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Prática Como Componente Curricular - 2º Semestre
O conto “Ah, é?” Dalton Trevisan
Conforme Magalhães (1972, p. 10)
“O conto é uma narrativa linear, que não se aprofunda no estudo da psicologia dos personagens nem nas motivações de suas ações. Ao contrário, procura explicar aquela psicologia e essas motivações pela conduta dos próprios personagens. A linha do conto é horizontal: sua brevidade não permitira que tivesse sentido menos superficial”.
Levando essas idéias em conta, interprete o conto “Ah, é?” de Dalton Trevisan. Considere: uso de ponto de vista; personagens; tom da narrativa; figuras da linguagem; tema da narrativa: qual é o conflito social apresentado no conto? Para desenvolver esse último ponto considere os PCCs de todas as disciplinas do semestre, em particular, os das disciplinas Ciências Sociais (Relação indivíduo e sociedade) e Psicologia e Desenvolvimento (Diferenças individuais).
Dalton Trevisan
“Ah, é?”
Ah, é?
Mal a pobre se queixa:
- Ai, que vida infeliz.
Ele a cobre de soco e pontapé:
- E agora? Está se divertindo?
Apanha ela (grávida de três meses) e apanham as cinco pestinhas. Uma das menores fica de joelhos e mão posta:
- Sai sangue, pai. Não com o facão, paizinho. Com o facão, dói.
Considerações: Ponto de vista; personagens; tom da narrativa.
	No texto de Trevisan o esposo é retratado como alguém que possui todo o poder monocrático não havendo aceitação de questionamentos. É comparado aos reis da antiguidade absolutos que de acordo com sua palavra tudo era assim realizado. Neste contexto ele apodera deste poder sobre a família.
	As ações de agressividade extrema também são percebidas no mesmo movimento de poder único, onde quem quer que se levante contra é exterminado, parecido com os governos absolutistas que ainda são vistos neste mundo global.
Como podemos abservar o texto é desenvolvido na terceira pessoa e do ponto de vista do narrador, o homem é um ser superior à mulher, devido suas ações de violência extrema e impiedade cruel. Estas ações são assemelhadas aos terroristas que agem com total desprezo pela vida humana, com machismo, intolerância e extrema agressividade.
 
	Podemos ver a esposa submissa e certamente infeliz. Devido a brutalidade com que é tratada se vê como um ser inferior e incapaz de esboçar qualquer reação ainda que para proteger o filho que carrega em seu ventre. No texto de difícil leitura frente a tamanha expressão de terror, vê-se a filha pequena, confusa e apavorada que tenta em seu universo infantil evitar um sofrimento ainda pior ao pedir ao pai que não utilize o facão para punir a família despedaçada. O tom da narrativa é extremamente cruel e de grande comoção ao leitor em face do pavor da criança.
Figuras da linguagem e Conflitos Sociais
 	A ironia é parte integrante do conto e a figura de linguagem se apresenta no trecho em que o homem espanca a mulher e pergunta em forma de ironia se está se divertindo com a surra sofrida.
O tema proposto é a violência doméstica tão presente em nossos dias e ao longo do conto mostra a realidade atual da permissão da violência pelo homem e a incapacidade e coragem da mulher em denunciar tais agressões bárbaras.
Psicologia e Desenvolvimento
Em análise relacionada a psicologia da aprendizagem, podemos inferir que os conflitos vivenciados pelas crianças onde há os maus tratos podem repercutir de forma negativa grave em sua formação psicológica e em seqüência no seu aprendizado. Há vários estudos que demonstram correlação entre problemas familiares que possuem esse contexto familiar com problemas graves psicológicos no desenvolvimento da criança.
Trevisan demonstra que o problema cultural desenvolvido é uma realidade bastante comum e podemos ver no trecho em que a criança diz “não com o facão, paizinho, facão dói”, demonstrando que diversas vezes provavelmente já houve as agressões.
Como a aprendizagem é um processo extremamente dinâmico, a criança tende a reproduzi toda violência sofrida, o que pode agravar de maneira significativa ao longo de toda sua vida.
 
Ciências Sociais
Em relação à análise de ciências sociais, a agressão a que a criança é exposta no conto de Dalton, dá informações da influência cultural pela presença da palavra “facão ou peixeira”, disseminadas em alguns territórios do país. A construção do personagem do pai criada pelo autor, descreve como um intimidador, agressivo e extremamente cruel em face da imposição da força e do horror para se estabelecer sua vontade soberana. Neste contexto percebe-se de forma muito evidente o machismo e a submissão feminina e dos mais fracos, no caso representado pelas crianças. Há a demonstração da superioridade do homem sobre a mulher em todos os sentidos de sua expressão.

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