Buscar

SUS FASCICULO 2 FIM baixa

Prévia do material em texto

Fascículo 2 
Organização 
sociopolítica do Brasil
Lenir Santos
Objetivos
5 Permitir que o cidadão possa conhecer o modelo político brasileiro, seu formato jurí-
dico-político, suas características, compreendendo o que é um Estado Federativo e suas 
estruturas políticas.
5 Compreender as estruturas de Poder do Estado, o seu papel e suas competências. 
5 Compreender a democracia como importante forma de dar voz ao cidadão, permitindo 
todo o tipo de reivindicação social para o alcance da melhoria de vida das pessoas, atuando 
o Estado e a Sociedade em conjunto, defi nindo as regras do jogo social e político, para a 
conquista de um estado livre, democrático e de bem estar.
5 Entender o papel dos movimentos sociais na infl uência das políticas públicas.
1. Introdução
O presente fascículo pretende abordar questões referentes à estrutura do Estado brasi-leiro, seu modelo organizativo, que é federativo, tridimensional, composto pela União, Estados-membros e Municípios. Além disso, falaremos sobre o regime democrático; a 
garantia de direitos sociais e individuais; o modo como são formuladas as políticas públicas e 
a infl uência que as lutas populares tiveram nos anos 80, em especial, no tocante à mudança 
da confi guração político-social no país, com o movimento popular das Diretas Já e sua forte 
infl uência na redemocratização do país.
A redemocratização do Estado brasileiro se deu nos anos 80, com a anistia política aos 
cidadãos cassados em seus direitos políticos. A anistia política permitiu que todos aqueles 
que estavam asilados em outros países pudessem retornar à sua pátria de maneira livre.
Este fascículo pretende demonstrar que nosso país foi considerado uma república federa-
tiva em 1891, tendo se mantido, apesar das crises políticas que iam e vinham, como um país 
republicano e federativo, que já se encontra na sua sexta constituição. Isso, sem falar sobre 
a Constituição Política do Império do Brasil, como sendo a primeira, porém uma Constituição 
Monárquica em um país, colônia de Portugal, portanto um país que não era livre.
Nos anos 80, discutia-se muito o regime democrático representativo, a justiça social, os 
direitos sociais. Havia muitas demandas sociais, mas este Curso pretende focar na luta pela 
implementação da política de saúde, na garantia ao cidadão de seus direitos de cidadania, 
na qualidade de vida da população brasileira.
Objetivos
5 Permitir que o cidadão possa conhecer o modelo político brasileiro, seu formato jurí-
dico-político, suas características, compreendendo o que é um Estado Federativo e suas 
estruturas políticas.
5 Compreender as estruturas de Poder do Estado, o seu papel e suas competências. 
5 Compreender a democracia como importante forma de dar voz ao cidadão, permitindo 
todo o tipo de reivindicação social para o alcance da melhoria de vida das pessoas, atuando 
o Estado e a Sociedade em conjunto, defi nindo as regras do jogo social e político, para a 
conquista de um estado livre, democrático e de bem estar.
5 Entender o papel dos movimentos sociais na infl uência das políticas públicas.
1. Introdução
O 
garantia de direitos sociais e individuais; o modo como são formuladas as políticas públicas e 
a infl uência que as lutas populares tiveram nos anos 80, em especial, no tocante à mudança 
da confi guração político-social no país, com o movimento popular das Diretas Já e sua forte 
infl uência na redemocratização do país.
A redemocratização do Estado brasileiro se deu nos anos 80, com a anistia política aos 
cidadãos cassados em seus direitos políticos. A anistia política permitiu que todos aqueles 
que estavam asilados em outros países pudessem retornar à sua pátria de maneira livre.
Este fascículo pretende demonstrar que nosso país foi considerado uma república federa-
tiva em 1891, tendo se mantido, apesar das crises políticas que iam e vinham, como um país 
26
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO 
ROCHA - UNIVERSIDADE 
ABERTA DO NORDESTE Fascículo 2 
Organização 
sociopolítica do Brasil
Lenir Santos
Objetivos
5 Permitir que o cidadão possa conhecer o modelo político brasileiro, seu formato jurí-
dico-político, suas características, compreendendo o que é um Estado Federativo e suas 
estruturas políticas.
5 Compreender as estruturas de Poder do Estado, o seu papel e suas competências. 
5 Compreender a democracia como importante forma de dar voz ao cidadão, permitindo 
todo o tipo de reivindicação social para o alcance da melhoria de vida das pessoas, atuando 
o Estado e a Sociedade em conjunto, defi nindo as regras do jogo social e político, para a 
conquista de um estado livre, democrático e de bem estar.
5 Entender o papel dos movimentos sociais na infl uência das políticas públicas.
1. Introdução
O presente fascículo pretende abordar questões referentes à estrutura do Estado brasi- leiro, seu modelo organizativo, que é federativo, tridimensional, composto pela União, Estados-membros e Municípios. Além disso, falaremos sobre o regime democrático; a 
garantia de direitos sociais e individuais; o modo como são formuladas as políticas públicas e 
a infl uência que as lutas populares tiveram nos anos 80, em especial, no tocante à mudança 
da confi guração político-social no país, com o movimento popular das Diretas Já e sua forte 
infl uência na redemocratização do país.
A redemocratização do Estado brasileiro se deu nos anos 80, com a anistia política aos 
cidadãos cassados em seus direitos políticos. A anistia política permitiu que todos aqueles 
que estavam asilados em outros países pudessem retornar à sua pátria de maneira livre.
Este fascículo pretende demonstrar que nosso país foi considerado uma república federa-
tiva em 1891, tendo se mantido, apesar das crises políticas que iam e vinham, como um país 
republicano e federativo, que já se encontra na sua sexta constituição. Isso, sem falar sobre 
a Constituição Política do Império do Brasil, como sendo a primeira, porém uma Constituição 
Monárquica em um país, colônia de Portugal, portanto um país que não era livre.
Nos anos 80, discutia-se muito o regime democrático representativo, a justiça social, os 
direitos sociais. Havia muitas demandas sociais, mas este Curso pretende focar na luta pela 
implementação da política de saúde, na garantia ao cidadão de seus direitos de cidadania, 
na qualidade de vida da população brasileira.
Objetivos
5 Permitir que o cidadão possa conhecer o modelo político brasileiro, seu formato jurí-
dico-político, suas características, compreendendo o que é um Estado Federativo e suas 
estruturas políticas.
5 Compreender as estruturas de Poder do Estado, o seu papel e suas competências. 
5 Compreender a democracia como importante forma de dar voz ao cidadão, permitindo 
todo o tipo de reivindicação social para o alcance da melhoria de vida das pessoas, atuando 
o Estado e a Sociedade em conjunto, defi nindo as regras do jogo social e político, para a 
conquista de um estado livre, democrático e de bem estar.
5 Entender o papel dos movimentos sociais na infl uência das políticas públicas.
1. Introdução
O 
garantia de direitos sociais e individuais; o modo como são formuladas as políticas públicas e 
a infl uência que as lutas populares tiveram nos anos 80, em especial, no tocante à mudança 
da confi guração político-social no país, com o movimento popular das Diretas Já e sua forte 
infl uência na redemocratização do país.
A redemocratização do Estado brasileiro se deu nos anos 80, com a anistia política aos 
cidadãos cassados em seus direitos políticos. A anistia política permitiu que todos aqueles 
que estavam asilados em outros países pudessem retornar à sua pátria de maneira livre.
Este fascículo pretende demonstrar que nosso país foi considerado uma república federa-
tiva em 1891, tendo se mantido, apesar das crises políticas que iam e vinham, como um país 
26
FUNDAÇÃO DEMÓCRITOROCHA - UNIVERSIDADE 
ABERTA DO NORDESTE
A Constituição de 1891 foi a 
primeira Constituição republi-
cana; seguida da Constituição 
de 1934 que acabou com a 
ditadura do Governo Provi-
sório, logo após a Revolução 
de 1930. Em 1937, tivemos 
uma nova Constituição e, em 
1946, uma Constituição mais 
representativa e democrática, 
decorrente de uma Assem-
bleia Nacional Constituinte. Em 
1967/69, tivemos outra Cons-
tituição de cunho autoritário, 
representando a fase em que 
vivemos uma ditadura militar. 
Um regime de exceção à 
democracia. a sexta Constitui-
ção, chamada de Constituição 
Cidadã, foi a de 1988, ainda 
em vigor.
Hegemonia: significa a pre-
ponderância ou a supremacia 
de um grupo social sobre 
outro. Quando dizemos as 
forças hegemônicas, estamos 
nos referindo à supremacia de 
um país sobre outro
O que é uma Assembleia 
Nacional Constituinte?
É uma reunião de pessoas, 
representantes do povo, 
eleitas pelo povo ou por seus 
legítimos representantes, com 
a função de redigir ou refor-
mar a constituição, a ordem 
político-institucional de um 
Estado. A Assembleia Nacional 
Constituição tem poderes para 
constituir uma nova carta po-
lítica para o país, denominada 
de Constituição ou para mudar 
uma Constituição já existente. 
Todos ficam submetidos a ela. 
A assembleia constituinte é 
um mecanismo de representa-
ção democrática da população. 
O Brasil sempre foi um país de profundas desigualdades sociais, com um sistema so-
ciopolítico que ainda mantém situações herdadas da “Casa Grande e Senzala”, de Gilberto 
Freire que trata das raízes do povo brasileiro, influenciada pela discriminação do negro, 
pobre, doente, deficiente, que sempre viveram à margem das políticas públicas, que sempre 
estiveram voltadas, de maneira hegemônica, às oligarquias e classes sociais mais ricas.
Para ficarmos centrados a partir dos anos 80, podemos afirmar que nos anos 90, viven-
ciamos grandes transformações em nosso país, com a eleição de governos democráticos 
que prometiam políticas sociais compensatórias da pobreza, todas elas resultantes das lutas 
populares protagonizadas por movimentos sociais que clamavam por justiça social. Nesse 
palco de mudanças, a saúde é exemplo. 
Desde 1970, surgiu no país um movimento denominado Reforma Sanitária, o qual foi 
determinante para que, mesmo antes da Assembleia Nacional Constituinte (1987/88), 
surgisse no país programas universais de saúde, como foi o Programa Ações Integradas de 
Saúde (AIS) e o Programa Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS). O movi-
mento da Reforma Sanitária brasileira caracterizou-se por ser contrário à política de saúde 
excludente do cidadão, propondo a construção de um Sistema de Saúde Público e Universal.
Toda essa movimentação resultou na elaboração e garantia do capítulo da seguridade 
social na Constituição Federal, o qual contempla uma seção destinada à saúde reco-
nhecendo-a como direito social, dever do Estado e direito do cidadão.
Esse fascículo pretende discorrer sobre essas questões de maneira clara para que 
você, possa, de fato, compreender como a saúde pública pode vencer o modelo médico 
hegemônico no país, excludente do pobre, e ter como norma constitucional ser dever 
do Estado e direito do cidadão!
2. Estrutura do 
Estado Brasileiro
2.1. Do nascimento do Estado
Antes de falar da atual estrutura do Estado Brasileiro, é importante dizer como as socie-
dades nascem. As sociedades nascem da necessidade do homem viver em agrupamentos. 
Ele é um ser social, gregário. Não vive isolado, mas sim em grupos, em comunidade. 
Dos modelos de agrupamentos sociais mais simples aos mais complexos, todos têm em 
comum a necessidade de viver em sociedade, em comunidade, em grupos sociais. Por isso, 
as pessoas precisam criar estruturas, ainda que mínimas, para garantir uma convivência 
saudável, respeitosa, ética e moral.
O Estado é uma palavra originária do latim e significa status que quer dizer “estar fir-
me”. A comunidade ou o agrupamento precisa estar firme nas suas estruturas para poder 
garantir segurança a todos que habitam esse mesmo espaço social, em razão das diferenças 
entre as pessoas que devem ser respeitadas, mas há que haver normas que mantenham a 
harmonia entre todos.
Todo Estado significa uma sociedade política, dotada de organização social e com pode-
res para impor regramentos para a convivência entre seus cidadãos. Esses regramentos são 
essenciais para a manutenção da ordem e da segurança de todos.
27
curso Promoção
da EquidadE no sus
A Constituição de 1891 foi a 
primeira Constituição republi-
cana; seguida da Constituição 
de 1934 que acabou com a 
ditadura do Governo Provi-
sório, logo após a Revolução 
de 1930. Em 1937, tivemos 
uma nova Constituição e, em 
1946, uma Constituição mais 
representativa e democrática, 
decorrente de uma Assem-
bleia Nacional Constituinte. Em 
1967/69, tivemos outra Cons-
tituição de cunho autoritário, 
representando a fase em que 
vivemos uma ditadura militar. 
Um regime de exceção à 
democracia. a sexta Constitui-
ção, chamada de Constituição 
Cidadã, foi a de 1988, ainda 
em vigor.
Hegemonia: significa a pre-
ponderância ou a supremacia 
de um grupo social sobre 
outro. Quando dizemos as 
forças hegemônicas, estamos 
nos referindo à supremacia de 
um país sobre outro
O que é uma Assembleia 
Nacional Constituinte?
É uma reunião de pessoas, 
representantes do povo, 
eleitas pelo povo ou por seus 
legítimos representantes, com 
a função de redigir ou refor-
mar a constituição, a ordem 
político-institucional de um 
Estado. A Assembleia Nacional 
Constituição tem poderes para 
constituir uma nova carta po-
lítica para o país, denominada 
de Constituição ou para mudar 
uma Constituição já existente. 
Todos ficam submetidos a ela. 
A assembleia constituinte é 
um mecanismo de representa-
ção democrática da população. 
O Brasil sempre foi um país de profundas desigualdades sociais, com um sistema so-
ciopolítico que ainda mantém situações herdadas da “Casa Grande e Senzala”, de Gilberto 
Freire que trata das raízes do povo brasileiro, influenciada pela discriminação do negro, 
pobre, doente, deficiente, que sempre viveram à margem das políticas públicas, que sempre 
estiveram voltadas, de maneira hegemônica, às oligarquias e classes sociais mais ricas.
Para ficarmos centrados a partir dos anos 80, podemos afirmar que nos anos 90, viven-
ciamos grandes transformações em nosso país, com a eleição de governos democráticos 
que prometiam políticas sociais compensatórias da pobreza, todas elas resultantes das lutas 
populares protagonizadas por movimentos sociais que clamavam por justiça social. Nesse 
palco de mudanças, a saúde é exemplo. 
Desde 1970, surgiu no país um movimento denominado Reforma Sanitária, o qual foi 
determinante para que, mesmo antes da Assembleia Nacional Constituinte (1987/88), 
surgisse no país programas universais de saúde, como foi o Programa Ações Integradas de 
Saúde (AIS) e o Programa Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS). O movi-
mento da Reforma Sanitária brasileira caracterizou-se por ser contrário à política de saúde 
excludente do cidadão, propondo a construção de um Sistema de Saúde Público e Universal.
Toda essa movimentação resultou na elaboração e garantia do capítulo da seguridade 
social na Constituição Federal, o qual contempla uma seção destinada à saúde reco-
nhecendo-a como direito social, dever do Estado e direito do cidadão.
Esse fascículo pretende discorrer sobre essas questões de maneira clara para que 
você, possa, de fato, compreender como a saúde pública pode vencer o modelo médico 
hegemônico no país, excludente do pobre, e ter como norma constitucional ser dever 
do Estado e direito do cidadão!
2. Estrutura do 
Estado Brasileiro2.1. Do nascimento do Estado
Antes de falar da atual estrutura do Estado Brasileiro, é importante dizer como as socie-
dades nascem. As sociedades nascem da necessidade do homem viver em agrupamentos. 
Ele é um ser social, gregário. Não vive isolado, mas sim em grupos, em comunidade. 
Dos modelos de agrupamentos sociais mais simples aos mais complexos, todos têm em 
comum a necessidade de viver em sociedade, em comunidade, em grupos sociais. Por isso, 
as pessoas precisam criar estruturas, ainda que mínimas, para garantir uma convivência 
saudável, respeitosa, ética e moral.
O Estado é uma palavra originária do latim e significa status que quer dizer “estar fir-
me”. A comunidade ou o agrupamento precisa estar firme nas suas estruturas para poder 
garantir segurança a todos que habitam esse mesmo espaço social, em razão das diferenças 
entre as pessoas que devem ser respeitadas, mas há que haver normas que mantenham a 
harmonia entre todos.
Todo Estado significa uma sociedade política, dotada de organização social e com pode-
res para impor regramentos para a convivência entre seus cidadãos. Esses regramentos são 
essenciais para a manutenção da ordem e da segurança de todos.
27
curso Promoção
da EquidadE no sus
2.2. Do Brasil e sua 
estrutura federativa
O Brasil foi uma colônia de um país monárquico. Conquistado pelos reis de Portugal foi 
colônia durante muitos séculos. As decisões sobre a colônia, sua estrutura, suas políticas 
eram todas de Portugal, que tinha como interesse explorar as riquezas do Brasil. Sempre o 
conquistador querendo espoliar o conquistado.
Em 1822, o Brasil foi declarado um país independente de Portugal, até então a sua metró-
pole. Desvinculando-se de Portugal, deixou de ser uma colônia portuguesa para ser um país 
soberano. Após a independência, o país foi governado por dois imperadores: D. Pedro I (1798 
- 1834) e D. Pedro II (1825 - 1891). Após a Guerra do Paraguai e a inúmeras crises políticas, o 
exército se fortaleceu e junto, com políticos e empresários inimigos de Pedro II, deram o golpe 
de Estado que resultou na proclamação da República. Assim, a formação da estrutura federa-
tiva brasileira teve início com a proclamação da República. O Decreto nº 1, de 15 de novembro 
de 1889, criou os Estados-membros da Federação brasileira a partir das províncias até então 
existentes. Apenas para lembrar, a divisão política da colônia foi de capitanias hereditárias e, 
depois de províncias quando a mesma foi declarada independente de Portugal.
Os Estados-membros são os estados do nosso país, hoje em número de 27, considerando-se 
o Distrito Federal (Brasília) que é a capital do Brasil. Em 1891, o art. 1º da Constituição dizia que:
A Nação brasileira, adotando, como forma de governo, a República Federativa, pro-
clamada pelo Decreto nº 1, de 15 de novembro de 1889, constitui-se, por união per-
pétua e indissolúvel entre as suas antigas províncias, em Estados Unidos do Brasil.
Esse modelo de unir os estados foi inspirado no modelo americano. Na época, os Esta-
dos Unidos já eram uma Federação. Os Estados Unidos foram o primeiro país do mundo a 
ser uma Federação. Só que eles tiveram um caminho inverso da Federação brasileira. Os 
estados que se uniram eram independentes e resolveram perder parte de sua soberania em 
prol da união de todos. 
O nosso país era um estado composto por províncias que não tinham independência, às 
quais foi conferida autonomia política. Por isso, a nossa herança de grande dependência do 
poder central, que é a União, o Federal, resulta dessa confi guração inicial de unir províncias 
sem autonomia em torno de um poder maior, centralizador, que era a União, ou como se 
diz, o governo federal, dirigido pelo Presidente da República, e que até os dias de hoje, ainda 
detém grandes poderes (competências) perante os demais entes federativos.
Geralmente, países de grandes dimensões geográfi cas, como o nosso, sempre escolhem o 
modelo federativo por ser este o mais adequado. Mesmo depois da escolha desse modelo, pondo 
fi m à monarquia, ao reinado de Portugal, houve vários golpes de Estado e regimes autoritários, 
desde o inicio da República até a Nova República de Tancredo Neves, quando o país começou a 
sair do regime ditatorial, iniciado pelo golpe de Estado de 1964, que levou os militares ao poder.
A partir dessa data, mesmo com Tancredo Neves não assumindo a presidência da república 
diante de sua doença e morte, foi convocada a Assembleia Nacional Constituinte que legou ao 
país uma nova Constituição, proclamada em 1988, com o título de Constituição Cidadã. 
Esse modelo de República Federativa se manteve na nova Constituição como ve-
remos mais adiante.
VOCÊ SABIA?
O Brasil viveu, desde a Constituição de 1891, episódios de lesão à democracia, 
como o período denominado de Governo Provisório, estabelecido pela Revolução 
de 1930, com duração curta e outro muito maior, com 20 anos de duração que foi a 
ditadura militar dos anos 70 e 80.
28
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO 
ROCHA - UNIVERSIDADE 
ABERTA DO NORDESTE
Mas ... O que é mesmo a Constituição? 
Constituição é um conjunto de normas referentes à organização do poder, à distribuição 
das competências ou responsabilidades dos poderes, organização do poder político do país, 
exercício da autoridade política, forma de governo, direitos individuais e coletivos. 
Tudo o que se passa no país sob o ponto de vista formal de suas estruturas organizativas, 
diretrizes nacionais, princípios e normas gerais estão contidas na Constituição e por ela se 
regem. O Presidente da República deve jurar o cumprimento à Constituição ao tomar posse.
A Constituição Brasileira tem como objetivos fundamentais:
5 Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
5 Garantir o desenvolvimento nacional;
5 Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
5 Promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quais-
quer forma de discriminação.
A Constituição Federal defi ne as estruturas do Estado brasileiro, dispondo sobre as res-
ponsabilidades de cada ente: Município, Estado e União. Além disso, temos na Constituição 
os princípios que regem a nossa República Federativa brasileira, que são:
5 Independência nacional;
5 Prevalência dos direitos humanos;
5 Autodeterminação dos povos;
5 Não intervenção;
5 Igualdade entre os estados.
5 Defesa da paz;
5 Solução pacifi ca dos confl itos;
5 Repúdio ao terrorismo e ao racismo;
5 Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
5 Concessão de asilo político.
LEMBRE-SE
A União Federal compõe-se pelos Estados-membros, o Distrito Federal e os Mu-
nicípios. Federação, na realidade, é a união dos Estados-membros em torno de um 
poder central que representa o País.
Pelo pacto federativo, se defi niu que a nação em sua estrutura de Estado Sobera-
no seria composta de Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios e o poder 
central que é a união desses entes. Quando falamos em União Federal, ainda que a 
mesma tenha competência própria, específi ca, ela também signifi ca a somatória de 
todos esses entes. É a União que representa o país tanto interna como externamente.
Todo país que escolhe a forma federativa, centra-se na repartição ou divisão de 
responsabilidades também denominada de competências. O que cada ente tem o 
dever e o poder de fazer? O que cabe à União? Ao Estado? Ao Município?
PARA REFLETIR
O Brasil é um estado federativo. Federação signifi ca a união de diversos estados 
– que antes eram as províncias, em torno de um ente central. 
Converse com seus amigos sobre o modelo de Estado brasileiro que conta com 
27 Estados e 5.570 Municípios, todos com a mesma autonomia política, poderes ou 
competências diversas, mas unidos pelo elo da federação. A questão relevante na 
refl exão é sobre as desigualdades sociais e econômicas dosentes federativos e como 
construir a sua superação. 
A União Federal compõe-se pelos Estados-membros, o Distrito Federal e os Mu-
nicípios. Federação, na realidade, é a união dos Estados-membros em torno de um 
Pelo pacto federativo, se defi niu que a nação em sua estrutura de Estado Sobera-
no seria composta de Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios e o poder 
central que é a união desses entes. Quando falamos em União Federal, ainda que a 
mesma tenha competência própria, específi ca, ela também signifi ca a somatória de 
todos esses entes. É a União que representa o país tanto interna como externamente.
Todo país que escolhe a forma federativa, centra-se na repartição ou divisão de 
responsabilidades também denominada de competências. O que cada ente tem o 
O Brasil é um estado federativo. Federação signifi ca a união de diversos estados 
Converse com seus amigos sobre o modelo de Estado brasileiro que conta com 
27 Estados e 5.570 Municípios, todos com a mesma autonomia política, poderes ou 
29
CURSO PROMOÇÃO
DA EQUIDADE NO SUS
5 Como encontrar a equidade quando nossos municípios e estados são de-
siguais em seu desenvolvimento? Qual o papel da União nesse aspecto? Fazer 
justa divisão de recursos fi nanceiros para promover a equidade federativa? Pro-
mover o desenvolvimento regional? Enfi m, é necessário que o país erradique a 
pobreza e diminua as diferenças regionais. Isso se deve dar mediante o papel 
indutor e redistributivo de riquezas.
5 É importante também refl etir: não são todos os serviços públicos que fi cam sob 
a responsabilidade dos municípios. Muitos são da União, mas todos têm grande refl exo 
sobre o município, como é o caso das telecomunicações, energia elétrica e outros.
5 Também vale a pena refl etir sobre o papel dos municípios e do estado na saú-
de pública que é uma competência das três esferas de governo.
3. Pacto Federativo
O pacto federativo brasileiro é a nossa Constituição da República. Ela é o pacto 
que a sociedade e o Estado estabeleceram ao votar a nossa Constituição republicana e fede-
rativa. Afora as várias constituições que o nosso país já teve e nos centrando na Constituição 
de 1988, podemos dizer que ao votar a nova Constituição da República o país estabeleceu 
seu novo pacto federativo. O nosso Estado, como vimos, decidiu eleger uma Assembleia 
Nacional Constituinte para votar a nova Constituição. Isso aconteceu em 1988, quando um 
novo pacto social foi defi nido pelos representantes do povo.
Nossa sociedade clamava por direitos sociais, por saúde, educação, trabalho, renda, 
meio ambiente saudável, assistência social com diminuição da pobreza, das desigualdades 
sociais e econômicas. Queria, enfi m, um estado de bem estar social, de qualidade de vida.
Movimentos sociais vinham, desde os anos 70, lutando para que esses direitos fossem 
realidades concretas no país. Na área da saúde, o movimento da Reforma Sanitária atuava 
no sentido de transformação do país pela saúde pública. Lutava-se para que todos os fato-
res, determinantes ou condicionantes da saúde como trabalho, moradia, lazer, meio am-
biente, saneamento, renda, cultura, saúde, educação, assistência social, previdência, fossem 
realidades concretas. 
Saúde não é uma condição meramente biológica ou genética, mas sim o resultado de 
políticas sociais e econômicas que evitem o risco de adoecer. Por isso, pretendia-se que a 
nova Constituição considerasse a saúde de maneira abrangente, o que acabou ocorrendo 
conforme disposto no art. 196 da Constituição Federal.
A Constituição de 1988 foi chamada de “Constituição Cidadã” por trazer inovações im-
portantes, como a consagração de direitos sociais, garantias individuais e coletivas, dando 
nova feição à sociedade do ponto de vista dos direitos de cidadania até então não reconhe-
cidos em sua dimensão maior. 
Assim, ela garantiu direitos como a saúde, a educação, a previdência social, a 
assistência social, o meio ambiente e reconheceu diversos direitos fundamentais da 
pessoa humana, como o direito à dignidade, à erradicação da pobreza, à liberdade de 
expressão, de comunicação, etc.
A Constituição de 1988 manteve o modelo de Estado federativo – a República Federativa, 
defi nida como a associação indissolúvel de Estados-membros em torno da União federal, à 
qual cabe o exercício da soberania. 
Até então, os municípios não integravam a estrutura federativa. O município era 
um recorte do Estado, sem poderes político; sem direito à escolha de seu governante, 
o prefeito municipal. Sem a autonomia federativa que a Constituição de 1988 lhe ga-
rantiu. Mas... a Federação brasileira passou a ser composta por um terceiro elemento, 
os municípios, também com poderes políticos!
30
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO 
ROCHA - UNIVERSIDADE 
ABERTA DO NORDESTE
Importante dizer que o Brasil, nesse aspecto, é um Estado diferente por ter transforma-
do o município em um ente da federação com as mesmas autonomias garantidas ao Estado 
e à União. Isso decorreu de um forte sentimento que sempre esteve presente no Estado 
brasileiro, desde a era da Monarquia, que era o do municipalismo.
Além do mais, a dimensão do país e a necessidade de aproximar o cidadão às autorida-
des responsáveis pelos serviços públicos prestados fizeram com que os constituintes vo-
tassem uma República Federativa tridimensional: União, Estados e Municípios, todos entes 
federativos com a mesma parcela de igualdade.
É a Constituição que define as competências dos entes federativos. Dizendo de outra 
forma: A União, os Estados e os Municípios somente podem e devem fazer aquilo que a 
Constituição determina.
No caso do município, a Constituição lhe confere poderes e deveres como: cuidar da 
saúde pública; da educação fundamental; da assistência social; do meio ambiente; do 
transporte coletivo; do saneamento básico; do patrimônio histórico. Deve ainda fazer as 
suas leis municipais para atender às suas necessidades locais e apenas nas áreas em que têm 
competência para atuar, sempre respeitando as competências legislativas federais e estaduais.
Ora, falamos no desenvolvimento de uma sociedade justa como um princípio republi-
cano. Contudo, enquanto nossos municípios forem profundamente desiguais, pobres, sem 
desenvolvimento econômico e social, teremos profundas iniquidades na nossa Federação.
Para tentar superar essas iniquidades, a Constituição determina a obrigatoriedade de o 
poder público central, a União, criar mecanismos de diminuição das iniquidades regionais, 
mediante o desenvolvimento das regiões no país. A Constituição determina à União a ar-
ticulação de ações em um mesmo espaço regional, visando ao desenvolvimento daquele 
espaço, com o fim de diminuir as desigualdades regionais. 
Assim, cabe à União promover ações que possam desenvolver os municípios mais po-
bres mediante a integração de regiões em desenvolvimento; composição de organismos 
regionais para a execução de planos regionais de desenvolvimento econômico e social e 
incentivos regionais, dentre outros. 
Cabe ainda apoiar a recuperação de áreas áridas, devendo cooperar com os municípios 
para prover os proprietários rurais de fontes de água e pequena irrigação. O município cuida 
das águas que estão sob seu território.
As desigualdades sociais influenciam a prestação de serviços públicos. Municípios com 
baixa renda têm dificuldades em prestar serviços de melhor qualidade, em oferecer pro-
gramas que possam melhorar as desigualdades sociais, a pobreza. Por isso, é importante 
refletir sobre a necessidade das políticas públicas visarem ao desenvolvimento socioeconô-
mico dos municípios para que os mesmos possam de fato gozar de autonomia econômica e 
financeira e, assim, garantir melhores serviços à sua população.
A estrutura do Estado Brasileiro é constituída pela União, Estados-membros e 
Municípios, sendo:
5 União: governada pelo Presidente daRepública, eleito pelo povo a cada quatro anos, 
a quem compete exercer várias funções, dentre elas, a de garantir a soberania, negociar 
com as outras nações, declarar a guerra, emitir a moeda etc. A União deve sempre cumprir 
a Constituição Federal.
5 Estados: em numero de 27, são governados pelos Governadores de Estado, elei-
tos pelo povo a cada quatro anos, a quem compete executar atividades como saúde, 
educação, transporte interestadual, infraestrutura, segurança, saneamento, meio am-
biente etc. Os estados votam as suas constituições estaduais e por elas são regidos, 
respeitada sempre a Constituição Federal.
5 Municípios totalizando 5.570, são governados pelos Prefeitos Municipais, eleitos 
pelo povo a cada quatro anos, a quem compete executar atividades como saúde, ensino 
fundamental, transporte municipal, saneamento municipal, meio ambiente, assistência 
social etc. Os municípios votam suas leis orgânicas municipais e por elas são regidos, 
respeitada sempre a Constituição Federal.
O que é municipalismo?
Municipalismo significa que 
tudo aquilo que o município 
pode fazer o estado não deve 
fazer nem a União. É o con-
ceito de que o serviço público 
deve estar sempre próximo 
da autoridade que o execu-
ta. Essa medida fortalece a 
participação da sociedade que 
se sente próxima à autoridade 
executante dos serviços de 
saúde, educação, assistência 
social etc. 
Os municípios são muito 
desiguais em sua população, 
desenvolvimento social e 
econômico, como vimos no 
Fascículo 1. Por volta de 70% 
de nossos municípios têm 
menos de 20 mil habitantes.
31
curso Promoção
da EquidadE no sus
3.1. Os três Poderes 
da República Federativa
A estrutura de Poder no nosso país se divide em três:
5 Poder Executivo: a quem compete executar as leis, definir as políticas púbicas, 
garantir serviços públicos ao cidadão, representar o Brasil, arrecadar impostos, den-
tre outros funções.
5 Poder Legislativo: composto pelo Congresso Nacional no nível federal; Assem-
bleia legislativa no estadual e Câmara Municipal. O Congresso Nacional se divide em Se-
nado Federal e Câmara dos Deputados com representações dos estados da Federação. 
A Assembleia Legislativa é composta pelos deputados estaduais e a Câmara Municipal 
pelos seus vereadores.
5 Poder Judiciário: tem competência para aplicar a lei em casos de confl itos legais. O 
Poder Judiciário se organiza em serviços federais e estaduais. O Poder Judiciário é com-
posto pelas suas estruturas estaduais e a federal, com o juiz a decidir os confl itos que lhe 
são submetidos nas suas comarcas.
O município não tem poder judiciário. Os tribunais são instâncias superiores que tem 
o poder de rever a decisão de um juiz, podendo decidir de maneira diferente. É o que se 
chama de duplo grau de jurisdição.
PARA REFLETIR
Comente com seus amigos sobre o papel do Município. Os municípios têm au-
tonomia política e elegem seus representantes pelo voto – o prefeito municipal. 
Elegem ainda os vereadores para a Câmara Municipal, que são os representantes 
do Poder Legislativo no município. Eles votam o orçamento municipal, as políti-
cas públicas que o município deve executar e outras leis de caráter estritamente 
municipal, além de arrecadar os impostos municipais, como o imposto sobre 
serviço (ISS), o imposto da propriedade territorial urbana (IPTU). 
O município tem suas responsabilidades municipais defi nidas pela Constitui-
ção, como é o caso da saúde. Desse modo, o município deve cuidar da saúde. 
Mas diante de suas diferenças populacional, econômica e social, o município ao 
integrar o SUS deve, na rede de sua Região de Saúde, executar ações e serviços 
de saúde de acordo com seu porte socioeconômico e demográfi co.
A integralidade da assistência à saúde deve completar-se na rede de atenção 
à saúde, na Região de Saúde onde o município está inserido ou entre Regiões, 
conforme defi nido na Comissão Intergestores Regional (CIR). Nos termos do art. 
7º, II, da Lei 8080, a integralidade da saúde deve se completar no sistema de 
saúde regional.
No Fascículo 4, “O SUS no Ceará”, as questões de organização do SUS serão 
aprofundadas no âmbito regional. Mas, comece desde agora a pensar sobre isso.
5 Discuta com seus amigos sobre quais seriam os serviços de saúde que o 
seu município deveria prestar, de acordo com o seu desenvolvimento socioeco-
nômico e sua população e conforme sua inserção na rede regionalizada.
5 Refl ita ainda a importância das comissões intergestores na discussão da 
política de saúde nacional, estadual e regional.
32
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO 
ROCHA - UNIVERSIDADE 
ABERTA DO NORDESTE
4. Democracia, direitos 
sociais e políticas públicas 
A democracia é um regime em que a maior parte das 
decisões é tomada por meio de acordo entre os vários grupos, dando vida 
a uma sociedade eminentemente contratual (Norberto Bobbio). 
Por que se diz que na democracia são feitos acordos e que a sociedade é contratual? Porque 
os contratos são acordos que as pessoas livremente fazem e ficam obrigadas a cumprir, sob 
pena de uma sanção. A democracia se fundamenta na regra do jogo. E regra do jogo é uma 
forma de contrato, na qual as partes decidem as obrigações uns dos outros e as sanções que 
devem ser impostas quanto ao seu descumprimento.
O povo, pelas suas instituições e leis, decide qual será a regra do jogo. Depois de decidido, 
todos devem cumprir aquilo que foi acordado. Na democracia deve prevalecer aquilo que a 
maioria decide. O respeito às regras definidas de comum acordo pela maioria há que ser res-
peitada. Essa é a regra de ouro de uma democracia.
Como toda sociedade se fundamenta em valores e crenças, serão sempre essas cren-
ças e valores que estarão sendo objeto de acordo. Nesse sentido, sempre que temos 
que discutir em sociedade quais os direitos e as políticas públicas que teremos, entra 
em cena a disputa de valores. Devemos lembrar que uma sociedade não é totalmente 
igual, quanto aos seus valores individuais e sociais, havendo sempre os que detêm mais 
força social do ponto de vista político e econômico. 
No jogo, os que detêm a maior força econômica, social e política tentam impor as suas re-
gras em benefício dos grupos que representam, sempre em prejuízo dos mais fracos econômica 
ou politicamente. Isso sempre causa um desequilíbrio nas democracias emergentes, não tão 
consolidadas. Nas democracias consolidadas, os grupos mais fracos, economicamente falando, 
não só têm o direito a voz como também a expressam e há instituições sólidas que garantem a 
igualdade, evitando-se assim as desigualdades sociais, fato histórico e perverso em nosso país.
Isso é histórico. Sempre os grupos detentores de força econômica ou do poder pú-
blico impõem aos mais “fracos” os seus interesses. 
As forças políticas conservadoras e hegemônicas sempre querem manter regras do jogo 
que satisfaçam seus interesses. Isso ocorre mesmo nas democracias. Assim, temos a constru-
ção histórica de um país imerso em desigualdades sociais, como vimos no Fascículo 1.
Daí a importância das lutas sociais para fazer valer direitos individuais e sociais de 
modo harmônico, igualitário, não corporativo e injusto. Somente através da consciência 
política, da organização de movimentos sociais se consegue promover mudanças progres-
sistas na sociedade. Somente democracias consolidadas conseguem evitar que a regra do 
jogo seja o predomínio da desigualdade social.
Nas sociedades capitalistas, como o Brasil, a vigilância social é tão importante quanto à 
conquista de direitos que passam a ser inscritos na Constituição. É preciso que esses direitos se 
efetivem, se transformem em realidades, sejam concretos para a população. Nas democracias 
mais fracas é comum garantir direito escrito e não torná-los fatos reais para a população. Os 
diretos sociais estão na lei, mas não estão no cotidiano das pessoas!Mesmo sabendo que os governantes são eleitos pelo voto direto de cada cidadão, isso 
não corresponde à realização de políticas públicas capazes de garantir, no mundo real, o 
direito que foi conquistado nas leis.
As forças capitalistas pretendem manter os lucros acima do bem comum, os privilégios de 
poucos e a troca de favores nem sempre legais. Isso é uma realidade nas democracias emer-
gentes, em especial na América Latina, onde sempre imperou a corrupção e as oligarquias que 
mantém, até hoje, forte desigualdade social, na qual a pobreza ainda prepondera.
33
curso Promoção
Da EquiDaDE no sus
Na realidade, nosso Estado-democrata não conseguiu dar cabo aos privilégios da burocracia 
e aos capitalistas clientes do Estado. As lutas por ideários de justiça social conseguiram promo-
ver algumas mudanças. Mas agora o Estado enfrenta uma nova crise que é a da globalização 
de interesses capitalistas transnacionais.
A justiça social ainda não se completou e precisa da vigilância de todos!
Por isso, o Estado sempre sofrerá novas e necessárias mudanças que serão impostas por 
fatores internos e mundiais e que irão requerer sempre da população a atenção à manutenção 
de seus direitos constitucionais. O capital internacional tem um viés predatório em relação às 
economias, em especial as emergentes como a do Brasil.
Nas sociedades, as tensões são permanentes em razão da necessidade de, em nome dos 
valores de grupos sociais, mantê-los sempre vivos. A tensão é entre valores sociais garantidos 
constitucionalmente, ou não, e a sua realização concreta. 
As democracias mantêm-se sempre em disputa entre a realização de seus direitos e a 
sua postergação. Por isso, importa sempre nas comunidades discutir seus valores e verifi -
car se estão sendo efetivados. Estamos cansados em ouvir falar de direito; queremos que 
eles se efetivem, se concretizem!
O respeito à lei é o fundamento de uma democracia, mas nem sempre isso ocorre e a socie-
dade precisa estar atenta e vigilante para esses embates políticos. 
VOCÊ SABIA?
Na democracia representativa, a população se faz representar pelos seus esco-
lhidos mediante o voto; o poder do povo é conferido pelo voto a um governante ou 
parlamentar. Esse governante ou parlamentar é um representante do povo. Ele exer-
ce o poder originário do povo que o transfere pelo voto por um determinado prazo.
Na democracia participativa, o governante deve ouvir o eleitor antes de tomar 
determinadas decisões. É o caso da saúde. Na saúde, as políticas devem ser defi ni-
das em comum acordo com a comunidade, através dos conselhos de saúde e das 
conferências de saúde.
SAIBA MAIS
Se uma sociedade entende ser um valor ter educação gratuita garantida pelo 
governo; ter saúde garantida pelo governo; ter meio ambiente protegido, esses valo-
res precisam se transformar em direitos sociais garantidos pela Constituição ou por 
leis. E quando já estão garantidos em leis, é necessário acompanhar se estão sendo 
objeto de políticas públicas, se estão sendo concretizados.
Formalizar direitos em leis ou na Constituição não é sinônimo de que estarão se 
transformando em realidades. Se a sociedade entende ser um valor ter liberdade 
para ir e vir; entrar e sair de um Estado para o outro; de ir para outro país sem pedir 
autorização, esses valores deverão ser reconhecidos como direitos fundamentais. 
Esses direitos devem ser assegurados legalmente, quando uma sociedade os têm 
como um valor social. E precisam ser mantidos, não podendo ser violados.
PRA REFLETIR
Refl ita com a sua comunidade quais são os valores, os direitos que não estão 
sendo realizados. Veja o que pode ser feito para garantir o cumprimento do que está 
na Lei. Vocês se reúnem de vez em quando para discutir essas questões?
Globalização econômica 
significa a formação de 
grandes blocos econômicos 
internacionais, como a União 
Europeia, os quais passam a 
reduzir a soberania dos países 
membros em torno de um 
novo poder central que vai 
além do Estado Soberano. Há 
na globalização da economia 
um grande e incessante movi-
mento de capitais financeiros 
com fins apenas especulativos, 
e não de produção de bens e 
serviços, que influenciam to-
das as economias do planeta. 
Por isso, um ato econômico 
de relevância, quando ocorre 
em um país como o Japão, por 
exemplo, terá fatalmente re-
flexos em todo o mundo, com 
quedas ou altas das bolsas 
de valores.
34
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO 
ROCHA - UNIVERSIDADE 
ABERTA DO NORDESTE
5.1. Direitos sociais 
Os direitos sociais são aqueles que a Constituição garante em seu artigo 6º, enquanto os 
direitos fundamentais e os direitos individuais estão garantidos na Constituição no artigo 5º. 
SAIBA MAIS
O que dizem os artigos 6º e 5º da Constituição de 1988
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segu-
rança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, 
na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 64, de 2010).
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi-
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualda-
de, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano ma-
terial, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos 
religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e mili-
tares de internação coletiva;
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção fi losófi ca ou 
política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir 
prestação alternativa, fi xada em lei;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científi ca e de comunicação, independente-
mente de censura ou licença;
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito 
a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do 
morador, salvo em caso de fl agrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, 
por determinação judicial;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráfi cas, de dados e das 
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma 
que a lei estabelecer para fi ns de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide 
Lei nº 9.296, de 1996)
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profi ssão, atendidas as qualifi cações profi s-
sionais que a lei estabelecer;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário 
ao exercício profi ssional;
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos 
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
XVI - todos podem reunir-se pacifi camente, sem armas, em locais abertos ao público, independen-
temente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o 
mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;XVII - é plena a liberdade de associação para fi ns lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, 
sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas 
por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
35
CURSO PROMOÇÃO
DA EQUIDADE NO SUS
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para represen-
tar seus fi liados judicial ou extrajudicialmente;
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, 
ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos pre-
vistos nesta Constituição;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade 
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim defi nida em lei, desde que trabalhada pela família, não 
será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispon-
do a lei sobre os meios de fi nanciar o seu desenvolvimento;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas 
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fi xar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz huma-
nas, inclusive nas atividades desportivas;
b) o direito de fi scalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participa-
rem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua uti-
lização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de 
empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento 
tecnológico e econômico do País;
XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira 
em benefício do cônjuge ou dos fi lhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a 
lei pessoal do “de cujus”;
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou 
de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, 
ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; (Regula-
mento) (Vide Lei nº 12.527, de 2011)
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou 
abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de 
situações de interesse pessoal;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida;
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defi na, nem pena sem prévia cominação legal;
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para benefi ciar o réu;
XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
XLII - a prática do racismo constitui crime inafi ançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, 
nos termos da lei;
XLIII - a lei considerará crimes inafi ançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , 
36
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO 
ROCHA - UNIVERSIDADE 
ABERTA DO NORDESTE
o tráfi co ilícito de entorpecentes e drogas afi ns, o terrorismo e os defi nidos como crimes hediondos, 
por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
XLIV - constitui crime inafi ançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, 
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a 
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles 
executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a 
idade e o sexo do apenado;
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L - às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus fi lhos 
durante o período de amamentação;
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, 
praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfi co ilícito de en-
torpecentes e drogas afi ns, na forma da lei;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados 
o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;
LVIII - o civilmente identifi cado não será submetido a identifi cação criminal, salvo nas hipóteses 
previstas em lei; (Regulamento).
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou 
o interesse social o exigirem;
LXI - ninguém será preso senão em fl agrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de 
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propria-
mente militar, defi nidos em lei;
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao 
juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe 
assegurada a assistência da família e de advogado;
LXIV - o preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu 
interrogatório policial;
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provi-
sória, com ou sem fi ança;
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles 
37
CURSO PROMOÇÃO
DA EQUIDADE NO SUS
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplementovoluntário e 
inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infi el;
LXVIII - conceder-se-á “habeas-corpus” sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer 
violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
 LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado 
por “habeas-corpus” ou “habeas-data”, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder 
for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamen-
to há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne 
inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à naciona-
lidade, à soberania e à cidadania;
LXXII - conceder-se-á “habeas-data”:
a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de 
registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) para a retifi cação de dados, quando não se prefi ra fazê-lo por processo sigiloso, judicial 
ou administrativo;
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao 
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio 
ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, fi cando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de 
custas judiciais e do ônus da sucumbência;
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insu-
fi ciência de recursos;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que fi car preso além do 
tempo fi xado na sentença;
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:
a) o registro civil de nascimento;
b) a certidão de óbito;
 LXXVII - são gratuitas as ações de “habeas-corpus” e “habeas-data”, e, na forma da lei, os atos ne-
cessários ao exercício da cidadania. (Regulamento)
LXXVIII a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do 
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º - As normas defi nidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regi-
me e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa 
do Brasil seja parte.
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em 
cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos mem-
bros, serão equivalentes às emendas constitucionais. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 
2004) (Atos aprovados na forma deste parágrafo)
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifesta-
do adesão. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
38
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO 
ROCHA - UNIVERSIDADE 
ABERTA DO NORDESTE
Os direitos sociais, como saúde, educação, previdência social, emprego, renda, trabalho, 
cultura, meio ambiente, ciência e tecnologia, devem ser garantidos pelos governos, por 
estarem previstos na Constituição. Geralmente, são direitos que custam, que implicam em 
gastos financeiros, diferentemente de direitos como a liberdade que não custa para o gover-
no. Esses direitos devem ser efetivos. Ser garantidos ao cidadão mediante ações e serviços 
realizados pelo Poder Público. Como são direitos que estão assegurados na Constituição, 
eles devem ser objeto de políticas públicas.
Contudo, os direitos sociais e os direitos fundamentais só foram garantidos na Cons-
tituição de 1988, em decorrência de uma intensa luta social travada, desde sempre, e 
mais especificamente a partir dos anos 60, quando o país sofreu o golpe militar e pas-
sou a viver em regime ditatorial. Esse fato aconteceu na América Latina, quando quase 
todos os países, como Argentina, Chile, Uruguai, Brasil, passaram a ser dirigidos por 
governantes não eleitos pelo povo.
Assim, uma intensa luta política ocorreu, no período entre 1964 a 1980, para pôr fim, tanto 
ao regime ditatorial, quanto para garantir direitos fundamentais da pessoa humana, como o de 
ir e vir; o do voto; da liberdade de expressão; direito à saúde, à educação etc. As lutas políticas 
levaram muitos militantes à prisão e ao asilo político, decorrente da cassação dos direitos de ci-
dadania de uma pessoa, levou inúmeros cidadãos brasileiros a pedir asilo e a ir morar em outro 
país. Essas lutas políticas culminaram com as Diretas Já, um movimento popular da sociedade 
brasileira clamando pelo retorno à democracia representativa, o que significa o direito ao voto 
direto para os governantes da nação: governadores e presidente da república. 
O movimento Diretas Já chegou a reunir mais de um milhão de pessoas, lutando 
pelo voto direito e pelo retorno à democracia. 
Na ocasião, Tancredo Neves foi eleito pelo voto indireto ainda, mas pretendia, como 
Presidente da República, retomar a democracia e convocar uma Assembleia Nacional Cons-
tituinte para propor uma nova Constituição. Tancredo Neves não chegou a tomar posse por 
ter adoecido neste dia e morrido meses depois. Assumiu José Sarney que era seu vice. A As-
sembleia Nacional Constituinte foi convocada e, em 1988 foi votada uma nova Constituição.
Tudo isso se deu em meio a lutas que se travaram na Assembleia Nacional Constituinte, 
entre constituinte progressista e o de direita, denominado de Centrão. A Constituição foi vota-
da com ganhos importantes para a população, com a democracia representativa e, em alguns 
casos, participativa como é o exemplo da saúde com as Conferências e Conselhos de Saúde.
Direitos fundamentais foram consagrados, assim como os direitos sociais: saúde, educa-
ção, previdência social, trabalho, assistência social etc. A saúde passou a ser um direito de 
todos e dever do Estado, conforme já afirmamos.
Na Constituição Cidadã, o conceito de saúde passou a ser abrangente, incorporando a 
necessidade de que políticas sociais e econômicas evitassem o agravo da doença. São os 
fatores sociais e econômicos que determinam e condicionam a saúde das pessoas. Na 
Constituição Federal, a Saúde foi inserida no âmbito da Seguridade Social juntamente com 
a previdência e a assistência social. 
Os princípios da Seguridade Social são:
5 Universalidade da cobertura e do atendimento;
5 Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
5 Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
5 Irredutibilidade do valor dos benefícios;
5 Equidade na forma de participação do custeio;
5 Diversidade da base de financiamento.
Desses princípios, vários deles dizem respeito à previdência social e outros à saúde. A 
saúde foi considerada como um serviço de relevância pública, cabendo ao Poder Público 
regulamentar, fiscalizar e controlar as ações e serviços públicos e privados. Ainda que isso 
não seja um fato real, esse é um dever do Estado!
39
curso Promoção
da EquidadE no sus
A iniciativa privada tem liberdade para nela atuar. Essa liberdade diz respeito apenas 
à assistência à saúde. A questão é que até hoje não se defi niu o que cabe no conceito de 
assistência à saúde. Certamente, são as ações e os serviços de cunho curativos, mas em 
que proporção, em que áreas geográfi cas, regiões de saúde etc.
A participação social também fi cou consagrada na área da saúde. A participação social 
ocorre medianteas Conferências e os Conselhos de Saúde, obrigatórios em todos as esfe-
ras de governo. As Conferências analisam os contextos de saúde e defi nem suas diretrizes 
gerais; os Conselhos - Municipais e Estaduais – atuam na estratégia da formulação das 
políticas de saúde e controla a sua execução, no âmbito de sua atuação.
Na saúde, consagrou-se o que denominamos de democracia participativa, quando a 
sociedade participa de maneira concreta da formulação das políticas públicas. Outro as-
pecto importante na saúde foi o que se denominou de descentralização político-adminis-
trativa. O que isso signifi ca? Signifi ca que a competência para cuidar da saúde é de todas 
as esferas de governo: municipal, estadual e federal.
Nesse aspecto, surge uma grande difi culdade, até hoje não superada, que é a defi nição 
de quem faz o que, considerando as diferenças entre os entes federativos (União, Estados 
e Municípios). Em primeiro lugar, não cabe mais à União executar ações e serviços diretos 
à população, como manter serviços de atenção básica, de média e alta complexidade. 
Essas tarefas fi caram reservadas aos estados e municípios.
Poucos hospitais ainda estão sob a gestão federal, como o Instituto Nacional do Câncer 
(INCA), que fi ca no Rio de Janeiro, e outros poucos. 
A difi culdade está em conseguir defi nir de maneira clara as atribuições ou respon-
sabilidades ou competências dos municípios, dada as grandes diferenças entre eles. 
70% dos municípios brasileiros têm população abaixo de 20 mil habitantes. Essas desi-
gualdades sociais, econômicas e demográfi cas torna difícil defi nir, de maneira genérica, 
quais seriam as atribuições dos municípios.
O Ministério da Saúde, por portaria, procurou defi nir como deveria ser a gestão 
desses municípios. As Normas Operacionais Básicas (NOB) e as Normas Operacionais 
de Assistência à Saúde (NOAS) cumpriram durante um período o papel de nortear a 
gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje, com o Decreto nº 7.508, de 2011, que 
regulamentou a Lei nº 8080, de 1990, a atuação dos municípios no desenvolvimento do 
SUS está melhor defi nida. 
É no Contrato Organizativo de Ação Pública da Saúde (COAP) que isso se dá. O contra-
to – regra do jogo na saúde – vai defi nir as quatro macros responsabilidades dos entes 
municipais, estaduais e da União. Por isso, é importante compreender o papel do contrato 
na defi nição das responsabilidades dos entes federativos no SUS.
A confi guração do SUS, que é Constitucional, como prevê o art. 198, impõe a constru-
ção de regiões de saúde e redes de atenção à saúde. Nas regiões de saúde, devem estar 
compreendidas as redes de atenção à saúde. As regiões de saúde são conformadas por 
municípios limítrofes delimitados a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e 
de redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados.
A região de saúde deve ser um espaço vivo de construção das redes de atenção à saúde; 
de negociação entre os entes municipais, o estado e a própria União para construir as ações 
e os serviços de saúde capazes de atender, se não a totalidade, a quase totalidade das ne-
cessidades de saúde da população. A região de saúde é uma parcela essencial do SUS que se 
conforma em sua totalidade na conjugação de todas as regiões de saúde do país.
A política de saúde deve ser construída de modo a garantir a necessária efetivi-
dade ao direito à saúde. Como as questões sobre a organização e o funcionamento 
do SUS são bastante complexas, em breve, no fascículo que trata sobre o SUS no 
Ceará, esse diálogo será retornado.
70% dos municípios brasileiros têm população abaixo de 20 mil habitantes. Essas desi-
gualdades sociais, econômicas e demográfi cas torna difícil defi nir, de maneira genérica, 
quais seriam as atribuições dos municípios.
O Ministério da Saúde, por portaria, procurou defi nir como deveria ser a gestão 
desses municípios. As 
de Assistência à Saúde
gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). Hoje, com o Decreto nº 7.508, de 2011, que 
regulamentou a Lei nº 8080, de 1990, a atuação dos municípios no desenvolvimento do 
SUS está melhor defi nida. 
É no 
to – regra do jogo na saúde – vai defi nir as quatro macros responsabilidades dos entes 
municipais, estaduais e da União. Por isso, é importante compreender o papel do contrato 
na defi nição das responsabilidades dos entes federativos no SUS.
A confi guração do SUS, que é Constitucional, como prevê o art. 198, impõe a constru-
ção de regiões de saúde e redes de atenção à saúde. Nas regiões de saúde, devem estar 
compreendidas as redes de atenção à saúde. As regiões de saúde são conformadas por 
municípios limítrofes delimitados a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e 
de redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados.
A região de saúde deve ser um espaço vivo de construção das redes de atenção à saúde; 
de negociação entre os entes municipais, o estado e a própria União para construir as ações 
e os serviços de saúde capazes de atender, se não a totalidade, a quase totalidade das ne-
cessidades de saúde da população. A região de saúde é uma parcela essencial do SUS que se 
conforma em sua totalidade na conjugação de todas as regiões de saúde do país.
A política de saúde deve ser construída de modo a garantir a necessária efetivi-
dade ao direito à saúde. Como as questões sobre a organização e o funcionamento 
do SUS são bastante complexas, em breve, no fascículo que trata sobre o SUS no 
Ceará, esse diálogo será retornado.
40
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO 
ROCHA - UNIVERSIDADE 
ABERTA DO NORDESTE
PARA REFLETIR
Discuta com seus companheiros como as lutas sociais são importantes para as-
segurar direitos formais e para assegurar que esses direitos formais sejam efetivos, 
se realizem com qualidade e em quantidade sufi cientes. Refl itam sobre a impor-
tância de estar sempre vigilantes em relação às políticas públicas e aos orçamen-
tos públicos que devem garantir os serviços decorrentes dos direitos inseridos na 
Constituição. Discuta, ainda, com seus companheiros como devem ser repartidas as 
competências dos entes federativos na saúde municipal e regional.
5.2. Políticas Públicas
Os direitos devem estar previstos em políticas públicas. É assim que ele sai do papel para 
se transformar em realidade na vida do cidadão. As políticas públicas vão implementar os 
direitos; vão dar vida aos direitos. O direito apenas escrito na Constituição não vai conseguir 
transformar a sociedade; não vai conseguir ser uma realidade para o cidadão e promover 
mudanças na sociedade. Elas precisam ser reais!
Falemos das políticas públicas. Importante ressaltar que os direitos estão sempre ligados 
à política, sendo quase impossível separá-los, o que acaba por atropelar a sua concretização 
em razão da dominação da dimensão política sobre o direito, o que não é uma boa coisa. A 
política não deveria, mas está sempre interferindo no direito.
Muitas vezes, se pensa que basta a mudança de governos, que resultados eleitorais po-
dem mudar as políticas estatais. Entretanto, é importante refl etir que não se pode crer que 
tudo se resolve pela política. O direito que é permanente deveria estar acima da política.
A conformação institucional, a conformação dos direitos, são essenciais para a tomada de 
decisão no tocante ao funcionamento do aparelho do Estado na concretização dos direitos 
sociais e individuais. Se as políticas públicas não forem de acordo aos direitos sociais, o desen-
volvimento do país e as realidades concretas da efetividade dos direitos podem não acontecer.
O modelo de Estado é essencial na defi nição das políticas públicas. Se é adotado como 
modelo de estado, o do bem estar social, as políticas públicas deverão guardar conformida-
de com esse modelo. Se for levado para o modelo neoliberal, haverá um enxugamento do 
Estado e de seu poder de intervenção na sociedadeprodutiva, diminuindo, assim, qualquer 
possibilidade de implementação de políticas de bem estar social, uma vez que é no mercado 
que as pessoas devem satisfazer seus direitos.
O grande paradoxo que vivemos é a garantia constitucional de direitos sociais que não se 
concretizam efetivamente, em razão do pouco interesse do Estado em fi nancia-lo; ou seja, 
temos a garantia constitucional, mas não temos sua materialidade. 
Se por um lado, há hoje pouca margem de intervenção do Estado na garantia de um es-
tado de bem estar social, dado ao fenômeno da globalização da economia, por outro, temos 
ainda a presença de um Estado que quando intervém é muito mais para manter os grandes 
interesses do desenvolvimento do sistema capitalista. 
A economia e os movimentos fi nanceiros globalizados infl uenciam totalmente as 
economias nacionais e por consequência as políticas públicas. No tocante aos direitos 
sociais em que o Estado deve garanti-los, mediante políticas públicas, as relações políti-
cas em torno de sua defi nição e fi nanciamento são bastante complexas e, muitas vezes, 
resultam na insufi ciência dessa garantia.
A ação de um governo se instrumenta pela política pública; ou melhor dizendo, a política 
pública é o instrumento de ação do governo. Ele age em relação à política que traça. Por 
isso, importa muito conhecer como as políticas públicas são construídas. Elas se constroem 
pelos planos governamentais, os planos plurianuais de governo, os programas governamen-
tais os quais devem ter nos orçamentos públicos a sua correspondência fi nanceira para a 
sua sustentabilidade.
41
CURSO PROMOÇÃO
DA EQUIDADE NO SUS
Nesse sentido, é importante a participação da sociedade na construção da política e dos 
orçamentos públicos. Na área da saúde, a política se realiza com a participação da socieda-
de presente nas Conferências e nos Conselhos de Saúde. Entretanto, não podemos esquecer 
que a construção das políticas de saúde deve guardar coerência com os Planos Plurianuais 
(PPA), que defi nem as diretrizes gerais de cada governo no desenvolvimento do país e na 
garantia dos direitos sociais.
Vejamos, no quadro abaixo, algumas dicas importantes para que você, cidadão de 
direitos, deva estar vigilante para assegurar que os mesmos sejam realizados, por 
meio das políticas públicas. 
Não podemos perder de vista o que foi dito acima no sentido dos procedimentos públicos 
serem realizados para que a política pública seja aprovada e executada. 
DICAS SOBRE PROCEDIMENTOS PÚBLICOS 
PARA ASSEGURAR O DIREITO À SAÚDE:
1. É importante conhecer o PPA de cada governo, em razão de a sua política de saúde 
se desdobrar o que for ali previsto. O PPA é elaborado no primeiro ano de cada go-
verno para vigorar por quatro anos, a partir do segundo ano de governo.
2. É o PPA que irá pautar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) anual de cada go-
verno, votada até o mês de junho. 
3. É importante atuar politicamente, pressionando os parlamentares elei-
tos para que o Plano Plurianual mantenha coerência com os direitos so-
ciais, como é o caso da saúde.
4. A Lei Orçamentária Anual será votada, após se conhecer a Lei de Diretrizes Orça-
mentárias para manter a necessária coerência entre ambas as leis.
5. O Plano de Saúde será aprovado também para vigorar a partir do segundo ano 
de governo até o primeiro ano do próximo governo.
6. A Lei de Diretrizes Orçamentarias e a Lei Orçamentaria Anual também têm forte 
infl uência no Plano de Saúde.
7. O Plano de Saúde deve contar com a participação da sociedade na sua formula-
ção, mas de nada adianta participar de sua formulação, se as pretensões da socie-
dade não forem coerentes com o Plano Plurianual e se o Plano Plurianual não for 
coerente com os direitos pretendidos.
8. O Plano de Saúde é a expressão dos compromissos assegurados na lei, assim 
como o é o Plano Plurianual. As leis orçamentárias são os instrumentos fi nanceiros 
de sustentabilidade dessas políticas.
9. Se as leis orçamentárias não guardarem coerência com o Plano de Saúde, ele 
fatalmente não se realizará e, nem poderá ser aprovado por faltar-lhe o elemento 
essencial que é o seu fi nanciamento.
Nesse sentido, a sociedade, os conselhos de saúde devem ter atenção a esses for-
malismos, porque sem coerência entre todas essas ações públicas e atos normativos 
orçamentários não haverá meios de tornar efetivo um plano de saúde discutido e 
aprovado pela população.
Por ser a saúde um direito, a própria Constituição criou o Sistema Único de Saúde (SUS). 
O SUS é a materialização da política pública de saúde que, enquanto sistema público, deve 
42
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO 
ROCHA - UNIVERSIDADE 
ABERTA DO NORDESTE
possibilitar que o direito à Saúde se transforme em ações e serviços para a população, de 
maneira universal, gratuita e igualitária. Para que esse direito se transforme em ações e 
serviços são elaboradas políticas de saúde específi cas pelos governantes.
As políticas de saúde devem ser defi nidas em comum acordo com a população. Para isso 
é que foram criados os Conselhos de Saúde, os quais têm a função de aprovar as políticas 
de saúde e acompanhar a sua execução, verifi cando o seu real cumprimento. Toda política 
de saúde deve obedecer aos princípios do SUS: ser universal; gratuita; igualitária; 
contar com a participação da comunidade e ser descentralizada.
O direito à saúde irá exigir do governante a defi nição de políticas que deem efetividade 
a esse direito. É através das políticas que se decidem quais os melhores programas para 
atender às necessidades da população naquele estado, naquele município, naquela região, 
naquela situação específi ca etc.
As políticas devem atender às necessidades de saúde da população; nunca podem estar 
descoladas das realidades que podem mudar periodicamente. Por isso, as políticas, muitas 
vezes, precisam ser revistas. Além disso, as políticas devem observar as dimensões popula-
cionais; a situação socioeconômica; a epidemiologia local e regional; a situação geográfi ca 
daquele município e assim por diante.
Diversas são as políticas de saúde: política da atenção básica; da atenção especiali-
zada; de urgência e emergência; de saúde mental; aids; transplante; sangue; hospitalar; 
vigilâncias, entre tantas outras.
Não podemos deixar de citar as políticas públicas de promoção de equidade em 
relação às minorias como a população negra, de rua, do campo e da fl oresta, de 
preferências sexuais diversas, as quais serão tratadas em outros fascículos deste 
curso. Você pode acessar essas políticas de saúde no site: www.saude.gov.br
As políticas devem ser executadas por todos os governos: federal, estadual e mu-
nicipal – de acordo com as suas realidades. Elas não podem estar na contramão das 
realidades estaduais, regionais e municipais. Pelo contrário, devem sempre andar em 
acordo com essas realidades.
No SUS, é o planejamento quem irá orientar a elaboração das políticas, programas e 
ações de saúde, as quais devem ser coerentes com os seus princípios e diretrizes. Nesse 
sentido, um dos princípios do SUS é a sua regionalização.
O SUS é o resultado da integração das ações e serviços dos entes federativos em rede 
regionalizada. Nesse sentido, o planejamento orientador da política deve levar em conta as 
necessidades de saúde da população na região, uma vez que nenhum município sozinho faz 
da vacina ao transplante.
ATENÇÃO
A integralidade da atenção à saúde se cumpre na região de saúde ou entre regiões 
de saúde; daí a importância de se integrar serviços para que o respeito às diferenças 
socioeconômicas municipais sejam o elemento de promoção de equidade regional.
Não seria possível determinar a um município de pequeno porte a responsabilidade 
pela realização de transplantes ou outros serviços de grande densidade tecnológica 
e que precisam ter escala para ser realizados.
Importante atentar para a seguinte diferença:

Continue navegando