se tornaram meus mentores.
Eu não teria muitas chances se permanecesse no colégio que eu 
estudava, por isso resolvi tentar a sorte em São Paulo, na cidade 
de São José dos Campos. Só consegui isso graças a esses mentores 
e a um colega que também nutria do mesmo sonho que eu. Juntos 
conseguimos uma bolsa de estudo para nos prepararmos para 
o ITA e também nos tornamos grandes amigos. Ali percebi que 
precisava ter pessoas boas ao meu lado lutando pelo mesmo sonho 
que eu. Precisa preencher as minhas fraquezas e também suprir as 
de outros, nos complementando e nos incentivando.
Em 2010 ingressei no curso de Engenharia Mecânica da USP 
(Universidade de São Paulo), em São Carlos, local que me 
proporcionou um ambiente rico de trocas, contatos e aprendizados 
para que começasse a empreender. 
Eu não me adaptei à sala de aula na faculdade. Até fui um bom 
aluno nos primeiros anos, mas a minha vida era nos ambientes 
de interação com outros alunos da faculdade. Me envolvia com 
grupos acadêmicos, esportes e eventos. O que me motivava era 
criar, inventar, testar, fracassar, aprender e tentar de novo. A sala 
de aula não acompanhava esse ritmo de aprendizado. O sonho de 
se tornar engenheiro ficava distante.
Foi quando comecei a descobrir o empreendedorismo, entender 
mais sobre startups e acompanhar grandes empreendedores 
que estavam motivando pessoas como eu, desiludidas com os 
caminhos pré-estabelecidos pela sociedade. 
Sempre que você alcança um sonho, é 
preciso buscar outro maior
Percebi de fato que os meus aprendizados não podiam ficar 
limitados à sala de aula e à um diploma. Eu precisa fazer da 
minha vida a verdadeira escola e aprender todos os dias em 
qualquer situação que vivesse.
Foi aí que a figura do mentor ressurgiu na minha vida, e muitos 
desses empreendedores que eu seguia apenas nas redes sociais 
se tornaram referências reais pra mim. Eu já tinha aprendido 
que precisava estar perto dos melhores, então faria de tudo 
para conhecer essas pessoas de sucesso com histórias incríveis 
e inspiradoras, pois elas me ajudariam a moldar uma atitude e 
comportamento empreendedor para chegar ao meu sonho grande.
Em março de 2013, surgiu a oportunidade de estudar uma escola 
de empreendedorismo que acabara de ser criada no Brasil. O Seitii 
Arata, um dos mentores que eu sigo até hoje nas redes sociais, 
estava dando dez bolsas para quem tivesse uma ideia, criasse um 
projeto e colocasse em prática em poucos dias.
O tempo era curto e eu teria que fazer algo acessível. Eu não tinha 
muita grana para criar nada muito inovador. Comecei então a 
olhar ao meu redor e pensar nos problemas que eu ou os meus 
colegas poderíamos enfrentar. Lembrei então que todos os dias eu 
ia almoçar no restaurante universitário e várias vezes esquecia 
caneca, por isso ficava sem tomar suco. Não perdi tempo: juntei o 
máximo de canecas que eu podia, fiz um cartaz e fiquei na porta 
do restaurante divulgando e emprestando canecas. 
Consegui a bolsa, e chamei a atenção do meu futuro parceiro 
de negócios. Viramos sócios na InEvent, aplicativo mobile de 
comunicação e interação durante eventos. Empreender era o sonho, 
e eu jpa tnha começado. Mas toda vez que você alcança um sonho 
você precisa de um outro maior para perseguir. 
Vieram então os primeiros clientes e sabíamos que, nesse 
momento, nada melhor do que uma aceleradora de negócios. 
Conseguimos uma do outro lado do Atlântico! Pegamos o dinheiro 
que tínhamos de clientes e partimos para essa jornada no Lisbon 
Challenge, em Lisboa. De novo, aquela sensação de adrenalina e 
felicidade de dar mais passo. Foram três meses muito intensos 
de aprendizados no processo de aceleração com mais outras 29 
startups do mundo todo. Nos dedicávamos dia e noite pelo nosso 
sonho e sobrevivíamos nos alimentando com menos de dez euros 
por dia para os três sócios. Até coelho a gente aprendeu a cozinhar! 
Sempre que você alcança um sonho, é 
preciso buscar outro maior
Voltamos então de Portugal sem novos clientes e com mais 
dúvidas do que quando fomos. Estávamos sem grana e, se nenhum 
novo cliente surgisse até o final do ano, a InEvent iria morrer.
Nesses momentos é hora de respirar, reavaliar nosso sonho grande, 
se ele permanecerá o mesmo ou não e traçar uma nova rota até 
esse sonho. O que não podemos fazer é ficar dando desculpas e não 
ter resiliência para prosseguir.
Nós somos uma geração de mal acostumados, incapazes de nos 
prepararmos para os nossos sonhos grandes — eles duram no 
máximo um mês de ralação. Adoramos falar que pensamos fora 
da caixa e que estamos criando a próxima ideia de um bilhão 
de doláres, mas somos incapazes de ter disciplina para estudar 
conceitos importantes para tornar o sonho viável e trabalhar horas 
e horas por isto, abrindo mão de curtir férias, finais de semana e 
baladas com os amigos.
Ao contrário do que a sociedade diz, decidi que não era preciso ter 
um diplomade graduação para ser bem-sucedido com a minha 
empresa. Resolvi trancar a faculdade pelos próximos meses. 
Também deixei para trás a tranquilidade e conforto do interior 
paulista para vir morar em São Paulo. Abri mão da vida sossegada 
em São Carlos para ajudar a cumprir o propósito da nossa 
empresa: empoderar pessoas em eventos.
Queremos ser responsáveis por mudar a indústria de eventos no 
mundo. Podemos até fracassar, que será se desistirmos de vez da 
InEvent. Até lá nós vamos tentar de tudo. Se a sorte bater a nossa 
porta, ela vai nos encontrar trabalhando.
Eu sei que é difícil ter um diploma de engenharia, mas é muito 
mais difícil ter um projeto e fazê-lo dar certo. Nada vai te ensinar 
mais do que isso, nem mesmo um MBA de Harvard. Não quero 
apenas estudar em um MBA, quero me tornar um case de estudo e 
ter minha história estudada por alunos de um MBA. 
Você vai falhar muito pra tentar chegar lá. Pode ser que na InEvent 
a gente tente muito e nunca chegue, porém, se nunca lutarmos 
para isso, é fato que nunca estaremos lá e continuaremos sendo 
meros espectadores de nossa própria vida. 
Sempre que você alcança um sonho, é 
preciso buscar outro maior
‘Empreender é ter 
resiliência’, defende 
jovem empreendedor
“T
udo começou quando eu comprei o livro 
Sonho Grande, foi o que me moveu”, 
explica o empreendedor Valentim 
Biazotti, hoje a frente da pré-aceleradora 
Worth a Million, que fundou no final de 2014 e presta 
apoio a startups e negócios sociais que estão em fase 
inicial. “Pegamos até os empreendedores que estão 
partindo do zero”, explica. 
“O mais importante de tudo é que eu comecei esse negócio 
porque eu tinha um propósito”, explica Valentim Biazotti, 
fundador e CEO da Worth a Million, pré-aceleradora de 
startups e negócios sociais 
O livro, citado por diversos outros empreendedores, conta a 
história de como um trio de investidores brasileiros — Jorge 
Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, fundadores 
da Fundação Estudar — criaram um dos maiores grupos 
empresariais do capitalismo brasileiro e tornaram-se 
referência no cenário internacional.
Formado em Administração de Empresas pela Pontifícia 
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Valentim já 
havia tentado empreender quando estava na faculdade. 
Fundou sua primeira startup em 2011, e resolveu encerrar 
suas atividades no ano seguinte. “Eu queria fazer, tinha brilho 
no olho, mas ainda não estava com a capacitação necessária 
para fazer um negócio de alto impacto”, reconhece. 
Preparação Na faculdade, teve apenas uma matéria que 
se relacionava à temática empreendedora. “O contato com 
o empreendedorismo era muito pequeno, e isso se relaciona 
muito com os problemas que eu enfrentei na minha primeira 
tentativa de criar uma empresa”, critica o ex-aluno, que 
espera ver mais disciplinas sobre esse assunto surgirem nas 
universidades brasileiras nos próximos anos. O aprendizado 
era claro: ele precisava se preparar. “Hoje em dia temos 
muitos cursos online disponíveis, e fiz praticamente todos 
de Stanford relacionados a empreendedorismo e design 
thinking, e os de inovação do MIT [Instituto de Tecnologia de 
Massachusetts]”, ele conta.
Assim, sem sair do Brasil, ele teve acesso a conteúdo de ponta 
de algumas das universidades mais empreendedoras do 
mundo. Um dos destaques foi o curso disponibilizado online 
e de forma gratuita pela aceleradora Y Combinator, uma das 
mais respeitadas do mundo, com sede no Vale do Silício. Para 
Valentim, o material é imperdível: “Recomendo esse curso 
para toda e qualquer pessoa que pense em empreender.
Chamado How to Start a Startup (em tradução livre, “Como 
começar uma startup”), o curso é dividido em vinte palestras 
com alguns dos nomes mais importantes do cenário 
empreendedor nos Estados Unidos, como Paul Graham, Peter 
Thiel, Marc Andreessen e Ben Horowitz.
“Fico sempre imaginando o efeito que isso teria tido na 
minha trajetória se eu tivesse tido esse conteúdo na 
faculdade”, brinca, já que a aceleradora oferece a o curso 
‘Empreender é ter resiliência’, defende 
jovem empreendedor
presencialmente em Stanford. Além das aulas online, 
Valentim também conta ter estudado muito as metodologias 
ágeis — lean startup, design thinking, canvas, entre outras. 
Para isso, alguns livros costumam ser citados por diversos 
empreendedores, incluinso o próprio Valentim: A Startup 
Enxuta, de Eric Ries; Design Thinking, de Tim Brown; e Business 
Model Generation, um longo e criativo trabalho de co-criação 
para o qual quase quinhentos autores contribuíram.
A esse conhecimento, ele também soma sua própria 
experiência com construção de marcas. É que, logo após ter 
fechado sua primeira startup, ele entrou como trainee na 
consultoria de estratégia e branding Sonne. Nesse momento, 
ele faz questão de não ser mal-entendido: o sonho de 
empreender continuava vivo, mas era importante focar 
em aprender e se preparar para o desafio. Permaneceu na 
consultoria por cerca de dois anos, e então saiu já disposto a 
empreender de novo.
Empreendendo Foi quando, menos de uma semana depois 
de ter saído do antigo emprego, participou do Laboratório, 
programa de desenvolvimento de lideranças e aceleração 
‘Empreender é ter resiliência’, defende 
jovem empreendedor
de carreira do Na Prática. “O Laboratório me ajudou muito 
a entender qual era o meu norte, e foi lá que comecei a 
desenhar a consultoria que tenho hoje. Se não fosse pelo 
empurrão que tive lá, com certeza não estaria com a empresa 
hoje”, relata Valentim sobre o impacto do programa.
Foi assim que decidiu criar a Worth a Million, que nasceu 
como uma consultoria de estratégia e branding para startups 
e negócios sociais, mas acabou encontrando o seu lugar 
como pré-aceleradora. Com a empresa, sua ideia é ajudar as 
pessoas que estão passando pelas mesmas dificuldades que 
ele, quando tentou empreender pela primeira vez.
Foi também do networking feito durante o Laboratório 
que vieram os seus primeiros clientes e outras indicações 
de clientes. A participação de eventos do universo 
empreendedor, inclusive, é uma das práticas que ele 
recomenda com mais ênfase para quem está começando o 
próprio negócio. O nome, que pode ser traduzido com “Vale 
um milhão”, reflete um objetivo ambicioso — exatamente 
como prega a cultura que aprendeu em Sonho Grande. Em 
dez anos, quer impactar um milhão de pessoas. Para alcançar 
esse número, conta não só com a atividade de pré-aceleração, 
mas também com palestras e cursos de capacitação.
No universo do empreendedorismo, acelerar significa 
aumentar o ritmo de crescimento e desenvolvimento de 
uma empresa durante a sua entrada no mercado. Na Worth 
a Million, a ideia é atender e apoiar empreendedores em 
diversos momentos do que pode ser considerado uma fase 
inicial, anterior aos negócios já um pouco mais maduros que 
costumam ser apoiados por aceleradoras tradicionais. Daí o 
conceito de pré-aceleração. 
Mesmo aqueles que ainda não tem um produto definido 
ou mesmo uma ideia inicial podem contar com a ajuda da 
Worth a Million nessa tarefa. O que Valentim oferece é uma 
estrutura mental, cujo objetivo é organizar e estruturar os 
primeiros momentos da jornada empreendedora. “Depois que 
a pessoa passar pelas nossas mãos, queremos ter a certeza 
de que sua empresa continuará crescendo, até mesmo com 
a ajuda de outros agentes”. Até hoje, atendeu mais de vinte 
startups e negócios sociais, todos em atividade e crescendo.
Propósito Nesse processo, também aprendeu que muitos 
empreendedores de primeira viagem precisam mesmo é 
de apoio emocional — e ele também está lá para isso. “Um 
dos nossospapeis é tirar a pessoa daquele momento de 
depressão, que ela pensa em desistir”, explica. O objetivo é 
trazer o empreendedor de volta aos trilhos, para que possa 
executar aquilo que tem na cabeça.
“Ser empreendedor é ter resiliência”, ele insiste em ressaltar. 
“Tem dias que você acorda com um ânimo incrivel, e têm 
outros em que parece que nada vai dar certo”. Aí, também 
entra em cena outro fator crucial para um empreendimento 
dar certo. Mas, para entendê-lo, é necessário dar alguns 
passos para trás. Trata-se do propósito: uma razão profunda 
por trás da criação da sua empresa, e que te motiva a 
continuar. Pode também ser explicado pela máxima de que 
“todo empreendedor deve ser apaixonado”.
“O mais importante de tudo é que eu comecei esse negócio 
porque eu tinha um propósito”, explica Valentim. Como 
assim? Para ele, transmitir esse conhecimento que adquiriu 
para outras pessoas é um jeito de contribuir para uma 
sociedade melhor. “Precisamos capacitar e ajudar essas 
pessoas que querem empreender, porque elas tem um 
‘Empreender é ter resiliência’, defende 
jovem empreendedor
potencial de impacto na sociedade muito grande”, explica. 
Em uma sociedade meritocrática, ele quer capacitar para o 
mérito. Nesse assunto, é bastante pragmático: “Se você não 
tem uma paixão muito grande pelo que está fazendo, você 
não vai conseguir passar pelos desafios de empreender”. 
Buscar o propósito de cada empreendedor também faz parte 
das reflexões que surgem no processo de pré-aceleração. Pra 
Valentim, esse processo também aconteceu no Laboratório. 
Hoje, o Na Prática promove um programa de desenvolvimento 
de carreira voltado exatamente para encontrar e conectar o 
seu propósito – o Catálise. 
Para muitos criadores de startups, inclusive, Valentim sente 
que existe uma vontade forte de empreender e fazer uma 
empresa tecnológica, mas ainda não é claro o propósito. São 
questões que o empreendedor precisa saber responder, como: 
Que problema você vai resolver? O que te move e te motivará 
ao longo da jornada exaustiva de empreender?
Negócios Sociais No caso dos empreendedores sociais — 
aqueles que se propõem a resolver problemas sociais ou 
ambientais com suas empresas — a questão do propósito e 
do sonho parecem estar mais resolvidas. Afinal de contas, são 
negócios que já nascem de uma vontade clara e poderosa: 
tornar o mundo um lugar socialmente mais justo, ou 
ambientalmente mais sustentável.
O que ele quer trazer para o mundo dos negócios sociais 
é exatamente a mentalidade de business que costuma ser 
encontrada com maior frequência entre os seus colegas 
de startups. Em outras palavras, a importância de focar 
em escalabilidade, crescimento sustentável e eficiência. 
“São empresas que também precisam se preocupar em ter 
um faturamento, atrair e reter clientes, inovar e crescer”, 
comenta. Aqui nio Brasil, sente que esse entendimento 
ainda precisa ser mais difundido. “Teremos que mudar nossa 
maneira de pensar negócios”, conclui. 
‘Empreender é ter resiliência’, defende 
jovem empreendedor
C
omeçar qualquer negócio é uma tarefa 
que oferece desafios múltiplos para os 
empreendedores. No caso das startups, alguns 
erros são recorrentes e acabam prejudicando 
o desenvolvimento das ações. As tentativas e fracassos 
fazem parte do jogo. Mas, segundo aqueles que já 
possuem uma maior bagagem, é preciso humildade para 
“errar rápido” e não repetir as mesmas falhas. É o que 
pensa Fabio Seixas, sócio fundador da O Panda Criativo, 
plataforma para iniciativas criativas.
Quais são os maiores erros 
cometidos por quem 
está começando?
Com a ajuda de empreendedores, criamos uma lista das 
falhas que você pode e deve evitar no início da carreira 
empreendedora, quando sua startuo estiver no começo
Quais são os maiores erros cometidos 
por quem está começando?
“Erros são naturais e devem ser identificados o mais 
rápido possível. Ter humildade para reconhecer e agilidade 
para resolver são peças fundamentais para diminuir as 
possibilidades de fracasso”, afirma o empreendedor.
Segundo ele, os testes são cruciais antes do começo das 
atividades. “Existem ferramentas muito válidas para testar 
ideias e aprimora-las antes de começar. Mas a verdade é que, 
uma vez que o negócio está aberto, a principal ferramenta 
que temos é trabalhar. Não é porque a ideia é boa que as 
coisas vão acontecer sozinhas. A peça principal disso tudo é o 
próprio empreendedor”, ressalta Seixas.
O empreendedor mineiro Gustavo Caetano, fundador da 
SambaTech (empresa que oferece soluções em vídeos pela 
internet), sabe que os erros são parte do processo de inovação 
em uma startup. “Errar é aceito, mas errar várias vezes é 
burrice. Evitamos o burro motivado, aquele que gosta de errar. 
As pessoas não tem medo de errar na Samba. Isso faz parte 
do processo. Só não pode errar a mesma coisa ou demorar 
para corrigir o erro”, afirma Gustavo, que já foi considerado 
pelo MIT um dos jovens mais criativos do país. 
Com a ajuda do empreendedor Leandro Alvarenga, 
um dos responsáveis por levar o projeto internacional 
CreativeMornings para Belo Horizonte (encontros mensais e 
gratuitos onde é possível ter contato com novos modelos de 
negócio e novas formas de pensamento), elaboramos uma 
lista com cinco erros iniciais que podem ser evitados nas 
startups e algumas dicas para driblá-los. Veja:
1. Seguir cegamente um plano de negócios
O plano de negócios é uma ferramenta fundamental 
para criação de uma empresa. Por outro lado, a busca 
por segurança e previsibilidade faz com que o novo 
empreendedor fique relutante em fugir do que está escrito. 
Um negócio é sempre mais complexo do que prevemos e por 
isso é preciso estar aberto para mudanças durante o trajeto.
2. Acreditar que deve trabalhar o tempo todo
Estar sempre pronto para responder às necessidades da 
empresa é essencial. Mas se o empreendedor passa a abrir 
mão do tempo livre, o stress começa a impactar a tomada 
de decisões e falta tempo para conhecer pessoas que podem 
ajudar no crescimento do negócio. Por isso, não abandone 
as atividades que te dão prazer e o contato com universos 
distintos da empresa.
3. Priorizar quantidade ao invés de qualidade
Na busca por um crescimento rápido, as empresas 
frequentemente abrem mão da qualidade dos produtos que 
a impulsionaram no início. O contrário deve acontecer: os 
produtos e serviços iniciais são frequentemente portfólio para 
conquista de novos negócios. Portanto, devem ser priorizados 
e a qualidade dos mesmos nunca pode cair.
4. Não escutar opiniões alheias
É sempre importante colocar a própria ideia em discussão e 
entrar em contato com opiniões divergentes. O segredo pode 
até ser importante em alguns casos, mas na maioria das 
vezes vale a pena abrir mão dele para receber feedback sobre 
ideias e serviços. O que vale é entender as necessidades reais 
dos clientes, não as que você pensa que eles têm.
5. Achar que não precisa preparo para empreender
Esta talvez seja a maior falácia propagada no universo das 
startups, levando muitos a deixar de lado oportunidades 
importantes em troca de uma ideia promissora. A formação, 
seja ela formal ou informal, é essencial. O estudo é 
fundamental para a maioria e existem diversos cursos 
disponíveis para cada tipo de negócio. 
A internet democratizou a informação e vale observar 
os caminhos daqueles que se prepararam e alcançaram 
seus objetivos.financeiro que investe em empresas 
com o objetivo de alavancar seu desenvolvimento e 
posteriormente vendê-las com lucro.
Quais são os maiores erros cometidos 
por quem está começando?
“Q
uando um aluno é aprovado no vestibularde uma universidade brasileira e tem 
acesso à grade curricular do seu curso, 
não é certo que ele encontrará disciplinas 
ligadas ao empreendedorismo. Mas há outras formas 
de ter contato com o tema durante o ensino superior. 
Segundo os especialistas, quem quer seguir a carreira 
empreendedora deve descobrire as diversas possibilidades 
de empreendedorismo que as universidades oferecem. 
Você pode empreender 
enquanto ainda está na 
universidade. Veja como!
Disciplinas teóricas, empresas juniores, pesquisa, 
laboratórios e incubadoras são possíveis caminhos para 
entrar no mundo do empreendedorismo enquanto ainda 
cursando a graduação
Você pode empreender enquanto ainda 
está na universidade. Veja como!
Segundo pesquisa realizada pela Endeavor em 2014, em 
parceria com o Sebrae, dos quase cinco mil universitários 
entrevistados, 48,7% já fez alguma disciplina relacionada ao 
empreendedorismo. Os responsáveis pela pesquisa acreditam 
que as universidades têm aumentado seu interesse pelo 
empreendedorismo nos últimos anos. 
“O Brasil como um todo entendeu que o empreendedorismo 
é uma das principais alavancas do seu desenvolvimento 
econômico e social. As universidades, como centros de 
pesquisa e formação de talentos, seguem essa tendência, ainda 
que de maneira mais lenta, muitas vezes. No lado positivo, 
empresas juniores e disciplinas de empreendedorismo não 
são mais novidade. Por outro lado, o ensino ainda está muito 
centrado em cursos como Administração e Economia, nas 
áreas de negócios, quando poderia ser totalmente transversal, 
juntando na sala de aula alunos de todos os cursos para 
resolver problemas da sociedade. Além disso, a pesquisa 
acadêmica ainda é bastante distante do mercado, e essa 
aproximação é essencial para as empresas inovarem mais”, 
afirma João Melhado, que trabalha na área de pesquisa e 
políticas públicas da Endeavor.
Na USP (Universidade de São Paulo), o NEU (Núcleo de 
Empreendedorismo da USP) foi criado em 2012 pelos próprios 
alunos. É a entidade que organiza parte da oferta de sessenta e 
oito disciplinas ligadas ao empreendedorismo. 
“O Núcleo surgiu a partir do interesse de alunos que queriam 
empreender. A aceitação da USP foi saudável, ainda mais 
quando começamos a gerar resultados expressivos com 
nossas ações. Muito embora não haja qualquer relação de 
dependência ou interesses institucionais”, afirma o presidente 
do NEU, Artur Vilas Boas. Entre os resultados citados, 
destacam-se o surgimento de startups famosas, como 99taxis, 
Nubank, Kekanto, Ifood e Lean Survey.
Já a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) possui 
um Núcleo de Inovação Tecnológica que é responsável pela 
Gestão da Inovação na Universidade, a CTIT (Coordenadoria de 
Transferência e Inovação Tecnológica). Dentro da CTIT existe 
um setor responsável pelo fomento da cultura empreendedora 
entre os cursos. “Prezamos pela multidisciplinaridade nos 
nossos projetos, então procuramos divulgá-los igualmente 
em todos os cursos. 
As empresas juniores, por exemplo, estão presentes em muitos 
cursos da UFMG e trabalham o perfil empreendedor através 
de uma formação diferenciada do aluno, com experiências 
complementares àquelas oferecidas pelas disciplinas dos 
cursos”, revela Gabriela Metzker, coordenadora do setor de 
empreendedorismo da CTIT.
Segundo o professor André Leme Fleury, que leciona 
disciplinas ligadas ao empreendedorismo nos cursos de 
Engenharia de Produção e Design na USP, a graduação é o 
momento ideal para trabalhar o tema com os jovens. “O 
empreendedorismo viabiliza ao aluno experimentação, 
reflexão e compreensão do processo de desenvolvimento de 
inovações em produtos, serviços e negócios. Na universidade 
o aluno tem a possibilidade de vivenciar estas experiências 
de maneira lúdica e gradual, definindo de acordo com suas 
potencialidades o quanto deseja se aprofundar ou não no 
desenvolvimento deste tipo de inovação. Após a universidade 
essa experimentação se torna mais difícil”, pondera o professor.
Outras possibilidades Além das disciplinas teóricas, os alunos 
podem entrar em contato com o empreendedorismo de outras 
maneiras na graduação. As empresas juniores, os laboratórios 
e as incubadoras de empresas também são caminhos possíveis. 
O presidente do NEU, que é pesquisador sobre o tema, destaca 
a necessidade de diálogo entre os diversos espaços de 
empreendedorismo na academia. 
“Podemos destacar três espaços principais para o 
empreendedorismo nas universidades: sala de aula, 
laboratórios e incubadoras. As universidades devem oferecer 
disciplinas que dialogam com laboratórios e projetos de 
pesquisa relacionados às incubadoras, por exemplo. É preciso 
fomentar a oferta de disciplinas, mas, mais do que isso, 
fomentar as interfaces do ecossistema de empreendedorismo”, 
explica Artur Vilas Boas.
Segundo ele, as pesquisas relacionadas ao empreendedorismo 
deveriam ser mais incentivadas. “Os principais ecossistemas 
de empreendedorismo do mundo apresentam ligação direta 
com universidades de ponta. Capital humano de alto nível 
é o que gera negócios de alto nível. Ninguém melhor que a 
universidade para desempenhar papel fundamental nesse 
sentido. O ambiente acadêmico e de pesquisa é o ambiente 
Você pode empreender enquanto ainda 
está na universidade. Veja como!
onde se chega à fronteira do conhecimento, sendo, assim, 
mais provável se chegar à fronteira da inovação”, afirma o 
pesquisador da USP.
Dificuldade de difusão Se o empreendedorismo faz parte 
da rotina de alunos dos cursos de Administração, Economia, 
Computação e Engenharia, não pode-se dizer o mesmo nas 
áreas de saúde e ciências humanas. 
Segundo a pesquisa da Endeavor, no curso de Administração, 
65% dos entrevistados já cursaram alguma disciplina, 
enquanto na área de ciências da saúde, apenas 27,7%. A 
pesquisa mostra ainda que um grande número de estudantes 
não fizeram disciplina nessa área pelo simples fato do 
curso não oferecer nenhuma. 32,4% dos universitários de 
Ciências Humanas demonstram interesse pelo tema, mas não 
encontram oferta.
“Considero este dos principais desafios atualmente. Apesar do 
empreendedorismo estar se difundindo rapidamente entre 
cursos como engenharia, computação e administração, os 
cursos de humanas ainda apresentam poucas iniciativas 
relacionadas. Acredito que esta difusão deve ocorrer nos 
próximos anos, conforme novas formas de empreendedorismo 
sejam criadas e difundidas nestes cursos”, ressalta o professor 
universitário André Leme Fleury.
Quem já passou por esses cursos com menos tradição 
empreendedora encontra dificuldades na hora de montar seu 
próprio negócio. É o caso do empresário Calebe Asafe, que 
graduou-se em publicidade na UFMG e em design gráfico na 
UEMG (Universidade Estadual de Minas Gerais). Atualmente 
ele é diretor de criação da “Calebe Design” e sócio-fundador 
do Prosas, plataforma que incentiva iniciativas na área social.
“Quando você vai empreender de fato, o buraco é muito 
mais embaixo. Você não precisa só de conhecimento em 
empreendedorismo, mas principalmente em gestão. Os alunos 
precisam conhecer alguns modelos de negócio dentro do 
campo que estão estudando. Precisam ter a noção de como o 
mercado funciona e quais dificuldades eles vão encontrar se 
quiserem abrir seu próprio negócio”, conta o empreendedor.
Você pode empreender enquanto ainda 
está na universidade. Veja como!
N
o currículo de diversos empreendedores é 
possível encontrar passagens por grandes 
empresas, consultorias internacionais e 
trainees concorridíssimos. Mas um ponto em 
comum une muitos desses profissionais, mesmo que 
algumas vezes nem apareçano currículo: a passagem 
por uma empresa júnior durante a faculdade. Para 
quem deseja montar sua startup, fica a dica: a rotina 
de trabalho é semelhante e quem investe nessa área 
valoriza cada vez mais essa experiência profissional. 
Como a empresa júnior 
pode alavancar a 
carreira empreendedora 
Empreendedores ressaltam como a experiência em empresa 
júnior durante a faculdade foi fundamental para o sucesso 
de seus negócios futuros 
A definição de empresa júnior pode ser extraída de um 
documento produzido pelas próprias empresas, o “Conceito 
Nacional de Empresa Júnior”. Segundo esse documento, “as 
empresas juniores são constituídas pela união de alunos 
matriculados em cursos de graduação em instituições de 
ensino superior, organizados em uma associação civil com 
o intuito de realizar projetos e serviços que contribuam 
para o desenvolvimento do país e de formar profissionais 
capacitados e comprometidos com esse objetivo”.
Na prática, trata-se de uma empresa toda gerida pelos 
próprios estudantes, que prestam serviços a preços reduzidos 
preferencialmente para pequenos clientes, e onde os alunos 
mais experientes passam o que sabem para aqueles que 
acabam de chegar. Assim, esses estudantes entram em 
contato não apenas com a parte final do produto ou serviço 
oferecido, mas são obrigados a participar de processos 
internos inerentes a qualquer empresa.
Muito do sucesso atual da empresa RockContent, 
especializada em marketing de conteúdo, teve início nos 
corredores do curso de Comunicação Social da UFMG 
(Universidade Federal de Minas Gerais). Dois sócios da Rock, 
Diego Gomes e Vitor Peçanha, passaram pela CRIA UFMG 
Jr. “Foi bem interessante, tanto eu quanto o Vitor Peçanha, 
meu sócio, passamos pela empresa júnior da UFMG. O Vitor 
inclusive chegou a ser diretor da empresa júnior. Aprendemos 
muito de forma prática, diferente do conteúdo acadêmico que 
era ensinado na sala de aula. É uma experiência riquíssima 
que recomendo a todos”, avalia Diego Gomes. 
O sócio concorda. “A minha passagem pela CRIA me ajudou 
na carreira atual pois foi minha primeira oportunidade de 
ser meu próprio chefe dentro de uma estrutura empresarial 
(mesmo que simplificada). Isso me deu a experiência inicial 
sobe o mundo do empreendedorismo, principalmente 
em relação a processos e relacionamentos com outros 
profissionais”, afirma Vitor Peçanha.
Se hoje a RockContent lida com gigantes do mercado, os 
primeiros clientes desses empreendedores surgiram na 
CRIA. “Meu primeiro contato com clientes reais foi através 
da empresa júnior. Gente de verdade com problemas de 
verdade. Participar desse tipo de iniciativa desperta muito 
Como a empresa júnior pode alavancar 
a carreira empreendedora
o empreendedorismo. Eu acredito muito que essa vivência 
desperta a vontade de montar um negócio em todo aluno 
universitário”, confirma Diego.
Segundo ele, as startups também valorizam nos seus 
processos seletivos esses profissionais que passaram por uma 
empresa júnior. “Na empresa júnior, você aprende fazendo. É 
bem parecido com uma startup onde a experiência é pouca, 
mas a dedicação te leva a atingir seu objetivo. Por isso, na 
RockContent priorizamos contratações de pessoas com esse 
tipo de experiência. Passou por uma empresa júnior? Já tem 
vantagem no processo seletivo”, conclui. No final das contas, 
estagiar ou trabalhar em uma startup pode ser uma ótima 
escola para, posteriormente, abrir a sua própria. 
Habilidades desenvolvidas Participar uma empresa júnior 
ajuda a desenvolver ou a despertar diversas habilidades 
empreendedoras. Saber quais serão elas vai variar da área de 
atuação da empresa (relacionada ao curso dos alunos), dos 
cargos ocupados dentro delas, e do perfil de cada um. João 
Batista é um exemplo disso. Ao entrar no curso de Engenharia 
Elétrica da UFMG, encontrou na empresa júnior uma 
oportunidade para expandir seus horizontes. “Por achar meu 
curso muito técnico e específico, busquei novos espaços onde 
pudesse exercitar habilidades multifuncionais e ao mesmo 
tempo me testar no desenvolvimento de diversas atividades, 
como liderança e tomada de decisões sob pressão. Tenho 
certeza que sou um profissional muito mais qualificado por 
ter feito parte de uma empresa júnior do que se eu tivesse 
apenas seguido minha carreira acadêmica”, conta.
Além da atuação na CPE Jr., Batista chegou a ser presidente 
da Federação Mineira de Empresas Juniores, o que lhe 
proporcionou contato com diversas áreas do conhecimento. 
“Ter trabalhado com pessoas de diversas áreas, de diversos 
cursos superiores e profissionais de grande qualidade abre 
portas, parcerias e novos negócios. O aprendizado gerencial 
adquirido na empresa júnior, seja em finanças, contratos, 
projetos, qualidade, recursos humanos e marketing, 
configura-se como um pilar que me ajuda em todas minhas 
atividades profissionais”, ressalta João Batista. 
“Já implantei metodologias de qualidade onde trabalhei, hoje 
estou abrindo uma empresa e a experiência que adquiri 
Como a empresa júnior pode alavancar 
a carreira empreendedora
sendo gestor financeiro de uma empresa júnior muito tem 
me ajudado, além do aprendizado de como se trabalhar 
melhor em grupo”, completa.
Outro que passou por uma EJ (sim, essa é a sigla usada 
pelos próprios alunos para se referir às empresas juniores) 
e que se deu bem ao criar sua startup é Gustavo Caetano, 
da SambaTech, empresa que oferece soluções de vídeos 
como educação à distância, comunicação corporativa, Tv na 
internet, etc. Durante o curso de Publicidade e Propaganda 
na carioca ESPM, Gustavo adquiriu confiança para aventuras 
maiores no futuro. 
“Empresa júnior foi legal pois te dá uma primeira ideia do 
que é empreendedorismo. É um negócio que você tem de 
tocar. Comecei a usar a lógica de endosso e reputação para 
propagar nosso trabalho. Fiquei mais seguro de seguir nos 
meus negócios posteriores pois tinha passado pela empresa 
júnior”, afirma o empreendedor. 
Como a empresa júnior pode alavancar 
a carreira empreendedora
O
número de jovens que entram na faculdade já 
com a ideia de empreender tem aumentado 
pelo Brasil afora. Mas, afinal de contas, vale 
mais a pena fazer um estágio durante o curso 
e deixar para abrir minha empresa depois de pegar o 
diploma ou já quero formar tendo meu próprio negócio 
criado e estruturado?
Fazer estágio ou abrir a 
minha própria startup?
O que representa a melhor escolha durante a sua 
graduação: estagiar ou empreender? Com a ajuda de 
especialistas em carreiras, elaboramos uma lista com 
alguns pontos a serem analisados na hora de escolher 
Segundo a pesquisa Empreendedorismo nas universidades 
brasileiras, realizada pela Endeavor em parceria com o 
Sebrae em 2014, um quarto dos quase 5 mil estudantes 
universitários entrevistados pensa em abrir seu próprio 
negócio já no ano da pesquisa (13,5%) ou no ano seguinte 
(11,9%). Os dados mostram que muitos não estão dispostos 
a esperar, mas os especialistas em carreiras afirmam que os 
estágios também podem ser uma boa opção.
“Tudo vai depender do perfil e dos sonhos de cada um. O 
estágio pode ser um bom caminho mesmo para quem entra 
na graduação já com planos de empreender. Isso porque o 
universitário terá conhecimento de como funciona aquele 
determinado mercado, ver o que está dando certo ou não e, a 
partir daí, querer fazer o mesmo ou diferente em seu próprio 
negócio”, afirma a coach Rijane Mont´Alverne.
Nas duas opções, é importante ter em mente não abandonar 
ou prejudicar os estudos, mesmo que isso pareça impossível. 
“Ter relacionamento com pessoas mais experientes no papel 
de mentor,seja na universidade, seja no meio profissional, 
pode contribuir para a organização da agenda e prioridades 
visando conseguir conciliar estudo, negócio e estágio. 
Outro ponto é ter parceiros no negócio ou no estágio que 
compartilhem de tempo e dedicação nas entregas das 
demandas, visando abrir na agenda do jovem tempo para 
os estudos, entendendo que estes sempre vão contribuir 
positivamente”, explica a presidente da Associação Brasileira 
de Recursos Humano (ABRH), Cristiane de Ávila.
Para ajudar os estudantes que estão se decidindo por 
fazer um estágio ou já abrir seu próprio negócio durante a 
graduação, listamos alguns pontos positivos e negativos de 
cada uma das opções:
Autonomia
Estágio: Geralmente é pequena, visto que as grandes 
empresas já possuem programas pré-definidos e sob a 
supervisão de outros funcionários. Ou seja: você não tomará 
grandes decisões e, nas que tomar, alguém estará de olho. 
Negócio próprio: Você está no comando. Os rumos da 
empresa serão definidos pelas suas escolhas e você será 
Fazer estágio ou abrir minha 
própria startup? 
obrigado a tomar decisões importantes o tempo todo, até 
mesmo sobre assuntos que seu conhecimento é pequeno. 
Portanto, se prepare antes de tomá-las!
Remuneração
Estágio: Segundo pesquisa do Núcleo Brasileiro de Estágios 
(NUBE), a média nacional da bolsa-auxílio é de cerca de 
R$1.100 no nível superior. A grana pode não ser tão alta, mas 
é certo que ela estará na conta no fim do mês.
Negócio próprio: Uma das grandes dúvidas de quem abre sua 
startup é quando ela começará a dar retornos financeiros. 
Não existe um padrão, mas tenha consciência que pode 
demorar mais do que o previsto. Por outro lado, também é 
possível ganhar valores inesperados para seus vinte anos.
Disponibilidade de tempo
Estágio: As empresas sérias obedecem ao limite de jornada 
para um estagiário permitido em lei (6 horas diárias e 30 
semanais). Outro aspecto importante é que essas empresas 
Fazer estágio ou abrir minha 
própria startup? 
evitam passar trabalho para ser desenvolvido em casa, o que 
significa que você pode organizar seu tempo para estudar 
para as provas de final de semestre.
Negócio próprio: Prepare-se para acordar e dormir pensando 
em trabalho, inclusive com a possibilidade de perder aulas na 
faculdade. Fazer poucas disciplinas acaba sendo a saída para 
mita gente nessa situação. 
Principalmente no começo, startups consomem grande carga 
horária do dia e em períodos diferentes. Por outro lado, você 
pode virar duas noites seguidas trabalhando para depois 
folgar na data planejada, e sem dar satisfações ao chefe...
Diversidade de funções
Estágio: Por mais que as empresas tentem deixar o 
programa de estágio mais versátil, o seu cronograma 
de atividades tende a ser menos flexível. Você não vai 
apertar parafusos como Chaplin em Tempos Modernos, 
mas também não acredite que passará por todas as 
funções e setores almejados.
Negócio próprio: Chegou a hora de mostrar que você 
é dinâmico e capaz de fazer de tudo um pouco. Nas 
startups, as funções são mais livres e a necessidade te 
obrigará a desempenhar tarefas antes inimagináveis, 
desde preparar um café para seu cliente até operações 
bancárias que você nem sabia que existiam.
Pertinência temática com o curso
Estágio: Como a própria lei diz, estágio é um vínculo 
educativo-profissionalizante e as universidades 
fazem parte do termo de compromisso assinado entre 
estudante e empresa. Portanto, provavelmente, você 
conseguirá relacionar os conteúdos das aulas com o que 
está fazendo na prática em seu estágio.
Negócio próprio: Você estuda Biologia e sua startup é de 
aluguel de vestidos? Dificilmente conseguirá associar 
as disciplinas ao trabalho, mas desenvolverá outras 
habilidades que ajudarão no curso, como dinamismo e 
curiosidade. Se a empresa for no ramo do curso, bingo! 
Fazer estágio ou abrir minha 
própria startup? 
O
fim da graduação gera diversas dúvidas 
nas cabeças dos jovens. Mas nem sempre o 
caminho profissional está nas possibilidades 
oferecidas naquela área. Sempre é tempo de 
recomeçar e aprender, como nos exemplifica Juliana 
Saldanha. Ao terminar o curso de graduação em 
Farmácia, optou pelo empreendedorismo, trabalha 
com marketing e hoje é sócia-fundadora da Techmall, 
aceleradora de startups localizada em Belo Horizonte.
Empreendedorismo não é só 
carreira para os cursos de 
exatas e administração
Formada em Farmácia, Juliana Saldanha se encontrou 
profissionalmente como sócia-fundadora de uma 
aceleradora de startups, onde trabalha com marketing
Depois de cinco anos e meio mergulhada nos processos 
produtivos de medicamentos e cosméticos, Juliana, como ela 
mesmo diz, estava no local certo e na hora certa, e começou 
a trabalhar na Inova, incubadora de empresas da UFMG 
(Universidade Federal de Minas Gerais).
Foi lá que conheceu o universo do empreendedorismo e 
passou a desempenhar funções na área de marketing. 
Dessa etapa para montar sua própria startup não demorou 
muito, mas o resultado não foi dos melhores. “Nossa ideia 
era conectar as pessoas que queriam doar produtos que não 
usam mais com aquelas que poderiam ter interesse naqueles 
produtos. Mas não pesquisamos se as pessoas queriam 
aquela solução que oferecíamos, estávamos viciadas naquele 
produto sem entender as reais necessidades dos clientes”, 
explica Juliana sobre sua estreia como empreendedora.
Aprendizado Os erros do primeiro negócio foram assimilados 
e surgiu a possibilidade de participação na sociedade de uma 
aceleradora de startups em 2013, a TechMall, que atua no 
apoio financeiro e estratégico com foco na formatação do 
negócio para que ele ganhe tração e cresça. Ela é Diretora 
de Marketing da Techmall e cuida de toda a parte de 
comunicação da empresa, como mídia, assessoria e eventos.
“Existem pessoas preparadas que estudaram muito nessa 
área. Mas eu executo muito bem, o que me dá segurança. 
Não acho que uma graduação é fundamental para ser bem-
sucedido. Vários grandes empreendedores não são formados. 
Hoje os métodos de ensino são muito unilaterais”, conta.
Mesmo não tendo estudado Marketing em sua graduação, 
ela sabe que é preciso se atualizar e entender o que de novo 
tem sido debatido. “Atualmente eu faço uma pós-graduação 
em Marketing, procuro sempre estar atenta aos sites sobre o 
assunto. Nas redes sociais também tem muita coisa legal. O 
marketing tem mudado nos dias de hoje. O relacionamento 
com o cliente deve ser muito próximo, ele está muito 
exigente. É preciso explorar cada canal de comunicação 
corretamente para chegar aos resultados”, acrescenta.
Formação Sobre a experiência durante a graduação de 
Farmácia, Juliana procura sempre observar o lado positivo. 
“Eu aprendi a ter senso crítico no curso de Farmácia. Temos 
Empreendedorismo não é só carreira para 
os cursos de exatas e administração
que aproveitar cada experiência que vamos tendo na nossa 
vida. Mas uso muito pouco do que aprendi no curso no 
meu dia a dia. Eu tenho um branco quanto ao conteúdo 
atualmente. Se precisar de um medicamento, pergunto a uma 
amiga”, brinca a empresária.
Os debates acadêmicos sobre a possibilidade de se aprender 
empreendedorismo são longos, com alguns autores dizendo 
que determinadas características já nascem com as 
pessoas. Entretanto, Juliana é um exemplo de que é possível 
desenvolver certas habilidades com a prática.
“Digo que empreendedorismo pode ser ensinado, pois eu 
mudei muito e aprendi na prática. Meus filhos serão todos 
empreendedores, digo na mentalidade. Faria toda diferença 
se as pessoas aprendessem empreendedorismo nas escolas 
ou universidades. Não estudamos para solucionarproblemas, 
mas para aprender aquilo que dizem ser importante”, analisa. 
Perguntada sobre o futuro, Juliana parece ter escolhido 
seu caminho. Já recusou uma proposta de trabalho em 
uma empresa líder de mercado e quer disseminar essa 
cultura empreendedora. “Minha meta é disseminar o 
empreendedorismo. Tenho pavor de quem é acomodado, 
isso me estressa. Queria que todos fossem empreendedores, 
quanto mais consigo passar isso para frente, melhor. Fazer o 
mundo fluir mais dinâmico é algo que me motiva”, conclui.
Empreendedorismo não é só carreira para 
os cursos de exatas e administração
E
m passagem pelo Brasil, o economista e 
banqueiro Muhammad Yunus, vencedor do 
Nobel da Paz em 2006, aproveitou para instigar 
os jovens universitários a desafiarem a teoria 
e pensarem em novas formas de fazer negócios. Para 
ele, todas as pessoas têm potencial para empreender, 
e é o empreendedorismo – e não a filantropia – a 
grande solução para a pobreza do mundo, por meio dos 
chamados negócios sociais.
Todas as pessoas têm 
potencial para empreender, 
diz Muhammad Yunus
O economista Muhammad Yunus, ganhador do Nobel da 
Paz, acredita que a nova geração vai levar a universidade 
além de seus próprios muros para promover ações com 
impacto na sociedade
“Meus colegas na universidade debochavam de mim, 
achavam que aquilo era uma bobagem, que o que eu estava 
fazendo era muito pouco e não mudaria nada”, conta Yunus 
sobre o início do negócio, quando emprestava dinheiro 
informalmente para um número pequeno de pessoas.
O descrédito da comunidade acadêmica não poderia se 
provar mais equivocado. Hoje o Grameen já conta com 
2185 agências e, desde sua fundação, em 1991, emprestou o 
equivalente a 5,72 bilhões de dólares para 6,61 milhões de 
clientes, 97% dos quais são mulheres. 
Sua taxa de inadimplência é baixíssima, de fazer inveja 
aos mais bem administrados bancos comerciais do mundo: 
apenas 1,15%, o que significa que o Grameen recebe de volta 
98,85% dos empréstimos que concede.
“A teoria econômica é vazia se você não encontra uma 
aplicação prática para ela”, conta. Para ele, o trabalho 
de pesquisa e docência na universidade lhe garantiu um 
olhar de pássaro, que enxerga o todo, porém a uma grande 
distância. É importante, mas precisa ser complementado 
pelo que ele chama de olhar terrestre, que só é possível para 
quem transpõe os muros da universidade e vai falar com as 
comunidades, com a população.
Também é preciso tomar cuidado para que essa mesma 
teoria não seja um fator limitante. “Muitas pessoas falavam 
para mim que o que eu estava fazendo era impossível, que 
não era um negócio porque não tinha como objetivo ganhar 
dinheiro”, ele conta. 
De acordo com a teoria econômica ortodoxa, eles estavam 
certos, mas isso não preocupou ou paralisou o economista 
em nenhum momento.
“Se a teoria não se encaixa no que eu estou fazendo, é a 
teoria que está errada e não eu”, ele defende. Do mesmo 
modo que propôs uma nova forma de fazer negócios, Yunus 
estimula os jovens a empreenderem e não terem medo de ser 
protagonistas de inovações.
“Do jeito que é ensinada, a teoria econômica, focada sempre 
na maximização dos lucros, força as pessoas a pensarem 
Todas as pessoas têm potencial para empreender, 
diz Muhammad Yunus
apenas dessa forma. Se a liberdade de inovar começar a fazer 
parte do processo de aprendizagem das pessoas, elas vão ser 
capazes de criar um mundo não só diferente, mas melhor”, 
acredita o economista.
Para ele, o empreendedorismo será a solução para grandes 
problemas globais, como pobreza, desemprego e mudanças 
climáticas. Ao final da palestra, o professor conclamou os 
brasileiros a sair de suas zonas de conforto para buscar 
soluções criativas para mudar e impactar a realidade. “Temos 
que incentivar os jovens na universidade a serem criativos. É 
esse o caminho para surgimento de empreendedores sociais”, 
concluiu. 
Todas as pessoas têm potencial para empreender, 
diz Muhammad Yunus
“E
u vejo o Brasil atual como um lugar de 
muitas oportunidades”, defendeu Jorge 
Paulo Lemann em evento organizado pela 
Endeavor em agosto deste ano, do qual 
o Na Prática participou. Falando para uma audiência 
de cerca de oitocentos empreendedores, além dos que 
acompanhavam o evento online, o empresário disse 
acreditar que vão se sobressair aqueles que souberem 
enxergar oportunidades nos momentos de dificuldade.
Empreendedores é que vão 
salvar o Brasil, defende 
Jorge Paulo Lemann
Em evento da Endeavor, o maior empresário do Brasil 
explica quais são as características que o empreendedor 
precisa ter para ser bem-sucedido em tempos de crise
Para ele, o contexto econômico atual no Brasil proporciona 
um aprendizado intenso para o mercado e a indústria. 
“Dificuldade gera a necessidade de melhorar”, explica. Na sua 
opinião, são os empreendedores brasileiros que vão salvar o 
país da crise.
Como exemplo de dificuldade tornada em oportunidade, ele 
menciona o Banco Garantia, que por anos foi considerado um 
dos mais prestigiosos e inovadores bancos de investimentos 
do país. A verdade é que, quando ele foi comprado – ainda 
como uma pequena corretora – a intenção de Jorge Paulo era 
fazer dela a melhor corretora de bolsa do Brasil. Acontece 
que, um mês depois da compra, a bolsa brasileira quebrou. 
Foi a dificuldade que obrigou o empresário a buscar por 
novidades. Assim, a empresa se reinventou e acabou 
aproveitando uma oportunidade surgida pouco depois, com 
as ORTNs (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional), 
tornando-se a maior operadora desse tipo de papel. “A 
coisa nunca é uma linha reta”, conclui. Além de ser capaz 
de aproveitar essas oportunidades, o empreendedor que 
vai ser bem-sucedido em tempos de crise também precisa 
ser resiliente. “Vocês não podem desanimar na primeira 
dificuldade, na primeira volta para trás. Vai se dar bem quem 
continuar”, disse. Ele usou a própria trajetória como exemplo 
de que os altos e baixos fazem parte da carreira de qualquer 
empresário, e ressaltou a necessidade de aprender e melhorar 
a cada erro.
Errando que se aprende Com a falência de seu primeiro 
empreendimento, uma financeira que montou junto com 
outros egressos de faculdades norte-americanas, aprendeu 
que o empreendedor deve buscar sócios com perfis diversos 
e diferentes dele próprio. “A empresa faliu porque não 
tinha quase nenhuma administração, todos os sócios eram 
parecidos só queriam saber de fazer negócios, daí ninguém 
cuidava da retaguarda administrava”, reconheceu. Com a 
venda e posterior fechamento do icônico Banco Garantia, ele 
aprendeu a importância da visão a longo prazo. “No Garantia, 
estávamos muito focados nos resultados a curto e médio 
prazo, e então nos meus próximos negócios comecei a mudar 
essa visão, olhar mais longe”, explica Jorge Paulo, fazendo 
referência aos empreendimentos que está a frente hoje, como 
a cervejaria AB Inbev e a Kraft Heinz.
Empreendedores é que vão salvar o Brasil, 
defende Jorge Paulo Lemann
Para ele, setenta por cento do esforço do empreendedor deve 
estar voltado para o sonho grande, enquanto os trinta por 
cento restantes devem estar focados em aprender com as 
decisões erradas e melhoras.
O hábito de esquadrinhar um ou mais aprendizados diante 
de cada erro ou fracasso é uma herança das quadras de tênis, 
como ele gosta de dizer. Foi a necessidade de aperfeiçoar sua 
técnica diante de cada partida perdida que fez o empresário 
apostar sempre na possibilidade de melhoria e crescimento. 
“É simples: sem esforço você não tem resultado”, diz. Ele 
começou a praticar o esporte desde cedo e, aos nove anos, 
perdeu para seu principalrival. Aos doze, sofreu uma derrota 
para um jogador estrangeiro. “O tênis foi muito importante 
pra me habituar a não ganhar sempre, me preparou para 
perder. Toda vez que eu perdia tentava analisar por que, ou o 
que não tinha dado certo e o que melhorar na próxima vez.”
Focar no essencial Segundo o empresário, outra habilidade 
que faz o empreendedor se sobressair é a capacidade de 
distinguir o que é fundamental daquilo que é secundário – e 
Empreendedores é que vão salvar o Brasil, 
defende Jorge Paulo Lemann
focar os esforços naquilo que realmente importa. Quando 
estudava em Harvard, tinha o objetivo de acabar a graduação 
no menor tempo possível e, para isso, acabava acumulando 
diversos cursos em um mesmo semestre. “Eu reduzia cada 
uma das disciplinas às cinco coisas básicas que eu tinha 
que aprender com elas, e desenvolvi essa técnica de focar 
em cinco pontos principais”, explica. Hoje, suas empresas 
possuem cinco metas básicas e essenciais, assim como os 
funcionários. 
E
ntre as definições trazidas pelos dicionários 
para a palavra “empreendedor” está a de alguém 
que realiza coisas difíceis, fora do comum ou 
arrojadas. Mas será que é preciso ser mesmo 
um destemido empresário, disposto a assumir riscos e 
que não para de ter ideias inovadoras para ser chamado 
de empreendedor? Segundo os especialistas, o conceito 
de empreendedorismo é mais amplo e existem diversas 
possibilidades para quem pretende atuar nessa área.
Os diversos caminhos para 
quem quer empreender 
Empreender não é só criar startups! Conheça as 
oportunidades para trabalhar no ecossistema 
empreendedor sem ter de abrir o próprio negócio
O boom das startups no Brasil nos últimos anos aumentou o 
chamado ecossistema empreendedor. Atualmente, existem 
diversos profissionais e entidades especializados em apoiar 
ou fornecer serviços para essas empresas. Aceleradoras, 
fundos de investimento, incubadoras, consultorias, núcleos 
de empreendedorismo nas universidades e até mesmo 
as vagas como funcionário em uma startup são exemplos 
de oportunidades para quem quer empreender sem estar 
disposto a correr os riscos abrir seu próprio negócio.
 
Segundo Cássio Spina, fundador da Anjos do Brasil, 
organização sem fins lucrativos de fomento ao investimento-
anjo, empreender é muito mais do que abrir uma empresa. 
“Existem diversas maneiras de se empreender. Pode ser com 
uma atitude empreendedora dentro da empresa onde você 
trabalha, desenvolvendo oportunidades de novos negócios, ou 
trabalhando nessas entidades que compõem o ecossistema. 
Cada um escolhe o caminho de acordo com seu perfil”, avalia. 
O sócio-fundador da Meliuz, startup mineira de e-commerce 
pioneira no país em cupons de descontos com cashback, 
Ofli Campos, concorda e acredita que possui vários 
empreendedores em sua empresa. “Empreender não significa 
ter uma empresa. Tem mais a ver com a maneira com a 
qual você lida com seus sonhos. Temos muitas pessoas 
trabalhando na Meliuz que são antigos donos de startups e 
hoje são funcionários. Não vejo diferenças nisso, empreender 
não significa abrir empresa ou ser funcionário. Buscar um 
sonho é empreendedorismo, não é necessário ter um CNPJ 
para isso”, afirma o empresário. 
Habilidades necessárias Se você está disposto a trabalhar 
nessa área, mesmo que não seja como sócio ou dono de uma 
startup, algumas características são fundamentais. Apesar 
das diferenças peculiares à cada área, alguns traços são bem 
parecidos com os dos empresários que você terá de lidar 
diariamente. Dinamismo, disposição à inovação, criatividade, 
persistência, capacidade de execução e facilidade de 
comunicação são algumas apontadas pelos especialistas. 
“As características são parecidas com as de um 
empreendedor que abre seu negócio. Isso porque essas 
pessoas estão inseridas no mesmo cenário, influenciadas por 
quase todas as mesmas variáveis e em contato constante. 
Os diversos caminhos para quem 
quer empreender
Talvez a capacidade de gerenciar e calcular riscos seja mais 
evidente para os empresários, mas ela também está presente 
no dia a dia desses outros empregados em proporções e 
decisões diferentes”, afirma Cássio Spina. 
Realização Os depoimentos daqueles que ajudam 
na construção dos alicerces das diversas facetas do 
empreendedorismo revelam realização profissional. 
No caso de Artur Vilas Boas, presidente do Núcleo de 
Empreendedorismo da USP (Universidade de São Paulo) e 
pesquisador sobre o tema, aumentar as possibilidades de 
empreendedorismo no ambiente acadêmico se tornou uma 
verdadeira missão para ele. 
“Eu empreendi no período da graduação. A empresa 
deu certo, formei sócios e hoje cuido apenas da parte 
estratégica. Mas isso despertou em mim o sonho de 
ajudar outros universitários a empreender também. Hoje, 
vejo meu futuro ligado a essa missão de fazer com que a 
universidade cada vez mais apoie jovens empreendedores 
em sua jornada. Sou extremamente realizado com o que 
faço e me considero empreendedor”, afirma.
Os diversos caminhos para quem 
quer empreender
No caso de Cássio Spina, que também trilhou diversos 
caminhos empreendedores, auxiliar as startups a buscarem 
recursos por meio dos investidores-anjos é uma maneira de 
fazer parte desses negócios. 
“Claro que um investidor busca retorno, mas dá um prazer 
enorme de ver aquelas ideias e serviços se tornando 
realidade, dando os primeiros passos e alcançando seus 
objetivos. Você acaba participando dos sonhos das pessoas e 
sonhando com elas. Todo negócio é construído em conjunto. 
Colocar um tijolinho ali é muito legal”, conclui.
 
texto
Frederico Machado
Rafael Carvalho
Vinícius Neris
edição
Rafael Carvalho
design
Danilo de Paulo
fotos
Na Prática
StartuoStockPhoto
Acervo Pessoal
Divulgação

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