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ARTIGO PRONTO CAMILA CLINICA 22 05

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EXPERIÊNCIA NA PSICOTERAPIA CLÍNICA EXISTENCIAL HUMANISTA-FENOMENOLÓGICA 
Camila Silva Galo Smanio De Oliveira1
Giovanna Tereza Abreu de Oliveira²
RESUMO
O presente artigo tem como objetivo relatar um estudo de caso em estágio supervisionado, realizado na Clínica Escola de Psicologia (CLEPSI) na Universidade José do Rosário Vellano, estudando a importância do aluno de psicologia atuar no trabalho de psicoterapia, assim colocando toda teoria estudada durante o curso em realização prática com atendimento. Foram utilizados como embasamento teórico conceitos importantes da abordagem existencial humanista-fenomenológica, na qual as atividades também tiveram como base esta abordagem.
Palavras-chave: psicoterapia, estágio clínico, relação terapêutica,
Introdução
A prática na clinica humanista para alunos de psicologia é essencial para sua formação como psicoterapeuta, é uma abordagem centrada na pessoa na qual é fruto de trabalho desenvolvido por Carl Rogers e demais colaboradores, assim é dito pelo mesmo que no relacionamento formado entre o terapeuta e o cliente se faz necessário para que ocorra uma terapia três condições básicas, sendo elas: a aceitação incondicional, onde o cliente deve ser recebido e aceito da maneira que se mostra, da maneira que ele é enquanto ser singular perpassando por um historia de vida que o terapeuta pode possibilitar que haja um movimento terapêutico e consequentemente um avanço no processo, pois a partir desse acolhimento o terapeuta já se situa em uma posição de ajuda e positiva em relação ao cliente, procurando ver em sua integralidade sem impor condições a seus sentimentos, pensamentos e atos; a empatia onde o terapeuta tem a capacidade de se colocar no lugar do cliente, aceitando e considerando a pessoa em seus aspectos, assim ele obtém com precisão os relatos do cliente sem impor seus próprios valores e opiniões, mas sim compreendendo o outro lado. Por campo de referência pode-se entender como tudo aquilo que constitui o sujeito enquanto ser, baseado na sua experiência de vida e nas significações que este dá as suas experiências, a forma como interpreta, vivencia e sente os acontecimentos. Dessa forma, exercendo esta escuta o terapeuta pode adentrar nos sentimentos mais profundos do seu cliente, tanto aqueles conscientes como aqueles que se encontram abaixo do nível de consciência. Além disso, com a empatia evita-se o julgamento de valor do que for exposto, visto que não cabe ao profissional ver o cliente com base nas suas crenças e sim buscá-lo compreender e ouvi-lo de acordo com o que ele verifica; e a congruência, na qual o terapeuta com uma postura sincera, real e autentico consigo mesmo e o cliente busca na relação romper com as barreiras profissionais e pessoais. Assim o cliente pode reconhecer a posição do terapeuta e não encontrar nele nenhum tipo de resistência, ou seja, uma condição essencial para que possa haver evolução e crescimento da terapia. Vale salientar que nesta atitude o profissional não irá falar tudo o que passa em sua mente de maneira inconsequente e irrefletida, pois não é isso que propõe, mas sim que o terapeuta esteja inteiro quanto sujeito atuante da relação e aberto para escuta, sendo necessário sempre que seus pensamentos durante a sessão sejam sempre repensados para que não se confunda do que é do processo e o que seria do seu próprio âmbito pessoal.
Uma relação terapêutica estabelecida através dessas condições (empatia, congruência e aceitação incondicional) implica uma importante redefinição do seu papel, pois além das técnicas ou os instrumentos utilizados, o terapeuta constrói a si mesmo por meio de atitudes que trazem para a relação e que compõem o verdadeiro fator impulsionador da mudança. Assim o terapeuta se torna um facilitador em todo processo que o cliente passa, em seu autoconhecimento, sua construção, seu desenvolvimento, pois sabe que ninguém melhor para interpretar, construir e modificar sua própria realidade. 
O psicoterapeuta humanista não é neutro em relação ao seu cliente, ele se permite afetar e ser afetado pela experiência trazida do cliente, percebendo-o não como um mero objeto a ser estudado, mas como um ser relacional e digno de respeito. Essa experiência ocorrida no setting terapêutico o psicoterapeuta se apresenta ativo e comprometido com seu cliente na medida em que divide a carga com ele. Segundo Moreira (2009) este processo tem uma grande importância para o cliente que se sente sozinho mesmo que esteja cercado por muitas pessoas. 
Pode-se dizer em linguagem menos precisa, mas talvez mais comunicativa, que esta abordagem se realiza quando alguém dirige a melhor parte de si mesmo à melhor parte do outro, e, assim, pode emergir algo de valor inestimável que nenhum dos dois faria sozinho (WOOD apud Tassinari, 2008, p. 172). 
Esta abordagem tem como base técnica a fenomenologia onde propicia um espaço ao cliente que revê sua existência e se coloca como sujeito ativo nela, com isso o indivíduo pode sofrer algumas modificações que nem sempre são fáceis, pois estará vivenciando o novo, podendo trazer temáticas desenvolvidas e trabalhadas na terapia. 
Rogers, já em sua última fase, expandiu suas concepções deixando indicativos de mudanças e ampliação de sua abordagem. Fonseca (1998) considera que Rogers contribuiu, de forma significativa e diferenciada, com a constituição de um modelo fenomenológico-existencial de psicologia e de psicoterapia. Alerta-nos sobre a importância de uma compreensão efetiva, experimentação e desdobramento deste modelo. A relação terapêutica nada mais é que uma relação humana, na qual se proporciona a ambos os envolvidos – terapeuta e cliente, um meio de aprendizado de si mesmo e para o terapeuta, principalmente, um aprendizado da dinâmica do outro. O psicoterapeuta existencial deve procurar sempre conhecer a si mesmo e trabalhar suas questões pessoais mais conflituosas, para que durante o processo psicoterapêutico possa ocupar o lugar do outro sem emitir juízo de valor.
A fenomenologia possibilitou à psicologia uma nova postura para inquirir os fenômenos psicológicos: a de não se ater somente ao estudo de comportamentos observáveis e controláveis, mas procurar interrogar as experiências vividas e os significados que o sujeito lhes atribui, ou seja, o de não priorizar o objeto e/ou sujeito, mas focar na relação de sujeito com o mundo. 
	A base teórica filosófica da clínica humanista é baseada no existencialismo no qual mostra um conjunto de teorias formuladas no século XX. Seus principais pensadores foram Kierkegaar considerado o pai do existencialismo, que segundo Erthal(1994) a escolha para ele era a principal de sua filosofia, pois não há logica nela, assim o individuo escolhe aquilo que é de sua intenção e não daquilo que é colocado como o certo; Heidegger, Sartre, Beauvoir, Jauspers, entre outros. Uma característica forte sobre esse estudo é sobre a existência que precede a essência.
O existencialismo não nega as essências como determinações formais, estruturais ou naturais elas constituem o dado ou recebido na constituição humana. Só que vale a observação de Sartre: não importa o que me foi dado, o importante é o que eu faço com o que eu recebi. (ROMERO, 1997, p.33)
Assim o homem tem responsabilidades sobre todas as suas ações, sejam elas positivas ou negativas, tendo fracassos ou vitórias, traçando o seu próprio caminho durante a vida. Nesta visão a liberdade de escolha é o principal elemento. 
	O estágio na Clínica Escola da Universidade Jose Rosário Vellano (UNIFENAS) possibilita uma formação mais completa ao aluno habilitando este na abordagem em que foi escolhida, dominando assim tanto a prática como a teoria, oferecendo toda uma estrutura de clínica e supervisões com professores mestres e doutores. Concomitante a isso oferece para a comunidade em geral, com maior público em pessoas de baixa renda que não podem pagar sessões particulares, um atendimento psicológico de qualidade que se obtêm bons resultados no geral. Neste contexto o estagiáriofixa um horário de atendimento na clínica não sabendo qual atendimento irá ocorrer, assim ele estará disponível para ajudar e compreender a problemática que surgir, podendo em alguns casos encaminhar para outra abordagem que não lhe fora cabível a continuar a terapia. Isto é interessante para que o estagiário se depare com o inesperado e contorne a situação lidando com o acontecimento de forma plausível e ágil. 
	Neste artigo será relatado sobre um caso clínico que foi realizado na Clinica Escola da UNIFENAS, no qual a cliente será referida como T e será discorrido sobre seu acompanhamento e desenvolvimento, sendo destacados os pontos principais que a paciente relatou de início e como o caminhar da terapia a ajudou em diversos aspectos. O processo terapêutico não terminou, estando ainda em curso, mas até o momento já é possível visualizar grandes diferenças notadas tanto pela terapeuta quando pela cliente, sendo relatado por esta que a terapia tem ajudado a conseguir colocar suas ideias e pensamentos em ordem, algo que não consegue fazer sozinha e em outros lugares não se sente confortável para tal diálogo com outras pessoas. 
Desenvolvimento 
Os atendimentos se iniciaram depois de algumas semanas de supervisão nas quais era conversado sobre a teoria antes de ir para a prática, assim foi-se possível o esclarecimento de dúvidas e questões relacionadas a atendimentos que seria de extrema importância quando se começasse. Durante o período de supervisão foi recomendado a leitura de um livro muito interessante para o assunto e abordagem escolhida, chamado Construindo a Relação de Ajuda, dos autores Clara Feldman de Miranda e Márcio Lúcio de Miranda. O livro trata de ensinar sobre as relações interpessoais e da pessoa na posição de ajuda ao outro, não destinado apenas a psicólogos, mas sim todo aquele que pretende sempre construir em suas relações. 
	Dado o início da data que fora liberada para agendar atendimentos, os alunos poderiam escolher os horários que seriam fixos de cada um, assim a clientela que chegasse poderia escolher o horário que seria favorável para ela e seria encaminhada ao estagiário. De começo foi recomendado que cada estudante atendesse apenas um paciente até que fosse liberado pela orientadora de estágio para o segundo atendimento e assim por diante. 
	Desde o começo do curso de psicologia é frequente que o aluno se interesse pelo atendimento onde poderá colocar em pratica os aprendizados que requereu durante o curso, assim podendo deixar uma grande ansiedade tomar conta de si e por vezes o primeiro atendimento sair como algo frustrante ou inesperado, por isso a importância da supervisão para que este se dê conta de mudanças que podem melhorar e conselhos que são beneficiários para si e para o caminhar do paciente. 
	Durante o processo psicoterápico, o psicoterapeuta procura focalizar a vivência do cliente como um todo, buscando informação sobre vários contextos da vida do cliente como, por exemplo, saber seu relacionamento com a família, com colegas de trabalho, com amigos e na vida sentimental. Dessa forma, o terapeuta poderá conhecer toda a dinâmica do paciente e focalizar posteriormente em pontos conflituosos que se repetem em diferentes contextos.
	Neste artigo, como já dito anteriormente será comentado sobre uma cliente da Clinica Escola da UNIFENAS que será referida como T. assim será relatado sobre seu atendimento e as mudanças significativas. T é uma mulher de 27 anos, solteira, estudante de economia em uma universidade publica. Desde a primeira sessão com T. pôde-se perceber diversas queixas diferentes uma das outras, mas que a inquietava bastante. Chegou a clinica dizendo que decidiu procurar o atendimento psicológico, pois não entendia o porquê de se sentir tão vazia e solitária o tempo todo, mesmo estando rodeada de amigos e família.
T. relatou ter feito muitas dívidas com festas e compras que atualmente não poderia pagar, pois estava desempregada e isto estava lhe causando desespero por causa dos juros. Ainda relatou sobre não conseguir um emprego digno para ela e que seu currículo era muito bom para qualquer tipo de trabalho que lhe chamasse. Ela queria algo especifico na área de estudo dela e que o ambiente, salário e horário lhe agradasse. 
Dizia também não conseguir passar em duas matérias da faculdade que estavam atrasando seus estudos, pois não conseguia concluir o curso sem estas estarem quitadas. 
T. se incomodava por não conseguir colocar em ordem suas funções no dia, como focar no estudo e procurar emprego, ou do medo de quando achasse o emprego perfeito para si, não conseguisse ter tempo para estudar, ficando mais atrasada nos estudos. 
Após essa fala, a estagiária volta-se então para T. com o uso da reiteração, no intuito de colocar sua fala em ordem, pois o que ficou parecido no relato era uma desordem tanto de planejamentos quanto de pensamentos onde queria fazer tudo, mas não lhe havia tempo ou vontade. Abaixo segue o diálogo deste momento:
- “Eu não consigo aprender a matéria mesmo se eu sentar um dia inteiro para estudar, mas eu não tenho tempo para sentar um dia inteiro, pois tenho que procurar emprego para pagar minhas dívidas e quando eu achar um emprego não sei como vou fazer para estudar, assim vou ficar mais atrasada ainda e não vou conseguir escrever meu TCC”. (T)
- “Então você está me dizendo que quer formar na sua faculdade, mas também quer achar um emprego e quando acha-lo, este irá ainda te prejudicar nos estudos?” (estagiária).
- “Sim... preciso achar um foco entre os dois.” (T). 
- “E qual seria a prioridade neste momento?” (estagiária). 
- “Os estudos, mas não posso deixar a dívida correr no banco” (T).
- “Sendo os estudos a prioridade, você consegue colocá-los no seu dia de forma que ainda sobre um tempo para a procura de serviço?” (estagiária)
- “Sim... posso procurar um emprego de meio período e estudar o restante! Seria ótimo para a faculdade e conseguiria ir quitando as dívidas aos poucos, mesmo que não sobrasse muito para mim.” (T)
	Após o diálogo, T. se mostrava mais firme em estabelecer uma rotina com o emprego em meio período. Ao longo do processo, pela relação interpessoal estabelecida com o terapeuta, o cliente desenvolve um processo de compreensão de si mesmo. Segundo Rogers (1951) o mundo particular do indivíduo só pode ser conhecido, num sentido completo e autêntico, pelo próprio indivíduo. A busca por devolver ao cliente de certa forma o que ele mesmo pontuou também tem por finalidade esclarecer para o terapeuta o que é que aquele cliente traz de sentimento em sua expressão, no seu discurso. Sabe-se que muito do que é expresso através da linguagem, nem sempre é compatível com o real sentimento, visto que tornar em palavras aquilo que se sente e pensa, não é algo fácil. Quando o terapeuta reflete junto com o cliente, este tem a possibilidade de “verificar se sua comunicação reproduz exatamente seu sentimento” (ROGERS, 1977, p.57).
	Não é papel do psicoterapeuta selecionar o caminho no qual o cliente deve percorrer. Deve se ter uma postura sempre não diretiva confiando na capacidade de auto regulação da pessoa, entendendo que é da própria natureza humana autodesenvolver-se, decidindo então sobre sua própria vida, criando responsabilidade sobre seus atos. Na psicoterapia o terapeuta cria condições psicológicas facilitadoras para propiciar o desenvolvimento no cliente. “Se posso proporcionar certo tipo de relação, a outra pessoa descobrirá dentro de si a capacidade de utilizar esta relação para crescer, e mudança e desenvolvimento pessoal ocorrerão” (ROGERS, 2009, p. 37).
Foi relatado também tentativas de suicídio onde uma delas foi realmente executada e a mesma chegou a ir para o hospital desacordada após ter tomado grandes quantidades de remédios. Na segunda vez ela pensou em fazer a mesma coisa, procurou remédios em sua casa, mas não chegou a encontrá-los, e, ao se deparar com essa situação, viu que estava precisando de ajuda antes que lhe tirasse a vida. Segundo ela, esse sentimentode morte e angústia era constante e a vontade de se matar não passara. 
Ao ser questionada quando aconteceu a primeira vez de sua tentativa de suicídio, T. explicou que foi após um término de relacionamento com um antigo namorado que segundo ela no final do relacionamento ele estava tendo um caso com ela e com outra, com o consentimento dela, pois ela não queria perdê-lo. Isso tudo a deixou perdida e muito entristecida. A estagiária, sempre em uma posição não diretiva, coloca de volta suas questões que parecem não fazer ainda um verdadeiro sentido para T. É sempre necessário mostrar o espaço sendo este total do cliente, e o mais importante para o terapeuta neste momento é o sentido que a pessoa dá a experiência que vivencia independente de seu pensamento, as queixas trazidas sempre serão certamente ouvidas, atendidas e acolhidas com devido respeito.
	Ate o momento presente da elaboração deste artigo, T. não disse nada mais sobre suas tentativas de suicídio, também não questionado pela estagiária. Mais a frente, T. relatou que havia conseguido um estágio de meio período em uma microempresa que era nova no mercado na área contábil. Segunda a mesma, não estava satisfeita, pois o espaço era entre uma família e ela não se sentia à vontade no meio deles, não era ainda o que ela havia pensado sobre emprego. 
Outra queixa muito apontada nas sessões foi sobre os olhares e opiniões dos outros em sua vida. Segundo T. o que os outros pensavam atrapalhava nas atividades da mesma, assim ela dizia que não estava conseguindo o que queria, pois tinha muitas pessoas a invejando e colocando opiniões desnecessárias. A estagiária então pôde perceber a frustração de T. apresentados diante os pensamentos alheios, então questiona sobre ser os pensamentos que estavam lhe atrapalhando ou ela mesma está se atrapalhando focando apenas no que os outros estavam pensando e deixando assim se desfocar de suas prioridades. Após essa observação T. leva alguns instantes pensando sobre o assunto e diz estar errada por se preocupar tanto com os outros e esquecer-se de si mesma, assim precisava mudar isso para conseguir levar sua vida de maneira mais saudável para si mesma. 
Sobre relacionamentos, nesta sessão T. revela que tem conversado com um rapaz de outra cidade e que o mesmo não lhe dá muita atenção, mas quando se conheceram ele havia demonstrado interesse. Essa falta de atenção tem lhe causado tristeza por se sentir ignorada, porém sente vontade de ter alguém para conversar e sempre o procura, mesmo, muitas vezes, não sendo correspondida. Então é questionada pela estagiária como ela se sentia não sendo correspondida e procurando sempre a mesma pessoa que lhe causava tristeza. Assim, T. rapidamente se viu na posição em na qual estava se colocando e na mesma hora argumentou não precisar daquilo, não iria mais se submeter a isso, ou ao menos tentar. 
	Com uma boa evolução no caso T. pode-se dizer que em relação de como chegara ao atendimento houve tamanha transformação em diversos aspectos de sua vida. No início pôde ser levantada uma hipótese da estagiária sobre a cliente apresentar um caso de bipolaridade, aonde a mesma relatava em fases de sua vida chegar ao seu extremo fazendo dívidas, festas que segundo T. era praticamente todos os dias da semana, sempre queria ser atenção do público, muito chamativa, e quando procurou atendimento estar passando por tanto sofrimento em si, como tentativas de suicídio, crises, perca de interesse nos afazeres diários, entre outros. Assim é necessário ter um grande embasamento teórico para levá-lo a prática clínica, sendo os critérios diagnósticos fundamentais foi utilizado como base o DSM-V, podendo classificar os episódios ou épocas como depressivo, hipomaníaco, maníaco e misto. Na definição podem ser classificados de acordo como cada episodio acontece, mas na prática não são tão fáceis de serem percebidos, é necessária muita observação e escuta para que não se precipite. 
	Quando se levanta uma hipótese de diagnóstico no inicio do tratamento, não é recomendado que a assumisse de modo que deixasse de estar inteiramente disponível para o cliente, prejudicando uma escuta autêntica, transformando assim a congruência e empatia como comprometidas, pois passará a escutar o cliente através de seu dado “diagnóstico” e terá um julgamento a priori sobre o mesmo, como dito é apenas uma hipótese e não o diagnóstico em si, sendo necessário maior número de encontros e observações. 
No livro Terapia Centrada no Cliente, Rogers (1992) rejeita o uso do diagnóstico tradicional que visa identificar uma patologia específica a partir de sintomas, assim o objetivo da terapia é a pessoa, e não o problema que traz, seja normal ou patológico, sendo então o diagnóstico desnecessário. Assim então diz Rogers: 
O terapeuta deve pôr de lado sua preocupação com o diagnóstico e sua perspicácia em diagnosticar, deve descartar sua tendência a fazer avaliações profissionais, deve cessar seus esforços em formular prognósticos acurados, deve abandonar a sutil tentação de guiar o indivíduo. (ROGERS, 1992, p.32)
	Mesmo quando acontece de o cliente já estar com seu diagnóstico em mãos dado por outro profissional ou até mesmo encontrado em meios de informações diferentes, não se pode levá-lo em conta totalmente, pois o necessário para a terapia é a temática e assunto nos quais o cliente traz, e não o seu diagnostico descrevendo a pessoa. Assim, deve ser muito bem manuseado para não mudar o foco do trabalho entre terapeuta e cliente. Por mais que algumas psicopatologias possam influenciar diretamente na terapia, é necessária uma boa prática para lidar com isso, sendo o foco apenas a pessoa. Assim o terapeuta, que tem como suas bases teóricas a fenomenologia, humanistas e existenciais, não se prende na busca de explicações casuísticas para o comportamento do cliente e sim, em uma atuação libertária, que vá contribuir para que o cliente caminhe na melhoria em seu modo de ser. Ao longo do processo de relação interpessoal entre o terapeuta e o cliente, este desenvolve um processo de compreensão de si mesmo, independente do que apresenta, além disso. 
	No decorrer das sessões com T. foi ficando cada vez mais notável sua mudança em relação a atitudes que a prejudicavam anteriormente. Foi dito pela mesma que ultimamente não tem mais se preocupado com os pensamentos dos outros e que isso não seria o primordial. 
 Ainda, segundo a cliente, conseguiu um emprego que seria o dos seus sonhos, em período integral. Foi questionada pela terapeuta como havia feito com a questão dos estudos. Então, se surpreendendo, T. relata que, com a correria de seu trabalho, quanto mais se remete a ele, mais se compromete nas suas horas vagas em estudar, assim conseguindo se equilibrar diante da correria dessa nova fase. Inicialmente, a estabilidade conseguida por T. era uma ideia praticamente impossível. 
Considerações finais
O estagio supervisionado na clinica escola foi um período muito gratificante, de extrema importância para a formação acadêmica com enriquecimento de aprendizagem e experiência profissional por proporcionar o contato com os mais variados problemas de comportamento e seus processos mentais, permitindo um estudo e uma análise mais profunda do comportamento humano, analisando o homem através de si mesmo, das suas angústias, sentimentos, motivações e sentidos que atribuem a sua vida. Todas as atividades desenvolvidas foram muito bem elaboradas e supervisionadas com cautela e prudência, possibilitando maior segurança na prática psicoterapêutica. 
O Psicólogo no contexto comunitário tem muito trabalho a realizar e contribuir. Neste estágio evidenciou esta importante atuação da Psicologia. Foi trabalhado durante um período, com pessoas da comunidade que por motivos pessoais não tinham condições de custear um atendimento particular e precisavam de atenção especial, devido a desvios de comportamentos. No presente artigo foi relatado o estudo de caso apenas de uma paciente que com o decorrer da terapia teve um bom desempenhoem relação de como chegara ao atendimento. Seu auto conhecimento se aprimorou durante as sessões e foi possível verificar tamanha diferença em relação à aspectos intrigantes em sua vida. 
Portando, o terapeuta inserido no processo psicoterápico apreende a mensagem do cliente, deixando de lado seus próprios valores e consegue se inserir no mundo do outro, valorizando o contexto e enxergando além das formas e falas de expressões utilizadas pelo cliente. A relação entre terapeuta e cliente se dá além do nível da fala, fluindo para gestos, tons, expressão corporal, entre outros. O processo terapêutico fenomenológico existencial tem como base trabalhar com o cliente suas escolhas e responsabilizá-los sobre elas, com isso o cliente aprende mais sobre si e a ser mais responsável consigo mesmo. 
É importante a escolha certa da abordagem que se trabalha no estágio para que o trabalho realizado possa ser motivo de satisfação e orgulho ao estagiário, tendo total convicção de que a escolha foi crucial para o aperfeiçoamento profissional que irá se praticar na atuação enquanto terapeuta. Assim é possível aprofundar os conhecimentos na abordagem existencial humanista fenomenológica e verificar a eficácia desta na prática. É primordial ter a convicção de que o estágio realizado é apenas o início de uma longa construção de desenvolvimento na profissão, sendo assim sempre se colocando na posição de sujeito aprendiz, buscando reflexão da prática e aceitação de críticas em relação ao exercício feito na clinica, como forma de obtenção de conhecimento e principalmente como aprendizagem acima de tudo.
	Alguns aspectos disponíveis foram cruciais para tal desenvolvimento, como a atenção ofertada pela supervisora aos estagiários, possibilitando assim a criação de um espaço seguro e adequado para a aprendizagem, onde os relatos expostos eram tanto importantes para o manejo dos colegas, quanto a posição da supervisora sobre estes. O respeito à singularidade de cada estagiário no seu modo de agir, permitindo que não se sentissem sozinhos e desamparados diante as dificuldades e imprevistos ocorridos no estágio aprimorando a escuta clínica, o diálogo da teoria com a prática e o crescimento enquanto psicólogo.
	
REFERÊNCIAS 
ERTHAL, T. C. S. Treinamento em psicoterapia vivencial. Rio de Janeiro: Editora Vozes Ltda, 1994. 
FONSECA, A. H. Trabalhando o legado de Carl Rogers. Sobre os fundamentos fenomenológicos existenciais. Maceió: Gráfica Editora Bom Conselho Ltda, 1998.
MOREIRA, V. Da empatia à compreensão do lebenswelt (mundo vivido) na psicoterapia humanista-fenomenológica. Rev. Latino-americana de psicopatologia fundamentada.  São Paulo, v. 12, n. 1, p. 59-70, Mar. 2009.   Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141547142009000100005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 20 maio 2018.
ROMERO, E. O inquilino do imaginário: formas de alienação e psicopatologia. Rio de Janeiro: Editora Lemos, 1997.
ROGERS, C. R. Terapia Centrada no Cliente. São Paulo: Martins Fontes, 1992
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ROGERS, C. R. Tornar-se pessoa.  São Paulo: Martins Fontes, 2009.
TASSINARI, M. A. A clinica de urgência psicológica: contribuições da abordagem centrada na pessoa e da teoria do caos. 231 f. Trabalho de conclusão de curso (doutorado em Psicologia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003. [Orientador: Prof. Dr. Élida Sigelmann]
ROGERS, C. R; KINGET, G. Psicoterapia e Relações Humanas. Teoria e Prática da Terapia Não-Diretiva. Belo Horizonte: Interlivros, 1977.
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Discente do curso de graduação em Psicologia da UNIFENAS (Universidade José do Rosário Vellano), e-mail: � HYPERLINK "mailto:camila_smanio@hotmail.com" �camila_smanio@hotmail.com�
Professora Dra. do curso de Psicologia UNIFENAS, Câmpus Varginha.
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