Filme Narradores de Javé

Prévia do material em texto

Andressa Camêlo da Silva Suarte
Hugo Alves Azevedo 
FILME: Narradores de Javé
GURUPI - TO 
2018
Andressa Camêlo da Silva Suarte
Hugo Alves Azevedo 
FILMES: Narradores de Javé.
Trabalho apresentado à disciplina de Psicologia Social e Comunitária do curso de Psicologia da UnirG, com o requisito parcial para a nota da P2. 
Professor: Dulcimara Carvalho Moraes.
GURUPI - TO 
2018
HISTÓRICO:
Narradores de Javé é um filme brasileiro que fala de uma comunidade na região da Bahia, que será alagada para dar início à construção de uma hidrelétrica. Frente esse dilema os moradores dessa pequena cidade se reuniram para criar uma idéia que pudesse montar a história da cidade de Javé, pois o único jeito de salva o lugar onde moravam era entregar as autoridades governamentais, um histórico cientifico que descrevesse o histórico daquele lugar. Como não tinham nada que provasse cientificamente a construção de Javé, a população pensou em remontar sua história através de um livro. Como as pessoas que ali moravam não eram alfabetizadas, convocaram um escritor no qual eles não confiavam, pois esse rapaz com medo de perder seu emprego no correio da cidade, como não tinha circulação de correspondência porque os moradores da cidade eram analfabetos, ele começou a inventar várias historias fazer fofocas e chacotas dos moradores para não perder o emprego no correio.
Como todo o receio os moradores chamaram Antônio Biá, o escritor de historias para “remontar” a história da cidadezinha, o seu trabalho era ouvir pessoas e a partir das narrativas, ele tinha que elaborar o livro que retratasse a história de Javé. Dada essa função para Biá, ele começa ficar envolvido com a tarefa e começa a sua investigação da história da sua cidade. Passa a ir às casas dos moradores para ouvi-los, cada um deles conta a história dos seus antepassados e seus discursos só favoreciam seus familiares.
O filme é construído nesse contexto, as pessoas se reuniam para contar suas histórias, que sempre acabava em disputa que simbolizava o poder de cada família, nelas tinham memórias de pessoas que acreditavam ser importantes como: Indalécio, Maria Dina ou Indalêo. Cada história era dita a favor dos personagens, assim, as histórias nunca eram as mesmas e sempre diferentes uma das outras e acabavam sempre em discussões e brigas. Portanto a história de Javé era “edificada” em cima de dados empíricos, dados que não tinham caráter cientifico, eram histórias contadas por pessoas que adquirida por seus pais, historias contadas por gerações, que não tinham provas concretas, dados ou imagens. Em outro contexto os moradores que falavam dos personagens que ajudaram a construía cidade, eles fazem a representação deles mesmos nos personagens citados. 
Por fim, os habitantes de Javé descobriram que nada do que eles tinham dito havia escrito no livro, Biá não tinha feito nada no grande livro que falaria da história de Javé, no livro só havia rasuras e desenhos. Revoltados com o acontecido os moradores resolveram levar Antônio Biá para a praça e questioná-lo, por fim o escritor disse que Javé não tinha uma história para ser contada, o filme acaba com os moradores vendo a cidade ser inundada pela água. 
ACHADOS EMPIRICOS E CINFIFICO. 
Os achados empíricos dados no filme Narradores de Javé são especificamente o discurso oral dos moradores, são todas as historias contadas por eles, as memórias que seus parentes haviam passado de geração, são as vivencias dos mais velhos, os relatos de cada família é são tudo aquilo que eles sabiam da história de Javé. Já os achados científicos encontrados no filme é a entrevista correta de critérios para coletar dados que seria relevante como objeto de pesquisa, porém, o contexto foi outro, o escritor em questão não conseguiu relatar o legado histórico da cidade como um objeto cultural do local. Em uma das cenas que Biá conduzia uma entrevista com dois irmãos, identificados como moradores antigos e que testemunharam fatos ocorridos, que mantém laços hereditários com o fundador da cidade e apresentaram inventários, documentos e fotos. Contudo o escritor não teve o domínio de relatar isso no livro assim como anexar os dados documentados. 
ASPECTO CULTURAL.
Os aspectos culturais do filme são vistos em primeiro momento, o local no que está direcionado no sertão, aspecto físico: mal zelado, aspecto de cor da pele queimada de sol, pareciam estar sempre empoeirados, homens vestidos de calça e camisas alguns não usavam camisas e outro deixava os botões abertos, mulheres usavam vestido a baixo do joelho, cabelos presos e despenteados pelo vento e algumas crianças andavam descalças e usando poucas roupas, típico de lugares quentes. Outro aspecto cultural é o tipo de linguagem que usavam a linguagem regional, como não eram alfabetizados aprendiam a falar conforme seus pais ou o conforme a sociedade falava, como era uma sociedade nordestina tinha varias gírias e costumes do nordeste brasileiro modo de falar como: “não pode ser história inventada xistosa sem regra”, “apressar”, “o homem curvo vira corcunda gente do olho torto eu digo que é zaroio”. No filme trás a cultura do vizinho ter intimidade na casa, de se reunir na porta das casas a noite para conversar, se ir a igreja, de sentar na praça contar prosas. Ter um retrato dos pais na parede das casas. Faz parte da cultura a população africana e negra ressaltada no filme.
ASPECTO SOCIAL. 
Não havia asfalto, as ruas eram feitas de areões, suas casas eram antigas acredito que construídas de adobe (assim como eram construídas as casas de antigamente) e mostra vários animais nas ruas da cidade como cachorro, porcos e galhinhas. A cidade era composta por maioria de idosos e crianças, não se via jovens na casa dos 20 anos (acreditasse que procuravam sair para estudar ou conseguir trabalho fora da cidade de Javé), havia um sino que ficava no alto da igreja e estava localizada no centro da cidade como a referência do local, não existia um político que representasse a população como um prefeito, mas tinha um homem chamado Zaqueu que representava comunidade no qual os moradores confiavam, ele sempre na cidade para comprar coisas as quais os moradores precisassem (uma cena que relata esse momento quando o Zaqueu chaga em uma mini van, trazendo vários mantimentos, objetos e uma dentadura que um senhor tinha pedido, o interessante é que os moradores não só confiavam nele, mas viam como uma referência hierárquica), as pessoas que faziam algum mal ao local os próprios moradores puniam com o isolamento social (no caso do Antônio Biá, que tinha criado e falado fofocas dos habitantes da cidade e via-se isolado da sociedade). No filme mostra a mudança do Antônio Biá após ser chamado para escrever o livro, esse é um aspecto social importante a transformação a partir da confiança que a sociedade estabelece no escritor, ele passa a se vestir melhor e se comportar como autoridade dentro daquela sociedade e por fim a relação da comunidade com o governo era de descaso e abandono, a população de Javé ficou no esquecimento político. 
PERDA DA IDENTIDADE E A UMA NOVA IDENTIDADE.
Por não conseguirem subsídios que fortalecesse a história do Vale Javé, a cidade foi inundada para a construção da hidrelétrica, assim, houve a perda da identidade social e pessoal. A perda da identidade social é a localização da cidade, a construção física: as casas, da praça, a igreja, o comércio e a história da edificação daquela cidade, tudo isso era a identidade da cidade que havia perdido com a inundação da água. A perda da identidade pessoal são as vivencias de cada pessoa, as experiências de vida que já tinham passado ali, suas memórias pessoais como: os relacionamentos, os eventos, laços e afetos que identificava como um cidadão e como um indivíduo, eles perderam tudo que haviam construído não só físico mais o emocional também.
Após a inundação da cidade eles escreveriam sua uma nova história, construiriam uma nova identidade, em outra cidade, com pessoasdiferentes, com um novo contexto social, com outras relações e em um meio novo. A construção de uma nova identidade sociocultural e pessoal é estar em um meio diferente do qual tinha deixado para trás, novos valores e regras a serem seguidos. Eles irão traçar algo que identifiquem eles como indivíduo e como um cidadão dentro de uma sociedade. 
RELAÇÃO COM O TEXTO PSICOLOGIA COMUNITÁRIA CULTURA E CONSCIÊNCIA. 
A relação entre o texto e o filme diz a respeito das raízes do povo do Vale de Javé. Com a construção da represa naquela localidade, irá por água abaixo não só um povo, mas a história de um povo. E no âmbito da psicologia social, isso é de extrema valia, pois estamos falando da essência daquele lugar e daquele povo. 
Relacionando a história do filme com o texto, é possível notar que em questão de consciência e cultura, aquele povo era riquíssimo, ao contrário da escolaridade. Eles tinham plena consciência de onde vieram cada um com a sua história. Tanto que para cada figura de destaque dentro do povoado, havia uma história diferente para a fundação do Vale de Javé, tendo em vista que não deixava de ser uma verdade. Em relação à psicossociologia, pode acarretar em danos sérios em relação às emoções dos habitantes da localidade pois fere diretamente as memórias deles, às experiências 
Uma questão muito pertinente vista também é que não se têm, inicialmente, compaixão e a humildade de levar em conta a história daquele povo por parte do engenheiro da construção. Porque em casos assim, toca-se nas memórias, heranças históricas, valores, crenças. E tudo isso leva à um estado de consciência de quem realmente são e, consequentemente, o seu espaço socialmente falando.
REFERÊNCIAS:
NARRADORES de Javé. Dirigido por Eliane Caffé. Interpretes: José Dumont; Gero Camilo; Rui Resende; Luci Pereira; Nélson Dantas; Nélson Xavier. Roteiro: Eliane Caffé e Luis Alberto de Abreu. Estúdio: Bananeira Filmes/GullaneFilmes/Laterit. Productions Distribuição: Riofilme. 2003. 
https://www.webartigos.com/artigos/resenha-critica-filme-narradores-de-jave/24603