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Legislação Aplicada ao SUS

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1
 
 
 
 
 
 
 
1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ORGANIZAÇÃO DO 
SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL E A CONSTRU-
ÇÃO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) – 
PRINCÍPIOS, DIRETRIZES E ARCABOUÇO LEGAL. 
 
SAÚDE NO BRASIL: TRAJETÓRIAS DE UMA POLÍTICA ASSISTENCIAL 
Ângelo Giuseppe Roncalli da Costa Oliveira 
Elizabethe Cristina Fagundes de Souza 
Introdução 
"A saúde é um direito de todos e um dever do Estado". Esta frase, cu-
nhada na atual Constituição Brasileira (1988) pode ser considerada como a 
representação de uma das maiores conquistas da sociedade brasileira no 
campo das políticas sociais. 
 
Mas por que, somente em 1988 este direito foi conquistado? Por que a 
saúde deve ser direito de todos? Por que o Estado tem que suprir seus 
cidadãos com assistência à saúde? E, mais ainda, por que isto não está 
acontecendo no Brasil? 
 
Como sabemos, a saúde do brasileiro vai mal, e aliado a isso, um sem 
número de indicadores sociais coloca o Brasil numa das mais vergonhosas 
posições no cenário mundial. Ocupamos há vários anos o posto de número 
um do mundo em pior distribuição de renda, ou seja, o fosso entre os muito 
ricos e os muito pobres é cada dia maior. Convivemos com doenças há 
muito erradicadas em outras nações, temos uma taxa de analfabetismo 
altíssima (cerca de 28 milhões de pessoas não sabem ler), mais de dois 
terços da população não dispõe de renda suficiente para assegurar o 
acesso a condições dignas de vida. Sessenta em cada mil crianças que 
nascem, morrem antes de completar um ano de vida e perto de trinta e dois 
milhões de brasileiros passam fome. 
 
Inúmeras razões podem ser apontadas como causas deste quadro as 
quais, em sua maioria têm sua discussão mais aprofundada situada além 
dos limites deste texto. É fato, contudo, que as condições de saúde de uma 
população são um reflexo de como são estabelecidas as relações entre o 
Estado e a sociedade. Uma das formas de expressão dessa relação Esta-
do-sociedade são as Políticas Sociais, nas quais estão incluídas as Políti-
cas de Saúde. 
 
Neste sentido, para que seja possível compreender o quadro atual da 
saúde no Brasil, torna-se necessário definir todos estes termos, bem como 
nos remetermos às determinações históricas de todo esse processo. 
 
O ESTADO E AS POLÍTICAS SOCIAIS 
Numa definição bastante simples, o Estado pode ser considerado como 
a expressão maior de organização política da sociedade. O Estado surge, 
pois, como um aperfeiçoamento da relação entre as pessoas de uma 
sociedade. Não é sinônimo de governo, como é comumente confundido, 
mas compreende todas as formas de gerência e de controle da sociedade, 
aí incluídos os conceitos de território, instituições e, também, o próprio 
governo. Este, por seu turno, compreende um conjunto coordenado de 
pessoas que controlam os cargos de decisão política e dão a direção 
principal ao Estado num momento determinado. 
 
Em princípio, o Estado existe para promover o bem comum, ou seja, 
desde que as primeiras pessoas se organizaram em comunidades e defini-
ram uma série de regras de convivência, tinham em mente este princípio 
norteador. Hoje as formas de organização social estão bem mais comple-
xas e o Estado, na forma como o conhecemos hoje, é relativamente novo: o 
chamado Estado Moderno surgiu somente no século XVIII. 
 
Com a expansão do modo de produção capitalista, as sociedades se 
organizaram em basicamente dois grupos: os patrões e os trabalhadores 
(empregados), estes, detentores da força de trabalho e aqueles proprietá-
rios dos meios de produção. Nesta forma de organização da produção, o 
indivíduo sobrevive através de um emprego e a própria forma de vida o 
impede de cuidar dos velhos e doentes, pois deve trabalhar para viver. 
 
Assim, o princípio da prestação de assistência aos menos favorecidos, 
pelo Estado, é o da solidariedade. É como se a sociedade fosse uma 
grande família onde todos colaboram mutuamente e quem pode mais ajuda 
a quem pode menos. É fácil identificar este princípio numa das formas de 
assistência mais comuns do Estado: a Previdência Social. Este sistema é 
organizado em nome da solidariedade social, ou seja, os jovens aparecem 
contribuindo para a aposentadoria dos velhos, para o tratamento dos doen-
tes, os empregados para os desempregados, os ativos para os inativos e 
assim por diante. 
 
Desta forma, a partir dos princípios de colaboração, proteção social, 
harmonia e paz social, foram delineadas as diversas formas de relação 
entre o Estado e os seus cidadãos. A magnitude da oferta de benefícios à 
população varia, pois, de acordo com a forma como o Estado é organizado 
política e economicamente. Algumas formas de organização de corte mais 
liberal (os Estados Unidos são um exemplo) defendem que o Estado deve 
restringir sua ação aos mais carentes. No caso da saúde, os serviços 
gratuitos são restritos apenas aos velhos e pobres e a grande maioria paga 
pela prestação de serviços de saúde. Na maioria dos países capitalistas 
europeus, contudo, o princípio é o da igualdade e não da solidariedade. 
Assim o Estado dispõe de uma política de seguridade social que garante 
serviços e benefícios ao cidadão desde o nascimento até sua morte. Este 
"acesso geral" à educação, saúde e justiça, existente na Europa, decorre 
de direitos estabelecidos e se justifica em nome da cidadania. "O cidadão é 
um sujeito de direitos sociais que tem igualdade de tratamento perante as 
políticas sociais existentes". Este tipo de organização estatal, no âmbito das 
políticas sociais, é conhecido com Welfare State ou Estado de Bem -Estar 
Social. 
 
Uma vez que a saúde pode ser considerada como uma das formas de 
expressão das políticas sociais e tendo em vista que essas políticas podem 
ser encaradas de diferentes formas nas várias organizações sociais, é 
conveniente discutir: a saúde é, portanto, um dever do Estado e um direito 
do cidadão? 
 
É preciso, primeiramente, definir o que é direito à saúde. A noção des-
se direito vem sendo difundida já há algum tempo como um componente da 
doutrina dos direitos humanos. Isto quer dizer que "todo indivíduo, indepen-
dente da cor, situação sócio-econômica, religião e credo político, deve ter 
sua saúde preservada". Deste modo, torna-se necessário um esforço social 
"visando a mobilização dos recursos necessários para promoção, proteção, 
recuperação e reabilitação da saúde". Num raciocínio simplista, a saúde 
não pode ser colocada no mesmo plano de quaisquer outras formas de 
direito, uma vez que é uma condição de sobrevivência e manutenção da 
espécie. A sociedade e, portanto, suas formas de gerência e controle como 
é o Estado, tem a obrigação de preservar a saúde de todos. 
 
Contudo, é importante não confundir direito à saúde com direito à as-
sistência à saúde. Como sabemos, a saúde é resultante das condições 
objetivas de existência, ou seja, resulta das condições de vida biológica 
social e cultural e, particularmente, das relações que os homens estabele-
cem entre si e com a natureza, através do trabalho. A saúde, portanto, deve 
ser mantida através de mecanismos que incrementem a qualidade da vida, 
e não somente da assistência. Isso exige uma articulação de todos os 
setores sociais e econômicos e, desta forma, o direito à saúde não seria o 
pressuposto que apenas nortearia as políticas setoriais de saúde, mas seria 
"um elo integrador que teria de permear todas as políticas sociais do Estado 
e balizar a elaboração e a implementação das políticas econômicas". Isto 
significa uma ação articulada com todo o conjunto de políticas sociais mais 
amplas como as relativas ao emprego, moradia, saneamento, alimentação, 
educação etc. 
 
Este raciocínio, todavia, não visa diminuir a importância das políticas 
de assistência à saúde, muito pelo contrário. Os serviços de saúde têm 
uma grande responsabilidadena manutenção da saúde dos cidadãos e a 
defesa de um serviço que seja igualitário, eficaz e resolutivo deve fazer 
parte da defesa pela democracia. 
 
ApostilasBrasil.com
2
Neste capítulo, portanto, discutiremos, principalmente, como se deu, 
historicamente, a implementação das políticas de assistência à saúde no 
Brasil. Tal conhecimento é fundamental para compreendermos o estado 
atual em que se encontra a prestação de serviços de saúde no país. Não 
pretendemos, contudo, e nem seria possível, esgotar o assunto, mas ape-
nas apresentar algumas noções a respeito do tema que deve ser aprofun-
dado a partir da literatura recomendada no final do capítulo. 
 
POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL 
Até fins do século passado, o Estado brasileiro não tinha uma forma de 
atuação sistemática sobre a saúde de seus habitantes; apenas esporadi-
camente atuava de forma pontual em situações de epidemias. 
 
A economia brasileira na virada do século era essencialmente agrícola 
e as divisas necessárias para o crescimento do país advinham principal-
mente da exportação de produtos da agricultura, em especial a cafeeira e a 
açucareira. 
 
Assim, o foco da atenção do governo brasileiro se situava, estrategi-
camente, nos chamados "espaços de circulação de mercadorias", ou seja, 
as estradas e os portos, principalmente os do Rio de Janeiro e de Santos. 
Além disso, era importante para o Estado criar condições para incrementar 
a política de imigração, incentivando a incorporação de mão-de-obra imi-
grante para as culturas cafeeiras. Nesse sentido foram tomadas as primei-
ras providências pelo então presidente Rodrigues Alves que, em 1902, 
lança o programa de saneamento do Rio de Janeiro e o combate à febre 
amarela urbana em São Paulo. 
 
Portanto, as primeiras iniciativas do governo no campo da atenção à 
saúde se dão a partir de interesses puramente mercantis. As regiões que 
não tinham importância estratégica para a economia do país ficavam resig-
nadas à própria sorte em termos de práticas sanitárias. Não se pode dizer, 
então, que à essa altura se tinha uma política nacional de saúde pública, 
com objetivos claros de melhorar as condições de vida da população. 
 
O primeiro marco da atuação do governo federal na saúde se deu so-
mente em 1923 com a criação do Departamento Nacional de Saúde Públi-
ca. Foram então definidas as áreas de atuação do governo na saúde: o 
saneamento urbano e rural, a propaganda sanitária, as higienes infantil, 
industrial e profissional, as atividades de supervisão e fiscalização, a saúde 
dos portos e o combate às endemias rurais. 
 
Estas eram ações que se davam no campo coletivo, ou seja, as cha-
madas ações de saúde pública. No campo da assistência individual, ainda 
inexistiam práticas de assistência à saúde e a atenção médica e odontoló-
gica ainda era essencialmente liberal, ou seja, financiada pelos próprios 
indivíduos. 
 
Contudo, ainda em 1923, com a Lei Elói Chaves, é criado o primeiro 
embrião do que hoje conhecemos como previdência social: as Caixas de 
Aposentadorias e Pensões (CAPs). As CAPs eram organizadas por empre-
sas e mantidas e geridas pelos patrões e empregados. Seu surgimento 
obedeceu também à mesma lógica: as empresas que eram estratégicas 
para a economia nacional fundaram suas caixas. As primeiras foram as dos 
trabalhadores das companhias de via férrea e portuários. Funcionavam 
como uma espécie de seguro social (tem direito aquele que paga contribui-
ção) que garantiria certos benefícios como a aposentadoria e, principalmen-
te a assistência médica. Como tinham caráter privado, ou seja, eram manti-
das por empresas, ainda não se configuravam como iniciativas do Estado, 
muito embora os presidentes das Caixas fossem nomeados pelo Presidente 
da República e houvesse um interesse claro do governo na manutenção 
deste sistema. 
 
Entretanto, com o crescimento das CAPs (em 1930 já existiam 47 de-
las, cobrindo mais de 140 mil associados), são criados os Institutos de 
Aposentadorias e Pensões (IAPs), onde a participação do Estado já se dá 
de forma mais clara. A contribuição passa a ser tripartite, entrando o Estado 
como contribuinte. Os IAPs passam a se organizar por categorias e o 
primeiro a surgir é o dos marítimos (IAPM) em 1933, seguido dos comerciá-
rios e dos bancários em 1934. Enquanto as CAPs privilegiavam a assistên-
cia médica como um dos principais benefícios, os IAPs, já com a participa-
ção do governo e, portanto, com uma política mais contencionista, privilegi-
am a previdência social, mantendo a assistência médica num segundo 
plano. 
 
Em resumo, o que se observa, nos primórdios da ação governamental 
na saúde, no Brasil, é que as ações de caráter coletivo, como imunização, 
controle de epidemias e saneamento se dão no campo da saúde pública, 
com uma vinculação clara com a conjuntura econômica vigente. As ações 
de assistência à saúde a nível individual começaram a partir da estrutura-
ção da previdência social, vinculando a assistência médica ao princípio do 
seguro social e colocando-a no mesmo plano de benefícios como as apo-
sentadorias, pensões por invalidez etc. Este é um aspecto extremamente 
importante, pois foi a partir desse modelo de prestação de serviços de 
saúde que se chegou ao quadro caótico que hoje temos na saúde. 
 
O que se observou a partir da criação dos IAPs, foi uma crescente cen-
tralização das ações de saúde no âmbito federal. Era de interesse do 
governo criar um sistema de seguro social que garantisse a integridade do 
novo foco de atenção das ações do governo: o corpo do trabalhador. Expli-
ca-se: com o crescimento da industrialização, o modelo agro-exportador 
passa a não ser mais hegemônico, deslocando-se a necessidade de sanear 
os espaços de circulação de mercadorias para a atuação sobre o corpo do 
trabalhador, a fim de manter e restaurar sua capacidade produtiva. A con-
juntura política da época se caracterizava pelo Estado populista, onde 
diversas outras medidas foram tomadas, dentro das políticas sociais, no 
sentido mais de cooptar as categorias de trabalhadores que, a cada dia, 
avançavam em sua organização, e menos de responder aos problemas 
estruturais de vida daqueles trabalhadores. É criada, então, durante o 
governo Vargas, a legislação trabalhista, a montagem do sistema previden-
ciário, a regulação das relações sindicais etc. 
 
A medida que este sistema crescia, tornava-se cada vez mais centrali-
zado no Estado e ficava mais clara a dicotomia entre as ações de saúde 
pública e a assistência médica. Como discutido anteriormente, a institucio-
nalização das ações de saúde pública se deu na forma de uma centraliza-
ção crescente em torno do governo, sendo este modelo predominante até 
1960 e permanecendo praticamente inalterado até os dias atuais. A partir 
do final da década de 50, a Medicina Previdenciária, torna-se cada vez 
mais importante para o Estado, conquistando espaço e assumindo sua 
predominância em meados dos anos 60 quando se dá a unificação de 
todos os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs) numa única institui-
ção estatal: o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). 
 
A criação do INPS consolidou o modelo brasileiro de seguro social e de 
prestação de serviços médicos. O direito à assistência à saúde não era 
uma condição de cidadania, mas uma prerrogativa dos trabalhadores que 
tinham carteira assinada e, portanto, contribuíam com a previdência. 
 
Com o advento do regime militar após 1964, uma gigantesca estrutura 
foi criada em torno da Previdência Social, com uma clara vinculação com os 
interesses do capital nacional e estrangeiro. O Estado passa a ser o grande 
gerenciador do sistema de seguro social, na medida que aumentou seu 
poder em duas frentes: econômica e política. No primeiro caso, a partir do 
aumento das alíquotas de contribuição, o que aumentouconsideravelmente 
os recursos financeiros disponíveis. No campo político, é abolida a partici-
pação dos usuários na gestão da previdência social (que existia na época 
das CAPs e dos IAPs), aumentando ainda mais o controle governamental. 
 
É estabelecido, então, o que ficou conhecido como "complexo previ-
denciário", que era composto de três sistemas: o sistema próprio, formado 
pela rede de hospitais e unidades de saúde de propriedade da Previdência 
Social, além dos recursos humanos assalariados pelo Estado e o sistema 
contratado, que era subdividido no sistema contratado credenciado (com 
sistema de pagamento por unidades de serviço) e no sistema contratado 
conveniado (sistema de pré-pagamento). 
 
O modelo de prestação de serviços de saúde pelo INPS privilegiava a 
forma conveniada, ou seja, o governo comprava os serviços de assistência 
médica às grandes corporações médicas privadas, principalmente hospitais 
e multinacionais fabricantes de medicamentos. Era um excelente negócio. 
O Estado tinha renda garantida, uma vez que a contribuição previdenciária 
era obrigatória - tanto que estimulava cada vez mais a expansão das con-
tribuições através do incentivo à prática do trabalho assalariado - e passou 
ApostilasBrasil.com
3
a ser o grande comprador de serviços de saúde às empresas médicas, 
expandindo o capital privado na área de saúde. 
 
Em 1977 é criado o Sistema Nacional de Previdência e Assistência So-
cial (SINPAS) onde as ações relativas à previdência e a assistência médica 
ficam divididas. O SINPAS é, então, formado pelo IAPAS (Instituto de 
Administração Financeira da Previdência Social), que, como o próprio nome 
indica, cuidava da parte financeira da Previdência, e pelo INAMPS (Instituto 
Nacional de Assistência Médica da Previdência Social), responsável pela 
assistência médica. O INAMPS passa, então, a ser o grande catalisador 
das ações de assistência médica no Brasil, continuando com a mesma 
política de privilegiamento do setor privado. Passa a ser difundido o discur-
so de que o aumento dos serviços através de convênios é, tecnicamente, a 
alternativa mais correta. 
 
Em síntese, apesar de ser uma ação com características de uma assis-
tência à saúde estatal, tratava-se de uma crescente privatização do setor 
saúde. A participação do setor privado na assistência médica, através dos 
convênios e credenciamentos, tornava-se cada dia maior, com o governo 
investindo cada vez menos em sua rede própria. No início da década de 80, 
por exemplo, cerca de 70% das verbas destinadas à assistência médica ia 
para as mãos dos empresários da saúde, e o INAMPS chegou a comprar, 
naquela mesma época, 300 mil leitos a hospitais particulares e disponibili-
zar apenas 7.800 de sua rede própria. 
 
Este modelo de prestação de serviços era extremamente perverso. A-
lém de excludente - pois só tinha acesso ao serviço quem contribuía com a 
previdência - possuía características em sua prática que não guardavam 
nenhum compromisso com a melhoria dos níveis de saúde da população. 
Era um tipo de prática médica essencialmente curativista, centrada na 
técnica, privilegiando as ações de maior sofisticação tecnológica. Isto 
acontecia por motivos óbvios: esse tipo de prática médica, apesar de limita-
do na redução dos índices de morbi-mortalidade da população, gerava 
maiores lucros. Além disso era um tipo de serviço que, pelo fato de ser uma 
produção privada de serviços, paga pelo Estado através da Previdência, 
criava um estímulo à corrupção. Ficaram bastante conhecidos, na década 
de 70, os famosos escândalos da Previdência Social, onde hospitais priva-
dos consumiam o dinheiro do contribuinte com procedimentos e pacientes 
fantasmas. 
 
A partir do início da década de 80, este sistema começa a mostrar si-
nais de esgotamento. As intermináveis filas, baixos salários, precárias 
condições de trabalho, geravam uma insatisfação crescente da população 
com a qualidade da assistência. A má-gerência dos recursos, aliada aos 
episódios cada vez mais crescentes de corrupção, levaram a Previdência a 
um colapso. Como fator agravante, à essa época a previdência começa a 
"envelhecer" e a fase de captação de recursos começa a dar lugar a uma 
fase de maiores gastos. Ou seja, durante os primeiros anos de sua existên-
cia, a Previdência Social apenas recebeu contribuições que proporcionaram 
um volume de recursos e um patrimônio consideráveis. Com o aparecimen-
to das primeiras aposentadorias e pensões, a Previdência passa a ter que 
gastar um dinheiro que não mais tem. 
 
É importante ressaltar, também, que este sistema já era por demais cri-
ticado. Tais críticas não vieram à tona na ocasião, pois, durante o período 
mais repressor do regime militar, até fins dos anos 70, o sistema foi mantido 
à força. As lideranças sindicais haviam sido praticamente extintas à essa 
época e a participação dos trabalhadores nas discussões sobre o sistema 
de prestação de serviços médicos inexistia. 
 
Com a abertura política, a partir do início dos anos 80, vão se reestrutu-
rando os movimentos em defesa de uma política de saúde mais abrangen-
te, democrática e disponível para todos. Esse movimento, que surgiu a 
partir de discussões acadêmicas sobre as políticas de saúde e da reestrutu-
ração das organizações de trabalhadores da saúde, ficou conhecido como 
Movimento Sanitário e teve uma atuação marcante nos destinos do sistema 
de saúde brasileiro. 
 
O MOVIMENTO PELA REFORMA SANITÁRIA 
O Movimento pela Reforma Sanitária teve suas raízes em profissionais 
da saúde que, de posse de diversos estudos feitos por intelectuais ligados à 
área de saúde, passaram a criticar o modelo vigente e propor alternativas 
para a sua reestruturação. À medida que o processo de abertura política se 
ampliava, com a oposição tendo vitórias significativas nas eleições parla-
mentares, o movimento foi se ampliando e a ele foram se incorporando 
lideranças políticas, sindicais e populares, bem como parlamentares inte-
ressados na causa. 
 
O primeiro marco desse movimento se deu em 1979, no I Simpósio 
Nacional de Política de Saúde, realizado pela comissão de saúde da Câma-
ra dos Deputados. Na ocasião, o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde 
(CEBES) era o legítimo representante do movimento sanitário e apresentou 
e discutiu publicamente, pela primeira vez, uma proposta de reorganização 
do sistema de saúde. Essa proposta, que já se chamava, na época, de 
Sistema Único de Saúde, contemplava diversos conceitos oriundos de 
experiências bem sucedidas em outros países, como a universalização do 
direito à saúde, racionalização e integralidade das ações, democratização e 
participação popular, bem como algumas experiências de atenção primária 
e de extensão de cobertura desenvolvidas no país, como o Programa de 
Interiorização das Ações de Saúde e Sanemaneto (PIASS) que foram 
implementadas em áreas rurais do Nordeste e o Projeto Montes Claros em 
Minas Gerais. 
 
Num primeiro momento, as propostas foram ignoradas pelo Governo, 
mas aos poucos o movimento foi crescendo, legitimado pelos movimentos 
populares e pela atuação de seus militantes a nível parlamentar e em 
algumas instituições de saúde. 
 
Com o agravamento da crise do sistema de saúde previdenciário, as i-
niciativas de extensão de cobertura assistencial a nível estadual e municipal 
são reforçadas pelo discurso oficial. O próprio governo elaborou seu plano 
de reorganização da assistência à saúde, que possuía características muito 
semelhantes ao projeto da Reforma Sanitária, pois previa a implantação de 
uma rede de serviços básicos, apontava para a descentralização do setor, 
pregava a participação popular e a integração dos Ministérios da Saúde e 
da Previdência. Esse projeto, discutido em 1980, chamou-se PREV-
SAÚDE, sofreu muitas pressões e não saiu da gaveta. 
 
Enfim, haviaum reconhecimento da falência e, sobretudo, da obsoles-
cência do sistema de saúde também por parte de alguns técnicos do go-
verno. Ocorre que os anos anteriores de absoluta anuência do governo com 
o capital privado criou uma rede de influências que não era fácil quebrar. As 
grandes corporações e associações médicas, particularmente a Federação 
Brasileira de Hospitais (FBH) ainda defendiam com unhas e dentes o 
modelo que tantos lucros lhe geravam. 
 
Mesmo assim, algumas conquistas foram sendo obtidas paulatinamen-
te. Com a criação do CONASP (Conselho Consultivo da Administração de 
Saúde Previdenciária), em 1981, foi elaborado o Plano de Reorientação da 
Assistência à Saúde no âmbito da Previdência Social, conhecido como 
Plano CONASP, que incorporava diversas propostas da Reforma Sanitária. 
A efetivação desse plano se deu, estrategicamente a partir das Ações 
Integradas de Saúde (AIS), que se constituíram na primeira experiência de 
um sistema mais articulado e integrado. As AIS propiciaram o surgimento 
das Comissões Inter-institucionais de Saúde (CIS), os embriões dos atuais 
Conselhos de Saúde e foram a base para a implantação, mais tarde, do 
Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), a primeira aproxi-
mação estratégica para Sistema Único de Saúde (SUS). 
 
Essa sucessão de planos, siglas, propostas frustradas, caracterizaram 
a efervescência da produção intelectual do movimento sanitário brasileiro. 
Era preciso por em prática todos esses conceitos que, apenas timidamente, 
com iniciativas isoladas, ainda não impactavam sobre a saúde do país. 
 
O momento político era propício, com o advento da Nova República e a 
redemocratização do país após o fim do regime militar. Em 1985, após a 
eleição de Tancredo Neves/Sarney, os movimentos sociais se intensificam 
e uma maior discussão foi possível sobre os novos rumos que deveria 
tomar o sistema de saúde. Com a previsão da eleição da Assembleia 
Nacional Constituinte, que se encarregaria da elaboração da nova Constitu-
ição Brasileira, é convocada a 8a Conferência Nacional de Saúde, para 
discutir a nova proposta de estrutura e de política de saúde para o país. 
 
 
ApostilasBrasil.com
4
A 8A CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE E A NOVA CONSTITU-
IÇÃO BRASILEIRA 
A Oitava Conferência é, hoje, considerada como um divisor de águas 
no Movimento Sanitário. Com uma ampla participação (cerca de 5.000 
pessoas entre trabalhadores da saúde, usuários, técnicos, políticos, lide-
ranças sindicais e populares), a 8a Conferência se constituiu no maior fórum 
de debates sobre a situação de saúde do país e seu relatório serviu de 
base para a proposta de restruturação do sistema de saúde brasileiro que 
deveria ser defendida na Constituinte. 
 
Entre as propostas constantes no relatório constam o conceito amplia-
do de saúde, onde esta é entendida como resultante das condições de vida, 
alimentação, lazer, acesso e posse da terra, transporte, emprego, moradia. 
De acordo com o relatório, "a saúde não é um conceito abstrato. Define-se 
no contexto histórico de determinada sociedade e num dado momento de 
seu desenvolvimento, devendo ser conquistada pela população em suas 
lutas cotidianas" (grifo nosso). Além disso, a saúde é colocada como direito 
de todos e dever do Estado. 
 
A concretização das propostas da Reforma Sanitária se dá, no plano 
jurídico e institucional, na implementação do Sistema Único de Saúde, o 
SUS. Com a aprovação da nova Constituição Brasileira em 1988, foi incluí-
do, pela primeira vez, uma seção sobre a Saúde, a qual incorporou em 
grande parte, os conceitos e propostas contemplados no Relatório da 8a 
Conferência, ou seja, a Constituição incorporou as propostas da Reforma 
Sanitária. A Constituição Brasileira passou a ser, então, considerada como 
uma das mais avançadas do mundo no que diz respeito à saúde. 
 
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - PRINCÍPIOS E DIRETRIZES 
 
O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS 
É comum, no entanto, se terem notícias muito ruins sobre o SUS, atu-
almente. Os meios de comunicação, frequentemente, veiculam notícias 
aterradoras sobre a ineficiência do sistema, grandes filas, corredores lota-
dos, hospitais sucateados, profissionais mal-remunerados. Por que, então, 
isso ocorre? Por que o SUS ainda não conseguiu ser implantado em sua 
plenitude? Em primeiro lugar, é preciso conhecer os princípios deste siste-
ma que estão contemplados na lei. O sanitarista Eleutério Rodrigues Neto 
explica como deve ser o SUS: 
"Primeiramente, o SUS é um sistema, ou seja, é formado por várias 
instituições dos três níveis de governo (União, Estados e Municípios) e pelo 
setor privado contratado e conveniado, como se fosse um mesmo corpo. 
Assim, o serviço privado, quando é contratado pelo SUS, deve atuar como 
se fosse público, usando as mesmas normas do serviço público. 
 
Depois, é único, isto é tem a mesma doutrina e a mesma filosofia de 
atuação em todo o território nacional e é organizado de acordo com uma 
mesma sistemática. 
 
Além disso, o SUS tem as seguintes características principais: 
• Deve atender a todos, de acordo com suas necessidades, inde-
pendentemente de que a pessoa pague ou não Previdência So-
cial e sem cobrar nada pelo atendimento. 
• Deve atuar de maneira integral, isto é, não deve ver a pessoa 
como um amontoado de partes, mas como um todo, que faz par-
te de uma sociedade, o que significa que as ações de saúde de-
vem estar voltadas, ao mesmo tempo, para o indivíduo e para a 
comunidade, para a prevenção e para o tratamento e respeitar e 
dignidade humana. 
• Deve ser descentralizado, ou seja, o poder de decisão deve ser 
daqueles que são responsáveis pela execução das ações, pois, 
quanto mais perto do problema, mais chance se tem de acertar 
sobre a sua solução. Isso significa que as ações e serviços que 
atendem à população de um município devem ser municipais; as 
que servem e alcançam vários municípios devem ser estaduais e 
aquelas que são dirigidas a todo o território nacional devem ser 
federais. Dessa forma deverá haver uma inversão na situação 
atual, quando a maioria dos serviços de saúde que têm sido vin-
culados ao nível federal, como o INAMPS, devem passar para os 
níveis estadual e municipal, principalmente para este último, pro-
duzindo o que se tem chamado de municipalização da saúde. 
• Deve ser racional. Ou seja, o SUS deve se organizar de maneira 
que sejam oferecidos ações e serviços de acordo com as neces-
sidades da população, e não como é hoje, onde em muitos luga-
res há serviços hospitalares mas não há serviços básicos de sa-
úde; ou há um aparelho altamente sofisticado, mas não há médi-
co geral, só o especialista. Para isso o SUS deve se organizar a 
partir de pequenas regiões e ser planejado para suas popula-
ções, de acordo com o que elas precisam e não com o que al-
guém decide 'lá em cima'. Isso inclui a decisão sobre a necessi-
dade de se contratar ou não serviços privados; e quando se de-
cide pela contratação, que o contrato seja feito nesse nível, para 
cumprir funções bem definidas e sob controle direto da institui-
ção pública contratante. É essencial, conforme o princípio da 
descentralização, que essas decisões sejam tomadas por uma 
autoridade de saúde de nível local. É a isso que se chama de 
Distrito Sanitário. 
• Deve ser eficaz e eficiente. Isto é, deve produzir resultados posi-
tivos quando as pessoas o procuram ou quando um problema se 
apresenta na comunidade; para tanto, precisa ter qualidade. Mas 
não basta: é necessário que utilize as técnicas mais adequadas, 
de acordo com a realidade local e a disponibilidade de recursos, 
eliminando o desperdício e fazendo com que os recursos públi-
cos sejam aplicados da melhor maneira possível. Isso implica 
necessidades não só de equipamentos adequados e pessoal 
qualificado e comprometido com o serviçoe a população, como 
a adoção de técnicas modernas de administração dos serviços 
de saúde. 
• Deve ser democrático, ou seja, deve assegurar o direito de parti-
cipação de todos os segmentos envolvidos com o sistema - diri-
gentes institucionais, prestadores de serviços, trabalhadores de 
saúde e principalmente, a comunidade, a população, os usuários 
do serviço de saúde. Esse direito implica a participação de todos 
esses segmentos no processo de tomada de decisão sobre as 
políticas que são definidas no seu nível de atuação, assim como 
no controle sobre a execução das ações e serviços de saúde. 
(...) Por isso, a ideia e a estratégia de organização dos Conse-
lhos de Saúde - nacional, estaduais e municipais, para exerce-
rem esse controle social sobre o SUS, devendo respeitar o crité-
rio de composição paritária: participação igual entre usuários e 
os demais; além de ter poder de decisão (não ser apenas con-
sultivo)." 
 
Todos esses princípios, para serem colocados em prática exigem mu-
danças profundas e complexas, até mesmo por que questiona muitos 
interesses ainda muito presentes na vida política brasileira. Com a aprova-
ção do SUS na Constituição, poderia até se pensar que a batalha estava 
ganha e o sistema de saúde brasileiro seria, finalmente o ideal. Só que a 
parte mais difícil ainda estava por vir: a implementação, na prática, das 
conquistas obtidas na lei. 
 
A Constituição remetia a regulamentação do sistema para a chamada 
Lei Orgânica da Saúde, que foi, constantemente relegada a um segundo 
plano durante o governo de Fernando Collor, e, somente em 1990 foi 
aprovada, depois de muita negociação do Ministério da Saúde com o 
movimento da Reforma Sanitária. Ainda assim, a Lei Orgânica, personifica-
da nas leis 8080 e 8142, saiu com muitas restrições. E mesmo após a sua 
aprovação, houve muita dificuldade de implantação, com resistências claras 
do Ministério da Saúde ao processo de descentralização, ao repasse auto-
mático de recursos para os Estados e Municípios. Ainda se continuou com 
a prática dos convênios e outros expedientes centralizadores, facilitadores 
do clientelismo e da corrupção. 
 
No entanto, algumas experiências inovadoras foram desenvolvidas em 
alguns municípios que encararam de frente o processo de municipalização. 
Havia um consenso de que o aparato jurídico já estava definido e era 
preciso ter a "ousadia de cumprir e fazer cumprir a lei". E sob esta afirma-
ção foram geradas as principais discussões na 9a Conferência Nacional de 
Saúde que deveria ter ocorrido em 1990, mas só veio a acontecer em 1992. 
 
Como um desdobramento da 9a Conferência, já no governo Itamar, a-
pós a queda de Collor, é publicada, pelo Ministério da Saúde, a Norma 
Operacional Básica (NOB) n0 1, de maio de 1993, que regulamentava o 
processo de descentralização das ações de saúde para Estados e Municí-
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pios. A NOB funcionou como uma espécie de manual para o processo de 
municipalização, com regras claras sobre a participação dos diversos níveis 
e explicitando os estágios crescentes de municipalização. Definia ainda as 
formas de controle social através da atuação dos Conselhos de Saúde. 
 
Ainda assim, o SUS enfrenta hoje grandes dificuldades de implementa-
ção. O Ministério da Saúde vem enfrentando sucessivas crises e o financi-
amento do setor, ainda dependente dos recursos da previdência, sofre com 
os sucessivos cortes. O gasto per capita com saúde no Brasil é um dos 
menores do mundo (menos de 50 dólares por ano) e vem apresentando um 
declínio nos últimos anos. 
 
Toda essa situação ocorre por que, apesar de temos uma legislação 
avançada no campo da saúde, os governos que deveriam pô-la em prática 
têm uma outra visão de saúde, de políticas sociais e de relação Estado-
sociedade. É comum ouvirmos alguns setores, principalmente os trabalha-
dores organizados divulgarem que devemos lutar contra a política neo-
liberal do governo de Fernando Henrique Cardoso. Mas o que significa isso 
e quais são os seus reflexos sobre o campo da saúde? 
 
Como vimos inicialmente, as políticas sociais adquirem aspectos varia-
dos, de acordo com as formas de organização política e econômica dos 
países. A política neo-liberal defende a existência de um Estado mínimo, ou 
seja a interferência do Estado na vida das pessoas deve ser reduzida ao 
máximo. Isso explica a política de privatização, a abertura ao capital es-
trangeiro e, no campo das políticas sociais, um total abandono, uma vez 
que, no entendimento dos neo-liberais, o Estado não deve se responsabili-
zar por estas questões. Desnecessário se faz discutir novamente a condi-
ção de saúde como dever do Estado, no entanto, o raciocínio neo-liberal 
ignora esse conceito. 
 
A estratégia dos últimos governos, de caráter neo-liberal, foi de ignorar 
a legislação relativa ao SUS, pois não é do interesse deles manter um 
sistema como esse. O que se configurou, no sistema de saúde a partir dos 
anos 90 foi uma expansão da chamada medicina supletiva, cujos maiores 
representantes são os planos de saúde privados. Mas como isso foi acon-
tecer justo na hora em que o SUS deveria se firmar como o sistema de 
saúde para todos os brasileiros? 
 
Ocorreu um fenômeno que Eugênio Vilaça chama de universalização 
excludente. Com o advento do SUS, a assistência à saúde foi universaliza-
da, ou seja, não era preciso mais ser contribuinte da previdência para ter 
acesso aos serviços de saúde; bastava ser cidadão. Com o aumento da 
demanda, não foram criadas estratégias para dar conta desse aumento, 
nem a nível de financiamento, nem a nível de implementação de medidas 
racionalizadoras como a municipalização, distritalização e controle social. 
Assim, o SUS apenas aumentou o contingente de pessoas que se acotove-
lavam para ter acesso aos serviços de saúde, sem aumentar a qualidade 
nem a quantidade da prestação da assistência. Por seu turno, o governo 
ignorava as mudanças estruturais que deveriam ser implementadas, tra-
zendo prejuízos ao funcionamento do serviço. 
 
Com o estrangulamento da classe média, também provocado pela polí-
tica econômica, houve um crescimento vertiginoso da assistência médica 
privada oferecida pelos planos de saúde. A chamada Medicina de Grupo 
cresceu a níveis assustadores nos últimos anos às expensas da falência 
premeditada do serviço público de saúde e da fuga da classe média dos 
consultórios privados, provocada pelo achatamento salarial. Este modelo de 
prestação de serviços é típico de países de política neo-liberal, onde um 
mínimo de assistência é dado aos pobres e indigentes e o restante da 
população fica à mercê da medicina privada. A estratégia das grandes 
corporações médicas acabou dando certo e o que eles não tinham conse-
guido na Constituição, acabaram conseguindo por outros meios, com a 
conivência do governo brasileiro. 
 
Ocorre que o SUS não foi criado para servir como o sistema de saúde 
dos pobres e indigentes. Ele foi criado para ser o sistema de saúde de 
todos os brasileiros, de qualidade, eficiente, eficaz, resolutivo e democráti-
co. 
Devem sempre ser ressaltadas as iniciativas que deram e que estão 
dando certo. Os municípios que encararam a municipalização com serieda-
de estão colhendo os frutos de um serviço público de saúde mais eficiente 
e universal. Este foi o tema da Décima Conferência que ocorreu este ano: o 
SUS que deu certo. A partir do entendimento que todos nós temos de 
saúde enquanto direito, é nosso dever lutar para que este sistema seja 
desenvolvido em sua plenitude. Essa é uma forma de, inclusive, promover 
mais justiça social, mais democracia e mais humanidade dentro da socie-
dade. 
 
Para compreender as propostas do SUS, serão abordados seus princí-
pios, ou seja, suas características principais: 
• Universalidade - deve atender, gratuitamente, a todosde acor-
do com suas necessidades. 
• Integralidade - deve atuar de maneira integral, de forma holísti-
ca, a fim de prestar assistência, objetivando a promoção da saú-
de, prevenção e cura da doença. 
• Descentralizado - deve permitir aos níveis estadual e municipal 
coordenar as ações de modo que a implantação do SUS esteja 
de acordo com seus princípios. As ações devem estar concen-
tradas no nível municipal, já que ocorreu a municipalização da 
saúde, privilegiando e respeitando as características particulares 
de cada município, fazendo com que o nível federal apenas 
transfira o pagamento para os demais níveis administrarem as 
ações. 
• Racional - deve-se disponibilizar ações nos diferentes níveis de 
atenção, atentando para as características da clientela em cada 
setor, a fim de suprir e solucionar suas necessidades. Também é 
necessário atentar para a contratação ou não de serviços priva-
dos, realizando o contrato em nível municipal, podendo atuar no 
controle e qualidade dos serviços prestados pelos mesmos. 
• Eficaz e Eficiente - deve ser capaz de solucionar o problema de 
quem o procura, ou seja, garantir qualidade e resolutividade do 
serviço. Para que isso ocorra, também há a necessidade de a-
dequar-se à realidade da comunidade e à disponibilidade de re-
cursos, administrando os recursos públicos de modo eficiente. 
• Democrático - deve permitir a participação de todos os segmen-
tos envolvidos com o sistema, ajudando a delimitar a política no 
seu nível de atuação, auxiliando no melhor modo de administra-
ção que garanta qualidade de vida e do serviço à comunidade. 
Há os Conselhos de Saúde nos três níveis, exercendo controle 
social do SUS, a fim de garantir a sua implantação. 
 
Estes princípios do SUS foram estabelecidos legalmente, porém há a 
necessidade de que o SUS seja implantado de forma a respeitá-los e, 
principalmente, garantir à população o acesso a um serviço de saúde com 
qualidade, contribuindo para manter uma melhor qualidade de vida e de 
saúde da população. 
 
 
2 CONTROLE SOCIAL NO SUS 
 
SUS e CONTROLE SOCIAL 
Sociedade precisa ter participação garantida e efetiva no Sistema Úni-
co de Saúde. 
Pesquisa do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) 
realizada em 2002 mostrou que apenas 35% dos brasileiros sabem o que 
significa a sigla "SUS". Ou seja, Mais de 65% desconhecem o que a sigla 
quer dizer Sistema Único de Saúde. Essa realidade ganha importância 
quando se sabe que um dos pilares do SUS – Sistema Único de Saúde – é 
justamente o Controle Social, exercido por meio dos Conselhos de Saúde, 
onde os usuários acompanham e fiscalizam a execução da política de 
saúde e participam da formulação das estratégias do SUS. 
Por outro lado, ninguém pode dizer que não utiliza o SUS. Mesmo a-
queles que têm plano de saúde usam, indiretamente, o SUS, quer através 
das ações de vigilância sanitária dos alimentos que consome, quer do 
controle de doenças infecciosas e de epidemias como a da dengue, quer da 
avaliação do sangue usado para transfusão em hospitais públicos e priva-
dos, além de outras. 
No Brasil, mais de 90% das cirurgias cardíacas, transplantes, e outros 
procedimentos de alta complexidade, são ofertados pelo SUS. Muitas 
pessoas que pagam seguro privado de saúde o SUS para realização de 
hemodiálise e recebem medicamentos de alto custo para tratamento da 
Aids e outras doenças. Todavia, muitos deles nem sabem que é o SUS que 
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financia esses serviços. 
 
O SUS compreende o conjunto de ações e serviços de saúde ofereci-
dos pelo Governo Federal, estados, Distrito Federal e municípios que 
cumprem funções e competências específicas. O SUS garante atenção 
integral à saúde, participação da sociedade e a descentralização dos servi-
ços. Cerca de 98% da população brasileira são usuários do SUS, mesmo 
que não seja de forma exclusiva. 
 
Ainda segundo a pesquisa acima citada, 61% das pessoas entrevista-
das, se disseram satisfeitas em relação às atividades de prevenção promo-
vidas pelo SUS, como, por exemplo, as campanhas para evitar doenças 
como a hipertensão arterial, a diabetes, a aids, etc. Por outro lado, há 
grande insatisfação no que diz respeito ao tempo de espera para atendi-
mento no SUS (demora na fila, na marcação de consultas e no resultado de 
exames). Mas, dentre aqueles que conseguem ter acesso aos serviços, a 
satisfação é grande. 
 
A questão da agilidade no atendimento do SUS se deve, muitas vezes, 
à falta de informação, leitos insuficientes, desorganização dos protocolos e 
atendimentos por ordem de chegada e não por gravidade. A falta de um 
sistema organizado de atendimento de urgência e emergência nos municí-
pios é outro foco de insatisfação do usuário do SUS. 
Dentre as medidas prioritárias para se agilizar e melhorar o atendimen-
to do SUS, estão a ampliação do acesso aos serviços de saúde, sobretudo 
os de urgência e emergência, o reforço da atenção básica nos postos e 
centros de saúde e a intensificação das ações de controle de doenças. 
O Controle Social 
Quando se fala em Controle Social no SUS, se está falando, funda-
mentalmente, no papel dos Conselhos de Saúde. Isto porque é neles que 
se dá a participação da comunidade na fiscalização e na condução das 
políticas de saúde, garantida a partir da Lei N° 8.142, de 28/12/1990, que 
instituiu os Conselhos e as Conferências de Saúde como instância de 
controle social do SUS nas três esferas de governo - nacional, municipal e 
estadual. Atualmente, se estima que existam mais de 100 mil conselheiros 
de saúde em todo o país. 
A principal característica dos Conselhos de Saúde é o seu caráter deli-
berativo sobre a formulação das estratégias de atenção à saúde do País. 
Cinquenta por cento da composição dos conselhos é formada por represen-
tantes de usuários do SUS, 25% por trabalhadores de saúde e 25% por 
prestadores e gestores. 
O SUS garante aos estados, Distrito Federal e municípios a autonomia 
para administrar os recursos da saúde, de acordo com a sua condição de 
gestão (gestão plena da atenção básica e gestão plena do sistema munici-
pal). Para isso, é preciso que cada região tenha seu Conselho de Saúde 
funcionando de forma adequada. Assim, os recursos federais são repassa-
dos, do Fundo Nacional para os Fundos Estaduais ou Municipais de Saúde 
ou, ainda, dos Fundos Estaduais para os Fundos Municipais de Saúde. 
Para participar de um Conselho de Saúde o cidadão precisa pertencer 
a alguma entidade, a qual representará no colegiado. A maioria dos Conse-
lhos de Saúde estabelece formatos eleitorais em que a população pode se 
candidatar para participar. Em geral, a população organizada é mais ativa 
nesse processo. Os conselhos se reúnem constantemente para discutir 
uma pauta pré-definida e elaborar estratégias de um planejamento anual. 
 
3 RESOLUÇÃO NO 453/2012, 
DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. 
 
RESOLUÇÃO No 453, DE 10 DE MAIO DE 2012 
 
O Plenário do Conselho Nacional de Saúde, em sua Ducentésima 
Trigésima Terceira Reunião Ordinária, realizada nos dias 9 e 10 de maio de 
2012, no uso de suas competências regimentais e atribuições conferidas 
pela Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, e pela Lei no 8.142, de 28 
de dezembro de 1990, e pelo Decreto no 5.839, de 11 de julho de 2006, e 
Considerando os debates ocorridos nos Conselhos de Saúde, nas 
três esferas de Governo, na X Plenária Nacional de Conselhos de Saúde, 
nas Plenárias Regionais e Estaduais de Conselhos de Saúde, nas 9a, 10a 
e 11a Conferências Nacionais de Saúde, e nas Conferências Estaduais, do 
Distrito Federal e Municipais de Saúde; 
Considerando a experiência acumulada do Controle Social da Sa-
úde à necessidade de aprimoramento do Controle Social da Saúde no 
âmbito nacional e as reiteradas demandas dos Conselhos Estaduais e 
Municipais referentesàs propostas de composição, organização e funcio-
namento, conforme o § 5o inciso II art. 1o da Lei no 8.142, de 28 de de-
zembro de 1990; 
Considerando a ampla discussão da Resolução do CNS no 333/03 
realizada nos espaços de Controle Social, entre os quais se destacam as 
Plenárias de Conselhos de Saúde; 
Considerando os objetivos de consolidar, fortalecer, ampliar e 
acelerar o processo de Controle Social do SUS, por intermédio dos 
Conselhos Nacional, Estaduais, Municipais, das Conferências de Saúde e 
Plenárias de Conselhos de Saúde; 
Considerando que os Conselhos de Saúde, consagrados pela 
efetiva participação da sociedade civil organizada, representam polos de 
qualificação de cidadãos para o Controle Social nas esferas da ação do 
Estado; e 
Considerando o que disciplina a Lei Complementar no 141, de 13 
de janeiro de 2012, e o Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011, que 
regulamentam a Lei Orgânica da Saúde. 
Resolve: 
Aprovar as seguintes diretrizes para instituição, reformulação, rees-
truturação e funcionamento dos Conselhos de Saúde: 
 
DA DEFINIÇÃO DE CONSELHO DE SAÚDE 
 
Primeira Diretriz: o Conselho de Saúde é uma instância colegiada, 
deliberativa e permanente do Sistema Único de Saúde (SUS) em cada 
esfera de Governo, integrante da estrutura organizacional do Ministério da 
Saúde, da Secretaria de Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, com composição, organização e competência fixadas na Lei no 
8.142/90. O processo bem-sucedido de descentralização da saúde promo-
veu o surgimento de Conselhos Regionais, Conselhos Locais, Conselhos 
Distritais de Saúde, incluindo os Conselhos 
dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas, sob a coordenação 
dos Conselhos de Saúde da esfera correspondente. Assim, os Conselhos 
de Saúde são espaços instituídos de participação da comunidade nas 
políticas públicas e na administração da saúde. 
 
Parágrafo único. Como Subsistema da Seguridade Social, o Con-
selho de Saúde atua na formulação e proposição de estratégias e no con-
trole da execução das Políticas de Saúde, inclusive nos seus aspectos 
econômicos e financeiros. 
 
DA INSTITUIÇÃO E REFORMULAÇÃO DOS CONSELHOS DE SAÚDE 
 
Segunda Diretriz: a instituição dos Conselhos de Saúde é estabe-
lecida por lei federal, estadual, do Distrito Federal e municipal, obedecida a 
Lei no 8.142/90. 
Parágrafo único. Na instituição e reformulação dos Conselhos de 
Saúde o Poder Executivo, respeitando os princípios da democracia, deverá 
acolher as demandas da população aprovadas nas Conferências de Saúde, 
e em consonância com a legislação. 
A ORGANIZAÇÃO DOS CONSELHOS DE SAÚDE 
 
 Terceira Diretriz: a participação da sociedade organizada, garanti-
da na legislação, torna os Conselhos de Saúde uma instância privilegiada 
na proposição, discussão, acompanhamento, deliberação, avaliação e 
fiscalização da implementação da Política de Saúde, inclusive nos seus 
aspectos econômicos e financeiros. A legislação estabelece, ainda, a 
composição paritária de usuários em relação ao conjunto dos demais 
segmentos representados. O Conselho de Saúde será composto por repre-
sentantes de entidades, instituições e movimentos representativos de 
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usuários, de entidades representativas de trabalhadores da área da saúde, 
do governo e de entidades representativas de prestadores de serviços de 
saúde, sendo o seu presidente eleito entre os membros do Conselho, em 
reunião plenária. Nos Municípios onde não existem entidades, instituições e 
movimentos organizados em número suficiente para compor o Conselho, a 
eleição da representação será realizada em plenária no Município, promo-
vida pelo Conselho Municipal de maneira ampla e democrática. 
 
I - O número de conselheiros será definido pelos Conselhos de 
Saúde e constituído em lei. 
II - Mantendo o que propôs as Resoluções nos 33/92 e 333/03 do 
CNS e consoante com as Recomendações da 10a e 11a Conferências 
Nacionais de Saúde, as vagas deverão ser distribuídas da seguinte forma: 
a) 50% de entidades e movimentos representativos de usuários; 
b) 25% de entidades representativas dos trabalhadores da área de 
saúde; 
c) 25% de representação de governo e prestadores de serviços pri-
vados conveniados, ou sem fins lucrativos. 
III - A participação de órgãos, entidades e movimentos sociais terá 
como critério a representatividade, a abrangência e a complementaridade 
do conjunto da sociedade, no âmbito de atuação do Conselho de Saúde. 
De acordo com as especificidades locais, aplicando o princípio da paridade, 
serão contempladas, dentre outras, as seguintes representações: 
a) associações de pessoas com patologias; 
b) associações de pessoas com deficiências; 
c) entidades indígenas; 
d) movimentos sociais e populares, organizados (movimento negro, 
LGBT...); 
e) movimentos organizados de mulheres, em saúde; 
f) entidades de aposentados e pensionistas; 
g) entidades congregadas de sindicatos, centrais sindicais, confe-
derações e federações de trabalhadores urbanos e rurais; 
h) entidades de defesa do consumidor; 
i) organizações de moradores; 
j) entidades ambientalistas; 
k) organizações religiosas; 
l) trabalhadores da área de saúde: associações, confederações, 
conselhos de profissões regulamentadas, federações e sindicatos, obede-
cendo as instâncias federativas; 
m) comunidade científica; 
n) entidades públicas, de hospitais universitários e hospitais campo 
de estágio, de pesquisa e desenvolvimento; 
o) entidades patronais; 
p) entidades dos prestadores de serviço de saúde; e 
q) governo. 
 
IV - As entidades, movimentos e instituições eleitas no Conse-
lho de Saúde terão os conselheiros indicados, por escrito, conforme 
processos estabelecidos pelas respectivas entidades, movimentos e 
instituições e de acordo com a sua organização, com a recomendação 
de que ocorra renovação de seus representantes. 
V - Recomenda-se que, a cada eleição, os segmentos de repre-
sentações de usuários, trabalhadores e prestadores de serviços, ao seu 
critério, promovam a renovação de, no mínimo, 30% de suas entidades 
representativas. 
VI - A representação nos segmentos deve ser distinta e autônoma 
em relação aos demais segmentos que compõem o Conselho, por isso, um 
profissional com cargo de direção ou de confiança na gestão do SUS, ou 
como prestador de serviços de saúde não pode ser representante dos(as) 
Usuários(as) ou de Trabalhadores(as). 
VII - A ocupação de funções na área da saúde que interfiram na 
autonomia representativa do Conselheiro(a) deve ser avaliada como possí-
vel impedimento da representação de Usuário(a) e Trabalhador(a), e, a 
juízo da entidade, indicativo de substituição do Conselheiro(a). 
VIII - A participação dos membros eleitos do Poder Legislativo, re-
presentação do Poder Judiciário e do Ministério Público, como conselhei-
ros, não é permitida nos Conselhos de Saúde. 
IX - Quando não houver Conselho de Saúde constituído ou em ati-
vidade no Município, caberá ao Conselho Estadual de Saúde assumir, junto 
ao executivo municipal, a convocação e realização da Conferência Munici-
pal de Saúde, que terá como um de seus objetivos a estruturação e compo-
sição do Conselho Municipal. O mesmo será atribuído ao Conselho Nacio-
nal de Saúde, quando não houver Conselho Estadual de Saúde constituído 
ou em funcionamento. 
X - As funções, como membro do Conselho de Saúde, não serão 
remuneradas, considerando-se o seu exercício de relevância pública e, 
portanto, garante a dispensa do trabalho sem prejuízo para o conselheiro. 
Para fins de justificativa junto aos órgãos, entidades competentes e institui-
ções, o Conselho de Saúde emitirá declaração de participação de seus 
membros durante o período das reuniões, representações, capacitações e 
outras atividades específicas. 
XI - O conselheiro,no exercício de sua função, responde pelos 
seus atos conforme legislação vigente. 
 
ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DOS CONSELHOS DE SAÚDE 
 
Quarta Diretriz: as três esferas de Governo garantirão autonomia 
administrativa para o pleno funcionamento do Conselho de Saúde, dotação 
orçamentária, autonomia financeira e organização da secretaria-executiva 
com a necessária infraestrutura e apoio técnico: 
I - cabe ao Conselho de Saúde deliberar em relação à sua estrutu-
ra administrativa e o quadro de pessoal; 
II - o Conselho de Saúde contará com uma secretaria-executiva 
coordenada por pessoa preparada para a função, para o suporte técnico e 
administrativo, subordinada ao Plenário do Conselho de Saúde, que definirá 
sua estrutura e dimensão; 
III - o Conselho de Saúde decide sobre o seu orçamento; 
IV - o Plenário do Conselho de Saúde se reunirá, no mínimo, a ca-
da mês e, extraordinariamente, quando necessário, e terá como base o seu 
Regimento Interno. A pauta e o material de apoio às reuniões devem ser 
encaminhados aos conselheiros com antecedência mínima de 10 (dez) 
dias; 
V - as reuniões plenárias dos Conselhos de Saúde são abertas ao 
público e deverão acontecer em espaços e horários que possibilitem a 
participação da sociedade; 
VI - o Conselho de Saúde exerce suas atribuições mediante o fun-
cionamento do Plenário, que, além das comissões intersetoriais, estabele-
cidas na Lei no 8.080/90, instalará outras comissões intersetoriais e grupos 
de trabalho de conselheiros para ações transitórias. As comissões poderão 
contar com integrantes não conselheiros; 
VII - o Conselho de Saúde constituirá uma Mesa Diretora eleita em 
Plenário, respeitando a paridade expressa nesta Resolução; 
VIII - as decisões do Conselho de Saúde serão adotadas mediante 
quórum mínimo (metade mais um) dos seus integrantes, ressalvados os 
casos regimentais nos quais se exija quórum especial, ou maioria qualifica-
da de votos; 
a) entende-se por maioria simples o número inteiro imediatamente 
superior à metade dos membros presentes; 
b) entende-se por maioria absoluta o número inteiro imediatamente 
superior à metade de membros do Conselho; 
c) entende-se por maioria qualificada 2/3 (dois terços) do total de 
membros do Conselho; 
IX - qualquer alteração na organização dos Conselhos de Saúde 
preservará o que está garantido em lei e deve ser proposta pelo próprio 
Conselho e votada em reunião plenária, com quórum qualificado, para 
depois ser alterada em seu Regimento Interno e homologada pelo gestor da 
esfera correspondente; 
X - a cada quadrimestre deverá constar dos itens da pauta o pro-
nunciamento do gestor, das respectivas esferas de governo, para que faça 
a prestação de contas, em relatório detalhado, sobre andamento do plano 
de saúde, agenda da saúde pactuada, relatório de gestão, dados sobre o 
montante e a forma de aplicação dos recursos, as auditorias iniciadas e 
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concluídas no período, bem como a produção e a oferta de serviços na 
rede assistencial própria, contratada ou conveniada, de acordo com o art. 
12 da Lei no 8.689/93 e com a Lei Complementar no 141/2012; 
XI - os Conselhos de Saúde, com a devida justificativa, buscarão 
auditorias externas e independentes sobre as contas e atividades do Gestor 
do SUS; e 
XII - o Pleno do Conselho de Saúde deverá manifestar-se por meio 
de resoluções, recomendações, moções e outros atos deliberativos. As 
resoluções serão obrigatoriamente homologadas pelo chefe do poder 
constituído em cada esfera de governo, em um prazo de 30 (trinta) dias, 
dando-se-lhes publicidade oficial. Decorrido o prazo mencionado e não 
sendo homologada a resolução e nem enviada justificativa pelo gestor ao 
Conselho de Saúde com proposta de alteração ou rejeição a ser apreciada 
na reunião seguinte, as entidades que integram o Conselho de Saúde 
podem buscar a validação das resoluções, recorrendo à justiça e ao Minis-
tério Público, quando necessário. 
Quinta Diretriz: aos Conselhos de Saúde Nacional, Estaduais, Mu-
nicipais e do Distrito Federal, que têm competências definidas nas leis 
federais, bem como em indicações advindas das Conferências de Saúde, 
compete: 
I - fortalecer a participação e o Controle Social no SUS, mobilizar e 
articular a sociedade de forma permanente na defesa dos princípios consti-
tucionais que fundamentam o SUS; 
II - elaborar o Regimento Interno do Conselho e outras normas de 
funcionamento; 
III - discutir, elaborar e aprovar propostas de operacionalização das 
diretrizes aprovadas pelas Conferências de Saúde; 
IV - atuar na formulação e no controle da execução da política de 
saúde, incluindo os seus aspectos econômicos e financeiros, e propor 
estratégias para a sua aplicação aos setores público e privado; 
V - definir diretrizes para elaboração dos planos de saúde e delibe-
rar sobre o seu conteúdo, conforme as diversas situações epidemiológicas 
e a capacidade organizacional dos serviços; 
VI - anualmente deliberar sobre a aprovação ou não do relatório de 
gestão; 
VII - estabelecer estratégias e procedimentos de acompanhamento 
da gestão do SUS, articulando-se com os demais colegiados, a exemplo 
dos de seguridade social, meio ambiente, justiça, educação, trabalho, 
agricultura, idosos, criança e adolescente e outros; 
VIII - proceder à revisão periódica dos planos de saúde; 
IX - deliberar sobre os programas de saúde e aprovar projetos a 
serem encaminhados ao Poder Legislativo, propor a adoção de critérios 
definidores de qualidade e resolutividade, atualizando-os face ao processo 
de incorporação dos avanços científicos e tecnológicos na área da Saúde; 
X - avaliar, explicitando os critérios utilizados, a organização e o 
funcionamento do Sistema Único de Saúde do SUS; 
XI - avaliar e deliberar sobre contratos, consórcios e convênios, 
conforme as diretrizes dos Planos de Saúde Nacional, Estaduais, do Distrito 
Federal e Municipais; 
XII - acompanhar e controlar a atuação do setor privado credencia-
do mediante contrato ou convênio na área de saúde; 
XIII - aprovar a proposta orçamentária anual da saúde, tendo em 
vista as metas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentá-
rias, observado o princípio do processo de planejamento e orçamento 
ascendentes, conforme legislação vigente; 
XIV - propor critérios para programação e execução financeira e 
orçamentária dos Fundos de Saúde e acompanhar a movimentação e 
destino dos recursos; 
XV - fiscalizar e controlar gastos e deliberar sobre critérios de mo-
vimentação de recursos da Saúde, incluindo o Fundo de Saúde e os recur-
sos transferidos e próprios do Município, Estado, Distrito Federal e da 
União, com base no que a lei disciplina; 
XVI - analisar, discutir e aprovar o relatório de gestão, com a pres-
tação de contas e informações financeiras, repassadas em tempo hábil aos 
conselheiros, e garantia do devido assessoramento; 
XVII - fiscalizar e acompanhar o desenvolvimento das ações e dos 
serviços de saúde e encaminhar denúncias aos respectivos órgãos de 
controle interno e externo, conforme legislação vigente; 
XVIII - examinar propostas e denúncias de indícios de irregularida-
des, responder no seu âmbito a consultas sobre assuntos pertinentes às 
ações e aos serviços de saúde, bem como apreciar recursos a respeito de 
deliberações do Conselho nas suas respectivas instâncias; 
XIX - estabelecer a periodicidade de convocação e organizar as 
Conferências de Saúde, propor sua convocação ordinária ou extraordinária 
e estruturar a comissão organizadora, submeter o respectivo regimento e 
programa ao Pleno do Conselho de Saúde correspondente, convocar a 
sociedade para a participação nas pré-conferências e conferências de 
saúde; 
XX - estimular articulação e intercâmbio entre os Conselhos de 
Saúde, entidades, movimentos populares, instituiçõespúblicas e privadas 
para a promoção da Saúde; 
XXI - estimular, apoiar e promover estudos e pesquisas sobre as-
suntos e temas na área de saúde pertinente ao desenvolvimento do Siste-
ma Único de Saúde (SUS); 
XXII - acompanhar o processo de desenvolvimento e incorporação 
científica e tecnológica, observados os padrões éticos compatíveis com o 
desenvolvimento sociocultural do País; 
XXIII - estabelecer ações de informação, educação e comunicação 
em saúde, divulgar as funções e competências do Conselho de Saúde, 
seus trabalhos e decisões nos meios de comunicação, incluindo informa-
ções sobre as agendas, datas e local das reuniões e dos eventos; 
XXIV - deliberar, elaborar, apoiar e promover a educação perma-
nente para o controle social, de acordo com as Diretrizes e a Política Na-
cional de Educação Permanente para o Controle Social do SUS; 
XXV - incrementar e aperfeiçoar o relacionamento sistemático com 
os poderes constituídos, Ministério Público, Judiciário e Legislativo, meios 
de comunicação, bem como setores relevantes não representados nos 
conselhos; 
XXVI - acompanhar a aplicação das normas sobre ética em pes-
quisas aprovadas pelo CNS; 
XXVII - deliberar, encaminhar e avaliar a Política de Gestão do 
Trabalho e Educação para a Saúde no SUS; 
XXVIII - acompanhar a implementação das propostas constantes 
do relatório das plenárias dos Conselhos de Saúde; e 
XXIX - atualizar periodicamente as informações sobre o Conselho 
de Saúde no Sistema de Acompanhamento dos Conselhos de Saúde 
(SIACS). 
Fica revogada a Resolução do CNS no 333, de 4 de novembro de 
2003. 
 
ALEXANDRE ROCHA SANTOS PADILHA 
Presidente do Conselho Nacional de Saúde 
Homologo a Resolução CNS no 453, de 10 de maio de 2012, nos 
termos do Decreto nº 5.839, de 11 de julho de 2006. 
 
ALEXANDRE ROCHA SANTOS PADILHA 
Ministro de Estado da Saúde 
 
Republicada por ter saído com incorreção no original, publicado no 
Diário Oficial da União nº 109, Seção 1, página 138 
 
 
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APOSTILAS OPÇÃO A Sua Melhor Opção em Concursos Públicos 
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4 CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ARTIGOS DE 194 A 200 
 
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de 
ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a 
assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. 
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organi-
zar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos: 
I - universalidade da cobertura e do atendimento; 
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às popula-
ções urbanas e rurais; 
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e servi-
ços; 
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; 
V - equidade na forma de participação no custeio; 
VI - diversidade da base de financiamento; 
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante 
gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregado-
res, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados. (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de 
forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes 
dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí-
pios, e das seguintes contribuições sociais: 
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na for-
ma da lei, incidentes sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 
20, de 1998) 
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou credi-
tados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem 
vínculo empregatício; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
b) a receita ou o faturamento; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 
20, de 1998) 
c) o lucro; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não 
incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo 
regime geral de previdência social de que trata o art. 201; (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) 
III - sobre a receita de concursos de prognósticos. 
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem a lei a 
ele equiparar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
§ 1º - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios 
destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, não 
integrando o orçamento da União. 
§ 2º - A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de 
forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e 
assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na 
lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus 
recursos. 
 
§ 3º - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, 
como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem 
dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. 
§ 4º - A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manuten-
ção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154, I. 
§ 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser 
criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total. 
§ 6º - As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser 
exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as 
houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 
150, III, "b". 
§ 7º - São isentas de contribuição para a seguridade social as entida-
des beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabe-
lecidas em lei. 
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pesca-
dor artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas 
atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, 
contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota 
sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefí-
cios nos termos da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, 
de 1998) 
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I do caput deste artigo 
poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão da 
atividade econômica, da utilização intensiva de mão-deobra, do porte da 
empresa ou da condição estrutural do mercado de trabalho. (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005) 
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sis-
tema único de saúde e ações de assistência social da União para os Esta-
dos, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, 
observada a respectiva contrapartida de recursos. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 20, de 1998) 
§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições 
sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para débitos em 
montante superior ao fixado em lei complementar. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 20, de 1998) 
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as 
contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do caput, serão não-
cumulativas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição 
gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na forma do inciso I, a, 
pela incidente sobre a receita ou o faturamento. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 42, de 19.12.2003) 
Seção II 
DA SAÚDE 
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido medi-
ante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doen-
ça e de outrosagravos e ao acesso universal e igualitário às ações e servi-
ços para sua promoção, proteção e recuperação. 
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, ca-
bendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamenta-
ção, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou 
através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito 
privado. 
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede re-
gionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de 
acordo com as seguintes diretrizes: 
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo; 
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, 
sem prejuízo dos serviços assistenciais; 
III - participação da comunidade. 
§ 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, 
com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes. (Parágrafo 
único renumerado para § 1º pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, 
anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos 
derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
I - no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar 
prevista no § 3º; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecada-
ção dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam 
os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que 
forem transferidas aos respectivos Municípios; (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 29, de 2000) 
III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arreca-
dação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam 
os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.(Incluído pela Emenda Constitu-
cional nº 29, de 2000) 
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco 
anos, estabelecerá:(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
Regulamento 
I - os percentuais de que trata o § 2º; (Incluído pela Emenda Constitu-
cional nº 29, de 2000) 
II - os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde des-
tinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados 
destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva redu-
ção das disparidades regionais; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, 
de 2000) 
III - as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com 
saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal; (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
IV - as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela Uni-
ão.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) 
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir a-
gentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio 
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de processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de 
suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação. .(Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 51, de 2006) 
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profis-
sional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a regulamenta-
ção das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate 
às endemias, competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência 
financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, 
para o cumprimento do referido piso salarial. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 63, de 2010) 
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º do art. 
169 da Constituição Federal, o servidor que exerça funções equivalentes às 
de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias 
poderá perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos específi-
cos, fixados em lei, para o seu exercício. (Incluído pela Emenda Constitu-
cional nº 51, de 2006) 
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. 
§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma complemen-
tar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato 
de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas 
e as sem fins lucrativos. 
§ 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou 
subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. 
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capi-
tais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos 
em lei. 
§ 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a 
remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplan-
te, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão 
de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização. 
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribui-
ções, nos termos da lei: 
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de inte-
resse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamen-
tos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos; 
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem co-
mo as de saúde do trabalhador; 
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde; 
IV - participar da formulação da política e da execução das ações de 
saneamento básico; 
V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e 
tecnológico; 
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu 
teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano; 
VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guar-
da e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos; 
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do 
trabalho. 
5 LEI ORGÂNICA DA SAÚDE - LEI Nº 8.080/1990, 
LEI Nº 8.142/1990 E DECRETO PRESIDENCIAL 
Nº 7.508, DE 28 DE JUNHO DE 2011. 
 
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação 
da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes 
e dá outras providências. 
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR 
Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações e serviços 
de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou 
eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito Público ou privado. 
TÍTULO I 
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS 
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o 
Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. 
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e 
execução de políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos 
de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que 
assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a 
sua promoção, proteção e recuperação. 
§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das em-
presas e da sociedade. 
Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, en-
tre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambien-
te, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos 
bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a 
organização social e econômica do País. 
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por 
força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à 
coletividade condições de bem-estar físico, mental e social. 
TÍTULO II 
DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR 
Art. 4º O conjunto de

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