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ATLAS DE MACROSCOPIA: LESÕES CELULARES E DO INTERSTÍCIO Fonte: Web Path e Serviço de Anatomia Patológica da Unicamp. 2012/1 Revisão para o Provão por Izabela Sinara, Jackeline Meira, Maria Moreira, Olivia Lucena, Rafaela Caliari e Rodrigo Arrivabeno. MEDUFES88 Infarto anêmico/Isquêmico do baço – Necrose coagulativa e liquefativa: O baço, sendo órgão sólido e de consistência firme, tende a ter necrose do tipo coagulativo. Os infartos são necrose de origem vascular, mais comumente por obstrução de um ramo arterial. Como o território de distribuição das artérias é em forma de cunha, com o ápice voltado para o interior do órgão, os infartos também tendem a ter forma de cunha, com o ápice voltado para o ramo obstruido. Na peça OH-8 há uma área cística, de necrose liquefativa, no interior do infarto. Infarto anêmico do rim – Necrose coagulativa: O rim, sendo órgão sólido e de consistência firme, tende a ter necrose do tipo coagulativo. Os infartos são necrose de origem vascular, e neste caso, houve obstrução de um ramo da artéria renal. O infarto corresponde à área deprimida e esbranquiçada na superfície externa. Na superfície de corte, notar que o infarto acomete praticamente só a camada cortical do rim. Este infarto é antigo, não se notando mais a necrose coagulativa original, que foi substituida por uma cicatriz fibrosa. Necrose no interior de um tumor maligno (melanoma maligno amelanótico) – Necrose coagulativa: Os tumores malignos têm crescimento rápido, o que muitas vezes supera a capacidade de irrigação dos vasos do tumor. Em conseqüência, a região central da neoplasia fica isquêmica e sofre necrose coagulativa (área mais esbranquiçada na superfície de corte). Tuberculose pulmonar exsudativa com extensa necrose caseosa: É característica da tuberculose a necrose caseosa, uma lesão com aspecto semelhante a queijo mineiro ou ricota, que pode envolver extensas áreas, levando a destruição de alvéolos e grande redução da área arejada do pulmão. Neste caso há também antracose. Topografia: Pulmão Lesão: Necrose Caseosa Descrição das 2 figuras que antecedem a esta junto com a descrição desta peça. Tuberculose pulmonar curada com caverna apical e fibrose pulmonar e pleural. Tuberculose da suprarrenal – Necrose caseosa e calcificada: Neste caso houve tuberculose pulmonar, que resultou na caverna apical de paredes lisas (indício de cura com fibrose). Além da lesão apical, houve extensa fibrose que afetou todo o parênquima pulmonar, resultando em retração. A fibrose atingiu também a pleura, causando aderência do diafragma e dos músculos intercostais. Por via hematogênica, os bacilos atingiram a suprarenal, produzindo necrose caseosa que calcificou (consistência dura à palpação). Nódulo calcificado no ápice pulmonar, de origem tuberculosa (exemplo de calcificação, no caso em necrose caseosa): O pequeno nódulo esbranquiçado representa lesão tuberculosa que não progrediu. A necrose caseosa sofreu calcificação e encapsulou-se. Outros detalhes desta peça na aula de tuberculose. Topografia: Rim Lesão: Necrose isquêmica. Este é o padrão típico quando se tem isquemia e infarto (perda de suprimento sanguíneo e anóxia tecidual resultante). Aqui, existe uma área em forma de cunha pálida de necrose de coagulação (enfarte) no córtex renal do rim. Abcesso pulmonar – necrose liquefativa Os dois abscessos pulmonares aqui vistos são exemplos de necrose liquefativa em que existe um centro de líquido em uma área da lesão do tecido. Um abscesso aparece no lobo superior e um na parte inferior do lóbulo. Necrose liquefativa é típico de órgãos em que os tecidos têm uma grande quantidade de lípido (tais como cérebro) ou quando existe um abcesso com lotes de células inflamatórias agudas cuja libertação de enzimas proteolíticas destrói os tecidos circundantes. Topografia: Pulmão Lesão: Necrose liquefativa/ abcesso. Infarto cerebral – necrose liquefativa: O infarto cerebral no canto superior esquerdo demonstra necrose liquefativa. Eventualmente, a remoção do tecido morto deixa para trás uma cavidade. Topografia: Encéfalo Lesão: Necrose liquefativa Topografia: Encéfalo Lesão: Necrose Liquefativa. Pâncreas – Esteatonecrose: Lesão celular para os ácinos do pâncreas conduz à libertação de enzimas potentes, que ocasiona através da gordura na produção de sabões. Pode se observar também áreas esbranquiçadas denominadas pingo de vela. Topografia: Pâncreas. Lesão: Esteatonecrose Linfonodo hilar com tuberculose – Necrose caseosa Esta é a aparência bruta de necrose caseosa em linfonodo hilar infectado com tuberculose. O nó tem uma cor de queijo de aparência branca. Necrose caseosa é uma combinação de necrose coagulativa e liquefativa que é mais característico de inflamação granulomatosa. Topografia: Pulmão. Lesão: Necrose caseosa. Pulmão com extensa necrose caseosa Isto é uma extensa necrose central, com confluentes de necrose caseosa na porção superior em um paciente com tuberculose. A destruição do tecido é tão extensa que existem áreas de cavitação (espaços císticos) sendo formados com os detritos (principalmente liquefeito) necróticos que escoa através dos brônquios. Topografia: Pulmão. Lesão: Necrose caseosa. Gangrena seca nos dedos do pé: há necrose principalmente lesão coagulativa de origem anóxica. Topografia: Pé esquerdo Lesão: Gangrena seca Gangrena úmida da extremidade inferior: Neste caso, o termo gangrena "molhada" é mais aplicável devido ao componente liquefativo da infecção sobreposta, e além da necrose coagulativa ocasionada pela perda de fornecimento de sangue. Este paciente tinha diabetes mellitus. Topografia: Perna direita Lesão: Gangrena úmida. Adenocarcinoma gástrico mucoso difuso. Degeneração mucosa: A peça é constituída pelo estômago aberto (foi retirada toda a parede anterior), grande epíploo e baço. A parede gástrica está grandemente espessada pelo tumor, um adenocarcinoma difuso que infiltra todas as camadas da mucosa à serosa, e se propaga por continuidade ao grande epíploo. Este está muito espesso, mas de extensão diminuída, assemelhando-se a um avental. Hialinização da cápsula esplênica (periesplenite fibrinosa): Baço, cuja cápsula está espessada por deposição de material proteico, derivado de fibrina e outras proteínas do plasma no decorrer de uma inflamação aguda do peritônio (peritonite). A peça tem a finalidade de mostrar o aspecto macroscópico de uma substância hialina, ou seja, de proteína depositada nos tecidos. Rim e coração (próximo slide) na hipertensão arterial benigna : O rim está reduzido de volume e tem superfície granulosa, devido à hialinose arteriolar e à hialinização glomerular. Ambos processos levam a atrofia de parte dos néfrons. Os néfrons atróficos correspondem às pequenas depressões da superfície renal, e os funcionantes produzem as granulações. O ventrículo esquerdo está hipertrófico devido à hipertensão arterial de longa duração. Topografia: Rim e Coração Lesão: Transformação hialina (hialinose) Amiloidose renal e esplênica – Deposição amiloide: O rim e o baço estão aumentados de volume e com cor clara devido à deposição de amilóide. No rim a deposição é principalmente nos glomérulos. No baço, a deposição neste caso ocorreu na polpa vermelha, dando o aspecto chamado baço em presunto, ou baço lardáceo. As peças do próximo slide possuem a mesma lesão. Topografia: Baço e Rim Lesão: Amiloidose Tofo gotoso – Depósito de cristais de urato de sódio no tecido conjuntivo: O tofo é uma manifestação da gota úrica crônica. É um depósito de cristaisde urato de sódio no tecido conjuntivo subcutâneo, em articulações distais ou na cartilagem auricular, na vigência de hiperuricemia. Na face externa, há uma fina cápsula fibrosa, aderida ao tecido conjuntivo e ligamentos da região. Na face de corte observa-se material homogêneo e friável (fragmenta-se facilmente), constituído por cristais de urato em uma matriz proteica. Esteatose hepática em fígados de crianças (difusa e focal): Chama a atenção a cor fortemente amarelada do fígado. Ambos fígados são de crianças com carência alimentar, e a esteatose se deve a desnutrição. O caráter focal deve-se à distribuição dos hepatócitos com esteatose em relação ao lóbulo hepático: em certos casos, os hepatócitos centrolobulares têm mais esteatose que os da periferia do lóbulo, mas também o inverso pode acontecer, e somente por exame histológico é possível diferenciar. Independente da localização da esteatose focal, o fenômeno permite uma visualização macroscópica da arquitetura lobular do fígado. Quando a esteatose é difusa, todas as regiões do lóbulo estão igualmente acometidas. Topografia: Fígado Lesão: Esteatose Cirrose hepática alcoólica – Esteatose: Notar a cor amarelada (esteatose) e o aspecto noduloso da superfície do fígado. Os nódulos resultam da perda de arquitetura do parênquima hepático, com desaparecimento do padrão lobular normal e formação de traves de fibrose que recortam o fígado de forma irregular. Os hepatócitos entre as faixas de tecido fibroso não têm mais a organização radiada normal e, como se regeneram, formam nódulos irregulares, que constituem as áreas salientes na superfície. As áreas deprimidas são devidas à fibrose. A cirrose pode ter várias causas. Entre as mais comuns estão o alcoolismo crônico e algumas formas de hepatite por virus. Em muitos casos não é possível determinar a etiologia. Topografia: Fígado Lesão: cirrose (Esteatose) Aterosclerose aórtica com trombose: nesta peça temos um segmento de aorta que foi dobrado sobre si mesmo, de modo que as duas faces da peça mostram a íntima. Há intensa aterosclerose, caracterizada como placas elevadas e de cor amarela. Além da aterosclerose é possível ver trombos mistos parietais nos dois lados desta peça. A aterosclerose é um importante fator que favorece a trombose, por acarretar lesão do endotélio. Baço na doença de Gaucher – depósito de cerobrósides: Há grande aumento de volume do baço (esplenomegalia) na doença de Gaucher, devido ao depósito de cerebrósides em macrófagos da polpa vermelha. Antracose pulmonar : Este pulmão mostra várias pequenas manchas negras na superfície de corte, chamadas de antracose, porque correspondem à deposição de partículas de carbono da poluição atmosférica inaladas ao longo da vida. Estão localizadas no tecido intersticial entre os alvéolos, e tendem a concentrar-se em certas áreas. No presente exemplo, além de antracose, existe tuberculose pulmonar, na forma miliar, que aparece como múltiplos pequenos nódulos esbranquiçados (tubérculos). Cirrose biliar por obstrução do canal colédoco: objetivo desta peça é demonstrar a bilirrubina contida em cálculos biliares. É um fígado de adulto visto pela face posterior. O colédoco está parcialmente aberto e mostra-se dilatado por cálculos biliares no seu interior. Estes se formaram na vesícula e impactaram-se no colédoco, obstruindo o fluxo biliar e levando à retenção de bile no interior do fígado (colestase). A peça fresca tinha cor fortemente esverdeada, que já não é mais visível porque a bilirrubina, sendo hidrosolúvel, perdeu-se para o líquido conservador. A bilirrubina é tóxica para os hepatócitos e no longo prazo leva à lesão permanente deles, com fibrose difusa do fígado, ou seja, cirrose biliar. Notar que os nódulos regenerativos na cirrose biliar são pequenos e pouco salientes em relação a outros tipos de cirrose. Devido à atresia congênita da porção terminal do colédoco, houve retenção intrahepática de bile, dando cor esverdeada ao fígado. A cirrose biliar resulta da toxicidade da bilirrubina para os hepatócitos, e tem aspecto semelhante ao da peça anterior, no fígado de adulto, por obstrução do colédoco por cálculos. Topografia: Fígado Lesão: cirrose (Esteatose) Topografia: Seções transversais de Coronárias Lesão: Aterosclerose Topografia: Coronária Lesão: Placa calcificada- Aterosclerose. Artéria coronária com placas ateroscleróticas. Uma das complicações da aterosclerose é a hemorragia recente em placa. Essa hemorragia aguda pode diminuir a luz e produzir uma síndrome coronariana aguda, com isquemia e / ou infarto do miocárdio. Estrias lipídicas na aorta: os traços pálidos, lipídicos e amarelos na aorta são as primeiras lesões da aterosclerose. Quase todo mundo tem, e por si só não produzem doença. São lesões precursoras de aterosclerose grave, e podem ser fatores de risco para a formação de ateromas caso continue. Três aortas são apresentadas para demonstrar a aterosclerose leve, moderada e grave de baixo para cima. A aterosclerose pode enfraquecer a parede da aorta de tal forma que se distende e forma um aneurisma. Um aneurisma aórtico aterosclerótico ocorre tipicamente na porção abdominal abaixo das artérias renais, como mostrado aqui, mas pode formar também aneurisma próximo a aorta bem como em ramos da aorta. Aneurismas da aorta que se tornam maiores do que 5 a 7 cm são mais propensos à ruptura.
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