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Direito Civil – P2 – 20/04/18 DEFEITOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS Trata-se da hipótese em que o negócio jurídico está de alguma forma viciado. Os defeitos do NEGÓCIO JURÍDICO apresentam-se de duas formas. A) Vícios do CONSENTIMENTO: A manifestação de vontade do agente não corresponde à sua íntima e verdadeira intenção. Existe uma mácula na vontade declarada, causando divergência entre a vontade que se percebe manifestada e o real desejo do declarante. EX.: Erro, Dolo, Coação, Lesão, Estado de perigo. B) Vícios SOCIAIS: O agente manifesta sua vontade exatamente como deseja. É exteriorizada conforme a sua intenção real. Todavia, o que deseja com sua manifestação de vontade é burlar a lei. Trata-se de VÍCIO EXTERNO, de alcance social. É a manifestação de vontade, consciente, cujo a intenção é a de prejudicar terceiros. EX.: Fraude contra credores é simulação. OBS.: A legislação (CC/02) não trata da matéria, apenas a DOUTRINA! VÍCIOS DO CONSENTIMENTO ERRO(Art.138) – Conceito – É a falsa ideia que se tem da realidade. Também pode ser chamado de ignorância e neste caso está o completo desconhecimento da realidade. Só serão ANULÁVEIS os NEGÓCIOS JURÍDICOS. Viciados por: Erro substancial, erro escusável e erro real. • Erro escusável – é o erro desculpável, ou seja, a parte deveria ter percebido o ERRO com uma conduta diligente, caso não tenha o erro será inescusável. • Erro substancial(Art.139) – É o erro sobre aspectos relevantes do NEGÓCIO JURÍDICO a ponto de, caso a realidade fosse compreendida, o NEGÓCIO JURÍDICO não seria realizado. *O erro provoca a ANULABILIDADE * Erro substancial é o erro grave, que afeta. ERRO SUBSTANCIAL A) ERROR IN IPSO NEGOTIO: Refere-se a natureza do negócio celebrado. EX.: Contrato de compra e venda no qual o agente imagina celebrar doação ou encargo. B) ERROR IN IPSO CORPORE: É o erro que recai sobre o objeto principal da declaração de vontade do NEGÓCIO JURÍDICO. EX.: A pessoa imagina adquirir um quadro de Pablo Picasso, quando na realidade é de outro pintor. C) ERROR IN CORPORE: Quando o erro incide sobre a qualidade do objeto. EX.: Pessoa que compra um colar de pérolas e que na verdade é puro plástico. D) ERROR IN PERSONA: Quando o erro recai sobre as qualidades essenciais da pessoa. EX.: Pessoa que faz uma doação para alguém que se passa por mendigo. E) ERROR IN JURIS: É o erro de direito, não importando em recusa da lei, pode-se dar quando a pessoa desconhece a norma local ou quando a norma não é mais válida. EX.: Pessoa que adquire um imóvel residencial urbano, mas ignora que o tamanho do mesmo é inferior a um modelo urbano, não podendo, fracionar esse imóvel para venda. ANOTAÇÃO PRÓPRIA/EXPLICAÇÃO/Importante(ATENÇÃO)/EXEMPLOS P2 – 25/04/18 *Falso motivo Art.140 CC/02: Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razão determinante. Em regra não invalida o Negócio Jurídico. Poderá ser anulado apenas quando expresso no Negócio Jurídico como condição determinante. Faz-se um investimento, por exemplo acreditando na valorização de uma área urbana, porém não há a valorização esperada, nesse caso o Negócio Jurídico permanece válido. *Transmissão de vontade(Art.141): Art. 141. A transmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmos casos em que o é a declaração direta. Caso a pessoa utilize meios para transmitir a sua vontade e esses meios falharem ou não transmitirem de forma adequada a vontade, o Negócio Jurídico PODERÁ ser anulado, desde que o erro seja SUBSTANCIAL. OBS.: Não se anulará os resultados se decorrerem de: a) Erro acidental(Art.142 CC/02): Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada. É a indicação da pessoa ou da coisa errada, mas que facilmente se consegue identificar a coisa ou a pessoa correta. EX.: Detalhe na escrita do nome da pessoa indicada. b) Erro de cálculo(Art.143): Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade. Não anula a vontade, apenas determina a retificação. EX.: Erros aritméticos, ou de peso ou de medida. c) Cumprimento da vontade(Art.144): Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante. Ocorre quando um erro se identifica na entrega de uma coisa em que a outra parte apenas cumpre a obrigação nos termos da vontade. EX.: Compra e venda de um apartamento em condomínio, em que, um apartamento (701) do 7° andar seria entregue ao adquirente, mas, na verdade, está previsto no contrato que o apartamento seria de n° (601). Se o apartamento entregue for o de n° (701) confirma-se a vontade, alterando/ratificando o que está escrito no contrato. P2 – 27/04/18 OBS.: Outra característica do erro, além de essencialidade, é a espontaneidade: O erro parte do próprio declarante. O agente se enganou sem nenhuma interferência externa. * Se houver induzimento ao Erro, haverá a configuração de Dolo. Dolo: Art.145: São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa. É a vontade livre e consciente de induzir alguém a praticar um ato que lhe é prejudicial, mas que aproveita(favorece) ao autor do Dolo ou a terceiros. O agente é induzido a se equivocar em razão de manobras astuciosas, ardilosas, maliciosas e de má-fé provocadas por outrem. É o Erro intencionalmente provocado por terceiros. OBS.: Não é necessário que exista prejuízo para aquele que foi induzido ao erro. Basta a existência comprovada do artifício, manobra ou ardil utilizado tenha sido suficiente para que o agente celebre um Negócio Jurídico por engano que, em condições regulares, não celebraria. OBS.: Quando o Negócio Jurídico for concluído com Dolo este será anulável. O Dolo pode ser dividido em: a) Dolus Bonus – É o Dolo tolerável pelo Direito, não induzindo à Anulabilidade. EX.: O CDC não admite DOLUS BONUS, por isso o fornecedor não pode enganar o consumidor. b) Dolus Malus – É o Dolo real, combatido pelo Direito, que provoca efeitos prejudiciais e contrários a BOA FÉ. Existe a vontade de iludir para viciar o consentimento, causando prejuízo para a parte contrária que celebrar um N.J. desnecessariamente. c) Dolo acidental – Art.146: O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo. É a espécie de Dolo que leva a vítima a realizar um N.J. em condições mais onerosas ou menos vantajosas, não acarretando a anulação do N.J., apenas a indenização. EX.: Vendedor que aplica índice diverso do legal ou contratualmente estabelecido. b) Dolo omissivo: Caracteriza-se pelo silêncio intencional de uma das partes sobre o fato ou qualidade do objeto sobre o qual se estabelece a declaração de vontade. EX.: A venda de um carro com um amassado estético na lataria, mas que foi plenamente retificado pelo vendedor de modo que não se perceba o vício e não comprometa a normal utilização do bem. e) Dolo de terceiro – Art.148: Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou. Somente será anulável se uma das partes sabia do Dolo provocado por terceiro e, intencionalmente, deixou de comunicar a outra parte. Caso contrário apenas acarretará direito à indenização. Terceiro – Aquele que não participe do N.J. mas que, de certa forma, pode influenciar na celebração do N.J. EX.: O terceiro que afirma que determinada pintura é deautoria de Portinari e, o vendedor sabendo da falsidade dessa afirmação não orienta ao comprador do fato inverídico. O N.J. será ANULÁVEL. Dolo do representante legal(Pai, Mãe, Tutor, Curador) Art.149: O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos. Somente obriga o representado até o limite em que este foi beneficiado pelo Dolo. A regra é a não punição do representado, pois não escolheu seu representante. Foi a lei que o determinou. Dolo do representante condicional Art.149 – Obriga o representante e o representado perante a parte que de Boa Fé celebrou o N.J. Haverá ação de regresso contra o representante, se o representado não foi cúmplice. Aplicação da culpa IN ELIGENDO e IN VIGINANDO. Dolo de ambas as partes Art.150 - Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização. Não haverá anulação do N.J. nem indenização, pois ambas as partes agiram de MÁ FÉ. P2 – 02/05/18 Coação – Art.151 - A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. § único - Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação. Conceito – É caracterizada pela violência psicológica com a finalidade de viciar a vontade. “É toda ameaça ou pressão exercida sobre o indivíduo para forçá-lo, contra sua vontade, a praticar um ato ou realizar um negócio”. (Carlos Roberto Gonçalves) Requisitos da Coação – Art.151 - A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens. § único - Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação. a) Causa do Ato: Deve existir elemento de causalidade entre o ato coator e a obtenção do N.J. O N.J deve ser motivado e celebrado por conta da coação. b) Gravidade da Coação: A pressão psicológica sobre o indivíduo coagido deve ser de tal intensidade que a parte coagida não tenha alternativa senão firmar o N.J atingindo pessoa, família, ou seus bens. Caso a Coação seja exercida sobre pessoa que não seja membro da família do coagido, o Juiz decide se existe ou não o vício. OBS.: O caso concreto determinará a existência ou não da coação. Não será considerado a noção de: “homem médio”, pois em determinada circunstância o “homem médio” não se sentirá coagido. Art.152 - No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela. *Só existirá coação se houver ameaça de realização de coisa ilícita. Não é considerado ameaça a simples reverência. EX.: Temor, de magoar os pais ou de contrariar chefes religiosos. Art.153 - Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito, nem o simples temor reverencial. *Coação exercida por terceiro vicia o N.J se a parte sabe ou deveria saber da coação, recaindo a responsabilidade solidária sobre o terceiro coator e sobre a parte que se aproveitar. Caso a parte que aproveita da coação desconheça ou não deveria saber da coação, o N.J permanece válido. Art.154 - Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos. Art.155 - Subsistirá o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento; mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto. *Estado de perigo – Equipara-se ao Estado de necessidade que ocorre quando, em virtude de uma situação grave e iminente e conhecido pela outra parte, cujo os efeitos incidirão sobre a pessoa ou alguém de sua família, a parte assume obrigações excessivamente onerosa com intuito de evitar o perigo. Art.156 - Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. § único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. *O CC/02 determina a anulabilidade do N.J quando o incidente, o Estado de perigo, por entender que o necessitado(vitima) não se encontra em condições psicológicas de declarar livremente a sua vontade. OBS.: Caso o Estado de Perigo recaia sobre a pessoa não pertencente a família ainda assim poderá o N.J ser anulado, sendo indispensável uma decisão judicial nesse sentido. Art.156 - § único: Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. *Lesão: Ocorre quando alguém obtêm lucro exagerado e desproporcional, aproveitando- se da inexperiência ou da necessidade da parte. Art.157 - Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Elementos essenciais da Lesão: a) Elemento Objetivo – Manifesta desproporção da contraprestação; b) Elemento Subjetivo – Inexperiência ou Estado de Necessidade da Pessoa. *Na existência dos dois requisitos o contrato é passível de anulação mesmo que o beneficiário não tenha conhecimento da inexperiência ou do Estado de necessidade da pessoa lesada, ainda assim o N.J pode ser anulado. O legislador privilegiou a proteção do lesado, e não a punição do beneficiado. OBS.: Caso o lesado receba um complemento da obrigação ou uma sujeição na contraprestação desproporcional o N.J não será anulado. Art.157, §2° Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito. P2 – 04/05/18 Vício Social Fraude contra credores(F.C.C): Não é considerada um vício do consentimento, pois nestes as partes realizam um N.J. que não corresponde à sua real vontade. Na F.C.C as partes realizam um N.J. expressando a sua real vontade, cujo objetivo é o de provocar prejuízos a terceiros(credores). Por isso a F.C.C. é considerada um vício social. Configura-se a F.C.C. quando o devedor insolente ou que em virtude dos N.J. de transmissão de bens se tornar insolvente. Negócios dessa natureza violam o princípio da responsabilidade patrimonial. Caso o patrimônio do devedor seja suficiente para saldar as dívidas, o devedor solvente poderá dispor livremente do seu patrimônio. Hipóteses legais: a) Art.158 - Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos. Art.159 - Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante. *Tanto nas transmissões onerosas como nas gratuitas poderá ocorrer fraude contra credores. b) Art.162 - O credor quirografário, que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu. *Também haverá F.C.C. quando um credor quirografário da dívida não vencida recebe do devedor insolvente. Ficará o credor obrigado a repor ao acervo o que recebeu, pois a intenção da leié colocar todos os credores em pé de igualdade. Caso a dívida já estiver vencida o pagamento é considerado normal. *Credor quirografário – É o credor que não possui direito real de garantia, seus créditos estão representados apenas por títulos advindos de relações obrigacionais. EX.: Cheques, duplicatas, notas promissórias e etc. c) Art.163 - Presumem-se fraudatórias dos direitos dos outros credores as garantias de dívidas que o devedor insolvente tiver dado a algum credor. Art.165 - Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores. *A F.C.C. também existe quando o devedor insolente da garantia da dívida(hipotécio, penhor, anticrese) privilegiando algum credor. Não se invalida o N.J. nesse caso, mas apenas a garantia dada. OBS.: Serão considerados de Boa Fé os N.J. ordinários praticados, pelo devedor insolvente. EX.: Um empresário insolvente pode vender mercadorias de sua loja, estando proibido de vender o estabelecimento. Art.164 - Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e de sua família. OBS.: Caso o adquirente não tenha pagado pelos bens o devedor insolvente o vendeu, o N.J. poderá ser válido se depositar o valor real da coisa em juízo e solicitar a citação de todos os interessados. Art.160 - Se o adquirente dos bens do devedor insolvente ainda não tiver pago o preço e este for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-se-á depositando-o em juízo, com a citação de todos os interessados. § Único - Se inferior, o adquirente, para conservar os bens, poderá depositar o preço que lhes corresponda ao valor real. Ação Pauliana(Ação anulatória) Art.161 - A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé. Art.165 - Anulados os negócios fraudulentos, a vantagem resultante reverterá em proveito do acervo sobre que se tenha de efetuar o concurso de credores. *O CC/02 determina que em caso de F.C.C. pode-se pleitear a anulação dos N.J. mediante ação revogatória ou pauliana(anulatória), devendo obedecer os seguintes requisitos: 1° O crédito do autor deve ser anterior ao ato fraudulento; 2° Que o ato que se pretenda revogar tenha provocado prejuízos; 3° Que haja a intenção de fraudar resumida pela consciência do estado de insolvência; 4° Prova de insolvência. OBS.: O objetivo principal da ação Pauliana é revogar N.J. lesivos aos interesses dos credores. Poderá ser proposta pelos interessados contra o devedor insolvente, contra a pessoa que com ele celebrou o negócio fraudulento ou contra os adquirentes de Má Fé, retornando os bens alienados ao patrimônio do insolvente para que possam satisfazer os débitos contraídos. P2 – 16/05/18 Nulidades dos Negócios Jurídicos – A expressão Nulidades dos Negócios Jurídicos compreende a Nulidade e a Anulabilidade, sendo utilizada para designar os negócios que não produzem os efeitos desejados pelas partes. A nulidade é dividida em Absoluta e Relativa. 1 – Absoluta – São situações que a legislação determina que os negócios jurídicos não produzirão nenhum efeito jurídico por violarem gravemente os princípios da ordem pública. Não terão eficácia para o Direito os atos viciados pela nulidade absoluta. Art.166- 170; Art.1.428 e 1.548; OBS.: A nulidade absoluta é uma sanção imposta pela norma, quando o sujeito não observa a sua previsão. É como se o N.J nunca tivesse existido para o Direito(EFEITO EX-TUNC). 2 – Relativa ou Anulabilidade – São os atos jurídicos passiveis de anulação, pois estão presentes vícios que podem ensejar(provocar) sua invalidade, todavia esses vícios podem ser eliminados, reestabelecendo a normalidade. OBS.: A decretação da anulabilidade(feito pelo juiz) provoca efeito EX-NUNC, produzindo ao N.J efeitos válidos até o momento da decretação da anulabilidade. EX.: Art.171 a 180. OBS.: Tem-se que a anulabilidade pode ocorrer: a) Se o ato for praticado por relativamente incapaz; b) Se os atos praticados forem decorrentes de erro, dolo, coação, Estado de perigo, lesões e fraudes contra credores; c) Se a lei assim o declarar levando em consideração condenações particulares. EX.: (Art.1.650, 117, 1.550). 3 – Efeitos da Nulidade – Tanto a Nulidade quanto a anulabilidade pretendem tornar o N.J viciado inoperante, respeitando os efeitos EX-TUNC ou EX-NUNC, conforme o caso. OBS.: Em ambos os casos a decisão deverá ser protegida judicialmente, cujo objetivo é reestabelecer o estado em que se encontrava antes do N.J nulo ou anulável(Status Quoante). Caso não seja possível o retorno do estado anterior, por não mais existir a coisa ou ser inviável a reconstituição da situação jurídica, o lesado será indenizado equitativamente(com o equivalente) Art.182. Exceção – O incapaz não tem obrigação de restituir aquilo que recebeu em razão de um N.J anulado, salvo se o interessado provar que o valor se reverteu em favor do incapaz. EX.: Art.181. Art.1.214 e 1.219 – O possuidor de Boa Fé poderá fruir das vantagens que lhe são inerentes(frutos e bem feitorias). OBS.: A nulidade de algum instrumento não essencial não invalida o ato. Caso o instrumento seja essencial o N.J será nulo. Se a nulidade for parcial(relativa) em regra o N.J ou o ato, dependendo da vontade das partes, não será nulo na parte válida caso a obrigação possa ser reparado. A nulidade de obrigação principal inválida os acessórios, porém a nulidade dos N.J acessórios, em regra não inválida a obrigação principal. Distinção entre nulidade e anulabilidade ABSOLUTA RELATIVA Decretada no interesse da coletividade tendo alcance geral e efeitos erga omnes (CC, art.168, § único). Pronunciada em atenção ao interesse do interessado, restringindo seus efeitos aos que a alegaram (CC, art.177). Pode ser alegada por qualquer interessado, pelo Ministério Público e até mesmo de ofício pelo Juiz (CC, art.168, § único). Somente pode ser alegada pela parte prejudicada, valendo somente para que a alegou, com exceção das obrigações indivisíveis ou solidárias (CC, arts.257 a 285). Não pode ser suprida pelo Juiz, mesmo no interesse das partes (CC, art.168, § único), são insuscetível de confirmação, nem convalesce com o decurso do tempo (CC, art.169). Nulidade Relativa pode ser convalidada pelo magistrado, pelas partes, salvo direito de terceiro (CC, art.172). Nulidade – A nulidade é vício insanável, nem mesmo o decurso do tempo a convalesce, de sorte que a ação respectiva é imprescritível; Anulabilidade – A anulabilidade pode ser objeto de convalescença e a nulidade de conversão. Haverá convalescença da anulabilidade na confirmação; na convalidação e na decadência. 5 – Conversão do ato negocial nulo – O ato mulo, em razão princípio da preservação negocial pode ser convertido em outro ato de natureza diferente, desde que seja possível e que isso não seja proibido taxativamente. EX.: Pode-se transformar uma compra e venda nula por efeito de forma em um compromisso de compra e venda. EX.: Uma nota promissória nula por falta de requisito formal, pode se transformar em confissão de dívida. EX.: Uma doação de bem inalienável pode se transformar em uso fruto. OBS.: Convertido o ato negocial nulo não se estará vinculado a vontade das partes, nem se presumindo que eles pretendem outro N.J, mas tão somente estarão sendo oferecidas alternativas de obtenção da penalidade perseguida. P2 – 18/05/18 5.1 – Requisitos para conversão própria: 1º Ineficácia da declaração volitiva dos contratantes; 2º Presença no N.j originário, de formalismos exigidos para a execução do novo N.J;3º Presunção hipotética, auferida pela manifestação de vontade de que as partes escolheram o novo negócio se tiveram conhecimento que o N.J originário realizado é nulo. 5.2 – Não ocorre a conversão: 1º Nas hipóteses em que a lei determinar a conversão, pois se tem a conversão legal(obrigatória); 2º Formas múltiplas: Quando existem duas ou mais formas de conversão e as partes escolhem a forma mais rigorosa, porém esta é cumprida de forma defeituosa.
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