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01 Cláudia Régia Gomes Tavares C U R S O T É C N I C O E M S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O Introdução à Segurança do Trabalho SEGURANÇA DO TRABALHO I Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd Cp1Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd Cp1 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd Cp2Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd Cp2 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 Objetivos Você verá por aq ui... 1 Segurança do trabalho I A01 ... a origem da segurança do trabalho e seu papel na preservação da saúde e integridade física do trabalhador no seu ambiente de trabalho. Além disso, trataremos também de como as idéias de conscientização sobre a segurança do trabalho e a valorização da vida vêm sendo construídas ao longo da história, como parte integrante do processo de desenvolvimento econômico. Perceber a importância do estudo da Segurança do Trabalho. Compreender os conceitos básicos relativos à disciplina. Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt1Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt1 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 2 Segurança do trabalho I A01 Para começo de conversa... C aro aluno, esta é a primeira aula da disciplina Segurança do Trabalho I. Nesta disciplina, vamos introduzir conceitos básicos relacionados ao curso que você escolheu para se profi ssionalizar. Nesse aspecto, para que você possa começar a entender o que é segurança do trabalho, observe a letra de uma música bastante conhecida que exemplifi ca a consequência da falta de segurança no trabalho. [...] E fl utuou no ar como se fosse um pássaro E se acabou no chão feito um pacote fl ácido Agonizou no meio do passeio público Morreu na contramão atrapalhando o tráfego [...] (Construção – letra e música de Chico Buarque de Holanda). A música do compositor Chico Buarque (1971) narra a vida cotidiana de um trabalhador da construção civil e o episódio em que sofre um acidente. O autor considera sua música como um simples jogo de palavras – “Não passava de experiência formal, jogo de tijolos...” (Status, 197 3 entrevista a Judith Patarra) – mas na época em que foi gravada, retratava a situação de descaso em que viviam nossos trabalhadores da construção civil. Figura 1 – Operário, de Cândido Portinari Fonte: <http://www.educarede.org.br/educa/img_conteudo/2288_operario_portinari.jpg>. Acesso em: 10 jun. 2009 Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt2Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt2 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 3 Segurança do trabalho I A01 A revista on line Evidência, em sua edição 105, escreve: “Arte é... vidência: A arte como forma de retratar o sentimento de um povo em toda a sua essência, com suas cores e traços únicos [...]” Referindo-se ao pintor Cândido Portinari, brasileiro, como aquele que [...] Com o passar dos anos, a obra de Cândido transformou-se: de uma arte revolucionária surgiu uma obra preocupada socialmente com a condição brasileira, com a gente que forma esse país rico e miserável, com a exploração do trabalho operário, com a dor pela falta do pão de cada dia [...], [cuja afi rmação está retratada na obra Operário]. (O ENIGMA..., 2009, extraído da Internet, grifos nossos). O cotidiano do trabalhador Analisando a distribuição das 24 horas de um dia, teremos 8 horas reservadas para o trabalho. As 16 horas restantes são utilizadas no ambiente da sua comunidade, onde 8 horas são para o descanso e as outras 8 horas para outras atividades, tais como lazer, estudo, necessidades básicas, etc. O que podemos encontrar nesses dois tipos de ambientes? O ambiente ocupacional é aquele em que o trabalhador exerce sua atividade laboral. Esse espaço físico é preparado para receber o trabalhador nas mais diversas atividades: fabricação de móveis, construção de edifícios, prestação de serviços, extração de minério, dentre outras. Assim, nesses ambientes, podemos encontrar: ferramentas manuais (alicates, facas etc), máquinas (prensa hidráulica, serra circular etc); ruído intenso; fontes de calor e frio; produtos químicos potencialmente tóxicos – gases, poeiras, névoas, etc. Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt3Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt3 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 Praticando...Praticando... 1 4 Segurança do trabalho I A01 Figura 2 – Ocupação do meio ambiente (Rio Niterói/RJ) Fonte: Cláudia (2008). O ambiente da comunidade é constituído pelo meio ambiente que nos envolve e pelas modifi cações impostas pelo ser humano. Essas mudanças, cujo objetivo é satisfazer o homem, geram, dentre outras, situações de risco à população. Podemos elencar a poluição das águas e do ar, a utilização de agentes químicos potencialmente tóxicos nos cosméticos, aditivos em alimentos – agrotóxicos e afi ns – drogas, agentes de limpeza – produtos químicos, etc. Desse modo, é de responsabilidade do próprio homem e do poder público zelar pela segurança no ambiente da comunidade, procurando viver em harmonia com a natureza, construindo e exigindo edifi cações seguras. No ambiente laboral, essa responsabilidade passa a ser do empregador. Ele prepara o ambiente para receber o trabalhador de forma a preservar sua saúde e segurança no desenvolvimento das atividades. 1. Antes de nos aprofundar nos fundamentos teóricos da disciplina Segurança do Trabalho, faz-se necessário captar o que cada um sabe a respeito desse conceito, então, com os conhecimentos adquiridos na sua experiência de vida, responda: a) Para você, o que é segurança do trabalho? Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt4Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt4 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 5 Segurança do trabalho I A01 b) Cite uma ou duas situações que presenciou ou de que tenha conhecimento, que pôs/puseram em risco a vida de um trabalhador. Afi nal, o que é Segurança do Trabalho? Figura 3 – Trabalho portuário (Porto de Valparaiso/Chile) Fonte: Cláudia (2008). A segurança do trabalho pode ser entendida como os conjuntos de medidas que são adotadas visando a minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade física e a capacidade de trabalho do trabalhador. Como exemplo, podemos citar o trabalho realizado nos portos, onde o trânsito de carga e descarga de materiais exige planejamento nas vias de movimento de carga, seja ele efetuado por meio de cargas suspensas ou transporte viário, no sentido de se evitar os acidentes. Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt5Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt5 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 6 Segurança do trabalho I A01 Medidas preventivas também devem ser observadas no transporte e levantamento de cargas realizados por trabalhadores, objetivando evitar lesões na coluna vertebral e dores musculares. Como podemos atingir a meta de saúde e segurança no ambiente de trabalho? Para atingir esta meta é necessário que a engenharia, nas diversas áreas, em conjunto com a medicina, possam agir. Dessa forma, a segurança do trabalho estuda diversasdisciplinas como Introdução à Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações, Psicologia na Engenharia de Segurança, Comunicação e Treinamento, Administração aplicada à Engenharia de Segurança, O Ambiente e as Doenças do Trabalho, Higiene do Trabalho, Metodologia de Pesquisa, Legislação, Normas Técnicas, Responsabilidade Civil e Criminal, Perícias, Proteção do Meio Ambiente, Ergonomia e Iluminação, Proteção contra Incêndios e Explosões e Gerência de Riscos. Como a segurança do trabalho atua no âmbito da empresa? Figura 4 – Fábrica de chocolate (Mendoza/Argentina) Fonte: Cláudia, 2008 Aparentemente, algumas atividades laborais parecem inofensivas, como é o caso de uma fábrica de chocolates. Apesar do produto fi nal ser apreciado em quase todo o Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt6Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt6 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 Exames demissionais são exames médicos realizados no trabalhador quando, ao ser demitido, ele encerra suas atividades na empresa. Exames demissionais 7 Segurança do trabalho I A01 mundo, o processo de fabricação requer cuidados com a segurança dos trabalhadores por meio da implantação de programas de saúde e segurança através de uma equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. Estes profi ssionais formam o que chamamos de Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT). Também os empregados da empresa contribuem para a promoção da saúde e bem estar do trabalhador ao constituírem a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA), composta por representantes do empregador e representantes dos empregados, que tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. O que é Medicina do Trabalho? É o ramo da Medicina que visa à preservação da saúde do trabalhador, melhorando as condições de sua atividade, bem como corrigindo as consequências dela advindas que são prejudiciais ao homem. Ela atua no monitoramento da saúde do trabalhador, desde a entrada na empresa com os exames admissionais, até o término de seu contrato de trabalho com os exames demissionais e intervenções para melhorar a saúde do trabalhador durante sua vida laboral. A quem cabe a responsabilidade pela Segurança do Trabalho? A responsabilidade pela segurança do trabalho é tripartite: poder público, empregador e empregado. Assim, cabe ao poder público a criação e fi scalização das normas e leis que versam sobre segurança e saúde no trabalho, cabe ao empregador fazer cumprir essa legislação, podendo ser punido em caso de desrespeito às exigências e cabe ao trabalhador cumprir as exigências de saúde e segurança nos locais de trabalho, obedecendo às normas e leis específi cas, contribuindo para a manutenção das condições de trabalho saudáveis, uma vez que é para ele que o ambiente é adaptado. Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt7Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt7 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 Praticando...Praticando... 2 8 Segurança do trabalho I A01 Defi nimos até agora o que é segurança do trabalho, a forma como podemos atuar dentro da empresa e os atores envolvidos no esforço conjunto de preservar a vida e a saúde do trabalhador. Dessa forma, considerando que a responsabilidade pela segurança é dividida entre o empregador, o trabalhador e o poder público, em sua opinião, de que forma essa parceria poderia ser mais efi caz? Até aqui, vimos o que é segurança do trabalho e como podemos implantá-la no ambiente de trabalho em benefício do trabalhador. Como foi despertado esse interesse no ambiente de trabalho? Qual foi o marco da Segurança do Trabalho? Para responder a esses questionamentos, passaremos a descrever um pouco da História da Segurança do Trabalho ao longo do desenvolvimento da sociedade. Histórico As atividades laborativas nasceram com o homem. Pela sua capacidade de raciocínio e pelo seu instinto de se agrupar, o homem conseguiu, através da história, avanços tecnológicos que possibilitaram sua existência no planeta. Partindo da atividade predatória (caça), evoluiu para a agricultura e o pastoreio, alcançou a fase do artesanato e atingiu a era industrial. Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt8Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt8 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 9 Segurança do trabalho I A01 Apesar do trabalho ter surgido com o primeiro homem, as relações entre trabalho e doenças profi ssionais, bem como entre trabalho e acidentes só começaram a ser estudadas há cerca de 300 anos. Mesmo assim, esses estudos tratavam apenas de observações individuais que não formavam um corpo comum. Contudo, têm-se notícias de que Aristóteles – 384-322 a.C. – estudou as enfermidades dos trabalhadores nas minas e, principalmente, a forma de evitá-las. Hipócrates – 460- 375 a.C. – pai da Medicina, quatro séculos antes de Cristo, estudou a origem das doenças das quais eram vítimas os trabalhadores que exerciam suas atividades em minas de estanho. Figura 5 – Aristóteles Fonte: <http://www.enciclopedia.com.pt/readarticle.php?article_id=682>. Acesso em: 26 ago. 2009. O marco da segurança e saúde no trabalho! O marco da segurança do trabalho se deu em 1700, na Itália, com a publicação da obra “De Morbis Artifi cium Diatriba”- As Doenças dos Trabalhadores, de autoria do médico Bernardino Ramazzini (1633-1714) que, por esse motivo, é considerado o “Pai da Medicina do Trabalho”. Nessa obra, o autor descreve uma série de doenças relacionadas a 50 profi ssões. Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt9Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt9 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 10 Segurança do trabalho I A01 Figura 6 – Obra de Ramazzini Fonte: <www.portalmedico.org.br>. Acesso em: 26 ago. 2009. Com a invenção da máquina a vapor, nasce na Inglaterra a Revolução Industrial (1760/1830). Assim, galpões, estábulos e velhos armazéns eram rapidamente transformados em fábricas, colocando-se no seu interior o maior número possível de máquinas de fi ação e tecelagem. Figura 7 – Modelo de fábrica da Revolução industrial Fonte: <http://www.economiabr.defesabr.com/economia_ontem.htm>. Acesso em: 26 ago. 2009. Os ambientes improvisados destinados às fábricas mantinham em seu interior temperatura elevada, não tinham ventilação sufi ciente para a renovação do ar respirável e a umidade era constante. As máquinas ofereciam constante risco de acidentes aos trabalhadores, uma vez que não foram desenvolvidas levando-se em consideração seu usuário. A improvisação das fábricas e a mão-de-obra constituída por homens, mulheres e crianças, sem qualquer processo seletivo quanto ao seu estado de saúde e desenvolvimento físico, culminaram em doenças e mortes. Diante dessa situação, reivindicações trabalhistas foram feitas pelo povo, e os órgãos governamentais tiveram que intervir para que as fábricas oferecessem um ambiente laboral mais digno. Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt10Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt10 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 11 Segurança do trabalho I A01 A evolução da segurança do trabalho no mundo! E m 1802, o Parlamento Britânico aprovou a primeira lei de proteção dos trabalhadores: a “Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes” estabelecia o limite de 12 horas de trabalho por dia, proibia o trabalho noturno, obrigava os empregadores a lavar as paredes das fábricas duas vezes por ano e tornava obrigatória a ventilação do ambiente (MIRANDA, 1998, p. 2). Em 1830, o proprietário de uma fábrica inglesa procurou Robert Baker, médico inglês, pedindo-lhe conselho sobre a melhor forma de proteger a saúde dos trabalhadores. Baker, conhecedor da obra de Ramazzini, aconselhou-oa contratar um médico da localidade em que funcionava a fábrica para visitar diariamente o local de trabalho e estudar a possível infl uência das instalações sobre a saúde dos operários, dessa forma, os operários deveriam ser afastados de suas atividades profi ssionais tão logo fossem notados que estas estivessem prejudicando a saúde dos trabalhadores. Surgia, assim, o primeiro serviço médico industrial em todo o mundo. (NOGUEIRA, 1979, p. 11) Figura 8 – Fábrica Fonte: Word 2000. A produção fabril expõe os trabalhadores a diferentes situações de riscos, tais como estresse, fadiga, devido a períodos prolongados de trabalho, doenças respiratórias relativas à qualidade do ar que se respira, assim como pode ser um ambiente propício à proliferação de doenças contagiosas. Nesse aspecto, esse foi o primeiro ambiente laboral a ser amparado por lei. Em 1833, foi baixado o “Factory Act” – Lei das fábricas, que foi considerada como a primeira legislação realmente efi ciente no campo da proteção ao trabalhador. Aplicava- se a todas as empresas têxteis onde se usasse força hidráulica ou a vapor; proibia o Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt11Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt11 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 12 Segurança do trabalho I A01 trabalho noturno aos menores de 18 anos e restringia as horas de trabalho destes a 12 horas por dia e 69 por semana; as fábricas precisavam ter escolas que deveriam ser freqüentadas por todos os trabalhadores menores de 13 anos; a idade mínima para o trabalho era de 9 anos, e um médico deveria atestar que o desenvolvimento físico da criança correspondia a sua idade cronológica (NOGUEIRA, 1979, p. 11). Em 1919, após a Primeira Guerra Mundial, na Conferência da Paz, foi criada a Organização Internacional do Trabalho (OIT) fundamentada no princípio de que a paz universal e permanente só pode basear-se na justiça social, sendo a única das Agências do Sistema das Nações Unidas que tem estrutura tripartite, na qual os representantes dos empregadores e dos trabalhadores têm os mesmos direitos que os do governo. “No Brasil, a OIT tem mantido representação desde 1950, com programas e atividades que têm refl etido os objetivos da Organização ao longo de sua história.” (OIT, 2009, extraído da Internet). Sabemos que as reivindicações e conquistas trabalhistas foram feitas às custas de muito suor e lágrimas. Para registro dessas conquistas, pesquise em livros, revistas, internet e outras fontes bibliográfi cas as principais vitórias dos trabalhadores, no mundo, desde a Revolução Industrial até os dias atuais. Elabore uma cronologia de acontecimentos e a sua importância para a segurança do trabalho. Praticando...Praticando... 3 Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt12Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt12 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 13 Segurança do trabalho I A01 A evolução da Segurança do Trabalho no Brasil O Brasil possui uma legislação relativamente recente em matéria de Segurança do Trabalho. Até o início do século XX, a economia era baseada no braço escravo e na agricultura, porém isso não signifi ca dizer que, nessa época, não havia acidentes decorrentes do trabalho. Somente após a Primeira Guerra Mundial - 1919, resultante de tratados internacionais, como o Tratado de Versalhes, medidas legislativas foram cogitadas no país, visando à proteção dos trabalhadores, que começavam a se concentrar nas cidades. No Brasil, podemos fi xar por volta de 1930 a nossa Revolução Industrial e, embora tivéssemos já a experiência de outros países, em menor escala, é bem verdade, atravessamos os mesmos obstáculos, o que fez com que se falasse, em 1970, que o Brasil era o campeão mundial de acidentes do trabalho. Em 1966, foi criada ofi cialmente a FUNDACENTRO cuja missão é a produção e difusão de conhecimentos que contribuam para a promoção da segurança e saúde dos trabalhadores, visando ao desenvolvimento sustentável, com crescimento econômico, equidade social e proteção do meio ambiente. Figura 9 – Sede da FUNDACENTRO – ES Fonte: <http://www.fundacentro-es.gov.br/>. Acesso em: 26 ago. 2009. Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt13Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt13 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 14 Segurança do trabalho I A01 Embora o assunto fosse pintado com cores muito sombrias, podemos observar na tabela a seguir (Tabela 1 - Número de acidentes do trabalho ocorridos no período de 1971 a 1996) a crescente preocupação com a segurança do trabalho evidenciada pela diminuição gradativa do número de acidentados que só foi possível devido o esforço conjunto de todos os envolvidos: trabalhadores, empresários e governo. Tabela 1 – Número de acidentes do trabalho ocorridos no período de 1971 a 1996 Anos Números de Segurados Números de acidentados Percentual 1971 7.553.472 1.330.523 17,61 % 1972 8.148.987 1.504.723 18,47 % 1973 10.956.956 1.632.696 14,90 % 1974 11.537.024 1.796.761 15,57 % 1975 12.996.796 1.916.187 14,74 % 1975 14.945.489 1.743.825 11,67 % 1977 16.589.605 1.614.750 9,73 % 1978 16.638.799 1.551.501 9,32 % 1979 17.637.127 1.444.627 8,19 % 1980 18.686.355 1.464.211 7,84 % 1981 19.188.536 1.270.465 6,62 % 1982 19.476.362 1.178.472 6,05 % 1983 19.671.128 1.003.115 5,10 % 1984 19.673.915 961.575 4,89 % 1985 20.106.390 1.077.861 5,36 % 1986 21.568.660 1.207.859 5,60 % 1987 22.320.750 1.137.124 5,09 % 1988 23.045.901 992.737 4,31 % 1989 23.678.607 888.343 3,75 % 1990 22.755.875 693.572 3,05 % 1991 22.792.858 629.918 2,76 % 1992 22.803.065 532.514 2,33 % 1993 22.722.008 412.292 1,81 % 1994 23.016.637 388.304 1,68 % 1995 23.614.200 424.137 1,79 % 1996 24.311.448 395.455 1,62 % Dados do INSS Fonte: <http://www.geocities.com/Athens/Troy/8084/historia.HTM>. Acesso em: 26 ago. 2009. Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt14Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt14 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 15 Segurança do trabalho I A01 Cronologia da Segurança do Trabalho no Brasil N o Brasil, a evolução da segurança do trabalho se deu de forma mais tardia do que na Europa, uma vez que a nossa revolução industrial começou por volta de 1930. Nessa época, o então presidente do Brasil, Getúlio Vargas, iniciou o processo de direitos trabalhistas individuais e coletivos com a criação da CLT, em 1943. A partir daí, outras medidas foram realizadas em benefício dos trabalhadores, como a criação da Lei 8213, em 1991, que regulamentou os Planos de Benefícios da Previdência Social, incluindo os benefícios dos trabalhadores vítimas de acidentes de trabalho. Vejamos que fatos marcaram o desenvolvimento da segurança do trabalho no Brasil, onde podemos observar a crescente preocupação por parte do poder público em garantir melhores condições de saúde e segurança no ambiente de trabalho: De 1919 a 1988 1919 – Criada a Lei de Acidentes do Trabalho, tornando compulsório o seguro contra o risco profi ssional. 1920 – Em Tatuapé/SP, surge o primeiro médico de empresa. 1923 – Criação da Caixa de Aposentadorias e Pensões para os empregados das empresas ferroviárias, marco da Previdência Social brasileira. 1930 - Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, atual TEM. 1933 – Surgiram os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP), entidades de grande porte, abrangendo os trabalhadores agrupados por ramos de atividades. Tais institutos foram o IAPTEC (para trabalhadores em trans- porte e cargas), IAPC (para os comerciários), IAPI (industriários), IAPB (bancários), IAPM (marítimos e portuários) e IPASE (servidores públicos). 1 934 – Criada no Ministério do Trabalho a Inspetoria de Higiene e Segurança do Trabalho que, ao longo dos anos, passou a Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho (DSST), em nível federal, e Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), em nível estadual. 1943 – Criada a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, que trata de segurança e saúde do trabalho no Título II, Capítulo V do Artigo 154 ao201. 1966 – Unifi cação dos Institutos com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social – INPS, atual Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. 1966 – Criação da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho – FUNDACENTRO, que atua em pesquisa científi ca e tecnológica relacionada à segurança e saúde dos trabalhadores. Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt15Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt15 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 16 Segurança do trabalho I A01 1972 a 1974 – Programa Nacional de Valorização do Trabalhador. 1978 – Criação das Normas Regulamentadoras Urbanas – NR´s (regulamentação da CLT, art. 154 a 201). 1988 – Promulgação da Constituição Federal (art. 7º, inciso XXII) e criação das Normas Regulamentadoras Ru- rais – NRR. Como sabemos, a FUNDACENTRO é uma instituição responsável por pesquisa na área de segurança e saúde do trabalho no Brasil. Para que você possa conhecê-la um pouco mais, visite o site: <www.fundacentro.gov. br> e descreva o que ela faz na área de segurança do trabalho. Praticando...Praticando... 4 Importância da segurança do trabalho Vários são os aspectos relacionados à implantação de programas de segurança e saúde do Trabalho no âmbito da Empresa: a) Aspectos Sociais – O ônus pelo acidente do trabalho refl ete-se em toda a nação; é ela que paga, através da arrecadação de impostos, ao incapacitado ou à família da vítima de um acidente fatal o seguro social a que tem direito. É expressivo o número de brasileiros aposentados por invalidez, que fi cam à espera apenas do seu irrisório salário, quando poderiam estar produzindo e, consequentemente, contribuindo para o desenvolvimento do país. Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt16Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt16 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 17 Segurança do trabalho I A01 Figura 10 – Aspecto Social Fonte: Word 2000. b) Aspectos Humanos – Embora não se possa representar em números, o aspecto humano é o mais importante, pois não há dinheiro que pague o preço de uma vida, assim como não há indenização que corresponda ao valor de uma mão, de um braço ou de qualquer parte do corpo mutilada em um acidente. Não dá para mensurar o signifi cado, para os familiares, de um indivíduo que saiu para trabalhar e não voltou, vítima de um acidente do trabalho que poderia ter sido evitado. Outro fator não quantifi cável são os traumas que um acidente acarreta para os companheiros do acidentado. Figura 11 – Família Fonte: <http://www.jornalperestroika.com/php/modules.php?name=News&fi le=article&sid=218>. Acesso em: 26 ago. 2009. c) Aspectos Econômicos – A queda na produção de uma empresa e da nação como um todo, decorrente de acidentes de trabalho, é um aspecto que deve ser considerado, pois, além do custo fi nal dos produtos, o acidente acarreta gastos com atendimento médico, transporte, remédios, indenizações, pensões, etc. Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt17Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt17 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 18 Segurança do trabalho I A01 Figura 12 – Aspectos econômicos Fonte: Word 2000. Caro aluno, nesta aula você participou do início da nossa jornada de conhecimentos com o nascimento da Segurança do Trabalho, uma conquista de trabalhadores, empregadores e governo, pois todos saem lucrando. Na próxima aula, você conhecerá as causas e fatores que levam aos acidentes de trabalho e como evitá-los. Até breve! Leituras complementares EDUCAREDE. Disponível em: <http://www.educarede.org.br/educa/index. cfm?pg=oassuntoe.interna&id_tema=17&id_subtema=1>. Acesso em: 26 ago. 2009. Site relacionado ao sentido da atividade de trabalho. HISTÓRIA DO MUNDO. História da revolução industrial. Disponível em: <http:// www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/revolucao-industrial/>. Acesso em: 26 ago. 2009. Site relacionado à Revolução Industrial para entender a sua repercussão no mundo do trabalho. BALBINOT, Camile. CLT: fundamentos ideológico-políticos: fascista ou liberal-democrática? 2007. Disponível em: <http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=10062>. Acesso em: 26 ago. 2009. Site relacionado ao contexto político da criação da CLT. MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Disponível em: <http://www.mte.gov.br>. Acesso em: 26 ago. 2009. Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt18Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt18 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 19 Segurança do trabalho I A01 Site do Ministério do Trabalho, onde você encontrará toda a legislação voltada para a segurança e saúde do trabalhador. FUNDACENTRO. Disponível em: <http://www.fundacentro.gov.br>. Acesso em: 26 ago. 2009. Site da fundação Jorge Duprat de Segurança e Medicina do Trabalho. Nessa página, você verá os estudos e pesquisas realizadas por essa instituição, assim como o referencial bibliográfi co à venda e alguns disponíveis para download. AREASEG.COM. Disponível em: <http://www.areaseg.com>. Acesso em: 26 ago. 2009. Site voltado para os profi ssionais na área de segurança onde podemos encontrar assuntos relacionados aos diversos conteúdos abordados no curso. Cândido Portinari Fonte: <http://www.portinari.org.br/IMGS/jpgobras/OAa_1746.JPG>. Acesso em: 26 ago. 2009. Você viu que passamos 1/3 de nossa vida no ambiente laboral, tempo que deve ser aproveitado de forma saudável e segura, do mesmo modo como passamos os outros 2/3. Você estudou que essa preocupação deverá ser voltada para todas as situações vivenciadas no dia-a-dia, por exemplo: quando atravessamos a rua, dirigimos uma bicicleta ou um automóvel, devemos ter o cuidado de praticar essas ações e obedecer a todas as regras que nos alertam a fugir das situações de perigo. Como trabalhador, além de cumprir as normas de prevenção de acidentes, você deve também alertar o empregador para que as situações de risco sejam reduzidas ou até mesmo eliminadas do ambiente laboral. Assim, como cidadãos e trabalhadores, estamos contribuindo para a redução dos impostos, diminuição do número de acidentes, valorização do investimento realizado pelo governo ao educar o cidadão para o mundo do trabalho. Contribuimos conosco, como trabalhadores, e com nossa família pela preservação da vida. Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt19Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt19 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 Autoavaliação 20 Segurança do trabalho I A01 1. Em relação à Segurança do Trabalho, podemos afi rmar: a) É o ramo da Medicina que visa à preservação da saúde do trabalhador, melhorando as condições de sua atividade, bem como corrigindo as consequências delas advindas que são prejudiciais ao homem. b) É de única e exclusiva responsabilidade do poder público. c) Sua evolução deve-se principalmente à classe trabalhadora. d) É a ciência que tem como objetivo estudar os meios que permitem eliminar ou, pelo menos, diminuir os acidentes do trabalho. e) Caracteriza-se pelos altos índices de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. 2. Em relação aos programas e serviços de higiene e segurança do trabalho dentro da empresa, podemos afi rmar: a) A CIPA é composta somente por representantes dos empregados. b) O SESMT é composto somente por profi ssionais da área de saúde do trabalho. c) O controle médico de saúde do trabalhador não é de responsabilidade da empresa. d) A prevenção de acidentes é de responsabilidade exclusiva do Governo Federal. e) A CIPA e o SESMT, quando houver, devem atuar em parceria. 3. São fatores internos relativos ao desenvolvimento do ordenamento jurídico trabalhista em nosso país: ( ) Tratado de Versalhes, com a criação da OIT, em 1919. ( ) Revolução Industrial. ( ) Política trabalhista de Getúlio Vargas. ( ) Surto industrial, após a 2ª guerra: 1945. ( ) Criação da Constituição Federal. 4. Para se compreender a real importância da Segurança do Trabalho, é necessário que se faça uma abordagem segundo vários aspectos, dentre os quais podemos destacar como aspecto econômico: ( ) Nãohá indenização que corresponda ao valor de uma mão, de um braço ou de qualquer parte do corpo mutilada em um acidente. Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt20Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt20 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 21 Segurança do trabalho I A01 ( ) A sociedade paga o ônus pelo acidente do trabalho. ( ) Diminuição da contribuição no desenvolvimento do país. ( ) Traumas que um acidente acarreta para os companheiros do acidentado. ( ) A queda na produção de uma empresa e da nação como um todo. 5. São aspectos positivos em relação à segurança do trabalho: a) Diminuição dos acidentes de trânsito no caminho de casa para o trabalho e do trabalho para casa. b) Aumento do número de benefi ciários da previdência social. c) Aumento da qualidade de vida do trabalhador. d) Aumento dos impostos a serem pagos em nível Federal, Estadual e Municipal. e) Diminuição da oferta de trabalho e emprego. 6. Baseado (a) nos assuntos estudados nesta aula, responda ao que se pede: a) O que é Segurança do Trabalho? b) O que é Medicina do Trabalho? Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt21Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt21 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 22 Segurança do trabalho I A01 c) Qual o papel do trabalhador, empregador e poder público nas questões de segurança do trabalho? d) Como se deu a evolução da segurança do trabalho no Brasil? e) Qual a importância da segurança do trabalho para um país? Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt22Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt22 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 23 Segurança do trabalho I A01 Referências AREASEG.COM. introdução à segurança do trabalho em perguntas e respostas. Disponível em: <http://www.areaseg.com/seg/>. Acesso em: 26 ago. 2009. COSTA, Anjelo; MARIZ, Francisco. Segurança do trabalho: defenda essa causa. Natal: ETFRN, 1989. O ENIGMA do olhar através da arte de Candido Portinari. Revista Evidência, ed. 105. Disponível em: <http://www.revistaevidencia.com.br/revista.asp?revista=3&edicao=1 05&secao=149>. Acesso em: 1 set. 2009. FERNANDES, João Cândido. Introdução à engenharia de segurança do trabalho: resumo histórico. Disponível em: <www.bauru.unesp.br/curso_cipa/artigos/introd.doc>. Acesso em: 26 ago. 2009. HISTÓRICO da nossa segurança do trabalho. Disponível em: <http://www.geocities. com/Athens/Troy/8084/idx_intro.htm>. Acesso em: 26 ago. 2009. MIRANDA, Carlos Roberto. Introdução à saúde no trabalho. São Paulo: Ed. Atheneu, 1998. NOGUEIRA, Diogo Pupo. Introdução à segurança, higiene e medicina do trabalho: histórico. In: FUNDACENTRO. Curso de engenharia do trabalho. São Paulo: FUNDACENTRO, 1979. v 1. ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO – OIT. Disponível em: <http://www. oitbrasil.org.br/inst/index.php>. Acesso em: 1 set. 2009. SAAD, Eduardo Gabriel (Org.). Introdução à segurança do trabalho: textos básicos para estudantes de engenharia. São Paulo: FUNDACENTRO, 1981. TORREIRA, Raúl Peragallo. Manual de segurança industrial. São Paulo: Margus, 1999. VIASEG. Prev.Acidentes: STJ decide que empregador é responsável. 2007. Disponível em: <http://www.viaseg.com.br/noticia/5470-prevacidentes__stj_decide_que_ empregador_e_responsavel.html>. Acesso em: 26 ago. 2009. Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt23Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt23 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 24 Segurança do trabalho I A01 Anotações Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt24Seg_Trab_I_A01_RF_PBBB_271009.indd CpTxt24 27/10/09 16:0127/10/09 16:01 02 Cláudia Régia Gomes Tavares C U R S O T É C N I C O E M S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O Acidentes de trabalho: Conceitos básicos SEGURANÇA DO TRABALHO I Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd Cp1Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd Cp1 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd Cp2Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd Cp2 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 Você verá por aq ui... Objetivos 1 Segurança do trabalho I A02 ...quais são os acidentes considerados como acidentes de trabalho, as causas desses acidentes e suas consequências para os diversos atores envolvidos, baseando-se na legislação específi ca. Acrescentamos também nesta aula, como material informativo, mas de elevada importância para a vida laboral, um anexo que trata dos principais itens da legislação previdenciária relacionada a acidentes de trabalho. Conceituar acidentes de trabalho. Identifi car no ambiente de trabalho as diversas situações que podem causar acidente. Conhecer as consequências dos acidentes de trabalho. Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt1Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt1 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 2 Segurança do trabalho I A02 Para começo de conversa... A cidentes ocorrem em todos os lugares do mundo, todos os dias pessoas sofrem ou causam acidentes a terceiros que levam à morte ou incapacidade de trabalho. Várias são as situações que contribuem para que ocorra um acidente. Vejamos esta reportagem, extraída da Revista Proteção on line: http://www.protecao.com.br/ novo/template/noticias.asp?codNoticia=5618. Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt2Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt2 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 Acidentes de trabalho: Conceito Existem dois tipos de conceitos relacionados à segurança do trabalho: o conceito prevencionista ou da prevenção e o conceito legal ou previdenciário, que está relacionado à previdência social. Figura 1 – Situação perigosa Fonte: <http://www.94fm.com.br/seguro_de_acidente_de_trabalho_vai_mudar_2009>. Acesso em: 8 maio 2009. 3 Segurança do trabalho I A02 Acidentes de trabalho em Joinville deixam um morto e três feridos Joinville/SC - Três acidentes de trabalho em Joinville deixaram três operários feridos e um morto na tarde de terça-feira, 17. No mais grave deles, um operário foi eletrocutado enquanto instalava um poste no bairro Vila Nova, por volta das 17 horas. O caminhão com guindaste encostou o poste nos fi os de alta tensão. O operário chegou a ser socorrido, mas morreu no Hospital Municipal São José. O outro teve queimaduras graves nos pés e está internado. No bairro Bom Retiro, um homem caiu de um andaime enquanto trabalhava nas obras do shopping center Joinville. Socorrido pelo Samu, está internado. Na Rua Azulão, no bairro Aventureiro, um operário sofreu fraturas na clavícula ao cair de um telhado, a cerca de seis metros do chão. Fonte: A Notícia, 17 fev. 2009. Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt3Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt3 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 4 Segurança do trabalho I A02 Conceito Legal prevencionista (Lei 8.213) Para a segurança do trabalho, entende-se por acidente do trabalho uma ocorrência inesperada no ambiente de trabalho, que possa causar danos materiais, perda de tempo e/ou lesão/doença ao trabalhador. Essa é a visão prevencionista de acidentes de trabalho. Esse conceito abraça todos os prejuízos oriundos de umacidente no ambiente de uma empresa, tais como: diminuição do ritmo da produção para o atendimento ao acidentado, quebra de máquinas, equipamentos e ferramentas, ferimentos físicos no trabalhador, geração de outros acidentes em decorrência do sentimento de insegurança no ambiente de trabalho. Figura 2 – Revista Fonte: <http://www.mp.pa.gov.br/recursoscao/imagens/Acidentesdetrabalho.jpg>. Acesso em: 18 ago. 2009. Conceito Legal ou previdenciário Para a seguridade social, “Acidente do trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou perda, ou redução permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho” (Lei 8.213, art. 19). Esse conceito refere-se única e exclusivamente aos danos ocasionados ao trabalhador, uma vez que somente ele é objeto de preocupação da previdência social, não interessa ao INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social – os danos ocorridos devido às perdas de tempo ou danos materiais ocorridos no ambiente de trabalho resultante de um acidente. A seguridade social em seu art. 20 considera ainda como acidente do trabalho as doenças profi ssionais e as doenças do trabalho que passaremos a descrever: Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt4Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt4 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 Exemplo 1 5 Segurança do trabalho I A02 1. Doença profi ssional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social. 2. Doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. Assim podemos exemplifi car: a) A secretária que trabalha em um escritório de uma empresa aérea e adquire surdez ao longo do tempo de serviço contraiu uma doença do trabalho, uma vez que a surdez não está diretamente relacionada com sua atividade de secretária e sim à consequência de realizar suas atividades em um ambiente com ruído. Figura 3 – Secretária Fonte: Word (2009). b) A mesma secretária sofre de uma doença que atinge os tendões dos dedos e punhos, nesse caso, ela tem o que chamamos de doença profi ssional, uma vez que foi adquirida devido à repetição contínua de digitação no teclado do computador, sua ferramenta de trabalho. Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt5Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt5 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 6 Segurança do trabalho I A02 Responda aqui 1Praticando... Você já estudou o conceito de acidentes de trabalho sob o ponto de vista legal ou previdenciário e sob o ponto de vista prevencionista. Observando as duas definições, qual a diferença fundamental entre eles? Explique sua resposta. Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt6Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt6 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 7 Segurança do trabalho I A02 O que é CAT (Comunicação de Acidente do Trabalho)? É um documento a ser preenchido pela empresa para a comunicação de cada um dos acidentes ocorridos na empresa. É responsabilidade da empresa sob pena de pagamento de multa a comunicação do acidente do trabalho (CAT) à Previdência Social até o 1º (primeiro) dia útil seguinte ao da ocorrência e, em caso de morte, de imediato, à autoridade competente (Lei n. 8.213, art. 22). Figura 4 – CAT Fonte: <http://menta2.dataprev.gov.br/PREVFacil/PREVForm/BENEF/pg_internet/ifben_visuform.asp?id_form=36>. Acesso em: 18 ago. 2009. Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt7Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt7 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 8 Segurança do trabalho I A02 Classifi cação dos acidentes Podemos classifi car os acidentes de trabalho pelo número de dias de afastamento da empresa, ou seja, quanto mais grave for o acidente, maior o número de dias em que o trabalhador deverá fi car afastado de suas atividades: Tipos de acidentes Exemplo 1.Sem Afastamento – retorno ao trabalho no dia seguinte 1.1. Pequenas lesões: cuidados imediatos sem grandes consequências Escoriações, quedas leves, pequenos cortes nas mãos etc 2. Com Afastamento – Afastamento maior ou igual a 01 dia 2.1. Incapacidade temporária Quebra de um braço, dedo, mão, cortes profundos etc 2.2. Incapacidade Permanente 2.2.1. Parcial - redução parcial da capacidade trabalho Perda de um braço, de uma perna, de um dedo etc 2.2.2. Tota l - i n c a p a c i d a d e permanente e total perda da capacidade de trabalho Surdez, LER – lesão por esforço repetitivo, cegueira etc 3. Morte Fonte: Adaptado da Lei 8.213 Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt8Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt8 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 9 Segurança do trabalho I A02 Responda aqui 2Praticando... A CAT é um documento obrigatório a ser preenchido em caso de acidentes, sejam os acidentes considerados com ou sem afastamento. Dessa forma, crie uma situação de acidente ou descreva algum acidente que você tenha presenciado e acesse o site: <http://menta2.dataprev.gov.br/PREVFacil/PREVForm/BENEF/pg_internet/ ifben_visuform.asp?id_form=36>. Salve o formulário em seu computador e vamos preenchê-lo com base nas informações que você descreveu. Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt9Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt9 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 CAUSAS DOS ACIDENTES FATORES PESSOAIS FATORES MATERIAIS ATOS INSEGUROS CONDIÇÕES INSEGURAS Lesões físicas Doenças profissionais Perda de tempo Danos materiais 10 Segurança do trabalho I A02 Quais as causas dos acidentes de trabalho? Os acidentes têm sua origem nas ações ou situações que contribuem para sua ocorrência. Dessa forma, todos os acidentes do trabalho têm como antecedentes (conhecidos ou não) uma variedade de causas, sendo delas decorrentes, as quais estudaremos a seguir: Ato inseguro O comportamento do trabalhador no seu ambiente de trabalho pode levá-lo a sofrer ou causar acidente, nesse caso estamos diante de um Ato Inseguro. O ato inseguro está relacionado à atividade de trabalho e a fatores ligados às características individuais de cada um, a fatores pessoais de insegurança, às características negativas, físicas ou psicológicas que também contribuem para que o acidente aconteça. Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt10Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt10 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 Sequência de tarefas estabelecida na linha de produção Layout 11 Segurança do trabalho I A02 Condição insegura São as defi ciências e irregularidades técnicas existentes no ambiente de trabalho, que constituem risco à integridade física e à saúde do trabalhador, bem como aos bens materiais da empresa, tornando esse ambiente propício para a ocorrência de acidentes. As condições inseguras são consequências de erros de projetos, planos de trabalho, falhas ou incorreções de programas de manutenção e segurança. Exemplos.: Quadro 1 – Atos e condições inseguras Atos e condições inseguras 1. Ato Inseguro 1.1. Relacionadas às atividades de trabalho 1. Recusa de uso ou utilização inadequada dos equipamentos de segurança e de proteção individual (EPI). 2. Emprego impróprio de ferramentas ou de equipamentos defeituosos. 3. Ajuste, lubrifi cação e limpeza de máquinas em movimento. 4. Permanência junto a pontos críticos das máquinas ou locais perigosos (Ex: sob cargas suspensas) etc. 1.2. Relacionadas às características individuais 1. Inaptidão física ou intelectual à função. 2. Temperamento agressivo. 3. Preocupação excessiva. 4. Inteligência lenta ou retardada. 2. Condição insegura 2.1. Nas instalações da Empresa 1. Prédios com áreas insufi cientes, pisos defeituosos e/ou irregulares. 2. Iluminação defi ciente ou mal distribuída. 3. Ventilação defi ciente ou excessiva.2.2. Na maquinaria 1. Máquinas defeituosas ou sem manutenção. 2. Equipamentos com proteções inadequadas ou sem proteção em partes móveis e pontos de transmissão de força. 3. Máquinas instaladas em locais desaconselháveis. 2.3. Relativo à matéria-prima 1. Insumos fora de especifi cação. 2. Matéria-prima com defeito ou de má qualidade. 2.4. Proteção do trabalhador 1. Ausência ou insufi ciência de proteção. 2. Investimentos não apropriados. 3. Ausência ou inadequação de calçados. 2.5. Na produção 1. Layout defi ciente. 2. Ritmo de produção excessivo ou abaixo da velocidade ideal. 2.6. Quanto ao horário de trabalho 1. Jornadas prolongadas. 2. Trabalho em escalas de horários muito variáveis. 3. Má distribuição de cargas horárias para tarefas. Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt11Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt11 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 12 Segurança do trabalho I A02 A verdadeira causa de acidentes não se resume a simples identifi cação do ato inseguro ou da condição insegura, mas aos fatores ou situações que geraram esses atos ou condições inseguras Responda aqui 3Praticando... Considerando o que você estudou até agora, em sua opinião, você concorda que somente o trabalhador pode ser responsabilizado pelos acidentes de trabalho? Justifi que sua resposta. Até agora, você estudou a defi nição, classifi cação e descrição dos fatores/causas que podem provocar acidentes. Sabemos que os acidentes de trabalho, do ponto de vista da prevenção, podem causar danos materiais, perda de tempo e/ou lesão/doença ao trabalhador, mas não é somente o empregador e o trabalhador que arcam com as consequências de um acidente de trabalho. Vamos agora estudar os custos e os prejuízos decorrentes dos acidentes de trabalho. Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt12Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt12 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 13 Segurança do trabalho I A02 Custos dos acidentes: Estima-se que o custo total do acidente (CT) é obtido pela soma do custo direto ou segurado (CD) e o custo indireto ou não segurado (CI). Custo Direto ou Segurado (CD) É representado pelas despesas ligadas diretamente ao atendimento do acidentado e que são pagas pela entidade seguradora, no caso do país, os Ministérios da Saúde e Previdência Social. Esse custo cobre: Figura 5 – Custos Fonte: Word (2009). a) despesas médicas, hospitalares e farmacêuticas necessárias à recuperação do acidentado; b) pagamento de diárias e benefícios ao trabalhador acidentado; c) transporte de vítima para hospital e residência; d) indenizações por lesões permanentes; e) tratamento de reabilitação profi ssional. Custo Indireto ou Não Segurado (CI) Decorre de todas as despesas não vinculadas imediatamente ao acidente, mas dele resultantes. Esta modalidade de custo dos acidentes compreende a responsabilidade da empresa ou empregador com: Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt13Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt13 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 14 Segurança do trabalho I A02 Figura 6 – Tratamento médico Fonte: Word (2009). a) salários pagos ao acidentado não cobertos pela previdência, durante os 15 (quinze) primeiros dias de afastamento do acidentado do trabalho; b) tempo perdido por outros trabalhadores, em decorrência do acidente; c) custo de recuperação de máquinas danifi cadas no acidente e de matérias-primas ou produtos defeituosos em consequência deste; d) custo do retardamento ou redução da produção; e) salários adicionais pagos a outros trabalhadores para cobrir atividades consequentes do acidente, inclusive treinamento; f) despesas médicas e ambulatoriais não atendidas pelos serviços ofi ciais; g) outras despesas ou custos gerenciais e administrativos. 4Praticando... Para exemplifi car melhor as questões de custos com acidentes, tomamos como exemplo a seguinte situação: um trabalhador de 21 anos, casado, pai de uma criança de 03 meses, terminou o curso de Segurança do Trabalho há dois anos, atualmente encontra-se afastado das atividades laborais, onde desenvolvia as atividades de Técnico em Segurança do Trabalho, pois, a serviço da empresa, sofreu um acidente no veículo da empresa junto com outro colega e quebrou a perna. Seu colega precisou ser transferido para a cidade mais próxima, uma vez que o hospital municipal não estava equipado para recebê-lo, vindo a falecer dois dias depois. Diante do exposto, elenque os custos diretos e indiretos oriundos desse acidente. Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt14Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt14 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 15 Segurança do trabalho I A02 Responda aqui Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt15Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt15 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 16 Segurança do trabalho I A02 Prejuízos com Acidentes O s efeitos que os acidentes provocam podem ser associados à fi gura do iceberg: temos uma imensa massa submersa, que apenas expõe um pequeno bloco sobre água, considerando que os prejuízos e as consequências maléfi cas não se concentram apenas no acidentado, mas também são extensivos à empresa, à família, à sociedade, enfi m, à nação. Prejuízo Privado Os prejuízos privados são aqueles relacionados com os atores que estão diretamente envolvidos com o acidente, nesse caso, o trabalhador e o empregador. Vamos ver alguns exemplos abaixo: 1. Para o trabalhador: a) sofrimento físico – dores, ferimentos, quebra de uma perna, quebra de um braço; b) incapacidade para o trabalho – incapacidade pela perda de uma perna, perda de dedos, incapacidade psicológica; c) desamparo à família – causada pelos dias em que o trabalhador não pode dar assistência à família ou por morte; d) redução de salários em função da perda de produção. 2. Para a empresa: Figura 7 – Prejuízos com acidentes Fonte: Word (2009). Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt16Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt16 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 17 Segurança do trabalho I A02 a) difi culdades com as autoridades e má repercussão para a empresa; b) gastos com primeiros socorros e apoio ao acidentado; c) tempo perdido por outros empregados ao socorrerem o acidentado ou para avaliações – comentários, análise sob o aspecto do emocional e outras interpretações para o fato ocorrido; d) atraso na entrega dos produtos, gerando, em consequência, a insatisfação dos clientes; e) danifi cação ou perda de máquinas e equipamentos. Prejuízo social imposto à sociedade e à Nação a) Redução temporária ou permanente da força produtiva – o trabalhador acidentado se afasta de suas atividades durante um período curto ou longo de tempo. b) Aumento do número de dependentes da coletividade. c) Elevação das taxas de seguros e de impostos – para cobrir os gastos provenientes do tratamento médico ao acidentado e benefícios sociais, tais como aposentadorias por invalidez, morte. d) Aumento do custo de vida – resultante do repasse das taxas de impostos para o consumidor. Responda aqui 5Praticando... Pesquise em revistas, jornais ou internet um acidente de trabalho que tenha ocorrido no seu município, estado ou no país, citando o que aconteceu, quais os prejuízos para os envolvidos, o que causou o acidente, quais as consequências e, em sua opinião, que medidas poderiam ser feitas para que o acidente não acontecesse. Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt17Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt17 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 18 Segurança do trabalho I A02 Caro aluno, você estudou as causas e fatores que são determinantes para que os acidentes ocorram, suas consequências e o que existe na legislação específi ca que ampara o trabalhador. Na próxima aula, vamos nos aprofundar no assunto, abordando qual o papel da estatística nas questões de segurança do trabalho, como ela auxilia na prevenção dos acidentes. Até a próxima aula! Leituras complementares MAESTRI, Mário. Brasil: as raízes do mundo do trabalho.In: CURSO ECUMÊNICO DE PASTORAL POPULAR. A difícil luta pela autonomia operária: notas para discussão. Passo Fundo, RS, 2003. Disponível em: <http://www.consciencia.net/2003/07/26/ maestri1.html>. Acesso em: 18 ago. 2009. Site com um artigo que discute as origens sócio-econômicas do Trabalho. RH INFO. Um pouco sobre a história do trabalho. Disponível em: <http://www.rhinfo. com.br/historia.htm>. Acesso em: 18 ago. 2009. Site com um artigo que trata do surgimento do trabalho. BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os planos de benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Brasília, 1991. Disponível em: <http://www3.dataprev.gov.br/SISLEX/paginas/42/1991/8213.htm>. Acesso em: 18 ago. 2009. Lei ordinária referente aos benefícios sociais do INSS. Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt18Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt18 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 19 Segurança do trabalho I A02 REIS, Ângelo. Os prejuízos dos acidentes versus segurança no trabalho. 2006. Disponível em: <http://www.setubalnarede.pt/content/index.php?action=articlesDet ailFo&rec=7713>. Acesso em: 18 ago. 2009. Artigo relacionado à prevenção de acidentes na Segurança no Trabalho. Na aula de hoje, você aprendeu os conceitos básicos relativos a acidentes de trabalho, suas possíveis causas e consequências. Você estudou que a Seguridade Social é o órgão do poder público que assegura o direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social, incluindo aos pensionistas que sofreram acidentes de trabalho os benefícios especifi cados na Lei. Portanto, ao se inserir no mercado de trabalho, você terá a responsabilidade de colaborar para a prevenção de acidentes e doenças ocupacionais, mediante atitudes prevencionistas, contribuindo para o aumento da qualidade de vida para todos. Responda ao que se pede: 1. O que é acidente do trabalho: a) do ponto de vista legal ou previdenciário? b) do ponto de vista prevencionista? 2. Que é doença ocupacional? 3. Que é doença do trabalho? 4. Que é acidente de trajeto? 5. Que é acidente fatal? Autoavaliação Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt19Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt19 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 20 Segurança do trabalho I A02 6. Segundo a lei 8.213, o que se equipara aos acidentes de trabalho? 7. Quais as causas/fatores relacionados aos acidentes de trabalho? 8. Que são atos inseguros? Exemplifi que. 9. Que são condições inseguras? Exemplifi que. 10. Quais os custos de um acidente de trabalho? 11. Quais os benefícios e serviços da Previdência Social prestados aos segurados ou a seus familiares, que estão diretamente relacionados com os acidentes de trabalho? Referências BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os planos de benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Brasília, 1991. Disponível em: <http://www3.dataprev.gov.br/SISLEX/paginas/42/1991/8213.htm>. Acesso em: 18 ago. 2009. COSTA, Anjelo; MARIZ, Francisco. Segurança do trabalho: defenda essa causa. Natal: ETFRN. 1989. INFORMATIVO DA CIPA. Acidentes e doenças do trabalho. Disponível em: <http://www. santos.sp.gov.br/administracao/cipa/acidenteedoencadotrabalho.htm>. Acesso em: 18 ago. 2009. MONTEIRO, Celso. Como funciona a previdência social. Disponível em: <http://pessoas. hsw.uol.com.br/previdencia-social-brasil3.htm>. Acesso em: 18 ago. 2009. RH INFO. Um pouco sobre a história do trabalho. Disponível em: <http://www.rhinfo. com.br/historia.htm>. Acesso em: 18 ago. 2009. SAAD, Eduardo Gabriel (Org.). Introdução à segurança do trabalho: textos básicos para estudantes de engenharia. São Paulo: FUNDACENTRO. 1981. TORREIRA, Raúl Peragallo. Manual de segurança industrial. São Paulo. Margus, 1999. Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt20Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt20 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 21 Segurança do trabalho I A02 ANEXO A – Um pouco mais de Legislação Previdenciária Quando falamos em prejuízos e custos de acidentes não podemos deixar de fazer referência à Previdência Social, responsável pelos benefícios acidentários dados aos seus segurados, dessa forma, considerando a importância de ter conhecimento sobre o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) passaremos a descrever, nesse anexo 1, como material de consulta, um pouco mais sobre a Lei n. 8.213 que regulamenta os acidentes de trabalho. Vamos falar sobre regime de trabalho? Existem dois tipos de regimes de trabalho, o regime celetista ou aquele baseado na Consolidação das Leis do Trabalho CLT), para o qual se enquadram todos os trabalhadores de carteira assinada e o regime estatutário para o enquadramento dos funcionários públicos na esfera Municipal, Estadual ou Federal, para esses últimos a legislação aplicada à segurança do trabalho contida na CLT não se aplica, necessitando de legislação específi ca. Quem tem direito à previdência social? Todos os trabalhadores com vínculo empregatício sob o regime de trabalho celetista, trabalhadores autônomos, segurado especial e segurado facultativo que mantiverem contribuição com a previdência social, desfrutarão dos benefícios oferecidos pela mesma. Figura 8 – Carteira de trabalho Fonte: <www.nominuto.com.br>. Acesso em: 18 ago. 2009. Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt21Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt21 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 22 Segurança do trabalho I A02 Para entendermos melhor a legislação aplicada a acidentes de trabalhos, vamos conhecer um pouco da legislação da Seguridade social: Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991 (Alterada em junho/2008) Conceitos a) Seguridade Social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito relativo à saúde, à previdência e à assistência social (art. 01). b) A previdência social tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, idade avançada, tempo de serviço, desemprego involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente. (art. 04) Lei Nº 8.213 - de 24 de julho de 1991 - DOU de 14/08/91 (Atualizada até Junho/2008) Vamos descrever o que a Lei 8.213, em seu texto, versa sobre acidentes de trabalho além do que foi estudado nesta aula. Equiparam-se ao acidente do trabalho – art. 21 Figura 9 – Acidente F o n te : W or d (2 0 0 9 ). Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt22Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt22 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 23 Segurança do trabalho I A02 Para a Lei 8.213 são equiparados aos acidentes de trabalhos: I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em consequência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou companheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de companheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando fi nanciada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, independentementedo meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. § 1º Nos períodos destinados à refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação de outras necessidades fi siológicas, no local do trabalho ou durante este, o empregado é considerado no exercício do trabalho. Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt23Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt23 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 24 Segurança do trabalho I A02 O que de fato a Previdência Social assegura ao trabalhador acidentado? A partir deste ponto, vamos descrever o que a Lei Nº 8.213, de 24 de julho de 1991 - DOU de 14/08/98 (Atualizada até junho/2008), assegura a seus associados incluindo aqueles que sofreram acidentes no trabalho: Benefícios e serviços da previdência social (Art. 18) I - quanto ao segurado: a) aposentadoria por invalidez - a aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta condição (art. 42); b) aposentadoria por idade – a aposentadoria por idade será devida ao segura do que, cumprida a carênc ia exigida nesta Lei, completar 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e 60 (sessenta), se mulher. (art. 48); c) aposentadoria por tempo de contribuição; d) aposentadoria especial - a aposentadoria especial será devida, uma vez cumprida a carência exigida nesta Lei, ao segurado que tiver trabalhado sujeito a condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física, durante 15 (quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos, conforme dispuser a lei (art.57); e) auxílio-doença – o auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exi gido nesta Lei, fi car incapacitado para o seu tra balho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos (art. 59); f) salário-família - o salário-família será devido, mensalmente, ao segurado empregado, exceto ao doméstico, e ao segurado trabalhador avulso, na proporção do respectivo número de fi lhos ou equiparados (art. 65); Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt24Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt24 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 25 Segurança do trabalho I A02 g) salário-maternidade – o salário-maternidade é devido à segurada da Previdência Social, durante 120 (cento e vinte) dias, com início no período entre 28 (vinte e oito) dias antes do parto e a data de ocorrência deste, observadas as situações e condições previstas na legislação no que concerne à proteção à maternidade (art. 71); h) auxílio-acidente – o auxílio-acidente será concedido, como indenização ao segurado, quando, após consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia (art. 86); II - quanto ao dependente: a) pensão por morte; b) auxílio-reclusão – o auxílio-reclusão será devido, nas mesmas condições da pensão por morte, aos dependentes do segurado recolhido à prisão, que não receber remuneração da empresa nem estiver em gozo de auxílio -doença, de aposentadoria ou de abono de permanência em serviço (art. 80); III - quanto ao segurado e dependente: a) serviço social – compete ao Serviço Social esclarecer junto aos benefi ciários seus direitos sociais e os meios de exercê-los e estabelecer conjuntamente com eles o processo d e solução dos problemas que emergirem da sua relaçã o com a Previdência Social, tanto no âmbito interno da instituição como na dinâmica da sociedade (art. 88); b) reabilitação profi ssional – a habilitação e a reabilitação profi ssional e social deverão proporcionar ao benefi ciário incapacitado parcial ou totalmente para o trabalho e às pessoas portadoras de defi ciência, os meios para a (re) educa ção e de (re) adaptação profi ssional e social indicados para participar do mercado de trabalho e do contexto em que vive (art. 89). Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt25Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt25 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 26 Segurança do trabalho I A02 Anotações Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt26Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt26 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 27 Segurança do trabalho I A02 Anotações Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt27Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt27 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 28 Segurança do trabalho I A02 Anotações Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt28Seg_Trab_I_A02_RF_WBBB_281009.indd CpTxt28 28/10/09 09:2628/10/09 09:26 03 Cláudia Régia Gomes Tavares C U R S O T É C N I C O E M S E G U R A N Ç A D O T R A B A L H O Estatística de Acidentes SEGURANÇA DO TRABALHO I Seg_Trab_I_A03_RF_PBB_281009.indd Cp1Seg_Trab_I_A03_RF_PBB_281009.indd Cp1 28/10/09 11:0228/10/09 11:02 Coordenadora da Produção dos Materias Vera Lucia do Amaral Coordenador de Edição Ary Sergio Braga Olinisky Coordenadora de Revisão Giovana Paiva de Oliveira Design Gráfi co Ivana Lima Diagramação Elizabeth da Silva Ferreira Ivana Lima José Antonio Bezerra Junior Mariana Araújo de Brito Arte e ilustração Adauto Harley Carolina Costa Heinkel Huguenin Leonardo dos Santos Feitoza Revisão Tipográfi ca Adriana Rodrigues Gomes Margareth Pereira Dias Nouraide Queiroz Design Instrucional Janio Gustavo Barbosa Jeremias Alves de Araújo Silva José Correia Torres Neto Luciane Almeida Mascarenhas de Andrade Revisão de Linguagem Maria Aparecida da S. Fernandes Trindade Revisão das Normas da ABNT Verônica Pinheiro da Silva Adaptação para o Módulo Matemático Joacy Guilherme de Almeida Ferreira Filho EQUIPE SEDIS | UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE – UFRN Projeto Gráfi co Secretaria de Educação a Distância – SEDIS Governo Federal Ministério da Educação Seg_Trab_I_A03_RF_PBB_281009.indd Cp2Seg_Trab_I_A03_RF_PBB_281009.indd Cp2 28/10/09 11:0228/10/09 11:02 Você verá por aq ui... Objetivos 1 Segurança do trabalho I A03 A segurança do trabalho é uma ciência multidisciplinar e se utiliza de outras ciências para atuar. Dessa forma, vamos discutir, nesta aula, a utilização de dados estatísticos usados pela segurança do trabalho no sentido de prevenir acidentes de trabalho. Compreender os dados estatísticos em relação a acidentes de trabalho lendo e interpretando estes dados. Calcular alguns dados estatísticos. Seg_Trab_I_A03_RF_PBB_281009.indd CpTxt1Seg_Trab_I_A03_RF_PBB_281009.indd CpTxt1 28/10/09 11:0228/10/09 11:02 2 Segurança do trabalho I A03 Para começo de conversa... E m todos os ramos de atividade a estatística está presente, fornecendo dados que permitem comparações para se avaliar o comportamento daquilo que está sendo realizado. Como exemplo, temos: as pesquisas de opinião pública, que aferem à audiência de um determinado programa; as pesquisas realizadas em época de eleições, que refl etem os resultados nas urnas da preferência dos eleitores em relação aos candidatos. Isso é a aplicação da Estatística. A Segurança do Trabalho lança mão de estatística para estudar o comportamento dos acidentes nas empresas e, a partir daí, averiguar o nível das condições de segurança desenvolvidas nas diversas atividades. O que é Estatística? Segundo Milone (2004, p. 3), a Estatística é o estudo dos modos de obtenção, coleta, organização, processamento e análise de informações relevantes que permitem quantifi car, qualifi car ou ordenar entes, coleções, fenômenos ou populações de modo tal que se possa concluir, deduzir ou predizer propriedades, eventos ou estados futuros. Assim,utilizando a estatística de acidentes, podemos deduzir se as ações de segurança do trabalho estão sendo efi cazes ou não. O que são dados estatísticos? Os dados são quaisquer registros ou indícios relacionados a alguma entidade ou evento que servirão de análise e posterior conclusão relacionado ao acontecimento. Seg_Trab_I_A03_RF_PBB_281009.indd CpTxt2Seg_Trab_I_A03_RF_PBB_281009.indd CpTxt2 28/10/09 11:0228/10/09 11:02 3 Segurança do trabalho I A03 A Estatística e a Segurança do Trabalho Para relembrar... Os acidentes de trabalho ocorridos na empresa devem ser comunicados ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) através da Comunicação de Acidentes de Trabalho (CAT). A emissão da CAT se destina ao controle estatístico e epidemiológico junto aos órgãos Federais e visa, principalmente, à garantia de assistência acidentária ao empregado junto ao INSS ou até mesmo de uma aposentadoria por invalidez. Por sua vez, o Ministério do Trabalho e do Emprego (MTE), através da FUNDACENTRO, recebe, trata e divulga as fi chas de acidentes com o objetivo de avaliar e comparar a efi cácia da prevenção de acidentes nos setores da economia dos municípios, estados e do país. Os objetivos da Estatística de acidentes na Segurança do Trabalho são: a) Possibilitar avaliações sobre o desempenho do programa de Segurança do Trabalho da empresa, através de comparações de índices de acidentes ocorridos entre os seus diversos setores ou entre empresas de mesmo ramo de atividades na mesma ou em diferentes regiões do país ou no mundo. b) Propiciar o desenvolvimento de estudos referentes ao custo de acidentes – quanto custa um acidente de trabalho? Financeiramente falando, vale à pena investir na prevenção de acidentes? c) Fornecer aos órgãos públicos e particulares dados concretos e atualizados da estatística acidentária – nesse caso os interessados teriam parâmetros para avaliar a necessidade ou não de intervenção nos programas de segurança desenvolvido pelas empresas. d) Desenvolver programas que visem à redução de acidentes do trabalho e assim permitir que a empresa pague prêmios menores no tocante ao seguro de acidente do trabalho. Seg_Trab_I_A03_RF_PBB_281009.indd CpTxt3Seg_Trab_I_A03_RF_PBB_281009.indd CpTxt3 28/10/09 11:0228/10/09 11:02 Praticando...Praticando... 1 4 Segurança do trabalho I A03 É evidente a importância da Estatística para a segurança do trabalho, uma vez que fornece aos órgãos públicos e particulares dados concretos e atualizados da estatística acidentária. Assim, pesquise, através de livros, internet, etc. exemplo de Estatística aplicada à segurança do trabalho e descreva sua interpretação dos dados expostos. Publicação e divulgação das estatísticas de acidentes de trabalho – Decreto-Lei nº 362/93 de 15 de Outubro de 1993 Incumbe ao Ministério do Emprego e da Segurança Social, através do respectivo Departamento de Estatística, o apuramento e difusão regular de estatísticas sobre acidentes de trabalho e doenças profi ssionais, nos termos da delegação de competências do Instituto Nacional de Estatística naquele Departamento. Neste aspecto, as entidades seguradoras devem remeter ao Departamento de Estatística do Ministério do Emprego e da Segurança Social, até o dia 15 de cada mês, um exemplar de cada uma das participações de acidentes de trabalho que lhes tenham sido dirigidas no decurso do mês anterior. Seg_Trab_I_A03_RF_PBB_281009.indd CpTxt4Seg_Trab_I_A03_RF_PBB_281009.indd CpTxt4 28/10/09 11:0228/10/09 11:02 5 Segurança do trabalho I A03 Cadastro de acidentes na empresa O cadastro de acidentes é o conjunto de informações das ocorrências dos acidentes de uma empresa. Sua organização tem por base a Norma NBR 14280/99 – Cadastro de acidentes do trabalho, procedimento e classifi cação – e deve proporcionar unidades de medidas padrões universais de comparação. Esses padrões são as Taxas de Frequência de Acidentes (FA) e a Taxa de Gravidade de Acidentes (G) usados para indicar a necessidade relativa de medidas de prevenção em diferentes departamentos da fábrica ou entre indústrias de mesmo risco. Conceitos básicos que servirão para o estudo das Taxas de Frequência de Acidentes (FA) e Taxa de Gravidade de Acidentes (G) a) Empregado: Número de pessoas com compromisso de prestação de serviço na área de trabalho considerada, incluídos de estagiários a dirigentes, inclusive autônomos. b) Horas-homem de exposição ao risco: Somatório das horas durante as quais os empregados fi cam à disposição do empregador, em determinado período – dias, semanas, meses, ano, etc. 1. As horas de exposição devem ser extraídas das folhas de pagamento ou quaisquer outros registros de ponto, consideradas apenas as horas trabalhadas, inclusive as extraordinárias. 2. Quando não se puder determinar o total de horas realmente trabalhadas, elas deverão ser estimadas multiplicando-se o total de dias de trabalho pela média do número de horas trabalhadas por dia. 3. Na impossibilidade absoluta de se conseguir o total de homem-hora de exposição ao risco, arbitra-se em 2000 horas-homem anuais a exposição do risco para cada empregado. 4. As horas pagas, porém não realmente trabalhadas, sejam reais ou estimadas, tais como as relativas a férias, licença para tratamento de saúde, feriados, dias de folga, gala, luto, convocações ofi ciais não devem ser incluídas no total de horas trabalhadas, isto é, horas de exposição ao risco. Seg_Trab_I_A03_RF_PBB_281009.indd CpTxt5Seg_Trab_I_A03_RF_PBB_281009.indd CpTxt5 28/10/09 11:0228/10/09 11:02 Praticando...Praticando... 2 6 Segurança do trabalho I A03 5. Só devem ser computadas as horas durante as quais o empregado estiver realmente a serviço do empregador. 6. Para dirigente, viajante ou qualquer outro empregado sujeito a horário de trabalho não defi nido, deve ser considerado no cômputo das horas de exposição, a média diária de 8 horas. 7. Para empregados de plantão nas instalações do empregador, devem ser consideradas as horas de plantão. c) Dias perdidos: Dias corridos de afastamento do trabalho em virtude de lesão pessoal, exceto o dia do acidente e o dia de volta ao trabalho. d) Dias debitados: Dias que se debitam, por incapacidade permanente ou morte, para o cálculo do tempo computado. e) Tempo computado: Tempo contado em “dias perdidos, pelos acidentados, com incapacidade temporária total” mais os “dias debitados pelos acidentados vítimas de morte ou incapacidade permanente, total ou parcial”. f) Número de acidentes, com e sem perda de tempo ocorrido no mês. Calcule o que se pede: 1. José sofreu um acidente no dia 11 de abril e voltou ao trabalho no dia 30 de maio. Calcule os dias perdidos desse trabalhador. 2. João acidentou-se no dia 25/04/2007 e voltou a trabalhar no dia 07/05/2007. Calcule os dias perdidos desse trabalhador. Seg_Trab_I_A03_RF_PBB_281009.indd CpTxt6Seg_Trab_I_A03_RF_PBB_281009.indd CpTxt6 28/10/09 11:0228/10/09 11:02 7 Segurança do trabalho I A03 Medidas de avaliação de frequência e gravidade O cálculo das taxas deve ser realizado por períodos mensais e anuais, podendo-se usar outros períodos quando houver conveniência. Os acidentes de trajeto devem ser tratados à parte, não sendo incluído no cálculo usual das taxas de frequência e de gravidade. Taxas de frequência Taxa de frequência de acidentes É o número de Acidentes por milhão de horas-homem de exposição ao risco, em determinado período. Deve ser expressa com aproximação de centésimos e calculada pela seguinte expressão: FA = N × 1.000.000 H Em que: FA → taxa de frequência de acidentes N → número de acidentes H → horas-homem de exposição ao risco Taxa de frequência de acidentados com lesão com afastamento É o número de acidentados com lesão com afastamento por milhão de horas-homem de exposição ao risco, em determinado período. Deve ser expressa com aproximação de centésimos e calculada pela seguinte expressão: FL = N
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