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Saúde e Ambiente

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Universidade do Estado do Pará
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde
Curso de Graduação em Enfermagem
Saúde e Ambiente
Professora: Silvia Maria Almeida da Costa
Elaine Rodrigues Pinheiro
Emanuelle da Silva Tavares
Gabriela Rocha Reis
Poluição química do meio ambiente
Uso de agrotóxicos na agricultura, o ambiente e a saúde
	
Belém
2018
Elaine Rodrigues Pinheiro
Emanuelle da Silva Tavares
Gabriela Rocha Reis
Poluição química do meio ambiente
Uso de agrotóxicos na agricultura, o ambiente e a saúde
Trabalho entregue como critério avaliativo e requisito do componente curricular Saúde e Ambiente ministrado para os discentes da Primeira Série / Bloco II do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Estado do Pará.
Prof.ª Silvia Maria Almeida da Costa
Belém
2018
INTRODUÇÃO	3
1.1	USO DE AGROTÓXICOS NA AGRICULTURA, O AMBIENTE E A SAÚDE	3
1.2 SITUAÇÃO PROBLEMA	5
OBJETIVOS	6
2.1 Objetivo Geral	6
2.2 Objetivos Específicos	6
2	CLASSIFICAÇÃO DOS AGROTÓXICOS QUANTO AO GRAU DE TOXIDADE E EPI’s	7
4	A UTILIZAÇÃO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL	12
6 AGROTÓXICOS E A SAÚDE HUMANA	14
6.1 AGROTÓXICOS E NEOPLASIAS EM AGRICULTORES	14
6.2 AGROTÓXICOS E OS ALIMENTOS	15
6.3 INTOXICAÇÃO	16
7.1 SOLO	17
7.2 RECURSOS HÍDRICOS	18
7.3 FAUNA	18
7.4 FLORA	19
7.5 AR	20
7.6 EMBALAGENS DE AGROTÓXICOS	20
8 CONSIDERAÇÕES CRÍTICAS	21
9 CONCLUSÃO	22
 REFERÊNCIAS	23
 APÊNDICES
INTRODUÇÃO
USO DE AGROTÓXICOS NA AGRICULTURA, O AMBIENTE E A SAÚDE
A partir da Revolução Verde (1950), o processo de produção agrícola passou por fortes mudanças, com a inserção de novas formas de produzir, visando a produção extensiva. Logo, a maioria dessas modalidades, inclui o uso intenso de agrotóxicos, a fim proteger as plantações contra pragas e aumentar a produtividade.
Nesse cenário, muitas são as divergências acerca do uso desse produto, devido aos diversos riscos aos quais o ambiente e os consumidores são expostos. A quantidade de agrotóxicos ingerida no Brasil é tão alta, que o país está na liderança do consumo mundial desde 2008 (EL PAÍS, 2016). Conforme a afirmativa, pode-se notar a que o setor de produção agrícola tem adotado fielmente o uso dessas substâncias, e colocado em risco a saúde dos trabalhadores, dos consumidores de seu produto final e, principalmente, do meio ambiente.
No contexto brasileiro, desde o período da economia colonial estabeleceu-se a modalidade trabalhista das lavouras, na qual o trabalho manual árduo é a principal forma de produção. Hodiernamente, essa prática ainda encontra-se consolidada em muitas regiões, como na área serrana do Espírito Santo, onde foram entrevistados -por uma emissora televisiva local- dois lavradores, que desde muito novos atuam nesse ramo de trabalho; nesse ínterim, foram expostos aos agrotóxicos por um longo período da vida, e relataram a grande ocorrência dos casos de câncer na população ali residente, como no caso deles: a senhora com câncer de mama, e ele câncer de próstata. Além disso, muitos estudos realizados, inclusive pela OMS, afirmam o alto poder cancerígeno dessas substâncias, relacionadas também à desregulação do sistema endócrino e problemas no sistema reprodutor, como no caso da ação do Carbofurano.
Ademais, problemas na área política influenciam diretamente na permanência dos agrotóxicos no processo de produção agrícola. Fatores como a baixa cobrança de tributos nos produtos e a demora no processo de reavaliação química, faz com que estas substâncias ainda sejam utilizadas autorizadamente por longos períodos. Concomitante a isso, o envolvimento do setor do agronegócio nas decisões em debates políticos, também é um potencializador para a aplicação parcial das leis existentes.
No que se refere ao meio ambiente, a aplicação dos agrotóxicos pode contaminar o solo e os sistemas hídricos, resultando na degradação ambiental que afetaria diretamente os ecossistemas e a saúde pública. Visto que mesmo quando são aplicados diretamente nas plantas, esses produtos são levados ao solo pela ação das chuvas, e assim, infiltram os lençóis freáticos e contaminam a água que transita nessa área.
É pertinente considerar, então, que diante da problemática apresentada, torna-se essencial a socialização e debate desse tema entre os diveros grupos da sociedade, visando expandir conhecimento e motivar o envolvimento social. Além disso, esclarecer os pontos-chave e problematizá-los em cursos de graduação relacionados à temática, como no campo da educação ambiental e em saúde, torna-se eficaz à medida que com o aprendizado acerca do assunto, desenvolve-se uma atenção especial com a procedência dos alimentos de origem agrícola, desenvolvimento da responsabilidade no tocante à produção científica, a fim de demonstrar riscos e alertas amparados pelas instituções de ensino, entre outros.
1.2 SITUAÇÃO PROBLEMA
Na zona rural de Santa Maria de Jetibá, região serrana do Espírito Santo, dona Verônica não é a única abalada pelo câncer. Ela e seu irmão Valdemiro vêm de uma grande família de lavradores. Desde muito novos, começaram a trabalhar com seus pais na lavoura, com isso, se expuseram cedo aos agrotóxicos (pesticidas) e hoje, sofrem com câncer. Ela com câncer de mama e ele com câncer de próstata.	
	Além desses dois casos, a região citada possui inúmeras pessoas com os mesmos casos e o mesmo histórico de lavradores. A cidade é conhecida por sua população ter uma alta incidência de câncer e a relação com o uso de agrotóxicos em suas plantações.
	
OBJETIVOS
	2.1 Objetivo Geral
Compreender as consequências da utilização de agrotóxicos na agricultura, para o meio ambiente e na saúde.
 2.2 Objetivos Específicos
Reconhecer os perigos relativos a exposição ocupacional dos trabalhadores rurais;
Entender a relação entre a exposição aos agrotóxicos e o surgimento de neoplasias;
Discorrer sobre os riscos de contaminação do meio ambiente pela utilização de agrotóxicos.
CLASSIFICAÇÃO DOS AGROTÓXICOS QUANTO AO GRAU DE TOXIDADE E EPI’s
	Segundo a EMBRAPA (2010), os agrotóxicos podem ser classificados em classes de I a IV. A classe I é constituída dos químicos extremamente tóxicos, encontrados no mercado com a faixa vermelha. A classe II, altamente tóxica, de faixa amarela. A classe III, aqueles medianamente tóxicos, com embalagens de faixa azul e a classe IV, pouco tóxica, faixa verde.
Quadro 1 : Categorização de agrotóxicos de acordo com efeitos á saúde humana
Fonte: LOGICA AMBIENTA, agratóxicos. Disponível em < http://www.logicambiental.com.br/agr> Acesso em 11 de maio de 2018
	Durante o preparo da calda e aplicação dos produtos, alguns cuidados são fundamentais, tais como: 1- O preparo da calda deve ser realizado em local sombreado, aberto e que apresente boa ventilação. 2- A utilização dos equipamentos de proteção individual (EPIs) torna-se imprescindível para quem manuseia com os agrotóxicos. Dentre estes se destacam: o macacão, luvas, botas de borracha, óculos protetores e máscara. 3- As instruções presentes nos rótulos do produto devem ser seguidas corretamente. 4- Evitar pulverizar nas horas mais quentes do dia, contra o vento e em dias de vento forte e chuvosos. 5- Fazer a lavagem da embalagem vazia logo após o esvaziamento da mesma, longe de locais que possam ser contaminados e causem riscos à saúde das pessoas.
REGISTRO DE AGROTÓXICOS
	Conforme a legislação vigente, agrotóxicos são produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, utilizados nos setores de produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, pastagens, proteção de florestas, nativas ou plantadas, de ambientes urbanos e industriais.
De acordo com o Decreto n° 4.074/2002, os agrotóxicos, seus componentes e afins só poderão ser produzidos, manipulados, importados, exportados, comercializados e utilizados no território nacional se previamenteregistrados no órgão federal competente, atendidas as diretrizes e exigências dos órgãos federais responsáveis pelos setores de agricultura, saúde e meio ambiente (ANVISA, 2013).
Para que seja iniciado o processo de regularização de agrotóxicos, é necessária que sejam utilizadas quantidades a partir de 25g do produto, pois somente nesses casos a molécula pode ser caracterizada na categoria e atender à legislação específica de agrotóxicos e afins.
Com isso, para obter o registro no Brasil, três órgãos do governo federal devem avaliar o produto:
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA): responsável por avaliar a eficiência e o potencial de uso na agricultura;
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA): no tocante ambiental, avalia o potencial de poluição do produto;
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA): realiza o dossiê toxicológico, observa a toxicidade do produto para a população e em quais condições seu uso pode ser seguro.
Conforme estabelece o decreto citado, cabe aos Ministérios da Saúde, Agricultura e do Meio Ambiente, em suas respectivas áreas de atuação:
Estabelecer as diretrizes e exigências, que devem ser apresentadas pelo requerente, para registro e reavaliação de registro dos agrotóxicos, seus componentes e afins;
Minimizar, através dessas diretrizes e exigências, os riscos apresentados por agrotóxicos, seus componentes e afins;
Estabelecer o limite máximo de resíduos dos agrotóxicos e afins;
Estabelecer metodologias oficiais de amostragem e análise para resíduos de agrotóxicos;
Controlar, fiscalizar e inspecionar a produção, a importação e a exportação dos agrotóxicos, seus componentes e afins, bem como os respectivos estabelecimentos;
Controlar e comprovar a qualidade dos agrotóxicos, frente às características do produto que foi registrado;
Desenvolver ações de instrução, divulgação e esclarecimento sobre o uso correto e eficaz dos agrotóxicos e afins.
Entretanto, dentro das normas estabelecidas, existem agrotóxicos que não as atendem e podem ser vetados. Portanto, também, determinou-se a proibição dos produtos que:
Para os quais no Brasil não se disponha de métodos para desativação de seus componentes, a fim de impedir que os seus resíduos provoquem riscos ao meio ambiente e à saúde pública;
Para os quais não haja antídoto ou tratamento eficaz no Brasil;
Cujas características causem danos ao meio ambiente;
Considerados mutagênicos, capazes de induzir mutações observadas em, no mínimo, dois testes, um deles para detectar mutações gênicas, e o outro para detectar mutações cromossômicas;
Que provoquem distúrbios hormonais, danos ao aparelho reprodutor, de acordo com procedimentos e experiências atualizadas na comunidade científica.
Tipos de registro de acordo com o IBAMA:
Registro emergencial de agrotóxicos e afins: Tem autoridade para atribuir o direito provisório de produção, importação, manipulação, comercialização e emprego de agrotóxicos e afins para atendimento a uma emergência ambiental. Vale ressaltar, também, que para que um produto agrotóxico seja registrado para uso em uma emergência ambiental, primeiro deve ser caracterizada a situação emergencial e autorizado o uso emergencial do agrotóxico pelo Comitê Técnico de Assessoramento para Agrotóxicos (CTA), em seguida o Ibama, por meio da publicação no Diário Oficial da União de Instrução Normativa, divulga as especificações aprovadas.
Registro especial temporário (RET) de agrotóxicos e afins: Os agrotóxicos, componentes ou afins a serem utilizados em projetos de pesquisa e experimentação, sejam em laboratório ou em campo, devem ser previamente avaliados e possuir o Registro Especial Temporário (RET). É concedido por tempo determinado, podendo conferir o direito de importar ou produzir a quantidade de produto necessária à pesquisa e à experimentação.
Avaliação de risco ambiental como requisito para o registro de agrotóxicos: A necessidade de uma avaliação ambiental de agrotóxicos como requisito para o registro desses produtos no Brasil, passou a vigorar com a Lei Federal n° 7.802/89, que também estabelece que tais produtos devem atender, entre outras, as diretrizes e exigências relativas ao meio ambiente (IBAMA, 2012).
A avaliação ambiental desses profutos baseia-se em duas perspectivas: a avaliação de periculosidade ambiental (APPA ou PPA) e a avaliação de risco ambiental (ARA).
Nesse cenário, a primeira vertente foi consolidada de forma sistemática com a edição do Decreto Regulamentador da Lei de Agrotóxicos em 1990, e deu ao Ibama a continuidade para proceder a avaliação e classificação quanto ao PPA dos produtos que ainda não atendiam às exigências e diretrizes, na época referida. Em contrapartida, a ARA até 2010 só pôde ser conduzida em poucas condições, para produtos muito específicos em condições particulares, em vista de dificuldades técnicas para a sua aplicação de forma sistemática.
O tocante que difere as duas é a consideração ou não de estimativa da concentração ambiental na avaliação. Na avaliação ambiental de perigo essa estimativa não é utilizada. Porém, na avaliação de periculosidade ambiental são compreendidas a revisão dos estudos físico-químicos, toxicológicos e ecotoxicológicos para um determinado produto e a classificação dos resultados.
A partir das avaliações isoladas ou combinadas dos resultados de testes, é que são definidas as condições para o uso seguro do produto, bem como o uso das frases de advertência para o rótulo e outras restrições, visando evitar acidentes e a segurança para o meio ambiente. No que se refere aos testes, é importante ressaltar que são conduzidos com quantidades definidas do produto a ser avaliado. Dessa forma, será possível aplicar restrições mais eficazes para prevenção de acidentes.
Ademais, na avaliação de risco ambiental (ARA), além da revisão dos estudos como na avaliação de perigo, os riscos de exposição são estimados considerando fatores como: doses propostas, intervalo entre as aplicações, diferentes métodos de aplicação recomendados, destino ambiental, entre outros. Assim, ao estipular concentrações ambientais, é possível chegar a uma comparação entre os valores que podem ocorrer no meio ambiente e os valores cujos testes observou-se efeitos tóxicos, permitindo uma conclusão mais precisa acerca da segurança de um produto, nas condições que foram propostas pelo registrante.
Com isso, também pode-se afirmar que o objetivo de uma avaliação de perigo é averiguar a segurança do uso regular de um dado produto, visto os termos de uso propostos pelo registrante, pois nessa avaliação são considerados os resultados dos testes como base para estabelecer restrições ao uso do produto, além de considerar o comportamento e toxicidade expressos.
A UTILIZAÇÃO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL
A utilização de agrotóxicos no Brasil tem origem, basicamente, no período de 1960-70, quando no campo constatava-se um progressivo processo de automação das lavouras, com o implemento de maquinário e utilização de produtos agroquímicos no processo de produção. Isso foi estimulado, sobretudo, pela implementação do Sistema Nacional de Crédito Rural (SNCR), que vinculava a concessão de empréstimos aos produtores à fixação de um percentual a ser gasto com agrotóxicos, considerados, então, símbolo da modernidade no campo (Peres, 2003). 
Desde a década de 50, quando se iniciou a chamada ‘revolução verde’, foram observadas profundas mudanças no processo tradicional de trabalho agrícola, bem como em seus impactos sobre o ambiente e a saúde humana. Novas tecnologias, muitas delas baseadas no uso extensivo de agentes quí- micos, foram disponibilizadas para o controle de doenças, aumento da produtividade e proteção contra insetos e outras pragas.
De acordo com Peres et. al (2003), não se pode negar o crescimento, em termos de produtividade, proporcionado pela difusão de tais tecnologias no campo. Entretanto, essas novas facilidades não foram acompanhadas pela implementação de programas de qualificação da forçade trabalho, sobretudo nos países em desenvolvimento, expondo as comunidades rurais a um conjunto de riscos ainda desconhecidos, originado pelo uso extensivo de um grande número de substâncias químicas perigosas e agravado por uma série de determinantes de ordem social.
Dentro desse contexto, os agrotóxicos aparecem como importante exemplo dessa realidade. A Organização Mundial da Saúde estima que, a cada ano, entre três e cinco milhões de pessoas são contaminadas por agrotóxicos em todo o mundo. Alguns autores acreditam que tais números podem chegar a 25 milhões de trabalhadores/ano somente nos países em desenvolvimento. O mercado brasileiro de agrotóxicos expandiu rapidamente na última década (190%), num ritmo de crescimento maior que o dobro do apresentado pelo mercado global (93%), o que coloca o Brasil em primeiro lugar no ranking mundial, desde 2008 (RIGOTTO, et.al 2014). Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, na safra 2010/2011, o consumo foi de 936 mil toneladas, movimentando US$ 8,5 bilhões entre dez empresas que controlam 75% deste mercado no país.
De acordo com a Organização das Nações Unidas, o número de pessoas, em 2025, dependentes de alimentos provenientes do meio rural no mundo será de 7,9 bilhões. Esta necessidade crescente faz com que o processo de produção agrícola esteja sendo, cada vez mais, submetido a fortes mudanças tecnológicas e organizacionais, visando à produtividade. A cultura do uso de agrotóxicos no Brasil começou partir da década de sessenta, quando o chamado Plano Nacional do Desenvolvimento (PND) adotado pelo governo obrigou os agricultores a comprar uma cota definida de agrotóxicos para que pudessem obter crédito rural. Com essa obrigatoriedade, a utilização de agrotóxicos aumentou de modo exponencial, contribuindo para a quase extinção de práticas alternativas e ecologicamente saudáveis de manejo de pragas.
6 AGROTÓXICOS E A SAÚDE HUMANA
	Os agrotóxicos constituem hoje um importante problema de saúde pública, tendo em vista a amplitude da população exposta nas fábricas de agrotóxicos e em seu entorno, na agricultura, no combate às endemias e outros setores, nas proximidades de áreas agrícolas, além de todos os consumidores dos alimentos contaminados. Desta forma, os riscos à saúde humana associados ao uso e à exposição crônica a agrotóxicos têm sido objeto de grande interesse científico.
6.1 AGROTÓXICOS E NEOPLASIAS EM AGRICULTORES
Segundo Jobim et al (2007), em termos populacionais, os efeitos crônicos podem ser tão prejudiciais quanto os agudos, uma vez que existem sugestões fortemente apoiadas por evidências que apontam consequências deletérias na fertilidade, na etiologia de danos neurológicos e possivelmente no aumento da suscetibilidade a neoplasias. Assim, indivíduos que participam da produção industrial ou aplicação em larga escala destes compostos podem estar sujeitos a uma maior contaminação do que a população em geral. 
O efeito crônico ocorre principalmente porque existem três principais vias de absorção de agrotóxicos (dérmica, digestiva e respiratória), o que aumenta a área biológica de exposição a estes agentes químicos. Adicionalmente, alguns pesticidas permanecem armazenados nos tecidos de organismos vegetais e animais, incluindo o homem, como é o caso dos agrotóxicos que usam organoclorados. Tais pesticidas são lipossolúveis e têm grande estabilidade, o que os torna geralmente resistentes à degradação biótica ou abiótica. 
Alguns estudos vêm demonstrando que tais agentes podem realmente estar relacionados com o desenvolvimento de morbidades crônico não transmissíveis, como as neoplasias. Entretanto, sob o ponto de vista epidemiológico, a avaliação do potencial carcinogênico dos agrotóxicos com organoclorados e demais agrotóxicos com o câncer é extremamente complexa. As dificuldades são inúmeras, face à heterogeneidade dos compostos utilizados, à diversidade de métodos de aplicação e à ausência de dados adequados sobre a natureza da exposição.
	No estudo realizado por Jobim et al (2007), comparou-se as taxas de mortalidade do Brasil, Rio Grande do Sul e da microrregião de Ijuí, que está localizada na Região Noroeste Colonial (RS). O período de análise foi de 1979 a 2003. Esta região concentra uma área extensa de plantio de soja. Considerando-se a produção média de 2001 a 2003, o Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor de soja do Brasil, com 16,8% do total produzido. A intensificação do modelo de monocultura baseado em métodos convencionais de cultivo que inclui o uso de agrotóxicos começou durante a década de setenta e se estende até os dias de hoje. 
A mesma apresenta alta prevalência de neoplasias. Esta sugestão foi oriunda da análise da proporção de óbitos por neoplasias, baseada no ano de 2002, tendo como fonte de dados o DATASUS.
Os resultados sugerem que existe maior prevalência de mortalidade por neoplasias na microrregião de Ijuí em comparação ao RS e Brasil. Na ordem em que os mesmos são apresentados, os homens têm uma mortalidade média por câncer maior do que as mulheres no Brasil, RS e MI. Considerando que este gênero possui uma exposição ocupacional maior do que a mulher no que diz respeito ao trabalho na agricultura (plantio, aplicação de defensivos, adubos, etc.).
6.2 AGROTÓXICOS E OS ALIMENTOS
	Ao longo das duas últimas décadas o monitoramento de resíduos de agrotóxicos em alimentos no Brasil foi marcado por uma série de esforços isolados de órgãos estaduais de saúde, agricultura e instituições de pesquisas. Esse fato sempre impediu que o País tivesse uma noção clara dos níveis de agrotóxicos encontrados em seus produtos agrícolas. O passo mais significativo para resolver esse problema foi a criação do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), o qual permite a fiscalização pela ANVISA.
	De acordo com a ANVISA (2006), os riscos dessas irregularidades para a saúde humana não é imediato, mas os danos causados pelo consumo de produtos com agrotóxicos, a longo prazo, precisam ser levados em consideração. De forma geral, a aplicação está presente na maior parte das culturas, mas as que mais trazem preocupação são aquelas consumidas em grande quantidade pela população na forma in natura. A dificuldade em controlar os efeitos provocados pelo uso de agrotóxicos em alimentos está no fato de que essa é uma contaminação invisível. É praticamente impossível para o consumidor reconhecer um produto que recebeu a pulverização de produtos não permitidos ou além do limite autorizado, por isso é tão importante termos um programa que faça esse controle.
	O Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos de Alimentos analisou quase 2.500 amostras de 18 tipos de alimentos nos estados brasileiros. O resultado das análises é preocupante: cerca de 1/3 dos vegetais que o brasileiro mais consome apresentaram resíduos de agrotóxicos acima dos níveis aceitáveis.
6.3 INTOXICAÇÃO
 	Segundo o Ministério da Saúde, a intoxicação com agrotóxicos se dá por meio de contato direto: no preparo, aplicação ou qualquer tipo de manuseio com o produto, bem como através do contato indireto: contaminação de água e alimentos ingeridos. Estes entram no corpo por meio de contato com a pele, mucosa, pela respiração e ingestão. 
Os principais sintomas da Intoxicação aguda são: náuseas, tonturas, vômitos, desorientação, dificuldade respiratória, sudorese e salivação excessiva, diarreia, chegando até coma e morte.
Já a Intoxicação crônica: distúrbios comportamentais como irritabilidade, ansiedade, alteração do sono e da atenção, depressão, cefaleia, fadiga, parestesias, etc. 
O problema da intoxicação por causa da aplicação inadequada de produtos tóxicos também deve ser combatido dentro de casa. Isso porque, várias substâncias utilizadas em agrotóxicos estão presentes em inseticidas domésticos. O mau uso desses produtos pode levar a problemas imediatos como uma crise respiratória ou uma intoxicação alimentar.
7 AGROTÓXICOS E O MEIO AMBIENTE
O meio ambiente, é paulatinamente degrado por inúmeras açõesantrópicas , entre essas destaca-se a utilização de agrotóxicos , sobretudo, em processos como a agricultura, cujo o uso de produtos químicos como pesticidas são comumente utilizados, desde nas regiões rurais , até nas urbanas , com a finalidade controlar pragas e vetores de doenças. Todavia , quando utilizado de forma inconsequente , os efeitos dos agrotóxicos no ambiente são nefastos, esses se dão tanto no meio abiótico ( água, ar , solo, sedimentos etc.) quanto o biótico.
 Segundo o Ministério do Meio Ambiente, devido a complexidade da ação de defensivos agrícolas no meio ambiente, independente do modo de aplicação, esse possui a capacidade de atingir os diversos setores do ecossistema , tendo por fim , o homem como seu receptor. Isso porque , depois de aplicados os agrotóxicos , é necessário considerar a influência de agentes externos que atuam sobre sua transformação física, química e biológica, as quais podem modifica tanto a propriedade desse quanto o comportamento.
7.1 SOLO
Os efeitos nocivos desses podem ser vistos no solo, as regiões onde se pratica a agricultura frequentemente são exposta a agrotóxicos , essa exposição pode ocorrer em razão da aplicação direta de do produto em plantas ou por intermédio de agua contaminada e embalagens de defensivos agrícolas descartadas de forma incorreta, entretanto, após um longo prazo como o esse é capaz de reter uma elevada quantia de tóxicos , esses são capaz de fragilizar o solo , diminui a biodiversidade , reduz a fertilidade e aumenta a acidez. Além disso, com a poluição do solo podem surgir efeitos como a erosão (remoção de material da superfície do solo) e aumento da desertificação (aceleração da evaporação). 
De acordo com o pesquisador francês Chaboussou,1980, uma das consequências dessas substancias é fato de que esses compostos quando entram no ecossistema do solo, podem afetar os processos de decomposição. Também coloca que os fungicidas sistêmicos inibem certos organismos saprófitas do solo e as micorrizas e aponta que o uso prolongando de fungicidas leva a esterilização do solo e a destruição das minhocas pelos ditiocarbamatos e os inseticidas especialmente os clorados “têm uma influência inibidora sobre a atividade dos fungos e bactérias que participam da amonificação.
7.2 RECURSOS HÍDRICOS 
A água que resta do processo de irrigação , comumente retorna aos rios ou depósitos subterrâneos através do escoamento superficial e subsuperficial, carregando consigo resíduos de fertilizantes, defensivos, herbicidas entre outros. De acordo com Ferrari (1985, p.112), as terras carregadas pelas águas das chuvas levam para os rios, lagoas e barragens, os resíduos de agrotóxicos, comprometendo a fauna e a flora aquática, além de comprometer as águas captadas com a finalidade de abastecimento. 
Além disso , outra forma de poluição que ocorre, é através do lençol freático subsuperficial , nesse caso o tempo necessário à percolação até o lençol subterrâneo aumenta com o decréscimo da permeabilidade do solo e com a profundidade do lençol. Para atingir um lençol freático situado a cerca de 30 m de profundidade. Em regiões agrícolas onde se utilizam extensivamente agrotóxicos, quando localizados próximo a mananciais hídricos que abastecem determinada cidade , a qualidade da água ali consumida estará seriamente sob o risco de uma contaminação, embora a mesma possa estar localizada bem distante da região agrícola. Dessa forma, não só a população residente próxima à área agrícola estaria exposta aos agrotóxicos, mas também toda a população da cidade abastecida pela água contaminada.
7.3 FAUNA 
Uma das características desvantajosas do agrotóxico é a capacidade de interferi de intoxicar espécies não alvos , ou seja que não interferem no processo de produção , entre as quais aves, mamíferos entre outros. Para ratificar tal fato, o quadro 5 apresenta tal conjuntura nos principais grupos de animais. Nesse ínterim, esses tóxicos quando presentes em corpos d’água podem penetrar nos organismo aquáticos e seu grau de acumulação depende do tipo de cadeia alimentar, e especialmente de suas características físicas e químicas. Os peixes e invertebrados , podem acumular os agrotóxicos em concentrações acima do normal, haja vista que estes compostos ligam-se ao material particulado em suspensão ao serem ingeridos por seres aquáticos.
Além disso, segundo o Greenpeace , os agrotóxicos também podem estar ligados a morte de abelhas de abelhas polinizadoras , declínio das borboletas, pássaros, como pardais e perdizes, e de insetos aquáticos”, que entram em contato com o solo ou o sistema de irrigação. Os riscos podem se estender a morcegos também, que se alimentam dos insetos. Infere-se , também, na tendência evolutiva da fauna, pois aumenta a resistência de certas espécies, devido a á seleção natural, eliminando as mais suscetíveis, assim de forma a influenciar no processo de seleção artificial, o que pode acarretar o surgimento de superbactérias e a redução da biodiversidade . Ainda, pode provocar alterações morfológicas de extensão e natureza superficial como a poliploide ( presença de vário dedos)
 
Quadro 3: Toxidade e persistência ambiental de agrotóxicos (escala de 1 a 5)
Fonte: WHO,1990-apude Peres, 2018.
7.4 FLORA
O agrotóxico ao atingir a planta tem como objetivo , principal, protegê-la contra ação do patógeno ou inseto mas porém, este mesmo agrotóxico pode favorecer o aparecimento de novas doenças e pragas. Segundo Chaboussou(1980), comprova o a gênese de inúmeras doenças e pragas associadas ao uso de determinado agrotóxico, tem a capacidade de romper a resistência natural desses organismo , prejudicando a criação de resistência dessas a agressores . Essa situação enquadra-se no conceito de seleção natural de Charles Darwin , cujo o ambiente seleciona os mais adaptados, ou seja quando não se da espaço a tal seleção tal organismo dificilmente apresentara uma evolução satisfatória , a respeito da criação de imunogenicidade e na redução da biodiversidade local por meio da escolha de uma única espécie e da degradação das demais .
7.5 AR
Outra via importante é o ar. Este torna-se contaminado pela ocorrência de volatilização, além de transporte com partículas de poeira; o retorno dos inseticidas ao solo se dá, principalmente, através da chuva ou, em menor grau, pela deposição da poeira. O vento é o fator atmosférico que mais afeta a operação. A dispersão do agrotóxico sob condições adversas de vento resulta em perda da eficácia, além da deriva que contamina áreas não visadas. Os agrotóxicos deixam resíduo onde quer que sejam empregados, ora em sua forma química original, outras vezes sob a forma de produtos degradados. 
7.6 EMBALAGENS DE AGROTÓXICOS 
Outro problema relacionado aos agrotóxicos é a questão da reutilização, pois as embalagens de agrotóxicos vazias descartadas sem atender as regras previstas na legislação podem acarretar problemas para a saúde humana, animais e meio ambiente. Contendo resíduos, dependendo do nível de umidade, podem liberar produto químico para o solo. Esse  produto químico pode lixiviar, atingir os mananciais hídricos e contaminar o lençol freático e por erosão superficial chegar aos rios, lagos e lagoas, comprometendo a saúde dos humanos e animais.
8 CONSIDERAÇÕES CRÍTICAS
	O estudo em questão é de grande relevância para a sociedade como um todo, visto que, é um problema presente no dia-a-dia da população. O Brasil é um dos países que mais produz alimentos com agrotóxicos, consequentemente, uns dos que mais consomem.
	Os problemas causados pelo uso indiscriminado de agrotóxicos estão diretamente associados aos consumidores, lavradores e meio ambiente. A partir do avanço tecnológico no Brasil, buscou-se alternativas para atenuar os prejuízos de agricultores com pragas em suas plantações. Entretanto, essa alternativa proposta e em vigor atualmente, acarreta danos à saúde da população, que passou a apresentar casos de câncer, intoxicação, entre outros, possivelmente relacionados a essa questão.Danos ao ambiente, como rios, lençóis freáticos , solos etc. Com isso, grandes são os impasses políticos e econômicos vivenciados acerca do problema em questão. O crescimento das indústrias de agrotóxicos em paralelo com uma fiscalização ineficaz por parte dos órgãos responsáveis, dificulta a resolutividade do problema.
Além disso, a atuação de enfermeiros, devidamente capacitados, para agir na prevenção e promoção da saúde e na denúncia de outros fatores relacionados à gênese de doenças, é de essencial para que se possam prestar as devidas orientações aos trabalhadores rurais, com o intuito de contribuir para uma melhor qualidade de vida desses indivíduos , sobretudo, aqueles mais suscetíveis a contaminação por agrotóxicos. 
Para isso a disseminação de medidas preventivas de formas de fácil atendimento e condizente com o sabor desses cidadãos é necessária para o esclarecimento de qualquer duvida quanto ao uso de tais agentes químicos . Como efeito, tais profissionais terão a possibilidade de dar continuidade a suas atividade diárias, mas respaldados a cerca dos risco a sua saúde , de forma responsável e segura. 
	Diante dos expostos, torna-se necessário o incentivo à novas pesquisas que fortaleçam os argumentos em prol do bem comum a todos. Assim como, incentivar a utilização de técnicas sustentáveis e eficientes embasadas em pesquisas, com o intuito de promover a preservação do meio ambiente e da saúde da população em geral. Para isso, é imprescindível uma campanha educacional e ambiental para os lavradores, bem como, visando uma conscientização acerca dos riscos para sua própria saúde.
9 CONCLUSÃO
Observou-se, portanto, que a relação entre benefícios-malefícios dos agrotóxicos apresenta uma série de desvantagens, tanto nos aspectos ecológicos, ambientais, sociais, de saúde e econômicos. No aspecto ecológico, esse contribui para o desequilíbrio ambiental, prejudicando cadeias tróficas, incitando extinções, além de propiciar a redução da biodiversidade e formação de superpragas, bem como, a contaminação hídrica e do solo. Além disso, notou-se que tal questão apresenta-se como uma questão de saúde pública, porque contribui, também, para proliferação de doenças cancerígenas, degradantes ao organismo humano. 
Diante disso, através da analise dessa realidade, cogitou-se a promoção de alternativas para diminuição do uso de agrotóxicos, através de práticas agroecológicas, uso de equipamentos de proteção individual , bem como, a promoção da formação e instrução de agricultores e da população a cerca dos efeitos toxicológicos do uso de tais substancias. Por último, mas de alta relevância, a eficácia da legislação brasileira é imprescindível. 
REFERÊNCIAS
ANVISA. Registro de Agrotóxicos. Disponível em:<http://portal.anvisa.gov.br/registros-e-autorizacoes/agrotoxicos/produtos/registro> Acesso em: 08 Mai. De 2018.
EL PAÍS. Agrotóxicos: o veneno que o Brasil ainda te incentiva a consumir. Disponível em:<https://brasil.elpais.com/brasil/2016/03/03/politica/1457029491_740118.html> Acesso em: 08 Mai. De 2018.
FERRARI, Antenor. Agrotóxico: a praga a dominação. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1986. p. 110-112.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Agrotóxicos. Disponível em:<http://www.mma.gov.br/seguranca-quimica/agrotoxicos> Acesso em: 08 Mai. de 2018.
PERES, F. et al. Agrotóxicos Saúde e Ambiente Uma Introdução ao Tema. Rio de Janeiro, 2003. Disponível em: <http://books.scielo.org/id/sg3mt/pdf/peres-9788575413173-03.pdf> Acesso em: 10 de Mai. De 2018.
RIGOTTO, R. M. et al. Uso de Agrotóxicos no Brasil e Problemas para a Saúde Pública. Brasil, 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v30n7/pt_0102-311X-csp-30-7-1360.pdf> Acesso em: 10 de Maio de 2018.
JOBIM, P. F. C. et al. Existe uma associação entre mortalidade por câncer e uso de agrotóxicos? Uma continuação ao debate. Brasil, [2010-?] Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/csc/v15n1/a33v15n1.pdf> Acesso em: 10 de Maio de 2018.
ANVISA, Resíduos de Agrotóxicos em alimentos. Brasil, 2006. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rsp/v40n2/28547.pdf > Acesso em: 10 de Maio de 2018
Apêndice 1: Elaine Rodrigues Pinheiro
Com base nos dados obtidos , nota-se que o Brasil é um dos países que mais produz alimentos com agrotóxicos, consequentemente, uns dos que mais consomem. Assim, a agricultura praticada no Estado pode ser caracterizada pela dependência da utilização de tais tóxicos, entretanto, tal modelo além de insustentável ao meio ambiente é degradante à saúde populacional. A partir disso, tem-se a indagação a respeitos dos mais prejudicados e os menos afetados. Indubitavelmente o agronegócio leva vantagens, pois em consonância com a alta produtividade de alimentos o setor se desenvolve, o lucro desses aumenta e o custo necessário para prevenção de pragas e manutenção de lavouras é reduzido.
 Todavia, o meio ambiente raramente obtém as mesmas vantagens, constantemente, esse tem sua biodiversidade reduzida em função da seleção de características mais lucrativas para o setor de agroindústria. Além disso, a contaminação do solo e lençóis freáticos é corriqueira, quando ocorre, torna a água ali presente ingerível e tóxica ao organismo. Tal problemática contribui para concentração de poluentes em rios , organismos aquáticos , insetos e animais ,ou seja desde os decompositores até o topo da cadeia alimentar aonde o homem é um dos receptores mais afetados, o que acarreta sérios impactos á saúde publica .
Nesse interim, a eficácia legislativa é fundamental , a cerca da fiscalização e inibição dos possíveis efeitos que esses agentes químicos possam a vim ocasionar ao ambiente e aos seres nele presente.Com isso, o incentivo governamental para formação profissional dos trabalhadores rurais sobre técnicas de manejo mais sustentáveis, como o uso de estercos de animais, rotação de culturas entre outros, do solo é de suma importância, pois proporciona uma melhor produção sem o uso constante de defensivos agrícolas. Além disso, a conscientização populacional é fundamental , para isso cabe a essa optar por alimentos e meio de produções benéficos ao meio ambiente e ao organismos , desse modo, dando preferência a nutrientes orgânicos , livres de agrotóxicos e provindos de multiculturas , em especial as familiares. 
Apêndice 2: Emanuelle da Silva Tavares
Levando em consideração as pesquisas bibliográficas realizadas para o trabalho, percebe-se que o problema em questão é de grande relevância para o estudo. Os agrotóxicos estão sendo utilizados de maneira indiscriminada pelos agricultores, e estes muitas vezes, não possuem conhecimento técnico para a realização de tais tarefas.
	A problemática está centrada em determinantes econômicos, pois os lavradores utilizam esses produtos tóxicos para diminuir a possibilidade de prejuízos com o estrago da plantação. Entretanto, podemos afirmar que a falta de cuidado durante a técnica, por parte dos agricultores, coloca a sua saúde e a dos consumidores em risco. Visto que, são produtos químicos tóxicos e muito perigosos quando a exposição ao mesmo é prolongada.
	Outro fator a ser considerado é que, apesar da existência de leis que regularizam a produção, venda e utilização dos produtos, sabe-se que a fiscalização deixa muito a desejar. Esse problema pode ser explicado pelos impasses políticos e econômicos em ambos os lados, em um o lavrador que é ciente dos riscos, entretanto, não quer ter prejuízos relacionados às pragas em sua plantação; e do outro, a indústria dos agrotóxicos que cresce aceleradamente e lucra milhões com a produção e venda. 
	Diante desses expostos, torna-se necessário uma intervenção eficaz, visando o bem comum a todos. Com isso, a informação ao consumidor é de grande importância, visando uma mobilização social entorno da problemática em questão. O incentivo ao estudo do tema também é relevante, visto que, a indução a realização de novas pesquisas, podem sugerir uma possível solução, a qual possa minimizaros riscos à saúde do produtor, consumidor, além da preservação ambiental.
Apêndice 3: Gabriela Rocha Reis
Mesmo com os diversos avanços socio-políticos no Brasil, ainda existem atrasos expressivos no país. Exemplo disso, é a série de entraves que, até então, são enfrentados para regularizar e fiscalizar a venda de agrotóxicos viáveis para uso na sociedade.
O que a Justiça pede é que os ingredientes que estejam sendo revistos tenham o seu uso e comércio suspensos até que os estudos sejam concluídos. Mas, embora comprovadamente perigosos, existe uma barreira forte que protege a suspensão do uso dessas substâncias no Brasil. "O apelo econômico no Brasil é muito grande", diz Friedrich. "Há uma pressão muito forte da bancada ruralista e da indústria do agrotóxico também" (EL PAÍS, 2015). Além do exposto, outras também são as barreiras que dificultam a implantação da Lei de Agrotóxicos (1989) no país, dentre as quais: conflitos entre ambientalistas e a bancada ruralista em debates políticos; dificuldades para a fiscalização da aplicação do produto, principalmente em fazendas afastadas; aplicação parcial das multas para produtores que transpassam as leis propostas.
Nesse cenário, pode-se concluir que muitas são as medidas presentes em lei, porém pouca eficácia nas aplicações, deixando o meio ambiente, os agricultores e consumidores expostos às substâncias químicas agressivas que encontram-se presentes na conformação dos agrotóxicos; mostrando a necessidade de uma maior mobilização social e política para reverter esse contexto preocupante.

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