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Sistema Único de Saúde

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Sistema Único de Saúde (SUS)
O Sistema Único de Saúde (SUS) existe há mais de 30 anos. Para melhor entender o modelo atual de organização do sistema de saúde do Brasil, é importante destacar alguns momentos da evolução histórica da assistência à saúde no País. 
Hoje pode ser difícil imaginar que, anteriormente ao SUS, o sistema de saúde pressupunha a existência de dois grupos de pessoas, que podemos chamar de os incluídos e os não incluídos. Acontece que no início do século passado o modelo predominante era o liberal tradicional: a assistência individual era realizada pelos profissionais de saúde e ocorria mediante remuneração direta paga pelo paciente ou era ofertada por instituições de caridade a quem não podia pagar, ou seja, havia os que podiam e os que não podiam pagar para ter acesso à assistência médica. 
Surge, a partir dos anos 1930, a Previdência Social e seus Institutos de Aposentadoria e Pensão, unificados em 1967, no Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). 
Em 1977, com a criação do Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS), parte das funções até então exercidas pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) são transferidas para duas novas instituições: a assistência médica aos segurados foi atribuída ao Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) e a gestão financeira ao Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social (IAPAS). 
Tínhamos, no INAMPS, duas categorias de usuários no sistema público de saúde brasileiro: os incluídos, que tinham o direito porque recolhiam a contribuição ao INAMPS; e os não incluídos, às vezes chamados de indigentes, que dependiam da atenção ambulatorial mais simples prestada por alguns serviços públicos e a assistência hospitalar prestada pelas entidades filantrópicas. Havia então os previdenciários e os não-previdenciários.
Dessa forma, uma parcela considerável da população não tinha acesso aos serviços públicos previdenciários da saúde, e com a crise econômica dos anos 1980, essa parcela torna-se ainda maior, devido ao desemprego e ao aumento do trabalho informal, pressionando por uma necessidade de reorganização do sistema de saúde. 
Nesse cenário de um modelo à beira da exaustão, em 1986, ocorre a VIII Conferência Nacional de Saúde, na qual são apresentadas as bases doutrinárias de um novo sistema público de saúde, que fosse direito de todos os cidadãos e dever do Estado. Em seguida, os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte definem a criação de um Sistema Único de Saúde (SUS), organizado pelos princípios da descentralização, do atendimento integral e universal e da participação da comunidade. 
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), em sua publicação intitulada Legislação Estruturante do SUS, menciona que: “Criou-se, assim, na Constituição Federal promulgada em 5 de outubro de 1988 – Título VIII, da Ordem Social; Capítulo II, da Seguridade Social; Seção II, da Saúde, artigos 196 a 200, o Sistema Único de Saúde (SUS).” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011, p. 16). 
O novo modelo de sistema de saúde altera de forma significativa o modelo anterior, passando de ações que visavam atender ao sofrimento individual de uma parcela da população economicamente ativa e que estivesse doente, para um modelo com foco na prevenção e voltado à promoção, proteção e recuperação da saúde de forma integral e universal. 
Os desafios naturais para a implementação de uma nova política de saúde e funcionamento a contento passam pelo fato de o SUS ser o maior sistema de saúde mundial, e o único que tem uma população com mais de 200 milhões de pessoas como referência. 
Com o SUS, a saúde deixa de representar apenas um quadro de “não doença”, ampliando o conceito e passando a ser um direito de todos os cidadãos, e não um produto, devendo ser promovida e voltada para a prevenção de agravos, diminuindo a ocorrência de enfermidades.
Fundamentação Normativa do SUS 
O SUS está fundamentado nos artigos 196 a 200 da Constituição Federal promulgada em 1988 (CF/88), que sofreram modificações por Emendas Constitucionais (EC) ao longo dos anos. 
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. 
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. 
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I– descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II– atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
III– participação da comunidade.
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes.
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre:
I– no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro não podendo ser inferior a 15% (quinze por cento);
II– no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea “a”, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos Municípios;
III– no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea “b” e § 3º.
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá:
I– os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º;
II– os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução das disparidades regionais;
III– as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal;
IV– (Revogado).
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação.
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as diretrizes para os Planos de Carreira e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate às endemias, competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial.
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor que exerça funções equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias poderá perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exercício. 
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.§ 3º É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei.
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização. 
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:
I– controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
II– executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;
III– ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
IV– participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;
V– incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação;
VI– fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano;
VII– participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
VIII– colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho. (BRASIL, 1988, [n. p.]). 
A partir da Constituição Federal, o SUS é regulamentado por algumas leis complementares e ordinárias, que lhe dão corpo, como por exemplo a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, que é assim destacada pelo CONASS: 
A Lei nº 8.080/1990, também chamada de Lei Orgânica da Saúde, dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde e a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e regula em todo o território nacional as ações e os serviços de saúde executados isolada ou conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito público ou privado. (CONASS, 2015, p. 21). 
A Lei nº 8.080, passados mais de 30 anos de sua publicação, foi alterada por outras Leis nesse período. A Lei Complementar nº 141, de 13 de janeiro de 2012, por exemplo: 
Regulamenta o § 3º do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas 3 (três) esferas de governo; revoga dispositivos das Leis 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de 27 de julho de 1993; e dá outras providências [...]. (BRASIL, 2012, [n. p.]). 
Ainda tratando acerca dos atos normativos que complementam a Constituição Federal, é imprescindível citarmos a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que: 
[...] dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. (BRASIL, 1990a, [n. p.]). 
Depois de sua fundamentação com a Constituição Federal e as citadas Leis nº 8.080 e nº 8.142, a partir de sua criação, e por mais de 20 anos, o SUS foi operacionalizado por meio de Portarias que instituíram as Normas Operacionais Básicas (NOB), entre 1991 e 1996, as Normas Operacionais de Assistência à Saúde (NOAS) e o Pacto pela Saúde, nos anos 2000, até a publicação do Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011.
Após as normatizações trazidas pelas Normas Operacionais Básicas, concluiu-se que havia necessidade de um novo processo normativo, que pudesse contemplar toda a diversidade e as diferenças entre as várias regiões do País, que fosse adequado às diversas realidades, mantendo, porém, os princípios do SUS. 
Esse novo processo veio com a publicação da Portaria nº 399, em 22 de fevereiro de 2006, revogada em 2017 pela Portaria nº 2.501, de 28 de setembro de 2017, na qual foram definidas as diretrizes operacionais do Pacto pela Saúde em suas 3 dimensões: 
a)      Pacto em Defesa do SUS;
b)      Pacto pela Vida;
c)      Pacto de Gestão. 
Mais do que uma Norma Operacional, o Pacto pela Saúde é um acordo interfederativo, que envolve todos os gestores e suas responsabilidades, com ênfase nas necessidades de saúde da população. Sobre isso, o CONASS destaca o que segue: 
As três esferas de gestão do SUS representadas pelo Ministério da Saúde, CONASS e CONASEMS, pactuaram responsabilidades no campo da gestão e da atenção à saúde, a partir de uma unidade de princípios que, guardando coerência com a diversidade operativa, respeita as diferenças locorregionais, agrega os pactos anteriormente existentes, reforça a organização das regiões sanitárias instituindo mecanismos de cogestão e planejamento regional, fortalece os espaços e mecanismos de controle social, qualifica o acesso da população à atenção integral à saúde, redefine os instrumentos de regulação, programação e avaliação, valoriza a macrofunção de cooperação técnica entre os gestores e propõe um financiamento tripartite que estimula  critérios de equidade nas transferências fundo a fundo. (CONASS, 2011, p. 26). 
Em continuidade ao movimento de organização do SUS trazido pelas Normas Operacionais, e, depois, com a implantação do Pacto pela Saúde, passados 21 anos da promulgação da Lei nº 8.080/1990, em 28 de junho de 2011 é publicado o Decreto nº 7.508, que a regulamenta, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde (SUS), o planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa e dá outras providências. Em síntese, o referido Decreto institui: 
a)      as Regiões de Saúde;
b)      as Redes de Atenção à Saúde;
c)      o planejamento da saúde;
d)      a assistência à saúde; e
e)      a articulação interfederativa, entre outros. 
O Quadro 2 a seguir apresenta um resumo dos atos normativos citados neste curso.
Quadro 2 - Resumo de Atos Normativos
Fonte: ICSF (2021).
Diretrizes e Princípios do SUS 
Para atingirem seus objetivos, as ações executadas e os serviços dispensados pelo SUS necessitam de bases para o seu funcionamento e sua organização, que orientem quanto ao seu cumprimento. São os princípios e as diretrizes do SUS que funcionam como sustentáculos para operacionalizar as ações que devem ser executadas. Esses princípios e diretrizes estão presentes nos seguintes atos normativos: 
1. as diretrizes estabelecidas no Art. 198 da CF/88, que orientam a organização do SUS em todo o território nacional;
2. os princípios constantes no Art. 7º da Lei 8.080/90, que direcionam “[...] ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS).” (BRASIL, 1990, [n. p.]). 
A Constituição Federal de 1988, na seção II, que trata da saúde, dispõe, em seu Art. 198, sobre as diretrizes para a organização do SUS: 
[...]
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
III - participação da comunidade [...]. (BRASIL, 1988, [n. p.]). 
Sobre os princípios do Art. 7º, a Lei nº 8.080 os dispõe da seguinte forma: 
[...]
Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios: 
I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência;
II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidospara cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema;
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral;
IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie;
V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário;
VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação programática;
VIII - participação da comunidade;
IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo: 
a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;
b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; 
X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico;
XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população;
XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência;
XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos;
XIV - organização de atendimento público específico e especializado para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral, que garanta, entre outros, atendimento, acompanhamento psicológico e cirurgias plásticas reparadoras, em conformidade com a Lei nº 2.845, de 1º de agosto de 2013 (Redação dada pela Lei nº 13.427, de 2017) [...]. (BRASIL, 1990, [n. p.], grifos nossos).
Portanto, as diretrizes da saúde trazidas na Constituição Federal norteiam e ganham corpo através dos princípios constantes do Art. 7º da Lei nº 8.080/90. 
Princípios Doutrinários 
Os Princípios Doutrinários dizem respeito ao direito das pessoas em relação ao SUS. São eles: 
a)      Universalidade;
b)      Integralidade;
c)      Igualdade (ou equidade).
Universalidade 
Como visto, se anteriormente à instituição do SUS havia categorias de usuários no sistema de saúde: os incluídos e os não incluídos, representados pelos que podiam pagar e os que não podiam pagar, ou pelos previdenciários e os não previdenciários, o SUS traz como princípio fundamental a universalidade, determinando que todas as pessoas, sem qualquer tipo de discriminação, têm o direito à atenção e ao acesso às ações e serviços de saúde em todos os níveis de assistência. 
Integralidade 
A Integralidade significa que o sistema de saúde deve propor não somente a recuperação da saúde, através da assistência curativa, mas também a promoção e a proteção da saúde como prioridades. 
A assistência integral implica em atenção a cada indivíduo, entendendo suas necessidades e demandas, e em todos os níveis de complexidade. Também, em conceito ampliado, tem caráter coletivo, compreendendo um conjunto de ações e serviços na oferta do cuidado de saúde. 
Igualdade 
O artigo 7º, da Lei nº 8.080/1990, ao citar o acesso igualitário e as ações e serviços de saúde está, na verdade, falando em equidade. 
Equidade é mais que igualdade. Enquanto a igualdade pode ser entendida como tratar a todos de forma igual, a proposta da equidade é distribuir os recursos de saúde de acordo com as necessidades, ou seja, quem mais precisa deve receber mais. Sobre o conceito de igualdade, Santos enfatiza que: 
[...] temos o direito a ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito a ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades. (MEMORIAL DE CANDIDATURA DE BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS AO TÍTULO DE DOUTOR HONORIS CAUSA PELA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, 2011, p. 1). 
Princípios Organizativos 
Os princípios organizativos representam os meios pelos quais se pretende atingir os objetivos do SUS. São eles: 
a)      Regionalização e hierarquização;
b)      Descentralização e comando único;
c)      Participação popular. 
Regionalização e hierarquização 
Certamente não há, no Brasil, um município que seja totalmente suficiente para executar todas as ações de atenção à saúde, a fim de garantir a integralidade e a universalidade. Devido a isso, o CONASEMS destaca que: 
[...]
Todos os municípios acabam por ter que utilizar um ou outro serviço de outro município para a garantia dessa atenção à saúde de seus munícipes de forma integral. Uma boa parcela de municípios possui sob sua gestão serviços que são referências regionais [...]. (CONASEMS, 2021, p. 30). 
O Art. 3º do Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011, mostra que a rede assistencial do SUS é formada pelas instituições próprias dos três níveis de governo (União, estados e municípios) e pelas entidades privadas com ou sem fins lucrativos, conveniadas ou contratadas, que se transformam em pontos (redes) de atenção a assistência à saúde. 
[...]
Art. 3º O SUS é constituído pela conjugação das ações e serviços de promoção, proteção e recuperação da saúde executados pelos entes federativos, de forma direta ou indireta, mediante a participação complementar da iniciativa privada, sendo organizado de forma regionalizada e hierarquizada [...]. (BRASIL, 2011, [n. p.]). 
O SUS é construído a partir dessa relação de cooperação entre todos os entes federados, sem que haja hierarquia entre as três esferas de governo, na qual todos são responsáveis pela execução da política de saúde, de forma articulada com a conjugação de todos os recursos disponíveis. 
Essas redes assistenciais estão organizadas em regiões geográficas intituladas de regiões de saúde, e relacionam-se como componentes sistêmicos de um mesmo organismo, proporcionando o atendimento integral com atividades preventivas e serviços assistenciais, que estão organizados em diversas linhas de cuidado e temáticas. 
Sobre as regiões de saúde, o Decreto nº 7.508 define que: 
[...]
Região de Saúde - espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos de Municípios limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde [...]. (BRASIL, 2011, [n. p.]). 
O Decreto nº 7.508 define ainda as Redes de Atenção à Saúde como: “Conjunto de ações e serviços de saúde articulados em níveis de complexidade crescente, com a finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde.” (BRASIL, 2011, [n. p.]). 
Esse modelo regionalizado justifica-se, uma vez que os gestores não conseguem atender, no próprio município, a todas as demandas de saúde. Assim, a solução das questões deve ser hierarquizada, partindo das mais frequentes e menos complexas, quanto ao uso de tecnologia, até as mais complexas, com concentração de recursos especializados e tecnologia de ponta. 
Essa hierarquização pode dar-se dentro da mesma região de saúde ou envolver mais de uma região de saúde. 
À Atenção Primária cabe exercer o papel de ordenadora do sistema municipal de saúde, acompanhando o paciente ao longo do tempo e de sua caminhada pelas redes de serviços de saúde. 
Por que hierarquizar os serviços no SUS? Vamos refletir: qual é o planejamento mais adequado para realizar cirurgias cardíacas? 
1. uma cirurgia por mês em 30 serviços (estabelecimentos de saúde) distintos?
2. uma cirurgia por dia, distribuída ao longo de um mês, em um mesmo serviço (estabelecimento de saúde)? 
Se você respondeu a opção “b”, está correto, pois o melhor é organizar a rede de atenção para concentrar as cirurgias cardíacas (aqui representando os serviços mais especializados) em um só serviço, ganhando em economia e em qualidade da assistência. Essa rede, então, será hierarquizada, partindo de serviços menos especializados, ou básicos, contando com vários serviços, mas apenas um especializado em cirurgia cardíaca, referenciado. 
Descentralização e comando único 
Sobre a Descentralizaçãoe o Comando Único, o Ministério da Saúde define o que segue: 
[...]
Descentralização e Comando Único: descentralizar é redistribuir poder e responsabilidade entre os três níveis de governo. Com relação à saúde, descentralização objetiva prestar serviços com maior qualidade e garantir o controle e a fiscalização por parte dos cidadãos. No SUS, a responsabilidade pela saúde deve ser descentralizada até o município, ou seja, devem ser fornecidas ao município condições gerenciais, técnicas, administrativas e financeiras para exercer esta função. Para que valha o princípio da descentralização, existe a concepção constitucional do mando único, onde cada esfera de governo é autônoma e soberana nas suas decisões e atividades, respeitando os princípios gerais e a participação da sociedade [...]. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2020, [n. p.]). 
Por que descentralizar? Porque quanto mais próximo o gestor estiver da população, maior a probabilidade de conhecer as necessidades e realizar o planejamento de suas ações, voltado para garantir que essas necessidades sejam supridas e possibilitando maior assertividade na sua execução e monitoramento. 
Por que a direção única? É necessário que os serviços estejam sob a mesma direção, ou mesmo comando, para atingir os mesmos objetivos, a partir da mesma diretriz de atuação, obedecendo a uma mesma lógica, evitando duplicidade de ações para um mesmo objetivo, fragmentação e desorganização do sistema. 
Participação popular 
O SUS possui mecanismos para assegurar o direito de participação a todos os segmentos da sociedade envolvidos na assistência: gestores, prestadores de serviços, profissionais de saúde e, obviamente, os usuários dos serviços. Esses mecanismos são denominados de Controle Social. 
Os principais instrumentos para exercer esse controle social são: os Conselhos de Saúde (nacional, estaduais e municipais) e as Conferências de Saúde, que ocorrem nas 3 esferas de governo. 
 Os Conselhos de Saúde têm composição paritária entre seus membros, sendo a metade de usuários e a outra metade dividida entre representantes do gestor e dos prestadores. Trata-se de um órgão fiscalizador que tem caráter deliberativo, ou seja, tem poder de decisão. 
Ainda neste curso, mais precisamente na seção 4, voltaremos aos conselhos de saúde, ao falar sobre a organização e estrutura de decisão do SUS.

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