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ANÁLISE DOS ACIDENTES DO TRABALHO OCORRIDOS NOS CANTEIROS DE OBRA DA GRANDE VITÓRIA-ES Anderson Justino Gilson1, Izabela Vieira da Cunha Fardim2, Karisa Cunha Westphal2 [1] Engenheiro Mecânico, Docente na Faculdade Brasileira – Multivix Vitória - ES [2] Acadêmicas de Engenharia Civil na Faculdade Brasileira – Multivix Vitória - ES RESUMO Este artigo apresenta uma análise de acidentes do trabalho na atividade da construção civil da Grande Vitória. Os dados foram obtidos a partir da análise das Comunicações de Acidente de Trabalho (CAT), no período de 2013 a 2016, disponibilizadas pelo Núcleo de Vigilância em Saúde do Trabalhador (NEVISAT/GEVS) da Secretaria de Saúde do Estado do Espírito Santo (SESA). Os dados referentes a pesquisa foram divididos em: tipo do acidente, ocupações, parte do corpo atingida e óbitos. Após a análise, observa-se que o impacto sofrido e queda são os principais tipos de natureza da lesão (causas) dos acidentes, sendo os membros superiores os mais atingidos. Com os resultados obtidos e base nestas causas de acidentes do trabalho foi possível sugerir medidas preventivas para reduzir o número de gravidade dos acidentes na região metropolitana. INTRODUÇÃO A indústria da construção civil se destaca por sua estrutura complexa e por apresentar peculiaridades como curta duração das obras, alta rotatividade de trabalhadores e falta de mão de obra qualificada. Por ser um setor que depende do trabalho físico e braçal, acolhe muitos trabalhadores com menor nível de instrução, que passam a desempenhar atividades desgastantes. O setor se destaca entre uma das áreas que mais emprega trabalhadores no país e se encontra em uma situação de franca expansão, contudo, temos como consequência um alto número de acidentes de trabalho relacionados a esta atividade. Na década de 70, o Brasil acabou se tornando um dos maiores países do mundo em número de acidentes, por consequência de condições de trabalho precárias e a falta da prevenção eficiente. Então, a partir da Lei nº 6.514 de 1977, foram criadas as Normas Regulamentadoras, dando um formato final nas normas de segurança do trabalho, facilitando e unificando as normas de segurança do trabalho no Brasil. Dessa forma, em 08 de junho de 1978, o Ministério do Trabalho e Emprego aprovou a Portaria nº 3.214, dedicada à segurança e saúde do trabalho. A NR-18, foi uma das vinte e oito Normas Regulamentadoras publicadas pela Portaria nº 3.214, dedicadas à segurança e saúde do trabalho. Essa norma é destinada a estabelecer diretrizes de ordem administrativa, planejamento e de organização, que objetiva a realização de medidas de controle e sistemas preventivos no meio ambiente de trabalho da indústria da construção. De acordo com os dados do Ministério Público do Trabalho (MPT), do ano de 2012 até hoje, estima-se um total 3,8 milhões de acidentes de trabalho ocorridos no Brasil, dentre eles o setor da construção civil apresenta cerca 90 mil acidentes de trabalho no período de 2012 a 2016, sendo estes motivados principalmente pela falta no cumprimento das normas de segurança do trabalho, assim como as más condições que os trabalhadores são expostos. As atividades da construção civil são consideradas perigosas, visto que, os trabalhadores são expostos a riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. Além disso, o canteiro de obras é um ambiente de constante transformação, tanto de atividades como de trabalhadores, uma vez que a produção é dividida em etapas e à interação de fatores de risco nesse ambiente são previsíveis. Em virtude disso, este estudo pretende analisar os acidentes, suas causas e frequência de acidentes de trabalho na construção civil, com enfoque nos canteiros de obras na Grande Vitória (Cariacica, Vila Velha, Vitória e Serra). O objetivo desse trabalho é contextualizar essa visão por meio da apresentação dos dados estatísticos de acidentes do trabalho disponíveis em fontes de consulta públicas, os dados são fornecidos pelo Ministério do Trabalho e Emprego ao Núcleo de Vigilância em Saúde do Trabalhador (NEVISAT/GEVS) da Secretaria de Saúde do Estado do Espírito Santo (SESA), porém, ainda não consolidados no Anuário da Previdência Social. EVOLUÇÃO DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL A segurança do trabalho é uma conquista relativamente recente na sociedade brasileira, pois ela só começou a se desenvolver no período entre as duas grandes guerras mundiais (CRUZ, 1996). No Brasil, as leis que começaram a abordar a questão da segurança no trabalho só surgiram no início dos anos quarenta com a publicação da lei nº 1.237, onde ficou estabelecida a legislação trabalhista. Em 1º de maio de 1943, houve a publicação do Decreto lei 5.452 que aprovou a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), a qual refere-se a segurança e medicina no trabalho. Para Alberton (1996) a segurança do trabalho vem sofrendo um processo evolutivo à medida que há uma maior divulgação sobre o tema. Inicialmente a segurança era vista como meramente informativa, porém com o passar dos anos passou a dar um enfoque mais preventivo e corretivo, com intuito de dar proteção à saúde e vida do trabalhador. A construção civil é uma atividade empresarial sujeita a normas regulamentadoras (NR’s) do Ministério do Trabalho, obrigatórias para todas as empresas de qualquer ramo de atividade econômica. O grande salto qualitativo da legislação brasileira em segurança do trabalho ocorreu com a Portaria 3214/1978 com o qual impôs vinte e oito normas regulamentadoras. Ainda que quase todas as normas regulamentadoras sejam aplicáveis ao setor da construção civil, destaca-se entre elas a norma regulamentadora nº 18, que se trata de uma norma especifica para o setor. Em maio de 1995 a norma sofreu modificações, dentre os principais itens que entrou em vigor, destaca-se a obrigatoriedade de elaboração e cumprimento pelas empresas do ramo do Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção (PCMAT), disposto no item 18.3 da NR 18, que objetiva garantir, por ações preventivas, a integridade física e a saúde do trabalhador da construção, funcionários terceirizados, fornecedores, contratantes e visitantes. O PCMAT dita uma série de medidas de segurança a serem adotadas durante o desenvolvimento da obra. ACIDENTES DE TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL O setor da construção civil tem uma elevada importância econômica, manifestando sua relevância no grande número de trabalhadores que exercem as atividades do setor. O setor apresenta uma grande diversidade devido ao tamanho das empresas e do seu nível tecnológico. Há também a presença da terceirização do trabalho, a participação de autônomos e subcontratação de tarefas, acolhendo muitos trabalhadores com um menor nível de instrução. O setor da construção pertence a seção F da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), englobando as seguintes divisões: construção de edifícios em geral e os serviços especializados para construção que fazem parte do processo de construção. Segundo indicadores, a construção civil é a atividade econômica que mais mata trabalhadores no Brasil, considerando apenas os empregados formalmente vinculados ao CNAE que integram a atividade econômica. Os acidentes de trabalho devem ser registrados por meio da emissão da Comunicação de Acidentes do Trabalho (CAT), até 24 horas após sua ocorrência. A empresa é obrigada a informar à Previdência Social todos os acidentes de trabalho ocorridos com seus empregados, em caso de morte, a comunicação deverá ser imediata. A empresa que não informar o acidente de trabalho estará sujeita à aplicação de multa, conforme disposto nos artigos 286 e 336 do Decreto 3.048/99. Se a empresa não fizer o registro da CAT, o próprio trabalhador, o médico ou a autoridade pública poderãoefetivar o registro deste instrumento junto à Previdência Social, o que não exclui a possibilidade da aplicação de multa à empresa. Na Comunicação de Acidentes do Trabalho é indicada a correlação entre a lesão produzida e a atividade econômica na qual o trabalhador desenvolve suas atividades. A tabela 1 apresenta a quantidade de acidentes do trabalho no setor da construção civil, segundo situação de registro, se foi registrada Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) ou não, e o motivo do acidente. Sejam os acidentes típicos, aqueles decorrentes da característica profissional desempenhada pelo acidentado; de trajeto, que são os ocorridos no trajeto entre a residência e o local de trabalho do segurando ou vice-versa e doença do trabalho. A partir da tabela 1 é possível comparar a evolução dos dados entre 2013 a 2015 ao que se refere aos acidentes de trabalho da construção. QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO Atividade Econômica Anos CAT Registradas Sem CAT Registrada Total de Acidentes Típico Trajeto Doença do Trabalho Construção Civil 2013 40.694 7.324 800 13.590 62.408 2014 39.406 7.457 617 12.254 59.734 2015 31.945 5.913 505 2.649 41.012 Tabela 1 - Quantidade de acidentes do trabalho por situação do registro e motivo na construção civil no Brasil (Fonte: Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho – MTPS) Observa-se que, no período de 2013 a 2015 houve uma queda na quantidade de acidentes do trabalho, mas apesar dessa queda, o alto índice de acidentes ainda é preocupante, pois, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), estima-se que 6.000 trabalhadores sofram acidentes no mundo devido a atividades relacionadas com o trabalho. Os acidentes são classificados de acordo com a Legislação Previdenciária Brasileira, em: Incapacidade Permanente: O trabalhador fica incapacitado de exercer a atividade profissional que desempenhava na época do acidente, podendo ser total ou parcial. Assistência Médica: O trabalhador recebe atendimento médico e retorna imediatamente às suas atividades profissionais. Incapacidade Temporária: O trabalhador fica afastado do trabalho por um período, até que esteja apto para retomar sua atividade profissional. Óbito: O trabalhador falece em virtude de um acidente de trabalho. A partir dos dados da tabela 2, pode-se verificar que as quantidades de acidentes de trabalho na construção civil liquidados (pagos) pela Previdência Social no período de 2013 a 2015 no Brasil decresceram 42,08% (22.604), no ano de 2013, para 13.090 acidentes no ano de 2015. Atividade Econômica Anos DISTRIBUIÇÃO DE ACIDENTES DO TRABALHO LIQUIDADOS (PAGOS) PELA PREVIDÊNCIA Classificação dos Acidentes Assistência Médica Incapacidade Temporária Incapacidade Permanente Óbito Total Construção Civil 2013 1.432 20.282 746 144 22.604 2014 1.212 14.330 729 135 16.406 2015 948 11.500 535 107 13.090 Tabela 2 - Quantidade de acidentes do trabalho liquidados por consequência na construção civil, no Brasil (Fonte: Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho – MTPS) Há que ressaltar que, a taxa de mortalidade e de acidentes do trabalho no Brasil tem decrescido em razão da acentuada queda dos níveis de emprego dessa época. Mas, segundo os dados dos últimos Anuários Estatísticos de Acidentes de Trabalho, no período de 2013 a 2015, morreram mais de 380 trabalhadores no setor. Acerca da distribuição de acidentes de trabalho pelas cinco regiões brasileiras, a região Sudeste, localidade mais urbanizada, populosa e industrializada do país, corresponde a mais da metade dos acidentes laborais ocorridos no setor da construção, já que a região detém o maior peso na atividade de construção civil. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais da metade do pessoal ocupado, dos valores das incorporações, obras e serviços de construção estão alocados na região. Enquanto a região Norte, aliada à região Centro-Oeste, representam a minoria no número de acidente. ACIDENTES DE TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL DO ESPÍRITO SANTO A tabela 3 apresenta a quantidade de empregos formais no setor da construção civil no estado do Espírito Santo, no período de 2013 a 2015. TOTAL DE EMPREGOS FORMAIS NO ES Anos 2013 2014 2015 Construção Civil 64.552 56.721 48.464 Tabela 3 – Total de empregos formais no Espírito Santo, de 2013 a 2015 (Fonte: Instituto Jones dos Santos Neves – IJSN) Percebe-se uma redução na quantidade de empregos formais no setor da construção civil, mas o número de acidentes ainda é bastante elevado, como visto na tabela 4. A partir dela é possível verificar a distribuição de acidentes de trabalho liquidados (pagos) pela Previdência, no período de 2013 a 2015. DISTRIBUIÇÃO DOS ACIDENTES DO TRABALHO LIQUIDADOS (PAGOS) PELA PREVIDÊNCIA Região Anos Consequência Assistência Médica Incapacidade Temporária Incapacidade Permanente Óbito Total Espírito Santo 2013 249 1110 34 10 1403 2014 197 988 39 14 1238 2015 140 786 23 7 956 Tabela 4 - Quantidade de acidentes do trabalho liquidados na construção civil, no Espírito Santo (Fonte: Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho – MTPS) A tabela 5 relaciona a quantidade de empregos formais no Estado com a quantidade de acidentes no setor da construção civil. ANO EMPREGOS FORMAIS NO ES TOTAL DE ACIDENTES RELAÇÃO ACIDENTES POR EMPREGOS FORMAIS 2013 64.552 1403 46,01 2014 56.721 1238 45,82 2015 48.464 956 50,69 Tabela 5 – Relação de empregos formais por acidente Pode-se verificar que a redução dos acidentes do trabalho foi impactada pela diminuição dos empregos formais, conforme demonstrado na tabela 5. No período de 2013 a 2014 a razão de acidentes do trabalho foi de aproximadamente 1 acidente a cada 46 empregos formais, já em 2015, esse índice teve um aumento, passando a ser de 1 acidente a cada 50 empregos formais. A crise econômica tem grande influência sobre o número de acidentes, pois indica uma falsa sensação de melhoria nas condições de trabalho da construção civil. ANÁLISE DOS ACIDENTES DE TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL OCORRIDOS NA GRANDE VITÓRIA Devido à grande abrangência do tema, tanto pela elevada gama de enfoques, quanto pela diversidade, a segurança do trabalho na construção civil requer delimitações para fins de pesquisa. A restrição foi geográfica, para que o estudo abordasse os acidentes de trabalho ocorridos nos canteiros de obras nos Municípios de Cariacica, Serra, Vila Velha e Vitória, enfatizando a maioria dos empreendimentos nestes locais. Para os acidentes registrados nas cidades acima mencionadas tem-se as características de acordo com o tipo de acidente, conforme tabela 6 a seguir: ACIDENTES DE TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL NO ES Municípios 2013 2014 2015 2016 Total Típico Trajeto Doença Óbito Típico Trajeto Doença Óbito Típico Trajeto Doença Óbito Típico Trajeto Doença Óbito Cariacica 14 6 - - 14 5 - 1 4 1 - - 2 1 - - 48 Serra 39 15 1 3 36 8 - - 21 11 1 - 25 2 - - 162 Vitória 84 6 1 - 66 15 3 - 54 2 4 - 41 8 - - 284 Vila Velha 120 17 3 - 92 33 2 - 46 5 1 - 27 2 - - 348 Total Geral 842 Tabela 6 - Quantidade de acidentes do trabalho na construção civil na Grande Vitória (Fonte: NEVISAT/GEVS – SESA) Diante do exposto, verifica-se que as cidades de Vila Velha e Vitória, foram as que mais apresentaram acidentes de trabalho no setor da construção civil durante o período de 2013 a 2016, sejam os acidentes típicos, de trajeto ou doença do trabalho. O município de Serra foi o que apresentou o maior número de óbitos durante o período analisado. As ocupações mais envolvidas no processo de produção, são as seguintes: pedreiro, carpinteiro, servente, armador, eletricista, encanador, marceneiro, mestre de obra e pintor. Nográfico 1 é apresentado as ocupações mais propensas a sofrerem algum tipo de acidente, a profissão de pedreiro foi a que mais sofreu acidentes no período de 2013 a 2016, com 42,3% de acidentados, acompanhado pelos carpinteiros e em seguida pelos serventes, sendo eles responsáveis por cerca de 75% do total de acidentados. Gráfico 1 - Quantidade de acidentes do trabalho por ocupação na construção, de 2013 a 2016. (Fonte: NEVISAT/GEVS – SESA) Em relação às principais situações geradoras, o gráfico 2 mostra que o impacto sofrido atinge de forma significativa os trabalhadores, sendo causado em sua maioria por ligas metálicas (tubos, vergalhão, arame, prego, etc.) e os acidentes de trajeto. A segunda maior situação geradora são as quedas, ocasionadas por andaimes e escadas. Já a natureza do acidente aprisionamento em, sobre ou entre ocorre principalmente por plataforma e madeiras. Gráfico 2 - Quantidade de acidentes do trabalho pela situação geradora do acidente. (Fonte: NEVISAT/GEVS – SESA) Em relação às partes do corpo atingidas, na tabela 7, estão representadas as partes com maior frequência de ocorrência do total de acidentados. PARTES DO CORPO ATINGIDAS GRANDE VITÓRIA % TOTAL Membros superiores 390 46,30% Membros inferiores 240 28,32% Crânio 86 10,93% Tronco 76 8,66% Partes múltiplas 33 3,81% Tabela 7 - Partes do corpo atingidas (Fonte: NEVISAT/GEVS – SESA) % Total de ocupações Pedreiro 42,3% Carpinteiro 20,5% Servente 12,1% Armador 7,4% 0,0% 15,0% 30,0% 45,0% % Total Aprisionamento em, sobre ou entre 8,8% Impacto sofrido 33,5% Queda 18,3% Outros 12,7% 0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% Observa-se na tabela 8 os óbitos ocorridos no período de 2013 a 2016, onde os acidentes que resultaram em óbitos se deram por impactos e quedas. ÓBITOS OCORRIDOS DE 2013 A 2016 Situação Geradora Agente Causador Parte do corpo atingida Natureza da lesão Impacto de pessoa contra objeto em movimento Veículo Crânio, partes múltiplas (qualquer combinação das partes acima) Lesões múltiplas, Morte instantânea Queda de pessoa com diferença de nível Edifício ou estrutura Crânio Lesões múltiplas, Hemorragia intracerebral Impacto de pessoa contra objeto em movimento Veículo rodoviário motorizado Crânio, partes múltiplas (qualquer combinação das partes acima) Concussão cerebral Impacto de pessoa contra objeto parado Superfície utilizada para sustentar pessoas Joelho Distensão, torção Tabela 8 - Óbitos ocorridos, de 2013 a 2016 (Fonte: NEVISAT/GEVS – SESA) Nota-se uma predominância entre os acidentes e a parte do corpo atingida, tendo sido o crânio como principal parte do corpo atingida, onde as naturezas das lesões resultaram nos óbitos. MEDIDAS PREVENTIVAS E CORRETIVAS 1 - Uma das medidas para evitar os acidentes é instruir os colaboradores a manter o local de trabalho limpo e organizado. 2 - Uma das melhores maneiras de evitar acidentes é instruir os funcionários a utilização correta dos equipamentos de proteção individual (EPI) e coletiva (EPC) para que eles desenvolvam suas atividades de forma segura. Como analisado, os impactos, aprisionamentos e quedas são as ocorrências de maior frequência de acidentes nos canteiros de obra, tendo como principais agentes causadores as ligas metálicas, madeiras, plataformas e andaimes, causando cortes, fraturas, escoriações, luxações e outros tipos de lesões. Diante disso, a seguir estarão apresentadas algumas sugestões preventivas referentes aos dados analisados. O trabalho em altura expõe o trabalhador aos riscos de queda e de projeção de materiais, exigindo uma atenção especial na adoção de medidas de proteção coletiva e individual, como: instalação de plataforma em todo o perímetro da edificação e o fechamento com tela de proteção em todas as suas faces, evitando assim a projeção de materiais e ferramentas. A tela de proteção deve ser instalada entre as plataformas secundárias até a principal. A instalação deve ser feita em todo o perímetro da obra. Após a conclusão do último pavimento, deve se instalar a tela entre a cobertura e a próxima plataforma secundária, ou principal em caso de não haver a necessidade de plataforma secundária. 3 - A figura 1 mostra como deverá ser disposto cada bandeja e tela protetora em torno da edificação para evitar assim o risco de quedas de materiais, sendo sua remoção feita apenas após a conclusão da vedação de alvenaria na periferia dos pavimentos. Figura 1 - Instalação da plataforma e rede de proteção (Fonte: SESI – Serviço Social da Indústria, 2008) Como visto, as quedas por andaimes ou escadas atingem de forma significativa os trabalhadores, para que isso seja evitado, os andaimes devem ser montados com material antiderrapante e com sustentação segura e resistente, devendo haver a instalação de guarda- corpo e rodapé. 4 - Na figura 2 vemos como os andaimes deverão estar equipados e o equipamento de segurança utilizado. Figura 2 - Andaimes e equipamento de segurança (Fonte: SESI – Serviço Social da Indústria, 2008) 5 - Quanto as ferramentas, máquinas e equipamentos, estas devem ser adequadas para cada atividade, mantê-las em bom estado de conservação e guardá-las de forma adequada para que não obstruam as vias de circulação é primordial, devendo apenas ser operadas por trabalhadores qualificados e treinados. 6 - Os pedreiros estão presentes desde a construção das estruturas até a finalização da obra, sendo essa função que apresenta maior risco de acidentes. Estes são sujeitos a riscos químicos, como poeiras e contato com argamassa; ergonômicos, esforço físico e repetitividade de movimentos; e aos acidentes, como as quedas e aprisionamentos. Como medida de controle, os trabalhadores precisam passar por treinamentos para desempenharem suas atividades e utilizarem corretamente os equipamentos de proteção individual (EPI) e coletiva (EPC). 7 - Os carpinteiros por utilizarem máquinas e ferramentas que apresentam grande risco de acidentes, como a serra circular, precisam ser treinados para manuseá-las e utilizarem os equipamentos de proteção adequados. Eles estão sujeitos a acidentes como: queda de altura, cortes, choque elétrico e partículas nos olhos e face. A figura 3 mostra como a serra circular deve ser alocada no canteiro de obras, com coifa protetora do disco e corretamente fixada na bancada de trabalho. E os equipamentos de segurança adequados para operá-la, como protetor facial e óculos de proteção. Figura 3 - Serra circular e equipamento de segurança (óculos de proteção e protetor facial) (Fonte: SESI – Serviço Social da Indústria, 2008) 8 - Em relação aos serventes, por estarem exercendo atividades auxiliares em todas as fases das obras, auxiliando pedreiros, carpinteiros, armadores e eletricistas, deverão estar treinados e equipados com os equipamentos de segurança que permitam executarem essas atividades sem correrem o risco de acidentes. 9 - Os armadores estão expostos a acidentes como: quedas de altura, quedas de objetos de lajes superiores, fagulhas do corte de ferragens e máquinas e ferramentas sem proteção. Devido a isso, eles devem passar por treinamento para a execução de suas tarefas, usando os EPI´s apenas para a finalidade a que se destinam, mantendo-os guardados e conservados. Como sua atividade requer trabalho em altura, a instalação de proteção para se evitar queda de trabalhadores ou de projeção de materiais deve ser obrigatória, devendo assim, ser instalado guarda-corpos e rodapés nas periferias da edificação ou nos locais com risco de queda, como mostrado na figura 4. Figura 4 – Sistema de construção e instalação do guarda-corpo e rodapé (Fonte: SESI – Serviço Social da Indústria, 2008) CONCLUSÃOConforme analisado nesta pesquisa, o ramo da construção civil é um dos segmentos que fazem parte da economia mundial e que também apresenta elevado índice de acidentes do trabalho por exigir mão de obra quase que exclusiva do trabalhador, o setor é um dos que mais ocorrem acidentes de trabalho e onde o risco de acidentes é maior. Como visto, no Espírito Santo o setor vem experimentando uma queda no número de trabalhadores, mas esta análise não é suficiente para concluirmos que houve uma melhora nas condições de trabalho no setor. Isso porque, os acidentes em um setor econômico dependem da quantidade de trabalhadores no mesmo, ou seja, na Grande Vitória o volume de postos de trabalho apresentou uma queda. Para evitar os acidentes de trabalho, a melhor atitude é investir na prevenção. As empresas devem oferecer equipamentos de proteção individual e coletiva adequados e novos aos trabalhadores. É importante lembrar de que a legislação em vigor obriga as empresas a oferecerem um local de trabalho saudável e seguro para os trabalhadores, bem como fiscalizar o uso dos equipamentos de proteção. Adotar medidas de prevenção de acidentes e agravos à saúde do trabalhador é evitar sofrimento, perda de produtividade e da boa imagem da empresa. Organizar adequadamente os resíduos e manter os canteiros de obras limpo, são ações que além de minimizar os acidentes de trabalho, geram economia de materiais e de horas trabalhadas, aumentando a produtividade e reduzindo os custos das obras. Como sugestões e/ou pesquisas futuras, destaca-se a qualificação dos funcionários em treinamentos adequados às funções, na implantação dos programas de segurança e nas melhores condições de trabalho. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBERTON, A. Uma Metodologia para auxiliar no gerenciamento de riscos e na seleção de alternativas de investimentos de segurança. Florianópolis, 1996. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina, 1996, 179p. BRASIL, Ministério da Fazenda/Secretaria da Previdência, Anuário Estatístico da Previdência Social – AEPS. Brasília (DF): Ministério da Fazenda, 2015. 918 p. Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/wp-content/uploads/2015/08/AEPS-2015-FINAL.pdf>. Acesso em 31 de agosto de 2017. BRASIL, Ministério do Trabalho, Norma Regulamentadora Nº 18 - Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção. Brasília (DF): Ministério do Trabalho. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/NR18/NR18atualizada2015.pdf>. Acesso em 28 de agosto de 2017. Comunicações de Acidentes do Trabalho - CAT, Núcleo de Vigilância em Saúde do Trabalhador (NEVISAT/GEVS), Secretaria de Saúde do Estado do Espírito Santo – SESA. Espírito Santo, 2017. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <https://cnae.ibge.gov.br>. Acesso em 19 de agosto de 2017. IJSN - Instituto Jones dos Santos Neves. Disponível em: <http://www.ijsn.es.gov.br>. Acesso em 23 de setembro de 2017. Observatório Digital de Saúde e Segurança no Trabalho – Smartlab de Trabalho Decente MPT - OIT. 2017. Disponível em: < http://observatoriosst.mpt.mp.br>. Acesso em 04 de setembro de 2017. SEBRAE/ES – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Espírito Santo. Cartilha de Segurança e Saúde do Trabalho na construção civil/ES, NR-18. Disponível em: <http://www.cpn-nr18.com.br/uploads/documentos- gerais/cartilha_sst_na_construo_civil_seconci_e_sebrae.pdf>. Acesso em 23 de outubro de 2017.
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