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1 Família 1 Metais Alcalinos Shriver & Atkins – Cap.10 – pg.280 a 294 Os elementos Todos os elementos do grupo 1 são metais com configuração ns1. Eles conduzem eletricidade e calor, são macios e têm pontos de fusão baixos que diminuem ao descermos no grupo. A maciez e os baixos pontos de fusão vem do fato de que a ligação metálica é fraca, pois cada átomo contribui com apenas um elétron para a banda de orbitais moleculares. Todos eles adotam uma estrutura cúbica de corpo centrado e, uma vez que esta estrutura não é de empacotamento compacto, todos eles tem baixa densidade. Todos os metais formam ligas. 2 As propriedades químicas dos elementos do Grupo 1 se correlacionam com a tendência nos seus raios atômicos. Uma vez que suas primeiras energias de ionização são baixas, os metais são reativos, formando facilmente íons M+ e com facilidade cada vez maior a medida que descemos no grupo. Assim, o lítio reage suavemente com a água, o sódio vigorosamente, o potássio tão exotérmica que o hidrogênio liberado se inflama e o rubídio e o césio reagem explosivamente. 2 M(s) + 2 H2O(l) 2 MOH(aq) + H2(g) Todos os elementos devem ser guardados submersos em um solvente hidrocarboneto para evitar a reação com o oxigênio atmosférico, embora o lítio, sódio e potássio possam ser manuseados ao ar por pequenos períodos. Rubídio e césio devem ser manuseados sempre em atmosfera inerte. Ocorrência e obtenção A abundância natural do lítio é baixa e seus minerais mais abundantes são o espodumênio, LiAlSi2O6, do qual o lítio é obtido com mais frequência, e a lepidolita, o qual tem fórmula aproximada K2Li3Al4Si7O2(F,OH)3. O espodumênio é primeiramente convertido a LiCl e então eletrolisado para produzir o lítio metálico. 2 LiCl(s) 2 Li(l) + Cl2(g) 3 A crosta terrestre contém aproximadamente 2,6% de sódio, sendo o quarto elemento mais abundante e o mais comum entre os metais alcalinos. Atualmente é obtido pela eletrólise ígnea do cloreto de sódio fundido a 808 °C, procedimento mais econômico que os usados anteriormente. É um metal barato. O composto mais abundante de sódio é o cloreto de sódio, o sal comum de cozinha. 2 NaCl(s) 2 Na(l) + Cl2(g) O potássio constitui cerca de 2,4% em peso da crosta terrestre, sendo o sétimo elemento mais abundante. Devido a sua insolubilidade é muito difícil obter o metal puro a partir dos seus minerais. Ainda assim, em antigos leitos marítimos e lagos existem grandes depósitos de minerais de potássio dos quais é economicamente viável a extração do metal e seus sais. Em princípio o potássio pode ser obtido eletroliticamente, mas a alta reatividade do elemento torna isto perigoso. Em vez disso, aquece-se uma mistura de sódio e cloreto de potássio fundido, formando assim potássio e cloreto de sódio. Na(l) + KCl(l) NaCl(l) + K(g) Rubídio e césio ocorrem como constituintes menores do mineral lepidolita, a partir dos quais eles são obtidos como subprodutos da obtenção do lítio. Os metais são obtidos a partir do cloreto dos metais fundidos por redução com cálcio ou bário. 2 RbCl(l) + Ca(l) CaCl2(l) + 2 Rb(l) Principais Usos dos elementos Lítio - Devido ao seu elevado calor específico, o maior de todos os sólidos, é usado em aplicações de transferência de calor e, por causa do seu elevado potencial eletroquímico é usado como um ânodo adequado para as baterias elétricas. Além destes tem outros usos: • O brometo de lítio é utilizado em bombas de calor de absorção, dentre outros compostos como o nitrato de lítio (LiNO3) . • O hidreto de alumínio e lítio é um agente redutor empregado na síntese de compostos orgânicos. • O lítio é um componente comum nas ligas metálicas de alumínio, cádmio, cobre e manganês, utilizados na construção aeronáutica, e está sendo empregado com êxito na fabricação de cerâmicas e lentes. • Também é usado como como anti-depressivo (Li2CO3) 4 O sódio e o potássio metálico emprega-se em síntese orgânica como agente redutor. Alguns usos: • Em ligas anti-atrito com o chumbo para a produção de balas (projéteis). Com o chumbo também é usado para a produção de aditivos antidetonantes para as gasolinas; • Na fabricação de detergentes combinando-o com ácidos graxos; • Na purificação de metais fundidos; • É empregado na fabricação de células fotoelétricas; • Na iluminação pública, através das lâmpadas de vapor de sódio; • Na produção de diversos reagentes químicos, como fertilizantes. • Na indústria de borracha sintética; • Na obtenção de titânio e zircônio a partir dos seus cloretos ou óxidos O rubídio e o césio são usados frequentemente nas mesmas aplicações, e um elemento pode muitas vezes ser substituído por outro. O mercado para estes elementos é pequeno, mas altamente especializado. As aplicações incluem vidros para aplicação em fibra óptica na indústria de telecomunicações, equipamentos de visão noturna, equipamentos hospitalares de emissão radioativa e células fotoelétricas. Compostos Simples Todos os elementos do grupo 1 formam compostos simples com o hidrogênio, oxigênio e halogênios, e também formam sais de oxiácidos. Os compostos são predominantemente ionicos. (a) Hidretos Os metais do Grupo 1 formam hidretos salinos, iônicos, com estrutura do sal gema; o ânion presente é o íon hidreto, H-,. Os hidretos reagem violentamente com água. NaH(s) + H2O(l) NaOH(aq) + H2(g) (b) Haletos Todos os elementos do Grupo 1 formam haletos, MX, pela combinação direta dos elementos. A maioria dos haletos tem estrutura do sal-gema, mas CsCl, CsBr e CsI tem a estrutura do cloreto de césio. 5 A entalpia de formação de todos os haletos é grande e negativa, tornando-se menos negativa do fluoreto para o iodeto para cada elemento. Variando-se o metal, a entalpia de formação torna-se menos negativa para os fluoretos ao descermos no grupo, mas torna-se mais negativas para os cloretos, brometos e iodetos. Entalpia de rede: energia absorvida ou liberada da combinação entre os íons em estado gasoso para formar o sólido. Entalpia de rede é inversamente proporcional a soma dos raios iônicos. ∆RHθ ≅ 1/r++r- Como o raio do ânion aumenta do F- para I-, a entalpia de rede torna-se menor. Consequentemente, o ∆fHθ torna-se menos negativo. (c) Óxidos e compostos assemelhados Todos os elementos do Grupo 1 reagem vigorosamente com o oxigênio. Somente o lítio reage com o oxigênio para formar óxido de lítio, Li2O. 4 Li(s) + O2(g) 2 Li2O(s) O sódio reage com o oxigênio para formar o peróxido, Na2O2, o qual contém o íon peróxido, O22-: 2 Na(s) + O2(g) Na2O2(s) Os outros elementos do Grupo 1 formam superóxidos, que contém o íon superóxido, O2-: K(s) + O2(g) KO2(s) Todos os óxidos são básicos e reagem com a água para formar o íon hidróxido: Li2O(s) + H2O(l) 2 Li+(aq) + 2 OH-(aq) Na2O2(s) + 2 H2O(l) 2 Na+(aq) + 2 OH-(aq) + H2O2(aq) 2 KO2(s) + 2 H2O(l) 2 K+(aq) + 2 OH-(aq) + H2O2(aq) + O2(g) 6 Os óxidos normais de sódio, potássio, rubídio e césio podem ser preparados por aquecimento do metal com uma quantidade limitada de oxigênio, ou por decomposição térmica do peróxido ou superóxido. 2 Na2O2(s) 2 Na2O(s) + O2(g) A estabilidade dos peróxidos e superóxidos em relação a esta decomposição aumenta descendo-se no grupo, sendo o Li2O2 o menos estável e o Cs2O2 o mais estável. Esta tendência de decomposição pode ser explicada pela entalpia de rede. O raio iônico do íon O2- é menor do que o O22- ou o O2-, a entalpia de rede de qualquer oxido é maior que a do peróxido ou superóxido correspondente. O superóxido de potássio, KO2, absorve dióxido de carbono e libera oxigênio. Esta reação é explorada para purificar o ar em aplicações tais como submarinos e aparelhos de respiração.4 KO2(s) + 2 CO2(g) 2 K2CO3(s) + 3 O2(g) K2CO3(s) + CO2(g) + H2O(g) 2 KHCO3(s) Os ozonídeos, que são compostos que contém o íon ozonídeo, O3-, existem para todos os metais do Grupo 1. Os ozonídeos de K,Rb e Cs são obtidos pelo aquecimento dos peróxidos ou superóxidos com ozônio. Os ozonídeos de sódio e lítio podem ser preparados por troca iônica com o CsO3 em amônia líquida. Estes compostos são muito instáveis e explodem violentamente. (d) Hidróxidos Os hidróxidos alcalinos são uma classe de compostos químicos os quais são compostos de um metal alcalino como cátion e o ânion hidróxido (OH-). O mais comum dos hidróxidos alcalinos é o hidróxido de sódio, o qual é normalmente encontrado no comércio em produtos como líquidos de limpeza sanitários. Outro hidróxido alcalino comum é o hidróxido de potássio, que por ser solúvel em etanol, forma a “potassa alcoólica” utilizada em diversas reações químicas. Todos os hidróxidos alcalinos são corrosivos, sendo fortemente alcalinos em solução. Reações típicas: Todas as soluções de hidróxidos alcalinos em contato com o ar tendem ao longo do tempo a formar carbonatos alcalinos que inclusive são perceptíveis na boca dos frascos que contém tal solução, por reação com o gás carbônico do ar: 2 NaOH + CO2→ Na2CO3 + H2O 2 KOH + CO2→ K2CO3 + H2O Esta reação é utilizada para eliminação de dióxido de carbono de ambientes, com destaque para a navegação espacial, onde por motivo de peso da carga útil das naves, se usa o hidróxido de lítio e igualmente: 2 LiOH + CO2→ Li2CO3 + H2O 7 (e) Compostos derivados de Oxoácidos Os elementos do Grupo 1 formam sais com a maioria dos oxoácidos. Os sais industrialmente mais importantes derivados dos elementos do Grupo 1 são o carbonato de sódio e o hidrogenocarbonato de sódio. Carbonatos Os elementos do grupo 1 formam os únicos carbonatos solúveis, embora o carbonato de lítio seja somente ligeiramente solúvel. O carbonato de sódio é produzido pelo Processo Solvey. O Processo Solvay utiliza como insumos salmoura (solução de NaCl), dióxido de carbono e amônia, mas esta é reciclada durante o processo. Na primeira etapa a salmoura é saturada de NH3, para a geração de hidróxido de amônio, segundo a reação: NH3(g) + H2O(l) NH4OH(aq) Em seguida, injeta-se CO2 na solução, de forma que ocorram as seguintes reações, resultando em NaHCO3, que, nas condições do processo, precipita. CO2(g) + H2O(l) H2CO3(aq) 2 NH4OH(aq) + H2CO3(aq) (NH4)2CO3(aq) + 2 H2O(l) (NH4)2CO3(aq) + CO2(g) + H2O(l) 2 NH4HCO3(aq) NH4HCO3(aq) + NaCl(aq) NaHCO3(s) + NH4Cl(aq) O NaHCO3 é então filtrado da solução e aquecido até a calcinação, de forma a produzir o Na2CO3. 2 NaHCO3(s) Na2CO3(s) + CO2(g) + H2O(l) O seu mais importante uso se dá na indústria vidraceira, onde é combinado a quente com SiO2 (na forma de sílica) e CaCO3 (normalmente como calcário moído) e depois resfriado bruscamente para a produção de vidro do tipo "soda-cal", utilizado principalmente em embalagens. Na indústria química, em diversas sínteses de compostos inorgânicos, como NaHCO3, Na2CrO4, Na3PO4, Na2SiO3, entre outros. Em sabões e detergentes, atuando como emulsificante, alcalinizante e reduzindo a dureza da água, que pode reduzir a sua eficiência. É utilizado para elevar o pH de águas tanto de uso doméstico e urbano quanto industrial. 8 Hidrogenocarbonatos O hidrogenocarbonato de sódio (bicarbonato de sódio) é menos solúvel que o carbonato de sódio em água e pode ser preparado borbulhando-se dióxido de carbono através de uma solução saturada do carbonato. Na2CO3(aq) + CO2(g) + H2O(l) 2 NaHCO3(s) A reação reversa ocorre quando o hidrogenocarbonato é aquecido: 2 NaHCO3(s) Na2CO3(aq) + CO2(g) + H2O(l) Princípio do extintor de incêndio de pó químico e base para fazer massas crescerem. Um agente de “crescimento” mais efetivo é o fermento em pó, o qual é uma mistura de hidrogenocarbonato de sódio com di-hidrogenofosfato de cálcio: 2 NaHCO3(s) + Ca2(H2PO4)2(s) Na2HPO4(s) + CaHPO4(s) + 2 CO2(g) + 2 H2O(l) O hidrogenocarbonato de potássio é usado como tampão na produção de vinhos e no tratamento de água. Ele também é usado como um tampão nos detergentes líquidos de baixo pH, como um aditivo nas bebidas refrigerantes e como antiácido para combater a indigestão. Outros Oxossais O sulfato de sódio, Na2SO4, é muito solúvel e forma hidratos facilmente. A maior fonte comercial de sulfato de sódio é como um subproduto da fabricação do ácido clorídrico a partir do cloreto de sódio. NaCl(aq) + H2SO4(aq) Na2SO4(aq) + HCl(aq) O principal uso do sulfato de sódio é no processamento da polpa de madeira para a fabricação do papel marrom resistente usados em caixas de embalagens. Ele também é utilizado na fabricação de vidros, detergentes e como um laxante suave. O nitrato de sódio, NaNO3, é deliquescente e usado na fabricação de outros nitratos, fertilizantes e explosivos. O nitrato de potássio, KNO3, ocorre na natureza como o mineral salitre. Ele é pouco solúvel em água fria e muito solúvel em água quente. Ele tem sido muito usado na fabricação de pólvora desde o século XII, e é usado em explosivos, fogos de artifício, fósforos e fertilizantes. 9 (f) Nitretos Embora o lítio seja o menos reativo dos metais do Grupo 1, ele é o único (assim como o magnésio) que forma nitreto por reação direta com o nitrogênio: 6 Li(s) + N2(g) 2 Li3N(s) O nitreto de lítio tem potencial como material para o armazenamento de hidrogênio. Ele é capaz de estocar até 11,5% em massa quando exposto ao hidrogênio em temperaturas e pressões elevadas. O Li3N reage com o hidrogênio para formar LINH2 (amideto de lítio) e LiH numa reação reversível: Li3N(s) + 2 H2(g) LiNH2(s) + 2 LiH(s) Quando aquecidos a 450 °C, o LiNH2 e o LiH reagem entre si para formar e liberar hidrogênio. Outros elementos do Grupo 1 formam azidas, as quais contém o íon N3-, pela reação direta entre os elementos: 2 NaNH2(s) + N2O(g) NaN3(s) + NaOH(s) + NH3(g) Solubilidade e hidratação Todos os sais comuns do Grupo 1 são solúveis em água. As solubilidades variam muito, sendo que alguns dos mais solúveis são aqueles para os quais existe a maior diferença entre os raios do cátion e do ânion. Assim, as solubilidades dos haletos de lítio aumentam do fluoreto para o brometo, enquanto que para o césio a tendência é inversa. Nem todos os sais de metais alcalinos ocorrem como hidratos. As entalpias de rede dos sais hidratados são menores do que as dos sais anidros porque o raio do cátion é efetivamente aumentado pela esfera de hidratação, ficando assim mais longe dos seus ânions circundantes. O sal hidratado será favorecido se esta diminuição da entalpia de rede for compensada pela entalpia de hidratação. A entalpia de hidratação depende da interação íon-dipolo entre o cátion e a molécula polar de água. Esta interação é maior quando o cátion tem alta densidade de carga. Os cátions dos metais do Grupo 1 têm baixa densidade de carga devido aos seus raios atômicos grandes e carga pequena. Consequentemente, a maioria dos seus sais são anidros.
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