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APOSTILA DE PEDAGOGIA MODULO 6

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1 
 
APOSTILA DE PEDAGOGIA 
MÓDULO 6 
1º. Área do Conhecimento: Língua Portuguesa 
2º. Novas Linguagens em Educação 
3º. Artes e Formação de Professores 
 
 
ÀREA DO CONHECIMENTO: LINGUA PORTUGUESA 
 
1 – CONCEPÇÃO DE LINGUAGEM 
 
 Por que é importante, para o ensino da língua escrita, ter uma concepção clara 
de linguagem? 
Produzir excelentes escritores e excelentes leitores, interpretar bem o que as outras 
pessoas querem dizer. Ser capaz de não apenas decodificar sons e letras, mas 
entender os significados e usos das palavras em diferentes contextos. 
Compreender a linguagem é compreender a origem da escrita, para escrevermos 
bem é necessário falarmos bem. 
 O que devemos ensinar para que os alunos se tornem bons leitores? 
É importante conhecer os recursos da língua escrita e falada, saber também quando 
e como usar estes recursos, aprender os recursos no contexto de uso real (quando 
falamos ou escrevemos) 
Ex.: ONDE/AONDE 
Onde está a fotografia daquele lugar aonde passamos as férias 
Onde – estático 
Aonde – passagem por um lugar / não sugere fixação 
 Para entendermos um pouco destas variações vamos nos ater apenas a duas 
correntes 
 A linguagem como uma capacidade natural, inata, de origem biológica. 
 
Observação 1 
Segundo a concepção inatista é correto afirmar que o professor não é responsável 
por desenvolver a linguagem oral e escrita, para tanto em primeiro lugar é 
necessário que a criança esteja desenvolvida biologicamente, socialmente e 
psicologicamente, sendo assim, é correto afirmar que o professor nos anos iniciais é 
um mero estimulador. 
 
 
 
2 
Observação 2 
Segundo a concepção histórico social e correto afirmar que a linguagem é 
considerada “produto” social, criada a partir das necessidades do homem em se 
relacionar devido a sua busca por conforto, alimento, bebida, moradia e etc, surge 
então da necessidade de se relacionarem com o ambiente ao seu redor, natureza, 
animais e sociedade. 
 O caráter social da linguagem, atividade propriamente humana. 
A segunda concepção que, por considerar mais abrangente é cientifica assumimos 
como norteadora dos conteúdos que desenvolvemos ao longo desta disciplina, 
entende a linguagem como processo e produto da atividade humana, subordinada a 
uma dupla interação: 
 Dos homens com a natureza, 
 Homens entre si, ou seja, da sociedade. 
Enquanto processo, a linguagem integra organicamente vários elementos também 
de origem histórico-social. Esclareça-se que as duas formas de integração sempre 
se apresentam indissociavelmente ligadas. 
Segundo Spirkni e Yakhot (1975, p. 55 e 56) 
O pensamento só se torna real nas palavras [...], a linguagem é a realidade do 
pensamento [...]; Graças a linguagem, os pensamentos formam-se e transmitem-se 
aos outros homens. E graças a escrita, transmitem-se duma geração a outra. Não se 
saberia exprimir um pensamento abstrato senão por palavras. 
2 – LINGUAGEM E PENSAMENTO 
 
Funções da Linguagem: Permitir a Expressão exterior das ideias, dos sentimentos 
e dos pensamentos; permitir a representação mental da realidade exterior. 
Representação mental da realidade: É a consciência da realidade (pensamos com 
palavras). Representar torna presente o ausente. 
 
Linguagem – Reorganiza os processos de percepção do mundo exterior – 
capacidade natural de percepção é alterada pela linguagem. 
 
A LINGUAGEM MUDA OS PROCESSOS DE ATENÇÃO 
A linguagem assegura o surgimento da imaginação. 
 
 
 
 
3 
A comunicação, entendida como expressão exterior das ideias, dos sentimentos, do 
pensamento, é uma das funções mais importantes da linguagem, mas não é a única. 
Outra função, igualmente importante, e a de permitir a representação mental (ou 
psíquica) da realidade exterior, ao invés da abstração. Ao formularmos um 
pensamento, recorremos ao uso da linguagem. 
A linguagem é tão antiga quanto a consciência - a linguagem é a consciência real, 
prática [...] ensinam Marx e Engels. E mais adiante, “exatamente como a 
consciência, a linguagem só aparece com a carência, com necessidade dos 
intercâmbios com outros homens (Marx; Engles, 1998, p. 24-25). 
Nem a linguagem é imutável, única e acabada, nem os processos de abstração e 
generalização permanecem invariáveis. 
Quanto às afirmações que o linguista Hjelmsl e o faz sobre a teoria da 
linguagem, pode se dizer: 
Segundo ele a linguagem é o instrumento pelo qual o homem modela seu 
pensamento, sentimentos emoções, esforços, vontades e atos, instrumento que a 
influência e o faz ser influenciado, a base da sociedade humana, recurso último e 
indispensável do homem, para ele a linguagem está sempre a nossa volta, pronta a 
envolver nossos pensamentos e sentimentos, acompanhando – nos em toda a 
nossa vida. 
3 – LINGUAGEM E IDEOLOGIA 
 
 
A linguagem verbal é de total importância para o desenvolvimento intelectual do 
aluno, e sua formação ideológica. Ela permite a inserção do sujeito, em um universo 
discursivo, em uma forma discursiva que exerce papel determinante na consolidação 
de uma determinada forma de ver o mundo, entender a realidade ou uma visão de 
mundo. Essa visão de mundo é dominada pela classe dominante. 
Ocorre que a classe dominante quer manter sua visão de mundo - reacionária. 
 
A classe dominada quer romper; para não ser mais vítima da classe dominante - 
Superador, transformador, progressista. 
As duas classes têm interesse opostos. 
A consciência produzida pela linguagem apropria-se pelos discursos da época; ou 
seja, através da linguagem introduz na consciência do sujeito: conteúdos 
ideológicos. 
 
 
 
4 
Estrutura da ideologia 
Ideologia é a visão do mundo de uma determinada classe social, é a forma como 
essa classe elabora teoricamente uma explicação para a realidade. Há diferentes 
ideologias e visões de mundo. 
Realidade concreta: 
1- Nível aparêncial 
2- Nível essencial 
Quando olhamos as coisas: captamos a realidade pelos nossos cinco sentidos.Nível 
Aparêncial: A primeira percepção da realidade é mais ou menos caótica. 
Nível essencial 
 É o que está além deste nível aparencial. 
A linguagem nos permite captar o nível essencial. Pois só a linguagem é capaz da 
abstração. E a abstração é que permite captar esse nível essencial da realidade. 
As maiorias das ideologias estão mais no nível aparencial da realidade, mas há 
ideologias que buscam um nível essencial profundo, mas só buscam este nível 
quem realmente quer uma transformação da realidade. 
Conceitos: 
Mudança: conj. de processos, em um mesmo campo de realidade. 
Transformação: mudança tão radical, que não se reconhece mais a realidade 
anterior. 
 Forma e conteúdo 
Forma: nível aparencial de um determinado conteúdo. 
Conteúdo essência da realidade, fenômeno e essência. 
A linguagem atua sobre as ideologias e também; as ideologias sobre a linguagem. 
Há um caminho de intercâmbio entre a linguagem e a ideologia. 
O ensino da língua portuguesa não é apenas um conjunto de regras e sinais. Ele 
contém uma dimensão política importante. 
 
 
4 – ESCLARESCENDO CONCEITOS FUNDAMENTAIS 
 
 
 
 
 
5 
Linguagem- qualquer conceito de sinais, signos que usamos para nos expressar, e 
representar a realidade. Ou seja, um conjunto de sinais = linguagem. 
Há diferentes formas de linguagem: 
Linguagem processo de significação, esse processo só realiza por causa dos 
elementos da significação –significado ou referente- significante. 
Objeto real – significado (coisa real) 
A palavra – (que usa para representar o objetoreal) 
Significante –(signo) 
Ex. Cadeira é um significante. 
Então: 
Objeto real é o significado 
Palavra que usa para representar o objeto cadeira é o significante (palavra que 
escreve cadeira). 
Representação dos signos: 
Sinais não signos 
Signos naturais 
Signos artificiais 
1-Sinais não signos: estabelecem relação de semelhança ou analogia entre o 
significado e o significante. 
Não só estabelecem relação entre 1 coisa e outra, ex: fotografia, uma fotografia 
torna presente a pessoa fotografada, sem a necessidade do signo. 
2- Signos naturais: estabelecem uma relação direta, não - arbitraria, entre o 
significado e o significante. 
Torna presente algo ausente. Ex. fumaça, quando vejo a fumaça reconheço a 
presença do fogo. 
Signo artificial: quando a relação entre o significado e o significante é arbitraria, 
resultado de uma mera convenção estabelecida pelos homens. 
Existem por obra humana resulta na transformação da natureza pelo homem, ex. 
casa, o som casa, não tem a ver com um desenho de casa. Foi uma convenção de 
que a palavra casa significa uma casa. 
Existem dois tipos de signos artificiais, são eles: 
* Não linguístico- recurso que combina arbitrariedade. 
* Linguístico - linguagem verbal. 
 
 
 
6 
Língua- é a linguagem que se realiza através de signos verbais, de formas 
lingüísticas organizadas em um sistema não fixo próprio de um povo ou grupo de 
falantes estruturados em enunciações. 
A língua é um sistema, partilhado por um grupo falante. 
A linguagem verbal, na sua forma de língua se realiza através: 
De elementos linguísticos da oralidade, plano fonético (sons, voz humana) 
De elementos linguísticos da escrita articulada, plano gráfico + plano significativo. 
São as expressões da língua oral e escrita 
* Língua oral: é econômica; pois tem apenas 33 fonemas, podemos construir 
foneticamente qualquer palavra da língua portuguesa. 
* língua escrita: é econômica, pois com 26 letras podemos construir graficamente 
qualquer palavra da língua portuguesa. 
Mas cada língua tem seu jeito de construir seus fonemas. 
Fala: Ato discursivo concreto tem natureza social, pois todo ato de falar, dirige-se a 
um interlocutor. 
Fala é o exercício da língua materna, realização do concreto. 
 
5 – FUNÇÕES DA LINGUAGEM 
 
 
As funções da linguagem são definidas pela ênfase que se dá a alguns elementos 
no Processo de Comunicação Verbal. 
Os elementos são: 
 Emissor (remetente) – é o que envia a mensagem (fala, escreve) 
 Receptor (destinatário) – é o que recebe a mensagem 
 Canal – é o suporte físico do código (ex. sonoridade da fala humana) da fala 
(sonoridade da voz humana) – auditivo 
 Da escrita (usa-se o código da linguagem escrita, se materializa em formato 
de letras) – visual 
 Do braile – é tato 
 Código – é o conjunto de signos que se articulam para produzir o sentido da 
mensagem 
 Referente – é o contexto ao qual nos referimos na mensagem (que 
externaliza a ideia, a mensagem) 
 
 
 
7 
 Mensagem – é o conteúdo trocado entre emissor e receptor (conjunto de 
ideias, pensamento, opinião) 
A compreensão do sentido de uma dada mensagem depende em parte da 
compreensão de sua finalidade. 
A finalidade é expressa pela ênfase em um dos fatores constitutivos da 
comunicação. 
 
Funções da linguagem: 
1) Referencial (enfatiza o referente) é a informação objetiva 
2) Emotiva ou expressiva (enfatiza os sentimentos do emissor, expressa as emoções, 
as ideias a subjetividade do emissor 
3) Conativa (enfatiza o receptor (caracteriza-se pela mordem ou apelo, explícitos ou 
implícitos) 
4) Fática (a ênfase está no canal, com cuidado se o outro está em sintonia, isto é, no 
mesmo canal que o nosso) 
5) Metalinguística (presença da própria linguagem como tema: textos explicativos) 
6) poética (quando o emissor se preocupa em organizar a forma da linguagem, a 
sequência das palavras, o ritmo) é o cuidado de operar sobre a própria linguagem, 
para através da forma contribuir para uma melhor expressão, para melhor 
construção d o conteúdo que se está querendo dizer. 
Essas funções são determinadas pela ênfase que se dá a um ou outro elemento que 
entra na composição do ato comunicativo, ênfase no fator da comunicação 
correspondente a função da linguagem. 
 
FUNÇÕES DA LINGUAGEM (DICAS DE ESTUDO) 
 
 Função Representativa (se usa quando pretendemos transmitir uma 
informação sem fazer valorizações) 
 Função Expressiva (utilizada quando o emissor pretende expressar seu 
estado físico ou anímico (entonação expressiva, a modalidade exclamativa, 
diminutivos, aumentativos, depreciativos, depreciativos e outros) 
 
 
 
8 
 Função Apelativa (o objetivo é provocar uma determinada reação no ouvinte, 
usada na publicidade, linguagem jornalística, propaganda política) 
 Função Fática (usada para comprovar que a comunicação é fisicamente 
possível) 
 Função Poética (pretende criar beleza usando a linguagem, função principal 
dos poemas, novelas canções) 
 Função metalinguística (se usa a língua para falar da mesma língua ou outra 
qualquer centrada no código) 
 
6 - O ELEMENTO ARTICULADOR DA PRÁTICA PEDAGÓGICA 
 
 
O texto constitui o elemento articulador do processo de ensino aprendizagem da 
língua portuguesa. São 2 as razões de importância pedagógica: 
- Elaboração de um texto de qualidade. 
-Os textos apresentam os recursos da língua, códigos e significados. 
Concepção de texto: articulação de código e sentido 
Os textos independem de seu tamanho, pode ser constituído por apenas uma única 
palavra; Socorro; por si só já tem sentido. 
O ato discursivo depende de sujeitos, por meio da linguagem. Deve ter uma 
intenção. Um texto pode ser oral ou escrito; e composto por enunciados, que 
articulam entre si, expressam significado. 
Pseudotexto 
Pseudotextos são textos com a função de destacar um aspecto do código, caso das 
cartilhas. Usadas com a intenção de facilitar o aprendizado. Nela encontra-se frases 
desarticuladas, que distorcem a noção dos textos. São sem sentido e não se 
assemelham aos discursos reais, como de fato as pessoas falam. 
Textos reais 
São parecidos com os discursos orais, e se expressam de forma real. 
O trabalho com o texto e a polêmica sobre o ensino da gramática 
Um texto com significado e clareza, necessita de regras, ou seja, respeitar a 
gramática. Gramática é um conjunto de convenções em uso pelos seus falantes. 
Sabemos que nenhuma língua é uniforme, pois seus falantes produzem variações. 
O código deve ser organizado para que o interlocutor possa aprende-lo. Por essa 
razão se dá a importância da gramática. 
 
 
 
9 
Então pode-se afirmar: Gramática como um conjunto flexível de convenções que 
permitem criar significados. O mais importante é o aluno entender o fundamento da 
regra, o conteúdo. 
 
7 - AS DETERMINAÇÕES SÓCIAS NA PRODUÇÃO DO TEXTO 
 
O texto seja ele oral ou escrito é uma prática social. Ele pode ser de: - dimensão 
relativa a situação de produção do texto, condição histórico social de produção; -
dimensão linguística, relativa aos recursos linguísticos. 
A linguagem está ligada as condições de comunicação entre os sujeitos, e refletem 
as condições de existência material e cultural dessa comunidade. 
Língua Padrão 
Dentro de uma mesma língua há falares diferentes, ou seja, a forma própria de 
determinada região, corporação profissional, população urbana ou rural, etc. Isto é 
variável. 
Porém uma variável é assumida como modelo, forma correta. 
O poder ao falante é quem impõe a variedade como Forma Correta. Quem tem 
mais poder impõe a forma correta. 
As condiçõesde classe do falante e o conteúdo de sua fala 
A classe dos interlocutores define um contexto de um texto, com sentido muitas 
vezes diferente. 
As formas cotidianas de uso da escrita 
Muitos dos que dominam a escrita, impõe aos demais a submissão, por exemplo: 
em documentos, acordos, contratos. Pois quem os lê, desconhecem ou conhecem 
apenas por meio da leitura de outros. 
 
8 - OS TIPOS DE TEXTO 
 
Uma primeira classificação distingue textos literários e não literários. Existem 
características que são comuns aos 2 tipos, mas algumas predominam no texto não 
literário e outras que predominam no texto literário. 
A diferença não é absoluta, é uma diferença de predominância de aspectos, como 
vemos a seguir: 
 
 
Texto não literário: Texto Texto não 
 
 
 
10 
literário: literário: 
 Texto literário: 
Prevalência da função utilitária; 
Relevância do plano da informação; 
Tangibilidade; Pr
evalência da denotação; 
Unidade de sentido 
- Prevalência da função 
estética; 
- Relevância do plano da 
expressão 
- intangibilidade 
- Prevalência da conotação 
- Plurissignificação 
 
 
Quanto ao DESENVOLVIMENTO DO TEMA, os textos podem ser classificados em: 
Narração, descrição e dissertação. As características são: 
Narrativo é o texto em que predomina a sucessão de fatos, imagens ou 
acontecimentos, numa sequência ordenada, temporal ou casual. Apresenta um 
narrador, personagens e caracterização do espaço. A narrativa pode ser também 
ficcional e não ficcional. 
Descritivo, quando predomina a descrição, isto é, a sequência de aspectos ou 
características de algo existente ou imaginário. 
Dissertativo, apresenta uma sequência de idéias ou opiniões sobre determinado 
assunto. 
Importante ressaltar que não existem textos, puramente narrativos, descritivos ou 
dissertativos, normalmente os textos combinam esses elementos. A classificação, se 
dá mais pela predominância de uma característica. 
Discurso argumentativo 
Quando usamos a ARGUMENTAÇÃO, como critério para classificar os textos, 
temos: 
Discurso deliberativo- objetiva o aconselhamento; 
Discurso judiciário- objetiva a acusação ou defesa; 
Discurso epidítico- tem como objetivo o louvor ou a censura; 
Discurso crítico- visa ao acordo ou à contestação: 
Orlandi (1983) propõe, ainda levando em conta a argumentação - ou persuasão – a 
seguinte classificação: 
Discurso lúdico- é a forma mais aberta e democrática de discurso; 
Discurso polêmico- o grau de persuasão é tensionado entre os locutores; 
Discurso autoritário- a persuasão atinge o grau máximo e se instauram condições 
para o exercício da dominação. 
 
 
 
11 
Classificação quanto ao OBJETIVO; 
- Jornalísticos; (Ex. a notícia, o artigo de opinião e a reportagem). 
-De informação científica; (Ex. textos de vários campos científicos). 
-Instrucionais; (Ex. manuais de instrução, receitas). 
-Epistolares; (Ex. cartas, convites, bilhetes). 
-Humorísticos; (Ex. sátira, caricatura, paródia). 
-Publicitários; (Ex. folheto, cartaz, anúncio ou classificados). 
-Textos contratuais; (Ex. constituições, leis, resoluções, normas, contratos, 
cheques, notas promissórias etc.). 
 
9 - ORGANIZAÇÃO DA ESCRITA COM REFERÊNCIA EM UM ENSINO 
FONÉTICO 
 
O código da escrita se constitui tendo como referência o sistema fonético. 
Entretanto, em razão de utilizarem recursos de veiculação (canais) que se valem de 
sentidos diferentes – a audição e a visão - , ambos os códigos mantêm , entre si, 
tanto relações de similitude como aspectos absolutamente independentes. 
Representação do objeto chave: (Ex. uma chave): 
1) -Representação por meio do desenho: 
O desenho reproduz a imagem visual pela semelhança. ( percepção visual). 
2) - Representação da fala (fonemas): 
Na linguagem oral, existe uma arbitrariedade, não há nenhum princípio lógico que 
ligue esses elementos. 
3) -Representação por meio da escrita (letras): 
A escrita se referencia na fala, isto é, representa com os sinais gráficos, os sons da 
voz humana. 
 O grande segredo do domínio da língua escrita é compreender que o 
mecanismo da escrita, ele é feito com referência à oralidade. ”ESCREVER É 
DESENHAR A VOZ HUMANA” 
Escrita da Língua Portuguesa - Referencial na língua oral. 
PRINCÍPIOS DAS RELAÇÕES ORALIDADE – ESCRITA 
PRINCIPIO ALFABÉTICO 
Cada som da voz humana tem uma representação gráfica, 33 fonemas que são 
representados por um conjunto de letras ou grafemas. 
PRINCÍPIO DA DIVERSIDADE DAS RELAÇÕES: LETRA - FONEMA 
 
 
 
12 
BIUNÍVOCAS, POSICIONAIS E ARBITRÁRIAS 
Embora os grafemas representem os fonemas, não há uma correspondência estrita 
entre o conjunto de fonemas e o conjunto de grafemas. É possível, classificar as 
relações letra – fonema, como segue: 
RELAÇÕES BIUNÍVOCAS – Compreendem as (6) letras que representam um único 
e mesmo fonema, são elas: B, D, F, P, T e V. 
RELAÇÕES DE VALOR POSICIONAL- Referem-se a letras, cujo valor fonético se 
altera, dependendo do lugar que elas ocupam no interior da palavra. Ex. letra 
L ….lata/alto 
Letra M....mato/campo 
RELAÇÕES ARBITRÁRIAS- Quando uma mesma letra tem a faculdade de 
representar múltiplos fonemas. 
Ex. letra X …exato (z) táxi (ks) enxada (ch) 
PRINCÍPIO DA ESCRITA FIXA DOS VOCÁBULOS 
Apesar de, alguns fonemas poderem ser representados por letras diferentes; 
apesar de ter letras que podem representar diferentes fonemas, a verdade é que 
cada palavra do nosso dicionário, tem uma escrita fixa, com raríssimas exceções. 
RECURSOS GRÁFICOS COMPLEMENTARES 
-Sinais diacríticos ou notações léxicas 
Ex. cedilha, til 
-Pontuação 
-Direção da escrita 
-Segmentação 
-Maiúscula e minúscula 
-Tipos de letras 
-Disposição do texto 
10 – RECURSOS DE ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO TEXTUAL PARA A 
PRODUÇÃO DO SENTIDO 
 
Unidade Estrutural: Estrutura do texto que sustenta - São 3 recursos: 
introdução – assunto - Desenvolvimento 
Conclusão – arrematar as ideias 
É importante que os alunos aprendam esses 3 recursos. 
Unidade Temática 
 
 
 
13 
Além do esqueleto tem que ter uma ideia única 
Diferença que existe entre dois recursos da textualidade: enredo e o tema. 
Enredo: aspecto literal do tema, a historinha que lemos. 
Tema: alguma coisa que está atrás do enredo, é a ideia que o autor utiliza através 
do enredo. Ex. Poemas Velho Tema (Vicente de Carvalho) / Da Felicidade (Mario 
Quintana), os enredos diferentes, mas com o mesmo tema felicidade. 
Conceito de Tema 
É a ideia central do texto é o que articula todas as ideias. 
Unidade temática – temos que ancorara todas as ideias a essa ideia central. 
- Estratégia de Ensino 
Interpretação de Texto 
Analise do enredo não é interpretação. Temos que ler muito e fazer muitas 
interpretações do tema para discutir o tema. 
Sempre fomos orientados a responder perguntas sobre o enredo, temos que alterar 
as perguntas para que os alunos percebam e discutem os temas. 
- Coesão Textual 
A correta articulação do texto, como é ligada as partes do texto. 
- Coesão referencial, coesão sequencial. 
Coesão Referencial 
Ex. João saiu. / Ele parecia nervoso. 
A segunda oração faz referência a pessoa do João. 
A coesão referencial pode ser por: substituição ou reiteração. 
Coesão referencial por substituição 
Ocorrem através dos verbos, advérbios, numerais e pronomes. 
Por Pronomes: Comprei um livro. / Ele visa a globalização. 
Por Verbos: Maria votou nachapa 1. / Tereza fez o mesmo. 
Por Advérbios: Estou em Curitiba. / Aqui está fazendo um frio tremendo. 
Por numerais: Enviei a ficha e o relatório. / Ambos foram enviados. 
Coesão referencial por reiteração 
Ela se dá por repetição 
Repetição do mesmo termo ou expressão. Ex.: Chegou o livro que encomendei? /É 
um livro sobre história do Paraná. 
Sinônimo: Era uma habitação simples. / Um casebre de chão batido. 
 
 
 
14 
Expressões que indicam relação entre parte e todo ou entre todo e parte. Ex. Os 
cães estão agitados. / Esses animais pressentem o perigo. 
Expressões nominais definidas 
Ex. Chico Buarque gravou um novo disco. / O cantor fará o lançamento em um show 
no RJ. 
Nomes Genéricos 
Ex. Ele entregou o embrulho. / Uma coisa enorme. 
Coesão Sequencial 
Sequencia uma ordenação das ideias, das palavras. Pode ser: Por Sequenciação 
temporal ou por conexão. 
Sequenciação Temporal: Ela se realiza na medida que em uma narrativa obedece 
uma Sequenciação cronológica. Ordenação temporal constitui uma sequência de 
tempo. 
Por conexão; quando ligo um elemento. 
 
11 - COERÊNCIA E ARGUMENTAÇÃO 
 
COERÊNCIA 
Articulação das partes do texto: É quando o texto não apresenta sentido 
contraditório, permitindo a atribuição de um sentido unitário ao texto. 
Uma ideia não contradiz a outra. 
O texto pode ter ideias contraditórias, mas tem que justificar as contradições. 
 A coerência pode se dar por INTROTEXTUAL E EXTRATEXTUAL. 
INTROTEXTUAL (dentro do texto) consiste na ausência de contradição entre os 
anunciados do texto. 
EXTRATEXTUAL: É a ausência de contradição entre as ideias do texto e as ideias 
aceitas consensualmente como verdadeiras. 
ARGUMENTAÇÃO 
É o registro no texto de um conjunto que justifica a opinião do autor. 
A característica é convencer o outro sobre a sua ideia. 
Tipos de argumentação: 
BASEADO NO CONSENSO: usa uma ideia aceita de apoio, reforça outra ideia do 
texto. 
 
 
 
15 
BASEADO EM COMPROVAÇÃO: comprovação cientifica, tabelas e outros. 
BASEADO EM RACIOCINIO LÓGICO: exponho a primeira ideia e depois 
desenvolvo o raciocínio lógico daquela ideia. 
DA COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA: um bom domínio da língua padrão causa uma 
intimidação. 
DE AUTORIDADE: sustento minha ideia baseado em outras pessoas que tenha um 
peso social grande. 
ARGUMENTAÇÃO BASEADO NO CONSENSO: se faz pelo emprego de 
preposições ou afirmações universalmente aceitas e que, enquanto tal, dispensam 
comprovação. Ex: A escolarização, um direito de todo cidadão. 
 
INADEQUADAS COMO ARGUMENTAÇÔES 
- As afirmações de senso-comum. Ex. A criança é o futuro do Brasil (já esta gasta). 
- As afirmações de conteúdo preconceituoso (não são cabíveis como argumento) 
- As proposições de caráter discutível: Ex. Somente os jovens mais ricos conseguem 
vaga nas universidades públicas. (é falsa). 
ARGUMENTO BASEADO EM COMPROVAÇÃO: Ex. é claro que ele não foi. Eu 
conferi a lista de chamada. 
ARGUMENTO BASEADO EM RACIOCÍNIO LÓGICO: é construído pela articulação 
coerente entre vários enunciados constante do texto. Ex: É claro que ele vai 
conseguir o emprego. Tem um bom currículo e é um dos únicos candidatos com 
experiência na área. 
ARGUMENTAÇÃO DA COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA: é constituída pelo uso da 
variante culta. Ex. A lógica da epistemologia consiste no estudo dos elementos 
dialéticos. 
ARGUMENTO DE AUTORIDADE: é constituído com o uso ou citação de um autor 
importante. Ex. O uso da linguística no ensino de português representa um avanço 
importante, mas deve ser planejado em conjunto por linguistas e professores de 
português, como bem salienta Cagliari. 
 
 
 
16 
 
12 - NORMA-PADRÃO E DEMAIS VARIEDADES QUESTÃO DE ERRO OU DE 
INADEQUAÇÃO 
 
A norma padrão é aquela consagrada socialmente, não quer dizer, entretanto, que 
essa variedade seja melhor ou mais correta que as demais, mas apenas que ela foi 
ideologicamente elevada a essa condição pela classe que detém o poder e o 
prestígio. 
Qualquer variedade linguística atende a um conjunto rico de regras que garante a 
qualidade e finalidade da interação. As diferenças entre uma e outra variedade 
constituem erros. 
Cagliari (1991p.82) o certo e o errado são conceitos pouco honestos que a 
sociedade usa para marcar os indivíduos e classes sociais pelo modo de falar. Essa 
atitude da sociedade revela seus preconceitos, marcando assim as diferenças 
linguísticas com marcas de prestigio e estigma. 
Magda Becker Soares (1994.p 40). Embora um grupo de pessoas utilizam a mesma 
língua, constitua uma comunidade linguística isto não quer dizer que essa língua 
seja homogênea e uniforme existe diferenciação geográfica e social entre 
segmentos de uma mesma comunidade que resulta em correspondente processo de 
diferenciação linguística que pode dar-se níveis fonológicos, léxicos e gramaticais. 
ORTOEPIA E PROSÓDIA 
A ortoépia refere-se à adequada pronuncia dos fonemas, enquanto a prosódia diz 
respeito à adequada pronuncia da silaba Tônica da palavra. 
SINTAXE DE CONCORDÂNCIA 
È um mecanismo que expressa a adequada associação entre elementos da frase. 
Pode ser nominal ou verbal. Concordância nominal refere-se à relação entre termos 
do chamado grupo nominal (substantivos, adjetivos, artigos e numerais). Levando 
em conta o gênero e o número. A concordância verbal diz respeito a associação 
entre o sujeito e o verbo da oração, observando número e pessoa. 
SINTAXE DE REGÊNCIA 
Também pode ser nominal ou verbal. A regência nominal refere-se a associação 
entre um nome que pode ser substantivo, adjetivo, ou advérbio e os termos regidos 
por esse nome. A regência verbal é a relação entre os verbos e os termos que os 
completam como objeto direto/indireto ou que os caracterizam (adjuntos adverbiais). 
SINTAXE DE COLOCAÇÃO 
 
 
 
17 
Trata de adequada posição do pronome pessoal relativo ao verbo uma vez que nas 
três posições são possíveis: o pronome anteposto ao verbo ou próclise. 
Exemploss: Ele me entregou o livro, nomeio do verbo ou mesóclise: Dir-se-ia que ele 
entendera o assunto; proposto ao verbo ou ênclise: Vou-me embora! 
 
13 - RECURSOS SEMÂNTICOS E FONOLÓGICOS PARA A PRODUÇÃO DO 
SENTIDO 
 
Léxico - é o termo pelo qual se denomina o repertório de palavras de uma língua e 
seus significados. No caso do léxico, na condição de um repertório vivo, os sentidos 
são constantemente alterados, ampliados ou até mesmo, negados, a depender do 
contexto, da enunciação. 
As palavras ou vocábulos que compõem o léxico apresentam relações de sentido, 
ou relações semânticas que podem ser de polissemia, sinônima, antonímia, 
parônima e homonímia. 
ADEQUAÇÃO LEXICAL 
Essas relações de sentido podem confundir o falante ou o escrito e levá-lo á 
construção de enunciados esdrúxulos ou com um conteúdo diferente daquele 
pretendido. 
Temos muitos sinônimos, assim como temos palavras que adquirem diferentes 
significados, em diferentes contextos. Às vezes pode nos induzir á inadequação no 
uso de um termo, seja por desconhecermos o sentido do termo, seja por 
confundirmos uma palavra com outra semelhante, seja por não atentarmos para o 
contexto em que o estamos empregando. 
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO 
Além dos sentidos, ou seja, aqueles sentidos objetivos, consagrados pelo uso, 
claramente interpretados pelos falantes da língua registrados inclusive no dicionário 
as palavras ainda podem assumir conteúdos novos, figurativos, depender do 
contexto de uso. 
Exemplos: SENTIDO DENOTATIVO-“O sol é uma estrela” 
 SENTIDO CONOTATIVO “Ele foi a estrela do evento” 
Também temos o que chamamos de figuras de palavras dentre as quais se 
destacam a metáfora e a metonímia.18 
Metáfora - ocorre quando, por deslocamento semântico, a palavra designa algo com 
o qual não mantêm nenhuma relação objetiva. Ex: Sua boca é um cadeado e meu 
corpo é uma fogueira. 
Metonímia –é quando a palavra é usada no lugar de outra, a partir de uma relação 
de causalidade ou implicação mútua entre o que elas representam. Ex: Após uma 
hora de estudo ao piano, desistiu de Beethoven. 
 
AMBIGUIDADE 
Resulta da capacidade que tem algumas mensagens de contemplar duas 
interpretações semânticas diferentes. Ela pode ser um recurso discursivo 
importante, como por exemplo, no caso das anedotas. Mas quando desnecessária, 
ela constitui um empecilho para a clareza do texto e deve ser evitada. 
Ex. ”Emprestei o livro do Mário” estamos correndo o risco de não sermos 
compreendidos ou, no mínimo sermos mal compreendidos. Porque essa frase tem 
vários significados. 
O aluno deve ser ensinado a analisar se sua construção frasal é suficiente para 
garantir uma interpretação fácil e clara, não dando margem A CONFUSÕES com a 
indicada acima. Para isso, ele poderá recorrer a vários recursos da língua: coesão, 
ordenação, ampliação da informação etc. 
A ambiguidade também pode resultar em frases esdrúxulas, absurdas como nos 
seguintes exemplos. 
“A vistoria foi feita em lombo de burro com quase oito quilômetros”. 
“O mutuário foi para São Paulo para melhorar de vida. Quando voltar, vai liquidar 
com o banco". 
No primeiro enunciado, a ordem dos termos e a ausência de um elemento coesivo 
resultaram em uma frase com sentido absurdo (o lombo do burro medindo 8 
quilômetros). A frase correta poderia ser assim “A vistoria na propriedade demandou 
percorrer quase oito quilômetros em lombo de burro”. No segundo enunciado, um 
termo essencial para a compreensão da ideia (a dívida) foi omitida e, no lugar foi 
mencionada uma informação acessória. Além do erro de regência. A frase correta: 
“O mutuário foi para São Paulo para melhorar de vida >Quando voltar, vai liquidar 
sua dívida junto ao banco”. 
GÍRIAS, JARGÕES E TERMOS CHULOS 
 
 
 
19 
Deve-se tomar um cuidado especial quanto ao emprego de jargões, ou seja, frases 
feitas, estereotipadas. Eles empobrecem o texto, tirando-lhe a originalidade. È o 
caso de expressões de efeito, gastas pelo uso, como “a criança é o futuro “ou “a 
pureza de uma flor”. O professor ajudar os alunos a superarem sua utilização e 
cuidar para que ele próprio não incutir neles, pelo uso frequente, determinados 
jargões. 
PLEONASMO, REDUNDÂNCIA E REPETIÇÃO 
Pleonasmo é uma figura de construção que consiste na repetição de uma ideia. É 
importante recurso de estilo para enfatizar uma ideia. 
No ensino da língua escrita é importante, proporcionar condições tanto para que os 
alunos superem os vícios de redundância e repetição, como para que compreendam 
as possibilidades de usá-las como recurso de sentido. 
RECURSOS FONOLÓGICOS 
Os sons da língua podem ser utilizados como recurso para transmitir, sugerir ou 
enfatizar uma determinada ideia. As principais figuras que recorrem aos recursos 
fonológicos são: 
Onomatopeia próprio som da palavra lembra o objeto ou situação representada. 
Aliteração-Repetição de uma mesma consoante ou consoante semelhante. 
Assonância – Repetição de uma mesma vogal. 
 
 14 - METODOLOGIA E AVALIAÇÃO NO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA 
 
 
O processo de ensino pressupõe o exercício efetivo de leitura/interpretação e 
produção de textos orais e escritos. O trabalho deve se desenvolver de forma que 
professor e alunos participem, alternando leitura e produção de textos. 
O trabalho com textos permite a retomada dos mesmos conteúdos em diferentes 
contextos, fazendo com que o aluno aprenda a lógica do sistema, ao invés de 
apenas memorizá-la. O professor deverá trabalhar os conteúdos do texto para 
reconhecimento dos princípios organizadores do código e ao mesmo tempo fará 
atividades de identificação de letras e sílabas, utilizando principalmente atividades 
lúdicas para que o aluno memorize isto. Deve ser estudado: direção da escrita, 
segmentação, relação letra-fonema, relações biunívocas, posicionais e arbitrárias, 
grafia fixa de vocábulo, entre outros. 
Leitura e interpretação 
 
 
 
20 
A prática da leitura buscara mesclar, equilibradamente, situações de busca de 
informações, de estudo do texto, de leitura como pretexto ou motivação para uma 
outra atividade pedagógica e, claro, de leitura de fruição. 
As atividades de leitura e interpretação buscarão a compreensão do tema. 
Deverão ser usados vários tipos de textos (informativos, narrativos, narrativos 
descritivos, normativos, dissertativos, de correspondência, texto argumentativos, 
textos literários, em prosa e em verso, textos lúdicos, textos didáticos). Nessas 
atividades, além da leitura e interpretação, deverão ser desenvolvidas atividades de 
análise linguística e atividades de codificação/decodificação. 
O objetivo principal, no entanto, é desenvolver o gosto pela leitura nos alunos. 
Nesse sentido, a leitura de fruição tem grande importância. 
Produção de textos orais e escritos 
Convém que os alunos discutam: falar ou escrever para quem? Sobre o que? 
Com que finalidade? Devem definir assim um interlocutor, objetivos e finalidades do 
texto e forma de veiculação. Dependendo do tema do texto, cabe ao professor 
desenvolver atividades antes que permitam ao aluno conhecer o assunto. 
As atividades de produção oral de textos podem se desenvolver na forma de 
relatos, debates, produção e reprodução de histórias, de causos, de anedotas, de 
notícias, na própria interpretação oral de um texto lido, entre outras. 
A produção do texto escrito pode valer-se dessas mesmas formas e englobar 
outras, como, por exemplo, correspondência, relatórios de observação, dissertações, 
textos ficcionais, etc. 
 
Análise linguística 
É o estudo mais detalhado do texto (coesão, coerência, concordância, 
regência, morfologia, sintaxe, etc.). Deve-se discutir como dizer algo de forma mais 
clara e adequada. O professor deve pedir sugestões aos alunos, sugerindo e 
orientando a testar formas diversas até que se encontre a mais adequada. O 
educador submeterá o texto, ora de um aluno, ora de outro, à reescrita, discutindo 
coletivamente a ideia que o autor quis expressar e a melhor maneira de fazê-lo. Na 
leitura, o professor irá ressaltar – por meio de observações, perguntas dirigidas ou 
inversões – um ou outro aspecto da organização do texto. Ao longo dessas 
atividades, o professor poderá ir sistematizando as formas de convenção da língua, 
como conclusão da atividade de análise. 
 
 
 
21 
A depender do problema linguístico surgido, e recomendável complementar 
tais atividades com estudos mais detalhados daquele fato da língua, tomando-se 
cuidado para que não se desenvolva nos alunos apenas uma memorização de 
regras gramaticais. O aluno deve entender o porquê de uma forma ou convenção 
gramatical. 
Atividades de sistematização para o domínio do código 
É o trabalho com as letras, sílabas e famílias silábicas. Não há como 
alfabetizar sem trabalhá-las. As práticas citadas anteriormente (leitura, interpretação 
e produção de textos e análise linguística) contribuem para a aquisição do gráfico, 
mas não são suficientes. E necessário que o professor desenvolva atividades 
específicas que auxiliem os alunos a compreenderem as relações entre letras e 
fonemas, percebendo a existência de relações permanentes, cruzadas e arbitrarias 
e identificando as letras e seus diferentes valores fonéticos, reconhecendo a 
exigência de uma única forma de grafia para uma dada palavra, não obstante a 
variedade de letras que possam representar alguns de seus fonemasetc. 
Para tanto, propomos que, partindo de uma palavra já identificada num texto 
trabalhado, desenvolvam-se atividades variadas de comparação gráfico-fonética 
com outras palavras, bem como atividades de identificação de outros vocábulos por 
meio de decomposição, de composição e de combinação, por exemplo. A forma 
mais interessante de trabalhar com essas palavras escolhidas são os jogos, como 
dominó, jogo da memória, bingo, etc. 
Nessas atividades é importante que fique claro para o aluno a relação escrita-
oralidade, ora partindo da pronúncia de palavras para sua representação escrita, ora 
da palavra escrita em busca de sua sonorização. 
Os padrões silábicos devem ser apresentados a partir de uma sílaba 
integrante de alguma palavra, tendo sempre como critério seu valor fonético e não o 
gráfico. 
Os materiais que devem ser utilizados vão desde rótulos, logotipos, anúncios, 
caixas e pacotes de embalagem com algo escrito, alfabetos moveis variados, os 
cartazes e materiais elaborados pelo professor, ate jornais, revistas, livros e, e claro, 
os textos produzidos pelos alunos (orais e escritos). O professor também pode 
produzir os materiais, como crachás e cartazes, desde que o faça na presença dos 
alunos, lendo em voz alta o que escreve. 
A ordem sequencial dos conteúdos 
 
 
 
22 
O professor, através do planejamento, deverá ter sempre em mente os 
conteúdos que devem ser trabalhados, sendo que alguns podem ser trabalhados a 
qualquer momento e outros, constituindo-se como pré-requisitos, devem ser 
abordados a partir de uma necessidade demandada pelo texto produzido/analisado 
(seja oral ou escrito). Pode existir às vezes necessidade de se repetir determinados 
conteúdos, observando-se quais conteúdos os alunos já apreenderam e quais eles 
ainda não dominam. 
Avaliação em língua portuguesa 
A avaliação mais adequada é aquela que se dá processualmente, 
acompanhando 
a par e passo o aprendizado dos alunos. Ela busca a apreensão, pelo professor, dos 
avanços e dificuldades que os alunos apresentam, e não visa mensurar a 
quantidade de acertos a partir de um padrão ideal preestabelecido. Esta deve ser 
feita no cotidiano do aluno e deve ser sistemática e contínua, na produção, leitura e 
interpretação de textos, na análise linguística e nas atividades de sistematização 
para o domínio do código. 
O objetivo deve ser diagnosticar os problemas e orientar o planejamento do 
professor, num momento de reflexão sobre sua prática pedagógica. Ao longo das 
aulas, o professor deverá fazer suas anotações sobre os avanços dos alunos e 
estas irão orientá-lo no seu planejamento. 
O objetivo final do ensino de Língua Portuguesa deve ser produzir bons 
leitores e escritores críticos e que saibam se expressar oralmente e entender o que 
outros dizem. 
 
15 – METODOLOGIA E AVALIAÇÃO NO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA 
 
Recomenda-se a produção de texto para produção de alunos capazes de entender e 
produzir textos, sabendo quais elementos utilizar para tal – elemento articulador. 
As 4 práticas de ensino da língua portuguesa: Leitura e interpretação de texto, 
produção de textos orais e escritos, análise linguística ou reescrita de textos e 
atividades de sistematização para o domínio de conteúdo. O texto é visto como 
elemento articulador. 
Leitura e interpretação do texto: a leitura não deve ficar no nível do patamar da 
literalidade, mas trabalhar a possibilidade de produzir interpretações ligadas a 
temática do texto. 
 
 
 
23 
A leitura tem a função de atrair o aluno para o gosto pela leitura. 
Produção de textos orais e escritos: deve desenvolver atividades orais (através 
de conversas, debates) e escritas. Deve-se fazer conversas preparatórias sobre o 
assunto que será enfocada, dando subsídio aos alunos sobre o tema e sendo 
motivador. 
O aluno não deve ser pressionado a ponto de sentir medo de errar, o primeiro texto 
é um esboço até chegar ao texto ideal. 
Para que a produção de texto não seja monótona, o professor deve proporcionar 
estratégias diferenciadas como, por exemplo, através da paráfrase, através de 
atividades recreacionais. 
Análise linguística ou reescrita de textos: a análise linguística é o estudo dos 
recursos do texto desde ao uso adequado do código até a coerência, coesão 
(elementos de articulação do texto). 
Para a análise linguística, parte-se do texto; pode-se posteriormente fazer a reescrita 
do texto, reorganizando a frase, substituindo vocábulos, etc. 
 O erro faz parte do processo, mas não é construtivo, a reflexão do erro e sua 
correção são construtivas. 
 A análise linguística é feita sobre a reescrita do texto. 
 O professor pode alterar o texto do aluno desde que seja para auxiliá-lo na 
escrita, sem alterar o sentido. 
Atividades de sistematização para o domínio de conteúdo: além da reescrita do 
texto, o professor pode utilizar jogos, músicas e outras atividades de forma 
sistemática para que o aluno faça o uso da oralidade escrita com muita 
tranquilidade. Visa que o aluno compreenda e memorize os recursos do código e 
domine o conteúdo. 
 
 Não se recomenda o estudo das sílabas no modo tradicional, mas deve ser 
trabalhado o estudo das sílabas através de uma sistematização mais moderna, com 
utilização de textos reais e do cotidiano da criança, de acordo com o som dos 
fonemas, etc. 
A ordem sequencial dos conteúdos: não há uma sequência obrigatória e lógica, 
com uma progressiva complexidade como no método tradicional; mas alguns 
 
 
 
24 
conteúdos são pré-requisitos de outros conteúdos, então deve-se trabalhar essa 
sequência no estudo da unidade pedagógica. 
 
 
 
Três recomendações para a avaliação: 
 Avaliação deve ser processual e contínua, sistemática, ocorrendo 
permanentemente e acompanhando o aluno sistematicamente; 
 Deve ser diagnóstica, não para atribuir nota ou punir o aluno, mas para que o 
professor tenha elementos para o professor poder planejar suas atividades; 
 O material para a avaliação é o material das atividades feitas em sala de aula, 
observando o progresso do aluno e registrando seu desenvolvimento. 
16 – AS 4 PRÁTICAS DE ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA 
 
1 - Qual o objetivo do ensino da língua portuguesa? 
Dominar o idioma, alfabetizar e inserir o indivíduo a sociedade, formar leitores e 
escritores competentes, capaz de dominar a leitura e a escrita (letramento). 
 Processo da alfabetização não pode ser fragmentado. 
 
2 - Para saber e ler com propriedade e com fluência, o que é necessário que se 
aprenda e o professor ensine? 
Muitas pessoas ainda têm uma visão tradicional, considerando importante o 
aprendizado da gramática. Mas não se deve fragmentar o ensino e “jogar” a 
gramática fora do contexto de estudo. 
 Para ser capaz de escrever bem é importante conhecer os recursos da língua 
falada e escrita e conhecer, saber, dominar como e quando usar os recursos 
existentes da língua portuguesa e suas funções em situações reais de uso. 
Texto = unidade discursiva. 
Ex: Onde está a fotografia daquele lugar aonde passamos as férias? 
Recursos semânticos: onde e aonde. 
A situação determina o uso de um outro. Onde = lugar fixo ou estático; aonde = lugar 
onde se passa. 
Como saber quando usar um ou outro? De acordo com o contexto. 
 
 
 
25 
As 4 práticas de ensino da língua portuguesa: Leitura e interpretação de texto, 
produção de texto, análise linguística e atividades de sistematização para o domínio 
de conteúdo. 
Estuda-se a gramática através da análise linguística dos textos, atividades de 
sistematizaçãopara o domínio de conteúdo e fixação do que já foi aprendido. 
As quatro práticas constituem uma unidade pedagógica. 
Na prática, cada tema reúne as 4 práticas pedagógicas, constituindo uma unidade 
pedagógica. 
A sistematização não é necessária ser usada para todos os conteúdos. 
Trabalhar com o texto não significa tomar o texto como pretexto para um 
desenvolvimento de atividades fragmentadas da língua. 
1. Trabalhar com o texto significa compreender os recursos linguísticos em uma 
situação de uso real. 
 
2. NOVAS LINGUAGENS EM EDUCAÇÃO 
Uma das características fundamentais da espécie humana é a sua capacidade 
de criar. O homem cria, mais certamente não cria no vazio, não faz mágica. Sua 
inventividade é despertar por sua interação com o mundo, na construção de novos 
conhecimentos, na ação transformadora. 
 O homem, dos primordiais aos dias atuais, produz tecnologia: movido por 
suas necessidades e desejos, inventam artefatos que modificam o mundo e a sua 
forma de relacionar-se com ele. 
Muitas tecnologias, hoje, encontram-se tão incorporadas na vida cotidiana 
que passam despercebidas. Algumas delas, no entanto, que costumam ser 
classificadas como “novas tecnologias”, quando surgem são vistas com receio, como 
se uma tecnologia por si só, pudesse ser boa ou ruim. Na verdade, depende do uso 
que se faz dela. 
Com o desenvolvimento da linguagem, o homem passou a compartilhar 
informações, atualizando-as e passando-as de geração para geração, de maneira 
contextualizada ou na forma de mitos. 
As tecnologias em geral, das mais simples as mais sofisticadas, ampliam o 
potencial humano seja físico ou intelectual. As tecnologias empregadas com fim 
educacional colaboram nesse sentido, ampliando as possibilidades de o professor 
 
 
 
26 
ensinar e do aluno aprender. Da lousa e giz aos computadores ligados à internet, 
muitas são a tecnologias que, utilizadas adequadamente, podem auxiliar no 
processo educacional. 
* Livros didáticos permitem garantir a todos o acesso a um conjunto mínimo de 
informações; 
* Assinaturas de jornais e revistas oferecem notícias atualizadas; 
* Bons laboratórios de ciências podem levar e criar recriar experiências científicas; 
* Recursos audiovisuais aproximam os alunos de realidades distantes; 
* Computadores oferecem uma infinidade de possibilidades de acesso à informação, 
a comunicação, à simulação etc.; 
* Lousas eletrônicas interativas permitem ao professor a manipulação de imagens 
em 3D, tornando suas aulas mais dinâmicas e envolventes; 
* Dispositivos móveis, cada vez menores e mais leves, possibilitam assistir a aulas 
em vídeo ou ler livros digitais onde quer que se esteja. 
A inteligência linguística relaciona-se a expressão verbal, oral ou escrita. Essa 
inteligência é exteriorizada na capacidade de escrever e contar histórias, fazer 
rimas, contar piadas, representar, interpretar fatos, criar metáforas. 
A teoria das multiplicas inteligência tem implicações educacionais, cabendo a 
escola reconhecer que: 
 Cada sujeito é único; 
 As inteligências manifestam-se de maneiras diferentes, níveis de 
desenvolvimento diferentes; 
 Todas as inteligências são importantes para que uma pessoa seja 
competente e produtiva na sociedade; 
 É fundamental considerá-las e oportunizar que se desenvolvam de maneira 
adequada. 
 Diferentes pessoas possuem as diversas inteligências em diferentes graus, torna-se 
necessário criar situações de aprendizagem tão diversificadas quanto são as 
inteligências. 
Para se trabalhar com espaços diferenciados de aprendizagem, respeitando 
diferentes estilos cognitivos é preciso investir em recursos e em formação docente. 
Cabe ao professor conhecer e avaliar o potencial das diversas mídias ao seu 
alcance e oportunizar seu uso consciente por seus alunos, com o objetivo de 
envolvê-los e apoiá-los na construção do conhecimento. 
 
 
 
27 
A inclusão digital deve ser pensada a partir de questões educacionais, sociais 
e econômicas: como permitir o acesso a computadores para população de classes 
economicamente desfavorecidas! Como possibilitar acesso aos deficientes! Como 
qualificar os processos educativos! 
Vários projetos, com o intuito de oportunizar o acesso ás maquinas e 
orientação para utilizá-las. 
Como aprimoramento da área da comunicação, foi marcada pelo surgimento 
de novas tecnologias e, principalmente, a troca rápida de informações entre as mais 
diversas sociedades, os moldes da educação tiveram que ser revistos. 
Nesse cenário, pensar em educação é ligar a educação tradicional como o 
quadro negro, livros didáticos, e professores, aos novos meios eletrônicos como 
computador, internet e o novo profissional que não se restringe somente na sala de 
aula. 
Portanto, a importância da reforma de sistema educativo é apontada pelas 
organizações internacional como uma prioridade na preparação dos cidadãos para 
essa nova sociedade. 
Há vários exemplos de situações em que a multimídia pode trazer ganhos 
pedagógicos: como conhecer, pesquisar sobre animais extintos, estudar cidades e 
velas em vias satélites, ente outros. A multimídia atrai pela reunião das diversas 
mídias (texto, som, imagem, movimento etc.) que nos sensibilizam por múltiplos 
sentidos. A multimídia interativa possibilita uma navegação que atenda forma como 
pensamos, buscamos informações e a relacionamos, de acordo com o nosso ritmo e 
interesses. 
O professor deve se colocar-se em uma posição de orientar em relação as 
pesquisas na internet, de mediador, que ajuda a identificar matérias atuais e de boa 
qualidade. O professor pode sugerir sites específicos e portais de boa qualidade, 
mas é preciso ir além, incentivando os alunos a buscarem novas informações, 
confrontarem-nas e empregá-las nos projetos em desenvolvimento. 
Como a internet é uma fonte de informação aberta e dinâmica, é preciso 
desenvolver nos alunos o senso crítico, por meio da comparação entre as diversas 
fontes e o debate de ideias. 
É preciso repensar a avaliação, pois não a mais sentido nos trabalhos 
copiados, pois basta capturar texto da internet, ajustar a formatação e imprimi-los. 
Nesse processo avaliativo, é preciso observar o que de fato o aluno aprendeu, como 
 
 
 
28 
ele aplica as informações em outros contextos, o ficou de significativo daquilo que 
buscou. 
A quem diga que a informática está criando uma nova linguagem, como 
muitas abreviações e gírias, para a comunicação na rede, colocando a questão 
como ponto negativo. Outros, porém, defendem que o jovem, após o horário da 
escola, nunca escreveu tanto e que é capaz de diferenciar, tranquilamente as formas 
adequadas de escrever em cada ambiente. 
 
Referências: 
KAMPFF, Adriana Justin Cerveira. Novas linguagens em educação. Curitiba: 
IESDE Brasil S.A., 2009 
 
3. ARTE E FORMAÇÃO DE PROFESSORES 
1. INTRODUÇÃO 
Ao atuar na educação infantil, percebe-se que o ensino da arte e a atuação dos 
educadores com os trabalhos artísticos desenvolvidos com as crianças, em geral, é 
um dos grandes dilemas da pedagogia moderna. Muitos educadores ministram aula 
de artes na educação infantil, mas não sabem o objetivo, a dimensão e a 
importância desse trabalho para o desenvolvimento completo da criança, pois, a 
falta de uma formação acadêmica completa, suas limitações e a resistência os 
impedem de se aprofundarem no assunto, fazendo com que a execução dessa 
disciplina não esteja a contento de tal missão. Muitas vezes, os conteúdos que são 
oferecidos aos alunos estão isentos de sentido, fora da realidade, não se sabe onde 
aplicá-lo e, portanto, torna-se algo desinteressante. Além disso, o professor procura 
ensinarmais a técnica, a despeito da interpretação daquilo que o autor quis 
realmente dizer, ou seja, o real sentido da obra, como afirma Almeida (1992) em seu 
livro “Concepções e Práticas Artísticas na Escola”. Segundo o autor citado, saber 
ensinar arte é conhecer, por meio da experiência, concretamente vivida, quais os 
desafios, as facilidades, as possibilidades técnicas encontradas durante o 
desenvolvimento de criação artística, para que se possa coordenar, instigar e 
desafiar com maior eficiência esse processo. Assim, com a elaboração dessa 
pesquisa, buscou-se mostrar a importância e a necessidade da arte na educação 
 
 
 
29 
infantil com o objetivo de levar os educadores a refletirem sobre as concepções e 
metodologias a respeito da mesma, explorarem-na como papel indispensável na 
formação da educação das crianças e compreenderem que a arte é decisiva para 
prepará-las para as fases seguintes da educação. Lanier (1984) defende a ideia de 
que as artes devam estar presentes no currículo escolar pelos benefícios que 
apenas elas oferecem à educação e não por suas contribuições nesses campos de 
desenvolvimento. Na educação infantil, a criança se encontra em fase de 
pensamento Linguagem Acadêmica, concreto e explora a utilização dos sentidos 
para desenvolver e enriquecer suas experiências. Nesta fase, as atividades 
artísticas contribuirão com ricas oportunidades para seu desenvolvimento, uma vez 
que põem ao seu alcance os mais diversos tipos de materiais para manipulação. O 
lúdico, o teatro, a dança, a pintura, o desenho, a criatividade, o conto de fadas, 
fazem parte desse momento em que elas se expressam, comunicam e transformam 
a vida na relação com a arte, ou seja, “somos potencialmente criadores, possuímos 
linguagens, fazemos cultura” (PIRES, 2009, p. 47). O Referencial Curricular Nacional 
para a Educação Infantil (BRASIL, 1998) ressalta que as artes visuais devem ser 
concebidas como uma linguagem que tem estrutura e características próprias, cuja 
aprendizagem, no âmbito prático e reflexivo, se dá por meio da articulação dos 
seguintes aspectos: fazer artístico, apreciação e reflexão. O trabalho contextualizado 
com obras de arte dá conta de todas essas exigências. Em vista disso, o presente 
trabalho tem por objetivo apontar a necessidade de investimento na formação 
continuada do professor de educação infantil para que este construa o conhecimento 
na área e possa diversificar suas aulas e refletir sobre as contribuições que a 
atividade artística oferece para sua formação e prática pedagógica, levando-o a ter 
um olhar diferenciado sobre as produções artísticas das crianças e a repensar sobre 
suas metodologias e objetivos a respeito desse ensino; dessa forma, mostrar a 
necessidade de conhecer o verdadeiro significado da arte e como ela influencia o 
trabalho pedagógico, no curso infantil, e no desenvolvimento das crianças de 0 a 5 
anos. É importante salientar que, atualmente, a educação infantil no Brasil é parte 
integrante da educação básica e divide-se em creches para crianças de 0 a 3 anos e 
pré-escolas para crianças entre 3 e 5 anos. Mediante pesquisa bibliográfica, 
pretende-se conhecer o tema a partir da conceituação da arte, para que se perceba 
a atuação da mesma no âmbito da educação, no desenvolvimento infantil e na 
formação e prática pedagógica do educador. Para uma melhor compreensão do 
 
 
 
30 
ensino de artes na educação infantil serão descritas sucintamente a trajetória da 
arte, perpassando pela educação. 134 Linguagem Acadêmica, Batatais, v. 2, n. 2, p. 
131-147, jul./dez. 2012 
2. HISTORIA DO ENSINO DA ARTE NO BRASIL 
 Na trajetória da história da humanidade, os homens utilizam-se do desenho, da 
pintura e da escultura para se expressar e conhecer o mundo que os cerca. Assim 
como o homem em sua história, também as crianças se expressam e buscam 
conhecer o mundo através da arte. O Ensino de arte no Brasil evoluiu 
consideravelmente de acordo com momentos históricos e correntes pedagógicas 
vigentes. Em 1816, Dom João VI trouxe para o Brasil uma importante referência 
para o ensino da arte, a Missão Artística Francesa. Foi criada, então, a Academia de 
Belas Artes, que, após a proclamação da República, passou a ser chamada de 
Escola Nacional de Belas-Artes, na qual era ensinado o desenho, com a valorização 
da cópia fiel e a utilização de modelos europeus, por meio de figuras e imagens 
reproduzidas (mimeografadas ou fotocopiadas) como material didático. A academia 
importou a estética neoclássica dos franceses e uma metodologia de ensino 
baseada nas concepções de arte definidas por esse estilo, que foi assumida pela 
elite como o que tinha de mais moderno. Esse estilo chocou-se com o barroco, já 
existente no Brasil. A arte então se tornou um “luxo” e seu alcance foi apenas aos 
mais privilegiados: A partir dessa época, temos uma história do ensino da arte com 
ênfase no desenho, pautada por uma concepção de ensino autoritária, centrada na 
valorização do produto e na figura do professor como dono absoluto da verdade. 
Sua mesa ficava sobre uma plataforma mais alta, para marcar bem a “diferença”. 
Ensinava-se a copiar modelos - a classe toda apresentava o mesmo desenho e o 
objetivo do professor era que seus alunos tivessem boa coordenação motora, 
precisão, aprendessem técnicas, adquirissem hábitos de limpeza e ordem nos 
trabalhos... (MARTINS, PICOSQUE, GUERRA, 1998, p. 11). Segundo esses 
autores, entre as décadas de 50 e 60, começou-se a notar nas escolas a influência 
de um movimento denominado Escola Nova, já Linguagem Acadêmica, presente na 
Europa e EUA desde o final do século XIX, e dos ainda recentes estudos sobre 
criatividade. A influência da pedagogia centrada no aluno, nas aulas de arte, 
direcionou o ensino para a livre expressão e a valorização do processo de trabalho. 
 
 
 
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O papel do professor era dar oportunidades para que o aluno se expressasse de 
forma espontânea, pessoal, o que vinha a ser valorização da criatividade como 
máxima no ensino da arte. Esses princípios, na prática escolar, muitas vezes 
refletiam uma concepção espontaneísta, centrada na valorização extrema do 
processo sem preocupação com os seus resultados. Como todo processo artístico 
deveria “brotar” do aluno, o conteúdo dessas aulas era quase exclusivamente em 
“deixar-fazer”, o que muito pouco acrescentava ao aluno em termos de 
aprendizagem de arte. Em 1971, com a Lei nº 5.692, foi criado o componente 
curricular ‘Educação Artística’. A Lei, determinando que nessa disciplina fossem 
abordados conteúdos de música, teatro, dança e artes plásticas nos cursos de 1º e 
2º graus, acabou criando a figura de um professor único que deveria dominar todas 
essas linguagens de forma competente. Conforme descreve Martins (1998, p.12), o 
ensino da Arte se tornou restrito e sem significado, tanto para o aluno como para o 
professor. Em determinados contextos, essa prática social ainda se encontra 
aprisionada na cópia de modelos ou no fazer espontâneo que não privilegia a 
reflexão, a fruição e a produção: [...] uma série de desvios vêm comprometendo o 
ensino da Arte. Ainda é comum as aulas de Arte serem confundidas com lazer, 
terapia, descanso das aulas “sérias”, o momento para fazer a decoração da escola, 
as festas, comemorar determinada data cívica, preencher desenhos mimeografados, 
fazer o presente do Dia dos pais, pintar coelho da páscoa e a árvore de Natal. 
Memorizam-se algumas “musiquinhas” para entender conteúdos de história e 
“desenhinhos para aprender a contar”. A partir dos anos 80, constitui-se o 
movimento de organização de professores de arte, chamado arte-educação, que 
permitiu a ampliação de discussões sobre o compromisso,a valorização e o 
aprimoramento do professor, e que se propagassem no Brasil essas mudanças de 
concepções de atuação com arte, transmitidas por meio de encontros e eventos, 
promovidos por universidades, associações de arte-educadores, entidades públicas 
e privadas. De acordo com Deheinzelin (1995, p. 121), “os artistas celebram o 
invisível, percebendo e doando ao mundo o que sabem sobre as coisas, e não o que 
veem na realidade”. Segundo os Parâmetros Curriculares (BRASIL, 1998), com a 
promulgação da Constituição, iniciam-se as discussões sobre a nova Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, sancionada apenas em 
20 de dezembro de 1996. Convictos da importância de acesso escolar dos alunos de 
ensino básico também à área de arte houve manifestações e protestos de inúmeros 
 
 
 
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educadores contrários a uma das versões da referida lei que retirava a 
obrigatoriedade da área. Com a Lei nº 9.394/96 (BRASIL, 1996), revogam-se as 
disposições anteriores e o ensino de Artes é considerado obrigatório na educação 
básica: “o ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos 
níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos 
alunos” (artigo 23, parágrafo 2º). Também consta no ECA - Estatuto da Criança e do 
Adolescente (BRASIL, 1990), em seu art. 58: “No processo educacional respeitar-se-
ão os valores culturais, artísticos e históricos do contexto social da criança e do 
adolescente, garantindo-se a estes a liberdade de criação e o acesso às fontes de 
cultura”. Desse modo, a criança e o jovem têm direito a um desenvolvimento sadio e 
completo, devendo o Estado, a família e a sociedade proporcionar-lhes condições de 
aprimorar-se e crescer com liberdade de criação e acesso à cultura. Percebe-se que 
a Legislação Educacional, no que se refere à arte, já contribui para a sua valorização 
ao incluí-la como obrigatória no currículo escolar, nas diversas séries da Educação 
Básica, promovendo assim, o desenvolvimento cultural dos alunos. Quanto à sua 
valorização no cotidiano, caberá aos gestores e professores, durante a sua prática 
pedagógica, proporcionarem atividades contextualizadas, que contribuam para o 
avanço do aproveitamento desta disciplina, no âmbito escolar. Com a publicação 
dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte, neste caso, em 1998, teve-se a 
oportunidade de, na qualidade de professores, rever-se a própria prática, além de o 
mesmo contribuir para a formação continuada dos docentes; fato este que passaria 
a influenciar, ainda que minimamente, na produção de materiais e da seleção de 
recursos tecnológicos nas aulas. Em vista disso, este estudo aponta ainda para um 
maior investimento na formação do professor, nos materiais disponíveis e nas salas 
ambientes. Faz-se necessário que o professor busque os conhecimentos artísticos 
necessários para sua área de atuação e isso pode ser feito por intermédio de cursos 
de capacitação, chamados de formação continuada, desenvolvida mediante 
atividades de estudo e pesquisa planejadas e realizadas como parte do 
desenvolvimento profissional, propondo temas que abordem a arte como uma área 
do conhecimento, com uma linguagem própria e suas especificidades, contribuindo 
para a transformação do comportamento dos educadores criando estratégias para a 
evolução de suas competências e ampliação de seu campo de trabalho, 
possibilitando a reflexão, a aliança de teoria e prática e a continuidade. Assim, a 
formação continuada deve ser concebida como um processo contínuo que possibilita 
 
 
 
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o profissional a ter a clareza de como trabalhar com os diversos materiais 
adequados a cada faixa etária. No texto “Compre o kit neoliberal para educação 
infantil e ganhe grátis os dez passos para se tornar um professor reflexivo”, a autora 
Alessandra Arce traz relevantes ponderações sobre a atual formação de professores 
com características neoliberais e pós-modernas. Trata-se de uma formação 
aligeirada que não abrange aprofundamento teórico, abstrações complexas e 
grandes reflexões, Dentro desse contexto, o professor não necessita ser um 
intelectual com uma base teórica e prática fortemente fundamentada em princípios 
filosóficos, históricos, metodológicos; [...] (ARCE, 2001, p. 262). A educação seria 
encarada como a chave mágica para o fim da pobreza, dar instrução para o 
indivíduo buscar o sucesso e se não for capaz, fracassar, a culpa é inteiramente do 
indivíduo. Pretende-se a formação do homem competitivo, flexível e que se adapta 
as exigências do mercado, através da transmissão de informações, de um saber 
imediato e utilitário. É necessária uma formação docente para além da alfabetização, 
do cálculo e de técnicas para o trabalho, formação para a arte, para a promoção de 
experiências estéticas significativas. Talvez a formação para arte seja repelida por 
ser vista como improdutiva, não gera produtos para o mercado. A arte na escola é 
utilizada como uma ferramenta para auxiliar no desenvolvimento de habilidades para 
a alfabetização, por exemplo, ou para a descarga de energias. Não existe arte pela 
arte. A seguir, serão abordadas algumas formas de como a arte pode contribuir para 
a formação e prática dos educadores de educação infantil. 
3 - CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO DA ARTE PARA A FORMAÇÃO CONTINUADA 
DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL 
O ensino da arte em geral é um dos grandes dilemas da pedagogia moderna e do 
professor em sala de aula, pois, geralmente, a formação acadêmica do docente e as 
suas limitações podem fazer com que a execução dessa disciplina não esteja a 
contento de tal missão. Muitas vezes, os conteúdos que são oferecidos aos alunos 
estão isentos de sentido, fora da realidade, não se sabe onde aplicá-lo e, portanto, 
torna-se algo desinteressante. Além disso, o professor procura mais ensinar a 
técnica a respeito da interpretação daquilo que o autor quis realmente dizer, ou seja, 
o real sentido da obra. Neste sentido, Almeida (1992, p. 48), em seu livro 
”Concepções e Práticas Artísticas na Escola”, afirma: A maioria dos professores 
 
 
 
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acredita que desenhar, pintar, modelar, cantar, dançar, tocar e representar é bom 
para o aluno, mas poucos são capazes de apresentar argumentos convincentes 
para responder “Por que essas atividades são importantes e devem ser incluídas no 
currículo escolar?”. O que se espera de um professor, quando está trabalhando com 
linguagem visual, é que esteja profundamente envolvido com a linguagem que 
ensina, que entenda a aquisição da mesma como um processo criativo e não como 
adestramento técnico, atue na sala de aula, desenvolvendo atividades significativas, 
as quais se relacionem com a realidade dos alunos, esteja sempre atualizado, 
possua noções essenciais a respeito do assunto (o que é arte, como é constituída, 
qual sua origem, suas funções, sua história...), ou seja, como um educador 
integrado. Sendo assim, o professor de arte tem a importante tarefa de promover o 
sucesso no processo transformador de levar os alunos a melhorarem sua 
sensibilidade e saberes prático e teórico em arte. O papel do educador é também o 
de intermediar os conhecimentos existentes e oferecer condições para novos 
estudos, e isso acontece na forma como interage com os alunos, na seleção dos 
materiais para serem trabalhados, na sala de aula, e no modo como manipula esses 
materiais, na organização e distribuição do tempo, espaço e na forma e critérios de 
avaliação. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte (BRASIL, 
1998), o professor não pode se ver apenas como transmissor de conhecimento, 
porque a mídia e a Internet são cada vez mais eficientes nessa tarefa, porém, nãofuncionam como transmissores de valores. Estes são, hoje em dia, um dos papéis 
exigidos do educador, que ele seja um líder, um criador de acontecimentos, dentro e 
fora da sala de aula, ou seja, um formador de opinião. Saber ensinar arte é 
conhecer, por meio da experiência, concretamente vivida, quais os desafios, as 
facilidades, as possibilidades técnicas encontradas durante o desenvolvimento de 
criação artística, para que se possa coordenar, instigar e desafiar com maior 
eficiência esse processo. Lanier (1984, p. 54) defende a ideia de que as artes devam 
estar presentes no currículo escolar pelos benefícios que apenas elas oferecem à 
educação e não por suas contribuições nesses campos de desenvolvimento. Aponta 
o autor: Consequentemente estou sugerindo que avaliemos, o mais objetivamente 
possível, tudo aquilo que fazemos na sala de aula, e que reorientemos nossa 
conduta numa direção que trate mais especificamente da aprendizagem em arte do 
que do desenvolvimento pessoal de qualidades não necessariamente relacionados 
com a arte. Em resumo, estou propondo que, de fato, devolvamos arte a arte-
 
 
 
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educação. Fernando Pessoa (1982, p. 218) acrescenta que a função da arte é 
aperfeiçoar a subjetividade da vida. Podemos concluir, então, que, excluindo a arte 
do currículo, estamos, consequentemente, privando os alunos do aperfeiçoamento 
de sua própria subjetividade. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) 
de Arte (BRASIL, 1998, p. 29): É característica desse novo marco curricular a 
reivindicação de se designar a área por arte (e não mais por Educação Artística) e 
de incluí-la na estrutura curricular como área com conteúdos próprios ligados à 
cultura artística, e não apenas como atividade. A área da arte configura como o lugar 
da fala dos alunos, em que o professor presente e atento vai fornecendo os desafios 
e os recursos para que esta fala se articule e desenvolva-se com profundidade e 
coerência. Segundo Vygotsky (2003, p. 238): A estrutura comum da educação social 
está orientada para ampliar ao máximo os limites da experiência pessoal restrita, 
para organizar o contato da psique da criança com as esferas mais amplas possíveis 
da experiência social já acumulada, para inserir a criança na rede da vida com a 
maior amplitude possível. Esses objetivos gerais também determinam os caminhos 
da educação estética. A humanidade mantém, através da arte, uma experiência tão 
enorme e excepcional que, comparada com ela, toda experiência de criação 
doméstica e conquistas pessoais parece pobre e miserável. Por isso, quando se fala 
de educação estética dentro do sistema de formação geral, sempre se deve levar 
em conta, sobretudo, essa incorporação da criança à experiência estética da 
humanidade. A tarefa e o objetivo fundamentais são aproximar a criança da arte e, 
através dela, incorporar a psique da criança ao trabalho mundial que a humanidade 
realizou no decorrer de milênios, sublimando seu psiquismo na arte. Na educação 
infantil, o educador enfatiza a educação do olhar, criando símbolos que expressem o 
que sentimos e pensamos, para isso é necessário planejar, orientar e avaliar as 
atividades, ou seja, é fundamental o professor ser um observador atento e sensível, 
ter atitude e disposição e que esteja aberto a ter um envolvimento emocional com o 
projeto de aulas, ou seja, é preciso fazer cursos de capacitação, dedicar mais horas 
de treinamento, aperfeiçoar-se sempre. Iavelberg (2003, p. 12) afirma que: É 
necessário que o professor seja um “estudante” fascinado por arte, pois só assim 
terá entusiasmo para ensinar e transmitir a seus alunos a vontade de aprender. 
Nesse sentido, um professor mobilizado para a aprendizagem contínua, em sua vida 
pessoal e profissional, saberá ensinar essa postura a seus estudantes. A arte faz 
parte da herança cultural das sociedades, porém é um grupo muito pequeno e 
 
 
 
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seletivo de pessoas que têm acesso a museus, exposições, teatros ou qualquer 
meio que o aproxime deste universo cultural, por não existir um incentivo desde 
cedo e com isso não desenvolverem a capacidade de serem apreciadores e 
desfrutarem do que as manifestações artísticas têm a proporcionar. Então, a escola, 
e somente ela, em muitos casos, pode oferecer esse acesso. Com um trabalho 
significativo com obras de artistas, novas possibilidades de leitura visual 
acompanharão as crianças em suas criações e acontecerá automaticamente o 
incentivo a visitas em exposições e museus, onde as crianças têm a oportunidade 
de refinar o gosto, a capacidade de leitura de imagem mais criteriosa, construir 
representações diversas, aguçar os olhares sobre tudo o que o mundo lhe 
apresenta, e entrar em um universo de imaginação, sensibilidade, reflexão e 
criatividade. “[...] é na escola que oferecemos a oportunidade para que crianças e 
jovens possam efetivamente vivenciar e entender o processo artístico e sua história 
[...]” (FERRAZ, 1999, p. 19). O mundo das artes oportuniza aos alunos, conhecer, 
explorar, brincar e desenvolver a cultura infantil no âmbito de uma visão 
transformadora da educação, também, o contato com a arte de diversos períodos 
históricos e de outros lugares e regiões favorece um vínculo com a realidade e 
assim propicia uma cultura de tolerância, de valorização e de respeito mútuo. A arte 
pode contribuir para o desenvolvimento afetivo-emocional, para medir a 
compreensão da criança de seu mundo e para favorecer o elo entre a realidade e a 
fantasia. A escola deve compreender as aulas de artes visuais como um espaço de 
jogo, de experimentação lúdica, em que a criança, por meio da livre manipulação da 
linguagem vai construindo um discurso pessoal. Segundo Albano (1999, p. 48): As 
artes visuais operam, através das linhas, cores, formas e texturas, que constituem o 
seu alfabeto, um dos primeiros que a criança utiliza para se expressar. Podemos 
mesmo dizer que é sua primeira escrita, porque toda criança desenha. O Referencial 
Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998) ressalta que as artes 
visuais devem ser concebidas como uma linguagem que tem estrutura e 
características próprias, cuja aprendizagem, no âmbito prático e reflexivo, se dá por 
meio da articulação dos seguintes aspectos: fazer artístico, apreciação e reflexão. O 
trabalho contextualizado com obras de arte dá conta de todas essas exigências. 
Realizando atividades artísticas, a criança desenvolve autoestima, sentimento de 
empatia, capacidade de simbolizar, analisar, avaliar, e fazer julgamentos e um 
pensamento mais flexível, além de desenvolver o senso estético e as habilidades 
 
 
 
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específicas da área artística, também a capacidade de expressar melhor suas ideias 
e sentimentos. Ferreira (2001, p. 67.) diz: [...] a maior de todas as contribuições das 
artes na educação infantil e básica para a formação dos alunos seja que, fazendo ou 
apreciando artes, os alunos passam por uma experiência estética e aprendem que, 
com ela, o mundo pode se tornar mais agradável e mais completo. Ao analisar 
desenhos de crianças, pode-se observar muito a respeito do seu modo de pensar e 
no que concernem as habilidades que possuem. Na Educação Infantil, a criança se 
encontra em fase de pensamento concreto e explora a utilização dos sentidos para 
desenvolver e enriquecer suas experiências. Nesta fase, as atividades artísticas 
contribuirão com ricas oportunidades para seu desenvolvimento, uma vez que põem 
ao seu alcance os mais diversos tipos de materiais para manipulação. Quando as 
habilidades das crianças são estimuladas, ajudam no processo ensino-aprendizado, 
pois desenvolvem a imaginação e a percepção; recursos indispensáveis para a 
compreensão

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