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PPLLAANNOO DDEE AAUULLAA AAPPOOSSTTIILLAADDOO
Escola de Teologia do Espírito Santo
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Estudando a geografia do livro sagrado
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 2
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Todas as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia Versão Almeida
Corrigida e Fiel(ACF)
©2008, publicada pela Sociedade Bíblica Trinitariana.
O presente material é baseado nos principais tópicos e pontos salientes da matéria em questão.
A abordagem aqui contida trata-se da “espinha dorsal” da matéria. Anexo, no final da
apostila, segue a indicação de sites sérios e bem fundamentados sobre a matéria que o módulo
aborda, bem como bibliografia para maior aprofundamento dos assuntos e temas estudados.
TEOLOGIA DO ES, Escola de - Título original: Geografia bíblica, Estudando a geografia do
livro sagrado – Espírito Santo: ESUTES, 2004.
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 3
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SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO
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UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIII
OOOOOOOO MMMMMMMMUUUUUUUUNNNNNNNNDDDDDDDDOOOOOOOO DDDDDDDDOOOOOOOO AAAAAAAANNNNNNNNTTTTTTTTIIIIIIIIGGGGGGGGOOOOOOOO TTTTTTTTEEEEEEEESSSSSSSSTTTTTTTTAAAAAAAAMMMMMMMMEEEEEEEENNNNNNNNTTTTTTTTOOOOOOOO
Antigüidade Oriental......................................................................................................................................4
Aspectos Econômicos das Civilizações........................................................................................................5
Aspectos comuns das Religiões Pagãs .......................................................................................................8
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIIIIIIIII
AAAAAAAA TTTTTTTTEEEEEEEERRRRRRRRRRRRRRRRAAAAAAAA DDDDDDDDEEEEEEEE CCCCCCCCAAAAAAAANNNNNNNNAAAAAAAAÃÃÃÃÃÃÃÃ -------- GGGGGGGGEEEEEEEEOOOOOOOOGGGGGGGGRRRRRRRRAAAAAAAAFFFFFFFFIIIIIIIIAAAAAAAA NNNNNNNNAAAAAAAATTTTTTTTUUUUUUUURRRRRRRRAAAAAAAALLLLLLLL DDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIISSSSSSSSRRRRRRRRAAAAAAAAEEEEEEEELLLLLLLL
A história de Israel começa no crescente fértil............................................................................................11
Localização..................................................................................................................................................13
Hidrografia...................................................................................................................................................15
Jerusalém ...................................................................................................................................................18
As cidades e estradas da Palestina ............................................................................................................20
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII
AAAAAAAA GGGGGGGGEEEEEEEEOOOOOOOOGGGGGGGGRRRRRRRRAAAAAAAAFFFFFFFFIIIIIIIIAAAAAAAA HHHHHHHHUUUUUUUUMMMMMMMMAAAAAAAANNNNNNNNAAAAAAAA DDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIISSSSSSSSRRRRRRRRAAAAAAAAEEEEEEEELLLLLLLL
A Família hebraica e seus Costumes.........................................................................................................24
A vida social Hebraica ...............................................................................................................................25
Dinheiro, pesos e medidas.........................................................................................................................28
Calendário e festas de Israel .....................................................................................................................30
UUUUUUUUNNNNNNNNIIIIIIIIDDDDDDDDAAAAAAAADDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIIVVVVVVVV
AAAAAAAA GGGGGGGGEEEEEEEEOOOOOOOOGGGGGGGGRRRRRRRRAAAAAAAAFFFFFFFFIIIIIIIIAAAAAAAA PPPPPPPPOOOOOOOOLLLLLLLLÍÍÍÍÍÍÍÍTTTTTTTTIIIIIIIICCCCCCCCAAAAAAAA DDDDDDDDEEEEEEEE IIIIIIIISSSSSSSSRRRRRRRRAAAAAAAAEEEEEEEELLLLLLLL EEEEEEEE OOOOOOOOSSSSSSSS DDDDDDDDIIIIIIIIAAAAAAAASSSSSSSS AAAAAAAATTTTTTTTUUUUUUUUAAAAAAAAIIIIIIIISSSSSSSS
Introdução...................................................................................................................................................33
O cisma Israelita ........................................................................................................................................36AAAAAAAAPPPPPPPPEEEEEEEENNNNNNNNDDDDDDDDIIIIIIIICCCCCCCCEEEEEEEE IIIIIIII – Os impérios que dominaram o mundo Bíblico .................................................................41
BBBBBBBBIIIIIIIIBBBBBBBBLLLLLLLLIIIIIIIIOOOOOOOOGGGGGGGGRRRRRRRRAAAAAAAAFFFFFFFFIIIIIIIIAAAAAAAA.........................................................................................................................................56
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UUNNIIDDAADDEE II
OO MMUUNNDDOO DDOO AANNTTIIGGOO TTEESSTTAAMMEENNTTOO
...............................................................
“O estudo da Geografia Bíblica nos possibilita o entendimento de diversas passagens bíblicas que
certamente sem ela, seria improvável”.
..............................................................
AANNTTIIGGÜÜIIDDAADDEE OORRIIEENNTTAALL
As mais antigas civilizações da história surgiram na Antigüidade Oriental entre os anos 4.000
a.C. e 2.000 a.C. Foram as chamadas civilizações hidráulicas. Isso porque todas elas procuraram se
instalar onde houvesse abundância de água., com a intenção de uma sobrevivência mais próspera.
As Principais civilizações da Antigüidade Oriental foram: Egípcios (Vale do Nilo); Mesopotâmicos
(Vale do Tigre e Eufrates); Hebreus (Vale do Jordão) fenícios (Líbano atual); Persas (Planalto do
Irã); Hindus (Planície Indo-gangética); Chineses (Vales do Tang-tse e Huang Ho). Estas civilizações
apresentaram características comuns como a escrita, a arquitetura monumental, a agricultura
extensiva, a domesticação de animais, a metalurgia, a escultura, a pintura em cerâmica, a divisão da
sociedade em classes e a religião organizada (estruturada com sacerdotes, lugares para reverenciar
os deuses e assim por diante). A invenção da escrita permitiu ao homem registrar e difundir idéias,
descobertas e acontecimentos que ocorriam ao seu redor. Esse avanço é responsável por grandes
progressos científicos e tecnológicos que possibilitaram o surgimento de civilizações mais
complexas. Exemplos de tipo de escrita: Suméria - cuneiforme (gravação de figuras com estilete
sobre tábua de argila); Egito - hieroglífica (com ideogramas);Fenícia (atual Líbano) Fonético -
(alfabeto).
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Crescente Fértil – Assim chamado, por causa de sua abrangência territorial em forma de lua
crescente, apesar da fixação dos diversos grupos humanos em áreas próximas aos rios
(abastecimento de água e comunicação) ter ocorrido em regiões distintas, a maioria das
civilizações da Antigüidade se desenvolveu no Crescente Fértil. Esta área possui a forma de arco
e estende-se do Vale do Jordão à Mesopotâmia, além de abrigar os rios Tigres e Eufrates. A
revolução agrícola e a fixação de grupos humanos em locais determinados ocorreram
simultaneamente no Crescente Fértil. Neste mesmo período outras civilizações se desenvolveram
às margens dos rios Nilo (egípcia), Amarelo (chinesa), Indo e Gânges (paquistanesa e indiana).
AASSPPEECCTTOOSS EECCOONNÔÔMMIICCOOSS DDAASS CCIIVVIILLIIZZAAÇÇÕÕEESS
Predomínio da agricultura de subsistência e de regadio, devido ao aumento das comunidades
ribeirinhas que tornaram-se conhecidas como civilizações hidráulicas. Neste período, a
construção de canais de irrigação que permitiam levar a água onde fosse necessária era de grande
importância.
Principal Atividade
Cultivo de cereais. Comércio e artesanato eram atividades secundárias. Com exceção dos fenícios,
dedicados predominantemente ao comércio marítimo (talassocracia no Mediterrâneo).
Aspectos Sociais
Predomínio da sociedade estamental; nessa, cada grupo social tem uma posição e uma função
definida. A posição social é determinada pela hereditariedade. A estrutura é estática (não há
mobilidade social) e hierárquica, sendo vinculada às atividades econômicas.
Regime de Trabalho
A maior parcela da comunidade trabalhava sob um regime de servidão coletiva. As
Comunidades camponesas produziam excedentes agrícolas entregues ao Estado sob a forma de
impostos (os camponeses não eram escravos já que viviam em comunidades, produziam seus
próprios alimentos e construíam suas moradias).
Divisão da Sociedade
Soberano e aristocracia (nobres e sacerdotes);
Grupos intermediários (burocratas, militares, mercadores e artesãos);
Camponeses;
Escravos utilizados na construção de obras públicas (obras de irrigação, templos, palácios e
outros).
Exceções
Fenícios, sociedade de classes (hierarquia baseada na riqueza móvel); Hindus, sociedade de castas
(de origem religiosa e absolutamente impermeável). O núcleo básico da sociedade oriental era a
Família Patriarcal. O Patriarca (homem mais velho) era respeitado e obedecido por todos. Como
líder do clã familiar exercia as funções de chefe, de juiz e de sacerdote, mantendo todos sob seu
absoluto domínio. A mulher era geralmente considerada como propriedade do marido e a este
deveria obedecer e chamar de meu senhor. Sua função, como mulher, resumia-se a procriação e a
cuidar da casa e dos filhos. A população escrava sempre foi muito numerosa entre as sociedades
orientais e constituía a base de todo meio de produção, ou seja, a mão-de-obra escrava sustentava
o poder econômico e político dos Estados organizados e o prestígio das classes dominantes:
nobres membros das famílias reais, sacerdotes, escribas e demais funcionários civis e militares.
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PPaarrttiiccuullaarriiddaaddeess ee ddiiffeerreennççaass ddooss mmooddeellooss eeccoonnôômmiiccooss ee ssoocciiaaiiss
Egito Vale do Nilo
Mesopotâmia
Tigre e Eufrates
Sul da Ásia,
Planície
Indo-gangética
Norte da China,
o Hwang Ho
Soberano
e
aristocracia
Faraó e os sacerdotes da
família real, oficiais do
palácio
Nobreza
(família real),
altos sacerdotes,
oficiais reais
Falta de
evidências
O rei, a classe aristocrática
e a burocracia estatal
faziam parte da nobreza
guerreira
Grupos
intermediários
Sociedade relativamente
aberta;
habilidade + ambição =
mobilidade social
Clientes
(cidadãos livres
trabalhando para
a nobreza)
Comércio com
a Mesopotâmia,
Sul da Índia e
Afeganistão
Artesãos/escultores
comerciantes
Camponeses
Camponeses
(servos, pequenas
propriedades de terras)
Plebe
(cidadãos livres
proprietários de
terras)
Fazendeiros plebeus
(servos)
Escravos
Escravos eram prisioneiros
de guerra; camponeses eram
submetidos a recrutamento
forçado tanto para serviços
militares como para grupos
de trabalhos
escravos escravos
Aspectos políticos
Estado fortemente centralizado que possuía as terras e controlava a mão-de-obra. A religião
justificava o poder absoluto do governante, por isto, neste período, havia predomínio das
monarquias despóticas (absolutas) de caráter teocrático. Teocracia é uma forma de governo na
qual a autoridade, proveniente de um Deus, é exercida por seus representantes na terra. O Egito
Antigo foi um dos exemplos mais extremados de teocracia.
Exceção
Fenícios, organizados em cidades-estados monárquicas ou republicanas, controladas por
oligarquias mercantis.
AAssppeeccttooss PPoollííttiiccooss
Egito
Vale do Nilo
Mesopotâmia
Tigre e Eufrates
Sul da Ásia,
Planície Indo-gangética
Norte da China,
o Hwang Ho
O Faraó; rei-deus
como ditador
absoluto: Teocracia
Cidades-estado chefiadas
por guerreiros que se
tornaram reis
Governo centralizado,
cidades planejadas, com
prédios e serviços públicos
Pequenos reinosfeudais
posteriormente unidos pela
dinastia de Zhou
Monarquia
centralizada e
hereditária
Seqüência de impérios,
alguns formados por grupos
locais e outros por invasores
Autocracia altamente
centralizada e unificação
por Ch’in
Longa série de
dinastias familiares
Número cada vez maior de
códigos legais
Período Dinástico, idéia da
permissão dos deuses para
governar
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Contribuições e realizações das civilizações da Antigüidade oriental
Sociedade Região / Período Contribuições / Realizações
Sumérios
Mesopotâmia
meridional
(3500-2300 a.C.).
Cidades-estado, matemática (base 60 e sistemas de latitude), veículos
com rodas, zigurates (templos), escrita cuneiforme, escolas.
Egípcios
Vale do Nilo
(Egito)
(3100-1200 a.C.)
Irrigação para controlar o rio, expansão de terras cultiváveis,
calendário, medicina, monarquia hereditária e centralizada, escrita
pictográfica (hieróglifos), tumbas nas pirâmides, mumificação.
Babilônicos
Mesopotâmia
(1900-1600 a.C.)
Código de leis de Hamurábi, unificação de toda região mesopotâmica.
Hititas
Turquia e Síria
(1800-1200 a.C.)
Metalurgia (ferro)
Fenícios
Líbano atual
(1400-800 a.C.)
Navegação marítima, alfabeto fonético, comércio além-mar.
Assírios
Norte da
Mesopotâmia
(900-612 a.C.)
Sociedade militarista, engenheiros militares,
império armado da Mesopotâmia ao Egito.
Lídios
Turquia
(700-550 a.C.)
Cunhagem de moedas, sistema monetário.
Hebreus/Judeus/
Israelitas
Terra de Canaã
atual Israel
(2.000 a.C.– 79 d.C.)
Monoteísmo
( conceito de um Deus único, os 10 Mandamentos, a criação de um
código de valores éticos e morais; O Velho Testamento. )
Caldeus
Mesopotâmia
(612-539 d.C.)
Astronomia
(fases lunares 4 semanas por mês, ano solar preciso, astrologia: Zodíaco.)
Persas
Irã atual
(1200-330 d.C.)
Amplo sistema de estradas, unificação de um povo vasto em um
único império, período de paz e de tolerância, regras claras.
Aspectos religiosos
Predomínio do politeísmo (acreditavam na existência de inúmeros deuses). Os deuses tinham
estreitos vínculos com as atividades e as forças da Natureza.
Exceções
Monoteísmo: hebreus e egípcios durante o reinado do Faraó Amenófis IV
Dualismo: persas (zoroastrismo).
Aspectos Religiosos
Egito
Vale do Nilo
Mesopotâmia
Tigre e Eufrates
Sul da Ásia,
Planície
Indo-gangética
Norte da China,
o Hwang Ho
Faraó
(considerado uma divindade em
forma humana, provando que
os deuses se importavam
com a população)
Hierarquia de divindades
(maiores e menores) de
acordo com suas funções
Importância
da
Fertilidade
(culto à deusa mãe.)
Rei adorado como um
intermediário entre os
deuses e os homens
Crença em vida após a morte,
reflexo da natureza cíclica das
estações e enchentes
Divindades imortais e
poderosas, mas com
características humanas
(hábitos e emoções)
Imagens de deuses
em quadros de argila,
figuras de animais em
argila
Culto às figuras reais
falecidas, base do culto
aos ancestrais
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Pirâmides
(são símbolos da eternidade da
vida após a morte e do poder
espiritual e temporal do Faraó)
Lendas e crenças
populares
(história da criação,
humanos com
características divinas,
enchentes)
Confucionismo
(crença secular na
conduta ética e na
harmonia social)
Curto período de monoteísmo
(culto ao deus Sol (Amon-Ra))
Sacerdócio influente
Taoísmo
(filosofia que preza o
viver em harmonia com
as leis da natureza)
A vida religiosa dos povos orientais
A religião foi o traço mais marcante na vida dos povos orientais. Ela influenciava tudo: economia,
sociedade, política, cultura, artes, tudo. Praticamente, todos os povos orientais eram politeístas,
isto é, adoravam a vários deuses. Só o Egito, por exemplo, possuía mais de dois mil deuses, uns
em forma humana, outros de animais, de formas mistas, ou ainda deuses representantes de forças
da natureza. Pode-se afirmar que a única exceção dessa tendência politeísta esteve representada
no monoteísmo dos hebreus. Egito, Babilônia, Assíria, Fenícia e outros povos formavam um
extenso rol de nações pagãs e idólatras, onde práticas politeístas e antropomórficas
caracterizavam seus cultos. Cada cidade, nesses países, possuía os seus próprios deuses e muitas
das cerimônias religiosas se transformaram em terríveis carnificinas, com sangrentos sacrifícios
humanos. Só Israel testificou de um único Deus, justo e verdadeiro em meio ao enraizado e
diabólico paganismo oriental.
Os israelitas dos tempos do Antigo Testamento entraram em contato com cananeus, egípcios,
babilônios e outros povos que adoravam deuses falsos. Deus advertiu o seu povo a que não
imitasse seus vizinhos pagãos, mas os israelitas lhe desobedeceram. Repetidas vezes
descambaram para o paganismo. Que é que essas nações pagãs adoravam? E como foi que isso
desviou os israelitas do verdadeiro Deus? Ao estudarmos essas culturas pagãs, aprendemos como
o homem tentou responder às perguntas supremas da vida antes de encontrar a luz da verdade
divina. Também, chegamos a entender o mundo em que Israel vivia — um mundo do qual a
nação foi chamada para ser radicalmente diferente, tanto no terreno étnico como no ideológico.
Hoje, vivemos numa sociedade pluralista na qual cada pessoa é livre para crer ou descrer, con-
forme preferir. Os povos antigos, porém, achavam necessário ter algum tipo de religião. Um
agnóstico ou "livre-pensador" teria passado por maus momentos entre os egípcios, os heteus, ou
até entre os gregos e os romanos. A religião estava por toda a parte. Era o âmago da sociedade
antiga. O indivíduo adorava as divindades de seu vilarejo, cidade ou civilização. Se ele se
mudava para uma nova casa ou viajava por um país estrangeiro, o dever obrigava-o a mostrar
respeito pelas divindades do lugar.
AASSPPEECCTTOOSS CCOOMMUUNNSS DDAASS RREELLIIGGIIÕÕEESS PPAAGGÃÃSS
Certos aspectos eram comuns à maioria dessas religiões pagãs. Todas elas participavam da
mesma visão do mundo, que se centrava na localidade e seu prestígio. As diferenças entre as
religiões dos sumários e dos assírio-babilônios ou entre as religiões dos gregos e dos romanos
eram muito pequenas.
Muitos Deuses - Em sua maioria, essas religiões eram politeístas, o que significa que reconheciam
muitos deuses e demônios. Uma vez admitido ao panteão (coleção de divindades de uma cultura),
o deus não poderia ser dele eliminado. Ele havia ganho "estatura divina". Cada cultura herdava
idéias religiosas de seus predecessores ou as adquiria na guerra. Por exemplo, o que Nanna (deus
da Lua) era para os sumérios, Sin era para os babilônios. O que Inanna (deusa da fertilidade e
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rainha do céu) era para os sumérios, Ishtar era para os babilônios. Os romanos simplesmente
assumiram os deuses gregos e lhes deram nomes romanos. Assim, para os romanos Júpiter era
igual a Zeus, deus do firmamento; Minerva eqüivalia a Atena como deusa da sabedoria; Netuno
correspondia a Posêidon como deus do mar; e assim por diante. Em outras palavras, a idéia que
se tinha do deus era a mesma; apenas o invólucro cultural era diferente. Assim, uma cultura
antiga podia absorver a religião de outra sem mudar a marcha nem interromper o passo. Cada
cultura não só reivindicava os deuses de uma civilização anterior, reclamava como seus os mitos
da outra, introduzindo apenas mudanças insignificantes. Os principais deuses muitas vezes
estavam associados a algum fenômeno natural. As culturas pagãs não faziam distinçãoalguma
entre um elemento da natureza e a força por trás desse elemento. O homem antigo lutava contra
as forças naturais que ele não Podia controlar, forças que poderiam ser ou benéficas ou malévolas.
Chuva em quantidade suficiente garantia uma safra abundante, mas chuva em demasia destruiria
essa colheita. A vida era de todo imprevisível, especialmente levando-se em conta que os deuses
eram considerados como caprichosos e excêntricos, capazes de fazer o bem ou o mal. Os seres
humanos e os deuses participavam do mesmo tipo de vida; os deuses tinham a mesma sorte de
problemas e frustrações que os seres humanos. Este conceito chama-se monismo.
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“Os seres humanos e os deuses participavam do mesmo tipo de vida; os deuses tinham a
mesma sorte de problemas e frustrações que os seres humanos”.
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Desse modo, quando o Salmo 19.1 diz: "Os céus proclamam a glória de Deus e o firrmamento
anuncia as obras das suas mãos", ele zomba das crenças dos egípcios e dos babilônios. Esses
povos pagãos não podiam imaginar que o Universo cumprisse um plano divino total. Os egípcios
também associavam seus deuses a fenômenos da natureza: Shu (ar), Rê/Hórus (Sol), Khonsu
(Lua), Nut (firmamento), e assim por diante. A mesma tendência aparece na adoração hitita de
Wurusemu (deusa do Sol), Taru (tempestade), Telipinu (vegetação), e diversos deuses de
montanha. Entre os cananeus, El era o sumo deus do céu, Baal era o deus da tempestade, Yam era
o deus do mar, e Shemesh e Yareah eram os deuses do Sol e da Lua respectivamente. Por causa
desta desnorteante linha de divindades da natureza, o pagão jamais poderia falar de um
"universo". Ele não fazia idéia de uma força central que a tudo une, e pela qual todas as coisas
existem. O pagão acreditava viver num "multiverso".
Adoração de Imagens - Outro traço comum da religião pagã era a iconografia religiosa (fabricação
de imagens ou totens para adoração). Todas essas religiões adoravam ídolos; só Israel era
oficialmente anicônica (isto é, não tinha imagens, não tinha nenhuma representação pictórica de
Deus). O segundo mandamento proibia imagens de Jeová, como os bezerros de Arão e de
Jeroboão (Êxodo 32; 1 Reis 12.26). Os israelitas adoraram ídolos pagãos enquanto na escravidão
do Egito (Josué 24.14), e muito embora Deus banisse seus ídolos (Êxodo 20.1-5), os moabitas
induziram-nos de novo à idolatria (Números 25.1-2). Idolatria foi a ruína dos dirigentes de Israel
em diferentes períodos de sua história, e Deus finalmente permitiu que a nação fosse derrotada
"por causa dos seus sacrifícios" a ídolos pagãos (Oséias 4.19). A maioria das religiões pagãs
retratava seus deuses de maneira antropomórfica (isto é, como seres humanos).
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“A maioria das religiões pagãs retratava seus deuses de maneira antropomórfica,isto é, como seres
humanos.”
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ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 10
Na verdade, só um perito pode olhar para um retrato de deuses e de mortais babilônios e dizer
quem é quem. Os artistas egípcios comumente representavam seus deuses como homens ou
mulheres com cabeças de animais. Hórus era um homem com cabeça de falcão; Sekhmet era uma
mulher com cabeça de leoa; Anúbis era um chacal, Hator uma vaca, e assim por diante. Os deuses
hititãs podem ser reconhecidos por algum outro objeto distintivo, como um capacete com um par
de chifres. Os deuses gregos também eram retratados como humanos, mas sem as berrantes
características das divindades semíticas.
Auto-Salvação - Qual a importância da representação dos deuses como seres humanos? Os
capítulos iniciais do Gênesis dizem que Deus criou o homem à sua imagem (Gênesis 1.27), mas os
pagãos tentaram fazer deuses à sua própria imagem. Quer dizer, os deuses pagãos eram
meramente seres humanos ampliados. Os mitos do mundo antigo diziam que os deuses tinham
as mesmas necessidades que os seres humanos, as mesmas fraquezas e as mesmas imperfeições.
Se houvesse diferença entre os deuses pagãos e os homens, era só de grau. Os deuses eram seres
humanos feitos "maiores do que a vida". Com freqüência eram projeções da cidade ou da
comuna.
Sacrifício - A maioria das religiões pagãs sacrificava animais para acalmar seus deuses, e
algumas até sacrificavam seres humanos. Visto como os adoradores pagãos criam que seus
deuses possuíam desejos humanos, eles também ofereciam aos deuses ofertas de alimento e de
bebida (Isaías 57.5-6; Jeremias 7.18). Os cananeus criam que os sacrifícios possuíam poderes
mágicos que levavam o adorador a cair nas graças e no ritmo do mundo físico. Contudo, os
deuses eram caprichosos, e por isso os adoradores às vezes ofereciam sacrifícios para garantir
vitória sobre os inimigos (II Reis 3.26-27). Talvez seja por isso que os reis decadentes de Israel e de
Judá consentiam nos sacrifícios pagãos (I Reis 21.25-26; II Reis 16.13). Desejavam obter ajuda
mágica no combate aos babilônios e aos assírios — de preferência a ajuda dos mesmos deuses que
haviam dado vitória aos seus inimigos.
Amom-rá. O deus do Sol do Egito, Amom-rá era considerado o rei dos deuses. Os egípcios
acreditavam que ele viajava através do céu em seu barco durante o dia, depois continuava a
viagem à noite no mundo terrestre, usando um segundo barco. A mitologia egípcia também o
retratava como um falcão. Na mão direita, Amen-Rê carrega um ankh (uma cruz encimada por
uma argola), símbolo religioso da vida.
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UUNNIIDDAADDEE IIII
AA TTEERRRRAA DDEE CCAANNAAÃÃ -- GGEEOOGGRRAAFFIIAA NNAATTUURRAALL DDEE IISSRRAAEELL
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“O estudo da Geografia Bíblica nos possibilita o entendimento de diversas passagens bíblicas que
certamente sem ela, seria improvável”.
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AA HHIISSTTÓÓRRIIAA DDEE IISSRRAAEELL CCOOMMEEÇÇAA NNOO CCRREESSCCEENNTTEE FFÉÉRRTTIILL
O Crescente Fértil, não obstante sua vital importância à História da Salvação, é um
insignificante retângulo localizado na Ásia Ocidental. Encerrando uma área de 2.184.000 km ,
representa apenas a 234ª parte da superfície da Terra. Essa região estende-se em forma
semicircular entre o Golfo Pérsico e o Sul da Palestina. A história dessa região pode ser resumida
em uma série de lutas entre os habitantes das serranias e as tribos nômades do deserto. Todos
queriam apossar-se dessas fertilíssimas terras. O lado oriental dessas místicas paragens serviu de
berço à humanidade e de cenário à primeira civilização. Em suas grandes depressões, ascenderam
e caíram os impérios dos amorreus, assírios, caldeus e persas. No Crescente Fértil, conhecido,
também, como Mesopotâmia (literalmente "entre rios"), floresceram duas grandes civilizações: ao
norte, a Assíria; ao Sul, a Babilônia ou ('aldeia). Os rios Tigre e Eufrates cercam esse misterioso
território, ocupado, atualmente, pelo Iraque. O Jardim do Éden, segundo a narrativa bíblica,
localizava-se nas nascentes de ambos os rios. Foi em Ur dos Caldeus, uma das mais progressistas
e desenvolvidas cidades do Crescente Fértil, que teve início a história de Israel. Tudo começou
com a chamada de Abraão, o pai do povo escolhido.
Compreendendo a Geografia de Israel
Uma nação paupérrima territorialmente, assim é Israel, um dos menores países do mundo. Em
seu pequeno solo, entretanto, desenrolou-se todo o nosso drama espiritual. Terra mística e
abençoada, serviu de berço a patriarcas, profetas, juizes, reis, sábios e justos. Guardadapelo
Todo-poderoso, acolheu em seus áridos regaços o Salvador da humanidade. Não obstante suas
acanhadas possessões geográficas, a Terra Santa sempre foi um pomo de discórdia entre os
homens. Localizada no centro do globo, torna-se, a cada dia, mais polêmica. Todos preocupamo-
nos com o seu futuro. Em seu amanhã, está o nosso porvir! Com a criação do Estado de Israel, em
1948, a herança abraâmica centrou-se, mais visivelmente, em nossos estudos escatológicos.
Divisamos, no renascimento do minúsculo país semita, a aproximação da volta de Cristo. Vale a
pena, portanto, conhecer a geografia das terras pisadas pelo meigo Jesus. Israel é o solo sagrado
por excelência.
NNoommeess ddee IIssrraaeell
Tanto na história sagrada, como na secular, a Terra de Israel recebeu várias designações. Cada
nome por ela recebido encerra um drama vivido pelo povo de Deus. Desde a Era Patriarcal até os
nossos dias, as mais variadas nomenclaturas têm sido dadas ao território israelita. Para os
hebreus, entretanto, o seu sagrado solo nunca deixará de receber esse carinhoso tratamento: Terra
Prometida
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Canaã
Após a dispersão da humanidade, ocorrida quando da construção da Torre de Babel, os
descendentes de Canaã filho de Cara e neto de Noé, fixaram-se nas terras que seriam entregues a
Abraão. Isso ocorreu há mais de dois mil anos antes de Cristo. Nessas paragens, conhecidas por
sua fertilidade e riquezas naturais, os cananeus multiplicaram-se sobremaneira. Esse país, a partir
de então, passou a ser conhecido como Canaã, o mais antigo nome do território israelita. Eis o
significado literal desse nome: "habitantes de terras baixas". Tendo em vista essa etimologia,
concluímos: os cananeus adoravam as planícies! Os descendentes de Canaã, dominavam do
Mediterrâneo ao rio Jordão. Com o passar dos séculos, Canaã passou a ter uma conotação poética.
Lembra esse nome aos judeus, "...uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel" (Ex 3.8).
Terra dos Amorreus
O território que Deus entregou aos judeus era conhecido na antigüidade, também como Terra dos
Amorreus. Essa designação é encontrada tanto no Antigo Testamento, como nos escritos
profanos. É um dos mais antigos nomes da Terra Santa.
Terra dos Hebreus
De conformidade com a árvore genealógica de Sem, os israelitas são descendentes de Héber. O
território judaico, por esse motivo, era conhecido, ainda como Terra dos Hebreus. Nesses rincões,
os santos patriarcas forjaram a nacionalidade hebraica e deram corpo e colorido ao seu idioma.
A palavra hebreu, entretanto, segundo alguns exegetas, pode significar, de igual modo, "o que
vem do outro lado, ou do além". Trata-se de uma referência à peregrinação abraâmica, de Ur a
Canaã. Todavia, preferimos a primeira explicação, por estar mais de acordo com os reclamos da
língua hebraica.
Terra de Israel
Sob o comando de Josué, os israelitas tomaram Canaã, no Século XV a.C. A partir de então,
passaram as possessões cananéias a ser designadas desta forma: Terra de Israel. Não há
nomenclatura tão apropriada como essa! Ela encerra a maioria das promessas divinas a Abraão e
compreende a essência das realizações terrestres do Milênio. Esse é o nome mais comum da Terra
Santa. Encontramo-lo, com freqüência, no Antigo Testamento. Constitui-se, ainda, em um
perpétuo memorial: Esse território é de propriedade permanente do povo de Israel! Quer os
gentios admitam ou não, a terra que mana leite e mel pertence à progênie abraâmica. Após o
cisma do reino salomônico, essa nomenclatura passou a designar, apenas, as terras ocupadas
pelas 10 tribos do Norte, comandadas pelo idolatra e profano Jeroboão. Com os exílios, a Terra de
Israel torna-se um nome esquecido. Durante mais de dois mil anos, o território israelita recebeu
as mais vexatórias alcunhas. No entanto, com a criação do moderno Estado de Israel, todo o
escárnio que pesava sobre os descendentes de Jacó foi tirado. Hoje, quando viajamos àquelas
sagradas paragens, dizemos embevecidos: "Vou à Terra de Israel."
Terra de Judá
Depois de vencer os cananeus, Josué passou a dividir a Terra da Promessa. Coube à tribo de Judá.
uma herança localizada no Sul dessas inebriantes possessões. O território herdado pelo mais
intrépido e bravo filho de Israel ficou conhecido como Terra de Judá. Contudo, após o cisma do
reino davídico, ocorrido no ano 931 a.C, essa designação passou a incluir, também, as terras
ocupadas pela tribo de Benjamim. Terminado o cativeiro babilônico, em 538 a.C. o povo de Judá
retorna à sua herança, sob o comando de Zorobabel. Inspirados pela liderança eficaz de Neemias,
pela erudição de Esdras, pelo zelo sacerdotal de Josué e pelo fervor profético de Ageu e Zacarias,
os judeus reorganizam-se nacionalmente. A partir desse renascimento parcial da soberania
hebraica, as possessões abraâmicas passaram a ser designadas como Terra de Judá. E, seus
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 13
habitantes, conseqüentemente, começaram a ser chamados de judeus.
Terra Prometida
No Século XX a.C, Deus fez a seguinte promessa a Abraão: "Sai-te da tua terra, e da tua parentela
e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-
ei, e engrandecerei o teu nome e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem e
amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra. Assim
partiu Abrão, como o Senhor lhe tinha dito, e foi Ló com ele; e era Abrão da idade de setenta e
cinco anos, quando saiu de Harã" (Gn 12.1-4). Com essa sublime promessa de Deus a Abraão, o
território israelita passou a ser conhecido como Terra Prometida. Esse nome, poético e trágico,
evoca as mais elevadas recordações na peregrina alma do povo escolhido. Por causa desse chão
de promessas, os israelitas, há mais de dois mil anos longe de seu lar, instalam-se em sua terra e
provam estar a bênção abraâmica mais atual do que nunca.
Terra Santa
Zacarias, um dos mais escatológicos profetas do Antigo Testamento, vaticinou: "Exulta, e alegra-te.
ó filha de Sião porque eis que venho, e habitarei no meio de ti, diz o Senhor. E naquele dia, muitas nações se
ajuntarão ao Senhor, e serão o meu povo: e habitarei no meio de ti, e saberás que o Senhor dos Exércitos me
enviou a ti. Então o Senhor possuirá a Judá como sua porção na terra santa, e ainda escolherá Jerusalém"
(Zc 2.10-12). Não obstante as guerras, os embates políticos e os conflitos sociais, Israel é conhecido
como a Terra Santa. Os judeus veneram-na como o solo de seus antepassados e o terreno de sua
milenar esperança. Têm-se os cristãos como o berço do Salvador e o regaço da regeneração da
raça humana. Para os árabes, trata-se de um campo etéreo e permeado de mistérios celestiais. Em
pleno alvorecer do Terceiro Milênio, milhares de caravanas judaicas, cristãs e árabes rumam à
Terra Santa. Nenhum outro país é tão místico quanto Israel! Visitá-lo constitui-se no sonho de
milhões de seres humanos.
Palestina
Israel é conhecido, também, como Palestina. Esse nome é oriundo da palavra Filistia, que
designava a faixa de terra habitada pelos antigos filisteus, localizada no Sudeste de Canaã, ao
largo do mar Mediterrâneo. Esse povo era ferrenho inimigo dos hebreus e causou muitas dificul-
dades aos primeiros monarcas israelitas. No período neo-testamentário, o historiador Flávio
Josefo cognominou todo o território israelita de Palestina. Desde o domínio romano até a
fundação do Estado de Israel, em 12 de maio de 1948, a terra dos judeus era conhecida em todo o
mundo como Palestina. Atualmente, contudo, o nome de Israel tornou-se novamente,
predominante.
LLOOCCAALLIIZZAAÇÇÃÃOO
A Terra de Israel está localizada no continente asiático, a 30º de latitude Norte. Em toda a sua
extensão ocidental, é banhada pelo mar Ocidental. Tendoem vista o seu posicionamento
estratégico, constituiu-se, segundo Oswaldo Ronis, "num centro de gravidade para o mundo e as
civilizações da antigüidade." Acrescenta Ronis: "Do ponto de vista comercial, ficava na rota
obrigatória do tráfego entre o Oriente e o Ocidente, bem como entre o Norte e o Sul; e, do ponto
de vista político, igualmente passagem inevitável dos exércitos conquistadores das grandes
potências ao seu redor, razão pela qual estas se interessavam por sua conquista e fortificação. Daí
as devastações sofridas pela Palestina em repetidas ocasiões da sua história."
Limites Bíblicos
Ao norte, limita-se a Terra de Israel com a Síria e a Fenícia. Ao leste, com partes da Síria e o
deserto arábico. Ao sul, com a Arábia. A oeste, com o mar Mediterrâneo. Esses limites, entretanto,
variavam de acordo com as tendências políticas e os movimentos militares de cada época.
Constantemente, os israelitas tinham o seu território alargado ou diminuído. No tempo de
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Salomão, por exemplo, as fronteiras de Israel dilataram-se consideravelmente. Depois de sua
morte, contudo, as possessões hebraicas foram diminuindo, até serem absorvidas pelos grandes
impérios.
Limites Atuais
O moderno Estado de Israel limita-se ao norte, com o Líbano; a leste, com a Síria e a Jordânia; ao
sul, com o Egito; e, a oeste, com o mar Mediterrâneo. De exíguas dimensões, sua área não chega a
22.000 km. Como já dissemos, é um dos menores países do mundo. No entanto, as fronteiras do
território hebraico foram sobremodo alargadas durante a Guerra dos Seis Dias, ocorrida em junho
de 1967. Depois desse conflito, os limites israelenses foram dilatados em aproximadamente 400
por cento.
MMoonntteess TTrraannssjjoorrddâânniiccooss
Estes também chamados Montes do Planalto Oriental (ou Montes de Galaada ou Gileade),
igualmente podem ser agrupados nas três regiões distintas em que se dividem as terras para o
oriente do Jordão.
Monte de Basã
Não se trata de uma certa elevação e sim de um largo e fértil conjunto montanhoso na parte norte
do Planalto Oriental, limitado ao norte pelo Hermom, a leste pelo deserto da Síria e parte do
deserto da Arábia, ao sul pelo Vale de Yarmuque e a oeste pelo Jordão e Mar da Galiléia. E o
monte a que se refere o Salmo 68.15. Nos dias de Abraão esta parte da Transjordânia era habitada
pelo povo de gigantes chamado refains, cujo último rei foi Ogue - morto pelos israelitas ainda sob
o comando de Moisés - e cuja cama de ferro media cerca de 4m de comprimento por 1 ,80m de
largura (Dt 3.11). Na conquista, esta região coube a meia tribo de Manassés.
Monte Gileade
Outro conjunto montanhoso, ao sul de Yarmuque, indo até a parte norte do Mar Morto, dividido
ao meio pelo ribeiro de Jaboque. Na parte sul há uma montanha mais elevada, a qual os Árabes
chamam de Jeber Jilade. Talvez este fosse o monte que deu nome a região toda; entretanto não há
certeza disto. A linguagem bíblica parece que usa a designação Monte de Gileade com referência
à região toda, que é um conjunto de elevações da parte central do Planalto Oriental. À esta região
coube à tribo de Gade por ocasião da conquista e foi o primeiro território conquistado pelos
Israelitas (Nm 21.24; Dt 2.36), até então dominado pelos amorreus, cujo rei era Seom. Esta foi a
terra de Elias, o grande profeta de Israel (I-Rs 17.1). No tempo do Novo Testamento, esta parte da
Transjordânia era conhecida como Peréia.
Montes de Moabe
Ainda que não se encontre na Bíblia uma expressão precisamente Montes de Moabe e sim
“campo de Moabe” e “pais de Moabe”, o fato é que a região ocupada por moabitas ao sul da
Transjordânia e ao oriente do Mar Morto é bastante montanhosa, destacando-se o conjunto mais
próximo do Mar Morto, chamado “montes de Abarim” com as seguintes elevações:
Nebo ou Pisga (Dt 34.1) - A cerca de 15 quilômetros a leste da foz do Jordão e por trás da Planície
de Moahe, com 800m de altitude, de onde Moisés contemplou a Terra da Promessa e onde
morreu (Dt 34.1-6). Alguns autores fazem distinção entre os montes Nebo e Pisga, apontando este
último como um pico daquele.
Peor - Este monte fica pouco a nordeste de Nebo. Do cume deste, Balaão contemplou o
acampamento de Israel na planície e o abençoou pela terceira vez, quando era para ser
amaldiçoado, como era o desejo de Balaque, rei de Moabe (Nm 23.28-24,25)
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HHIIDDRROOGGRRAAFFIIAA DDEE IISSRRAAEELL
A hidrografia da Palestina pode ser dividida em três partes, a saber: mares, lagos e rios.
Mares
Mar Mediterrâneo - Também conhecido na Bíblia como o Mar Grande e Mar Ocidental. Este mar
banha toda a costa ocidental da Palestina. É de pouca profundidade na costa palestina, assim
impedindo a aproximação de navios de maior calado mesmo dos tempos antigos, razão por que o
Mediterrâneo não funcionava para Israel como caminho marítimo, antes o isolava do mundo. O
único porto do Mediterrâneo de que se valiam os israelitas era Jope, onde há um pequeno
promontório com uma linha de arrecifes. Entretanto, devido a esses arrecifes e os bancos de areia,
era de pouca procura pelos navegantes, preferindo estes os portos fenícios. Assim, do ponto de
vista político-militar, o Mediterrâneo constituía para a Palestina uma vasta defesa natural de sua
fronteira ocidental. Por este mar foram levados os famosos cedros do Líbano para Jope,
destinados à construção do templo de Salomão em Jerusalém. Neste mar foi lançado o profeta
Jonas quando fugia da missão recebida. Por suas águas navegou o apóstolo Paulo mais de uma
vez em suas viagens missionárias. Neste mar ficam as ilhas referidas na Bíblia, das quais
destacamos Chipre, Creta e Malta.
Mar Morto - Também conhecido pelos nomes de Mar Salgado, Mar Oriental, Mar de Ló, Asfaltite
(Josefo), Mar do Arabá e Mar da Planície (Dt 3. 17;Jl 2.20; II Rs 14.25). Fica na foz do rio Jordão,
entre os Montes de Judá e os Montes de Moabe, na mais profunda depressão do globo. É de
forma ovulada, medindo 76 quilômetros de comprimento na direção norte-sul e 17 quilômetros
de largura, com o seu nível a 426m abaixo do nível de profundidade máxima que se verifica na
parte norte. Na parte sudeste (na altura do terço inferior) há um promontório ou península,
chamada Lisa ou língua. As suas costas são mais planas no lado ocidental e bastante acidentadas
e escarpadas no lado oriental. As suas águas são as mais densas da superfície da terra, com cerca
de 25% de salinidade, em razão das enormes jazidas de sal no sul e da excessiva evaporação. O
fato bíblico mais importante relacionado com este mar é a destruição de Sodoma e Gomorra,
cidades que, parece, tiveram lugar no sul do Mar Morto,hoje coberto por um pantanal
betuminoso. O seu nome atual, Mar Morto,foi lhe dado pelos geógrafos e historiadores antigos do
século II da nossa era, Pausanias (grego) e Justino (romano), devido ao aspecto triste e desolador
que domina a região.
Mar da Galiléia - Também conhecido pelos nomes de Mar de Quinerete (Nm 34.11), Mar de
Tiberíades (Jo 21.1) e Lago de Genezaré (Lc 5.1). Na verdade trata-se de um lago de água doce
formado pelo rio Jordão, mas, devido as suas dimensões avantajadas e temporais violentos que
freqüentemente o agitam, as populações adjacentes o tem chamado de mar. É o segundo lago
equilibrador das águas do Jordão, sendo o primeiro o de Meronm que fica 20 quilômetros ao
norte. Mede aproximadamente 24 quillômetros de comprimento por l4 de largura, tendo seu
nível 225m abaixo do nível do Mediterrâneo e profundidade média de 50 m. Suas águas são
claras e muito piscosas. As suas margens do lado oriental são montanhosas, enquanto do lado
ocidental e na direção noroeste estendem-se planícies férteis com cidadesimportantes, como Ca-
farnaum, Corazim, Magdala, Genezaré, Betsaida, Tiberíades e outras. O clima da região,
especialmente ao norte, é muito agradável, propício à lavoura e pecuária. As cidades das margens
do Mar da Galiléia e as próprias praias e águas deste foram palco de acontecimentos importantes
do ministério terreno de Jesus operando milagres, apaziguando a tempestade, andando sobre o
mar, alimentando milhares com a multiplicação de pães, pronunciando preciosos ensinamentos
(Sermão do Monte) e aparecendo aos discípulos após a ressurreição.
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Lagos
Um único lago encontramos no território palestínico o Lago de Merom, também conhecido como
Águas de Merom (Js 11.5,7), e modernamente como lago de Hulé (nome árabe). Também era
formado pelas águas do Jordão, como o Mar da Galiléia, e localizava-se a 20 quilômetros ao norte
deste. O seu comprimento era de cerca de l0 quilômetros por 6 de largura, achando-se o seu nível
2 m acima do nível do Mediterrâneo e tendo de 3 a 4 de profundidade. Uma vasta região
alagadiça cercava as suas margens em todas as direções onde antigamente vicejava o papiro. Foi
nas proximidades deste lago que Josué ganhou uma de suas grandes batalhas contra os inimigos
confederados do norte de Canaã. Hoje o lago já não existe, pois foi drenado pela engenharia
israelense.
Rios
Os rios Palestinos são distribuídos em duas bacias hidrográficas: Bacia do Mediterrâneo e Bacia
do Jordão.
Bacia do Mediterrâneo
a) Belus – Segundo se crê, trata-se de Sior Libnate referido em Josué 19.26. Corre a sudoeste dos
termos de Asser, na direção do Mediterrâneo, despejando as suas águas na Baía de Acre, pouco
ao sul da cidade de Aco (mais tarde denominada Ptolemaide e Acre). É torrente que se manifesta
somente na época das chuvas, permanecendo seco o seu leito por quase dois terços do ano. É um
dos chamados Wadis que são abundantes na Palestina.
b) Quisom (ou Kishon) - Este é o maior rio da Bacia do Mediterrâneo e o segundo da Palestina.
Nascendo das pequenas correntes de Gilboa e Tabor, Montes da Galiléia, e recolhendo outras
águas da Planície de Esdraelom, corre na direção noroeste ao largo do Monte Carmelo até
desaguar no Mediterrâneo, na parte sul da Baía de Acre. As suas águas são impetuosas e
perigosas durante o inverno, ao passo que no verão são escassas. Foi junto deste rio que Baraque
derrotou Sísera, sendo os cadáveres dos seus soldados arrastados pela corrente do mesmo (Jz
5.21), e Elias matou os profetas de Baal depois do célebre desafio no Monte Carmelo (I Rs 18.40).
c) Caná - Outro wadi ou torrente dos meses de chuvas, que nasce perto de Siquém e,
atravessando a Planície de Sarom, verte no Mediterrâneo sete quilômetros ao norte de Jope. É
mencionado em Josué 16.8 e 17.9 como limite entre as terras de Manassés e Efraim.
d) Gaás - É outro ribeiro, wadi, que atravessa a região de Sarom na direção leste-oeste e
deságuam no Mediterrâneo perto de Jope. o seu nome provavelmente deve-se a um monte, não
identificado, perto do qual foi sepultado o grande líder Josué (Js 24.30). Quanto às referencias
bíblicas ao ribeiro, encontramos em II Samuel 23.30e 1 Crônicas 11.32.
e) Sorec - Nascendo nas montanhas de Judá, a sudoeste de Jerusalém, este wadi, seguindo a
direção noroeste, despeja suas águas no Mediterrâneo entre Jope e Acalom, ao norte da Filistia.
Os flancos suaves do vale que ele percorre, por sinal largo e fértil, são famosos pelos vinhedos de
uma espécie de uva síria muito apreciada. Segundo Juízes 14.1-5 e 16.4, nas proximidades deste
rio ficava Timná, cidade de Dalila, mulher filistéia que cavou a ruína de Sansão.
f) Besor - Este é o mais volumoso de todos os wadis que desembocam no Mediterrâneo. Nasce no
sul das montanhas de Judá, passa ao largo de Berseba pelo lado sul desta cidade e lança-se no
mar à uns oito quilômetros ao sul da cidade de Gaza. Seu nome moderno é wadi Sheriah. É
mencionado nas Escrituras em I Samuel 30.1-25, no episódio da libertação dos habitantes de
Ziclague das mãos dos amalequitas, por Davi e seus seiscentos homens, dos quais duzentos
haviam ficado junto de Besor, cansados, para guardar a bagagem.
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Bacia do Jordão
Jordão - Este é o rio principal da Palestina e corre na direção norte-sul, assim dividindo o país em
duas partes distintas - Canaã propriamente dita e Transjordânia. Seu nome significa declive ou o
que desce. O Jordão origina-se da confluência de quatro pequenos rios, a 11 quilômetros ao norte
do Lago de Merom, cujas cabeceiras - menos as do primeiro - encontram-se nos flancos ocidental
e meridional do Monte Hermom. São eles: Bareighit, o mais ocidental e cujas fontes não se
alimentam das torrentes do Hermom. Hasbani, o mais longo - cerca de 40 quilômetros de
extensão - e tem sua nascente na encosta ocidental do Hermom, a 520m de altitude. Ledan, o mais
volumoso porque se origina de muitas fontes nas proximidades da antiga cidade de Dã, no sopé
meridional do Hermom, e cujo leito pode ser considerado como começo do Vale do Jordão; por
ser o braço central das nascentes do grande rio. Banias, a mais oriental das quatro nascentes do
Jordão, a mais curta, de apenas 8 quilômetros, porém a mais bela, que jorra de uma imensa gruta
na encosta meridional do Hermom, pouco ao norte da antiga cidade de Cesárea de Filipe, da qual
hoje resta apenas uma pequena aldeia cujo nome moderno é Banias.
Costuma-se dividir o curso do Jordão em três trechos, para um estudo mais detalhado: o primeiro
trecho, ou seja, a região das nascentes, é o que acabamos de descrever nos seus aspectos mais
setentrionais e que vai até o Lago de Merom. Depois da junção das quatro nascentes, o Jordão
atravessa uma planície pantanosa numa extensão de 11 quilômetros e entra no Lago de Merom.
Neste trecho a sua largura varia muito e a profundidade vai a 3 e 4m. O segundo trecho, também
chamado o Jordão Superior, compreende o rio entre o Lago de Merom e o Mar da Galiléia,
extensão esta de cerca de 20 quilômetros. E um trecho quase reto, com um declive de 225m, o que
tornam as suas águas impetuosas e provoca um enorme trabalho de erosão. A força da
impetuosidade das águas do Jordão neste trecho é tanta que quase 20 quilômetros Mar da Galiléia
adentro ainda se percebe a sua correnteza. Neste trecho o terreno é rochoso, de vegetação média e
a largura do rio varia entre 8 e 1 5m. O terceiro trecho, ou o Jordão Inferior, estende-se do Mar da
Galiléia ao Mar Morto numa distância de 117 quilômetros em linha reta e cerca de 340
quilômetros pelo leito sinuoso do rio, tendo uma largura que varia entre 25 e 35m e 1 a 4m de
profundidade. Este trecho sofre um declive de 200m pelo qual o rio desce precipitadamente,
formando numerosos meandros e cascatas e alargando o vale até 15 quilômetros, como ocorre na
altura de Jericó.
Este vale é limitado quase em toda a sua extensão por verdadeiras muralhas de rocha calcária, o
que torna muito difícil a travessia do mesmo. Até o tempo dos romanos não havia ponte sobre o
Jordão, de modo que a travessia do mesmo era feita em certos lugares de margens mais rasas e
águas menos profundas, chamados vaus. Um desses vaus ficava defronte de Jericó, outro, perto
da desembocadura do rio Jaboque; e o terceiro, nas proximidades de Sucote. O rio Jordão, sob
todos os pontos de vista, como: geográfico, histórico, político, econômico e religioso, é o rio mais
importante do mundo antigo. Está ligada a Revelação desde os dias de Abraão até os dias de
Jesus. Nas suas margens ocorreram numerosos e importantes acontecimentos, como a separação
das águas para o povo de Israel entrar na Terra de Canaã, sob o comando de Josué (Js 3.9-17); a
permissão dada por Moisés às tribos de Rúben e Gade para ficarem na Transjordânia (Nm 32.1-
32); a história de Gideão, bem como ade Jefté (Jz 7,8,10,11); as lutas políticas de Davi (II Sm 17.24,
19.18); a travessia, em seco, dos profetas Elias e Eliseu (II Rs 2.6-14); a cura de Naamã, general
sírio que fora acometido de lepra (II Rs 5.1 -i 4); a recuperação do machado de um “seminarista’
(II Rs 6.1-7); a anexação dos territórios dos gaditas, rubenitas e manassitas (Transjordânia) à Síria
pelo seu rei Hazael (II Rs 10.32,33); o ministério de João Batista e o batismo de Jesus (Mc 1 .5,9).
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Querite - Verdadeiramente não se trata de um rio perene, e sim de um wadi, torrente das épocas
de chuvas, que desce dos montes de Efraim e desemboca no Jordão, pela margem ocidental,
pouco ao norte de Jericó, depois de percorrer uma região agreste, povoada de corvos e águias.
Em alguma gruta nas margens deste ribeiro escondeu-se o profeta Elias, por ordem do Senhor,
onde foi sustentado pelos corvos que lhe levavam pão e carne todos os dias pela manhã e à tarde
(I Rs 17.1-7).
Cedrom - Também este não é um rio perene, porem nas épocas de chuvas torna-se uma torrente
impetuosa. Nasce a dois quilômetros a noroeste de Jerusalém e, correndo na direção sudeste,
passa ao lado leste da Cidade Santa pelo Vale de Josafá - que separa esta do Monte das Oliveiras -
e prossegue rumo sudeste até o Mar Morto, numa distância de cerca de 40 quilômetros, por um
leito profundo e sinuoso. Os principais fatos bíblicos relacionados com o ribeiro de Cedrom são: a
fuga de Davi por causa da revolta de Absalão, seu filho, e a travessia de Jesus para o jardim de
Getsêmane na noite de sua agonia (Jo 18.1).
Yarmuque - Este é o principal afluente oriental do Jordão, embora não esteja mencionado na
Bíblia. É formado por três braços, dos quais o mais setentrional recebe águas abundantes das
vertentes orientais e meridionais do Monte Hermom e desemboca no Jordão, seis quilômetros ao
sul do Mar da Galiléia.
Jaboque - É outro tributário oriental do Jordão. Nasce ao sul do Monte Gileade, corre para leste,
depois para norte e noroeste, descrevendo uma verdadeira semi-elipse, até desaguar no Jordão,
mais ou menos no meio do curso deste, entre o Mar da Galiléia e o Mar Morto, depois de ter
percorrido cerca de 130 quilômetros. É célebre na história bíblica pela luta de Jacó com o anjo do
Senhor, ocasião em que o nome deste foi mudado para Israel (Gn 32.22-32).
Arnom -- Nasce nas montanhas de Moabe, a leste do Mar Morto, despejando neste as suas águas.
Este rio primeiramente separava os moabitas dos amorreus e depois os moabitas do território da
tribo de Rúben, ficando como limite meridional permanente dos territórios israelitas da
Transjordânia. Os profetas Isaías e Jeremias pronunciaram condenações contra Moabe referindo-
se a Arnom (Is 16.2; Jr 48.20). O missionário alemão F. A. Klein, em 1868, achou a célebre pedra
Moabita nas ruínas da cidade de Dibon, que fica a quilômetros ao norte de Arnom. Esta pedra
contém uma inscrição feita pelo rei moabita Mesa em 850 a.C., em hebraico-fenício, que confirma
a passagem bíblica de II Reis 3.1-27.
JJEERRUUSSAALLÉÉMM –– AA EETTEERRNNAA EE IINNDDIIVVIISSÍÍVVEELL CCAAPPIITTAALL DDEE IISSRRAAEELL
Em julho de 1980, o Knessel: - parlamento israelense -aprovou um decreto-lei, elaborado pelo
então primeiro-ministro Menachen Begin, transformando Jerusalém na capital eterna e indivisível
do Estado de Israel. Como era de se esperar, os países árabes protestaram veementemente contra
a iniciativa israelense. Dias antes, a propósito, o premier judeu, respondendo a uma objeção do
governo inglês, afirmou que antes mesmo da existência de Londres, a cidade de Jerusalém já era a
capital de Israel. O líder iraniano, Khomeini, ferrenho inimigo dos israelitas, ao saber da anexação
legal e definitiva de Jerusalém, proclamou, de imediato, uma guerra para reconquistar a cidade
santa. Enquanto isso, diversas nações ocidentais trataram de mudar suas embaixadas para Tel-
Aviv, para não desagradar os países árabes. Somente os Estados Unidos é que apoiaram a medida
israelense, que se constitui no velho e milenar sonho judaico de reconquistar política e
espiritualmente a Cidade do Grande Rei.
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Origem
"Jerusalém" significa, em hebraico, habitação de paz. Seu nome é mencionado pela primeira vez nas
Escrituras em Josué 10.11. Entretanto, em Gênesis 14.18, encontramos uma referência sobre a
cidade, que aparece com o nome de Salém. De acordo com a tradição, assim era chamada a
capital judaica. Eis mais alguns nomes bíblicos de Jerusalém: Jebus (Jz 19.10); Sião (SI 87.2); Ariel
(Is 29.1); Lareira de Deus (Is 1.26); Cidade de Justiça (Is 1.26); Santa Cidade (Is 28.2; Mt 4.5);
Cidade do Grande Rei (Mt 5.35) e, Cidade de Davi (II Sm 5.7). No que diz respeito á história
bíblica, ela ocupa o primeiro lugar. Esta posição privilegiada de Jerusalém não está em sua
extensão, nem em sua riqueza ou expressão cultural e artística, e, sim, em sua profunda e ampla
relação com a Revelação, ou seja, no seu sentido religioso. Ela foi, de um modo especial, o cenário
das manifestações patentes e evidentes do poder; da justiça, da sabedoria, da bondade, da
misericórdia, enfim, da grandeza de Deus. Por isto as alusões proféticas e apostólicas a
apresentam como o próprio símbolo do céu (Is 52.1-4; Ap. 21). Nomes Durante a sua longa
história -já cerca de 3.000 anos - a cidade era conhecida por vários nomes, assim como:
Urasalim- Encontrado nas Cartas de Tel-el-Amarna escritas por volta de 1400 a.C.,
provavelmente é o seu nome mais antigo.
Salém- É o nome mais antigo que aparece na Bíblia, já em uso nos dias de Abraão (Gn 14.18).
Provavelmente trata-se de uma abreviação da palavra Jerusalém, cidade devotada a Shalém,
antiga divindade semítica da paz e prosperidade.
Jebus- Assim era conhecida a cidade dos jebuseus na época dos Juízes (Jz 19.10,11).
Jerusalém- É o nome mais comum e que permanece até o presente.
Sião- Este era o nome de um dos montes da cidade.
Cidade de Davi ou Cidade do Grande Rei- Estes nomes relacionam-se como ato heróico de Davi
na tomada da fortaleza, quando então a cidade foi conquistada e feita a capital do Reino de Israel
(I Rs 8.1; II Rs 14.20; Sl 48.2).
Cidade de Deus ou Cidade Santa- Assim chamada por estar ali o templo nacional; o local do
culto centralizado (Sl 46.4; Ne 11.1).
Cidade de Judá- A capital do reino de Judá, a cidade principal do reino (II Cr 25.28).
Aelia Capitolina- Foi o nome dado pelo imperador romano Adriano, que a reedificou no século II
d.C. Aelia em honra a Adriano, cujo primeiro nome era Aelius, e Capitolina por ter sido dedicada
a Júpiter Capitolino, divindade suprema dos romanos.
El-Kuds- É o nome que os árabes deram a Jerusalém. O seu significado é “a santa”
Localização e Topografia
Jerusalém fica situada na parte sul da cordilheira central da Palestina, ou sei a, nas montanhas de
Judá, na mesma latitude do extremo norte do Mar Morto, a 21 quilômetros a oeste do mesmo e a
51 quilômetros a leste do Mediterrâneo. Está edificada sobre um promontório a 800m de altitude,
subdividido em uma série de montes ou elevações. A leste do promontório fica o Vale de Josafá
ou Cedrom, que separa a cidade do Monte das Oliveiras. A oeste e ao sul fica o Vale de Hinom
(Gehena, gr.) que em certa época da história foi o Vale da Matança, assim chamado por causa dos
sacrifícios das crianças em holocausto ao ídolo Moloque (II Rs 23.10; Jr 7.31-34) e dos fogos que
ardiam constantemente, consumindo o lixo da cidade, os detritos dos holocaustos pagãos etc. Daí,
por analogia, a palavra grega Gehena - que significa Vale de Hinom - veio a designar o lugar de
castigo eterno dos condenados, o inferno (Mt 13.42; Mc 9.43-48). Sendo que a cidade é isolada
pelos lados leste, oeste e sul do conjunto da cordilheira pelos vales já mencionados,resta apenas o
lado norte suscetível ao crescimento, uma vez que por ele o tabuleiro continua ligado ao conjunto
montanhoso. O aspecto geral da cidade ao tempo de Cristo apresentava uma configuração de um
trapézio irregular que se alarga do sul para o norte, dividindo-se em cinco zonas ou bairros
caracterizados pelas elevações do tabuleiro: Ofel, que fica a sudeste e onde havia uma antiga
fortificação; Moná, a leste, onde estava edificado o templo de Salomão; Bezeta, ao norte; Acra, a
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 20
noroeste; e Sião, a sudoeste. Um vale interno chamado Tiropeom, que corria mais ou menos na
direção de noroeste para sudeste e sul, separava alguns desses bairros. Porém, através dos tem-
pos, a superfície da cidade tem sofrido muitas alterações com os aterros deste vale,
desaparecendo, assim, o antigo aspecto em que as elevações eram mais distintas.
Vias de Comunicação
Jerusalém sempre esteve ligada pelos quatro pontos cardeais a toda a Palestina e aos países
estrangeiros. Ao norte partiam os caminhos para Samária, Galiléia, Fenícia, Síria e Mesopotâmia.
A leste, desde as quatro portas orientais, convergiam os caminhos para Jericó e todo o Vale do
Jordão, bem como para as estradas da Transjordânia que levavam os viajantes para a Arábia, Síria
etc. Ao sul a cidade comunicava-se com Hebrom e Egito. A oeste ligava-se com Jope e os
caminhos para a Filistia e Egito, bem como para a Fenícia, na direção norte. Desde os tempos de
Abraão já havia caminhos cruzando a Terra de Canaã em todas as direções. Certamente nos dias
dos patriarcas esses caminhos não passavam de trilhos por onde trafegavam caravanas dos
mercadores e dos pastores de rebanhos. Já nos dias de Josué, dos Juízes e da monarquia hebraica,
vemos o uso de carros ferrados que certamente exigiam estradas mais definidas, embora
seguindo os trilhos antigos. E no tempo dos romanos já havia até estradas pavimentadas para o
deslocamento rápido de suas legiões militares. Tais noções podemos colher de Juízes 1.19; I Reis
22.31; 35.38; II Reis 23.30; Atos 8.28 etc.
CCIIDDAADDEESS EE EESSTTRRAADDAASS DDAA PPAALLEESSTTIINNAA
A independência do Estado de Israel foi proclamada em 1948. Nesses quase 60 anos, as cidades
foram-se multiplicando sobre o exíguo território israelense. Cumpre-se, dessa forma, esta
maravilhosa profecia: "Eis que vêm os dias, diz o Senhor, em que o que lavra alcançará ao que se-
ga, e o que pisa as uvas as que lança a semente; e os montes destilarão mosto, e todos os outeiros
se derreterão. Também trarei do cativeiro o meu povo Israel; e eles reedificarão as cidades
assoladas, e nelas habitarão; plantarão vinhas, e beberão seu vinho; e farão pomares, e lhes come-
rão o fruto. Assim os plantarei na sua terra, e não serão mais arrancados da sua terra que lhes dei,
diz o Senhor teu Deus" (Am 9.13-15).
Jericó
Localiza-se no Vale do Jordão, no território entregue à tribo Benjamim. Encontra-se a 28
quilômetros de Jerusalém. O nome dessa cidade significa, segundo alguns autores, lugar de
perfumes ou fragrâncias. Jericó foi a primeira cidade conquistada pelos filhos de Israel. Era
famosa por suas fortificações. É considerada, ainda, uma das metrópoles mais antigas do mundo.
Belém
Encontrando-se a 10 quilômetros a leste de Jerusalém, é a cidade do rei Davi. Casa de pão é o que
significa Belém. Pela sua posição geográfica, é uma fortaleza natural. Fica a quase 800 metros
acima do nível do mar. Nessa cidade nasceram dois importantíssimos personagens: Davi, e Jesus
Cristo, o Salvador do mundo. Apesar de sua importância histórica, Belém foi sempre uma aldeia
insignificante. Não obstante, seus campos, ainda hoje conservam a mesma fertilidade dos tempos
bíblicos.
Hebrom
Eis o primeiro nome dessa cidade: Quiriat Arba. Encontra-se a 32 quilômetros ao sul de Jerusalém
e a mil metros acima do mar Mediterrâneo. Abraão morou em suas redondezas. Em Hebrom, foi
Davi ungido rei sobre Israel. É tida, também, como a primeira cidade de Judá. Atualmente,
Hebrom é uma grande cidade com mais de 40 mil habitantes, em sua maioria árabes. Eis suas
principais fontes de renda: artesanatos, artefatos de cerâmica e pequenas indústrias. A
agropecuária é, por enquanto, sem expressão.
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 21
Jope
Na distribuição de Canaã, Jope coube à tribo de Dã. Atacada várias vezes pelos filisteus, a cidade
foi libertada por Davi. Mais tarde, Salomão utilizou-se de seu porto para receber cedros do
Líbano, usados na construção do Templo. Hodiernamente, Jope é um grande porto israelense.
Nazaré
Situada em um grande monte, a 400 metros acima do nível do mar, Nazaré encontra-se a 170
quilômetros de Jerusalém. No tempo das chuvas, as encostas da cidade ficam recobertas por
lindas flores. O nome dessa importante localidade significa florescer. Jesus Cristo foi criado nessa
cidade. Por isso mesmo, Ele é chamado de Nazareno. Até 1948, Nazaré era controlada por
muçulmanos. Mas, em 16 de julho de 1948, passou ao domínio dos israelenses.
Cafarnaum
Cafarnaum foi escolhida por Jesus para ser o centro de seu ministério. Seu nome significa "aldeia
de Naum". Em Cafarnaum, Jesus passou dezoito meses, realizando grandes milagres. Seus
habitantes, entretanto, não receberam a mensagem de amor do Messias. E, conforme as palavras
de Cristo, Cafarnaum desceu, de fato, até o inferno. Nunca mais foi edificada.
Samaria
A cidade, construída por Onri, pai de Acabe, encontra-se a 60 quilômetros ao Norte de Jerusalém.
Situa-se a 400 metros acima do Mediterrâneo. Após o cisma israelita, Samaria passou a ser a
capital do Reino de Israel. Para essa cidade, foram transportados, após o cativeiro israelita, povos
estranhos que, juntamente com alguns hebreus, deram origem aos samaritanos. Mais tarde, estes
causaram muitos embaraços a Esdras e a Neemias. No tempo de Jesus, ainda era grande a
rivalidade entre as comunidades hebraica e samaritana.
Decápolis
No grego, Decápolis significa "dez cidades". Esse agregamento estava situado em espaçoso
território a leste do mar da Galiléia. As cidades foram construídas por gregos, na tentativa de
helenizar a região. Sofreram, entretanto, grande oposição dos judeus, principalmente da família
macabéia. Eis os nomes das dez cidades, segundo Plínio: Citópolis, Damasco, Rafana, Canata,
Gerasa, Diom, Filadélfia, Hipos Gadara, Pela. Essa confederação desempenhou relevante papel na
propagação da cultura helena no Oriente. O evangelho encontrou, também, fértil terreno em
Decápolis. Cada cidade possuía suas forças militares que, em tempo de crise, uniam-se às
falanges romanas.
EEssttrraaddaass ddaa PPaalleessttiinnaa
Costuma-se dividir em quatro grupos principais as estradas da palestina
Grupo da Costa- Eram estradas que corriam paralelas à costa do Mediterrâneo, conhecidas
também como Caminho da Terra dos Filisteus. Tinham a sua origem no Egito e estendiam-se até
Fenícia e Síria, ao norte, onde se desviavam para oeste, na direção da Ásia Menor, e para leste, na
direção da Mesopotâmia. Era um grupo composto de várias estradas com ramificações para oeste,
atingindo cidades costeiras como Jope, Ptolemaida, Tiro, Sidom e outras, e também para leste,
saindo um ramal de Gaza e passando por Berseba e sul da Judéia na direção da Arábia; outro de
Lida para Jerusalém, Jericó e Transjordânia; e mais outro atravessando o Vale de Esdraelom, a
baixa Galiléia, indo até Damasco. Este grupo, devido a sua importância internacional, era também
chamado o caminho das nações. Os exércitos das grandes nações do norte, do leste e do sul da
Palestina (Síria, Assíria, Babilônia e Egito) deslocavam-se por estas estradas para os seus
encontros bélicos.
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Grupo Central- Este grupo partia do sul da Judéia, e, passando porHebrom, Belém, Jerusalém,
Betel, Siquém, Samária, ia até Cafarnaum, ao norte da Galiléia, onde se entroncava com a estrada
de Damasco. Também este grupo apresentava ramificações tanto para oeste como para leste, das
quais as mais importantes são as seguintes: no extremo sul da Judéia uma ramificação para oeste,
na direção de Gaza, indo até o Egito, e outra para leste, indo até a Arábia. Na altura de Jerusalém,
uma ramificação para oeste, via Lida, indo até Jope, e outra para leste, via Jericó, atingindo a
Transjordânia e entroncando-se com outro grupo de estradas na direção de Petra, para o sul, e na
de Damasco, para o norte, via Peréia. Mais outra ramificação, embora não das mais antigas,
ocorria na região central de Samária, na altura das cidades de Siquém e Samaria, atingindo
Cesaréia para oeste e Bete-Seã (Citópolis) para nordeste, onde havia uma passagem rasa do
Jordão, ou vau, entroncando-se o ramal com as estradas da Transjordânia.
De Bete-Seã também partia uma ramificação para norte indo até Cafarnaum, passando pelas
cidades da margem ocidental do Mar da Galiléia. E por último, em Nazaré, a ramificação na
direção noroeste atingia Ptolemaida (antiga Aco, ou Acre dos franceses), no sentido leste a cidade
de Bete-Seã, e para nordeste chegava a Cafarnaum, onde entroncava-se com a estrada que vinha
de Damasco. Note-se que, apesar de ser esta estrada do centro o caminho mais curto entre a
Judéia e Galiléia, os judeus evitavam-na devido à inimizade antiga entre eles e os samaritanos,
preferindo passar pela Transjordânia. Entretanto parece que Jesus não deu importância a este
fato, pois, pelo menos em três vezes. durante o seu ministério, ele atravessou a Samária: quando
manteve memorável diálogo com a mulher samaritana junto ao poço de Jacó perto de Sicar, no
Vale de Siquém (Jo 4.3-42); quando os discípulos rogaram a Jesus poder para fazer descer fogo do
céu para consumir os samaritanos que rejeitaram a presença de Jesus (Lc 9.51-56); e quando curou
os dez leprosos, sendo que somente um deles, que era samaritano, é que voltou para agradecer a
graça recebida (Lc 17.11-19).
Grupo da Transjordânia ou Leste- Havia neste grupo pelo menos duas estradas: uma que partia
do vau do Jordão, em frente a Jericó, e se dirigia para o norte pelo lado leste do Jordão até o vau
que fica defronte de Bete-Seã - que era itinerário preferido pelos judeus para evitar a passagem
pela Samária - prosseguindo para nordeste até Damasco; e outra que, originando-se em Elate, no
fundo do Golfo de Ácaba, passando por Petra e o leste do Monte Seir e do Mar Morto, dirigia-se
para Hesbom, deixando para oeste uma ramificação que passava por Jericó e Jerusalém indo até
Jope, e de Hesbom avançando pelos montes de Abarim e Gileade para o norte até Damasco.
Grupo de Damasco- Neste grupo geralmente são contadas somente as estradas que partem da
velha cidade Síria e se dirigem para o Mar Mediterrâneo. Segundo esta classificação, as que
passam pelo território palestínico são apenas duas: a primeira, a que passa pelo sul do lago de
Merom, desce para Cafarnaum, vai até Nazaré e antiga Ptolemaida na costa marítima; e a
segunda, que deixando Damasco passava por Cesaréia de Filipe dirigindo-se para Tiro, cidade
costeira da Fenícia. A primeira era pavimentada ao tempo dos romanos, e para se viajar por ela
cobrava-se pedágio. Alguns acham que o ofício de Mateus, antes de seu chamado para o
discipulado, era ode cobrar o pedágio. Havia outras estradas que cruzavam a Palestina, porém
eram de menor importância. As que aqui mencionamos dão-nos uma idéia geral das vias de
comunicação terrestre que dispunham os antigos na Palestina. Resta ainda fazer referência ligeira
às estradas que partiam de Damasco para o norte até Hamate e Arã, de onde prosseguiam para a
Ásia Menor, Grécia e Roma na direção oeste, e para a Mesopotâmia e Pérsia na direção leste.
Destas últimas serviram-se os patriarcas nas suas peregrinações para Canaã, especialmente
Abraão e Jacó e os hebreus cativos, e daqueles, os missionários das novas do evangelho de Cristo
do primeiro século: Paulo, Silas, Timóteo e Lucas.
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MAPA DA PALESTINA
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UUNNIIDDAADDEE IIIIII
AA GGEEOOGGRRAAFFIIAA HHUUMMAANNAA DDEE IISSRRAAEELL
...............................................................
“O estudo da Geografia Bíblica nos possibilita o entendimento de diversas passagens bíblicas que
certamente sem ela, seria improvável”.
..............................................................
AA FFAAMMÍÍLLIIAA HHEEBBRRAAIICCAA EE SSEEUUSS CCOOSSTTUUMMEESS
Os hebreus consideravam o casamento de origem divina e de importância básica para a vida
individual, social e nacional (Gn 2.18; 1.28). Segundo o ideal divino, o casamento havia de ser
monogâmico (Mt 19.1-8); a poligamia era tolerada no Antigo Testamento, porém no Novo
Testamento inteiramente repudiada. O concubinato era tolerado nos casos de esterilidade da
mulher legítima, mas freqüentemente também fora desta condição, especialmente entre ricos,
nobres e reis (Gn 16.2; 30.3,4,9; I Sm 1.2; 25m 5.13; Jz 8.30; I Rs 11.3). A posição de concubina
sempre era de uma esposa secundária, pois geralmente tratava-se de uma serva (escrava) ou
prisioneira de guerra, e poderia ser despedida em qualquer tempo e sem qualquer direito a
amparo (Dt 21.10-14). Entretanto, a Bíblia não esconde os males da poligamia e da concubinagem.
O casamento misto era proibido em defesa da família, da tribo e da pureza da raça (Dt 7.1-4).
Havia também o casamento por levirato, quando, por morte do marido que não deixava filhos, o
irmão deste deveria casar-se com a cunhada viúva para suscitar descendência ao seu irmão
falecido (Dt 25.5).
Contrato de Casamento -- Este, geralmente, era feito por terceiros - pai do noivo, seu irmão mais
velho, tio, ou algum amigo muito chegado, e só excepcionalmente pela mãe (Gn 21.21; 24.38;
34.8). Em alguns casos o próprio filho fazia a sua escolha, ficando, porém, com terceiros as
negociações (Gn 34.4). Estas consistiam nas consultas quanto ao destino dos bens por força do
enlace que não poderiam enfraquecer a tribo nem expor a moça ao desamparo (Nm 36); e nos
acertos quanto ao dote que o noivo havia de pagar ao pai da moça (uma espécie de dádiva que
compensava a perda da filha); geralmente oscilava entre 30 e 50 ciclos e selava o contrato
matrimonial, mas podia ser efetuado também em forma de trabalho, como no caso de Jacó (Gn
29.15-20, 34.12; Ex 22.17; I Sm 18.25; Gn 24.22-53). O dote da concubina era o preço da compra (no
caso de serva ou escrava). Os casamentos consangüíneos entre os hebreus eram proibidos (Lv
18.1-18), embora fossem comuns entre os caldeus (Gn 20.12), os egípcios, os persas e outras
nações orientais.
Noivado - Este era o primeiro ato do casamento, porém tão importante que somente a morte ou
infidelidade podiam dissolvê-lo. Desde o momento em que o noivo entregava à noiva, ou ao
representante dela, na presença de testemunhas uma moeda com a inscrição “Seja consagrada
“casada” a mim” uma espécie de juramento - o jovem casal era (Rt 4.9-11; Ez 6.8) considerado
casado, embora a sua vida conjugal se efetuasse só depois das núpcias (Mt 1.18) que, segundo o
Talmude, poderiam ocorrer um mês depois para as viúvas e um ano depois para as virgens (no
caso de Jacó durou sete anos). Durante o noivado o homem era isento do serviço militar. Depois
do exílio babilônico, adotou-se o costume de lavrar um compromisso escrito.
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Núpcias - A festa de núpcias durava, geralmente, sete dias (Jz 14.12), prolongando-se,
excepcionalmente, até catorzedias. O noivo, sendo rico, distribuía roupa nupcial aos convidados
(Mt 22.11). Saindo de sua casa, ia à casa dos pais da noiva acompanhado de amigos e vestido de
sua melhor roupa, com grinalda na cabeça (Ct 3.11; Is 61.10), ao som de música e de cânticos.
Quando as núpcias eram realizadas à noite, as pessoas que acompanhavam o cortejo muniam-se
de tochas (lâmpadas). Recebendo a esposa na casa dos pais desta, com rosto velado,
acompanhada das bênçãos paternais, o esposo a conduzia, em cortejo ainda maior, para a casa de
seu pai ou para a sua própria, onde seguia-se o banquete depois do qual os noivos eram
conduzidos à câmara nupcial (Mt 22.1-10; 25.1-13). Nos seis dias subseqüentes, as festas continua-
vam, embora mais resumidas. A lua-de-mel legal era de um ano, durante a qual o marido estava
isento das obrigações militares.
Divórcio - A dissolução dos laços matrimoniais entre os hebreus era permitida como uma
“necessidade calamitosa”, porém não aprovada, e mesmo repudiada já na última parte do Antigo
Testamento (Dt 24.1; Mt 2.13-16). Também Jesus repudiou o divórcio, exceto no caso de adultério
(Mt 19.3-9). O divórcio tinha que ser efetivado por um documento escrito, chamado carta de
divórcio, entregue à mulher pelo marido (Mt 19.7), para lhe dar direito a um novo casamento. Se,
porém, viesse a divorciar-se do seu segundo marido ou mesmo se este viesse a morrer; já não
poderia reconciliar-se com o primeiro, uma vez que se encontrava contaminada pela coabitação
com outro homem (Dt 24.4).
Os Filhos - Estes eram considerados dádivas divinas, especialmente os do sexo masculino. Por
isso a esterilidade era julgada como uma falta de favor de Deus. A herança era dividida somente
entre os filhos do sexo masculino. As filhas recebiam a herança somente na falta de filhos
herdeiros. As filhas solteiras eram sustentadas pelos irmãos até que se casassem. Seu casamento
podia ocorrer somente com alguém de dentro da mesma tribo. A primogenitura era honrada e
respeitada entre todos os povos orientais. O primogênito recebia a porção dobrada dos bens
paternos; com a morte do pai, assumia a direção da família e as funções sacerdotais da mesma (na
época anterior à adoção da lei mosaica). Quanto à educação dos filhos, o pai era obrigado a
ensinar-lhes desde cedo um ofício que lhes garantisse a subsistência.(Nm 27; Dt 21.15-17). Áquila,
Priscila e Paulo sabiam fabricar tendas (At 18.3).
AA VVIIDDAA SSOOCCIIAALL HHEEBBRRAAIICCAA
O Lugar da Mulher na Sociedade -- De um modo geral, os orientais dos tempos antigos
relegavam a mulher à uma condição bastante inferior à do homem. Porém os hebreus
asseguravam à mulher o gozo de vários direitos não encontrados nos costumes de outras nações.
Entre os hebreus ela merecia lugar de honra e distinção (Pv 31.10-31). A mãe era digna das
mesmas honras que se deviam ao pai (Ex 21.12; Pv. 1.8). Perante as autoridades, a mulher tinha o
direito de requerer justiça (Nm 27.1; 1 Rs 3.16-18). Quanto às ocupações, quase que não existia
distinção de sexo. Assim, a mulher moça pastoreava rebanhos (Gn 29.6; Ex 2.16); trabalhava nos
campos (Rt 2.3) e carregava a água das fontes para o abastecimento da casa. Entretanto, as
principais obrigações das mulheres eram os trabalhos domésticos, bem mais complicados e
difíceis que aqueles que as mulheres têm hoje. Elas moíam o grão (Mt 24.41), preparavam as
refeições (Gn 18.6; II Sm 13.8), “fiavam a lã e teciam o pano” (1 Sm 2.19). Na história do povo
hebreu há também uma juíza (Jz 4.4) e pelo menos três profetisas (Ex 15.20; II Rs 22.14).
Saudações -- Estas sempre eram prolongadas no Oriente. Jesus, por exemplo, mandou aos seus
discípulos que a ninguém saudassem pelo caminho justamente para poupar tempo (Lc 10.4). A
posição mais comum era a inclinação do corpo para a frente e com a mão direita posta no lado
esquerdo do peito (Gn 23.7,12). Outra maneira usada, especialmente perante pessoas superiores,
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 26
era a prostração ou inclinação até a terra (Gn 18.2; 42.6). As expressões mais comuns eram: “Paz”,
“Paz seja convosco”, “Paz esteja nesta casa” (I Sm 25.6; Lc 24.36; I Cr 12.18).
Enterros e Manifestação de Luto - Constatada a morte, o corpo do falecido era lavado e
enrolado com faixas ou lençóis impregnados de perfumes. Raramente eram usados esquifes ou
caixões abertos. O embalsamamento não era costumeiro entre os hebreus. Embora José e Jacó
tivessem sido embalsamados, sabemos, porém, que o foram pelos egípcios, que possuíam o
segredo do processo. O enterro era feito no mesmo dia da morte - isto por exigência do clima
quente que favorecia a decomposição rápida e também por força da lei que tornava imundo
quem tocasse em um defunto (Nm 19.11-16) - acompanhado do cortejo fúnebre na seguinte
ordem: as mulheres, as carpideiras (eram as lamentadoras profissionais), o defunto, os parentes e
amigos mais próximos, e o povo. Os túmulos dos pobres eram simples covas no chão cobertas de
terra e marcadas por uma pedra, ao passo que os sepulcros dos mais abastados eram cavados na
rocha, com umas pedras grandes, redondas, à porta, para fechá-los. Os sepulcros eram
geralmente localizados fora da cidade, mas também em certas regiões e épocas ficavam nos pátios
das casas. O costume de caiar os túmulos era praticado para evitar a contaminação cerimonial por
pisar neles. O período de luto era de sete dias, em casos excepcionais era delongado para mais (Dt
34.8). As manifestações de luto eram variadas: o rasgar de roupas, o andar descalço, o lançar do
pó na cabeça, o vestir-se de saco, o arrancar os cabelos e a barba, o lançar-se no chão, o jejuar; o
choro desesperado, o andar com rosto coberto etc. (Gn 37.34; 15.30; Jó 2.12;). Como demonstração
de respeito filial e para a perpetuação da memória dos mortos (II Sm 18.18) costumavam os
hebreus levantar “colunas” (monumentos que consistiam de uma pedra mais ou menos alongada
que se fixava na terra no sentido vertical).
Habitações
Tendas -Este era o tipo mais primitivo de habitação palestínica e de um modo geral de todo o
Oriente. A primeira referência a tendas na Bíblia temos em Gênesis 4.20. Originalmente parece
que eram feitas de pele de cabra; depois evoluíram para tecido de pêlos de cabra de uma
qualidade especial (de pêlo longo, escuro, muito resistente). Os tipos de tendas variavam de
tempos em tempos, desde o mais primitivo - um grande pedaço de tecido retangular levantado
sobre uma vara horizontal, apoiada em alguns esteios verticais, e preso pelos quatro cantos a
estacas ao rés-do-chão até o mais complicado feitio octogonal, com uma ou duas colunas verticais
no centro e divisões internas para dormitórios de homens, mulheres, crianças, casais, servos, sala,
cozinha etc.
Cabanas - Eram ranchos feitos de estacas encimando varas cobertas de ramos ou folhagens, ou
mesmo de tecidos, destinados a permanência mais prolongada no local.
Tabernáculo - O termo que significa simplesmente habitação e que tanto pode ser uma tenda
como uma cabana. Entretanto, na Bíblia esta palavra é aplicada especificamente à tenda que
durante a peregrinação dos israelitas pelo deserto servia para o culto de Deus. Era uma
construção portátil de 30 côvados de comprimento por 10 côvados de largura, ou seja,
aproximadamente 15m por 5m, que foi substituída pelo famoso templo de Salomão construído
em Jerusalém. Aquele templo, segundo as descrições de I Reis 6 e II Crônicas 3, era algo
majestoso. Porém, não sabemos se o seu tipo arquitetônico era egípcio, fenício ou algum outro.
Casas -Pelas escavações arqueológicas, conclui-se que na Palestina as casas eram feitas de pedra,
de tijolos e de madeira (menos Comum), dependendo do que era mais encontrado na região.
Quanto ao tamanho, geralmente eram de um só cômodo e de um só andar. Os cidadãos mais
abastados construíam casas de dois pavimentoscom vários cômodos. Os telhados nas regiões
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mais quentes eram chatos e transformados em terraços, cercados de parapeitos, com acesso por
uma escada exterior. Já nas regiões mais frias eram encontrados telhados em forma de meia-água
ou cumeeira para o deslizamento da neve. Esses telhados ou terraços eram feitos de paus
colocados em sentido cruzado ou paralelo, cobertos, de barro misturado com capim (estuque).
Devido ao clima quente, à noite o terraço era o lugar preferido para o descanso, meditação e
dormida, e durante o dia para secagem de roupa, de cereais etc. Dos telhados dos edifícios
públicos proclamavam-se os decretos e os avisos de natureza coletiva (Lc. 12.3; Mt 10.27). A
divisão interna das casas dependia das posses do dono e do tamanho da mesma. As casas de dois
andares possuíam um pátio interno com poço, tanques e até piscina. Na parte da frente, logo à
entrada, ficava a sala de visitas, ao lado, o quarto dos hóspedes e o dos donos da casa e, mais
adiante, as acomodações dos servos, a cozinha, a despensa etc. No segundo andar; os cômodos
dos filhos ou outros moradores da casa e freqüentemente também dos próprios donos. Esses
cômodos sempre davam a porta para o pátio interno. As portas eram estreitas e baixas e as janelas
poucas e sem vidros. A estalagem (khan - hospedaria) era sempre uma casa maior; de dois
andares, acrescida de acomodação para os animais e servos na parte posterior; com a costumeira
área central ou pátio.
Torres de Vigia - Eram armações de estacas e galhos, como as cabanas, com uma plataforma de
2m a 2,5m de altura para facilitar a vigilância dos pomares e das lavouras (Is 5.2; Mt 12.1). As
torres de caráter permanente eram feitas de pedra com acomodações para a família na parte
inferior; para os meses de calor; e uma plataforma em cima para a guarda.
Palácios - Eram as residências reais, construídas com requintes de luxo, em estilos que variavam
com a época de influência histórica - egípcio, fenício, assírio, grego, romano (os últimos ao tempo
do Novo Testamento).
Mobília
A mobília dos antigos no Oriente era bem reduzida. Nas tendas geralmente nada mais havia
senão tapetes ou esteiras servindo como divã, cadeira, mesa e cama, pois os orientais tinham por
costume sentar-se no chão sobre as pernas cruzadas. Os egípcios e babilônios, segundo parecem,
introduziram mais cedo que os outros povos a cadeira e a mesa, estas de 20 e 25cm de altura.
Outros objetos de um habitante de tendas eram: o martelo para fixar as estacas, duas pedras de
moinho para moer o grão, algumas panelas de barro ou metal para preparar comida, tigelas,
amassadeiras e odres (recipientes de couro de animais para leite e vinho) e sela de camelo. Nas
casas já havia camas e cadeiras (II Rs 4.10), bem como mesas, embora estas sempre baixas. Os
candeeiros eram de barro ou metal em forma de pires, com uma espécie de beiço num certo ponto
da borda para o descanso do pavio, que era de algodão ou lã. O combustível comumente era o
óleo de oliva (azeite) ou de sésamo (gergelim). Com o tempo os candeeiros passaram a ser
cobertos por uma tampa em que havia um orifício para o pavio. Talheres não se usavam
antigamente. Um pedaço de pão ou mesmo a mão eram usados para retirar a comida da tigela.
Porém, havia garfos para uso no preparo do alimento na cozinha.
Alimentação
Pão, leite, mel, legumes, frutas, farinha, azeite e vinho eram a base alimentar. A carne geralmente
aparecia somente em ocasiões festivas. Também o peixe era comum nas proximidades dos lagos e
mares. O pão era feito de farinha de trigo, cevada, centeio ou milho. Também costumava-se
comer o grão dos cereais cru - como vinha do campo - tostado, deixado de molho, cozido em leite
ou em caldo de carne. Manteiga e queijo eram feitos de leite de cabra ou de vaca (mais
raramente). O azeite era a gordura mais usada para temperar a comida. Os legumes mais comuns
eram lentilha, cebola, alho, pepino, repolho e couve-flor. Também eram comuns as amêndoas, o
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 28
cominho, o endro e o coentro. Das frutas fazemos a menção de uva, figo, tâmaras, ameixas,
pêssegos. A carne mais apreciada era a de cabra, assada ou cozida em água ou no leite.
Vestuário
As vestes eram confeccionadas de algodão, seda, linho ou lã.
Peças do Vestuário Masculino
Túnica - Era uma camisola de algodão ou linho, sem mangas, chegando até os joelhos. A túnica
dos ricos e dos sacerdotes tinha mangas compridas e largas.
Manto ou Capa - Era uma peça de fazenda geralmente de lã que se usava por sobre a túnica,
servindo também como cobertor; tapete, sela etc. Era uma peça bastante adornada com franjas e
bordas (Dt 22.12).
O Cinto do Manto - Era feito de couro ou fazenda espesso, bastante comprido para dar várias
voltas na cintura, por dentro do qual também carregavam-se dinheiro e outras miudezas.
O Sapato dos palestinos era a sandália confeccionada de couro ou pano e presa ao pé por cordões
de algodão ou fitas de couro fino. Os ornamentos masculinos mais comuns eram o cajado, o anel-
sinete (que nos tempos mais remotos usava-se pendurado ao pescoço por meio de um cordão,
porém posteriormente no dedo) e as filacténas (tiras de couro com caixinhas, contendo alguns
trechos da lei, presas à testa e ao pulso esquerdo - Ex 13.9; Dt 6.8).
O Turbante - Na cabeça usava-se o turbante, que consistia de uma fita longa enrolando a parte
superior da cabeça, ora em forma esférica, ora em cônica, truncada, dependendo do gosto. Porém
a cobertura mais comum, era um lenço quadrado preso por uma fita ao redor da cabeça, deixando
a parte mais longa para trás a fim de proteger o pescoço. Geralmente a fita era de cor diferente
dado lenço. Parece que os calções eram usados, por algum tempo, somente pelos sacerdotes (Ex
28.42; 39.28).
Peças do Vestuário Feminino- As mulheres usavam as mesmas peças, porém mais longas e mais
ornamentadas, exceto o turbante. As mulheres usavam o véu sobre o rosto quando apareciam em
público. Quanto aos ornamentos e enfeites, apreciavam pendentes no nariz, nos lábios e nas
orelhas; anéis e pulseiras; diademas na cabeça (Is 3.16-24). A pintura em volta dos olhos já era
conhecida nos dias de Jezabel (II Rs 9.30).
DINHEIRO, PESOS E MEDIDAS
O intercâmbio comercial palestino sofreu as constantes influências políticas estrangeiras. O uso
mais remoto de permuta de valores entre os povos orientais era feito pela simples troca de
mercadorias. Depois entrou em uso a troca de um certo peso de metais preciosos - em forma de
pó, pipetas ou barras (cunhas) - pelos objetos ou propriedades imóveis. Assim, Abraão, ao
necessitar de um campo para sepultar a sua esposa Sara, ‘pesou (...) quatrocentos ciclos de prata,
moeda corrente entre os mercadores’ (Gn 23.16). O ciclo, portanto, era um padrão de peso que
variava conforme o metal que se pesava (prata, ouro ou cobre).
Talento
Era outro peso, para metais preciosos, usado para valores maiores (como entre nós hoje usamos
arroba, tonelada etc.). O ciclo cunhado (no valor de um e de meio ciclo) apareceu pela primeira
vez entre os hebreus por volta do ano 143 a.C., nos dias do sacerdócio de Simão Macabeu, quando
exerceu autoridade sobre a Palestina Antíoco VII da Síria. O lançamento das primeiras moedas de
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 29
curso nas transações comerciais deve-se aos gregos entre 700 e 650 a.C., seguindo-se os persas por
volta do ano 500 a.C. A primeira moeda citada na Bíblia é o dárico, uma moeda persa (Ed 2.69)
com que os hebreus já estavam familiarizados. Com a introdução de novas moedas na Palestina -
de tempos em tempos - e face à exigência legal de pagamento de impostos do Templo, de ofertas
e aquisição de animais para o sacrifício, surgiu o ofício de cambista, pois somentea moeda
judaica podia entrar no tesouro sagrado. Como o uso e o valor das moedas variava de tempos em
tempos e de país para país, toma-se muito difícil preparar um quadro exato das moedas orientais,
seus valores nas diversas épocas e o seu valor correspondente nos dias presentes. Entretanto,
damos, a seguir; algumas moedas e valores em curso na Palestina, principalmente nos dias do
Novo Testamento.
DDiinnhheeiirroo
Shekel ou siclo - Era a unidade básica de peso entre os hebreus que servia também como
padrão de valor antes da cunhagem de moedas. Seu valor-peso correspondente em gramas
dependia do metal tomado como padrão. Assim, segundo o historiador Josefo, o shekel ou siclo
de ouro tinha cerca de 16g e o de prata aproximadamente 14g. Já o siclo babilônico era apenas de
8g. O siclo sagrado, ou o siclo de santuário (Ex 30.13), é interpretado de várias maneiras, mas
parece não tratar-se de um siclo diferente do siclo comum - que era o de prata - mas de peso
padrão preservado no Tabernáculo.
Óbolo ou jeira - Era submúltiplo do siclo, ou seja, a sua vigésima parte (Nm 18.16).
Beca - Outro submúltiplo de siclo, era igual a 10 óbolos ou meio siclo (Ex 38.26).
Arratel - 300 gramas.
Mané - Múltiplo de siclo, valendo 50 siclos, ou cerca de 800 gramas, era também chamado mina.
Talento - 3 mil siclos, aproximadamente 50 quilogramas, ou 60 minas.
Moedas Cunhadas
Dárico - A moeda cunhada persa mais antiga, conhecida pelos hebreus no período da
restauração (Ed. 2.69), valendo, segundo John D. Davis, um dólar.
Shekel ou siclo - A primeira moeda judaica cunhada (shekel e meio shekel de prata e a subdi
visão em quartos de cobre, chamados leptos).
Dracma - (moeda grega) e denário (moeda romana) - Ambas valiam um quarto de um shekel ou
siclo. Didracma, meio siclo, era a moeda do tributo.
Estáter - Moeda romana, igual a um siclo ou shekel judaico.
Ceitil - Moeda romana, também chamada sescum, valia uma oitava parte de um as (Mt 10.29).
Dois ceitis equivaliam a um quadrante, e 4 quadrantes a um as ou asse.
Pesos
Segundo Levítico 19.36, os hebreus desde os tempos mais remotos de sua nacionalidade usavam
pesos e medidas para avaliar o dinheiro e outros artigos comerciais. Os pesos referidos na Bíblia
são os seguintes: óbolo ou jeira, shekel ou siclo, beca, arratel, mané ou mina, e talento, cujos
valores já foram apreciados na primeira parte do tópico sobre o dinheiro.
Medidas
Medidas de Comprimento
Cúbito ou côvado - A unidade principal que variava entre 45 e 55cm.
Dedo ou dígito - Correspondendo à largura de um dedo; cerca de 2cm.
Mão - Cerca de quatro dedos.
Palmo -Aproximadamente 23cm.
Vara ou cana de medir- Igual a seis côvados ou cúbitos.
Braça - (medida grega) - Cerca de 2,20m (At 27.28).
Estádio - (medida grega equivalente ao comprimento da pista do estádio de Olímpia, centro de
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 30
competições atléticas) – Igual a 185m.
Milha - (medida romana) - Equivalente a 1.500m.
Caminho de um Sábado - Correspondia a 1.000m aproximadamente, e originou-se do costume
observado no deserto, junto do Sinai, de não se percorrer no sábado distância maior que a do
arraial até o tabernáculo.
Medida de Superfície
Jeira, que, segundo Angus, “é um espaço de terra que uma junta de bois pode lavrar num dia”
Evidentemente a dimensão exata da jeira não é possível de se estabelecer; mas os autores opinam
em tomo de 2.500 m2.
Medidas de Capacidade Para secos:
Efa - Unidade padrão contendo cerca de 36 litros.
Alqueire, seá ou três medidas - A terça parte de uma efa; mais ou menos 12 litros.
Nota: alguns autores dão apenas 8,5 litros.
Gomer ou omer - A décima parte de uma efa (Ex 16.36), cerca de 3,6 litros.
Cabo ou medida - Aproximadamente 1,5 litro.
Homer ou coro - 10 efas ou 360 litros.
Para líquidos:
Bato - A unidade básica, igual à efa: com capacidade de 36 litros (Ez 45.11).
Hin - Uma sexta parte de efa: 6,6 litros.
Logue - Um doze avos de um hin, ou seja, cerca de meio litro.
Almude ou metreta - Igual ao bato: 36 litros.
Léteque - Cinco batos: aproximadamente 180 litros.
Nota: Algumas destas medidas variam de acordo com os autores e investigadores que nem
sempre tiveram ao seu alcance as melhores fontes. Nesta tabela baseamo-nos em Joseph Angus e
John D. Davis, considerados os melhores.
CCAALLEENNDDÁÁRRIIOO EE FFEESSTTAASS DDEE IISSRRAAEELL
O Calendário Judaico
Apresenta as seguintes divisões do tempo e maneiras de contá-lo:
Dia - Este era contado do pôr-do-sol até o pôr-do-sol do dia seguinte (Gn 1.5), embora o termo
também significasse o período da luz nas 24 horas. Quanto à subdivisão do dia, no Antigo
Testamento, nota-se que o sistema de hora era desconhecido. Costumava-se dividir o dia
simplesmente em períodos, com a nomenclatura seguinte:
Manhã - de 6 até 10horas ou pouco mais; Calor do dia - de 10 até 14 ou 15 horas; Fresco do dia -
de 15 às 18 horas.
O período da noite obedecia a uma divisão em três vigílias: Primeira vigília: - de 18 horas até
meia-noite; Segunda vigília: - de meia-noite às 3 horas; Terceira vigília: -de 3 às 6 horas da
manhã.
Já no Novo Testamento temos a seguinte subdivisão do dia: (Terceira hora do dia -9 horas);
(Sexta hora do dia - 12 horas); (Nona hora do dia - 15 horas); (Décima segunda hora do dia - 18
horas).
Ao passo que a noite era dividida em quatro vigílias: Primeira vigília - de 18 às 21 horas;
Segunda vigília – de 2l horas a meia-noite; Terceira vigília - de meia-noite às 3 horas, também
designada pela expressão “o cantar do galo”; Quarta vigília - de 3 às 6horas, também chamada ‘a
manhã”
Semana - Esta era de sete dias chamados pelos ordinais - primeiro dia... etc., ainda que o sexto dia
geralmente fosse denominado o dia da preparação, e o sétimo, pelo seu caráter sagrado, o sábado
(descanso).
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 31
Meses - A observação das fases da lua determinou a divisão do ano em doze meses ou período de
29 e 30 dias alternadamente, em cujos nomes percebe-se a raiz cananéia, bem como a babilônica:
Abib (mais antigo) ou Nisã (pós-exílico) era o nome do primeiro mês correspondente ao fim de
março ou começo de abril, Zife (Zive) ou lar; Sivã, Tamuz, Ab, flui. Etaním ou Tishrí, Bul
(Chesvan ou Marchesvani) Kislev, Tebel, Shebat e Adar. Mas como o ano lunar retrocedia em
números de dias e assim desencontrava das estações agrícolas determinadas pelo ciclo solar; tor-
nou-se necessário intercalar um mês intermediário cada três anos, ou seja, o 13º mês, denominado
Ve-Adar (exatamente sete vezes em cada ciclo de 19 anos), o que levou a se adotar o ano do ciclo
solar.
Anos - No calendário hebreu havia o ano religioso, que começava com a Páscoa no dia do mês de
Abib ou Nisã (março ou abril) e o ano civil, cujo início era assinalado com a Festa das Trombetas
no dia 2 de Tishri ou Etanim (correspondendo ao final de setembro ou começo de outubro).
Havia, também, de sete em sete anos um ano sabático (Ex 23.10,11) para o descanso do solo,
destinação da produção espontânea para os pobres e peregrinos e cancelamento das dívidas, e o
ano do jubileu, ou sela, cada 50 anos, quando todos os escravos hebreus eram libertados e as
terras vendidas restituídas aos primitivos donos ou seus legítimos descendentes. Parece que isto
contribuiu muito para a cultura social do povo, pois foi “O plano de Deus para evitar que a
riqueza da nação fosse acumulada nas mãos de poucos” e que os irmãos de raça ficassem
perpetuamente escravizados uns aos outros.
As Festas de Israel
Os judeus celebravam sete festas religiosas anualmente, sendo que cinco eram da época mosaica e
duas de épocas posteriores. As mais importantes delas - às quais um judeu homem não podia
faltar por exigência da lei - eram três: a da Páscoa, a de Pentecostes e a dos Tabernáculos (Ex23.14-19). Elas objetivavam manter viva no coração do povo a realidade de que tudo que ele
possuía ou tudo que ele era em si vinham de Deus como dádiva. Inclusive a própria fertilidade
da terra e a colheita resultante eram provas da providência de Deus a favor de seu povo. Em
resumo, as lições que as festas pretendiam ensinar eram as seguintes: a) Tudo provém de Deus,
como proprietário que é de todas as coisas; b) A natureza produz pela providência de Deus (uma
espécie de maná); c) Este Deus a quem pertencem todas as coisas e que faz a terra produzir
milagrosamente é o Deus dos hebreus, que os dirige, guia e protege, com o fim de habilitá-los a
desempenhar no mundo uma missão específica e messiânica. Isto também fomentava a unidade
nacional indispensável. De modo que o zelo na celebração das festas expressava a consonância
espiritual do coração do povo com a sua conduta, ao passo que a negligência neste sentido
provava o declínio espiritual do povo e atraía sobre o mesmo pobreza, tristeza e perturbações
sociais e políticas que o faziam sofrer. Entretanto, a celebração simples e formal das festas, sem os
fundamentos espirituais que as deviam motivar, não era aceita por Deus (Am 5.21-27). As festas
eram as seguintes:
Páscoa
Também chamada Festa dos Pães Asmos ou Dias dos Asmos, era celebrada de 14 a 21 do mês de
Abib ou Nisã, o primeiro do ano religioso, como um memorial do livramento dos hebreus do jugo
egípcio, destacando, especialmente, a passagem (este é o significado da palavra “páscoa”) do anjo
que feriu os primogênitos dos egípcios, poupando, porém, os lares em cujos umbrais israelitas
havia o sangue do cordeiro sacrificado na véspera. O cordeiro devia ser assado inteiro e comido
com ervas amargas e com pães asmos (sem fermento). O sangue aspergido nos umbrais
significava a redenção ou expiação; as ervas amargas eram alusivas à amargura do cativeiro; e os
pães asmos eram o símbolo da pureza com que a festa devia ser celebrada. E como o ano
começava na primavera, adicionou-se do segundo dia em diante uma significação relativa à
alegria e gratidão pela colheita dos primeiros frutos da semeadura da cevada (o período das
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 32
colheitas dividia-se em duas partes: da cevada e o do trigo), quando o sacerdote agitava perante o
altar um molho deste cereal (Lv 23.10,11).
Pentecostes
Denominada também Festa das Semanas, Festa da Ceifa ou Festa das Primícias. Celebrava-se 50
dias (ou sete semanas) após a Páscoa, no 3º mês, Sivã, e durava um dia. Comemorava
aproximação do fim da colheita do trigo (e com ele a de todos o cereais) de que era feito o “pão
de cada dia” ou seja, a alimentação comum do povo; A oferta peculiar desta festa era composta
de dois “pães movidos” (Lv 23.17), fermentados - porque representavam as imperfeições do povo
- e era acompanhada de uma outra, composta de dois cordeiros, para expiação de pecados.
Depois do exílio babilônico adicionou-se à festa de Pentecostes também a comemoração da
adoção da lei no Sinai.
Tabernáculos
Festa conhecida também como a da Colheita, Festa do Senhor ou simplesmente “a festa” (Dt
16.13-15), celebrava-se no 7 º mês; Tishri, e durava sete dias (15 a 21). De todas as festas, esta era a
mais alegre porque caía justamente numa época do ano em que todos os corações estavam
repletos de contentamento pelas colheitas guardadas nos celeiros, frutos recolhidos e a vindima
feita, o que falava eloqüentemente do favor de Deus e ao mesmo tempo lembrava a proteção de
Deus durante a peregrinação no deserto quando o povo habitava em tendas ou cabanas, isto é,
tabernáculos (habitações portáteis, improvisadas). Diz A. Edersheim que três eram as coisas prin-
cipais que distinguiam esta festa das demais: “o caráter alegre das celebrações, a habitação em
“tendas” e os sacrifícios e ritos peculiares à semana” A habitação em tendas ou cabanas feitas de
ramos de árvores, durante os sete dias da festa; visava a recordação dos 40 anos de peregrinação
no deserto sob a proteção divina. Mais tarde, na história dos judeus, a celebração desta festa
sofreu algumas modificações de pouca monta.
Trombetas ou Lua Nova
Era observada no 10 e 20 dias de Tishri, 7º mês, porque assinalavam a 7ª lua nova do ano religioso
e o inicio do ano civil. Entretanto, todo dia primeiro de cada mês caía em lua nova e era
assinalado por ofertas e celebrações solenes. A particularidade desta celebração era o toque de
trombetas dos sacerdotes com que se dava o início da festa.
Dia da Expiação
Este era o dia l0 do 7º mês, Tishri. É observado com abstenção dos trabalhos e com jejum. Neste
dia, somente o sumo sacerdote oficiava, e o fazia não com vestes comuns, mas especiais, como
expressão de pureza. Este era o único dia do ano em que o sumo sacerdote entrava no Santo dos
Santos para oferecer expiação por si mesmo, pelos sacerdotes e pelo povo. Era realmente o dia
mais importante de todo o calendário judaico e o mais complexo no que diz respeito aos
sacrifícios, seu preparo, seus detalhes e seu oficiante (Lv 16; 23.26-32; Hb 9 e 10).
Purim
Festa instituída para comemorar o livramento dos judeus que habitavam a Pérsia nos dias da
perseguição planejada por Hamã, que visava o extermínio total da raça judaica nos domínios
persas. O termo purim significa sorte, e deriva-se do fato de Hamã ter lançado sorte para saber o
dia em que seria executado o seu plano macabro (Et 3.7), plano este que tornou-se em maldição
para Hamã (Et 9.25). A festa era celebrada nos dias 14 e 15 do 120 mês, ou seja, o mês de Adar (Et
9.21).
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 33
UUNNIIDDAADDEE IIVV
AA GGEEOOGGRRAAFFIIAA PPOOLLÍÍTTIICCAA DDEE IISSRRAAEELL EE OOSS DDIIAASS AATTUUAAIISS
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“O estudo da Geografia Bíblica nos possibilita o entendimento de diversas passagens bíblicas que
certamente sem ela, seria improvável”.
.............................................................
IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO
A Terra Santa é a região mais visada pelas superpotências. Localizada no centro do globo,
constitui-se no ponto mais estratégico do mundo. Em todas as épocas despertou a gana dos
conquistadores e serviu de palco para as mais sangrentas batalhas. Esse minúsculo país é,
politicamente, um barril de pólvora. Tanto nos tempos bíblicos, como hoje, Israel é o mais
nevrálgico tópico da história. Sua geografia política, por conseguinte, mistura-se com a própria
dor da humanidade. A geografia política da Terra Santa passou por inúmeras alterações. Israel é,
sem dúvida alguma, o país que mais sofreu mudanças em termos de fronteira. Haja visto que,
atualmente, não obstante os seus 40 anos de existência, teve os seus limites diversas vezes
alterados em conseqüência da agressividade dos países árabes. Contudo, mesmo diante da
dificuldades, vislumbramos a mão de Deus sobre esse povo.
Os primeiros habitantes da Terra Santa
Antes de Josué conquistar a Terra Prometida, habitavam-na vários povos cananeus. Enumera-os
Moisés: "Quando o Senhor teu Deus te tiver introduzido na terra, a qual vais a possuir, e tiver
lançado fora muitas gentes de diante de ti: os heteus, e os girgaseus, e os amorreus, e os cananeus,
e os fereseus, e os heveus, e os jebuseus, sete gentes mais numerosas e mais poderosas do que tu"
(Dt 7.1). Essas nações eram de origem camita. Independentes, marcavam-nas exacerbada
belicosidade. Foram vencidas, entretanto, pelos exércitos de Josué. Suas cidades fortificadas não
resistiram ao ímpeto dos israelitas. Os povos cananeus ofendiam a Jeová constantemente com os
seus grosseiros pecados. Foram, por causa disso, desalojados da terra que mana leite e mel. Os
filhos deIsrael foram exortados, com severidades, a não lhes seguir os pérfidos exemplos.
A Origem Dos Hebreus
O nome Hebreu ou Habiru, como diziam os egípcios, vem da raiz ‘a-vár’, que significa “passar,
transitar, atravessar, cruzar” ou filosoficamente, sem pátria. Esse nome denota viajantes, aqueles
que ‘passam adiante’. Isto porque os israelitas por um tempo realmente levaram uma vida
nômade.Os hebreus tiveram uma história de migração, lutas, fugas e cativeiros, mas procuravam e
conseguiram preservar sua cultura. A civilização hebraica, formada por pastores nômades sai da
cidade de Ur dos caldeus na Mesopotâmia. Conduzidos por Abraão. Partiram de Ur e se
estabeleceram na Palestina. No meio do seu território havia o rio Jordão, que fazia da região a área
mais fértil e favorável para a agricultura. Eles chegaram a Palestina por volta de 2.000 a.C., esse
território era conhecido como terra de Canaã. A data do nascimento de Abraão não é possível de
ser determinada com precisão, mas a época geralmente aceita é 2000 a.C. Com 75 anos de idade, o
patriarca deixou a sua cidade natal, Ur dos caldeus, ambiente idólatra e politeísta, e emigrou em
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 34
companhia de seu pai e seu sobrinho Ló para Canaã, detendo-se em Arã, mais tarde conhecida
como Sina, localizada no noroeste da Mesopotâmia. Algum tempo depois, morrendo seu pai Tera,
Abraão deixa Arã, e com sua mulher Sara e seu sobrinho Ló, partem para Canaã ou Palestina, a
sudoeste de Arã, terra que Deus havia prometido ao patriarca e sua descendência por herança
perpétua (Gn 11.31 - 12.1-9).
Não sabemos em que tempo também Naor, irmão de Abraão, fixou-se em Arã, mas tudo faz crer
que foi ali que Abraão mandou buscar esposa para o seu filho Isaque, Filho da Promessa, encon-
trando-a na pessoa de sua sobrinha-neta, Rebeca, ou seja, neta de seu irmão Naor. Mais tarde o
neto de Abraão, Jacó, encontra na mesma parentela e no mesmo lugar as suas duas esposas - Lia e
Raquel, filhas de Labão, irmão de Rebeca. Destas duas uniões e mais duas com as concubinas, Bilá
e Zilpa, que eram servas das suas esposas, nasceram a Jacó doze filhos, cujas famílias deram origem
às doze tribos de Israel. Depois de cerca de cem anos de peregrinação na Terra da Promessa,
Abraão morreu aos 175 anos de idade. Seu filho Isaque, seu neto Jacó e os doze bisnetos com as
respectivas famílias habitaram na mesma terra, porém sem possuí-la, durante mais ou menos 215
anos, quando a tribo de Jacó desceu para o Egito, onde já estava José, filho de Jacó, como primeiro
ministro do Faraó. Nesta altura eram 70 os descendentes de Jacó em sua tribo. A área geográfica
percorrida pelos três patriarcas durante as suas peregrinações na Palestina se fixava entre Siquém,
Betel, Hebrom e Berseba; portanto a parte central e a do sul, próximo ao Egito. Naquela época da
formação pré-tribal dos hebreus, a Palestina estava ocupada por vários povos, uns maiores, outros
menores, sendo que o predominante era o cananeu.
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“A civilização hebraica, formada por pastores nômades sai da cidade de Ur dos caldeus na Mesopotâmia.”
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Durante a permanência dos israelitas (como são chamados os filhos de Israel ou Jacó) no Egito -
que durou 215 anos, segundo a Septuaginta (tradução grega do Antigo Testamento) e 430 anos
segundo Êxodo 12.40. as doze tribos desenvolveram-se num grande povo que ao tempo do Êxodo
deve ter chegado a cerca de três milhões de pessoas, segundo os cálculos dos entendidos. Este
povo, que junto do Sinai foi constituído em nação, entrou em Canaã praticamente com o mesmo
número de almas. A área conquistada por Josué somada àquela que na Transjordânia já fora
conquistada por Moisés, juntas, não representavam mais que uma sexta parte da área prometida
por Deus a Abraão, que era desde o Egito até o rio Eufrates (Gn 15.18). Não foram conquistadas a
Filistia, a Fenícia, a terra de Emate (Síria) nem as partes de Edom e Moabe ao sul e leste do Mar
Morto.
Os Povos Vizinhos da Terra Santa no Tempo da Conquista
Além das sete nações cananéias mencionadas, Israel foi obrigado a conviver com outros povos -
aguerridos, idólatras e belicistas. Essas gentes causaram muitos transtornos à progênie de
Abraão. De quando em quando, violavam as fronteiras israelitas e escravizavam tribos inteiras.
Eis os principais povos que sobreviveram às investidas dos exércitos de Josué: filisteus,
amalequitas, midianitas, moabitas, amonitas, edomitas, fenícios e sírios. Escreve o pastor Enéas
Tognini: "Estas nações e povos, que rodeavam Israel, serviam de termômetro para regular a
temperatura espiritual dos filhos de Jacó: quanto mais perto de Deus andavam, mais poder
tinham e seus territórios eram dilatados; afastavam-se do seu Senhor, Deus os abandonava:
ficavam sem proteção: chegavam os inimigos e subjugavam o povo e conseqüentemente, se
apossavam de seus territórios."
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 35
A Terra Santa no Tempo de Josué e dos Juízes
Moisés morreu aos 120 anos de idade, sem introduzir os israelitas em Canaã. Essa incumbência
seria entregue a um bravo e destemido general, chamado Josué. Destacando-se sempre em todas
as suas missões, era o sucessor natural do grande legislador e guia espiritual dos hebreus. Sob o
seu comando, os exércitos de Israel conquistaram a terra que mana leite e mel. A guerra pela
posse dessas terras durou, aproximadamente, 14 anos: de 1.404 a 1.390 a.C. Durante esse período,
os batalhões cananeus iam caindo um após outro. Nenhuma força militar gentílica era capaz de
suportar o ímpeto dos israelitas.
Terminado o conflito, Josué procedeu à divisão das terras conquistadas. Rubem, Gade e a meia
tribo de Manassés ficaram com a Transjordânia. Os territórios ocidentais foram distribuídos a
estas tribos: Naftali, Aser, Zebulom, Issacar, Manassés Ocidental, Efraim, Benjamim e Dã. Judá e
Simeão são contemplados com os territórios do Sul. Os levitas, segundo determinação do Senhor,
não herdaram quaisquer possessões. Tribo sacerdotal, coube-lhes 48 cidades espalhadas entre os
termos de seus irmãos. Registra a Bíblia o passamento de Josué: "E depois destas coisas sucedeu
que Josué, filho de Num, o servo do Senhor, faleceu, sendo da idade de cento e dez anos. E se-
pultaram-no no termo da sua herdade, em Timnate-Sera, que está no monte de Efraim, para o
norte do Monte de Gaás. Serviu pois Israel ao Senhor todos os dias de Josué, e todos os dias dos
anciãos que ainda viveram muito depois de Josué, e sabiam toda a obra que o Senhor tinha feito a
Israel" (Js 24.29-31). Com o desaparecimento do grande general e de seus auxiliares, os israelitas
esqueceram-se do Senhor e começaram a curvar-se ante as tolas divindades cananéias. Tamanha
decadência espiritual tornou-os vulneráveis. Sem mais contarem com a proteção de Jeová,
sofreram os mais impiedosos ataques dos povos vizinhos.
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 36
O período dos juizes, por conseguinte, é um dos mais tristes da história hebréia. Nos termos de
Israel, reinava grande anarquia. As tribos, por causa de suas diferenças internas, não conseguiam
unir-se para enfrentar o inimigo comum. No entanto, quando acossados por vorazes algozes,
clamavam, e o Senhor os ouvia. Misericordioso, o Todo poderoso suscitava juízes que os
libertavam de seus verdugos. Mas, tão logo morria o libertador eles tornavam a cair na apostasia.
E, novamente, caíam em desgraça. Esse círculo vicioso durou até a monarquia. Na era da
judicatura, que durou em torno de 330 anos, quatro palavras faziam parte do dia-a-dia do povo
eleito: pecado, opressão, arrependimento, e livramento. Israel teve 13 juizes. O último deles foi
Samuel. Nessa época, haviamuita terra a ser conquistada. Os hebreus, todavia, não completaram
a tarefa iniciada por Josué.
O Reino Unido
Samuel é chamado, com muita razão, de fazedor de Reis. Ele representa a transição entre a
judicatura e a monarquia. Por seu intermédio, foram escolhidos os dois primeiros reis de Israel.
Sua influência é tão grande que, mesmo depois de morto, seus ideais continuaram a dirigir a
história israelita. Samuel foi o iniciador do Reino Unido que durou 120 anos - de 1044 a 924 a.C.
Ungido pelo piedoso profeta, Saul unifica as doze tribos e inicia uma guerra de libertação. Seu
objetivo: dilatar as fronteiras de Israel e destruir os temíveis filisteus. No princípio, obtém
sucessos. Contudo, por causa de suas ambições, começa a infringir os mandamentos do Senhor.
Saul é rejeitado. Em seu lugar é ungido Davi, filho de Jessé. O humilde pastorzinho de Judá, após
derrotar o gigante Golias, alcança grande popularidade. Suas façanhas, porém, angariam-lhe o
ódio e o desafeto do rei. Depois de o monarca benjamita ter tombado no campo de batalha, Davi
assenta-se no trono de Israel. Nos primeiros oito anos de seu governo, reina somente sobre Judá.
As outras tribos, no entanto, resolvem submeter-se ao corajoso soberano judaíta. Davi consegue
aumentar suas fronteiras e derrotar os inimigos de seu povo. Em seus 40 anos de reinado, dedica-
se completamente à guerra. No final de sua vida, tenta construir um templo ao Deus de Israel,
mas é desestimulado pelo profeta Natã. Essa incumbência seria entregue ao seu sucessor.
O reino de Salomão foi marcado por uma invejável paz interna e externa. A prosperidade era a
tônica de seu governo. Com a sua proverbial e inigualável sabedoria, transforma Israel na maior
potência do Oriente Médio. As nações vizinhas submetem-se ao cetro davídico. Em conseqüência
de sua política expansionista e faraônica, o filho de Davi empobrece a nação israelita,
principalmente as tribos da região setentrional. Tanto o Templo, como o palácio, exigiam vultosos
impostos do povo, que já estava cansado de tanta opressão. E, o que dizer de seu harém que,
segundo alguns estudiosos, possuía 30 mil mulheres? Isto porque, cada uma de suas 700
mulheres e 300 concubinas podia ter até 30 damas de companhia. O final de Salomão foi triste.
Não obstante sua grande sabedoria e inimitável glória, desaparece entre as brumas de sua
idolatria e formidáveis excessos. Sucede-lhe no trono o seu filho Roboão. Moço folgadão e tolo,
não atende às reivindicações do povo. Desprezando o conselho dos assessores de seu pai, resolve
oprimir ainda mais a combalida e azeda nação hebraica. Em uma demente demonstração de
força, não baixa os impostos nem melhora as condições de vida de seus irmãos.
OO CCIISSMMAA IISSRRAAEELLIITTAA
Aproveitando-se dessa situação caótica, Jeroboão assume a liderança das tribos descontentes. E,
assim, em 923 a.C, o Reino de Israel divide-se. As tribos de Judá e Benjamim permanecem fiéis à
dinastia davídica. Entretanto, as do Norte, encabeçadas por Efraim, formam um novo reino. As
duas facções, a partir de então, ficaram conhecidas, respectivamente, como Israel e Judá. Acerca
do cisma israelita, escreve Antônio Neves de Mesquita: "O império, que Salomão tinha erigido
com tanto gáudio, estava à beira do abismo. Não só o desprezo de Roboão às aspirações do povo
constituía motivo relevante para modificação na política fiscal, mas também as sementes de
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 37
discórdia interna deviam ser contornadas. A união entre as tribos fora mais fictícia que real.
Havia entre o Norte e o Sul profundas desinteligências geradas pela situação favorável que os
sulistas gozavam por sua proximidade com a capital política e religiosa, como também por
motivo puramente geográfico. Os nortistas eram meio internacionalistas, mais frios para a
religião', menos patriotas e pouco afeiçoados aos reis. Em contato direto com os fenícios, os sírios
e outros povos do norte, sentiam menos as influências centralistas. Enquanto ocupava o trono um
homem como Salomão, era natural que a união persistisse; depois seria difícil manter esta união e
solidariedade política. Seria preciso que um grande e hábil político subisse ao poder, para manter
unidos os elementos desintegralizadores. Este homem não era Roboão."
Reino dividido entre as tribos do Norte e as do Sul
Com grande precisão, Mesquita fala, agora, sobre as pretensões dos efraimitas: "A tribo de Efraim
era a tribo líder do Norte, enquanto a de Judá era líder do Sul. Estas rivalidades, tanto tribais
como geográficas, foram sopitadas, enquanto o trono foi ocupado por monarcas da envergadura
de Davi e de Salomão. Depois tudo se definiu e as diferenças apareceram. Às ambições destas
tribos, acrescentem-se as circunstâncias, tanto geográficas como culturais, que determinavam as
diferenças entre o povo, e teremos a explicação do panorama conhecido pelos leitores da Bíblia.
Dentro deste pequeno território encontravam-se quase todas as variedades de clima, flora e
fauna. A população variava na proporção das diferenças climatéricas. A leste do Jordão ficava a
terra dos pastores, onde continuavam a dominar os beduínos. Nos vales, a oeste do mesmo
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 38
Jordão, ficavam os agricultores, enquanto que nas cidades das fronteiras do Oeste, junto às
grandes estradas, havia um princípio de comércio bem desenvolvido. Enquanto isso, em volta do
mar da Galiléia, alinhavam-se as vilas de pescadores. Havia, pois, todos os tipos de civilização,
desde o tipo pastoril nomádico, o agricultural e o comercial, até o de pescadores. A população era
uma mistura de interesses variados, e somente a sua topografia, exposta a todos os perigos, podia
realizar o milagre de sua unidade, constituindo Israel um regime centralizado e militar. Quando
acontecia que uma dinastia se tornava fraca, um homem forte e valente tomava o trono. Daí ter
sido a história de Israel do Norte de sangue e de rebeliões, com assassinatos, em que
aventureiros, saídos tanto do exército como de outras camadas, assaltavam o trono e estabeleciam
precárias dinastias. Com tal heterogeneidade, era de se esperar que uma oportunidade
espreitasse a ruptura dos laços que uniam o Norte ao Sul."
Os cativeiros Assírio e Babilônico
A cisão enfraqueceu ambas as facções, principalmente a nortista. As relações entre os reinos de
Israel e Judá nem sempre foram amistosas. De quando em quando uniam-se para combater um
inimigo comum. Na maioria das vezes, contudo, estavam em guerra. Com o passar do tempo, a
identidade nacional e religiosa entre os israelitas e judaítas torna-se cada vez mais fraca. Seguindo
orientação do idólatra e inescrupuloso Jeroboão, os moradores do Israel setentrional não desciam
a Jerusalém para adorar. Esse ciumento soberano, temendo perder os seus súditos, fechou suas
fronteiras. Para conquistar o respeito e a amizade dos israelitas, construiu-lhes dois bezerros de
ouro. E, a partir de então, ele fica conhecido como "o rei que fez Israel pecar". Depois de Jeroboão,
teve Israel mais dezoito reis. Todos eles trilharam os caminhos da idolatria e da impiedade. Com
o culto a Baal, introduzido por uma meretriz chamada Jezabel, o povo corrompeu-se
completamente. Não podendo suportar tanta apostasia, o Senhor entregou as tribos do Norte aos
inumanos e selvagens assírios. No ano de 722 a.C, as forças de Nínive invadem Israel e levam
cativos os filhos de Jacó. Inicia-se o cativeiro assírio, que deixaria profundas seqüelas na nação
hebraica. Depois da destruição do Reino de Israel, Judá sobreviveu ainda por mais de 135 anos. A
maior parte desse tempo, contudo, pagou pesados tributos à Assíria. Com a ascensão de
Babilônia, começa a ruína do Reino do Sul. Em 605 a.C, tropas babilônicas invademJudá. Tem
início o Cativeiro Babilônico que, segundo Jeremias, duraria 70 anos. O Templo é destruído pelos
exércitos de Nabucodonozor em 587 a.C. Na capital do novo império, os judeus progridem.
Alcançam elevados postos na administração iniciada por Nabopolassar. Daniel, por exemplo, tor-
nou-se o mais influente conselheiro da realeza. Terminado o período de 70 anos, parte dos filhos
de Judá retorna à Terra Santa. Centenas de milhares, todavia, permanecem no exílio. Vagando de
nação em nação, sofrendo injustas perseguições e injustificáveis preconceitos, tornam-se errantes.
Sua diáspora já dura mais de XXV séculos.
A Restauração de Israel
Após os exílios assírio e babilônico, a nação hebraica ficaria distante de Sião por mais de 2.500
anos. Houve, é claro, alguns períodos de independência e glória, principalmente na era macabéia,
mas foram esporádicos e não contaram com a participação da totalidade do povo. O advento do
férreo Império Romano, conforme já dissemos, marca o fim da restauração nacional iniciada por
Esdras, Neemias, Zorobabel e pelos profetas Ageu e Zacarias. Os judeus, ao tentarem sacudir o
jugo romano, são dispersados por todas as nações do mundo, onde sofreram e sofrem
terrivelmente. Qual a razão de seu sofrimento? - Sem dúvida alguma, a rejeição de seu Messias.
Em meio a povos estranhos, os filhos de Israel foram humilhados, e aterrorizados. Seus
sofrimentos, aliás, foram vaticinados por Moisés: "O Senhor levantará contra ti uma nação de
longe, da extremidade da terra, que voa como a águia, nação cuja língua não entenderás. Nação
feroz de rosto, que não atentará para o rosto do velho, nem se apiedará do moço. E comerá o fruto
dos teus animais, e o fruto da tua terra, até que sejas destruído; e não te deixará grão, mosto, nem
azeite, criação das tuas vacas, nem rebanhos das tuas ovelhas, até que tenha consumido; e te
angustiará em todas as tuas portas, até que venham cair os teus altos e fortes muros, em que
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confiavas em toda a tua terra; e te angustiará em toda a tua terra que te tem dado o Senhor teu
Deus; e comerás o fruto do teu ventre, a carne de teus filhos e de tuas filhas, que te der o Senhor
teu Deus, no cerco e no aperto com que os teus inimigos te apertarão.
Quanto ao homem mais mimoso e mui delicado entre ti, o seu olho será maligno contra o seu
irmão, e contra a mulher de seu regaço, e contra os demais de seus filhos que ainda lhe ficarem;
de sorte que não dará a nenhum deles da carne de seus filhos, que ele comer; porquanto nada lhe
ficou de resto no cerco e no aperto com que o teu inimigo te apertará em todas as tuas portas. E
quanto à mulher mais mimosa e delicada entre ti, que de mimo e delicada nunca tentou por a
planta de seu pé sobre a terra, será maligno o seu olho contra o homem de seu regaço, e contra
seu filho e contra sua filha; e isto por causa de suas páreas, que saíram dentre os seus pés, e por
causa de seus filhos que tiver; porque os comerá às escondidas pela falta de tudo, no cerco e no
aperto com que o teu inimigo te apertará nas tuas portas" (Dt 28.49-57).
Prossegue o grande profeta, prevendo os sofrimentos dos judeus em suas diásporas: "E será que,
assim como o Senhor se deleitava em vós, em fazer-vos bem e multiplicar-vos, assim o Senhor se
deleitará em destruir-vos e consumir-vos; e desarraigados sereis da terra da qual tu passas a
possuir. E o Senhor vos espalhará entre todos os povos, desde uma extremidade da terra até a
outra extremidade da terra: e ali servirás a outros deuses que não conheceste, nem tu nem teus
pais: ao pau e à pedra. E nem ainda entre as mesmas gentes descansarás, nem a planta de teu pé
terá repouso: porquanto o Senhor ali te dará coração tremente e desfalecimento dos olhos, e
desmaio da alma. "E a tua vida como suspensa estará diante de ti; e estremeceres de noite e de
dia, e não crerás na tua própria vida. Pela manhã dirás: Ah! quem me dera ver a noite! E à tarde
dirás: Ah! quem me dera ver a manhã! pelo pasmo de teu coração, com que pasmarás, e pelo que
verás com os teus olhos. E o Senhor te fará voltar ao Egito em navios, pelo caminho de que te
tenho dito: Nunca jamais o verás: e ali sereis vendidos por servos e servas aos vossos inimigos;
mas não haverá quem vos compre" (Dt 28.63-68).
Durante a sua peregrinação, Israel sofreu os mais duros revezes. Judeus foram massacrados em
todas as partes do mundo. E, nos anos que precederam ao estabelecimento do moderno Estado
judaico, Hitler ordenou a matança de seis milhões de israelitas. Foi o mais bárbaro crime da His-
tória. Entretanto, no final da Segunda Guerra Mundial, a nação hebraica conscientizou-se de sua
peculiar situação. Somente uma pátria na Palestina, dar-lhe-ia a segurança necessária à sua
sobrevivência. E, após muitas batalhas diplomáticas, o Estado de Israel começa a existir a partir
de 12 de maio de 1948. Cumpria-se, assim, a profecia de Isaias: "Antes que estivesse de parto, deu
à luz; antes que lhe viesse as dores, deu à luz um filho. Quem jamais ouviu tal cousa? quem viu
cousas semelhantes? Poder-se-ia fazer nascer uma terra num só dia? nasceria uma nação de uma
só vez? mas Sião esteve de parto e já deu á luz seus filhos" (Is 66.7,8). Desde a proclamação de sua
independência, Israel tem enfrentado diversos conflitos bélicos: em 1948, a Guerra da
Independência; em 1956, a Guerra de Suez; em 1967, a Guerra dos Seis Dias; em 1973, a Guerra do
Yom Kippur; e, em 1982, a Guerra do Líbano. Em todos esses embates, entretanto, as forças
judaicas têm saído vencedoras, porque o Senhor dos Exércitos está ao seu lado. Cumpre-se à
risca, pois, este vaticínio de Amós: "E os plantarei na sua terra, e não serão mais arrancados da
sua terra que lhes dei, diz o Senhor teu Deus" (Am 9.15). A nação israelense, com o seu
renascimento e progresso, tem um grande significado para nós.
O pastor Abraão de Almeida, um dos maiores especialistas em assuntos judaicos, escreve: "Com
o cumprimento das profecias, Deus nos está mostrando sua fidelidade a Israel, e à Igreja, fide-
lidade que deve induzir todos os povos a temê-lo. Por isso, o salmista registrou: 'Tema toda a
terra ao Senhor, temam-no todos os moradores da Terra, porque falou, e tudo se fez; mandou, e
logo tudo apareceu. O Senhor desfaz o conselho das nações, quebranta os intentos dos povos. O
conselho do Senhor permanece para sempre; os intentos do seu coração de geração em geração.
Bem aventurada é a nação cujo Deus é o Senhor, e o povo que ele escolheu para sua herança.”
Notem que o Senhor desfaz o conselho das nações, quebranta o intento dos povos. Nenhuma das
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muitas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas contra Israel prosperou ou
prosperará, pois o Senhor frustra todas as decisões que contrariem sua Palavra. Também têm sido
quebrantados os maus intentos dos inimigos de Israel, como o Egito de Nasser, a União Soviética,
a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) etc."
Prossegue o pastor Abraão de Almeida: "O retorno final de Israel, a reconstrução das suas cidades
antigas e o reflorestamento do país indicam que estamos vivendo nos últimos tempos. A Bíblia
diz que a Palestina seria assolada até o fim (Dn 9.26), mas que, ao término do cativeiro, os
israelitas reedificariam as cidades assoladas e nelas habitariam, plantariam vinhas, beberiam o
seu vinho e fariam, pomares e lhes comeriam os frutos (Am 9.14)." Portanto, estejamos vigilantes,
porque a volta de Cristo concretiza-se dia após dia. Que a nossa oração seja: "Paz sobre Israel!"
OO qquuee éé PPaalleessttiinnaa??
O nome Palestina é uma Corruptela e foi primeiro usado pelos Romanos para substituir o nome
Judéia após o final da repressão, independência Judaica em 135 C.E ( Era Cristã ). O nome
Palestina foi ressurgido como um termo político quando acomunidade internacional, seguida da
derrota da Turquia na Primeira Guerra Mundial, designou a Inglaterra como procuradora em
1920, e essa decisão foi confirmada mais tarde pela aliança em 1922. A ordem Palestina foi
delineada e constituída em ordem para facilitar o estabelecimento da Palestina como casa
nacional dos Hebreus, e para suas terras serem reconhecidas como casa nacional nessa região”
(proveniente do preâmbulo do mandato inglês para a Palestina). Ao norte da Palestina estava a
ordem Francesa na Síria, para oeste, a ordem inglesa do lraque; e ao sul estavam os Ingleses
ocupando o Egito.
AA DDIIVVIISSÃÃOO DDAA PPAALLEESSTTIINNAA EE AA GGUUEERRRRAA EENNTTRREE ÁÁRRAABBEESS EE JJUUDDEEUUSS
Os conflitos entre árabes e israelenses, como o mundo os vê hoje, começaram com a I Guerra
Mundial (1914-1918). Até 1917, a Palestina possuía 26 mil quilômetros quadrados, uma população
de um milhão de palestinos e 100 mil judeus e ainda se encontrava sob o domínio do Império
Turco. Com a derrota dos turcos no conflito mundial, a Palestina passou para o domínio da
Inglaterra. Esta se comprometeu a favorecer a criação de um "lar nacional" para os judeus na
Palestina e abriu a região à emigração judaica, organizada pelo movimento sionista. Em sessão
plenária da Assembléia Geral das Nações Unidas - então presidida pelo brasileiro Oswaldo
Aranha - em 29 de novembro de 1947, foi aprovada, por 33 votos a favor, 13 contra e 10
abstenções, o plano de divisão da Palestina, proposto pela União Soviética e Estados Unidos. À
época a Palestina já possuía uma população de 1 milhão e 300 mil palestinos e 600 mil judeus.
Pelo projeto da ONU, eles seriam divididos em dois Estados: um judeu (com 57% da área) e um
palestino (com 43% da área). A proposta foi rechaçada pelos países árabes.
No ano seguinte, chegou ao final o acordo que concedia aos britânicos o domínio sobre a
Palestina. Assim que as tropas inglesas se retiraram, foi proclamada a criação do Estado de Israel.
O não reconhecimento do novo Estado pela Liga Árabe (Egito, Síria, Líbano, Jordânia) foi o
estopim da Primeira Guerra Árabe-Israelense (1948-1949). O conflito foi vencido pelos judeus
que estenderam seus domínios por uma área de 20 mil quilômetros quadrados (75% da superfície
da Palestina). O território restante foi ocupado pela Jordânia (anexou a Cisjordânia) e Egito
(ocupou a Faixa de Gaza). A guerra ocasionou a fuga de 900 mil palestinos das áreas
incorporadas por Israel. Esse fato gerou o principal ponto do conflito entre árabes e israelenses: a
Questão Palestina. Em 1956 explodiu a Segunda Guerra Árabe-Israelense, também conhecida
como Guerra do Suez. O motivo foram os choques na fronteira Egito/Israel e a nacionalização do
Canal de Suez pelos egípcios. Israel, apoiada pela França e Inglaterra, atacou o Egito e conquistou
a península do Sinai. A pressão dos Estados Unidos e União Soviética, fez com que os judeus
abandonassem o Sinai e recuassem até a fronteira de 1949. A península foi ocupada por uma força
de paz da ONU - o exército brasileiro tomou parte desta força.
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 41
AAPPÊÊNNDDIICCEE ÀÀ UUNNIIDDAADDEE II
OOSS IIMMPPÉÉRRIIOOSS QQUUEE DDOOMMIINNAARRAAMM OO MMUUNNDDOO BBÍÍBBLLIICCOO-- OOSS IIMMPPÉÉRRIIOOSS HHUUMMAANNOOSS EE AA
SSUUPPRREEMMAACCIIAA DDIIVVIINNAA
Desde a fundação do mundo, os impérios continuam a ascender e a cair. A supremacia divina,
porém, continua indelével. Prova-nos isso estar Deus no supremo comando da História. De
acordo com a sua soberana vontade, vão os filhos dos homens escrevendo suas crônicas. Depois
de exaltar-se e desafiar os céus, confessa Nabucodonozor poderoso rei de Babilônia: "Agora, pois,
eu, Nabucodonozor, louvo, e exalto e glorifico ao rei do céu; porque todas as suas obras são
verdades; e os seus caminhos juízo, e pode humilhar aos que andam na soberba" (Dn 4.37).
Veremos, a seguir, como os grandes impérios da antigüidade e mencionados na Bíblia
ascenderam e caíram. Tanto em sua ascensão, como em sua queda, não nos será difícil vislumbrar
a potente mão de Deus. Rapidamente, portanto, acompanharemos o nascimento, o apogeu e a
queda destes impérios: Egito, Assíria, Babilônia, Pérsia, Grécia e Roma.
Império Egípcio
História do egito
Não podemos datar, com precisão, quando chegaram os primeiros colonizadores aos territórios
egípcios. Quanto mais recuamos no tempo, mais a cronologia torna-se imprecisa. Sabemos,
contudo, que os primeiros habitantes dessa região foram nômades. Após uma vida de árduas e
incômodas peregrinações, eles começaram a organizar-se em pequenos Estados. Essas diminutas
e inexpressivas unidades políticas conhecidas como nomos, foram agrupando-se com o passar
dos séculos, até formarem dois grandes reinos: o Alto Egito, no Sul; e, o Baixo Egito, no Norte.
Ambos estavam localizados, respectivamente, no Vale do Nilo e no Delta do mesmo rio. Entre
ambas as regiões havia um forte contraste. Seus deuses eram diferentes, como diferentes eram,
também, seus dialetos e costumes. Até mesmo a filosofia de vida desses povos eram marcadas
por visíveis antagonismos. Declara o egiptólogo Wilson: "Em todo o curso da história, essas duas
regiões se diferenciaram e tiveram consciência da sua diferenciação. Quer nos tempos antigos,
como nos modernos, as duas regiões falam dialetos muito diferentes e vêem a vida com
perspectivas também diferentes." Sobre essa época, escreve Idel Becker: "Neste período pré-
dinástico, o desenvolvimento da cultura egípcia foi, quase totalmente, autóctone e interno. Houve
apenas, alguns elementos de evidente influência mesopotâmica: o selo cilíndrico, a arquitetura
monumental, certos motivos artísticos e, talvez, a própria idéia da escrita. Há, nessa época,
progressos básicos nas artes, ofícios e ciências. Trabalhou-se a pedra, o cobre e o ouro
(instrumentos, armas, ornamentos, jóias). Havia olarias; vidragem; sistemas de irrigação. Foi-se
formando o Direito, baseado nos usos e costumes tradicionais - leis consuetudinárias."
A unificação do Egito
Em conseqüência de suas muitas diferenças, o Alto e o Baixo Egito travaram violentas e
desgastantes guerras por um longo período. Essas constantes escaramuças enfraqueciam ambos
os reinos, tornando-os vulneráveis a ataques externos. Consciente da inutilidade desses conflitos,
Menés, rei do Alto Egito, conquista o Baixo Egito. Depois de algumas reformas administrativas,
unificou-se o país, estabeleceu a primeira dinastia e tornou Tínis, a capital de seu vasto império.
A unificação do Egito ocorreu, de acordo com cálculos aproximados, entre 3.000 a 2.780 a.C.
Nesta mesma época, os egípcios começaram a fazer uso da escrita e de um calendário de 365 dias.
Unificados, o Alto e Baixo Egito transformaram-se no mais florescente e poderoso império da
antigüidade. Os reis iniciaram a construção das grandes pirâmides, que lhes serviu de tumba. Por
causa desses arroubos arquitetônicos, receberam o apelido de "casa grande" - faraó. Então, a
cultura egípcia alcançou proporções consideráveis. No final do Antigo Império, que abrange o
período de 2.780 a 2.400 a.C, o poder dos faraós começou a declinar. O fim dessa era de glórias é
marcado por revoltas e desordens, ocasionadas pelos governadores dos nomos. Uma febre de
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 42
independência alastra-se por todo o pais. Cresce, cada vez mais, o poder da nobreza; a influência
da realeza decai continuamente. Aproveitando-se desse caos generalizado, diversas tribos
negróides e asiáticas invadem o país. Graças, entretanto, a intervenção dos faraós tebanos, o Egito
consegue reorganizar-se, pelo menos até a agressão hicsa.
A invasão dos Hicsos
Não obstante a segurança trazida pelos príncipes de Tebas (11 dinastia) e pelas conquistas
político-sociais do povo, o Egito começa asofrer incursões de um bando aguerrido de pastores
asiáticos. Nem mesmo o prestígio internacional dos faraós seria suficiente para tornar defensáveis
as fronteiras egípcias. Esses invasores, que dominariam o Egito por 200 anos, aproximadamente,
são conhecidos como hicsos. Eles iniciam sua dominação em 1.785 e são expulsos por volta de
1580 a.C. Idel Becker, com muito critério, fala-nos acerca desse conturbado período: "Esta é a
época mais confusa e discutida da história do antigo Egito: um período de invasões e de caos
interno. Os hicsos, conglomerado de povos semitas e arianos, invadiram o Egito (através do istmo
que o ligava à península do Sinai), venceram os exércitos de faraó e dominaram grande parte do
país. Possuíam cavalos e carros de guerra (com rodas); e armas de bronze (ou talvez, mesmo, de
ferro), mais bem acabadas e mais fáceis de manejar do que as dos egípcios. Tudo isso explica a
sua superioridade bélica e os seus triunfos militares. Os hicsos talvez estivessem fugindo da
pressão dos invasores indo-europeus (hititas, cassitas e mitanianos), sobre o Crescente Fértil."
Com os hicsos, acrescenta Becker, devem ter entrado no Egito os hebreus.
Novo Império
Com a expulsão dos hicsos, renasce o Império Egípcio com grande pujança. Com Ames I, os
faraós tornaram-se imperialistas e belicosos. Tutmés III, por exemplo, conquistou a Síria e
obrigou os fenícios, cananitas e assírios a pagarem-lhe tributo. A expansão egípcia, entretanto,
esbarrou nos interesses dos poderosos hititas, senhores absolutos da Ásia Menor. Na ocasião, o
célebre faraó, Ramsés II fez ingentes esforços para vencê-los. Como não conseguiu o seu intento,
assinou com o reino hitita um tratado de paz, que vigorou por muitos anos. Foi durante o Novo
Império (1580-1200 a.C), que os israelitas começaram a ser escravizados pelos faraós.
Decadência
Após o Novo Império, o Egito começou a sofrer sucessivas intervenções: líbia, etíope, indo-
européia, assíria, persa, grega e romana. Em linhas gerais, essa nação, cujo passado foi tão
glorioso, pertenceu ao Império Romano, durante 400 anos; ao Império Bizantino, durante 300
anos. No Século VII d.C, fica sob a tutela dos muçulmanos. A partir de 1400, torna-se possessão
turca. No Século XIX, fica sob a custódia franco-inglesa. No início deste Século, torna-se
protetorado inglês.
Em 1922, todavia, conquista sua independência. Hoje, porém, não passa de um apagado reflexo
de sua primeira glória.
A grandeza do Egito
Os egípcios deixaram um marco de indelével grandeza na História. Desde as pirâmides às
conquistas científicas e tecnológicas, foram magistrais. Haja vista, por exemplo, os arquitetos
modernos que continuam a contemplar, com grande admiração, os monumentos piramidais
construídos pelos faraós. Desta forma Halley descreve a Grande Pirâmide de Queops: "O mais
grandioso monumento dos séculos. Ocupava 526,5 acres, 253 metros quadrados (hoje 137), 159 m
de altura (hoje 148). Calcula-se que se empregaram nela 2.300.000 pedras de 1 metro de espessura
média, e peso médio de 2,5 toneladas. Construída de camadas sucessivas de blocos de pedra
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 43
calcária toscamente lavrada, a camada exterior alisada, de blocos de granito delicadamente escul-
pidos e ajustados. Estes blocos exteriores foram removidos e empregados no Cairo. No meio do
lado norte há uma passagem, 1 m de largura por 130 de altura, que leva a uma câmara cavada em
rocha sólida, 33 m abaixo do nível do solo, e exatamente 180m abaixo do vértice; há duas outras
câmaras entre esta e o vértice, com pinturas e esculturas descritivas das proezas do rei". Os
antigos egípcios destacaram-se, ainda, na matemática e na astronomia.
Há mais de quatro mil anos, quando a Europa revolvia-se em sua primitividade, os sábios dos
faraós já lidavam com fórmulas para calcular as áreas do triângulo e do círculo e, também, do
volume das esferas e dos cilindros. Souto Maior fala-nos, com mais detalhes, acerca do avanço
científico dos antigos egípcios: "Apesar de não conhecerem o zero, já resolviam nessa época
equações algébricas. Os seus conhecimentos astronômicos permitiram-lhes a organização de um
calendário baseado nos movimentos do Sol. A divisão do ano em doze meses de trinta dias é de
origem egípcia; os romanos adotaram-na e ainda hoje é conservada com pequenas modificações.
A medicina egípcia também era surpreendentemente adiantada. Chegaram a fazer pequenas
operações e a tratar com habilidade as fraturas ósseas. Pressentiram a importância do coração e,
na observação das propriedades terapêuticas de certas drogas, adquiriram alguns conhecimentos
de farmaco-dinâmica".
Assíria
A história Assíria
Durante muitos séculos, Nínive manteve-se inexpressiva no cenário assírio. Em 2.350 a.C,
contudo, Sargão transformou-a na capital dos filhos de Assur. A partir de então, a cidade tornou-
se participante das glórias e derrotas da Assíria. Nínive é a própria história do Império Assírio.
No Século XII a.C, os assírios começam a demonstrar suas intenções hegemônicas. Sob a poderosa
influência do rei Tiglete-Pileser, encetam várias campanhas militares, visando à expansão de seu
território. Nessa época, subjugaram facilmente os sidônios. Os assírios, entretanto, não possuíam
guarnições suficientes para manter suas conquistas. Enquanto marchavam em direção ao
Ocidente, os vassalos orientais rebelavam-se. A Assíria, em conseqüência desses insucessos mili-
tares, sofre clamorosas perdas territoriais. O enfraquecimento do império assírio favoreceu a con-
solidação do reino davídico. Duzentos anos mais tarde, a Assíria fez novas tentativas para
dominar o mundo. Salmaneser II, primeiro soberano assírio a ser mencionado nas crônicas
hebraicas, derrotou, na batalha de “arcar”, na Síria, uma coligação militar formada por sírios,
fenícios e israelitas. Passados doze anos, ele volta a enfrentar a aliança palestínica. E, à
semelhança da primeira vez, vence-a. Rumores do Oriente, entretanto, fazem-no voltar à Assíria.
Frustrado, abandona suas conquistas. No Século VIII a.C, a Assíria começa a estabelecer-se, de
fato, no Ocidente. Tiglete-Peliser II estende as fronteiras de seu império até Israel. Mostrando
quão ilimitada era a sua autoridade, obriga o rei israelita, Manaén, a pagar-lhe tributos. Mais
tarde, ajuda Acaz, rei de Judá, a livrar-se das investidas do reino de Israel. Oportunista, toma dez
cidades israelitas e translada sua população à Assíria. Como se isso não bastasse, desaloja as
tribos de Rubem, Gade e Manassés das possessões que elas receberam de Josué, sucessor de
Moisés. A Assíria teve o seu apogeu entre 705 a 626 a.C. Período que abrange os reinados de
Senaqueribe, Esar-Hadom e Assurbanipal. Esse clímax de prosperidade e brilho é demasiado
efêmero. Aliás, o poder humano, por mais invencível que se mostre, não passa de vaidade, de
tolas vaidades. O império assírio desmorona-se! Em 616 a.C, Nabopolassar, governador de
Babilônia, subleva-se e declara a independência dos territórios sob sua jurisdição. Decidido a
arrasar com o já minado poderio assírio, alia-se ao rei medo Ciaxares. Este, em 614 a.C, conquista
e destrói totalmente Nínive, para onde Jonas fora enviado a proclamar os juízos do Eterno contra
os reticentes filhos de Assur. Com a queda de Nínive, desaparece a glória da Assíria.
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 44
Babilônia
História de Babilônia
Babilônia é uma cidade antiquíssima. A data de sua fundação é incerta. No entanto, sua conexão
com Acad e Calnesh (Gn 10.10), leva-nos a supor tenha sido ela estabelecida por volta de 3.000
a.C! A história da mais importante metrópole do Fértil Crescente não passa de uma longa série de
sangrentas lutas. Ambiciosos soberanos encetaram as mais renhidas guerras para expandirem
Babilônia e preservarem seu território. Babilôniafoi sitiada vezes sem conta. É difícil calcular,
também, quantas vezes seus muros e templos foram arrasados. Ávidos inimigos despojavam-na,
com freqüência, de seus fabulosos tesouros. Seus orgulhosos habitantes sofreram os mais
inumanos ataques. Essa opulentíssima cidade, todavia, levantava-se com mais brilho e pujança
até tornar-se, no tempo de Nabucodonozor, em uma das maravilhas do mundo. Durante séculos,
Babilônia permaneceu sob a tutela assíria. O governador da Caldéia, Nabopolassar, levanta-se,
porém, contra a hegemonia de Nínive. Auxiliado pelos medos, sacode de si o jugo assírio. Em 622
a.C, ele é proclamado rei, em Babilônia. Tem início, dessa forma, uma nova dinastia na
Mesopotâmia. O intrépido monarca combate, sem tréguas, o exército assírio. Com a tomada de
Nínive, consolida, definitivamente, a sua soberania nessa região. O novo império, entretanto,
teria de se defrontar com a ambição egípcia. Neco, rei do Egito, aproveitando-se dos insucessos
da Assíria, enceta uma grande campanha contra o poder emergente de Babilônia. Chega a
apoderar-se, inclusive, da metade do Fértil Crescente. Seu triunfo, porém, não é duradouro.
Nabucodonozor dirige-se contra o faraó e o vence em Carquemis, no ano 606 a.C. (Quando
celebrava a vitória, o príncipe herdeiro de Babilônia recebe a triste notícia da morte de seu pai.
Regressa, então, imediatamente à capital do novel império onde, no ano seguinte, é coroado rei.
Empreendedor, dá início a gigantescas construções que fariam de seu reino, em tempo recorde,
uma das maiores maravilhas do mundo.
A grandeza de Babilônia
A primeira tarefa de Nabucodonozor foi reconstruir Babilônia, destruída por Senaqueribe, em
virtude de suas muitas rebeliões. Para conseguir o seu intento, o monarca caldeu desfechou
diversas campanhas, objetivando levar para a cidade milhares de cativos para reconstruí-la.
Entre outras coisas, construiu um muro em redor de Babilônia. Dizem os entendidos que se
tratava, realmente, de uma formidável muralha. Visava Nabucodonozor tornar inexpugnável a
capital de seu império. Humanamente falando, nenhuma potência estrangeira poderia tomá-la.
Tão largos eram esses muros, que duas carruagens poderiam trafegar sobre eles tranqüilamente.
O maior mérito desse empafioso soberano, entretanto, foi reedificar Babilônia. Historiadores
antigos, como Heródoto, maravilharam-se ante a imponência e a grandiosidade dessa cidade.
Para alguns mais exaltados, só os deuses seriam capazes de erguer tal monumento, à soberba
humana, é claro. Babilônia estava edificada sobre ambas as margens do rio Eufrates. Protegia-a
uma dupla muralha.
De acordo com os cálculos fornecidos por Heródoto, esses muros, com 56 milhas de
circunferência, encerravam um espaço de 200 milhas quadradas. Buckland, em seu Dicionário
Bíblico Universal, dá-nos mais alguns detalhes acerca das grandezas babilônicas: "Nove décimas
partes dessas 200 milhas quadradas estavam ocupadas com jardins, parques e campos, ao passo
que o povo vivia em casas de dois, três e quatro andares. Duzentas e cinqüenta torres estavam
edificadas por intervalos nos muros, que em cem lugares estavam abertos e defendidos com
portões de cobre. Outros muros havia ao longo das margens do Eufrates e juntos aos seus cais.
Navios de transporte atravessavam o rio entre as portas de um e de outro lado, e havia uma
ponte levadiça de 30 pés de largura, ligando as duas partes da cidade. O grande palácio de
Nabucodonozor estava situado numa das extremidades desta ponte, do lado oriental. Outro pa-
lácio, a admiração da humanidade, que tinha sido começado por Nabopolassar, e concluído por
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Nabucodonozor, ficava na parte ocidental e protegia o grande reservatório. Dentro dos muros
deste palácio elevavam-se, a uma altura de 75 pés, os célebres jardins suspensos, que se achavam
edificados na forma de um quadrado, com 400 pés de cada lado, estando levantados sobre arcos."
Ao construir Babilônia, símbolo de sua opulência, Nabucodonozor não se esqueceu de
reverenciar os falsos deuses. O Templo de Bel é um exemplo desse exagero idolátrico. Esse
monumento, com quatro faces, constituía-se em uma pirâmide de oito plataformas, sendo a mais
baixa de 400 pés de cada lado. Quem nos descreve essa irreverência da engenhosidade humana é
o já citado Buckland: "Sobre o altar estava posta uma imagem de Bel, toda de ouro, e com 40 pés
de altura, sendo também do mesmo precioso metal uma grande mesa e muitos outros objetos
colossais que pertenciam àquele lugar sagrado. As esquinas deste templo, como todos os outros
templos caldaicos, correspondiam aos quatro pontos cardeais da esfera. Os materiais,
empregados na grandiosa construção, constavam de tijolos feitos do limo, extraído do fosso, que
cercava toda a cidade." A grandiosidade de Babilônia levou Nabucodonozor a esquecer-se de sua
condição humana e a julgar-se o próprio Deus. Em conseqüência disso, ele foi punido pelo Todo-
poderoso. Só reconheceu a sua exigüidade, depois de passar sete anos com as bestas feras.
Babilônia e o povo de Judá
Deus, sem dúvida alguma, permitiu a ascensão de Babilônia para punir a impenitência das
nações do Médio Oriente. Nem mesmo Judá escaparia da ação judicial do Eterno. A tribo do rei
Davi, que se convertera no Reino do Sul, em virtude do cisma israelita ocorrido em 931 a.C,
perverteu a aliança mosaica. A maioria dos soberanos judeus adorou e permitiu a adoração de
falsos deuses, induzindo o povo à apostasia. Não obstante a candente advertência dos santos pro-
fetas, os judeus continuaram reticentes. O Senhor Deus, por isso, resolveu puni-los. Quem seria o
instrumento de sua justiça? Respondem os profetas: Babilônia. Conforme já dissemos, tão logo
Nabopolassar vence os últimos redutos da resistência assíria, volta-se para a Palestina, disposto a
conquistá-la e aumentar o seu império. O que poderia fazer Judá para conter a avalanche
babilônica? Nada; absolutamente nada. Para Jeremias, por exemplo, o fim do Reino de Judá viria
inexoravelmente. O profeta, por isso mesmo, recomendou ao monarca judaíta que se submetesse
ao soberano babilônico.
Nabopolassar, todavia, não pôde dar consecução aos seus planos de expansão territorial, em
virtude de sua morte inesperada. Caberia, por conseguinte, ao seu filho e sucessor natural,
Nabucodonozor assegurar a hegemonia Babilônica no Médio Oriente. Após ser coroado, o jovem
monarca volta a sua atenção à terra de Judá. Depois de vencer as forças judaicas, Nabucodonozor
faz de Jeoaquim seu vassalo. O representante da dinastia davídica obriga-se a enviar a Babilônia,
regularmente, vultosos impostos. Em 603 a.C, porém, o rei de Judá resolve não mais cumprir os
compromissos assumidos com o regime babilônico. Irado, Nabucodonozor dirige-se a Judá e a
sitia. Chega ao fim o Reino do Sul, fundado por Roboão. O monarca babilônico, ainda insatisfeito,
prende o rei Joaquim, juntamente com a nobreza judaica, e o deporta para a Babilônia. Entre os
exilados, encontram-se, Daniel, Sadraque, Mesaque e Abednego. Como despojo, o destemido
conquistador leva consigo os vasos sagrados da Casa do Senhor. No ano seguinte, Zedequias
assume o trono de Judá. Títere, seria obrigado a pagar, fielmente, tributos a Nabucodonozor.
Durante oito anos, o sucessor de Joaquim mantém-se fiel a Babilônia. Em 597, porém, subleva-se,
causando a destruição de Jerusalém e a deportação dos restantes filhos de Judá. Na terra
desolada, ficaram apenas os pobres. O castigo de Jerusalém foi indescritível. Os exércitos de
Nabucodonozor caíram como gafanhotos sobre a cidade do Grande Rei. Destruíram seus
palácios, derribaram seus muros e deitaram por terra o Santo Templo. O lugar mais santo e mais
reverenciado pelos hebreus não mais existia. O mais suntuoso monumento do Médio Oriente não
passava, agora, de um monturo. Os judeus, doravante, andariamerrante, por 70 anos em uma
terra estrangeira e idolatra. O exílio, contudo, seria assaz benéfico à progênie de Abraão, que não
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mais curvar-se-ia ante os falsos deuses.
O fim de Babilônia
O Império Babilônico, fundado por Nabopolassar, não teve uma vida bastante longa. Em menos
de um século, já emitia sinais de fraqueza e degenerescência. Enquanto isso, a coligação medo-
persa fortalecia-se continuamente e se preparava para conquistar a dourada prostitura do Fértil
Crescente - Babilônia. Em 538 a.C, quando Belsazar participava, juntamente com seus altos
oficiais e suas prostitutas, de uma desenfreada orgia, os exércitos medo-persas tomaram
Babilônia, transformando-a em uma possessão ariana. Naquela mesma noite, a propósito, o Todo-
poderoso revelara, por intermédio de Daniel, quão funesto seria o fim do domínio babilônico.
Dario, um dos mais destemidos e proeminentes generais de Ciro II, tomou Babilônia e matou o
libertino Belsazar. Tinha início, assim, o Império Medo-persa.
O Império Medo – Persa
História do Império Persa
O capítulo dez de Gênesis é conhecido como a genealogia das nações. Nele, estão registrados os
nomes dos principais patriarcas da raça humana. Não encontramos, porém, nessa importante
porção das Sagradas Escrituras, o cadastro da ancestralidade persa. Julga-se, por isso, ter a Pérsia
começado a formar-se séculos após a dispersão da Torre de Babel. A nação persa é o resultado da
fusão de povos oriundos do Planalto Iraniano: cassitas, elamitas, gutitas e lulubitas. A mais antiga
comunidade persa é a de Sialk. Por muitos séculos, esse povo esteve envolvido em completo
anonimato. Suas alianças políticas variavam de acordo com as tendências da época. Ao
aproximar-se da Média, contudo, começa a descobrir o valor de sua nacionalidade e as suas reais
potencialidades. A Pérsia, durante o Império Babilônico, não passava de um Estado vassalo da
Média. Ambas as nações, porém, mantinham, até certo ponto, uma convivência pacífica, em
virtude de possuírem algumas heranças comuns: eram indu-européias e dedicavam-se à criação
de gado cavalar. Com o passar dos tempos, todavia, os persas aumentam o seu poderio e
começam a desvencilhar-se dos tentáculos medos. Ciro II consegue, em 555 a.C, reunificar as
várias tribos persas. Sentindo-se fortalecido, lança-se sobre a Média. Depois de três anos de
renhidas batalhas, derrota-a. A vitória desse monarca é tão retumbante, que causa espécie em
toda a região. Temerosos, os reinos vizinhos reúnem-se com o objetivo de formar uma aliança
para frustrar as intenções hegemônicas do novo reino. Perspicaz e oportunista, Ciro II move uma
guerra generalizada contra essa coligação, abatendo-a em seu nascedouro. Em uma bem sucedida
série de ataques relâmpagos, derrota a Lídia e a Babilônia. Espantadas com o ímpeto bélico desse
monarca, Esparta e Atenas firmam um acordo de paz com a Pérsia. Dario encarrega-se da
conquista de Babilônia. Na noite de 538 a.C. esse importante general de Ciro II, aproveitando-se
da embriaguez de Belsazar e de seus nobres, conquista a mais bela e suntuosa cidade daquela
época. O príncipe babilônico, conforme previra o profeta Daniel, é deposto e morto. O Todo-
poderoso servira-se dos persas para contar, pesar e dividir o império fundado por Nabopolassar.
Condescendente, Dario resolve poupar a vida do pai de Belsazar. Na fatídica noite da queda de
seu reino, Nabonido encontrava-se em viagem, realizando (quem sabe?) escavações
arqueológicas, pois deliciava-se com o estudo das coisas antigas. Desterrado para a Carcâmia,
seria nomeado, posteriormente, um dos governadores regionais do novo soberano. Inicialmente,
Dario foi designado, por Ciro II, para governar Babilônia. Enquanto isso, consolidava os alicerces
do poderio medo-persa. É bom esclarecermos que a Média, apesar de derrotada pela Pérsia, uniu-
se a esta, imediatamente, para conseguir a hegemonia do mundo de então. Ciro II, conforme já
dissemos, mostrava-se tolerante com os vencidos. Procurava tratá-los com dignidade e con-
sideração. Souto Maior traça o perfil desse controvertido persa: "Ciro foi, é verdade, um
conquistador, porém não teve o aspecto primário dos monarcas guerreiros de sua época. Sua
dominação se fazia opressiva pelas obrigações econômicas exigidas, o que aliás explica as
constantes revoltas. Contudo, seu imperialismo era sem dúvida superior ao primitivismo cruel
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dos conquistadores assírios." Quando de sua morte, em 529 a.C, o Império Persa já abarcava
infindáveis possessões.
O império Persa e os Judeus
Durante a dominação babilônica, os judeus não gozavam de muitas prerrogativas. Com muito
custo e, enfrentando grandes dificuldades, conseguiram manter sua religião e suas tradições
nacionais. Em seus 70 anos de exílio, os filhos de Abraão foram provados, aliás, dura e inumana-
mente. Reconheceram, entretanto, quão amargos frutos colhiam em conseqüência de sua idolatria
e que não existe outro Deus, além do Santo de Israel. Com a ascensão do Império Persa,
descortinam-se-lhes novos e promissores horizontes. O Senhor usa o rei Ciro para autorizar-lhes
o regresso a Sião. No primeiro ano de reinado desse ilustre soberano, os filhos de Judá são li-
berados a retornar à terra de seus antepassados. A frente dos repatriados, ia o governador
Zorobabel que, nos anos subseqüentes, seria o principal baluarte da reconstrução do nosso Estado
Judaico. Não fosse a liberalidade de Ciro, tratado por Deus como "meu servo", os judeus não
teriam condições de se dedicarem a cumprir tão formidável tarefa. Sob a vista dos sucessores do
fundador do Império Persa, os muros e o Templo de Jerusalém foram reconstruídos em tempo re-
corde. O diligente Zorobabel, o destemido Neemias, o erudita Esdras e o judicioso sumo
sacerdote Josué, contaram com o respaldo da monarquia persa, no santo cumprimento de seus
deveres. Ciro mostrou-se tão liberal que, inclusive, devolveu aos líderes judaicos parte dos
tesouros do Templo levados a Babilônia por Nabucodonosor. Atrás da generosidade persa,
contudo, estava a potente mão de Deus! No tempo da rainha Ester, mulher do poderoso Assuero,
vemos, uma vez mais, o Senhor usar o poderio persa em favor de seu povo. Não obstante as
maquinações de Hamã, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó forçou o soberano persa a ver com
simpatia a causa dos exilados judeus. Por intermédio da belíssima prima de Mardoqueu, o Todo-
poderoso intervém em favor da nação judaica e concede-lhe grande livramento. O ministério de
Ester é tão glorioso que, ao interceder, junto ao seu esposo, pela vida de seu povo, estava preser-
vando, indiretamente, a existência do Salvador. Fossem os judeus aniquilados pelo diabólico
Hamã e toda a ancestralidade de Cristo extinguir-se-ia nos limites do Império Persa.
Fim do Império Persa
O Império Persa resplandecia no Oriente. No Ocidente, enquanto isso, a Grécia começa a
desenvolver-se e a tornar mais marcante a sua presença no concerto das nações. Delineava-se,
dessa maneira, o fim do imperialismo persa. Quão exatas mostravam-se as profecias de Daniel!
Segundo ele predissera, a Grécia substituiria a Pérsia no comando político daquela época. E,
caberia a um intrépido macedônio a glória de pôr término à expansão medo-persa.
O Império Grego
História da Grécia
A Grécia antiga estava dividida em cidades-estados. Sem coesão político-administrativa, esses
pequenos e até diminutos países estavam em constantes alterações. Haja vista as repetidas
escaramuças entre Esparta e Atenas. Os gregos eram unidos somente por laços culturais e religio-
sos. Quando o perigo os ameaçava, firmavam, porém, alianças provisórias. O Século V a.C, marca
o auge da Grécia. Nessa longínqua época, Péricles assume o comando político de Atenas e
começa a apoiar, maciçamente, os empreendimentosculturais. Brilhante orador e possuidor de
invulgar gênio administrativo, transforma a capital da Ática na mais importante cidade do
mundo. Em meio a tão viçosa democracia, despontam os filósofos, escultores, pintores,
dramaturgos, poetas, arquitetos, médicos, etc. Essa importantíssima Era da história grega passa a
ser conhecida como o Século de Péricles. Jamais os helenos voltariam a presenciar tanto
desenvolvimento e tamanha glória. No século seguinte, os gregos tornam-se alvo das intenções
hegemônicas de Felipe II da Macedônia.
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Alexandre Magno
Limitando-se ao sul com a Grécia, a Macedônia estava destinada a dominá-la e a encabeçar o
domínio heleno do mundo. Seus habitantes, à semelhança dos gregos, eram de origem indo-
européia. A cultura macedônia, contudo, é considerada bem inferior à grega. Nesse país, cuja área
é ocupada hoje pela Iugoslávia, nasceu Felipe II. Capturado por um bando de gregos, em meados
do Século Quarto a.C, esse irrequieto macedônio é levado a Tebas, onde domina as artes bélicas
da Grécia. Em seu exílio, elabora audaciosos planos: modernizar os exércitos da Macedônia e unir
todos os helenos sob o seu comando. Eis sua grande obsessão: subjugar o Império Persa. De volta
à sua terra, dá largas às suas pretensões hegemônicas. Em pouco tempo, transforma as forças
armadas macedônias em uma eficaz e formidável máquina de guerra. Com ímpeto, domina as
cidades-estados gregas. Entretanto, quando se preparava para atingir o auge de suas realizações
militares, é assassinado. Deu-se o desenlace durante as núpcias de sua filha e às vésperas de in-
vadir a Ásia Menor. Prematuramente tolhido por tão bárbara fatalidade, desaparece sem dar
consecução aos seus ambiciosos planos.
Caberia ao seu filho concretizar-lhe os ideais. "Um dos maiores gênios militares de todos os tem-
pos". Assim é descrito Alexandre Magno. Nascido em 356 a.C, teve uma primorosa educação. Seu
preceptor foi, nada mais nada menos, que Aristóteles. Aos pés do mais exato dos filósofos gregos,
o príncipe macedônio universaliza-se. Com o alargamento de sua visão do mundo, passa a
contemplar a humanidade como uma só família. Como, porém, concretizar esse ideal?
Conquistador inato e guerreiro audaz, declara sua intenção: conquistar a Terra. Não obstante seus
20 anos, reafirma sua autoridade sobre os gregos e, à testa de um exército de 40 mil homens,
marcha em direção aos persas. Com fúria sobre-humana, derrota Dario Codomano, que possuía
uma descomunal guarnição de mais de 800 mil homens. Após destruir o poderio persa,
Alexandre Magno prossegue, conquistando terras e mais terras no Oriente. Ao chegar ao rio
Indu, na Índia, seus homens convencem-no a voltar à terra natal. Cansados e com saudades, eles
almejavam rever a Grécia e voltar ao convívio familiar. Percebendo estar o moral de seu exército
um pouco baixo para novas conquistas, o soberano macedônio resolve regressar. Foi-lhes a volta
sobremodo penosa. Suportaram, por longos meses, alucinante sede e infindáveis caminhadas
sobre desérticas regiões. Muitos tombaram sob o causticante calor do deserto. Alexandre Magno,
ao chegar a Babilônia, é recebido como um ente celestial. Tributam-lhe divinas honrarias. Para os
pobres mortais, não havia ser tão glorioso como o príncipe macedônio.
Os dias vindouros, contudo, revelam a verdade: o filho de Filipe II não passava de um homem de
carne e osso, sujeito aos caprichos da natureza e limitado pelos absolutos desígnios de Deus. Em
323 a.C., morreu repentinamente. Com ele, morreram também os seus sonhos de ecumenizar a
humanidade. Na cidade, palco de tantos acontecimentos importantíssimos para a História, cai o
bravo príncipe macedônio. O império desse jovem monarca não resiste à sua morte. Conforme
profetizara Daniel, as possessões alexandrinas são repartidas entre os mais ilustres militares
gregos. Coube a Lísimaco a Trácia e uma parte da Ásia Menor. A Cassandro, a Macedônia e a
Grécia. A Seleuco, a Síria e o Oriente. E, a Ptolomeu, o Egito. De conformidade com as palavras
do Senhor, o Império Grego foi dividido. Desfazia-se, assim, o sonho pan-helenístico de um
grande visionário. Uma das maiores realizações de Alexandre Magno foi a difusão universal da
cultura grega. Esse magnífico empreendimento cultural facilitaria, mais tarde, a propagação
global do Evangelho. O apóstolo Paulo, por exemplo, em suas viagens missionárias, não
encontrou quaisquer dificuldades em se comunicar com os gentios, em virtude da
internacionalização do koinê - grego vulgar. O historiador Robert Nichols Hasting afirma que os
helenos deram substancial contribuição ao plano salvífico de Deus.
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Os Gregos e os Judeus
De acordo com alguns historiadores, o contato de Alexandre Magno com os judeus foi rápido e
emocionante. O cronista hebreu Flávio Josefo narra-nos este encontro: "Dario, tendo sabido da
vitória obtida por Alexandre sobre seus generais, reuniu todas as forças, para marchar contra ele,
antes que se tornasse Senhor de toda a Ásia; depois de ter passado o Eufrates e o monte Tauro,
que está na Cilícia, resolveu dar-lhe combate. Quando Sanabaleth viu que ele se aproximava de
Jerusalém, disse a Manassés que cumpriria sua promessa logo que Dario tivesse vencido
Alexandre, pois ele, e todos os povos da Ásia estavam convictos de que os macedônios, sendo em
tão pequeno número, não ousariam combater contra o formidável exército dos persas. Mas os
fatos mostraram o contrário. A batalha travou-se: Dario foi vencido com graves perdas; sua mãe,
sua mulher e seus filhos ficaram prisioneiros e ele foi obrigado a fugir para a Pérsia. Alexandre,
depois da vitória, chegou à Síria, tomou Damasco, apoderou-se de Sidom e sitiou Tiro. Durante o
tempo em que ele esteve empenhado nessa empresa, escreveu a Jaddo, Grão-Sacrificador dos
judeus, pedindo-lhe três coisas: auxílio, comércio livre com seu exército e o mesmo auxílio, que
ele dava a Dario, garantindo-lhe que se o fizesse, não teria de que se arrepender, por ter
preferido sua amizade à dele.
O Grão-Sacrificador respondeu-lhe que os judeus tinham prometido a Dario, com juramento,
jamais tomar as armas contra ele e por isso não podiam fazê-lo, enquanto ele vivesse. Alexandre
ficou tão irritado com esta resposta, que mandou dizer-lhes que logo que tivesse tomado Tiro,
marcharia contra ele, com todo o seu exército, para ensinar-lhe, e a todos, a quem é que se devia
guardar um juramento. Atacou Tiro com tanta força, que dela logo se apoderou; depois de ter
regularizado todas as coisas, foi sitiar Gaza onde Bahémes governava em nome do Rei da Pérsia.
"Voltemos, porém, a Sanabaleth. Enquanto Alexandre ainda estava ocupado do cerco de Tiro, ele
julgou que o tempo era próprio para realizar seu intento. Assim, abandonou o partido de Dario e
levou oito mil homens a Alexandre. O grande príncipe recebeu-o muito bem; disse-lhe então ele
que tinha um genro de nome Manassés, irmão do Grão-Sacrificador dos judeus, que vários
daquela nação se tinham juntado a ele pelo afeto que ele lhes tinha e que ele desejava construir
um templo perto de Samaria; que S. Majestade disso poderia tirar grande vantagem, porque as-
sim dividiria as forças dos judeus e impediria que aquela nação pudesse se revoltar por inteiro e
causar-lhe dificuldades, como seus antepassados tinham dado aos reis da Síria. Alexandre
consentiu no seu pedido; mandou que se trabalhasse com incrível diligência na construção do
templo e constituiu Manassés Grão-Sacrificador; Sanabaleth sentiu grande alegria por ter
granjeado tão grande honra aos filhos que ele teria de sua filha. Morreu, depois de ter passado
sete meses junto de Alexandre no cerco de Tiro e dois no de Gaza.
Quando este ilustre conquistador tomou esta última cidade, avançou para Jerusalém eo Grão-
Sacrificador Jaddo, que bem conhecia a sua cólera contra ele, vendo-se com todo o povo em tão
grave perigo, recorreu a Deus, ordenou orações públicas para implorar o seu auxílio e ofereceu-
lhe sacrifícios. Deus apareceu-lhe em sonhos na noite seguinte e disse-lhe para espalhar flores
pela cidade, mandar abrir todas as portas e ir revestido de seus hábitos pontificais, com todos os
sacrificadores, também assim revestidos e todos os demais, vestidos de branco, ao encontro de
Alexandre, sem nada temer do soberano, por que ele os protegeria. "Jaddo comunicou com
grande alegria a todo o povo a revelação que tivera e todos se preparam para esperar a vinda do
rei. Quando se soube que ele já estava perto, o Grão-Sacrificador, acompanhado pelos outros
sacrificadores e por todo o povo, foi ao seu encontro, com essa pompa tão santa e tão diferente da
das outras nações, até o lugar denominado Sapha, que, em grego, significa mirante, porque de lá
se podem ver a cidade de Jerusalém e o templo. Os fenícios e os caldeus, que estavam no exército
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 50
de Alexandre, não duvidaram de que na cólera em que ele se achava contra os judeus ele lhes
permitiria saquear Jerusalém e daria um castigo exemplar ao Grão-Sacrificador. Mas aconteceu
justamente o contrário, pois o soberano apenas viu aquela grande multidão de homens vestidos
de branco, os sacrificadores revestidos com seus paramentos de Unho e o Grão-Sacrificador, com
seu éfode, de cor azul, adornado de ouro, e a tiara sobre a cabeça, com uma lâmina de ouro sobre
a qual estava escrito o nome de Deus, aproximou-se sozinho dele, adorou aquele augusto nome e
saudou o Grão-Sacrificador, ao qual ninguém ainda havia saudado. Então os judeus reuniram-se
em redor de Alexandre e elevaram a voz, para desejar-lhe toda sorte de felicidade e de
prosperidade. Mas os reis da Síria e os outros grandes, que o acompanhavam, ficaram surpresos,
de tal espanto que julgaram que ele tinha perdido o juízo. Parmênio, que gozava de grande
prestígio, perguntou-lhe como ele, que era adorado em todo o mundo, adorava o Grão-
Sacrificador dos judeus. Não é a ele, respondeu Alexandre, ao Grão-Sacrificador, que eu adoro,
mas é a Deus de quem ele é ministro. Pois quando eu ainda estava na Macedônia e imaginava
como poderia conquistar a Ásia, ele me apareceu em sonhos com esses mesmos hábitos e me
exortou a nada temer; disse-me que passasse corajosamente o estreito do Helesponto e garantiu-
me que ele estaria à frente de meu exército e me faria conquistar o império dos persas. Eis por
que, jamais tendo visto antes a ninguém revestido de trajes semelhantes aos com que ele me
apareceu em sonho, não posso duvidar de que foi por ordem de Deus que empreendi esta guerra
e assim vencerei a Dario, destruirei o império dos persas e todas as coisas suceder-me-ão segundo
meus desejos.
"Alexandre, depois de ter assim respondido a Parmênio, abraçou o Grão-Sacrificador e os outros
sacrificadores, caminhou depois no meio deles até Jerusalém, subiu ao templo, ofereceu
sacrifícios a Deus da maneira como o Grão-Sacrificador lhe dissera que devia fazer. O soberano
Pontífice mostrou-lhe em seguida o livro de Daniel no qual estava escrito que um príncipe grego
destruiria o império dos persas e disse-lhe que não duvidava de que era ele de quem a profecia
fazia menção. "Alexandre ficou muito contente; no dia seguinte, mandou reunir o povo e
ordenou-lhe que dissesse que favores desejava receber dele. O Grão-Sacrificador respondeu-lhe
que eles lhe suplicavam permitir-lhes viver segundo suas leis, e as leis de seus antepassados e
isentá-los no sétimo ano, do tributo que lhe pagariam durante os outros. Ele concedeu-lho.
Tendo-lhe, porém, eles pedido que os judeus que moravam na Babilônia e na Média, gozassem
dos mesmos favores, ele o prometeu com grande bondade e disse que se alguém desejasse servir
em seus exércitos ele o permitiria viver segundo sua religião e observar todos os seus costumes.
Vários então alistaram-se." Após a morte de Alexandre Magno, como já dissemos. O Império
Grego foi dividido entre quatro generais: Lísimaco, Cassandro, Ptolomeu e Seleuco. Ambiciosos,
auto-coroaram-se e trataram de solidificar seus reinos. Seus interesses entrechocaram-se muitas
vezes, ocasionando violentas escaramuças. Esses potentados subsistiram até a ascensão do
Império Romano. Deter-nos-emos, entretanto, apenas nas crônicas ptolomaicas e selêucidas, por
causa de seu relacionamento com os filhos de Israel.
Os Ptolomeus
Sob a égide dos Ptolomeus, experimenta o Egito um grande progresso. Em virtude de sua
formidável e ágil frota, torna-se o mais poderoso reino grego. Não obstante as guerras e a política
agressiva da Síria, consegue manter sua supremacia até o Século II a.C. Quando da ascensão da
dinastia ptolomaica, havia, na mais florescente cidade egípcia - Alexandria - uma grande colônia
judaica. Complacentes e liberais, os ptolomeus permitiram aos dispersos de Judá o cultivo de
suas tradições e a adoração de Jeová. Tão magnânimos eram esses soberanos que, inclusive,
incentivavam os judeus a continuar a praticar os ritos mosaicos. Ptolomeu Filadelfo, por exemplo,
encomendou aos eruditos hebreus a tradução do Antigo Testamento em língua grega. Essa
versão, composta em primoroso e escorreito grego, é conhecida como a Septuaginta. Em
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 51
Alexandria, ainda, os dispersos filhos de Abraão foram autorizados a construir um templo para
perpetuar o nome do Santo de Israel. Ventos de destruição e morte, entretanto, acabariam com a
bonança da progressista comunidade judaica egípcia. Tudo aconteceu com a ascensão de
Ptolomeu IV. Esse soberano, conhecido também como Filopator, encetou uma campanha militar
de grande envergadura contra Antíoco, o Grande, com o objetivo de reconquistar a Palestina.
Depois de derrotar os sírios e entrar triunfalmente em Jerusalém, começou a urdir perigoso e
sacrílego plano: entrar no Santo Templo. Descobrindo-lhe o intento, os judeus puseram-se à porta
da Casa do Senhor e, com incontido fervor, começaram a gritar e a protestar contra essa
ignominiosa intenção. Severamente pressionado, Filopator contém-se e não entra no santuário-
maior do povo israelita. Todavia, a partir daquele momento, devota-lhe incontrolável ódio. De
volta ao Egito, começa a perseguir os judeus e, conseqüentemente, a perder o importante
respaldo político da comunidade israelita plantada em solo egípcio. Dessa época em diante, o
reino ptolomaico começa a perder a sua importância. O cenário político do Oriente Médio,
doravante, seria dominado pela Síria.
Os Selêucidas
A Síria experimentou grande progresso sob o reinado dos selêucidas. Com o seu poderoso
exército, fez aguerrida oposição às intenções hegemônicas dos ptolomeus. No período inter-
testamental, influiu, grandemente, na política do Oriente Médio. E, por causa de suas intenções
de helenizar a região, principalmente a Judéia, tornou-se grande opositora da nação de Israel. O
império selêucida recebe o nome de seu primeiro soberano. Após a morte de Alexandre Magno, o
audaz e ambicioso Seleuco estabelece poderoso reino na Síria. Os três primeiros monarcas
selêucidas mantiveram trato amigável com os judeus. Antíoco III, por exemplo, não obstante suas
intenções de anexar a Palestina, é aclamado como libertador pelos filhos de Israel. Seus ímpetos
expansionistas são refreados, todavia, por Roma. Antíoco III é substituído pelo seu filho, Antíoco
Epífanes. Movido por incontrolável ódio, perseguiu violentamente os judeus. Qual o motivo de
sua inexplicável ira? Segundo Flávio Josefo, ele foi levado a agir de forma tão insana ao ver
frustrado o seu plano de helenizar a Judéia. Encarnando o próprio Diabo, esse contumaz e
demente soberano entrou em Jerusalém e profanou o santo Templo. No lugar santíssimo,sacrificou uma porca. Os judeus, entretanto, não se conformam. Sob a liderança dos Macabeus,
rebelaram-se e humilharam o agressor. A revolta macabéia é uma das mais belas páginas da
nação judaica.
Fim do Império Grego
Esfacelado e arruinado por disputas intestinas, chegou ao fim o glorioso Império Grego. Em seu
lugar, levanta-se o terrível e assombroso animal, visto por Daniel séculos antes. O Império
Romano, de acordo com a visão do santo profeta, seria diferente de todos os outros - conquistaria,
esmagaria. Qual desamparada virgem, a nação de Israel sentiria, também, quão férreas e afiadas
são as garras de Roma.
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O Império Romano
História do Império Romano
Enquanto Alexandre Magno conquistava o Oriente e esmagava o até então invencível poderio
persa, um outro império começava a despertar e a incomodar o mundo. Fundada por Rômulo e
Remo, provavelmente, e de início humilde e até desprezível, Roma vai ampliando com vagar seus
raios de influência. No Século III a.C, já é senhora de toda a península itálica.Roma, habitada por
indo-europeus, que, em levas sucessivas, fixaram-se em seu território miscigenando-se aos
etruscos, gregos e gauleses, ela não pára de expandir-se. Durante a Primeira Guerra Púnica (264-
241 a.C.), os romanos venceram os cartagineses e apossaram-se das ilhas sicilianas. Sentindo-se
fortalecidos, eles anexam a Córsega e a Sardenha e derrotam os gauleses no Vale do Pó. Nas duas
últimas guerras púnicas, Roma derrota o brilhante general cartaginês, Aníbal, e põe término a
grandeza incômoda de Cartago. Netta Kemp de Money explica as conseqüências desses
primeiros sucessos romanos: "Estas guerras lançaram as sementes da conquista da bacia oriental,
posto que Filipe V da Macedônia havia ajudado a Aníbal; e Antíoco, o Grande, da Síria, lhe havia
concedido asilo depois de sua derrota. Filipe foi vencido e os esforços de seu filho Perseu, para
vingar a derrota, fracassaram. Diante desta demonstração de poder de Roma, quase todos os
príncipes do Oriente optaram por reconhecer sua supremacia e aliar-se com a potência superior.
Antíoco, o Grande, havia sonhado com a conquista da Grécia, porém, foi vencido pelos romanos
na batalha de Magnésia, e a seu neto, Antíoco Epífanes, que se havia proposto agregar o Egito e
seus domínios, bastou uma repressão de Roma para que desistisse. Houve uma ou outra
escaramuça depois dos meados do século segundo antes de Cristo, porém, desde aquela época,
todo o mundo teve de reconhecer a supremacia da república romana."
O legado do Império Romano
Os gregos legaram-nos a base da sociedade ocidental. Os romanos, sua estrutura. Pragmáticos e
administradores por excelência, deixaram-nos colossal monumento jurídico esculpido em sua
experiência privada e pública. Souto Maior, em sua História Universal, diz-nos como os romanos
fizeram suas leis: "O direito romano foi um dos legados mais importantes deixados por Roma às
civilizações que lhe sucederam. O antigo direito consuetudinário, isto é, baseado no uso e nos
costumes, passou a ser direito escrito com a Lei das 12 Tábuas, que é considerada a mais antiga lei
romana. "O sistema jurídico dos romanos resultou não somente da necessidade de governar os
diferentes povos dos países conquistados mas, também, da natural substituição de antigos
costumes por certos princípios gerais que se foram condensando através dos editos dos pretores.
"Os pretores eram magistrados encarregados da administração da justiça.
No começo de sua gestão, o pretor comumente promulgava um edito, estabelecendo os princípios
que iriam orientar os seus julgamentos: embora geralmente os pretores apenas repetissem o que
já estava estabelecido por seus predecessores, de vez em quando surgiam novas regras,
modificando a estrutura jurídica precedente. "Antes do III século a.C. existia apenas o 'praetor
urbanus', isto é, o juiz da cidade. Depois, estabeleceu-se o cargo de 'praetor peregrinus' que
deveria julgar os casos entre cidadãos romanos e estrangeiros. "Aplicando e interpretando a lei, os
pretores criaram duas espécies de direito: o que se aplicava aos cidadãos romanos, chamado 'jus
civile', e o que dizia respeito a todos os povos de maneira geral, denominado 'jus gentium'. Era o
'jus gentium' que autorizava a existência da escravidão e da propriedade privada, sendo,
portanto, um complemento do 'jus civile.' "No século II a.C, foi elaborado, por Sálvio Juliano, sob
o governo de Adriano, o Edito Perpétuo, que codificava os editos dos pretores e também os dos
imperadores. "Admitiram também os romanos a existência de um 'jus naturale', que não era
propriamente um conjunto de leis e sim a idéia de que, acima do Estado e das instituições, existe
um princípio de justiça válido universalmente, ou, como afirmou Cícero, 'uma razão justa,
consoante à natureza, comum a todos os homens, constante, eterna'. "O 'jus civile' romano
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 53
estabeleceu uma perfeita distinção entre pessoa e pessoas ao mesmo tempo. Os escravos não eram
considerados pessoas e, assim, destituídos de quaisquer direitos." Eis mais alguns importantes
legados romanos: tirocínio administrativo; engenharia diversificada e prática; política exterior
fundada no pragmatismo; disciplina e agilidade nas forças armadas, e, urbanização eficaz.
O Império Romano e os Judeus
Ao tomar Jerusalém, em 63 a.C, o general romano Pompeu depara-se com a nação judaica
bastante enfraquecida, em conseqüência de renhidas disputas internas. Depois de um começo
brilhante e glorioso, a família macabéia passa a fazer escusas manobras para manter-se no poder.
Conhecida, também, como dinastia hasmoneana, acabou por cair nas garras de uma ambiciosa e
pertinaz família iduméia, de onde viria um monstro voraz e impiedoso -Herodes, o Grande.
Pompeu estava no Oriente Médio para conter o expancionismo de Mitrídates, rei do Ponto.
Sonhando construir um grande império, esse monarca intentava conquistar a Ásia Menor e a
Palestina e, assim, minar a posição romana nessa tão estratégica área. Preocupada, Roma envia à
região um bravo e nobre general. Grande estrategista, Pompeu vence o rei Mitrídates, que se
refugia na Armênia. Mesmo vencido, o ambicioso soberano reorganiza-se e tenta tomar a Síria. O
general romano, entretanto, intervém uma vez mais e o derrota definitivamente. O governo de
Roma, satisfeito com o desempenho de seu brilhante militar, designa-o governador das
províncias da Ásia.
Foi nessa qualidade, que Pompeu recebeu Aristóbulo e Alexandre. Disputando ferrenhamente o
trono da Judéia, ambos submetem-se à sua arbitragem. O povo, contudo, não deseja ser
governado por nenhum dos dois. Que decisão tomar? Prático, o general romano desejava colocar
sobre os judeus um rei títere. Entre os contendores, opta pelo mais manobrável e influenciável. A
escolha recai sobre Hircano, cujo caráter era débil. A decisão de Pompeu desagrada,
profundamente, a Aristóbulo, que começa a arquitetar planos de vingança e revolta. Hircano,
respaldado por Roma, assume o poder e introduz, em Jerusalém, o exército romano. Revoltado,
Aristóbulo encerra-se no Santo Templo com 12 mil partidários. Pompeu, ao examinar
detidamente a questão, decide tomar o santuário. A luta é grande. O espetáculo, dantesco.
Aristóbulo consegue fugir. Seus homens, contudo, são aniquilados. Sentindo-se senhor da
situação, Pompeu penetra no lugar mais sagrado do Templo - o santíssimo. Esperava, quem sabe,
deparar-se com segredos etéreos e mistérios celestiais. Contempla, no entanto, um singelo altar,
cuja glória residia no nome do Santo de Israel. Dessa maneira, deixa a Casa do Senhor. Depois
dessa intervenção, a Judéia torna-se província romana. Nessa qualidade, fica sujeita aos mais
absurdos caprichos dos poderosos senhores de Roma.Durante o primeiro triunvirato, Crasso,
para mostrar seus méritos militares, declara guerra aos partos. Mas, como financiar tão arrojada
campanha? Lembra-se dos lendários tesouros do Templo e o saqueia.
Com dez mil talentos de ouro, tenta conseguir seu intento. Embora impetuoso e feroz, não é bem
sucedido: perde a guerra, o dinheiro e a vida. De manobra em manobra, Herodes, o Grande,
consegue dos romanos o governo e o trono da Judéia. Sua carreira política teve início, quando ele
tinha 15 anos. Desde cedo mostrou-se cruel e sanguinário. Não tolerava quaisquer arranhões em
sua autoridade. Sedento de poder, prendia, desterrava e matava. Tão maquiavélico era Herodes
que, fácil e rapidamente, ganhou a confiança dos mandatários romanos. Nas situações mais
adversas, mostrava quão habilidoso político era. Ele não suportava a menor ameaça ao seu trono.
Não hesitou, por exemplo, em assassinar seus filhos Aristóbulo e Alexandre. Carcomido de
ciúmes, executou também sua belíssima esposa Mariana, descendente dos macabeus. Em 37 a.C,
finalmente, o monstruoso Herodes liquidou a brava e heróica dinastia hasmoneana. Enfim, o tro-
no da Judéia era todo seu! Um de seus últimos desatinos foi a matança dos inocentes de Belém.
Sua real intenção era destruir a vida do infante Jesus. Depois de todas essas sandices, o perverso
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idumeu desapareceu entre atrozes dores e com suas entranhas consumidas por vermes. Uma de
suas grandes obras foi a ampliação e embelezamento do Templo. Mesmo assim, os judeus não se
esqueceram de seus bárbaros e selvagens crimes. Das personalidades romanas enviadas à Judéia,
destacaremos, a seguir, apenas duas. Uma, responsável pela morte de Jesus, e a outra, pela
destruição de Jerusalém. Referimo-nos a Pôncio Pilatos e ao General Tito.
O império Romano e os Cristãos
O judaísmo era tolerado no Império Romano, por não possuir caráter proselitista. A religião
judaica limitava-se aos judeus. Raros eram os prosélitos. Os rabinos não tinham espírito
apostólico. Ás autoridades de Roma, por isso mesmo, permitiam o funcionamento de sinagogas e
escolas hebraicas. A situação, contudo, foi substancialmente alterada com a guerra na Judéia em
70 d.C. Em conseqüência de seu espírito missionário, o Cristianismo, desde o seu nascedouro, foi
duramente perseguido. As autoridades romanas viam-no como uma perigosíssima ameaça. E, de
fato, a religião do Nazareno visava e visa a conquista espiritual do mundo. Antes de sua ascen-
são, ordenara Jesus aos seus apóstolos: "Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto
ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito
Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou
convosco todos os dias, até a consumação dos séculos" (Mt 28.18-20). E, nos momentos que
antecederam sua subida aos céus, o Ressuscitado fez esta recomendação aos seus apóstolos: "Mas
recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em
Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da terra" (At 1.8). A partir desse
momento, desse glorioso e memorável momento, tem início uma luta mortal entre o Reino de
Deus (a Igreja) e o principado das trevas (o Império Romano). Os imperadores movem cruentas e
impiedosas perseguições contra os cristãos. Nada, porém, consegue barrar o magistral progresso
da Igreja. O número de servos de Deus aumenta dia após dia. Esse avanço, contudo, custa um
alto preço: o sangue dos santos. Hegesipo, escritor do Século II, narra-nos como o perverso e
anormal Nero tratou os cristãos, acusados, por ele, de terem incendiado Roma: "Alguns foram
vestidos com peles de animais ferozes, e perseguidos pelos cães até serem mortos, outros foram
crucificados; outros envolvidos em panos alcatroados, e depois incendiados ao pôr-do-sol, para
que pudessem servir de luzes para iluminar a cidade durante a noite. Nero cedia os seus próprios
jardins para essas execuções e apresentava, ao mesmo tempo, alguns jogos de circo, presenciando
toda a cena vestido de carreiro, indo umas vezes a pé no meio da multidão, outras vendo o
espetáculo do seu carro". Sob o governo de Nero, que mandou incendiar a capital de seu império
e, covardemente, culpou os cristãos, pereceram, ainda, os apóstolos Pedro e Paulo. Os seguidores
de Cristo foram perseguidos pelo Império Romano por quase 300 anos. A situação só se amainou
com a ascensão de Constantino. Não falaremos mais detalhadamente acerca dos sofrimentos
desses heróicos homens, mulheres e crianças, por absoluta falta de espaço. O sangue desses
santos, entretanto, continua a clamar no tempo e clamará na eternidade.
O Fim do Império Romano
Depois de séculos de sanguinolência e devassidão, permissividade e térrea tirania, chega ao fim o
"inexpugnável" Império Romano. A imoralidade e a inebriante luxaria tiraram do povo romano
sua fibra e coragem. Enquanto isso, os inimigos de Roma fortaleciam-se e preparavam-se para
deitá-la por terra. Em 476 d.C, os bárbaros invadiram Roma. Desapareceu, assim, o mais extenso e
poderoso reino humano! No entanto, segundo profetizou Daniel, esse império ressurgirá com
grande poder. Sua duração, porém, será curta. O Rei dos reis e Senhor dos senhores encarregar-
se-á de destruí-lo
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 55
AAttuuaall mmaappaa ddee IIssrraaeell
O ORIENTE MÉDIO NA ATUALIDADE
ESUTES – Escola de Teologia do Espírito Santo 56
BBIIBBLLIIOOGGRRAAFFIIAA
• RONIS, Osvaldo – Geografia Bíblica, sob o enfoque histórico e étnico – 3ª. Ed. Rio de Janeiro,
JUERP, 1999.
• MESQUITA, Antonio Neves de – Povos e nações do mundo antigo: uma história do Velho
Testamento – 6ª. Ed. Rio de janeiro, JUERP, 1995.
• ANDRADE, Claudionor Corrêa de - Geografia Bíblica. Rio de Janeiro - CPAD, 1987.
• PACKER, James I. A. M., D. PHIL - Merrill G. TENNEY, A.M., Ph. D. -
White,Jr.,WILLIAM Th. M., Ph. D. - O Mundo do Antigo Testamento – Editora Vida 2002.
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