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OFICINA DE CASOS PARA TRABALHAR COM A TURMA DE PROCESSO 2 CASO 1 Fonte: STJ (adaptado) Chiquitita envolveu-se em um pequeno acidente automobilístico dia 12.09.2016. O veículo, após o sinistro, foi colocado à disposição da seguradora para os devidos reparos em oficina credenciada. O prazo inicialmente previsto para o reparo era de 60 dias, porém a autora ficou sem poder utilizar seu veículo pelo período total de oito meses. A seguradora alegou que a culpa pela demora era da fabricante, General Motors-Chevrolet, que não havia disponibilizado as peças para o reparo. A autora então apresentou ação de rescisão contratual combinada com indenização, requerendo ambos os pedidos expressamente, contra a seguradora no dia 16.10.2017. O juiz recebeu a petição e após a contestação do réu e produção de provas, condenou a seguradora a indenizar a parte autora por danos materiais e morais. 1 – O que deveria, em síntese, arguir a autora em sua petição? Deveria arguir de forma encadeada os prejuízos que sofreu; sua insatisfação com a parte ré; porque entende que deve receber indenização, apresentar provas. 2 – Há alguma questão preliminar a ser observada nessa situação pelo juiz? Qual? Preliminar de mérito – prescrição. Leva à improcedência liminar do pedido. 3 – Qual a causa de pedir próxima? E a causa de pedir próxima? Fatos que ensejaram a propositura da demanda: ou seja, a colocação do veículo pela seguradora em oficina credenciada; a demora na devolução; o prejuízo que a segurada sofreu. Causa de pedir próxima: enquadramento jurídico. Artigo 927, que trata de responsabilidade civil. O pedido também pode ser classificado como mediato (que é a tutela pretendida) e imediato (condenatória) 4 – Essa cumulação de pedidos pode ser classificada como? Cumulação própria simples. Pedidos independentes. O juiz poderia 4 – Agiu o certo o magistrado ao proferir essa sentença? Se não, por quê? Por duas formas não agiu: deveria de ofício ter reconhecido a prescrição e porque julgou ultra petita, pois a parte não pediu dano moral. CASO 2 Justiça nega indenização a aluno que tirou zero após colar em prova A Justiça de Mato Grosso negou o pedido de um estudante de Tangará da Serra, a 242 km de Cuiabá, que pediu uma indenização no valor de R$ 20 mil por danos morais da instituição de ensino. Ele tirou nota zero em quatro avaliações após ser flagrado colando durante as provas. O pedido foi negado por unanimidade pela Primeira Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) na última segunda-feira (12). Além da indenização, o aluno requereu a correção das provas em questão e que fossem desconsideradas as notas zero atribuídas pela professora. Quanto ao caso proposto, responda: 1 – A respeito dos pedidos do autor, como eles podem ser classificados? 2 – Caso o pedido fosse acolhido, era possível o juiz determinar, em sua sentença, que houvesse pagamento de honorários do advogado, ainda que a parte não expressamente pedisse? 3 – Caso essa petição inicial sequer fosse aceita, ou seja, fosse indeferida, o que poderia a parte autora fazer? 4 – E se já houvesse uma súmula na qual estivesse determinada que não seria possível pedir indenização por danos morais em caso de cola de prova comprovada? O que seria feita com essa petição? CASO 3 LONGE DO AMIGO Consumidora impedida de embarcar com cachorro em voo será indenizada Empresa aérea que nega embarque de animal de estimação sem justificativa comete ato ilícito. Assim, a 1ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul rejeitou recurso de uma companhia aérea que buscava reverter condenação de primeiro grau. De acordo com o processo, a passageira precisou retornar à Argentina, onde mora, sem seu cachorro, tendo que voltar ao Brasil somente para buscá-lo. Ela relatou que a reserva para levar o bicho estava agendada e apresentou toda documentação necessária. A empresa foi condenada já que a responsabilidade pela prestação de serviços é objetiva, conforme estipula o Código de Defesa do Consumidor. Segundo a decisão, a companhia não provou que o defeito inexistiu ou que houve culpa exclusiva de consumidor ou de terceiro. De acordo com a desembargadora Nilza Maria Pôssas de Carvalho, relatora do caso, o valor da indenização, de R$ 905,65 por danos materiais e R$ 8,8 mil por danos morais, foi mantido por conta do dano sofrido pela autora. Com base no caso acima, responda de acordo com o estudado em sala de aula, apontando os correspondentes artigos do NCPC: a) Como a petição inicial deveria ter sido elaborada? (a qual juízo seria endereçada; como deveria se dar a identificação das partes, qual o nome dessa ação, qual estrutura lógica a petição deveria seguir, qual seria a causa petendi, o que poderia ser alegado, quais pedidos você faria) b) Como os réus poderiam se defender – veja se é possível invocar preliminares (defesas processais) e quais defesas de mérito. c) Seria o caso de improcedência liminar do pedido formulado pelo autor? Por quê? d) Sob o rito do novo CPC, necessariamente os réus serão chamados para audiência de conciliação e mediação. Como o autor e o réu poderiam recusar essa audiência? CASO 4 – NOTÍCIA RETIRADA DO STF 1ª Turma considera irregular auxílio-moradia a servidora que já residia na cidade na data do benefício A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) que julgou irregular o pagamento de auxílio-moradia a uma servidora pública que já residia em Brasília à época da concessão do benefício e determinou a devolução dos valores recebidos entre outubro de 2003 e novembro de 2010. Por maioria de votos, os ministros negaram a ordem no Mandado de Segurança (MS) 32569 no qual a servidora buscava anular a decisão do TCU. De acordo com os autos, a servidora pública federal aposentou-se no Ministério do Planejamento em 2003 e, um dia depois, assumiu cargo comissionado no Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI). No MS, a servidora alega que os valores teriam sido recebidos de boa-fé e que a concessão de auxílio-moradia foi iniciativa da administração pública. Sustenta, ainda, a decadência do direito da administração pública de anular os atos dos quais decorreram efeitos favoráveis, salientando que, nos casos de patrimoniais contínuos, o prazo é contado da percepção do primeiro pagamento tido por irregular, ocorrido em 2003. Responda com base com que estudamos na sala de aula, apontando os correspondentes artigos. 1 – Entende-se da leitura do texto que a servidora fez dois pedidos em sua contestação: queria continuar recebendo o auxílio moradia e queria não ser obrigada a devolver os valores já recebidos. Qual a classificação desse tipo de pedido? 2 – A decadência invocada pela servidora constitui-se que espécie de defesa? 3 - NOTÍCIA RETIRADA DO SITE DO STJ 09/09/2016 07:55 Mantida responsabilidade de dono de imóvel por explosão que feriu estudante O proprietário de um imóvel em reforma deverá pagar indenização de R$ 50 mil a uma estudante ferida após a explosão de um botijão de gás instalado dentro da residência em obras. A decisão é da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que manteve o entendimento do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) em relação à atribuição de responsabilidade pelo acidente e ao valor da condenação. De acordo com o pedido de indenização, em 1994, a autora caminhava em direção ao colégio quando foi surpreendida pela explosão, que atingiu seu braço direito. Desde então, ela passou por várias cirurgias para restabelecer os movimentos do membro afetado.A sentença apontou a responsabilidade do dono do imóvel, já que a obra ocorria em sua propriedade e os trabalhadores estavam no local sob suas ordens e pagamento. Em primeira instância, o proprietário foi condenado a pagar R$ 50 mil de dano moral, além de pensão temporária devido à incapacidade parcial da vítima. O TJRJ afastou a pensão. Com base em laudo pericial, os desembargadores entenderam que ela não ficou incapaz para o trabalho. Recurso especial - No recurso especial dirigido ao STJ, além de contestar o valor da indenização, o proprietário alegou que desconhecia a existência do botijão dentro da residência em obras, adquirido, segundo ele, por um pintor autônomo para aquecer marmitas. Sustentou ser da empresa distribuidora de gás a responsabilidade pela explosão, pois o pintor era apenas consumidor do produto. De acordo com o relator do recurso, ministro Raul Araújo, o TJRJ entendeu que não ficou demonstrado nos autos que a fabricante da válvula do botijão ou a distribuidora de gás tenham contribuído para o acidente. O ministro apontou que a responsabilidade foi atribuída pelo fato de que o proprietário do imóvel era o responsável pelas obras realizadas no local quando ocorreu a explosão. Para ele, houve culpa in eligendo (relativa à má escolha do representante ou preposto) e in vigilando (oriunda da ausência de fiscalização).
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