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Notas de Aula ST304 - MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO 1 CESET / UNICAMP AGLOMERANTES Rogério Durante Limeira/2001 31 3 - A G L O M E R A N T E S Aglomerantes são materiais, geralmente pulverulentos, que misturados à água, formam uma pasta capaz de endurecer por secagem ou em decorrência de reações químicas. Os aglomerantes são capazes de ligar os agregados, formando um corpo sólido e coeso. A g l o m e r a n t e s A é r e o s São aqueles cujos produtos de hidratação não resistem à ação da água, como é o caso da cal aérea e do gesso. A g l o m e r a n t e s H i d r á u l i c o s São aqueles cujas reações químicas com a água de amassamento, provocam o endurecimento. Estes aglomerantes formam um produto resistente à água. Entre eles estão o cimento portland, de uso bastante difundido, e a cal hidráulica. Registros históricos indicam que a argila tenha sido o primeiro aglomerante mineral utilizado pelo homem na construção de suas edificações. Apesar de ser quimicamente inativa, a argila endurece em conseqüência da evaporação da água de amassamento, chegando a atingir alguma resistência mecânica. Contudo, depois de endurecida, em contato com umidade, a argila torna-se instável. A propriedade aglomerante da argila é devida a presença de silicatos e aluminatos. Tanto as argilas, como as rochas, são constituídas basicamente de 6 óxidos: Sílica SiO2 Alumina Al2O3 Cal CaO Magnésia MgO Óxido de Ferro Fe2O3 Óxido de Titânio (Rutilo) TiO2 Na composição das argilas e rochas podem existir outros óxidos, porém, em menor quantidades na condição de impurezas. As argilas são silicatos de alumínio hidratados complexos ou compostos de sílica e alumina. A sílica pode ser encontrada na natureza como rocha de quartzo, areia silicosa, arenito o quartzito. A alumina constitui o mineral bauxita, de onde é extraída para a fabricação do alumínio. Algumas vestígios da aplicação da argila como aglomerante no assentamento de pedras ou tijolos de barro cozido, datam dos tempos dos assírios e babilônios e ainda hoje, em localidades afastadas dos grandes centros a argila é utilizada para assentamento de tijolos, vedação de construções e produção de tijolos secos ao sol (adobe). 32 A descoberta dos aglomerantes quimicamente ativos pode ter sido acidental, por aquecimento de rochas calcárias ou gipsíferas ao redor de fogueiras; em seguida, a hidratação do material calcinado resultaria uma pasta aglomerante. O gesso, por exemplo, foi encontrado em algumas edificações egípcias; a cal foi empregada em construções egípcias, gregas, etruscas e romanas, havendo registros de sua utilização em 2700 a.C. na pirâmide de Quéops. As pozolanas (solos ou cinzas vulcânicas) eram usadas por gregos e romanos em argamassas de cal e areia, para aumentar sua resistência mecânica. 3 . 2 - C A L A cal é um aglomerante aéreo utilizado em diversos seguimentos como: construção civil, siderurgia, metalurgia, papel e celulose, tratamento de água e efluentes industriais, fabricação de vidro, açúcar, tintas, graxas, aplicações botânicas, medicinais e veterinárias. 3 .2 .1 - FABRICAÇÃO A cal é produzida a partir de rochas calcárias com elevados teores de carbonato de cálcio, como é o caso da calcita (CaCO3) e da dolomita (CaCO3 . MgCO3). Entre as impurezas encontradas nestas rochas encontram-se: quartzo, silicatos argilosos, óxidos metálicos de ferro e manganês, matéria orgânica, fosfatos, sulfetos, sulfatos, fluoretos e brucita. FORNO PARALLEL SHAFT 33 1 CALCÁRIO 2 LANÇAS DE COMBUSTÍVEL 3 ZONA DE RESFRIAMENTO 4 ZONA DE CALCINAÇÃO 5 ZONA DE RESFRIAMENTO 6 DESCARGA 7 COMPRESSOR - AR DE RESFRIAMENTO FASE 1 - FASE 2 - FASE 3 - Combustão na Cuba A Alimentação de calcário e descarga de cal Combustão na Cuba B 8 COMPRESSOR - AR E COMBUSTÍVE Após a britagem e classificação da matéria-prima passa por uma moagem e é conduzida ao forno de calcinação. CALCITA CALCINAÇÃO CAL VIRGEM + ANIDRO CARBÔNICO CaCO3 CaO + CO2 900ºC DOLOMITA CALCINAÇÃO CAL VIRGEM + ANIDRO CARBÔNICO CaCO3 . MgCO3 CaO . MgO + 2CO2 900ºC 34 Na calcinação (cozimento) do calcário, as temperaturas chegam à 900ºC, decompondo o carbonato de cálcio (CaCO3) em óxidos de cálcio (cal virgem) e anidros carbônicos (CO2). O produto resultante da calcinação, a cal virgem, deve passar por um processo de hidratação antes de ser utilizada como aglomerante. O processo de hidratação da cal virgem, também conhecido como extinção da cal, pode ser expresso pela equação seguinte: CAL VIRGEM + ÁGUA HIDRATAÇÃO CAL HIDRATADA CaO + H2O Ca(OH)2 + CALOR Da hidratação da cal virgem, obtêm-se a cal hidratada (hidróxido de cálcio) que é utilizado como aglomerante em argamassas para assentamento de blocos ou revestimento de paredes. Isto porque, na argamassa fresca, uma recombinação dos hidróxidos (Ca(OH)2) com o gás carbônico, presente na atmosfera, promove a formação de cristais de carbonato de cálcio (CaCO3) e o endurecimento da argamassa que acaba por ligar os agregados a ela incorporados. CAL HIDRATADA + CO2 CARBONATAÇÃO CARBONATO CÁLCIO + H2O Ca(OH)2 + CO2 CaCO3 + H2O 3 .2 .2 - CLASSIF ICAÇÃO Quanto à composição química a cal pode ser classificada como cálcica ou magnmesiana. CAL CÁLCICA: óx idos CaO > 75% CAL MAGNESIANA: óx idos MgO > 20% Para qualquer caso a soma dos óxidos (CaO + MgO) deve ser maior que 88% da amostra. Segundo a NBR 7175 - “Cal Hidratada para argamassas - Especificação” as cales são classificadas como segue: 35 EXIGÊNCIAS QUÍMICAS CH I CH II CH III Anidrido Carbônico (Co2) - Na Fábrica ≤ 5% ≤ 5% ≤ 13% Anidrido Carbônico (Co2) - Na Obra ≤ 7% ≤ 7% ≤ 15% Óxido não Hidratado calculado ≤ 10% Não exigido ≤ 15% Teor de Óxido Totais (CaO + MgO) ≥ 88% ≥ 88% ≥ 88% EXIGÊNCIAS FÍSICAS CH I CH II CH III Finura (% Retida Acumulada) - Peneira 0,600mm ≤ 5% ≤ 5% ≤ 13% Finura (% Retida Acumulada) - Peneira 0,075mm ≤ 7% ≤ 7% ≤ 15% Estabilidade ≤ 10% Não exigido ≤ 15% Retenção de Água ≥ 80% ≥ 80% ≥ 70% Plasticidade ≥ 110 ≥ 110 ≥ 110 Incorporação de Areia ≥ 88% ≥ 88% ≥ 88% 3 .2 .3 - PROPRIEDADES DENSIDADE APARENTE A densidade aparente das cales varia de 0,3 a 0,65, que corresponde à massa aparente de 300 a 650Kg/m3. PLASTIC IDADE Propriedade que confere fluidez à argamassa, facilitando seu espalhamento. As cales magnesianas produzem argamassas mais plásticas que as cálcicas. RETENÇÃO DE ÁGUA A retenção de água é uma propriedade muito importante, evitando a perda excessiva da água de amassamento da argamassa, por sucção, para os blocos ou tijolos. É uma medida indireta da plasticidade da cal, uma vez que cales plásticas têm alta capacidade re retenção de água, embora o inverso nem sempre seja verdadeiro. Esta propriedade é, também, importante por prolongar o tempo no estado plástico da argamassa fresca, aumentando a produtividade do pedreiro. 36 INCORPORAÇÃO DE AREIA Propriedade que expressa a facilidade da pasta de cal hidratada envolver e recobrir os grãos do agregado e, conseqüentemente, unindo os mesmos. Cales com alta plasticidade e alta retenção de água têm maior capacidade de incorporar areia. Comparativamente, o poder de incorporação de areia da cal hidratada é de 1 : 3 a 4 enquantoque, no cimento é de 1 : 2 a 2,5. Esta propriedade justifica o emprego das cales na produção de argamassas. CAPACIDDE DE INCORPORAÇÃO DE AREIA CAL HIDRATADA 1 : 3 a 4 CIMENTO PORTLAND 1 : 2 a 2,5 ENDURECIMENTO O endurecimento decorre da recarbonatação da cal hidratada pela absorção do CO2 presente na atmosfera. Espessuras de revestimento argamassado acima de 20mm podem prejudicar o processo de recarbonatação da argamassa, impedindo a efetivação das reações próximo à interface substrato x argamassa e, conseqüentemente, reduzindo a aderência do revestimento. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO O uso da cal hidratada contribui muito pouco para a resistência à compressão das argamassas. Isto 37 levou, alguns construtores a substituí-la pelo cimento portland, quando de seu aparecimento no começo do século e, só mais tarde, com a ocorrência de falhas nestas construções, verificou-se que a cal hidratada conferia às argamassas outras propriedades além de aglomerante que, não eram apresentadas pelo cimento Portland. CAPACIDADE DE ABSORVER DEFORMAÇÕES Esta propriedade é conferida à argamassa pela cal hidratada e, torna-se de grande importância quando aplicada em paredes ou lajes muito solicitadas. 3 .2 .4 - APL ICAÇÕES Na construção civil, a cal pode ser empregada para: • Produção de argamassas para assentamento de blocos • Produção de argamassas para revestimentos • Misturas solo-cal • Produção de tijolo silico-cal 38 3 . 3 - G E S S O O gesso de construção é um aglomerante aéreo, produzido a partir da calcinação do gipso, uma rocha constituída essencialmente do mineral gipsita (CaSO4 + 2H2O), sulfato de cálcio diidratado. O processo de fabricação do gesso compreende 3 Fases: • britagem da rocha • trituração • calcinação (cozimento) A calcinação da rocha a temperaturas entre 150°C e 250°C, transforma o sulfato de cálcio diidratado em hemidrato: O material resultante da calcinação é moído, resultando um pó branco e fino, que é, então, ensacado. Este gesso é conhecido como gesso calcinado ou gesso de estucador e, após misturado a água, endurece em aproximadamente 20 minutos. Hemidrato Gipsita ∆ 150°C e 250°C CaSO4 + ½H2O + 1½H2O CaSO4 + 2H2O O hemidrato, uma vez misturado à água de amassamento, se dissolve regenerando diidratos (CaSO4 + 2H2O), cuja cristalização apresenta forma de agulhas alongadas e é responsável pelo endurecimento e resistência mecânica da pasta de gesso. Como a quantidade de água tem grande influência no tempo de endurecimento, freqüentemente amassa-se o gesso com excesso de água (nunca acima de 80%) para que a pasta esteja trabalhável por um maior tempo. 3 .3 .1 - PROPRIEDADES PEGA O tempo de pega é uma das propriedades mais importantes do gesso. Se a pega for muito rápida, o preparo da pasta fica condicionado a pequenos volumes, reduzindo a produtividade do gesseiro. A queda de produtividade é acompanhada do aumento de desperdício de material. Em geral, os gessos nacionais têm início de pega entre 3 e 16 minutos e fim de pega entre 5 e 24 minutos. RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO As pastas de gesso têm resistência à compressão entre 10MPa e 27MPa. 39 DUREZA As pastas de gesso têm dureza entre 14MPa e 53MPa. ISOLAMENTO TÉRMICO E ACÚSTICO O gesso é um bom isolante térmico e acústico e tem elevada resistência ao fogo, eliminando a água de cristalização com o calor, transformando a superfície do revestimento em sulfato anidro em forma de fino pó, que protege a camada interior de gesso. ADERÊNCIA As pastas de gesso aderem bem a blocos, pedra e revestimentos argamassados. Em superfícies de madeira, sua aderência é insatisfatória e apesar de aderir bem ao aço e outros metais, estes acabam sendo corroídos pelo gesso, tanto mais facilmente quanto maior for a quantidade de água da pasta. VALORES DA TENSÃO DE ARRANCAMENTO Características do Revestimento Substrato Relação Água/gesso Espessura Média (mm) Tensão de Arrancamento CPS à tração (MPa) Alvenaria bloco cerâmico vedação 0,75 5 0,58 Alvenaria bloco concreto vedação 0,75 3 0,61 Alvenaria bloco concreto celular 0,73 2 0,14 Alvenaria bloco sílico-calcário 0,76 2 0,81 Revestimentos argamassados 1:2:9 0,69 2 1,03 Concreto estrutural com chapisco rolado 0,75 3 0,74 3 . 3 . 2 - N O R M A L I Z A Ç Ã O O gesso de construção civil é comercializado em sacos de 40Kg e deve atender aos requisitos e critérios normalizados para o gesso de construção segundo a NBR13207/94 REQUISITOS NORMALIZADOS Módulo de Finura (MF) MF < 1,10 gesso fino para revestimento e fundição MF > 1,10 gesso grosso para revestimento e fundição NBR12127/91 Massa Unitária (Kg/m2) <700 NBR12127/91 40 REQUISITOS NORMALIZADOS Início (min) Gesso fino e grosso para revestimento: >10 Gesso fino e grosso para fundição: 4 - 10 NBR12127/91 Tempo de Pega Fim (min) Gesso fino e grosso para revestimento: >45 Gesso fino e grosso para fundição: 20 - 45 Dureza > 30,0 NBR12127/91 Resistência à compressão (MPa) > 8,4 NBR12127/91 Composição Química Umidade (H2O a 45ºC) < 3% (H2O a 230ºC) < 5,2% CaO > 38% SO3 > 55% NBR12130/91 3 . 3 . 3 - A P L I C A Ç Õ E S Revestimento em forma de pasta em paredes e tetos Molduras e ornamentos Placas para forro Placas divisórias de gesso acartonado 41 3 . 4 - C I M E N T O P O R T L A N D Segundo a ASTM, cimento Portland é “um aglomerante hidráulico produzido pela moagem do clínquer, que consiste essencialmente de silicatos de cálcio hidráulicos, usualmente com uma ou mais formas de sulfato de cálcio como um produto de adição. Os clínqueres são nódulos de 5 a 25mm de diâmetro de um material sinterizado, produzido quando uma mistura de matérias-primas (farinha) de composição pré-determinada é aquecida a altas temperaturas”. O cimento Portland é um pó fino com propriedades aglomerantes, que endurece sob a ação da água. Depois de endurecido, permanece estável mesmo que submetido a ação da água e, por esta razão, é considerado um aglomerante hidráulico. Joseph Aspdin, um construtor inglês de Leeds, foi quem descobriu e patenteou o cimento Portland no ano de 1824. Aspdin escolheu este nome para sua invenção porque nesta época era muito comum o emprego da pedra de Portland, ilha situada ao sul da Inglaterra, nas edificações e, o novo cimento, após a hidratação, se assemelhava em cor e dureza à rocha calcária de Portland. 3 . 4 . 1 - F A B R I C A Ç Ã O Como os silicatos de cálcio são os principais constituintes do cimento Portland, as matérias-primas para sua produção devem fornecer cálcio e sílica em proporções adequadas. O cálcio é obtido na natureza de fontes de carbonato de cálcio, como a pedra calcária, giz, mármore e conchas do mar. A sílica é extraída preferivelmente de argilas e xistos argilosos, do que quartzos e arenitos, porque a sílica quartzítica não reage facilmente. ESQUEMA DE FABRICAÇÃO 42 As argilas contêm, também, alumina (Al2O3), óxidos de Ferro (Fe2O3) e álcalis que ajudam na formação de silicatos de cálcio a temperaturas mais baixas. Quando não estão presentes em quantidades suficientes na argila, estes são incorporados à mistura por adição de bauxita e minério de ferro. COMPOSIÇÃO QUÍMICA CARACTERÍSTICA DAS MATÉRIAS-PRIMAS PARA A MOAGEM DA FARINHA CRUA EM % CALCÁRIO ARGILA AREIA MIN. FERRO Al2O3 1,50 15,75 5,02 0,40 SiO2 4,16 64,40 88,23 7,56 Fe2O30,90 8,92 1,30 83,13 CaO 54,29 0,70 0,63 2,09 MgO 0,36 0,80 0,11 0,13 K2O - 2,79 2,66 0,08 Na2O - 0,06 0,37 0,06 Perda ao Fogo 41,00 6,14 1,00 4,92 A formação dos compostos no clínquer depende de uma boa dosagem e preparo da mistura. Para isto, os componentes são britados, moídos, dosados e misturados criteriosamente, sendo submetidos a análises laboratoriais permanentes. O pó resultante da homogeneização das matérias-primas é denominado farinha. Para produzir 1 tonelada de clínquer, são necessárias de 1,5 a 1,8 toneladas de farinha e as reações que ocorrem nos fornos podem ser resumidas como segue: CLÍNQUER ABREV. COMPOSTOS PEDRA CALCÁRIA 3CaO . SiO2 C3S ALITA CaO + CO2 2CaO . SiO2 C2S BELITA ARGILA 3CaO . Al2O3 C3A ALUMINATO SiO2 + Al2O3 + Fe2O3 + H2O 4CaO . Al2O3 . Fe2O3 C4AF FERRITA O processo de produção do cimento pode ocorrer por via úmida ou seca. No processo por via úmida, a homogeneização é feita na forma de lama, com 30 a 40% de água. Este método vem sendo abandonado pelos fabricantes de cimento, devido ao maior consumo de energia nos fornos, que em relação ao processo por via seca. No processo por via seca, a farinha obtida através da moagem das matérias-primas é homogeneizada e conduzida continuamente para o pré-aquecedor. Nesta etapa, ocorre a evaporação da água livre, água combinada e desprendimento do CO2 do calcário, liberando o CaO para reagir com os silicatos de ferro e alumínio. 43 Em seguida, o material vai para um forno rotativo , onde ocorre a clinquerização do material, uma das etapas mais importantes do processo de fabricação. O forno rotativo é uma estrutura metálica cilíndrica, revestida internamente com tijolos refratários, e nele a farinha pré-aquecida e parcialmente calcinada, entra pela extremidade superior e é transportada até a extremidade oposta a uma velocidade controlada pela inclinação e pela velocidade de rotação do forno. Em seu interior as temperaturas podem chegar a 1550ºC e as reações químicas responsáveis pela formação dos compostos do cimento Portland são completadas. SEQÜÊNCIA DE REAÇÕES DA CLINQUERIZAÇÃO TEMPERATURA (ºC) REAÇÕES Aquecimento 20 - 100 Evaporação da água livre 100 - 300 Perda da água combinada 400 - 900 Calcinação das argilas minerais, H2O e grupos OH > 500 Modificações estruturais nos silicatos 600 - 900 Dissociação dos carbonatos > 800 Formação do C2s, produtos intermediários, aluminatos e ferrita >1250 Formação da fase líquida ± 1450 Formação do C3S e C2S Resfriamento 1300 - 1240 Cristalização da fase líquida 1240 - 150 Consolidação das características dos minerais obtidos no forno PROPRIEDADES DOS COMPOSTOS COMPOSTOS FÓRMULA QUÍMICA ABREV. % NO CLÍNQUER PROPRIEDADES ALITA Silicato Tricálcio 3CaO . SiO2 C3S 50 – 65 Endurecimento rápido Alto calor de hidratação Alta resistência inicial BELITA Silicato Bicálcio 2CaO . SiO2 C2S 15 – 25 Endurecimento lento Baixo calor de hidratação Baixa resistência inicial ALUMINATO Aluminato Tricálcio 3CaO . Al2O3 C3A 6 – 10 Acelera a pega e alto calor de hidratação Suscetível ao ataque de sulfatos Aumenta a retração e reduz a resistência final FERRITA Ferro Aluminato Tetracálcio 4CaO . Al2O3 . Fe2O3 C4AF 3 – 8 Endurecimento lento Não contribui para a resistência Resistente a sulfatos e coloração escura Cal Livre CaO C 0,5 – 1,5 Admitido em pequenas quantidades. Em elevadas quantidades provocam expansibilidade e fissuração 44 Microscopia da seção polida de um nódulo de clínquer ADIÇÕES Após o resfriamento, o clínquer é moído em partículas menores que 75µm de diâmetro. Na fase de moagem, o cimento Portland recebe algumas adições, que permitem a produção de diversos tipos de cimentos disponíveis no mercado. O gesso é adicionado ao cimento com o objetivo de controlar o tempo de pega do cimento. Sem sua adição, o cimento endureceria muito rapidamente, uma vez misturado à água de amassamento, inviabilizando sua utilização. Esta é razão do gesso ser adicionado a todos os tipos cimento Portland, em geral na proporção de 3% de gesso para 97% de clínquer. As escórias de alto-forno, obtidas durante a produção do ferro-gusa, têm propriedade de ligante hidráulico muito resistente, reagindo em presença da água, com características aglomerantes muito semelhante à do clínquer. Adicionada à moagem do clínquer e gesso, em proporções adequadas, a escória de alto-forno melhora algumas propriedades do cimento, como a durabilidade e a resistência final. Os materiais pozolânicos são rochas vulcânicas ou matérias orgânicas fossilizadas encontradas na natureza, algumas argilas queimadas em temperaturas elevadas (500 a 900ºC) e derivados da queima de carvão mineral. Quando pulverizados em partículas muito finas, os materiais pozolânicos apresentam a propriedade de ligante hidráulico, porém um pouco distinta das escórias de alto-forno. É que as reações de endurecimento só ocorrem, além da água, na presença do clínquer, que em sua hidratação libera hidróxido de cálcio (Cal) que reage com a pozolana. O cimento enriquecido com pozolana adquire maior impermeabilidade. Os materiais carbonáticos são rochas moídas, que apresentam carbonato de cálcio em sua constituição tais como o próprio calcário. Tal adição torna os concretos e argamassas mais trabalháveis e quando presentes no cimento são conhecidos como fíler calcário. 45 3 . 4 . 2 - P R O P R I E D A D E S F INURA A finura do cimento influência a sua reação com a água e quanto mais fino o cimento mais rápido ele reagirá e maior será a resistência à compressão, principalmente nos primeiros dias. Além disso, uma maior finura diminui a exsudação, aumenta a impermeabilidade, a trabalhabilidade e a coesão dos concretos. Por outro lado, a finura aumenta o calor de hidratação e a retração, tornando os concretos mais sensíveis à fissuração. A finura pode ser aumentada através de uma moagem mais intensa, porém, o custo de moagem e o calor de hidratação, estabelecem os limites de finura. Os ensaios para a avaliação da finura do cimento podem ser complexos e onerosos, como é o caso dos ensaios de sedimentação, difratometria por laser, etç. . Esta avaliação pode ser obtida conhecendo-se algumas características dos ramos inferior e superior da amostra. Para isto, utilizam- se dois ensaios: peneiramento através da peneira ABNT 75µm (0,075mm) e área específica. EXPANSIB IL IDADE Se em sua constituição, o cimento apresentar cal livre o magnésia livre em teores elevados, estes compostos combinar-se-ão com a água, produzindo Ca (OH)2 e Mg (OH)2 . Estas reações provocam aumento de volume e, em conseqüência, um concreto com este cimento teria fissuração excessiva. TEMPO DE PEGA É o momento em que a pasta de cimento adquire certa consistência que a torna imprópria a um trabalho. Este conceito aplica-se também a argamassas e concretos. O tempo de pega é uma propriedade importante, uma vez que determinará o prazo para a aplicação de pastas, argamassas e concretos com plasticidade e trabalhabilidade adequadas. Para controlar o tempo de pega, é adicionado o gesso (CaSO4 . 2H2O) na moagem do cimento, cujo controle é feito através do teor de SO3. Em alguns casos, a mistura em que o cimento está sendo empregado (pasta, argamassa ou concreto) pode perder a plasticidade com um tempo menor que o previsto, e com uma nova mistura na betoneira, sua plasticidade inicial é recuperada. Isto ocorre quando, na moagem do cimento, a temperatura ultrapassa 128ºC, provocando uma dissociação do Sulfato de Cálcio do gesso,interferindo nas características do seu efeito retardador de pega. CALOR DE H IDRATAÇÃO As reações de hidratação dos compostos do cimento Portland são exotérmicas. Em algumas situações o calor de hidratação pode ser um problema, como por exemplo, em estruturas de concreto massa; em outras pode ser um componente positivo, como é o caso de concretagens durante o inverno, quando a temperatura ambiente é baixa para fornecer energia de ativação para as reações de hidratação. A quantidade de calor gerado depende da composição química do cimento, quantidade e tipo de adições, finura, etç. . 46 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO A resistência à compressão do cimento Portland é medida através da ruptura de corpos de prova cilíndricos Ø50mm x 100mm, com traços normalizados areia padrão IPT. Os cimentos, de acordo com sua composição e finura têm curvas Resistência x Idade distintas, que determinam seu emprego em determinados serviços. 3 . 4 . 3 - T I P O S D E C I M E N T O P O R T L A N D Na designação dos cimentos, as iniciais CP correspondem a abreviatura de Cimento Portland, e são seguidas dos algarismos romanos de I a V, conforme o tipo de cimento, sendo a classe expressa por números (25, 32 e 40) que indicam a resistência à compressão do corpo-de-prova padrão, em MPa. Conforme a composição e as adições feitas em sua produção, os cimentos Portland podem ser classificados conforme segue: CIMENTO PORTLAND COMUM O Cimento Portland Comum (CP I) é produzido sem quaisquer adições além do gesso, que é utilizado para regularizar a pega. CIMENTO PORTLAND COMPOSTO As pesquisas tecnológicas indicaram, com o tempo, que cimentos antes classificados como especiais, em razão de adições de escória de alto-forno, pozolana e material carbonático, tinham desempenho equivalente ao do cimento Portland comum. Depois de conquistado bons resultados na Europa o Cimento Portland Composto (CP II) surgiu no mercado brasileiro (1991). O CP II, trata-se de um cimento com composição intermediária entre os Cimento Portland Comum e o Cimento Portland com adição de escória ou pozolana. Atualmente, os cimentos Portland compostos respondem por 70% da produção industrial brasileira, sendo utilizados na maioria das aplicações usuais, em substituição ao antigo CP. CIMENTO PORTLAND DE ALTO FORNO O Cimento Portland Alto-Forno (CP III) é obtido pela adição de escória granulada de alto forno. As escórias apresentam propriedades hidráulicas latentes. Mas as reações de hidratação da escória são muito lentas e, para que seu emprego seja possível são necessários ativadores físicos e químicos. A ativação física obtém-se com a finura, decorrente da moagem da escória separada ou conjuntamente com o clínquer. 47 CIMENTO PORTLAND POZOLÂNICO O Cimento Portland Pozolânico (CP IV) é obtido pela adição de pozolana ao clínquer. Ao contrário da escória, a pozolana não reage com a água em seu estado natural. Quando finamente moída, reage com o hidróxido de cálcio em presença de água e em temperatura ambiente, dando origem a compostos com propriedades aglomerantes. CIMENTO PORTLAND DE ALTA RESISTÊNCIA IN IC IAL O Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (CP V-ARI) tem a propriedade de atingir altas resistências já nos primeiros déias após a aplicação. Isto é possível pela utilização de uma dosagem específica de calcário e argila na produção do clínquer, além de uma moagem mais fina para que o cimento, ao reagir com a água, adquira elevadas resistências com maior velocidade. COMPOSIÇÃO DOS CIMENTOS PORTLAND Composição (% de massa) Tipo de Cimento Portland Sigla Clínquer + Gesso Escória de Alto-Forno (E) Material Pozolânico (Z) Material Carbonático (F) Norma CPI 100 - COMUM CPI-S 99 - 95 1 - 5 NBR5732 CPII-E 94 - 56 6 - 34 0 - 10 CPII-Z 94 - 76 - 6 - 14 0 - 10 COMPOSTO CPII-F 94 - 90 - - 6 - 10 NBR11578 ALTO-FORNO CPIII 65 - 25 35 - 70 - 0 - 5 NBR5735 POZOLÂNICO CPIV 85 - 45 - 15 - 50 0 - 5 NBR5736 ALTA RESISTÊNCIA INICIAL CPV- ARI 100 - 95 - - 0 - 5 NBR5733 48 Evolução da resistência média à compressão dos diferentes tipos de cimento Portland 3 . 4 . 4 - C I M E N T O S E S P E C I A I S C IMENTO PORTLAND RESISTENTES A SULFATOS Estes cimentos resistem aos meios agressivos, tais como os encontrados nas redes de esgotos domésticos ou industriais, água do mar e alguns tipos de solos. Qualquer um dos 5 tipos de cimento Portland podem ser considerados resistentes a sulfatos, desde que apresentem pelo menos uma das características abaixo: • teor de aluminato tricálcio (C3A) do clínquer e teor de adições carbonáticas de, no máximo, 8% e 5% em massa, respectivamente. • Cimentos do tipo alto-forno que contiverem entre 60% e 70% de escória granulada de alto- forno, em massa. • Cimentos do tipo pozolânico que contiverem entre 25% e 40% de material pozolânico, em massa. • Cimentos que tiverem antecedentes de resultados de ensaios de longa duração que comprovem resistência aos sulfatos. CIMENTO PORTLAND DE BAIXO CALOR DE H IDRATAÇÃO Em concretagens de estruturas que consomem grandes volumes de concreto continuamente, o calor produzido pela hidratação do cimento poder causar o aparecimento de fissuras de origem térmica. Nestes casos, recomenda-se o emprego de cimentos com taxas lentas de evolução de calor, chamados cimentos Portland de baixo calor de hidratação. Segundo a NBR13116, estes cimentos geram até 260J/g e até 300J/g aos 3 dias e 7 dias, respectivamente, podendo ser qualquer um dos 5 tipos básicos. 49 CIMENTO PORTLAND BRANCO O cimento Portland branco é obtido através de matérias-primas com baixos teores de óxidos de ferro e manganês, além de condições especiais de fabricação, principalmente durante o resfriamento e a moagem. No Brasil o cimento Portland branco é normalizado pela NBR12989, sendo classificado conforme a tabela abaixo: COMPOSIÇÃO DOS CIMENTOS PORTLAND BRANCO Composição (% de massa) Norma Tipo de Cimento Portland Identificação (Sigla + Classe) Clínquer + Gesso Material Carbonático (F) CPB-25 CPB-32 Branco Estrutural CPB-40 100-75 0-25 Branco não Estrutural CPB 74-50 26-50 NBR12989 O cimento Portland branco estrutural é utilizado em concretos brancos com fins arquitetônicos. O cimento Portland branco não estrutural é aplicado no rejuntamento de pisos e azulejos, na fabricação de ladrilhos hidráulicos, e outras aplicações não estruturais. CIMENTO PARA POÇOS PETROLÍFEROS O cimento para poços petrolíferos é um tipo de cimento Portland bastante específico, utilizado na cimentação de poços petrolíferos. Sua composição é constituída de clínquer e gesso para retardar o tempo de pega e em sua fabricação são tomadas precauções especiais para garantir as plasticidade em condições ambientes de elevadas pressões e temperaturas. 50 NOMENCLATURA DOS CIMENTOS PORTLAND Nome Técnico Sigla Classe Identificação Cimento Portland Comum CP I 25 32 40 CP I-25 CP I-32 CP I-40 Cimento Portland Comum (NBR 5732) Cimento Portland Comum com Adição CP I-S 25 32 40 CP I-S-25 CP I-S-32 CP I-S-40 Cimento Portland Composto com Escória CP II-E 25 32 40 CP II-E-25 CP II-E-32 CP II-E-40 Cimento Portland Composto com Pozolana CP II-Z 25 32 40 CP II-Z-25 CP II-Z-32 CP II-Z-40 Cimento Portland Composto (NBR 11578) Cimento Portland Composto com Fíler CP II-F 25 32 40 CPII-F-25 CP II-F-32 CP II-F-40 Cimento Portland de Alto-Forno (NBR 5735) CP III 25 32 40 CP III-25 CP III-32 CP III-40 Cimento Portland Pozolânico (NBR 5736) CP IV 25 32 CP IV-25 CP IV-32 Cimento Portland de Alta Resistência Inicial (NBR 5733) CP V-ARI - CP V-ARI Cimento Portland Resistente aos Sulfatos (NBR 5737) - 25 32 40 Sigla e classe dos tipos originais acrescidos do sulfixo RS. Exemplo: CP I-32RS, CP II-F-32RS, CP III-40RS Cimento Portland de Baixo Calor de Hidratação (NBR 13116) - 25 32 40 Sigla e classe dos tipos originais acrescidos do sulfixo BC. Exemplo: CP I-32BC, CP II-F-32BC, CP III-40BC Cimento Portland Branco Estrutural CPB 25 32 40 CPB-25 CPB-32 CPB-40 Cimento Portland Branco (NBR 12989) Cimento Portland Branco Não Estrutural CPB - CPB Cimento para Poços Petrolíferos (NBR 9831) CPP G CPP - classe G 51 3 . 4 . 5 - E X I G Ê N C I A S F Í S I C A S E Q U Í M I C A S Os quadros a seguir mostram as exigências físicas e químicas dos diferentes tipos de cimentos: EXIGÊNCIAS FÍSICAS E MECÂNICAS Finura Tempos de pega Expansibilidade Resistência à Compressão (MPa) Tipo de Cimento Portland Classe Resíduo peneira 75mm (%) Área específica (m2/Kg) Início (h) Fim (h) A frio (mm) A quente (mm) 1 dia 3 dias 7 dias 28 dias 91 dias 25 ≥ 240 ≥ 8,0 ≥ 15,0 ≥ 25,0 32 ≤ 12,0 ≥ 260 ≥ 10,0 ≥ 20,0 ≥ 32,0 CP I CP I-S 40 ≤ 10,0 ≥ 280 ≥ 1 ≤ 10(1) ≤ 5(1) ≤ 5 - ≥ 15,0 ≥ 25,0 ≥ 40,0 - CP II-E 25 ≥ 240 ≥ 8,0 ≥ 15,0 ≥ 25,0 CP II-Z 32 ≤ 12,0 ≥ 260 ≥ 10,0 ≥ 20,0 ≥ 32,0 CP II-F 40 ≤ 10,0 ≥ 280 ≥ 1 ≤ 10(1) ≤ 5(1) ≤ 5 - ≥ 15,0 ≥ 25,0 ≥ 40,0 - 25 ≥ 8,0 ≥ 15,0 ≥ 25,0 ≥ 32,0(1) 32 ≥ 10,0 ≥ 20,0 ≥ 32,0 ≥ 40,0(1)CP III(2) 40 ≤ 8,0 - ≥ 1 ≤ 12(1) ≤ 5(1) ≤ 5 - ≥ 12,0 ≥ 23,0 ≥ 40,0 ≥ 48,0(1) 25 ≥ 8,0 ≥ 15,0 ≥ 25,0 ≥ 32,0 CP IV(2) 32 ≤ 8,0 - ≥ 1 ≤ 12(1) ≤ 5(1) ≤ 5 - ≥ 10,0 ≥ 20,0 ≥ 32,0 ≥ 40,0 CP V-ARI ≤ 6,0 ≥ 300 ≥ 1 ≤ 10(1) ≤ 5(1) ≤ 5 ≥ 14,0 ≥ 24,0 ≥ 34,0 - - (1) Ensaio Facultativo (2) Outras características podem ser exigidas, como calor de hidratação, inibição da expansão devida à relação álcali- agregado, resistência a meios agressivos, tempo máximo de início de pega. EXIGÊNCIAS QUÍMICAS Tipo de Cimento Portland Resíduo Insolúvel (%) Perda ao Fogo (%) MgO (%) SO3 (%) CO2 (%) S (%) ≤ 1,0 ≤ 2,0 ≤ 1,0 - CP I CP I-S ≤ 5,0 ≤ 4,5 ≤ 6,5 ≤ 4,0 ≤ 3,0 - CP II-E ≤ 2,5 - CP II-Z ≤ 16,0 - CP II-F ≤ 2,5 ≤ 6,5 ≤ 6,5 ≤ 4,0 ≤ 5,0 - CP III(2) ≤ 1,5 ≤ 4,5 - ≤ 4,0 ≤ 3,0 ≤ 1,0(1) CP IV(2) (3) ≤ 4,5 ≤ 6,5 ≤ 4,0 ≤ 3,0 - CP V-ARI ≤ 1,0 ≤ 4,5 ≤ 6,5 ≤ 3,0 ≤ 4,5(4) ≤ 3,0 - (1) Ensaio Facultativo (2) NBR5752 e NBR5753 (3) O teor de material pozolânico deve ser determinado pelo ensaio de resíduo insolúvel. (4) O teor de SO3 igual a 3,5% aplica-se quando C3A 8,0 e, 4,5% quando C3A 8, . 52 3 . 4 . 6 - A P L I C A Ç Õ E S O quadro a seguir, apresenta os diversos tipos de aplicações dos diferentes tipos de cimentos: APLICAÇÕES DOS CIMENTOS Aplicação Tipo de cimento Argamassa de assentamento e revestimento de tijolos e blocos Comum, Composto, Alto-Forno e Pozolânico Argamassa de assentamento de azulejos e ladrilhos Comum, Composto e Pozolânico Argamassa de rejuntamento de azulejos e ladrilhos Branco Concreto magro Comum, Composto, Alto-Forno e Pozolânico Concreto simples Comum, Composto, Alto-Forno e Pozolânico Concreto armado Comum, Composto, Alto-Forno, Pozolânico, Alta Resistência Inicial e Branco Estrutural Concreto protendido com protensão antes da concretagem Comum, Composto, Alta Resistência Inicial e Branco Estrutural Concreto protendido com protensão após a cura do concreto Comum, Composto, Alto-Forno, Pozolânico, Alta Resistência Inicial e Branco Estrutural Concreto armado com desforma rápida, cura úmida ou produto químico Alta Resistência Inicial, Comum, Composto, Alto-Forno, Pozolânico e Branco Estrutural Concreto armado com desforma rápida, cura vapor ou térmica Comum, Composto, Alto-Forno, Pozolânico, Alta Resistência Inicial e Branco Estrutural Elementos pré-moldados de concreto com cura úmida Comum, Composto, Alto-Forno, Pozolânico, Alta Resistência Inicial e Branco Estrutural Elementos pré-moldados de concreto para desforma rápida com cura úmida Alta Resistência Inicial, Comum, Composto e Branco Estrutural Elementos pré-moldados de concreto para desforma rápida com cura a vapor ou térmica Comum, Composto, Alto-Forno, Pozolânico, Alta Resistência Inicial e Branco Estrutural Pavimento de concreto simples ou armado Comum, Composto, Alto-Forno e Pozolânico Pisos industriais de concreto Comum, Composto, Alto-Forno, Pozolânico e de Alta Resistência Inicial Concreto arquitetônico Branco Estrutural Argamassa armada Comum, Composto, Alta Resistência Inicial e Branco Estrutural Solo-cimento Comum, Composto, Alto-Forno e Pozolânico Argamassas e concretos para meios agressivos (água do mar e esgotos) Alto-Forno, Pozolânico e Resistente a Sulfatos Concreto-massa Alto-Forno, Pozolânico e de Baixo Calor de Hidratação Concreto com agregados reativos Comum, Composto, Alto-Forno e Pozolânico 53 3 . 4 . 7 - R E C E B I M E N T O E E S T O C A G E M O cimento é um produto perecível que em contato com umidade endurece perdendo suas propriedades antes do uso. Cuidados no recebimento e estocagem do material são essenciais para a garantir concretos e argamassas de boa qualidade. O cimento é comercializado a granel, para usinas de concreto, fábricas de pré-moldados e grandes obras; no varejo, é fornecido em embalagens (papel Kraft) de 50Kg. Estas embalagens não podem estar furadas, rasgadas ou molhadas e devem trazer o nome do fabricante, o tipo do cimento, a sigla, a massa líquida do saco e o selo de conformidade da ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland). No recebimento, além dos aspectos visuais da embalagem, devem ser observados a massa dos sacos e se o cimento não está empedrado. 54 Q U E S T I O N Á R I O 1. O que são aglomerantes e qual a diferença entre aglomerantes aéreos e aglomerantes hidráulicos? 2. Explique detalhadamente como se fabrica a cal hidratada. 3. É correto afirmar que a cal hidratada é um aglomerante hidráulico? Explique. 4. Cite e explique 4 propriedades da cal hidratada. 5.O endurecimento de uma argamassa composta por cal, é conseqüência da carbonatação da cal na presença do CO2 da atmosfera, como mostra a equação abaixo. Que fator pode dificultar a carbonatação num revestimento com argamassa de cal? CAL HIDRATADA + CO2 CARBONATAÇÃO CARBONATO CÁLCIO + H2O Ca(OH)2 + CO2 CaCO3 + H2O 6. Explique qual a importância da propriedade de retenção de água da cal nas argamassas. 7. Explique como é fabricado o gesso de construção. 8. Cite algumas aplicações do gesso na construção civil. 9. Cite e explique 4 propriedades da do gesso de construção. 10. Dê a definição de cimento Portland e explique por que tem o mesmo este nome? 11. Explique esquematicamente como é fabricado o cimento Portland, indicados as matérias-primas de cada uma das etapas de fabricação. 12. Qual o nome dá-se ao material de forma arredondada resultante do resfriamento do produto obtido do forno de produção de cimento? 13. Qual a influência dos compostos resultantes da clinquerização, na hidratação do cimento? (use o quadro abaixo para a resposta). COMPOSTOS FÓRMULA QUÍMICA ABREV. PROPRIEDADES ALITA Silicato Tricálcio 3CaO . SiO2 C3S BELITA SilicatoBicálcio 2CaO . SiO2 C2S ALUMINATO Aluminato Tricálcio 3CaO . Al2O3 C3A FERRITA Ferro Aluminato Tetracálcio 4CaO . Al2O3 . Fe2O3 C4AF 14. Quais são os 5 principais tipos de cimento Portland existentes e o que os diferencia? 15. Por que motivo adiciona-se gesso na fabricação do cimento Portland? 55 Bibliografia: 1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND - Agregados para concreto, São Paulo, 1995. 2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND - Guia básico de utilização do cimento Portland, São Paulo, 1997. 3. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND - Armazenamento de cimento ensacado, São Paulo. 4. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND - Manual de ensaios de: agregados, concreto fresco e concreto endurecido, São Paulo, 2000. 5. BAUER, L.A. - Materiais de Construção 1. 3ª ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Ltda., 1988. 6. CENTRO DE TECNOLOGIA DE EDIFICAÇÕES - Qualidade na Aquisição de Materiais e Execução de Obras. São Paulo: Editora Pini, 1996. 7. GUIMARÃES, José E. P. - A cal. São Paulo: Editora Pini, 1997. 8. MEHTA, Povindar Kumar – Concreto: estrutura, propriedades e materiais. São Paulo: Editora Pini, 1994. 9. PETRUCCI, Eládio G. R. - Materiais de Construção. 11ª ed. São Paulo: Editora Globo, 1998. 10. PFEIL, Walter. - Estruturas de Madeira. 5ª ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Ltda., 1989. 11. RIPPER, Ernesto - Manual Prático de Materiais de Construção. São Paulo: Editora Pini, 1995. 56
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