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19
FACULDADE ZUMBI DOS PALMARES
Curso de Direito
ROSEMARY FERREIRA DO NASCIMENTO
RA: 7718
FICHAMENTO DO LIVRO: 
COMO SE FAZ UM PROCESSO
São Paulo
 2018
FACULDADE ZUMBI DOS PALMARES
Curso de Direito
ROSEMARY FERREIRA DO NASCIMENTO
RA: 7718
FICHAMENTO DO LIVRO:
 COMO SE FAZ UM PROCESSO
Trabalho apresentado à disciplina de Teoria Geral do Processo, ao curso de Bacharel em Direito, da Faculdade Zumbi dos Palmares sob a orientação do professor Jadilson Vigas.
São Paulo
 2018
	 	Fichamento de Transcrição Comentado CARNELUTTI, francesco. Como se faz um Processo. [tradução Jeremy Lugros]. 1ed. Sao Paulo: Editora Nilobook, 2013.
	 I-DRAMA
“Na realidade, no teatro, no cinema, no estádio, na Corte de Assis, se vive a vida dos demais e se esquece a própria. Não é assim? Mas, para que isso possa ocorrer, é necessário que a vida dos demais esteja comprometia com o drama, que é um grotesco contraste de forças, de interesses, de sentimentos e de paixões. Produz-se então uma espécie de fuga da própria vida, em virtude de que o espectador se identifica com os atores do drama e, ate com um só deles, uma vez que cada um acaba por adotar seu herói.” (p.10)
 “Um traço comum, entre outros, à representação e ao processo é que cada um deles tem suas leis, mas se o publico que assiste a uma ou ao outro não as conhece, não entende nada. Agora, se as regras não são justas, também os resultados da representação ou do processo correm o risco de não serem justos. [...]“ Precisamente as regras do jogo não tem outra razão de ser que garantir a vitória a quem a tenha merecido; e necessário é saber o que vale essa vitoria para captar a importância das regras e a necessidade de ter uma ideia a respeito delas.” (p.12)
“ [...] na maioria dos processos penais, [...] esta em jogo a liberdade do imputado. E se não a liberdade, outros bens de enorme valor constituem aposta do processo civil, onde nem sempre se trata unicamente de interesses materiais: em certas ocasiões, esta em jogo o problema mesmo da pessoa humana, que se aposta com uma solenidade sem paralelo.” (p.13)
“Como nos processos de paternidade, em que se trata de aprofundar nos mistérios da geração e se corre o risco de deixar um homem sem pai ou de lhe atribuir um filho que não seja o seu, a matéria é igualmente solene” (p.14)
“ O processo, depois de tudo, é o sub-rogado da guerra. É, em outras palavras, um modo de domestica-la.” (p.15)
“Ne cives ad arma veniant [para que os cidadãos não cheguem às armas] diziam os romanos: recorre-se ao juiz para não se ter que recorrer às armas. [...] Nos estádios, já não esta mais em jogo a vida dos lutadores; mas nos tribunais a multidão pode verdadeiramente gozar o cruel espetáculo da discórdia.” (p.16)
“O expertos no processo, juízes ou defensores, sabemos que as experiências mais sangrentas são exatamente aquelas em que lutam entre si os descendentes de um tronco comum.” (p.17)
“[...] as leis não são mais que instrumentos, pobres e inadequados, quase sempre, para tratar de dominar os homens quando, arrastados por seus interesses e suas paixões, em vez de se abraçarem como irmãos, tentam se despedaçar como lobos.” (p.17)
COMENTARIO: No primeiro capitulo é feito uma comparação entre o processo judicial, as representações e os jogos, demonstrando que, o que chama a atenção do publico, e desperta sua curiosidade é o drama. Entranto, é necessário que o público entenda as regras e leis, que regem, tanto o processo, quanto as representações e os jogos, caso contrario nada entenderão. Tais regras devem ser justas, visando assim a vitoria a quem tenha merecimento, ou seja, tem por objetivo garantir justiça.
 II- O PROCESSO PENAL
 “O processo penal sugere a ideia da pena; e esta, a ideia do delito. Por isso, o processo penal corresponde ao direito penal. Como o processo civil corresponde ao direito civil. Mais concretamente, o processo penal se faz para castigar os delitos; inclusive para castigar os crimes. A propósito do qual se recorda que não se castigam apenas os delitos, mas também essas perturbações menos graves da ordem social, que se chamam contravenções.” (p.18) 
“[...] Alguém roubou: aqui esta o delito; deve ser posto na prisão: aqui esta a pena.” (p.18-19) 
“Infelizmente, a justiça, se é segura, não é rápida, e se é rápida não é segura. É preciso ter a coragem de dizer, por sua vez, também do processo: quem vai devagar; vai bem e vai longe. Esta verdade transcende, inclusive, da própria palavra “processo”, a qual alude a um desenvolvimento gradual no tempo: proceder quer dizer, aproximadamente, dar um passo depois do outro.” (p.19-20)
“[...] o processo penal desdobra-se normalmente em duas fases distintas, uma das quais toma o nome de instrução e a outra, de debate; as quais servem nem tanto pra castigar quanto para saber se deve castigar. A não agir assim, se correrá o risco de castigar inocentes.” (p.22)
“Trata-se, em honra da verdade, de um proceder, de um caminhar, de um percorrer um longo caminho, cuja meta parece assinalada por um ato solene, com o qual o juiz declara a certeza, quer dizer, diz que é certo: o quê? Uma destas duas coisas: ou o que o imputado é culpado ou que o imputado é inocente.” (p.23-24)
“[...] deveis compreender que a chamada absolvição do imputado é a quebra do processo penal: um processo penal que se resolve com uma sentença como esta é um processo que não deveria ter sido feito [...]” (p.24)
“[...] depois do processo de cognição, que serve para saber se um homem é culpado ou inocente, quando se resolve com a condenação, vem o processo de execução”. (p. 25-26)
COMENTARIO: Pode - se perceber que a função do processo penal é castigar os crimes, delitos ou contravenções. Com isso há a pena, que tem o intuito de castigar para restabelecer a ordem social. Para tanto, é necessário percorrer as fases do processo, buscando a certeza que o imputado é realmente culpado, evitando assim castigar um inocente.
 III- O PROCESSO CIVIL
“O processo civil distingue-se, em uma rápida olhada, do processo penal, por um caráter negativo: não existe um delito, sendo o delito negação da civilidade, a fim de nos entendermos, poderíamos chamar o processo penal, de um processo incivil; e o processo civil, por sua vez, o chamaríamos civil porque se realiza inter cives, ou seja, entre homens dotados de civilidade.” (p.28)
“A civilidade não é, pois, outra coisa que um andar de acordo. Mas se os homens tem necessidade do processo, isto quer dizer que falta acordo entre eles. [...] O gérmen da discórdia é o conflito de interesses. [...] Se forem dois os que têm fome, e o pão basta apenas para um, surge o conflito entre eles. Conflito que, se os tais são incivis, se converte numa luta: em virtude desta, o mais forte se sacia e o outro continua com fome. Em contrapartida, se fossem inteiramente civis ou civilizados, dividiriam o pão entre eles, não segundo suas forças, mas segundo suas necessidades.[...] Uma situação dessas ainda não é a guerra entre ambos, mas a contem em potencia, de onde se conclui que alguém ou algo deve intervir para evita-la. Esse algo é o processo, que se chama civil porque ainda não surgiu o delito que reclama a pena; a situação, frente a qual intervém, toma o nome de litígio ou lide”. (p.29)
 “A lide é, pois, um desacordo. Elemento essencial do desacordo é um conflito de interesses: se satisfizer o interesse de um, fica-se sem satisfazer o interesse de outro e vice-versa. [...] um deles insiste ser tolerado pelo outro, assim como exige a satisfação de seu interesse, e a essa exigência se chama pretensão; mas o outro, em vez de tolera-lo se-lhe opõe.” (p.30).
“Daí que, para eliminar o litígio, [...] encontrado a senda da justiça, restabeleçaa paz entre os litigantes. Este meio é o processo civil.” (p.31).
 “O processo civil, pois, opera para combater a lide como o processo penal opera para combater o delito. Mas a ação, ou melhor, a reação do processo civil, é mais complexa do que a do processo penal. Este último, enquanto não ocorra, senão propriamente a existência, pelo menos a aparência de um delito, não tem andamento. Por sua vez, o processo civil pode operar não apenas para a repressão, mas também para a prevenção do litígio, com finalidades higiênicas e não terapêuticas.” (p.31). 
“Às duas formas do processo civil, preventiva ou repressiva, poderiam dar-se genuinamente o nome de processo civil com lide ou sem lide. Mas a ciência jurídica, utiliza as duas fórmulas, muito menos claras, de processo contencioso e processo voluntário.” (p.32).
“O processo civil voluntário, que, portanto, tem caráter preventivo, é a figura menos importante, ou, com mais exatidão, menos complexa dos dois; por isso escapa facilmente à atenção de quem dele não se ocupa.” (p.32).
 
“A figura do processo civil que mais chama a atenção do público é a do processo repressivo, ou contencioso, como se queira chamá-lo, que se desenvolve na presença de um litígio: será alguém que pretende ser filho de outro, enquanto isso outro nega ser seu pai; [...] serão dois sócios que não estão de acordo sobre a parte de lucros que corresponde a cada um deles; [...].” (p.33). 
“O processo civil contencioso caracteriza-se, pois por um contraste entre dois homens ou entre dois grupos de homens, dos quais cada um pretende ter razão ou se queixa da injustiça do outro, o que resulta ser o mesmo. [...] um processo civil não pode ser promovido de oficio; o juiz, a fim de promovê-lo, deve ser solicitado por quem nele tenha por interesse. São raros os casos denominados Ministério Publico, dos quais falaremos mais à frente, em que a iniciativa pôde partir de um magistrado” (p.34).
COMENTARIO: Observamos que o processo civil atua, tanto na prevenção, como no combate a lide, para que essa não venha ser causa de um delito, que reclamaria uma ação penal; mas para tanto, é necessário que aja solicitação de pelo menos uma das partes interessadas na resolução do conflito, pois são raros os casos em que o magistrado toma tal iniciativa. 
 IV- O JUIZ
“Tanto o processo penal quanto o processo civil nos oferecem uma distinção entre quem julga e quem é julgado. Basta entrar na sala de um tribunal para perceber que a tal destinação se dá entre um que está acima e o outro que está em abaixo, entre um súdito e um soberano. Devemos agora meditar sobre esta posição diversa.” (p.37). 
“No fim das contas, a necessidade do processo se deve à incapacidade de alguém para julgar por si sobre o que deve e o que não deve ser feito. Se aquele que roubou ou matou tivesse sabido julgar por si, não teria roubado nem matado; [...] O processo serve, pois, em uma palavra, para estabelecer juízo entre aqueles que não o tem. [...] Quem faz entrar em juízo, quer dizer, quem prove aos outros o juízo de que necessitam, é o juiz.” (p.37-38). 
“Por isso, para que se compreenda como se faz um processo, deve-se compreender como se faz para julgar.” (p.38).
“No aspecto quantitativo, trata-se de acrescentar a idoneidade do homem, juntando vários homens ao mesmo tempo; este é o principio do colégio judicial, ou do juízo colegiado. Em suas origens, juiz, particularmente nos processos penais, era o povo todo.” (p.39).
“Hoje a regra consiste em que o juiz é escolhido pelo Estado, ou seja, por determinados órgãos do Estado, segundo certos dispositivos que se conceituam idôneos para fazer a escolha.” (p.40)
“O chamado colégio judicial ou juízo colegiado é ainda nos dias de hoje um tipo de juízo que existe, mas que ao lado, acima do juízo singular, no sentido de que se considera que oferece maiores garantias ao feliz cumprimento de seu oficio: mas apenas em razão de maior custo, para os processos penais ou civis de menor importância, se prefere o juízo singular ao colegiado.”(p.41-42)
 “Certamente, é necessária uma colaboração dos leigos com os técnicos do direito, tanto para resolver problemas técnicos distintos dos que se referem ao direito (para indagar, por exemplo, as causas do desmoronamento de um edifício ou da morte de um homem), como também para prove-lo de um critério de justiça imediato e independente dos esquemas das leis, [...] mas, para esta necessidade, seria melhor sua assistência ao juiz de direito no conceito de consultor, que a introdução do leigo no colégio judicial.” (p.44).
“Esta assistência do consultor, ou perito, como se queira chamar, não é a única assistência necessária ao juiz em sua atuação. [...] Assim, ao lado dele, vemos, em primeira linha, duas figuras bem conhecidas, que são a do secretário e a do oficial de justiça, adstrito o primeiro particularmente à documentação que constituem a prova dele, e o segundo à notificação, ou seja, a fornecer as notícias que são necessárias para procurar ao juiz a presença e a colaboração de pessoas a respeito das quais, ou em concurso das quais, ele tem de atuar.” (p.45) 
“O Juízo, singular ou colegiado, juntamente com o secretário e o oficial de justiça, são as figuras principais que constituem um grupo de funcionários do Estado, que, pela estabilidade de seus atos, se chama ofício e, pelo caráter específico destes se denomina ofício judicial.” (p.46). 
COMENTARIO: Neste capitulo podemos perceber a importância do papel do juiz na resolução de processos, tanto nos civis como nos penais. Vimos que, atualmente, o juiz é escolhido pelo Estado, através de órgãos conceituados idôneos. O juiz, para obter um juízo justo, muitas vezes necessita da colaboração do consultor/perito para resolver problemas técnicos distintos dos que se referem ao direito (exemplo, indagar a causa da morte de alguém). 
 V- AS PARTES
“O juiz é soberano; está sobre, no alto, na cátedra. Abaixo, na frente dele, está o que deve ser julgado.” (p.48).
“Ele ou eles? A este propósito se perfila uma diferença que parece distinguir o processo penal do processo civil; neste último, aqueles sobre os quais se deve julgar são sempre dois: o juiz não pode dar razão a um deles negá-la ao outro, e vice-versa. No processo penal, ao contrario, o juízo diz respeito somente ao imputado. Quando, além do imputado, há também a chamada parte civil, já não se trata de processo penal puro, mas de um processo misto, no qual se mescla o penal com o civil. [...] o processo contencioso é essencialmente bilateral, enquanto o processo voluntario é, ou ao menos pode ser, unilateral; por isso o processo contencioso é, com respeito ao processo voluntario, um processo de partes.” (p.48-49).
 
“A estrutura do processo contencioso permite entender por que os que devem ser julgados se chamam partes, que é um nome esquisito e um pouco misterioso. [...] A parte é o resultado de uma divisão: o prius da parte é um todo que se divide. A noção de parte está, portanto, vinculada à de discórdia, que, por sua vez, é o pressuposto psicológico do processo: não haveria nem litígios nem delitos se os homens não se dividissem.” (p.49).
“Com estas reflexões, o nome de parte parece expressivo e feliz. Os litigantes são partes porque estão divididos. Se vivessem em paz, formariam uma unidade. Mas também o delito, cujo conceito está estreitamente vinculado ao do litígio, resulta de uma divisão. Compreende-se, pois que também o imputado, na frente do juiz, seja uma parte.” (p.49).
“Sobre o fundo do processo, as partes são, pois, sempre duas. Quando se trata de delitos, se distinguem por uma razão substancial: um é o que atua, e outro o que sofre a ação; um é o ofensor e o outro o ofendido. Em contrapartida, quando se tratar de litígio, a distinção se fundamentana iniciativa: uma das duas partes pretende e a outra resiste à pretensão. [...] consente-se que o juiz penal julgue também a cerca disso, quer dizer, que quando declara a certeza do delito e se aplica a pena, condene também o culpado à restituição e ao ressarcimento pelo prejuízo. Então, como dissemos, o processo penal mescla-se com o processo civil, e também a outra parte, ou seja, o ofendido, entra em cena com nome de parte civil.” (p.50-51). 
“A parte, no processo penal, recebe o nome de imputado. [...] O processo penal nasce, portanto, com a imputação, ato próprio do juiz pelo qual afirma que é provável que o imputado tenha cometido o delito.” (p.51).
“No processo civil, as partes adotam o nome de autor e demandado. [...] Autor é propriamente, das partes aquela que pede ao juiz o juízo e, assim é chamada, precisamente porque toma a iniciativa da atuação; e é demandado aquele a respeito do qual se demanda o juízo, e assim se chama porque lhe é pedido, convidado ou demandado, se apresentar diante do juiz juntamente com o autor, a fim de que um e outro possam ser julgados.” (p.52).
 
“[...] imputado pode ser um homem sempre que seja uma pessoa, e autor ou demandado pode ser um homem ainda que não seja pessoa, ou uma pessoa, ainda que não seja um homem, expressa uma das diferenças mais destacadas entre o processo penal e o processo civil. Posto que o processo penal apenas é feito para certificar e determinar a responsabilidade penal, o conceito de parte está duplamente limitado com respeito a dele.” (p.54). 
“O juízo do juiz transforma, pois, o mandato genérico da lei (qualquer um que roube deve ser castigado; qualquer um que seja pai deve manter e educar o filho menor; [...] ), é um mandato especifico, dirigido à parte ou às partes a respeito das quais ele o pronuncia.” (p.57). 
 
“Os juristas expressam esta eficácia do juízo pronunciado pelo juiz com a fórmula de coisa julgada. [...] Antes era uma coisa pendente de juízo, e depois veio a ser uma coisa julgada e, uma vez que foi julgada, não se pode mais discutir sobre ela.” (p.57). 
 “Por isso, as partes devem se submeter e obedecer ao juízo do juiz. Aqui reaparece o sentido profundo da palavra parte: o juiz, diante das partes, representa o todo, e a parte desaparece diante do todo: a parte pode contradizer a outra parte, mas não o juiz. [...] os juristas dizem que o juízo do juiz tem força executiva. Com isso querem dizer que, ainda que as partes não se prestem a executa-lo, alguém intervém para fazê-lo executar pela força.” (p.58). 
COMENTARIO: Neste capitulo, vimos a origem da palavra PARTE que vem da divisão de um todo, que pode dar razão ao inicio da lide ou delito; o significado das partes, e suas diversas nomenclaturas em ambos processos; vimos que caso haja processo penal misto, a parte ofendida entra com nome de parte civil; vimos que no processo penal, apenas os homens considerados pessoa podem ser imputados, caso contrario são considerados inimputáveis, é o caso, inclusive da pessoa jurídica, pois esta não pode ser penalmente imputável; já no processo civil, todos os homens podem ser autores ou demandados, sendo ou não considerados pessoa, assim como qualquer pessoa pode ser parte neste processo, ate mesmo os incapazes, desde que estejam devidamente representados por um tutor.
 VI - AS PROVAS
“No inicio, o juiz encontra-se diante de uma hipótese, pois não sabe como as coisas aconteceram.” 
“Se soubesse, se tivesse presenciado os fatos sobre os quais deve julgar, não seria juiz, mas testemunha e, ao decidir, precisamente converte a hipótese em tese, adquirindo a certeza de que um fato ocorreu, ou não, quer dizer, certificando este fato. Ter certeza de um fato quer dizer conhecê-lo como se o tivesse visto.” (p.59-60).
“As provas (de probare) são fatos presentes sobre os quais se constrói a probabilidade da existência ou inexistência de um fato passado; a certeza resolve-se, a rigor, em uma máxima probabilidade. Não se pode pronunciar um juízo sem provas; não é possível fazer um processo sem provas.” (p.60).
 
“O estado de uma pessoa ou de uma coisa pode servir de prova de duas formas diferentes, segundo as quais as provas se dividem em provas representativas e provas indicativas ou indiciarias.” (p.61)
 
“No atual estado da técnica, podemos falar de uma representação direta de uma representação indireta. A representação indireta, que é a mais antiga e ainda constitui a regra do processo, é feita pela mente do homem, que descreve o que percebeu. A representação direta se obtém mediante coisas capazes de registrar os aspectos óticos ou acústicos dos fatos e reproduzi-los.” (p.62) 
“Um exemplo de representação indireta é a narração de uma testemunha. Exemplos de representação direta são um disco fonográfico ou uma fotografia.” (p.62).
“E já indicamos a razão pela qual o documento serve, preferencialmente em ordem, ao processo civil, e o testemunho, em ordem ao processo penal. Neste último, os fatos que devem ser certificados são tipicamente fatos ilícitos que, na maioria dos casos, se subtraem à documentação, enquanto, no processo civil, se comprova que são frequentemente atos lícitos, contratos, acordos, testamentos e similares, que, em geral, no mesmo momento em que se realizam, são documentados, ou pelas próprias partes que o realizam, ou por um documentador público, em particular por um tabelião/notário.” (p.64-65).
 
“As provas indicativas, à diferença das representativas, não sugerem imediatamente a imagem do fato que se quer certificar e, portanto, não atuam através da fantasia, mas por meio da razão, a qual, se servindo das regras extraídas da experiência, argumenta, por meio delas, sobre a existência ou inexistência do fato em si. [...] as provas indicativas naturais denominam-se indícios; as artificiais levam o nome de sinais. Estes dois tipos de provas indicativas servem também, em medida diversa, para o processo penal ou para o processo civil.” (p.66).
“A verdade é que o testemunho é uma prova indispensável, mas infelizmente perigosa, que deve ser analisada e valorada com extrema cautela, porque a fidelidade do relato depende da atenção da testemunha no momento em que aconteceram os fatos narrados, de sua memória, de suas condições psíquicas no momento em que faz a narração; razão porque, frequentemente, os interesses que giram em volta das partes pressionam sobre ela e a induzem, com maior ou menor energia, à reticência e ao equivoco.” (p.68).
 
“A experiência do processo ensina, sobretudo, também ao grande público, que as provas não são frequentemente suficientes para que o juiz possa reconstruir com certeza os fatos da causa. As provas deveriam ser como faróis que iluminassem seu caminho na obscuridade do passado; mas, frequentemente, esse caminho fica em sombras.” (p.69).
COMENTARIO: As provas são de suma importância para elaboração do processo, sem elas o juiz fica impossibilitado de realizar o julgamento. As provas podem ser: representativas diretas, sendo documentos, fotos, fonografia, etc, estas são comunmente utilizadas em processos civis; e as representativas indiretas, que pode ser exemplificada pela narração da testemunha, comum nos processos penais. Também existem as provas indicativas: naturais - denominadas indícios, usado frequentemente nos processos penais; e as artificiais – denominadas sinais, predominante nos processos civis. 
VII- AS RAZÕES
“Em duas palavras: depois de ter retomado o curso do tempo remexendo no passado, o juiz tem que se dirigir ao futuro; depois de ter estabelecido o que foi, tem que estabelecer o que será: Tício roubou, por conseguinte, deve restituir e ir ao cárcere; [...]” (p.71).
“[...] depois do juízo histórico, tem de pronunciar o juízo critico, depois de ter verificado a existência de um fato, tem de ponderar seu valor. Pois bem, a diferença fundamental entre o juízo de existência e o juízo de valor é precisamente que o primeiro concerne ao passado e o segundo tange ao futuro.” (p.71-72)“A razão, como todos sabem, é uma das fases ou dos aspectos da mente humana. A maneira como se distingue da inteligência não é fácil indicar. De qualquer modo, para os modestos fins destas conversações, basta saber que a inteligência consegue, mediante o juízo, um resultado provisional, e para ratificá-lo necessita-se da razão: uma segue adiante e a outra segue precavida.” (p.72). 
“O juízo do juiz, em sua segunda fase, que é a fase critica, se resume, em uma ultima analise, em saber se uma parte, agindo como o fez, teve razão ou não.” (p. 72-73)
“O juiz de direito, diferentemente do juiz de equidade, já não busca na sua consciência as razões do juízo critico, porque elas estão formuladas pela lei.” (p.74-75)
“As razões, como as provas, pertencem à realidade, não ao mundo das ideias. Em outros termos, é objetivo, não meio de conhecimento. Apenas que, diferentemente das provas que pertencem à realidade física, as razões estão no campo da realidade metafísica. [...] Transferida ao plano do processo, as normas jurídicas (os artigos do código, para fazer-me entender) se convertem nas razões do juízo critico.” (p.75).
 
“As razões devem em primeiro lugar ser buscadas, da mesma forma que as provas. Esta atividade de busca envolve muito mais a inteligência que a razão; inclusive a fantasia. Sem fantasia ou imaginação, nem o instrutor consegue encontrar as provas, nem quem há de decidir logra selecionar as razões.” (p.76). 
“Por último, também as razões, como as provas, têm que ser valoradas; e esta operação, que é ainda mais difícil e delicada, recebe o nome de interpretação da lei. A interpretação, como a própria palavra diz, é uma mediação: o juiz deve situar-se entre a lei e o fato.” (p.77).
“As leis do direito supõem um fato e extraem dele certas consequências: se alguém rouba, se lhe inflige o castigo; [...]” (p.77)
“Numa palavra, a lei é abstrata e o fato é concreto. Mas o feito do juiz, como já dissemos, consiste em transformar a lei ditada, em geral, para categorias inteiras de casos, em uma lei especial para este caso particular.” (p. 78)
COMENTARIO: Pode-se perceber que o juiz de direito, busca nas normas jurídicas, as razões de seu juízo critico. Para isso, é necessário fazer a interpretação da lei, e transforma-la de lei abstrata, ditada pelo legislador, em lei especifica para o caso em particular que esta sendo julgado. 
VIII - O CONTRADITORIO
“Mas se a colaboração de uma parte é parcial ou, em outros termos, tendenciosa, este defeito se corrige com a colaboração da parte contrária, uma vez que esta tem interesse em desvelar a outra parte da verdade. Portanto, o que torna possível e útil tal colaboração é o contraditório. Assim vemos, no processo, uma parte combatendo contra a outra, chocando os pedernais, de modo que acabam por fazer saltar a chispa da verdade.” (p.82).
“O contraditório desenvolve-se nos moldes de um diálogo, para cuja eficácia se necessita de certa preparação técnica e de certo domínio de si: duas qualidades das quais raramente as partes estão dotadas. Comumente, elas são inexperientes e estão dominadas pela paixão. Por isso, ao menos no processo de maior importância, as partes atuam por meios de certos técnicos aos quais se dá o nome de defensores.” (p.83).
“Até aqui o contraditório, tal qual se apresenta, supõe o que chamamos o processo de partes, isto é, o processo contencioso. Isto não parece, por sua vez, possível, quando o processo é voluntario, e, portanto se desenvolve em relação a uma só parte. [...] Isto não impede que o imputado, naturalmente, colabore com o juiz, como o faz o demandado no processo civil, oferecendo-lhe provas e razões. Mas a sua é uma colaboração unilateral, que corre o risco de extraviar o juiz em vez de ajuda-lo.” (p.84-85)
 
“O processo penal, se me é permitido falar grosseiramente, sustenta-se apenas sobre uma perna. Deve-se lhe pôr outra para que possa manter-se em equilíbrio: deste ofício é incumbido o Ministério Público. Com ele se restabelece o contraditório. O processo cível, diríamos, opera com um contraditório natural; o processo penal, com um contraditório artificial.” (p. 85).
 
“Poder-se-ia dizer: o contraditório existe porque existe o autor e o demandado, o Ministério Público e o defensor existem porque deve existir o contraditório.” (p.87).
COMENTARIO: O contraditório entre as partes tem a função de, através do combate de suas versões, auxiliar o juiz ao encontro da verdade. Nos processos civis, as partes são comumente representadas por seus defensores, já no processo penal, alem do defensor do imputado, se faz necessário a participação do Ministério Publico, para que assim se estabeleça o equilíbrio do contraditório. 
IX - A INTRODUÇÃO
“Também o processo tem sua vida, isto é, seu princípio e seu fim: inicia, se desenvolve e acaba. Se quisermos, pois, observar sua história, será oportuno atentar principalmente a primeira fase, chamada introdução. Com efeito, a abertura do processo é uma introdução no sentido de que alguém chama à porta do juiz e lhe clama por justiça, e o juiz o introduz para perto de si.” (p.91).
“Se está lhe chegar por um particular, fala-se em denúncia; se por um oficial público, de parte; se de quem exerce uma profissão sanitária, de relação**.” (p.93)
“A querela não é como a denúncia, a simples notícia de um delito, mas é, ao mesmo tempo, um requerimento da parte em sentido substancial, necessário para introdução do processo”. (p.94)
“Percebe-se uma profunda diferença entre o processo penal e processo civil, não apenas quanto à iniciativa, mas também quanto ao modo de introduzir o processo: esta diferença corresponde ao contraditório. Precisamente no processo civil, o primeiro que se deve fazer é possibilitar o contraditório, enquanto no processo penal, a instauração do contraditório se faz mais à frente, uma vez realizada a instrução, que constitui a segunda fase do desenvolvimento do processo.” (p.95-96)
“É de experiência comum que o processo civil, ao menos enquanto se trate de processo de partes, isto é, de processo contencioso, inicia - se com um ato que recebe o nome de citação. A citação é um ato complexo, que contém, por sua vez, a demanda dirigida ao juiz e o convite à outra parte para comparecer diante do juiz para ouvir um juízo sobre tida demanda.” (p.96)
“[...] a citação é um ato com o qual não apenas se introduz quanto se prepara o processo. A introdução ocorre quando as partes, a que convida e a convidada, se apresentam diante do juiz e lhe propõem suas demandas. Em outros termos, o verdadeiro ato introdutório do processo civil é a demanda das partes.” (p.96-97)
“O processo penal começa verdadeiramente quando o Ministério Público ou o juiz, considerando fundada a notícia do delito, decidem proceder.” (p.98). 
COMENTARIO: Vimos que a introdução é a abertura do processo, em alguns casos é necessário a querela da parte ofendida, pois sem ela o processo penal não pode ser promovido. Há também diferença de quando se instaura o contraditório, que no processo civil é o primeiro passo, já no processo penal se constitui na segunda fase de seu desenvolvimento. No processo civil, o ato introdutório ocorre quando as partes apresentam suas demandas ao juiz, enquanto no processo penal, ocorre quando o Ministério Publico ou o juiz consideram a noticia do delito plausível de processo. 
X – A INSTRUÇÃO
 “Faz-se o processo para obter uma intervenção judicial. O julgamento, como explicamos, necessita de provas e de razões, mas as provas e as razões não se encontram dispostas e prontas; elas são fruto de um longo, paciente e difícil trabalho, que ocupa a fase intermediária do processo.” (p.100).
 
“Contentar-me-ei em dizer que se distingue a instrução da discussão nos mesmos moldes da distinção já conhecida entre provas e razões, a primeira serve para colher as provas, e a segunda, para elaborar as razões.” (p.101).
 
“Isto explica por que, no penal, a instrução se desdobra, damesma forma que no processo civil, em uma fase preliminar e uma fase definitiva. A fase preliminar, à qual se dá o nome de instrução em sentido estrito, serve precisamente para um exame superficial da suspeita da qual nasce o processo, a fim de ver se é fundada ou não. Se é infundada, o processo aborta com o que se chama absolvição do imputado em sede instrutória. Caso contrário, o processo continua em uma segunda fase que se chama debate, que também é instrução, uma vez que nele se produzem as provas e, em particular, os testemunhos.” (p.102).
 
“Em matéria civil, esta colaboração das partes é plena: não há ato do juiz em matéria de instrução que não se cumpra na presença das partes, as quais têm a possibilidade de propor suas observações ao juiz. No processo penal, esta colaboração plena realiza-se na segunda fase instrutória, isto é, na primeira fase do debate (a segunda, como veremos, está dedicada à discussão). Basta uma experiência superficial, como a que ministram as resenhas judiciais dos diários, para mostrar vivacidade e, às vezes, os excessos do contraditório durante a produção das provas.” (p.104).
 
“O privilégio do Ministério Público chega ao extremo de que, nos casos de menor complexidade, lhe é permitido, como indicamos, conduzir sozinho a instrução preparatória. Em tais casos, fala-se instrução sumária. Ao defensor só lhe é consentido conhecer alguns atos instrutórios, entre os quais estão as perícias e, depois, ainda que nem sempre, os resultados da instrução realizada quando se tratar de decidir se o processo deve prosseguir ou não com o debate, propondo ao juiz suas observações a respeito.”(p.105).
“Uma ultima diferença entre a instrução no processo cível e a instrução no processo penal corresponde ao ambiente que se procede a recepção das provas. Apenas na fase definitiva da instrução penal, quer dizer, no debate, a recepção se faz na audiência, isto é, em uma sessão de oficio judicial e das partes, à qual comumente se consente à assistência o publico. Na instrução penal preparatória, por sua vez, e em todo o caso na instrução civil, as provas são recebidas no gabinete do juiz, com exclusão do publico.” (p.106)
COMENTARIO: Nestes capitulo, vimos que a instrução é a fase do processo onde se colhe as provas, e testemunho. Esta fase pode se dividir em: fase preliminar e fase definitiva. Na fase preliminar é realizado um exame superficial do processo, no caso de processo penal, verifica-se se há fundamento para seguir com a ação, caso contrario haverá a absolvição do imputado em fase instrutória; mas se houver fundamento o processo segue para a próxima fase da instrução, que se chama debate, onde se colherá as provas e testemunhos.
 
XI – A DISCUSSÃO
“Comecemos nos detendo na palavra. Discutir, do latim discutiu, vem de quaestio, que quer dizer sacudir daqui e dali. O que esta ideia tem haver com o processo? Pensemos no ventilador para separar grãos, ou ainda apenas na peneira; trata-se de fazer passar as razões boas, retendo as más; se não se sacode a peneira, não se refina a farinha.” (p.111).
 
“Assim ocorre que, esgotada a instrução, antes de passar à decisão, deve seguir a discussão: com este nome se designa uma atividade das partes que trataremos agora de examinar em sua forma e em seu conteúdo.” (p.113)
“O que as partes fazem na discussão é, definitivamente, o mesmo que o juiz fará para decidir. Cada uma delas propõe e aconselha ao juiz a decisão que lhe parece justa. Seu feito consiste, pois, em um projeto de decisão. Ela reconstrói os fatos através da crítica das provas; busca e interpreta depois as normas de lei pelas quais se regulam os fatos e, finalmente, conclui que, supostos assim o fato e o direito, o juiz deve adotar tomar uma determinada decisão.” (p.113-114).
 
“Do ponto de vista formal, a discussão se resolve num discurso que cada uma das partes dirige ao juiz. O discurso pode ser direto ou indireto, oral ou escrito. Tanto a oralidade como a escrita tem seus prós e seus contras, como todas as coisas deste mundo. A escrita se presta melhor à meditação de quem escreve e de quem lê; o discurso falado move mais fortemente o ânimo de quem fala e de quem escuta.” (p.117). 
“Também o processo penal admite a discussão escrita, sobretudo na fase instrutória, precisamente quando se trata de valorar os resultados da instrução preparatória para decidir se o processo deve ou não prosseguir com o debate.” (p.118).
COMENTARIO: A discussão é um procedimento realizado em forma de discurso entre os defensores das partes, acontece ao fim da instrução e antes da decisão. Cada parte aconselha ao juiz a decisão que considera justa, considerando os fatos junto às normas jurídicas, e as criticas das provas, faz-se assim um projeto de decisão. Em alguns casos do processo penal, é admitida a discussão escrita na fase instrutoria, para decidir se o processo irá seguir com o debate.
 
XII - A DECISÃO
“Ajudado, como vimos, pela discussão entre as partes, o juiz deve resolver as dúvidas, e decidir. Decidir, quer dizer, precisamente, cortar pelo meio. Por difícil que seja encontrar a faca que separe a razão da sem razão, o juiz tem de empregá-la.” (p.120).
 
“A decisão é uma declaração de vontade do juiz, não apenas um juízo. Aqui convém indicar a diferença indicada entre a decisão do juiz e a do consultor.” (p.120).
 “Esta última é precisamente uma declaração de ciência; aquela é uma declaração de vontade: o juiz não apenas julga, mas manda, expressa sua opinião e quer que ela seja seguida.” (p.120-121).
 
 “Nem todas as decisões adotam forma de sentenças; sentença é a decisão solene que o juiz pronuncia para concluir o processo penal ou o processo cível contencioso. Ao lado da sentença estão os decretos, com os quais provê normalmente o juiz, no processo civil voluntario [...].” (p.121). 
 “A decisão pode ser positiva ou negativa. É positiva quando o juiz pronuncia seu juízo sobre o negócio, sobre o litígio ou sobre o delito que constituiu objeto do processo; é negativa quando julga que não pode julgar sobre ele, por exemplo, porque não é competente ou porque uma das partes não está legitimada para acionar ou para contradizer (o que significa que não é a pessoa idônea para fazer valer o direito que quer que se reconheça, ou para discuti - lo), ou porque a demanda não foi proposta nas formas que a lei prescreve sob pena de nulidade.” (p.121-122).
 
“Já disse que a decisão judicial, em que se amalgama o juízo com o mandato, tem valor de lei a respeito do caso que constitui seu objeto. Este valor se expressa com a fórmula da declaração de certeza: o juiz declara certa a regulação jurídica daquele caso.” (p.126).
COMENTARIO: Após a discussão das partes, o juiz deve resolver as duvidas e decidir. A decisão do juiz é na verdade uma declaração de vontade e deve ser seguida pelas partes; a decisão do consultor é uma declaração de ciência. A declaração de vontade pode ser uma sentença, se o processo for penal ou civil contencioso, ou um decreto como no caso do processo civil voluntario. 
 A decisão é positiva quando o juiz pronuncia o juízo, mas pode ser negativa, caso não tenha os requisitos básicos para concluir o julgamento, seja por se considerar incompetente para julga-lo, demanda fora das formas que a lei prescreve, ou parte ilegítima para acionar ou contradizer em juízo.
XIII - A EXECUÇÃO 
“Dir-se-ia que, com a decisão, o processo terminou. Não raras vezes é assim. Por exemplo, se, em um processo cível, um devedor é condenado a pagar e ele paga, evidentemente, não há outra coisa a fazer. O mesmo acontece se um imputado não aprisionado é absolvido pelo juiz penal. Mas suponhamos, por sua vez, que o devedor continue, apesar da condenação, no seu descumprimento, ou que o imputado, em vez de absolvido, seja condenado à reclusão. Em tais casos, é evidente que se a justiça há de seguir seu curso, como se costuma dizer, ainda resta algo por fazer. Esse algo recebe o nomede execução forçada.” (p.129). 
“Em tais casos, a execução se antecipa à cognição mediante certas providências chamadas cautelares, que são providências provisionais tomadas pelo juiz a fim de garantir o resultado do processo. Assim, o juiz poderá ordenar um sequestro por conta do mandado no processo civil, ou a captura preventiva do imputado no processo penal.” (p.131) 
“Esta conjectura das providências cautelares não é a única hipótese de antecipação do processo executivo com respeito ao processo de cognição. Em particular, a tutela do crédito, essencial ao bem -estar econômico dos homens, forjou certos procedimentos e certos títulos em virtude dos quais é possível obter a execução forçada mesmo sem que se tenha decidido a lide com o devedor inadimplente.” (p.131)
 
“A execução forçada se resolve, como a própria palavra o diz, no uso da força para fazer com que as coisas caminhem como a lei quer, ou seja, em por as mãos sobre alguém: manus iniicere, diziam os romanos.” (p.132-133)
 
“Neste aspecto, a execução penal experimentou, ao longo dos séculos uma evolução tão notável que, francamente, chegou a se transfigurar. Esta evolução se deve ao lento, mas constante, avanço da concepção da pena, que abandona, cada vez mais, os caracteres da vingança ou vindita para adquirir os da reeducação do culpado.” (p.134)
“No campo civil, por sua vez, o “por as mãos em cima”, em que se resolve a execução, não refere ao corpo humano, e menos ainda à pessoa, mas exclusivamente ao patrimônio, ou seja, aos bens que pertencem ao obrigado inadimplente.” (p.135).
 
“Com a finalidade da expropriação, primeiro se dispõe de uma quantidade de bens, móveis ou imóveis, que se presume sejam suficientes para a cobertura do montante devido, com uma proibição de alienação que se chama embargo e serve para não disponibilizá-lo no patrimônio do devedor, de modo que seja possível dispor sua conversão em dinheiro. Depois, com certas cautelas, procede -se a sua venda forçada e consegue-se deles o dinheiro que serve para pagar o credor. O resto, se há, destina-se ao proprietário dos bens vendidos.” (p.137).
 COMENTARIO: A execução forçada é o ato onde se utiliza a força em favor da justiça. Esta pode ser executada antes mesmo que se tenha decidido a lide, para garantir o bom andamento do processo, impedindo assim que uma das partes, ou seja, o requerido/imputado venha de alguma forma atrapalhar ou impedir a resolução do caso.
XIV - A IMPUGNAÇÃO
”É muito simples o princípio da impugnação: de fato, trata-se de tonar a julgar. Como se verifica a exatidão de uma operação aritmética? Torna-se a fazê-la outra vez; e, se uma vez não forem suficientes, duas, três vezes seguidas. Se o resultado não muda, adquire-se, se não propriamente a certeza, pelo menos, uma confiança razoável. Do mesmo modo se procede para verificar a justiça da decisão.” (p.139-140).
 
“Em primeiro lugar, o direito de impugnação está limitado no tempo; a parte vencida, se quer impugnar, deve ser rápida em fazê-lo; a lei estabelece, por sua vez, no penal e no civil, prazos rigorosos, os quais, se transcorridos, se perde o direito.” (p.141).
 
“Posto que a impugnação dá lugar a um novo julgamento, o julgamento de impugnação se distingue do julgamento impugnado. Este é o julgamento que se trata de verificar; aquele o julgamento que serve de verificação. Os julgamentos de impugnação são de dois tipos. Para uma maior compreensão do público leigo, pode-se nomeá-los, respectivamente, como apelação e de revisão.” (p. 141-142).
 
 “O feito do juiz é, segundo sabemos, em primeiro lugar, o de comprovar os fatos, e, em segundo lugar, o de aplicar a eles as normas jurídicas. Podem-se cometer erros tanto na primeira quanto na segunda fase desse trabalho; em particular, não se deve crer que, tendo o juiz estudado o direito, não sejam possíveis e até frequentes os erros quanto ao alcance e ainda à existência das leis, muito mais considerando que o direito moderno, infelizmente, (por razões que esbocei em meu curso anterior), é bastante complicado.” (p.144).
 
“Revisão propriamente se chama impugnação extraordinária no processo penal, onde está ordenada em forma necessariamente severa. [...] Basta saber que ela é consentida apenas a favor do condenado, não a respeito das decisões absolutórias, e que seus pressupostos se compendiam na ocorrência, depois da condenação, de casos extraordinários idôneos para demonstrar que a condenação foi absolutamente injusta, no sentido de que delito nunca existiu ou não o cometeu aquele a quem se considerou culpado.” (p.148). 
“No processo civil, a impugnação extraordinária de que estamos falando, recebe os distintos nomes de revogação e de embargos de terceiros. A revogação corresponde aproximadamente à revisão penal, e se admite, em casos taxativamente determinados, nos quais se considera que o processo se desenvolveu de forma tão anômala, que se pode suspeitar de uma injustiça.” (p.148-149).
COMENTARIO: A impugnação, também conhecida por apelação e revisão, nada mais é, que tornar a julgar para verificar a justiça da decisão. Este procedimento esta limitado ao tempo, a lei estabelece prazos rigorosos, que se vencidos, perde-se o direito de impugnar.
 
 XV - BALANÇO
“Tentei descrever o melhor que foi possível, ainda que de forma superficial, o mecanismo do processo penal e civil. Um mecanismo, se me é permitida a metáfora, que deveria prover ao público um produto tão necessário ao mundo como nenhum outro bem: a justiça. É o momento de repetir que os homens têm, antes de mais nada, a necessidade de viver em paz; mas se não há justiça, é inútil esperar a paz. Por isso, não deveria haver nenhum serviço publico ao qual o Estado dedicasse tantos cuidados como o que recebe o nome de processo.” (p.150).
 
“Certamente, nossas leis processuais não são perfeitas; mas, em primeiro lugar, são bem menos más do que se diz; em segundo lugar, ainda que fossem muito melhores, as coisas não andariam melhor, pois o defeito está, muito mais que nas leis, nos homens e nas coisas.” (p.151).
 
“Os homens do governo falam, periodicamente, de uma "justiça rápida e segura", mas bastaria que tivessem conhecimento das estreitezas materiais, frequentemente inconcebíveis, em que se realiza o serviço, para que se dessem conta de que tais declarações não têm nenhuma seriedade.” (p.153).
 
“[...] é mais grave o problema dos homens, tão grave que até certo ponto não admite soluções. Claro, o que se pode fazer muito ainda é no aspecto quantitativo: o número dos juízes e de seus auxiliares é insuficiente.” (p.153-154). 
“A litigiosidade e a delinquência são enfermidades sociais que podem encontrar no processo uma terapêutica sintomática, não uma terapêutica radical.” (p.159)
“Não se pode conhecer e, menos que nenhuma outra coisa, o homem, se não é amado. A verdadeira virtude do advogado e do juiz, a única que os faz dignos de seu ofício, é de amar aquele a quem devem conhecer e julgar, ainda que pareça indigno do amor. O juiz, sobretudo, deveria ser um centro de amor. [...] Assim, se o juiz julga com amor, não apenas seu julgamento se aproximará todo o humanamente possível da verdade, mas também irradiará dele um exemplo que, em uma sociedade cada vez menos dominada pelo egoísmo, fará cada vez menos necessário seu triste oficio.” (p.159-160).
COMENTARIO: Certamente a paz é necessidade de todos os homens, e como cita o autor, sem a justiça é impossível viver em paz.
 A questão da agilidade no processo comprometeria sua segurança, pois é necessário proceder um passo de cada vez garantindo uma resolução justa.
 Ao citar a importância do julgar com amor, reforça a necessidade de exercer sua profissão com humanidade, contribuindo com seu exemplo para uma sociedade melhor.
CONCLUSÃO
 No desenvolvimento do presente estudo, ao realizar a leitura do livro, Como Se Faz Um Processo, de Francesco Carnelutti, nota-se que o autor descreve como realmente funcionaum processo, que tem por objetivo fazer justiça. 
 O livro está dividido em quinze pequenos capítulos colocando as principais diferenças entre o processo penal e o civil. 
 Logo no primeiro capítulo, diz que o interesse por processos sempre existiu sobretudo os penais, por serem mais dramáticos chamam mais a atenção. Estes existem para castigar os crimes ou delitos. Com isso há a pena, ou seja, o castigo que tem o intuito de castigar para restabelecer a ordem social. Já nos processos civis a discussão não gira em torno de um delito e sim de uma lide que é um conflito de interesses caracterizado por uma pretensão resistida. 
 Os atores do processo são as partes, normalmente representada por seus procuradores e o elemento julgador é o juiz. De um lado temos o autor, o qual tem a pretensão e do outro lado a parte que fará o contrapeso da resistência. Vale mencionar que no penal quem faz as acusações pode ser o próprio Estado representado pelo Ministério Público. Já o juiz é o ser que deve julgar, como diz o autor ele é investido de jurisdição. 
 Portanto após o termino do fichamento não se pode deixar de mencionar o grande aprendizado que o mesmo traz. Com toda certeza podemos dizer que é a primeira vez que de alguma forma tem-se no curso um contato com o “processo”, e lembrar que hoje há outras formas de se resolver um conflito, tais como a conciliação, mediação e a arbitragem.

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