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Comunicação e marketing em midias digitais DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL Ana Cristina Pinheiro DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 1 Prezado aluno, Esta apostila é a versão estática, em formato .pdf, da disciplina online e contém todas as informações necessárias a quem deseja fazer uma leitura mais linear do conteúdo. Os termos e as expressões destacadas de laranja são definidos ao final da apostila em um conjunto organizado de texto denominado NOTAS. Nele, você encontrará explicações detalhadas, exemplos, biografias ou comentários a respeito de cada item. Além disso, há três caixas de destaque ao longo do conteúdo. A caixa de atenção é usada para enfatizar questões importantes e implica um momento de pausa para reflexão. Trata-se de pequenos trechos evidenciados devido a seu valor em relação à temática principal em discussão. A galeria de vídeos, por sua vez, aponta as produções audiovisuais que você deve assistir no ambiente online – aquelas que o ajudarão a refletir, de forma mais específica, sobre determinado conceito ou sobre algum tema abordado na disciplina. Se você quiser, poderá usar o QR Code para acessar essas produções audiovisuais, diretamente, a partir de seu dispositivo móvel. Por fim, na caixa de Aprenda mais, você encontrará indicações de materiais complementares – tais como obras renomadas da área de estudo, pesquisas, artigos, links etc. – para enriquecer seu conhecimento. Aliados ao conteúdo da disciplina, todos esses elementos foram planejados e organizados para tornar a aula mais interativa e servem de apoio a seu aprendizado! Bons estudos! DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 2 Direito do Consumidor e Propriedade Intelectual - Apostila Apresentação O cidadão é protegido por direitos garantidos constitucionalmente, assim como o consumidor e autor de obras possuem o agasalho jurídico e judicial que os ampara nos segmentos pessoais, acadêmicos e profissionais. O Direito permeia nossa vida por meio das diversas relações jurídicas firmadas em contratos previstos em nosso ordenamento jurídico, como uma espécie de negócios jurídicos. Neste sentido, todos os profissionais, inclusive os de comunicação em mídias digitais, devem ter uma noção básica não só dos seus direitos constitucionais, como também dos direitos contratual, consumerista, trabalhista, autoral e digital, de modo que possam exercer suas funções de maneira mais legítima, segura e contundente com o cuidado de estar agindo em conformidade com a lei. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 1. Apresentar os direitos constitucionais garantidos na Lei Maior com vistas à proteção do direito contratual, consumerista, trabalhista e autoral; 2. Descrever e alertar sobre as práticas abusivas e ilícitas, como crimes virtuais e pirataria, praticados pela internet, que ocorrem no exercício da função na ótica do direito autoral; 3. Esclarecer detalhes sobre o marco civil da internet e sobre as licenças flexíveis que relativizaram os direitos autorais no Brasil e no mundo. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 3 Aula 1: Noções de Direito Constitucional Introdução Iniciaremos nossa primeira aula com uma pergunta: Neste exato momento em que você acessou o sistema para assistir a aula está ocorrendo uma relação jurídica? A resposta correta é sim, pois você assiste a esta aula por ter firmado contrato de prestação de serviços educacionais com a Estácio para se qualificar profissionalmente. Dessa maneira, você percebe que o Direito faz parte do seu cotidiano. Conhecer o Direito é imprescindível para efetivá-lo e para que a ordem seja mantida na sociedade. Para isso, é fundamental conhecer a Constituição Federal do Brasil, que serve de base para as demais leis. Você está familiarizado com os princípios e direitos fundamentais inerentes a todos nós, brasileiros e estrangeiros residentes, no Brasil? Você sabe quais são os princípios contratuais e os requisitos de validade que devem orientar a elaboração dos contratos? Saberia afirmar se é possível firmar um contrato via web? Nesta aula, estudaremos esses conceitos e, ao final, você será capaz de responder a todos esses questionamentos. Objetivo: 1. Analisar os princípios constitucionais e os direitos fundamentais dos cidadãos protegidos e assegurados na Constituição Federal, voltados para o direito à intimidade, à vida privada, à honra, à imagem das pessoas, à inviolabilidade de domicílio, de correspondência, direito à propriedade e os direitos autorais de obras artísticas, científicas e literárias; 2. Analisar os princípios contratuais e os requisitos de validade do contrato firmado para estabelecer as mais diversas relações jurídicas no cotidiano, incluindo o contrato via web. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 4 Conteúdo Constituição Federal A Constituição Federal é nossa Lei Maior e regula de forma genérica todos os demais direitos e nenhuma norma infraconstitucional pode ferir os princípios constitucionais. A atual Constituição é datada de 5 de outubro de 1988. Princípios básicos da Constituição Federal A Carta Magna tem a seguinte redação em seu Art. 1º: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I. A soberania O Brasil é soberano para fazer cumprir as leis em seu território. II. A cidadania Promover o exercício dos direitos e deveres básicos do cidadão sejam eles sociais, civis e políticos. III. A dignidade da pessoa humana Valor moral, respeito e consideração por parte do Estado que deve ser oferecido ao cidadão, através das políticas públicas. IV. Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 5 Proteção das leis trabalhistas e o incentivo à iniciativa privada na produção ou circulação de bens ou serviços, através da criação de empresas. V. O pluralismo político Assegurar a liberdade de expressão, manifestação e opinião, garantindo-se a participação do povo na formação da democracia do país. Princípios básicos da Constituição Federal O Governo é uno, único, separado em Poderes que representam a União, que são os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, cada qual com sua atribuição e função, conforme Art. 2º da Constituição Federal. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Poder Legislativo Propõe leis, emendas à Constituição, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções. Exercido pelo Congresso Nacional, composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Poder Executivo Direção da administração federal. Sanciona, promulga e veta leis. Coloca programas de governo em prática. Exercido pelo Presidente da República, que também pode propor leis, e pelos Ministros de Estado. Poder Judiciário DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 6 Garante direitos e resolve conflitos entre cidadãos, entidades e Estado. Zela pelo cumprimento da Constituição e dá a palavra final em questões que envolvam suas normas. Exercido pelo Supremo Tribunal Federal, órgão máximo, e outros Tribunais. O STF é composto por onze Ministros escolhidos pelo Presidente da República. Muito se fala sobre os três poderesna política brasileira. Mas, afinal, o que é o poder executivo, legislativo e judiciário? Direitos fundamentais dos cidadãos Você conhece os direitos fundamentais assegurados na Constituição Federal? Eles estão protegidos e assegurados no art. 5º da Constituição Federal em seus 78 incisos e prevê em seu caput: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Incisos I a LXXVIII. É importante destacar o princípio da igualdade (isonomia). [...] Todos são iguais perante a lei [...] Direitos fundamentais dos cidadãos ligados ao Direito Autoral Alguns dos Direitos Fundamentais dos cidadãos assegurados pelo Artigo 5º da Constituição Federal são inerentes ao Direito Autoral. Vejamos alguns incisos do Art. 5º destacados: DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 7 Inciso IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. Isso quer dizer que as pessoas podem expressar seus pensamentos e vontades, contudo devem assumir a autoria do que dizem e produzem. Inciso X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Isso quer dizer que ninguém tem o direito de invadir a privacidade de outra pessoa, seja por meio de ligação telefônica, publicação de fotos ou comentários sobre uma pessoa sem que esta tenha autorizado, cabendo indenização. No entanto, se for pessoa famosa ou local público, esse princípio fica mitigado, em razão do princípio de liberdade de expressão e do interesse social que se sobrepõe a esse. Inciso XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Esse inciso é regulamentado pela Lei nº 9.296, de 1996 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9296.htm). Dessa maneira, assim como a correspondência e a conversa telefônica, o e-mail deve ser preservado, com exceções conforme veremos na próxima aula. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 8 Inciso XXII – é garantido o direito de propriedade. Trata de propriedade material, bens móveis ou imóveis, como casa, automóvel. Significa, também, propriedade imaterial ou intelectual, como livro, filme, música, foto, software. Inciso XXIII – a propriedade atenderá a sua função social. É interesse da coletividade. Existe a quebra de patente por interesse coletivo. Exemplo: O inventor de uma vacina contra o câncer pode registrar seu invento e estar protegido. No entanto, como é caso de interesse da coletividade, a patente será quebrada para que o governo utilize essa vacina, mas o seu direito como autor da obra e de receber pelo invento continua preservado, conforme veremos na aula 3, sobre direitos autorais. Inciso XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar. Como exemplo, podemos citar as obras de autores de livros e músicas que possuem o direito autoral, ou seja, de ter o nome na obra e de auferir os lucros advindos desta obra. Domínio Público A legislação brasileira dos direitos autorais (Lei 9.610/98) prevê que a regra geral para que as obras caiam em domínio público é de 70 anos após a morte do seu autor. Esse tempo começa a ser contado no dia 1 de janeiro do ano subsequente ao falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil (descendentes, ascendentes, cônjuge e colaterais). Contudo, se não houver deixado sucessores, a obra cairá em domínio público na data do falecimento de seu autor. Exemplo: as obras de Noel Rosa caíram em domínio público em 2008. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 9 Uma obra em domínio público, em regra, não pode ser licenciada, mas há alternativas, como a licença CC, da organização Creative Commons, que sinaliza que o autor abriu mão de todos os direitos. Quando uma obra está em domínio público não é possível a recuperação dos direitos sobre a obra aos detentores. Nos Estados Unidos nada entrará em domínio público – pelo menos até 2019 – por causa de sucessivas mudanças na legislação, que ampliou para 95 anos o tempo para o domínio público. As obras de Walt Disney já teriam caído em domínio público se não tivesse ocorrido a mudança na lei. No caso de coautoria, quando a obra literária, artística ou científica for indivisível, o período previsto para o domínio público é de 70 anos após a morte do último coautor sobrevivente. Atenção Vejamos como a Constituição Federal garante os direitos concernentes às mídias e meios de imprensa. Art. 5º XXVIII – são assegurados, nos termos da lei: a) proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; Art. 220 – A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. § 1º – Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 10 Atividade proposta Vamos fazer uma atividade! No final de um jogo de futebol no Maracanã, as câmeras de uma emissora de televisão focalizaram um casal feliz comemorando a vitória do seu time. A esposa do torcedor, que assistia ao jogo em casa, reconheceu o marido e pediu o divórcio. Há, no caso, violação ao direito de imagem? Pode o torcedor (marido) obter indenização a esse título da emissora de televisão? Explique de acordo com os princípios constitucionais. Chave de resposta: Embora a imagem seja resguardada pela Constituição Federal, não há violação ao direito de imagem, pois ele encontrava-se em local "público", utilizado amplamente pela mídia, através de emissoras de televisão. O direito de imagem, nesse caso, é mitigado pela liberdade de imprensa, pois todos que frequentam estádios de futebol sabem que podem ser filmados, sem que haja afronta à sua imagem. Ponderação de valores entre os princípios da honra e da imagem e da liberdade de imprensa garantidos constitucionalmente. Dos Contratos em Geral O contrato existente no Estado Liberal foi trilhado pela liberalidade da autonomia da vontade. Este período foi marcado pelo auge do individualismo, que limitava ao máximo a intervenção estatal nas relações privadas, elevando os acordos à categoria de lei, obrigando as partes a cumprirem o contratado (pacta sunt servanda). Agora vamos estudar alguns Artigos da Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que institui o Código Civil. Art. 421 A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 11 A função social do contrato acentua a diretriz de “sociedade de direito” e, por identificação dialética, guarda intimidade com o princípio da função social da propriedade, prevista na Constituição. Art.422 Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. O Princípio da probidade contempla honestidade, integridade, honra. O Princípio da boa-fé reflete uma regra de conduta e ética adequada, leal, honesta, orientadora da construção do Código Civil. Atenção De acordo com Alves (2014), em análise do artigo 421 do Código Civil Brasileiro, “[...] percebe-se, que a supremacia da vontade, obrigava as partes a cumprir o acordo por eles estabelecido, ainda que seu conteúdo estivesse moldado de forma viciada. A vontade das partes, elevada ao status de lei, validava o acordo que empregava esse artifício, pois assim estabeleceram (e aceitaram) os contratantes”. Alves (2014) afirma que “[...] sobre o pretexto de liberdade, os grupos econômicos mais fortes se favoreciam em detrimento de outros, praticando a injustiça contratual”. Finaliza Alves (2014): “[...] A liberdade de contratar torna- se, então, um verdadeiro cárcere aos menos favorecidos, à medida que se tornam escassas suas opções de satisfação das suas necessidades, seja de trabalho, ou de consumo, senão através das grandes indústrias que se formavam, estabelecendo unilateralmente as condições dos contratos”. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 12 Interpretação dos contratos de adesão Sobre a interpretação dos contratos, vejamos o que diz o Art. 423 do Código Civil. Art. 423 do Código Civil: Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. O Art. 47 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) é mais amplo, pois estabelece que as cláusulas contratuais sejam interpretadas sempre de maneira mais favorável ao consumidor, independente de obscuridade ou ambiguidade da cláusula. Não existe um contrato de adesão, existem contratos celebrados por adesão, como os contratos com os bancos. O Código Civil não conceitua o contrato de adesão. O conceito está no CDC. Vejamos: Art. 54 do CDC: Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. O contrato de adesão não é uma espécie contratual propriamente dita, pois pode conter diversas modalidades obrigacionais. Segundo Marques (2011), é um método de contratação, cuja forma de aceitação de um dos contratantes ocorre com a simples adesão a um conteúdo preestabelecido pelo outro contratante. Proteção do aderente e validade do contrato O estipulante, por ter o poder de estabelecer unilateralmente as cláusulas contratuais, não pode impor ao aderente renúncia antecipada de direito decorrente das características essenciais do negócio que está celebrando. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 13 Segundo Tepedino (2006), “a jurisprudência brasileira tem levado à nulidade cláusulas que contrariem não só o conceito de natureza, mas ainda a finalidade econômica do contrato, principalmente quando tal renúncia atinja o cerne mesmo daquele pacto. A lógica de tais decisões não se limita às relações de consumo, ainda que este tenha sido o seu cenário original; afinal, como já visto, o Art. 422 também prescreve a necessidade de se preservar a boa-fé objetiva no âmbito dos contratos paritários”. As cláusulas abusivas são nulas (nulidade absoluta); isso não significa, porém, que necessariamente haverá nulidade de todo o contrato. Sobre a validade do negócio jurídico, vejamos o Art. 104 do Código Civil. A validade do negócio jurídico requer: I – agente capaz; II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III – forma prescrita ou não defesa em lei. De acordo com o artigo 104 do Código Civil, os sujeitos têm de ter capacidade civil (maiores de 18 anos), o objeto tem que ser lícito e a forma prescrita ou não proibida em lei. O contrato via web A contratação eletrônica segue os mesmos princípios legais existentes na formação de um contrato por escrito. O contrato formalizado por meio eletrônico é chamado de contratação a distância, que não possui a presença física simultânea das partes no mesmo lugar, e no qual as partes expressam seu consentimento quanto à origem e ao destino, por meio de equipamentos eletrônicos de processamento e armazenamento de dados conectados por meio de cabo, rádio, meios óticos ou eletromagnéticos. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 14 A forma mais conhecida de uma contratação eletrônica é aquela em que as partes em uma relação negocial utilizam computadores e redes de telecomunicação para emitirem suas declarações de vontade contratual, isto é, as ofertas e as aceitações contratuais. A celebração de um contrato eletrônico pode ocorrer por meio eletrônico de dados, como na hipótese em que os agentes manifestam suas vontades através do envio de mensagens ou e-mails, ou ainda, quando há manifestação de vontade de apenas uma das partes por meio eletrônico (e-mail) para receber o contrato físico posteriormente. O contrato será firmado e cumprido por meio digital quando o bem for digital, como músicas, toques de celular. Ocorrerá da mesma maneira se for moeda como cartão de crédito, débito automático, ou poderá ser o bem digital e o pagamento físico – cheque ou em banco. A emissão da aceitação contratual, que coincide com os termos da oferta também emitida por meios eletrônicos, caracteriza um contrato eletrônico. O critério utilizado pela lei é o da presença jurídica e não o da presença física, como se extrai do Art. 428, I do Código Civil, que considera presente a pessoa que utiliza telefone ou meio de comunicação semelhante para contratar. Assim é que presentes são aqueles em que a aceitação pode ser feita imediatamente à proposta. Se o contratante precisar de prazo para aceitar, a proposta será considerada entre ausentes. Segundo Gagliano e Pamplona Filho (2006), os contratos eletrônicos podem ser tanto entre presentes quanto entre ausentes: “nessa linha de raciocínio, poderemos considerar, entre presentes, o contrato celebrado eletronicamente em um chat (salas virtuais de comunicação), haja vista que as partes envolvidas mantêm contato direto entre si quando de sua formação, e, por outro lado, entre ausentes, aquele formado por meio de envio de mensagem eletrônica (e-mail), pois, nesse caso, medeia um lapso entre a emissão da oferta e a resposta”. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 15 A aceitação deve ser imediata porque a proposta feita pela internet online (em que há interação como Facebook e WhatsApp) é considerada como se a pessoa estivesse presente. Atividade proposta 2 Vamos fazer uma atividade! Anne, web designer em Curitiba, após troca de e-mails com informações sobre o seu serviço (via internet online) com Henrique (residente no Rio de Janeiro) apresenta-lhe online (também via internet/Facebook) proposta para criar uma fan page para sua empresa, indicando o preço e o tempo de entrega do serviço. Responda às questões abaixo: a) Pode-se afirmar que houve um contrato? Se afirmativa a resposta, qual tipo de contrato? b) A proposta feita online por Anne vincula? Justifique sua resposta e destaque, em caso afirmativo, o que significaria a obrigatoriedade da oferta. c) Em que momento poderia ser considerada aceita a proposta e formado finalmente o contrato? Chave de resposta: a) Sim,por meio do contato pela internet (contrato via web ou eletrônico). Contrato de prestação de serviços. b) Sim, vincula. Se contiver todos os elementos essenciais do negócio jurídico (sujeitos capazes, objeto lícito e forma prescrita em lei – Art. 104 do CC). c) A aceitação deve ser imediata porque a proposta feita pela internet (interação online) é considerada como se a pessoa estivesse presente. Aprenda Mais Para saber mais sobre o que é uma República Federativa, acesse: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rep%C3%BAblica_federal. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 16 Para saber mais sobre as licenças, acesse o site da Creative Commons (https://creativecommons.org/licenses/?lang=pt_BR). Referências ALVES, E. B. V. Uma análise do art. 421 do Código Civil Brasileiro. JurisWay. Disponível em: http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=3830. Acesso em 25.05.2014 BRASIL. Código Civil e Constituição Federal – Tradicional, 65. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2014. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: Coleção Saraiva de legislação. São Paulo, 2014. GAGLIANO, P. S.; PAMPLONA FILHO, R. Novo curso de direito civil: contratos. Tomo I. São Paulo: Saraiva, 2006. MARQUES, C. L. Contratos no código de defesa do consumidor. 6. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014. ____________. Contratos no Código de Defesa do Consumidor. Curitiba: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 58. SOUZA, A. G. R. Contratos eletrônicos. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/24370/contratos-eletronicos. Acesso em 25.05.2014. TEPEDINO, G. (org). Código civil comentado: à luz da Constituição Federal. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. p. 31. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 17 Exercícios de fixação Questão 1 Os princípios constitucionais estão previstos na Constituição Federal e todas as normas devem seguir orientação desses princípios, que são: a) Vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade. b) Soberania, cidadania, dignidade, valores sociais e pluralismo. c) Soberania, cidadania, vida, igualdade e liberdade. d) Vida, dignidade, cidadania, liberdade e igualdade. Questão 2 Correlacione a função exercida por cada um dos Poderes da União: 1. Poder Legislativo ( ) Aplica as leis e zela pelo cumprimento da Constituição. 2. Poder Executivo ( ) Elabora leis e emendas constitucionais. 3. Poder Judiciário ( ) Administra o país. Torna as leis vigentes. Questão 3 Os direitos fundamentais estão assegurados no art. 5º da Constituição Federal como invioláveis. São estes: a) Soberania, cidadania, dignidade, valor social e pluralismo. b) Soberania, cidadania, vida, liberdade e dignidade. c) Vida, liberdade, igualdade, cidadania e soberania. d) Vida, liberdade, igualdade, propriedade e segurança. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 18 Questão 4 Entre os direitos fundamentais protegidos no art. 5º da Constituição Federal e inerentes ao direito autoral assinale V para Verdadeiro ou F para Falso: ( ) É livre a manifestação de pensamento, sendo vedado o anonimato. ( ) São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas. ( ) É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, mesmo por ordem judicial. ( ) Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar. Questão 5 O art. 5º XXII garante o direito de propriedade seja material ou imaterial (intelectual). São exemplos de propriedade imaterial. Use V para Verdadeiro ou F para Falso: ( ) Automóvel ( ) Relógio ( ) Música ( ) Filme DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 19 Questão 6 O contrato existente no Estado liberal foi trilhado pela liberalidade da autonomia da vontade. Este período foi marcado pelo auge do individualismo, que limitava ao máximo a intervenção estatal nas relações privadas, elevando os acordos à categoria de lei, obrigando as partes a cumprirem o contratado (pacta sunt servanda). Esse termo significa que: a) Não há liberdade de contratar. b) O contrato não podia ser firmado no estado liberal. c) O contrato faz lei entre as partes. d) Havia intervenção estatal nos contratos. Questão 7 Analise a charge e assinale a opção correta: Fonte: http://funny-pictures.picphotos.net/ a) Não há possibilidade de cancelar, pois já manifestou a vontade ao assinar o contrato. b) Há possibilidade de cancelar porque o pacta sunt servanda (pacto que diz que o contrato faz lei entre as partes) não está mais vigendo. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 20 c) Não há possibilidade de cancelar, pois o pacta sunt servanda continua vigendo. d) Há possibilidade de cancelar, pois o pacta sunt servanda, embora ainda vigente, está flexibilizado, considerando as cláusulas abusivas que possam existir num contrato. Questão 8 O art. 422 do CC prevê que os contratantes são obrigados a guardar, tanto na conclusão do contrato quanto em sua execução, os princípios: a) Da probidade e da boa-fé. b) Da probidade e da função social do contrato. c) Da boa-fé e da função social do contrato. d) Da boa-fé e da dignidade. Questão 9 A respeito do contrato de adesão, assinale V para Verdadeiro e F para Falso: ( ) O Código Civil conceitua o contrato de adesão. ( ) Não existe um contrato de adesão, existem contratos celebrados por adesão, como os contratos de banco, por exemplo. ( ) O contrato de adesão não é uma espécie contratual propriamente dita. ( ) Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável a quem elaborou o contrato. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 21 Questão 10 A respeito dos contratos via web, também denominados eletrônicos, assinale a opção correta: a) A contratação eletrônica não segue os mesmos princípios legais existentes na formação de um contrato por escrito. b) A aceitação deve ser imediata porque a proposta feita pela internet online (em que há interação como Facebook e WhatsApp) é considerada como se a pessoa estivesse presente. c) É considerado entre presentes o contrato celebrado eletronicamente formado por meio de envio de mensagem eletrônica (e-mail). d) Quando a aceitação contratual emitida desse modo não coincide com os termos da oferta também emitida por meios eletrônicos. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 22 Notas Art. 428, I do Código Civil: Deixa de ser obrigatória a proposta: I – se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante. Art. 47 do Código de Defesa do Consumidor: As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor. Pacta sunt servanda: Pacto mais antigo que existe. Significa que os contratos devem ser cumpridos. Esse pacto, embora ainda vigente, está flexibilizado, considerando as cláusulas abusivas que possam estar apostas num contrato. Trata-se de um princípio da força obrigatória dos contratos. No Estado liberal, esse princípio era tomado como absoluto. No entanto, na concepção atual do direito civil, à luz dos preceitos constitucionais vigentes e dos próprios princípios consagrados pelo CC/2002,tal princípio foi relativizado com vistas à melhor proteção da dignidade humana. Sujeitos: Estipulante – Detém o poder negocial. Aderente – Aceita cláusulas preestabelecidas, sem poder de alterá-las. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 23 Chaves de resposta Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - B Justificativa: De acordo com o art. 1º da Constituição Federal, a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I – a soberania; II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V – o pluralismo político. Questão 2 - C, A, B Justificativa: Poder Legislativo elabora leis e emendas constitucionais: apresenta projeto de lei, discute, vota e aprova. Em seguida, encaminha para a sanção, promulgação e publicação do Poder Executivo, que é o Poder que administra o país e torna as leis vigentes através da publicação no Diário Oficial. O Poder Judiciário aplica as leis e zela pelo fiel cumprimento da Constituição Federal. Questão 3 - D Justificativa: Art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Questão 4 - V, V, F, V Justificativa: A primeira alternativa é verdadeira porque cada pessoa pode manifestar seu pensamento, desde que se identifique; a segunda alternativa é verdadeira porque a intimidade e privacidade estão protegidas, pois uma pessoa não pode ter sua foto exibida sem que tenha autorizado, a não ser que esteja em local público; a terceira alternativa é falsa porque neste caso, salvo DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 24 por ordem judicial para esclarecimento de qualquer aspecto jurídico ou judicial, como por exemplo: pessoas que enviam e-mails ou postam no Facebook comentários racistas terão sua intimidade mitigada. A quarta alternativa é verdadeira porque o autor da obra possui todos os direitos após o registro, assim como seus herdeiros, seja por 20 anos por patente ou 70 anos de direito autoral. Questão 5 - F, F, V, V Justificativa: As primeira e segunda alternativa são falsas porque automóvel e relógio são bens móveis; a terceira alternativa é verdadeira, pois música é obra do espírito, criação, inspiração, dom; a quarta alternativa é verdadeira, pois filme é derivado do dom de criar, é inspiração, talento, criação. Questão 6 - C Justificativa: Trata-se de um princípio da força obrigatória dos contratos. No Estado liberal, esse princípio era tomado como absoluto. Questão 7 - D Justificativa: Embora se tratando de um princípio da força obrigatória dos contratos, na concepção atual do direito civil, à luz dos preceitos constitucionais vigentes e dos próprios princípios consagrados pelo CC/2002, tal princípio foi relativizado com vistas à melhor proteção da dignidade humana. Questão 8 - A Justificativa: Princípio da Probidade: honestidade, integridade, honra. Princípio da boa-fé: reflete uma regra de conduta e ética adequada, leal, honesta, orientadora da construção do Código Civil. Questão 9 - F, V, V, F Justificativa: O Código Civil NÃO conceitua o contrato de adesão. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 25 Questão 10 - B Justificativa: O artigo 428, I, CC considera presente a pessoa que utiliza telefone ou meio de comunicação semelhante para contratar. Assim é que presentes são aqueles em que a aceitação pode ser feita imediatamente à proposta. Se o contratante precisar de prazo para aceitar, a proposta será considerada entre ausentes. A aceitação deve ser imediata porque a proposta feita pela internet online (em que há interação como Facebook e WhatsApp) é considerada como se a pessoa estivesse presente. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 26 Conteudista Ana Cristina Augusto Pinheiro possui Graduação em Direito, Especialização em Direito Civil e Processo Civil e Mestrado em Direito (Direito do Estado e acesso à Justiça). Atualmente, é advogada, professora de Graduação em Direito, Graduação em EAD no curso de Marketing e Gestão Pública e Professora e Conteudista da Pós-Graduação no curso de Comunicação e Marketing em Mídias Digitais na Universidade Estácio de Sá. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3499122560523759 Apresentação Aula 1: Noções de Direito Constitucional Introdução Conteúdo Constituição Federal Princípios básicos da Constituição Federal Princípios básicos da Constituição Federal Direitos fundamentais dos cidadãos Direitos fundamentais dos cidadãos ligados ao Direito Autoral Domínio Público Atividade proposta Dos Contratos em Geral Interpretação dos contratos de adesão Proteção do aderente e validade do contrato O contrato via web Atividade proposta 2 Aprenda Mais Referências Exercícios de fixação Notas Chaves de resposta Aula 1 Exercícios de fixação Conteudista
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