Supertreinamento e recuperação

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Supertreinamento e recuperação.
O nível do desempenho esportivo mundial teve um aumento de grande expressão nos últimos anos, isto ocorreu devido a diversos fatores, como o crescimento do conhecimento em medicina, nutrição, psicologia, fisiologia, fisioterapia, a criação de novos suplementos e equipamentos, alem das novas técnicas de treinamento, com maior intensidade ou volume maior.
Embora na maioria das vezes o supertreinamento seja visto como forma para a melhoria de desempenho de atletas , esse treinamento excessivo em conjunto com longas temporadas de competição podem causar um problema conhecido como síndrome do supertreinamento, que tem como conseqüência mais grave o burnout.
Supertreinamento.
O supertreinamento ocorre devido a um desequilíbrio entre estresse e recuperação, ou seja, grandes fatores estressantes combinados com pouca recuperação. Os sintomas associados com o supertreinamento devem ser continuamente monitorizados, e os volumes de treinamento devem ser ajustados assim que os sintomas negativos comecem a aparecer (Morgan et al., 1987).
Geralmente aparece quando o volume ou intensidade nos treinamentos ultrapassam a capacidade de recuperação, ou adaptação do nosso corpo, assim tendo se mais catabolismo que anabolismo.
Burnout.
- Exaustão, tanto física como emocional manifestada por perda de interesse, energia e confiança.
- Despersonalização, visto como sendo impessoal e insensível. Essas respostas negativas, associadas a outros fatores, são em grande parte resultantes da exaustão física e mental.
- Sentimentos de baixa realização pessoal, baixa auto-estima, insucesso, fracasso e depressão, geralmente são percebidos na baixa produtividade no trabalho ou na diminuição aguda dos níveis de desempenho (Smith, 1986: 36-40).
O burnout é uma resposta psicofisiológica que se manifesta na tentativa de conciliar um excesso de treinamento com as exigências da competição. Burnout é um dos motivos que levam os atletas a largarem o esporte , mas não é o único deles.
Recuperação.
O processo de recuperação não pode ser considerado isoladamente como uma eliminação simples do estresse; a recuperação é caracterizada como um processo personalizado e ativo que deve conduzir o restabelecimento psicológico e físico (Kellmann et al., 2001: 152).
O estado de estresse-recuperação indica a extensão na qual o indivíduo está física ou mentalmente estressado, estresse e recuperação devem ser tratados por uma equipe multidisciplinar, que lide com aspectos psicológicos, emocionais, sociais, e comportamentais e da performance cognitiva, todos em conjunto.
Síndrome de supertreinamento.
A maioria dos sintomas do supertreinamento é denominada de síndrome do supertreinamento. Esta que só é identificável após a queda de rendimento do indivíduo, esses sintomas são muito particulares , isso pode dificultar em perceber que eles são causados pelo supertreinamento. As causas do síndrome do supertreinamento são de natureza emocional e fisiológicas, treinamento excessivo , necessidade de ser sempre o melhor , pressão psicológica, a ansiedade, desejo de vencer, medo do fracasso etc...
Os fatores fisiológicos responsáveis pelos efeitos prejudiciais do supertreinamento não são completamente compreendidos. No entanto estudos sugerem que eles estão ligados a alterações nos sistemas neurológico, endócrino, e imunológico (Meeusen, 2001).
Embora não se tenha estabelecido uma causa entre esses fatores e os sintomas , tais fatores são importantes para se perceber se o atleta está ou não apresentando um quadro de treinamento excessivo.
Sintomas de síndrome do supertreinamento e burnout.
Ambos são de natureza física e psicológica. Os sintomas (alguns) da síndrome do supertreinamento são: fadiga física, esgotamento mental, mau humor, depressão, distúrbios do sono etc...
Os sintomas do burnout são: perda do interesse, nenhum desejo de jogar, esgotamento físico e mental, falta de preocupação, depressão e ansiedade aumentada. 
Estudos sugerem que o supertreinamento está ligado a respostas anormais do sistema nervoso autônomo, deste modo acarretando em sintomas fisiológicos.
- Respostas endócrinas ao supertreinamento :
Os níveis de testosterona e tiroxina caem bruscamente , enquanto os níveis de cortisol aumentam consideravelmente em atletas expostos ao treinamento excessivo (kirwan et al., 1990). A creditasse que o nivel regular entre testosterona e cortisol regulam o processo anabólico de recuperação, de modo que uma alteração desses níveis seja considerado um indicador da síndrome de supertreinamento.
Costill (1990) relata que níveis de cortisol alto , associados a níveis de testosterona baixos poderiam aumentar o catabolismo mais que o anabolismo, alem de elevar níveis de adrenalina e noradrenalina, o que eleva a freqüência cardíaca e a pressão arterial.
- Imunidade e supertreinamento :
Estudos recentes demonstram que o treinamento excessivo causam uma redução imunológica , assim aumentando a susceptibilidade do atleta a infecções, nem todos os atletas no entanto apresentam uma redução imunológica durante o treinamento, se os atletas estão adaptados ao treinamento , o estresse sobre o sistema imunológico é normal.
Diagnóstico da síndrome de supertreinamento.
Como não se sabe ao certo as causas da síndrome do supertreinamento, deve-se tomar cuidado ao iniciar um treinamento, procurar adequá-lo ao atleta, equilibrar o treinamento no sentido psicológico e fisiológico, baseados em testes específicos e não na intuição, pois do contrario , quando se perceber alguns sintomas, a síndrome já poderá estar presente.
Testes fisiológicos: 
- concentração de enzimas séricas: as mensurações de enzimas como a creatina quinase (CK), a lactato desidrogenase (LDH) e a transaminase glutâmico oxalacética ( TGO), que são importantes na produção de energia muscular, podem estar em níveis superiores ao normal. Isso pode significar que as membranas celulares sofreram algum dano. Após alguns períodos de treino foi percebido que esses níveis dessas enzimas se tornaram cerca de dez vezes maiores que o normal.
- Consumo de oxigênio: o atleta afetado pela síndrome apresenta perada da capacidade aeróbica, diminuindo, assim, sua eficiência e desempenho.
- Eletrocardiograma: estudos apresentam respostas anormais no ECG em repouso em atletas com síndrome de supertreinamento.
- Freqüência cardíaca: a freqüência cardíaca é maior em atletas que sofrem a síndrome de supertreinamento, do que naquele que está respondendo bem ao treinamento.
Testes psicológicos: 
Estudos comprovam que os transtornos de humor aumentam junto com a carga do treinamento, quanto mais forte o treinamento, maior a transtorno do humor. Este transtorno inclui aumento da depressão, raiva, fadiga diminuição do vigor. Inversamente as diminuições na carga de treinamento melhoram o humor.
Para se avaliar e diagnosticar o burnout foi criado um questionário chamado de MBI, o MBI avalia três dimensões de burnout advindas de um aumento da intensidade de treinamento (síndrome do supertreinamento) : exaustão emocional, despersonalização e decréscimo da realização pessoal.
Mas não é um instrumento adequado, pois ele avalia apenas o estresse e não considera a recuperação e a relação entre os dois.
Existe porem um questionário muito mais eficiente , é o chamado RETSQ-Sport.
O RESTQ-Sport é modular , com 12 escalas no modo padrão, e escalas adicionais especificas para o esporte. As escalas de 1 a 7 examinam os aspectos do estresse; as escalas de 8 a 12 examinam atividades estados relacionados á recuperação. As escalas de 1 a 12 foram desenvolvidas de acordo com o modelo de estresse multidimensional e biopsicossocial (Jank & Wolffgramm, 1995).
Tratamento e prevenção da síndrome de supertreinamento.
Tratamento:
A recuperação da síndrome de supertreinamento é possível mediante uma redução acentuada da intensidade e do volume do treinamento ou por meio do repousocompleto. Embora a maioria dos técnicos recomende alguns dias de treinamento leve, os atletas com supertreinamento recuperam-se mais rapidamente se realizarem repouso completo ou exercícios muito leves e com suporte psicológico e nutricional.
Prevenção:
- Estabelecer metas de competição e treinamento
- Melhorar a comunicação
- A importância dos períodos de recuperação
- Capacidades de auto-regulação
- Controle das emoções pós-competitivas
- Manutenção de uma boa condição física.
Conclusão
Estresse prolongado + Recuperação insuficiente + Coping deficiente = Síndrome de supertreinamento e burnout.
Bibliografia :
Supertreinamento e recuperação (Dietmar Samulski, Leonardo Oliveira Pena Costa).