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1 APOSTILA DE PEDAGOGIA MÓDULO 6 1º. Área do Conhecimento: Língua Portuguesa 2º. Novas Linguagens em Educação 3º. Artes e Formação de Professores ÀREA DO CONHECIMENTO: LINGUA PORTUGUESA 1 – CONCEPÇÃO DE LINGUAGEM Por que é importante, para o ensino da língua escrita, ter uma concepção clara de linguagem? Produzir excelentes escritores e excelentes leitores, interpretar bem o que as outras pessoas querem dizer. Ser capaz de não apenas decodificar sons e letras, mas entender os significados e usos das palavras em diferentes contextos. Compreender a linguagem é compreender a origem da escrita, para escrevermos bem é necessário falarmos bem. O que devemos ensinar para que os alunos se tornem bons leitores? É importante conhecer os recursos da língua escrita e falada, saber também quando e como usar estes recursos, aprender os recursos no contexto de uso real (quando falamos ou escrevemos) Ex.: ONDE/AONDE Onde está a fotografia daquele lugar aonde passamos as férias Onde – estático Aonde – passagem por um lugar / não sugere fixação Para entendermos um pouco destas variações vamos nos ater apenas a duas correntes A linguagem como uma capacidade natural, inata, de origem biológica. Observação 1 Segundo a concepção inatista é correto afirmar que o professor não é responsável por desenvolver a linguagem oral e escrita, para tanto em primeiro lugar é necessário que a criança esteja desenvolvida biologicamente, socialmente e psicologicamente, sendo assim, é correto afirmar que o professor nos anos iniciais é um mero estimulador. 2 Observação 2 Segundo a concepção histórico social e correto afirmar que a linguagem é considerada “produto” social, criada a partir das necessidades do homem em se relacionar devido a sua busca por conforto, alimento, bebida, moradia e etc, surge então da necessidade de se relacionarem com o ambiente ao seu redor, natureza, animais e sociedade. O caráter social da linguagem, atividade propriamente humana. A segunda concepção que, por considerar mais abrangente é cientifica assumimos como norteadora dos conteúdos que desenvolvemos ao longo desta disciplina, entende a linguagem como processo e produto da atividade humana, subordinada a uma dupla interação: Dos homens com a natureza, Homens entre si, ou seja, da sociedade. Enquanto processo, a linguagem integra organicamente vários elementos também de origem histórico-social. Esclareça-se que as duas formas de integração sempre se apresentam indissociavelmente ligadas. Segundo Spirkni e Yakhot (1975, p. 55 e 56) O pensamento só se torna real nas palavras [...], a linguagem é a realidade do pensamento [...]; Graças a linguagem, os pensamentos formam-se e transmitem-se aos outros homens. E graças a escrita, transmitem-se duma geração a outra. Não se saberia exprimir um pensamento abstrato senão por palavras. 2 – LINGUAGEM E PENSAMENTO Funções da Linguagem: Permitir a Expressão exterior das ideias, dos sentimentos e dos pensamentos; permitir a representação mental da realidade exterior. Representação mental da realidade: É a consciência da realidade (pensamos com palavras). Representar torna presente o ausente. Linguagem – Reorganiza os processos de percepção do mundo exterior – capacidade natural de percepção é alterada pela linguagem. A LINGUAGEM MUDA OS PROCESSOS DE ATENÇÃO A linguagem assegura o surgimento da imaginação. 3 A comunicação, entendida como expressão exterior das ideias, dos sentimentos, do pensamento, é uma das funções mais importantes da linguagem, mas não é a única. Outra função, igualmente importante, e a de permitir a representação mental (ou psíquica) da realidade exterior, ao invés da abstração. Ao formularmos um pensamento, recorremos ao uso da linguagem. A linguagem é tão antiga quanto a consciência - a linguagem é a consciência real, prática [...] ensinam Marx e Engels. E mais adiante, “exatamente como a consciência, a linguagem só aparece com a carência, com necessidade dos intercâmbios com outros homens (Marx; Engles, 1998, p. 24-25). Nem a linguagem é imutável, única e acabada, nem os processos de abstração e generalização permanecem invariáveis. Quanto às afirmações que o linguista Hjelmsl e o faz sobre a teoria da linguagem, pode se dizer: Segundo ele a linguagem é o instrumento pelo qual o homem modela seu pensamento, sentimentos emoções, esforços, vontades e atos, instrumento que a influência e o faz ser influenciado, a base da sociedade humana, recurso último e indispensável do homem, para ele a linguagem está sempre a nossa volta, pronta a envolver nossos pensamentos e sentimentos, acompanhando – nos em toda a nossa vida. 3 – LINGUAGEM E IDEOLOGIA A linguagem verbal é de total importância para o desenvolvimento intelectual do aluno, e sua formação ideológica. Ela permite a inserção do sujeito, em um universo discursivo, em uma forma discursiva que exerce papel determinante na consolidação de uma determinada forma de ver o mundo, entender a realidade ou uma visão de mundo. Essa visão de mundo é dominada pela classe dominante. Ocorre que a classe dominante quer manter sua visão de mundo - reacionária. A classe dominada quer romper; para não ser mais vítima da classe dominante - Superador, transformador, progressista. As duas classes têm interesse opostos. A consciência produzida pela linguagem apropria-se pelos discursos da época; ou seja, através da linguagem introduz na consciência do sujeito: conteúdos ideológicos. 4 Estrutura da ideologia Ideologia é a visão do mundo de uma determinada classe social, é a forma como essa classe elabora teoricamente uma explicação para a realidade. Há diferentes ideologias e visões de mundo. Realidade concreta: 1- Nível aparêncial 2- Nível essencial Quando olhamos as coisas: captamos a realidade pelos nossos cinco sentidos.Nível Aparêncial: A primeira percepção da realidade é mais ou menos caótica. Nível essencial É o que está além deste nível aparencial. A linguagem nos permite captar o nível essencial. Pois só a linguagem é capaz da abstração. E a abstração é que permite captar esse nível essencial da realidade. As maiorias das ideologias estão mais no nível aparencial da realidade, mas há ideologias que buscam um nível essencial profundo, mas só buscam este nível quem realmente quer uma transformação da realidade. Conceitos: Mudança: conj. de processos, em um mesmo campo de realidade. Transformação: mudança tão radical, que não se reconhece mais a realidade anterior. Forma e conteúdo Forma: nível aparencial de um determinado conteúdo. Conteúdo essência da realidade, fenômeno e essência. A linguagem atua sobre as ideologias e também; as ideologias sobre a linguagem. Há um caminho de intercâmbio entre a linguagem e a ideologia. O ensino da língua portuguesa não é apenas um conjunto de regras e sinais. Ele contém uma dimensão política importante. 4 – ESCLARESCENDO CONCEITOS FUNDAMENTAIS 5 Linguagem- qualquer conceito de sinais, signos que usamos para nos expressar, e representar a realidade. Ou seja, um conjunto de sinais = linguagem. Há diferentes formas de linguagem: Linguagem processo de significação, esse processo só realiza por causa dos elementos da significação –significado ou referente- significante. Objeto real – significado (coisa real) A palavra – (que usa para representar o objetoreal) Significante –(signo) Ex. Cadeira é um significante. Então: Objeto real é o significado Palavra que usa para representar o objeto cadeira é o significante (palavra que escreve cadeira). Representação dos signos: Sinais não signos Signos naturais Signos artificiais 1-Sinais não signos: estabelecem relação de semelhança ou analogia entre o significado e o significante. Não só estabelecem relação entre 1 coisa e outra, ex: fotografia, uma fotografia torna presente a pessoa fotografada, sem a necessidade do signo. 2- Signos naturais: estabelecem uma relação direta, não - arbitraria, entre o significado e o significante. Torna presente algo ausente. Ex. fumaça, quando vejo a fumaça reconheço a presença do fogo. Signo artificial: quando a relação entre o significado e o significante é arbitraria, resultado de uma mera convenção estabelecida pelos homens. Existem por obra humana resulta na transformação da natureza pelo homem, ex. casa, o som casa, não tem a ver com um desenho de casa. Foi uma convenção de que a palavra casa significa uma casa. Existem dois tipos de signos artificiais, são eles: * Não linguístico- recurso que combina arbitrariedade. * Linguístico - linguagem verbal. 6 Língua- é a linguagem que se realiza através de signos verbais, de formas lingüísticas organizadas em um sistema não fixo próprio de um povo ou grupo de falantes estruturados em enunciações. A língua é um sistema, partilhado por um grupo falante. A linguagem verbal, na sua forma de língua se realiza através: De elementos linguísticos da oralidade, plano fonético (sons, voz humana) De elementos linguísticos da escrita articulada, plano gráfico + plano significativo. São as expressões da língua oral e escrita * Língua oral: é econômica; pois tem apenas 33 fonemas, podemos construir foneticamente qualquer palavra da língua portuguesa. * língua escrita: é econômica, pois com 26 letras podemos construir graficamente qualquer palavra da língua portuguesa. Mas cada língua tem seu jeito de construir seus fonemas. Fala: Ato discursivo concreto tem natureza social, pois todo ato de falar, dirige-se a um interlocutor. Fala é o exercício da língua materna, realização do concreto. 5 – FUNÇÕES DA LINGUAGEM As funções da linguagem são definidas pela ênfase que se dá a alguns elementos no Processo de Comunicação Verbal. Os elementos são: Emissor (remetente) – é o que envia a mensagem (fala, escreve) Receptor (destinatário) – é o que recebe a mensagem Canal – é o suporte físico do código (ex. sonoridade da fala humana) da fala (sonoridade da voz humana) – auditivo Da escrita (usa-se o código da linguagem escrita, se materializa em formato de letras) – visual Do braile – é tato Código – é o conjunto de signos que se articulam para produzir o sentido da mensagem Referente – é o contexto ao qual nos referimos na mensagem (que externaliza a ideia, a mensagem) 7 Mensagem – é o conteúdo trocado entre emissor e receptor (conjunto de ideias, pensamento, opinião) A compreensão do sentido de uma dada mensagem depende em parte da compreensão de sua finalidade. A finalidade é expressa pela ênfase em um dos fatores constitutivos da comunicação. Funções da linguagem: 1) Referencial (enfatiza o referente) é a informação objetiva 2) Emotiva ou expressiva (enfatiza os sentimentos do emissor, expressa as emoções, as ideias a subjetividade do emissor 3) Conativa (enfatiza o receptor (caracteriza-se pela mordem ou apelo, explícitos ou implícitos) 4) Fática (a ênfase está no canal, com cuidado se o outro está em sintonia, isto é, no mesmo canal que o nosso) 5) Metalinguística (presença da própria linguagem como tema: textos explicativos) 6) poética (quando o emissor se preocupa em organizar a forma da linguagem, a sequência das palavras, o ritmo) é o cuidado de operar sobre a própria linguagem, para através da forma contribuir para uma melhor expressão, para melhor construção d o conteúdo que se está querendo dizer. Essas funções são determinadas pela ênfase que se dá a um ou outro elemento que entra na composição do ato comunicativo, ênfase no fator da comunicação correspondente a função da linguagem. FUNÇÕES DA LINGUAGEM (DICAS DE ESTUDO) Função Representativa (se usa quando pretendemos transmitir uma informação sem fazer valorizações) Função Expressiva (utilizada quando o emissor pretende expressar seu estado físico ou anímico (entonação expressiva, a modalidade exclamativa, diminutivos, aumentativos, depreciativos, depreciativos e outros) 8 Função Apelativa (o objetivo é provocar uma determinada reação no ouvinte, usada na publicidade, linguagem jornalística, propaganda política) Função Fática (usada para comprovar que a comunicação é fisicamente possível) Função Poética (pretende criar beleza usando a linguagem, função principal dos poemas, novelas canções) Função metalinguística (se usa a língua para falar da mesma língua ou outra qualquer centrada no código) 6 - O ELEMENTO ARTICULADOR DA PRÁTICA PEDAGÓGICA O texto constitui o elemento articulador do processo de ensino aprendizagem da língua portuguesa. São 2 as razões de importância pedagógica: - Elaboração de um texto de qualidade. -Os textos apresentam os recursos da língua, códigos e significados. Concepção de texto: articulação de código e sentido Os textos independem de seu tamanho, pode ser constituído por apenas uma única palavra; Socorro; por si só já tem sentido. O ato discursivo depende de sujeitos, por meio da linguagem. Deve ter uma intenção. Um texto pode ser oral ou escrito; e composto por enunciados, que articulam entre si, expressam significado. Pseudotexto Pseudotextos são textos com a função de destacar um aspecto do código, caso das cartilhas. Usadas com a intenção de facilitar o aprendizado. Nela encontra-se frases desarticuladas, que distorcem a noção dos textos. São sem sentido e não se assemelham aos discursos reais, como de fato as pessoas falam. Textos reais São parecidos com os discursos orais, e se expressam de forma real. O trabalho com o texto e a polêmica sobre o ensino da gramática Um texto com significado e clareza, necessita de regras, ou seja, respeitar a gramática. Gramática é um conjunto de convenções em uso pelos seus falantes. Sabemos que nenhuma língua é uniforme, pois seus falantes produzem variações. O código deve ser organizado para que o interlocutor possa aprende-lo. Por essa razão se dá a importância da gramática. 9 Então pode-se afirmar: Gramática como um conjunto flexível de convenções que permitem criar significados. O mais importante é o aluno entender o fundamento da regra, o conteúdo. 7 - AS DETERMINAÇÕES SÓCIAS NA PRODUÇÃO DO TEXTO O texto seja ele oral ou escrito é uma prática social. Ele pode ser de: - dimensão relativa a situação de produção do texto, condição histórico social de produção; - dimensão linguística, relativa aos recursos linguísticos. A linguagem está ligada as condições de comunicação entre os sujeitos, e refletem as condições de existência material e cultural dessa comunidade. Língua Padrão Dentro de uma mesma língua há falares diferentes, ou seja, a forma própria de determinada região, corporação profissional, população urbana ou rural, etc. Isto é variável. Porém uma variável é assumida como modelo, forma correta. O poder ao falante é quem impõe a variedade como Forma Correta. Quem tem mais poder impõe a forma correta. As condiçõesde classe do falante e o conteúdo de sua fala A classe dos interlocutores define um contexto de um texto, com sentido muitas vezes diferente. As formas cotidianas de uso da escrita Muitos dos que dominam a escrita, impõe aos demais a submissão, por exemplo: em documentos, acordos, contratos. Pois quem os lê, desconhecem ou conhecem apenas por meio da leitura de outros. 8 - OS TIPOS DE TEXTO Uma primeira classificação distingue textos literários e não literários. Existem características que são comuns aos 2 tipos, mas algumas predominam no texto não literário e outras que predominam no texto literário. A diferença não é absoluta, é uma diferença de predominância de aspectos, como vemos a seguir: Texto não literário: Texto Texto não 10 literário: literário: Texto literário: Prevalência da função utilitária; Relevância do plano da informação; Tangibilidade; Pr evalência da denotação; Unidade de sentido - Prevalência da função estética; - Relevância do plano da expressão - intangibilidade - Prevalência da conotação - Plurissignificação Quanto ao DESENVOLVIMENTO DO TEMA, os textos podem ser classificados em: Narração, descrição e dissertação. As características são: Narrativo é o texto em que predomina a sucessão de fatos, imagens ou acontecimentos, numa sequência ordenada, temporal ou casual. Apresenta um narrador, personagens e caracterização do espaço. A narrativa pode ser também ficcional e não ficcional. Descritivo, quando predomina a descrição, isto é, a sequência de aspectos ou características de algo existente ou imaginário. Dissertativo, apresenta uma sequência de idéias ou opiniões sobre determinado assunto. Importante ressaltar que não existem textos, puramente narrativos, descritivos ou dissertativos, normalmente os textos combinam esses elementos. A classificação, se dá mais pela predominância de uma característica. Discurso argumentativo Quando usamos a ARGUMENTAÇÃO, como critério para classificar os textos, temos: Discurso deliberativo- objetiva o aconselhamento; Discurso judiciário- objetiva a acusação ou defesa; Discurso epidítico- tem como objetivo o louvor ou a censura; Discurso crítico- visa ao acordo ou à contestação: Orlandi (1983) propõe, ainda levando em conta a argumentação - ou persuasão – a seguinte classificação: Discurso lúdico- é a forma mais aberta e democrática de discurso; Discurso polêmico- o grau de persuasão é tensionado entre os locutores; Discurso autoritário- a persuasão atinge o grau máximo e se instauram condições para o exercício da dominação. 11 Classificação quanto ao OBJETIVO; - Jornalísticos; (Ex. a notícia, o artigo de opinião e a reportagem). -De informação científica; (Ex. textos de vários campos científicos). -Instrucionais; (Ex. manuais de instrução, receitas). -Epistolares; (Ex. cartas, convites, bilhetes). -Humorísticos; (Ex. sátira, caricatura, paródia). -Publicitários; (Ex. folheto, cartaz, anúncio ou classificados). -Textos contratuais; (Ex. constituições, leis, resoluções, normas, contratos, cheques, notas promissórias etc.). 9 - ORGANIZAÇÃO DA ESCRITA COM REFERÊNCIA EM UM ENSINO FONÉTICO O código da escrita se constitui tendo como referência o sistema fonético. Entretanto, em razão de utilizarem recursos de veiculação (canais) que se valem de sentidos diferentes – a audição e a visão - , ambos os códigos mantêm , entre si, tanto relações de similitude como aspectos absolutamente independentes. Representação do objeto chave: (Ex. uma chave): 1) -Representação por meio do desenho: O desenho reproduz a imagem visual pela semelhança. ( percepção visual). 2) - Representação da fala (fonemas): Na linguagem oral, existe uma arbitrariedade, não há nenhum princípio lógico que ligue esses elementos. 3) -Representação por meio da escrita (letras): A escrita se referencia na fala, isto é, representa com os sinais gráficos, os sons da voz humana. O grande segredo do domínio da língua escrita é compreender que o mecanismo da escrita, ele é feito com referência à oralidade. ”ESCREVER É DESENHAR A VOZ HUMANA” Escrita da Língua Portuguesa - Referencial na língua oral. PRINCÍPIOS DAS RELAÇÕES ORALIDADE – ESCRITA PRINCIPIO ALFABÉTICO Cada som da voz humana tem uma representação gráfica, 33 fonemas que são representados por um conjunto de letras ou grafemas. PRINCÍPIO DA DIVERSIDADE DAS RELAÇÕES: LETRA - FONEMA 12 BIUNÍVOCAS, POSICIONAIS E ARBITRÁRIAS Embora os grafemas representem os fonemas, não há uma correspondência estrita entre o conjunto de fonemas e o conjunto de grafemas. É possível, classificar as relações letra – fonema, como segue: RELAÇÕES BIUNÍVOCAS – Compreendem as (6) letras que representam um único e mesmo fonema, são elas: B, D, F, P, T e V. RELAÇÕES DE VALOR POSICIONAL- Referem-se a letras, cujo valor fonético se altera, dependendo do lugar que elas ocupam no interior da palavra. Ex. letra L ….lata/alto Letra M....mato/campo RELAÇÕES ARBITRÁRIAS- Quando uma mesma letra tem a faculdade de representar múltiplos fonemas. Ex. letra X …exato (z) táxi (ks) enxada (ch) PRINCÍPIO DA ESCRITA FIXA DOS VOCÁBULOS Apesar de, alguns fonemas poderem ser representados por letras diferentes; apesar de ter letras que podem representar diferentes fonemas, a verdade é que cada palavra do nosso dicionário, tem uma escrita fixa, com raríssimas exceções. RECURSOS GRÁFICOS COMPLEMENTARES -Sinais diacríticos ou notações léxicas Ex. cedilha, til -Pontuação -Direção da escrita -Segmentação -Maiúscula e minúscula -Tipos de letras -Disposição do texto 10 – RECURSOS DE ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO TEXTUAL PARA A PRODUÇÃO DO SENTIDO Unidade Estrutural: Estrutura do texto que sustenta - São 3 recursos: introdução – assunto - Desenvolvimento Conclusão – arrematar as ideias É importante que os alunos aprendam esses 3 recursos. Unidade Temática 13 Além do esqueleto tem que ter uma ideia única Diferença que existe entre dois recursos da textualidade: enredo e o tema. Enredo: aspecto literal do tema, a historinha que lemos. Tema: alguma coisa que está atrás do enredo, é a ideia que o autor utiliza através do enredo. Ex. Poemas Velho Tema (Vicente de Carvalho) / Da Felicidade (Mario Quintana), os enredos diferentes, mas com o mesmo tema felicidade. Conceito de Tema É a ideia central do texto é o que articula todas as ideias. Unidade temática – temos que ancorara todas as ideias a essa ideia central. - Estratégia de Ensino Interpretação de Texto Analise do enredo não é interpretação. Temos que ler muito e fazer muitas interpretações do tema para discutir o tema. Sempre fomos orientados a responder perguntas sobre o enredo, temos que alterar as perguntas para que os alunos percebam e discutem os temas. - Coesão Textual A correta articulação do texto, como é ligada as partes do texto. - Coesão referencial, coesão sequencial. Coesão Referencial Ex. João saiu. / Ele parecia nervoso. A segunda oração faz referência a pessoa do João. A coesão referencial pode ser por: substituição ou reiteração. Coesão referencial por substituição Ocorrem através dos verbos, advérbios, numerais e pronomes. Por Pronomes: Comprei um livro. / Ele visa a globalização. Por Verbos: Maria votou nachapa 1. / Tereza fez o mesmo. Por Advérbios: Estou em Curitiba. / Aqui está fazendo um frio tremendo. Por numerais: Enviei a ficha e o relatório. / Ambos foram enviados. Coesão referencial por reiteração Ela se dá por repetição Repetição do mesmo termo ou expressão. Ex.: Chegou o livro que encomendei? /É um livro sobre história do Paraná. Sinônimo: Era uma habitação simples. / Um casebre de chão batido. 14 Expressões que indicam relação entre parte e todo ou entre todo e parte. Ex. Os cães estão agitados. / Esses animais pressentem o perigo. Expressões nominais definidas Ex. Chico Buarque gravou um novo disco. / O cantor fará o lançamento em um show no RJ. Nomes Genéricos Ex. Ele entregou o embrulho. / Uma coisa enorme. Coesão Sequencial Sequencia uma ordenação das ideias, das palavras. Pode ser: Por Sequenciação temporal ou por conexão. Sequenciação Temporal: Ela se realiza na medida que em uma narrativa obedece uma Sequenciação cronológica. Ordenação temporal constitui uma sequência de tempo. Por conexão; quando ligo um elemento. 11 - COERÊNCIA E ARGUMENTAÇÃO COERÊNCIA Articulação das partes do texto: É quando o texto não apresenta sentido contraditório, permitindo a atribuição de um sentido unitário ao texto. Uma ideia não contradiz a outra. O texto pode ter ideias contraditórias, mas tem que justificar as contradições. A coerência pode se dar por INTROTEXTUAL E EXTRATEXTUAL. INTROTEXTUAL (dentro do texto) consiste na ausência de contradição entre os anunciados do texto. EXTRATEXTUAL: É a ausência de contradição entre as ideias do texto e as ideias aceitas consensualmente como verdadeiras. ARGUMENTAÇÃO É o registro no texto de um conjunto que justifica a opinião do autor. A característica é convencer o outro sobre a sua ideia. Tipos de argumentação: BASEADO NO CONSENSO: usa uma ideia aceita de apoio, reforça outra ideia do texto. 15 BASEADO EM COMPROVAÇÃO: comprovação cientifica, tabelas e outros. BASEADO EM RACIOCINIO LÓGICO: exponho a primeira ideia e depois desenvolvo o raciocínio lógico daquela ideia. DA COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA: um bom domínio da língua padrão causa uma intimidação. DE AUTORIDADE: sustento minha ideia baseado em outras pessoas que tenha um peso social grande. ARGUMENTAÇÃO BASEADO NO CONSENSO: se faz pelo emprego de preposições ou afirmações universalmente aceitas e que, enquanto tal, dispensam comprovação. Ex: A escolarização, um direito de todo cidadão. INADEQUADAS COMO ARGUMENTAÇÔES - As afirmações de senso-comum. Ex. A criança é o futuro do Brasil (já esta gasta). - As afirmações de conteúdo preconceituoso (não são cabíveis como argumento) - As proposições de caráter discutível: Ex. Somente os jovens mais ricos conseguem vaga nas universidades públicas. (é falsa). ARGUMENTO BASEADO EM COMPROVAÇÃO: Ex. é claro que ele não foi. Eu conferi a lista de chamada. ARGUMENTO BASEADO EM RACIOCÍNIO LÓGICO: é construído pela articulação coerente entre vários enunciados constante do texto. Ex: É claro que ele vai conseguir o emprego. Tem um bom currículo e é um dos únicos candidatos com experiência na área. ARGUMENTAÇÃO DA COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA: é constituída pelo uso da variante culta. Ex. A lógica da epistemologia consiste no estudo dos elementos dialéticos. ARGUMENTO DE AUTORIDADE: é constituído com o uso ou citação de um autor importante. Ex. O uso da linguística no ensino de português representa um avanço importante, mas deve ser planejado em conjunto por linguistas e professores de português, como bem salienta Cagliari. 16 12 - NORMA-PADRÃO E DEMAIS VARIEDADES QUESTÃO DE ERRO OU DE INADEQUAÇÃO A norma padrão é aquela consagrada socialmente, não quer dizer, entretanto, que essa variedade seja melhor ou mais correta que as demais, mas apenas que ela foi ideologicamente elevada a essa condição pela classe que detém o poder e o prestígio. Qualquer variedade linguística atende a um conjunto rico de regras que garante a qualidade e finalidade da interação. As diferenças entre uma e outra variedade constituem erros. Cagliari (1991p.82) o certo e o errado são conceitos pouco honestos que a sociedade usa para marcar os indivíduos e classes sociais pelo modo de falar. Essa atitude da sociedade revela seus preconceitos, marcando assim as diferenças linguísticas com marcas de prestigio e estigma. Magda Becker Soares (1994.p 40). Embora um grupo de pessoas utilizam a mesma língua, constitua uma comunidade linguística isto não quer dizer que essa língua seja homogênea e uniforme existe diferenciação geográfica e social entre segmentos de uma mesma comunidade que resulta em correspondente processo de diferenciação linguística que pode dar-se níveis fonológicos, léxicos e gramaticais. ORTOEPIA E PROSÓDIA A ortoépia refere-se à adequada pronuncia dos fonemas, enquanto a prosódia diz respeito à adequada pronuncia da silaba Tônica da palavra. SINTAXE DE CONCORDÂNCIA È um mecanismo que expressa a adequada associação entre elementos da frase. Pode ser nominal ou verbal. Concordância nominal refere-se à relação entre termos do chamado grupo nominal (substantivos, adjetivos, artigos e numerais). Levando em conta o gênero e o número. A concordância verbal diz respeito a associação entre o sujeito e o verbo da oração, observando número e pessoa. SINTAXE DE REGÊNCIA Também pode ser nominal ou verbal. A regência nominal refere-se a associação entre um nome que pode ser substantivo, adjetivo, ou advérbio e os termos regidos por esse nome. A regência verbal é a relação entre os verbos e os termos que os completam como objeto direto/indireto ou que os caracterizam (adjuntos adverbiais). SINTAXE DE COLOCAÇÃO 17 Trata de adequada posição do pronome pessoal relativo ao verbo uma vez que nas três posições são possíveis: o pronome anteposto ao verbo ou próclise. Exemploss: Ele me entregou o livro, nomeio do verbo ou mesóclise: Dir-se-ia que ele entendera o assunto; proposto ao verbo ou ênclise: Vou-me embora! 13 - RECURSOS SEMÂNTICOS E FONOLÓGICOS PARA A PRODUÇÃO DO SENTIDO Léxico - é o termo pelo qual se denomina o repertório de palavras de uma língua e seus significados. No caso do léxico, na condição de um repertório vivo, os sentidos são constantemente alterados, ampliados ou até mesmo, negados, a depender do contexto, da enunciação. As palavras ou vocábulos que compõem o léxico apresentam relações de sentido, ou relações semânticas que podem ser de polissemia, sinônima, antonímia, parônima e homonímia. ADEQUAÇÃO LEXICAL Essas relações de sentido podem confundir o falante ou o escrito e levá-lo á construção de enunciados esdrúxulos ou com um conteúdo diferente daquele pretendido. Temos muitos sinônimos, assim como temos palavras que adquirem diferentes significados, em diferentes contextos. Às vezes pode nos induzir á inadequação no uso de um termo, seja por desconhecermos o sentido do termo, seja por confundirmos uma palavra com outra semelhante, seja por não atentarmos para o contexto em que o estamos empregando. DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO Além dos sentidos, ou seja, aqueles sentidos objetivos, consagrados pelo uso, claramente interpretados pelos falantes da língua registrados inclusive no dicionário as palavras ainda podem assumir conteúdos novos, figurativos, depender do contexto de uso. Exemplos: SENTIDO DENOTATIVO-“O sol é uma estrela” SENTIDO CONOTATIVO “Ele foi a estrela do evento” Também temos o que chamamos de figuras de palavras dentre as quais se destacam a metáfora e a metonímia.18 Metáfora - ocorre quando, por deslocamento semântico, a palavra designa algo com o qual não mantêm nenhuma relação objetiva. Ex: Sua boca é um cadeado e meu corpo é uma fogueira. Metonímia –é quando a palavra é usada no lugar de outra, a partir de uma relação de causalidade ou implicação mútua entre o que elas representam. Ex: Após uma hora de estudo ao piano, desistiu de Beethoven. AMBIGUIDADE Resulta da capacidade que tem algumas mensagens de contemplar duas interpretações semânticas diferentes. Ela pode ser um recurso discursivo importante, como por exemplo, no caso das anedotas. Mas quando desnecessária, ela constitui um empecilho para a clareza do texto e deve ser evitada. Ex. ”Emprestei o livro do Mário” estamos correndo o risco de não sermos compreendidos ou, no mínimo sermos mal compreendidos. Porque essa frase tem vários significados. O aluno deve ser ensinado a analisar se sua construção frasal é suficiente para garantir uma interpretação fácil e clara, não dando margem A CONFUSÕES com a indicada acima. Para isso, ele poderá recorrer a vários recursos da língua: coesão, ordenação, ampliação da informação etc. A ambiguidade também pode resultar em frases esdrúxulas, absurdas como nos seguintes exemplos. “A vistoria foi feita em lombo de burro com quase oito quilômetros”. “O mutuário foi para São Paulo para melhorar de vida. Quando voltar, vai liquidar com o banco". No primeiro enunciado, a ordem dos termos e a ausência de um elemento coesivo resultaram em uma frase com sentido absurdo (o lombo do burro medindo 8 quilômetros). A frase correta poderia ser assim “A vistoria na propriedade demandou percorrer quase oito quilômetros em lombo de burro”. No segundo enunciado, um termo essencial para a compreensão da ideia (a dívida) foi omitida e, no lugar foi mencionada uma informação acessória. Além do erro de regência. A frase correta: “O mutuário foi para São Paulo para melhorar de vida >Quando voltar, vai liquidar sua dívida junto ao banco”. GÍRIAS, JARGÕES E TERMOS CHULOS 19 Deve-se tomar um cuidado especial quanto ao emprego de jargões, ou seja, frases feitas, estereotipadas. Eles empobrecem o texto, tirando-lhe a originalidade. È o caso de expressões de efeito, gastas pelo uso, como “a criança é o futuro “ou “a pureza de uma flor”. O professor ajudar os alunos a superarem sua utilização e cuidar para que ele próprio não incutir neles, pelo uso frequente, determinados jargões. PLEONASMO, REDUNDÂNCIA E REPETIÇÃO Pleonasmo é uma figura de construção que consiste na repetição de uma ideia. É importante recurso de estilo para enfatizar uma ideia. No ensino da língua escrita é importante, proporcionar condições tanto para que os alunos superem os vícios de redundância e repetição, como para que compreendam as possibilidades de usá-las como recurso de sentido. RECURSOS FONOLÓGICOS Os sons da língua podem ser utilizados como recurso para transmitir, sugerir ou enfatizar uma determinada ideia. As principais figuras que recorrem aos recursos fonológicos são: Onomatopeia próprio som da palavra lembra o objeto ou situação representada. Aliteração-Repetição de uma mesma consoante ou consoante semelhante. Assonância – Repetição de uma mesma vogal. 14 - METODOLOGIA E AVALIAÇÃO NO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA O processo de ensino pressupõe o exercício efetivo de leitura/interpretação e produção de textos orais e escritos. O trabalho deve se desenvolver de forma que professor e alunos participem, alternando leitura e produção de textos. O trabalho com textos permite a retomada dos mesmos conteúdos em diferentes contextos, fazendo com que o aluno aprenda a lógica do sistema, ao invés de apenas memorizá-la. O professor deverá trabalhar os conteúdos do texto para reconhecimento dos princípios organizadores do código e ao mesmo tempo fará atividades de identificação de letras e sílabas, utilizando principalmente atividades lúdicas para que o aluno memorize isto. Deve ser estudado: direção da escrita, segmentação, relação letra-fonema, relações biunívocas, posicionais e arbitrárias, grafia fixa de vocábulo, entre outros. Leitura e interpretação 20 A prática da leitura buscara mesclar, equilibradamente, situações de busca de informações, de estudo do texto, de leitura como pretexto ou motivação para uma outra atividade pedagógica e, claro, de leitura de fruição. As atividades de leitura e interpretação buscarão a compreensão do tema. Deverão ser usados vários tipos de textos (informativos, narrativos, narrativos descritivos, normativos, dissertativos, de correspondência, texto argumentativos, textos literários, em prosa e em verso, textos lúdicos, textos didáticos). Nessas atividades, além da leitura e interpretação, deverão ser desenvolvidas atividades de análise linguística e atividades de codificação/decodificação. O objetivo principal, no entanto, é desenvolver o gosto pela leitura nos alunos. Nesse sentido, a leitura de fruição tem grande importância. Produção de textos orais e escritos Convém que os alunos discutam: falar ou escrever para quem? Sobre o que? Com que finalidade? Devem definir assim um interlocutor, objetivos e finalidades do texto e forma de veiculação. Dependendo do tema do texto, cabe ao professor desenvolver atividades antes que permitam ao aluno conhecer o assunto. As atividades de produção oral de textos podem se desenvolver na forma de relatos, debates, produção e reprodução de histórias, de causos, de anedotas, de notícias, na própria interpretação oral de um texto lido, entre outras. A produção do texto escrito pode valer-se dessas mesmas formas e englobar outras, como, por exemplo, correspondência, relatórios de observação, dissertações, textos ficcionais, etc. Análise linguística É o estudo mais detalhado do texto (coesão, coerência, concordância, regência, morfologia, sintaxe, etc.). Deve-se discutir como dizer algo de forma mais clara e adequada. O professor deve pedir sugestões aos alunos, sugerindo e orientando a testar formas diversas até que se encontre a mais adequada. O educador submeterá o texto, ora de um aluno, ora de outro, à reescrita, discutindo coletivamente a ideia que o autor quis expressar e a melhor maneira de fazê-lo. Na leitura, o professor irá ressaltar – por meio de observações, perguntas dirigidas ou inversões – um ou outro aspecto da organização do texto. Ao longo dessas atividades, o professor poderá ir sistematizando as formas de convenção da língua, como conclusão da atividade de análise. 21 A depender do problema linguístico surgido, e recomendável complementar tais atividades com estudos mais detalhados daquele fato da língua, tomando-se cuidado para que não se desenvolva nos alunos apenas uma memorização de regras gramaticais. O aluno deve entender o porquê de uma forma ou convenção gramatical. Atividades de sistematização para o domínio do código É o trabalho com as letras, sílabas e famílias silábicas. Não há como alfabetizar sem trabalhá-las. As práticas citadas anteriormente (leitura, interpretação e produção de textos e análise linguística) contribuem para a aquisição do gráfico, mas não são suficientes. E necessário que o professor desenvolva atividades específicas que auxiliem os alunos a compreenderem as relações entre letras e fonemas, percebendo a existência de relações permanentes, cruzadas e arbitrarias e identificando as letras e seus diferentes valores fonéticos, reconhecendo a exigência de uma única forma de grafia para uma dada palavra, não obstante a variedade de letras que possam representar alguns de seus fonemasetc. Para tanto, propomos que, partindo de uma palavra já identificada num texto trabalhado, desenvolvam-se atividades variadas de comparação gráfico-fonética com outras palavras, bem como atividades de identificação de outros vocábulos por meio de decomposição, de composição e de combinação, por exemplo. A forma mais interessante de trabalhar com essas palavras escolhidas são os jogos, como dominó, jogo da memória, bingo, etc. Nessas atividades é importante que fique claro para o aluno a relação escrita- oralidade, ora partindo da pronúncia de palavras para sua representação escrita, ora da palavra escrita em busca de sua sonorização. Os padrões silábicos devem ser apresentados a partir de uma sílaba integrante de alguma palavra, tendo sempre como critério seu valor fonético e não o gráfico. Os materiais que devem ser utilizados vão desde rótulos, logotipos, anúncios, caixas e pacotes de embalagem com algo escrito, alfabetos moveis variados, os cartazes e materiais elaborados pelo professor, ate jornais, revistas, livros e, e claro, os textos produzidos pelos alunos (orais e escritos). O professor também pode produzir os materiais, como crachás e cartazes, desde que o faça na presença dos alunos, lendo em voz alta o que escreve. A ordem sequencial dos conteúdos 22 O professor, através do planejamento, deverá ter sempre em mente os conteúdos que devem ser trabalhados, sendo que alguns podem ser trabalhados a qualquer momento e outros, constituindo-se como pré-requisitos, devem ser abordados a partir de uma necessidade demandada pelo texto produzido/analisado (seja oral ou escrito). Pode existir às vezes necessidade de se repetir determinados conteúdos, observando-se quais conteúdos os alunos já apreenderam e quais eles ainda não dominam. Avaliação em língua portuguesa A avaliação mais adequada é aquela que se dá processualmente, acompanhando a par e passo o aprendizado dos alunos. Ela busca a apreensão, pelo professor, dos avanços e dificuldades que os alunos apresentam, e não visa mensurar a quantidade de acertos a partir de um padrão ideal preestabelecido. Esta deve ser feita no cotidiano do aluno e deve ser sistemática e contínua, na produção, leitura e interpretação de textos, na análise linguística e nas atividades de sistematização para o domínio do código. O objetivo deve ser diagnosticar os problemas e orientar o planejamento do professor, num momento de reflexão sobre sua prática pedagógica. Ao longo das aulas, o professor deverá fazer suas anotações sobre os avanços dos alunos e estas irão orientá-lo no seu planejamento. O objetivo final do ensino de Língua Portuguesa deve ser produzir bons leitores e escritores críticos e que saibam se expressar oralmente e entender o que outros dizem. 15 – METODOLOGIA E AVALIAÇÃO NO ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA Recomenda-se a produção de texto para produção de alunos capazes de entender e produzir textos, sabendo quais elementos utilizar para tal – elemento articulador. As 4 práticas de ensino da língua portuguesa: Leitura e interpretação de texto, produção de textos orais e escritos, análise linguística ou reescrita de textos e atividades de sistematização para o domínio de conteúdo. O texto é visto como elemento articulador. Leitura e interpretação do texto: a leitura não deve ficar no nível do patamar da literalidade, mas trabalhar a possibilidade de produzir interpretações ligadas a temática do texto. 23 A leitura tem a função de atrair o aluno para o gosto pela leitura. Produção de textos orais e escritos: deve desenvolver atividades orais (através de conversas, debates) e escritas. Deve-se fazer conversas preparatórias sobre o assunto que será enfocada, dando subsídio aos alunos sobre o tema e sendo motivador. O aluno não deve ser pressionado a ponto de sentir medo de errar, o primeiro texto é um esboço até chegar ao texto ideal. Para que a produção de texto não seja monótona, o professor deve proporcionar estratégias diferenciadas como, por exemplo, através da paráfrase, através de atividades recreacionais. Análise linguística ou reescrita de textos: a análise linguística é o estudo dos recursos do texto desde ao uso adequado do código até a coerência, coesão (elementos de articulação do texto). Para a análise linguística, parte-se do texto; pode-se posteriormente fazer a reescrita do texto, reorganizando a frase, substituindo vocábulos, etc. O erro faz parte do processo, mas não é construtivo, a reflexão do erro e sua correção são construtivas. A análise linguística é feita sobre a reescrita do texto. O professor pode alterar o texto do aluno desde que seja para auxiliá-lo na escrita, sem alterar o sentido. Atividades de sistematização para o domínio de conteúdo: além da reescrita do texto, o professor pode utilizar jogos, músicas e outras atividades de forma sistemática para que o aluno faça o uso da oralidade escrita com muita tranquilidade. Visa que o aluno compreenda e memorize os recursos do código e domine o conteúdo. Não se recomenda o estudo das sílabas no modo tradicional, mas deve ser trabalhado o estudo das sílabas através de uma sistematização mais moderna, com utilização de textos reais e do cotidiano da criança, de acordo com o som dos fonemas, etc. A ordem sequencial dos conteúdos: não há uma sequência obrigatória e lógica, com uma progressiva complexidade como no método tradicional; mas alguns 24 conteúdos são pré-requisitos de outros conteúdos, então deve-se trabalhar essa sequência no estudo da unidade pedagógica. Três recomendações para a avaliação: Avaliação deve ser processual e contínua, sistemática, ocorrendo permanentemente e acompanhando o aluno sistematicamente; Deve ser diagnóstica, não para atribuir nota ou punir o aluno, mas para que o professor tenha elementos para o professor poder planejar suas atividades; O material para a avaliação é o material das atividades feitas em sala de aula, observando o progresso do aluno e registrando seu desenvolvimento. 16 – AS 4 PRÁTICAS DE ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA 1 - Qual o objetivo do ensino da língua portuguesa? Dominar o idioma, alfabetizar e inserir o indivíduo a sociedade, formar leitores e escritores competentes, capaz de dominar a leitura e a escrita (letramento). Processo da alfabetização não pode ser fragmentado. 2 - Para saber e ler com propriedade e com fluência, o que é necessário que se aprenda e o professor ensine? Muitas pessoas ainda têm uma visão tradicional, considerando importante o aprendizado da gramática. Mas não se deve fragmentar o ensino e “jogar” a gramática fora do contexto de estudo. Para ser capaz de escrever bem é importante conhecer os recursos da língua falada e escrita e conhecer, saber, dominar como e quando usar os recursos existentes da língua portuguesa e suas funções em situações reais de uso. Texto = unidade discursiva. Ex: Onde está a fotografia daquele lugar aonde passamos as férias? Recursos semânticos: onde e aonde. A situação determina o uso de um outro. Onde = lugar fixo ou estático; aonde = lugar onde se passa. Como saber quando usar um ou outro? De acordo com o contexto. 25 As 4 práticas de ensino da língua portuguesa: Leitura e interpretação de texto, produção de texto, análise linguística e atividades de sistematização para o domínio de conteúdo. Estuda-se a gramática através da análise linguística dos textos, atividades de sistematizaçãopara o domínio de conteúdo e fixação do que já foi aprendido. As quatro práticas constituem uma unidade pedagógica. Na prática, cada tema reúne as 4 práticas pedagógicas, constituindo uma unidade pedagógica. A sistematização não é necessária ser usada para todos os conteúdos. Trabalhar com o texto não significa tomar o texto como pretexto para um desenvolvimento de atividades fragmentadas da língua. 1. Trabalhar com o texto significa compreender os recursos linguísticos em uma situação de uso real. 2. NOVAS LINGUAGENS EM EDUCAÇÃO Uma das características fundamentais da espécie humana é a sua capacidade de criar. O homem cria, mais certamente não cria no vazio, não faz mágica. Sua inventividade é despertar por sua interação com o mundo, na construção de novos conhecimentos, na ação transformadora. O homem, dos primordiais aos dias atuais, produz tecnologia: movido por suas necessidades e desejos, inventam artefatos que modificam o mundo e a sua forma de relacionar-se com ele. Muitas tecnologias, hoje, encontram-se tão incorporadas na vida cotidiana que passam despercebidas. Algumas delas, no entanto, que costumam ser classificadas como “novas tecnologias”, quando surgem são vistas com receio, como se uma tecnologia por si só, pudesse ser boa ou ruim. Na verdade, depende do uso que se faz dela. Com o desenvolvimento da linguagem, o homem passou a compartilhar informações, atualizando-as e passando-as de geração para geração, de maneira contextualizada ou na forma de mitos. As tecnologias em geral, das mais simples as mais sofisticadas, ampliam o potencial humano seja físico ou intelectual. As tecnologias empregadas com fim educacional colaboram nesse sentido, ampliando as possibilidades de o professor 26 ensinar e do aluno aprender. Da lousa e giz aos computadores ligados à internet, muitas são a tecnologias que, utilizadas adequadamente, podem auxiliar no processo educacional. * Livros didáticos permitem garantir a todos o acesso a um conjunto mínimo de informações; * Assinaturas de jornais e revistas oferecem notícias atualizadas; * Bons laboratórios de ciências podem levar e criar recriar experiências científicas; * Recursos audiovisuais aproximam os alunos de realidades distantes; * Computadores oferecem uma infinidade de possibilidades de acesso à informação, a comunicação, à simulação etc.; * Lousas eletrônicas interativas permitem ao professor a manipulação de imagens em 3D, tornando suas aulas mais dinâmicas e envolventes; * Dispositivos móveis, cada vez menores e mais leves, possibilitam assistir a aulas em vídeo ou ler livros digitais onde quer que se esteja. A inteligência linguística relaciona-se a expressão verbal, oral ou escrita. Essa inteligência é exteriorizada na capacidade de escrever e contar histórias, fazer rimas, contar piadas, representar, interpretar fatos, criar metáforas. A teoria das multiplicas inteligência tem implicações educacionais, cabendo a escola reconhecer que: Cada sujeito é único; As inteligências manifestam-se de maneiras diferentes, níveis de desenvolvimento diferentes; Todas as inteligências são importantes para que uma pessoa seja competente e produtiva na sociedade; É fundamental considerá-las e oportunizar que se desenvolvam de maneira adequada. Diferentes pessoas possuem as diversas inteligências em diferentes graus, torna-se necessário criar situações de aprendizagem tão diversificadas quanto são as inteligências. Para se trabalhar com espaços diferenciados de aprendizagem, respeitando diferentes estilos cognitivos é preciso investir em recursos e em formação docente. Cabe ao professor conhecer e avaliar o potencial das diversas mídias ao seu alcance e oportunizar seu uso consciente por seus alunos, com o objetivo de envolvê-los e apoiá-los na construção do conhecimento. 27 A inclusão digital deve ser pensada a partir de questões educacionais, sociais e econômicas: como permitir o acesso a computadores para população de classes economicamente desfavorecidas! Como possibilitar acesso aos deficientes! Como qualificar os processos educativos! Vários projetos, com o intuito de oportunizar o acesso ás maquinas e orientação para utilizá-las. Como aprimoramento da área da comunicação, foi marcada pelo surgimento de novas tecnologias e, principalmente, a troca rápida de informações entre as mais diversas sociedades, os moldes da educação tiveram que ser revistos. Nesse cenário, pensar em educação é ligar a educação tradicional como o quadro negro, livros didáticos, e professores, aos novos meios eletrônicos como computador, internet e o novo profissional que não se restringe somente na sala de aula. Portanto, a importância da reforma de sistema educativo é apontada pelas organizações internacional como uma prioridade na preparação dos cidadãos para essa nova sociedade. Há vários exemplos de situações em que a multimídia pode trazer ganhos pedagógicos: como conhecer, pesquisar sobre animais extintos, estudar cidades e velas em vias satélites, ente outros. A multimídia atrai pela reunião das diversas mídias (texto, som, imagem, movimento etc.) que nos sensibilizam por múltiplos sentidos. A multimídia interativa possibilita uma navegação que atenda forma como pensamos, buscamos informações e a relacionamos, de acordo com o nosso ritmo e interesses. O professor deve se colocar-se em uma posição de orientar em relação as pesquisas na internet, de mediador, que ajuda a identificar matérias atuais e de boa qualidade. O professor pode sugerir sites específicos e portais de boa qualidade, mas é preciso ir além, incentivando os alunos a buscarem novas informações, confrontarem-nas e empregá-las nos projetos em desenvolvimento. Como a internet é uma fonte de informação aberta e dinâmica, é preciso desenvolver nos alunos o senso crítico, por meio da comparação entre as diversas fontes e o debate de ideias. É preciso repensar a avaliação, pois não a mais sentido nos trabalhos copiados, pois basta capturar texto da internet, ajustar a formatação e imprimi-los. Nesse processo avaliativo, é preciso observar o que de fato o aluno aprendeu, como 28 ele aplica as informações em outros contextos, o ficou de significativo daquilo que buscou. A quem diga que a informática está criando uma nova linguagem, como muitas abreviações e gírias, para a comunicação na rede, colocando a questão como ponto negativo. Outros, porém, defendem que o jovem, após o horário da escola, nunca escreveu tanto e que é capaz de diferenciar, tranquilamente as formas adequadas de escrever em cada ambiente. Referências: KAMPFF, Adriana Justin Cerveira. Novas linguagens em educação. Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2009 3. ARTE E FORMAÇÃO DE PROFESSORES 1. INTRODUÇÃO Ao atuar na educação infantil, percebe-se que o ensino da arte e a atuação dos educadores com os trabalhos artísticos desenvolvidos com as crianças, em geral, é um dos grandes dilemas da pedagogia moderna. Muitos educadores ministram aula de artes na educação infantil, mas não sabem o objetivo, a dimensão e a importância desse trabalho para o desenvolvimento completo da criança, pois, a falta de uma formação acadêmica completa, suas limitações e a resistência os impedem de se aprofundarem no assunto, fazendo com que a execução dessa disciplina não esteja a contento de tal missão. Muitas vezes, os conteúdos que são oferecidos aos alunos estão isentos de sentido, fora da realidade, não se sabe onde aplicá-lo e, portanto, torna-se algo desinteressante. Além disso, o professor procura ensinarmais a técnica, a despeito da interpretação daquilo que o autor quis realmente dizer, ou seja, o real sentido da obra, como afirma Almeida (1992) em seu livro “Concepções e Práticas Artísticas na Escola”. Segundo o autor citado, saber ensinar arte é conhecer, por meio da experiência, concretamente vivida, quais os desafios, as facilidades, as possibilidades técnicas encontradas durante o desenvolvimento de criação artística, para que se possa coordenar, instigar e desafiar com maior eficiência esse processo. Assim, com a elaboração dessa pesquisa, buscou-se mostrar a importância e a necessidade da arte na educação 29 infantil com o objetivo de levar os educadores a refletirem sobre as concepções e metodologias a respeito da mesma, explorarem-na como papel indispensável na formação da educação das crianças e compreenderem que a arte é decisiva para prepará-las para as fases seguintes da educação. Lanier (1984) defende a ideia de que as artes devam estar presentes no currículo escolar pelos benefícios que apenas elas oferecem à educação e não por suas contribuições nesses campos de desenvolvimento. Na educação infantil, a criança se encontra em fase de pensamento Linguagem Acadêmica, concreto e explora a utilização dos sentidos para desenvolver e enriquecer suas experiências. Nesta fase, as atividades artísticas contribuirão com ricas oportunidades para seu desenvolvimento, uma vez que põem ao seu alcance os mais diversos tipos de materiais para manipulação. O lúdico, o teatro, a dança, a pintura, o desenho, a criatividade, o conto de fadas, fazem parte desse momento em que elas se expressam, comunicam e transformam a vida na relação com a arte, ou seja, “somos potencialmente criadores, possuímos linguagens, fazemos cultura” (PIRES, 2009, p. 47). O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998) ressalta que as artes visuais devem ser concebidas como uma linguagem que tem estrutura e características próprias, cuja aprendizagem, no âmbito prático e reflexivo, se dá por meio da articulação dos seguintes aspectos: fazer artístico, apreciação e reflexão. O trabalho contextualizado com obras de arte dá conta de todas essas exigências. Em vista disso, o presente trabalho tem por objetivo apontar a necessidade de investimento na formação continuada do professor de educação infantil para que este construa o conhecimento na área e possa diversificar suas aulas e refletir sobre as contribuições que a atividade artística oferece para sua formação e prática pedagógica, levando-o a ter um olhar diferenciado sobre as produções artísticas das crianças e a repensar sobre suas metodologias e objetivos a respeito desse ensino; dessa forma, mostrar a necessidade de conhecer o verdadeiro significado da arte e como ela influencia o trabalho pedagógico, no curso infantil, e no desenvolvimento das crianças de 0 a 5 anos. É importante salientar que, atualmente, a educação infantil no Brasil é parte integrante da educação básica e divide-se em creches para crianças de 0 a 3 anos e pré-escolas para crianças entre 3 e 5 anos. Mediante pesquisa bibliográfica, pretende-se conhecer o tema a partir da conceituação da arte, para que se perceba a atuação da mesma no âmbito da educação, no desenvolvimento infantil e na formação e prática pedagógica do educador. Para uma melhor compreensão do 30 ensino de artes na educação infantil serão descritas sucintamente a trajetória da arte, perpassando pela educação. 134 Linguagem Acadêmica, Batatais, v. 2, n. 2, p. 131-147, jul./dez. 2012 2. HISTORIA DO ENSINO DA ARTE NO BRASIL Na trajetória da história da humanidade, os homens utilizam-se do desenho, da pintura e da escultura para se expressar e conhecer o mundo que os cerca. Assim como o homem em sua história, também as crianças se expressam e buscam conhecer o mundo através da arte. O Ensino de arte no Brasil evoluiu consideravelmente de acordo com momentos históricos e correntes pedagógicas vigentes. Em 1816, Dom João VI trouxe para o Brasil uma importante referência para o ensino da arte, a Missão Artística Francesa. Foi criada, então, a Academia de Belas Artes, que, após a proclamação da República, passou a ser chamada de Escola Nacional de Belas-Artes, na qual era ensinado o desenho, com a valorização da cópia fiel e a utilização de modelos europeus, por meio de figuras e imagens reproduzidas (mimeografadas ou fotocopiadas) como material didático. A academia importou a estética neoclássica dos franceses e uma metodologia de ensino baseada nas concepções de arte definidas por esse estilo, que foi assumida pela elite como o que tinha de mais moderno. Esse estilo chocou-se com o barroco, já existente no Brasil. A arte então se tornou um “luxo” e seu alcance foi apenas aos mais privilegiados: A partir dessa época, temos uma história do ensino da arte com ênfase no desenho, pautada por uma concepção de ensino autoritária, centrada na valorização do produto e na figura do professor como dono absoluto da verdade. Sua mesa ficava sobre uma plataforma mais alta, para marcar bem a “diferença”. Ensinava-se a copiar modelos - a classe toda apresentava o mesmo desenho e o objetivo do professor era que seus alunos tivessem boa coordenação motora, precisão, aprendessem técnicas, adquirissem hábitos de limpeza e ordem nos trabalhos... (MARTINS, PICOSQUE, GUERRA, 1998, p. 11). Segundo esses autores, entre as décadas de 50 e 60, começou-se a notar nas escolas a influência de um movimento denominado Escola Nova, já Linguagem Acadêmica, presente na Europa e EUA desde o final do século XIX, e dos ainda recentes estudos sobre criatividade. A influência da pedagogia centrada no aluno, nas aulas de arte, direcionou o ensino para a livre expressão e a valorização do processo de trabalho. 31 O papel do professor era dar oportunidades para que o aluno se expressasse de forma espontânea, pessoal, o que vinha a ser valorização da criatividade como máxima no ensino da arte. Esses princípios, na prática escolar, muitas vezes refletiam uma concepção espontaneísta, centrada na valorização extrema do processo sem preocupação com os seus resultados. Como todo processo artístico deveria “brotar” do aluno, o conteúdo dessas aulas era quase exclusivamente em “deixar-fazer”, o que muito pouco acrescentava ao aluno em termos de aprendizagem de arte. Em 1971, com a Lei nº 5.692, foi criado o componente curricular ‘Educação Artística’. A Lei, determinando que nessa disciplina fossem abordados conteúdos de música, teatro, dança e artes plásticas nos cursos de 1º e 2º graus, acabou criando a figura de um professor único que deveria dominar todas essas linguagens de forma competente. Conforme descreve Martins (1998, p.12), o ensino da Arte se tornou restrito e sem significado, tanto para o aluno como para o professor. Em determinados contextos, essa prática social ainda se encontra aprisionada na cópia de modelos ou no fazer espontâneo que não privilegia a reflexão, a fruição e a produção: [...] uma série de desvios vêm comprometendo o ensino da Arte. Ainda é comum as aulas de Arte serem confundidas com lazer, terapia, descanso das aulas “sérias”, o momento para fazer a decoração da escola, as festas, comemorar determinada data cívica, preencher desenhos mimeografados, fazer o presente do Dia dos pais, pintar coelho da páscoa e a árvore de Natal. Memorizam-se algumas “musiquinhas” para entender conteúdos de história e “desenhinhos para aprender a contar”. A partir dos anos 80, constitui-se o movimento de organização de professores de arte, chamado arte-educação, que permitiu a ampliação de discussões sobre o compromisso,a valorização e o aprimoramento do professor, e que se propagassem no Brasil essas mudanças de concepções de atuação com arte, transmitidas por meio de encontros e eventos, promovidos por universidades, associações de arte-educadores, entidades públicas e privadas. De acordo com Deheinzelin (1995, p. 121), “os artistas celebram o invisível, percebendo e doando ao mundo o que sabem sobre as coisas, e não o que veem na realidade”. Segundo os Parâmetros Curriculares (BRASIL, 1998), com a promulgação da Constituição, iniciam-se as discussões sobre a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, sancionada apenas em 20 de dezembro de 1996. Convictos da importância de acesso escolar dos alunos de ensino básico também à área de arte houve manifestações e protestos de inúmeros 32 educadores contrários a uma das versões da referida lei que retirava a obrigatoriedade da área. Com a Lei nº 9.394/96 (BRASIL, 1996), revogam-se as disposições anteriores e o ensino de Artes é considerado obrigatório na educação básica: “o ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos” (artigo 23, parágrafo 2º). Também consta no ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990), em seu art. 58: “No processo educacional respeitar-se- ão os valores culturais, artísticos e históricos do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade de criação e o acesso às fontes de cultura”. Desse modo, a criança e o jovem têm direito a um desenvolvimento sadio e completo, devendo o Estado, a família e a sociedade proporcionar-lhes condições de aprimorar-se e crescer com liberdade de criação e acesso à cultura. Percebe-se que a Legislação Educacional, no que se refere à arte, já contribui para a sua valorização ao incluí-la como obrigatória no currículo escolar, nas diversas séries da Educação Básica, promovendo assim, o desenvolvimento cultural dos alunos. Quanto à sua valorização no cotidiano, caberá aos gestores e professores, durante a sua prática pedagógica, proporcionarem atividades contextualizadas, que contribuam para o avanço do aproveitamento desta disciplina, no âmbito escolar. Com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte, neste caso, em 1998, teve-se a oportunidade de, na qualidade de professores, rever-se a própria prática, além de o mesmo contribuir para a formação continuada dos docentes; fato este que passaria a influenciar, ainda que minimamente, na produção de materiais e da seleção de recursos tecnológicos nas aulas. Em vista disso, este estudo aponta ainda para um maior investimento na formação do professor, nos materiais disponíveis e nas salas ambientes. Faz-se necessário que o professor busque os conhecimentos artísticos necessários para sua área de atuação e isso pode ser feito por intermédio de cursos de capacitação, chamados de formação continuada, desenvolvida mediante atividades de estudo e pesquisa planejadas e realizadas como parte do desenvolvimento profissional, propondo temas que abordem a arte como uma área do conhecimento, com uma linguagem própria e suas especificidades, contribuindo para a transformação do comportamento dos educadores criando estratégias para a evolução de suas competências e ampliação de seu campo de trabalho, possibilitando a reflexão, a aliança de teoria e prática e a continuidade. Assim, a formação continuada deve ser concebida como um processo contínuo que possibilita 33 o profissional a ter a clareza de como trabalhar com os diversos materiais adequados a cada faixa etária. No texto “Compre o kit neoliberal para educação infantil e ganhe grátis os dez passos para se tornar um professor reflexivo”, a autora Alessandra Arce traz relevantes ponderações sobre a atual formação de professores com características neoliberais e pós-modernas. Trata-se de uma formação aligeirada que não abrange aprofundamento teórico, abstrações complexas e grandes reflexões, Dentro desse contexto, o professor não necessita ser um intelectual com uma base teórica e prática fortemente fundamentada em princípios filosóficos, históricos, metodológicos; [...] (ARCE, 2001, p. 262). A educação seria encarada como a chave mágica para o fim da pobreza, dar instrução para o indivíduo buscar o sucesso e se não for capaz, fracassar, a culpa é inteiramente do indivíduo. Pretende-se a formação do homem competitivo, flexível e que se adapta as exigências do mercado, através da transmissão de informações, de um saber imediato e utilitário. É necessária uma formação docente para além da alfabetização, do cálculo e de técnicas para o trabalho, formação para a arte, para a promoção de experiências estéticas significativas. Talvez a formação para arte seja repelida por ser vista como improdutiva, não gera produtos para o mercado. A arte na escola é utilizada como uma ferramenta para auxiliar no desenvolvimento de habilidades para a alfabetização, por exemplo, ou para a descarga de energias. Não existe arte pela arte. A seguir, serão abordadas algumas formas de como a arte pode contribuir para a formação e prática dos educadores de educação infantil. 3 - CONTRIBUIÇÕES DO ENSINO DA ARTE PARA A FORMAÇÃO CONTINUADA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO INFANTIL O ensino da arte em geral é um dos grandes dilemas da pedagogia moderna e do professor em sala de aula, pois, geralmente, a formação acadêmica do docente e as suas limitações podem fazer com que a execução dessa disciplina não esteja a contento de tal missão. Muitas vezes, os conteúdos que são oferecidos aos alunos estão isentos de sentido, fora da realidade, não se sabe onde aplicá-lo e, portanto, torna-se algo desinteressante. Além disso, o professor procura mais ensinar a técnica a respeito da interpretação daquilo que o autor quis realmente dizer, ou seja, o real sentido da obra. Neste sentido, Almeida (1992, p. 48), em seu livro ”Concepções e Práticas Artísticas na Escola”, afirma: A maioria dos professores 34 acredita que desenhar, pintar, modelar, cantar, dançar, tocar e representar é bom para o aluno, mas poucos são capazes de apresentar argumentos convincentes para responder “Por que essas atividades são importantes e devem ser incluídas no currículo escolar?”. O que se espera de um professor, quando está trabalhando com linguagem visual, é que esteja profundamente envolvido com a linguagem que ensina, que entenda a aquisição da mesma como um processo criativo e não como adestramento técnico, atue na sala de aula, desenvolvendo atividades significativas, as quais se relacionem com a realidade dos alunos, esteja sempre atualizado, possua noções essenciais a respeito do assunto (o que é arte, como é constituída, qual sua origem, suas funções, sua história...), ou seja, como um educador integrado. Sendo assim, o professor de arte tem a importante tarefa de promover o sucesso no processo transformador de levar os alunos a melhorarem sua sensibilidade e saberes prático e teórico em arte. O papel do educador é também o de intermediar os conhecimentos existentes e oferecer condições para novos estudos, e isso acontece na forma como interage com os alunos, na seleção dos materiais para serem trabalhados, na sala de aula, e no modo como manipula esses materiais, na organização e distribuição do tempo, espaço e na forma e critérios de avaliação. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte (BRASIL, 1998), o professor não pode se ver apenas como transmissor de conhecimento, porque a mídia e a Internet são cada vez mais eficientes nessa tarefa, porém, nãofuncionam como transmissores de valores. Estes são, hoje em dia, um dos papéis exigidos do educador, que ele seja um líder, um criador de acontecimentos, dentro e fora da sala de aula, ou seja, um formador de opinião. Saber ensinar arte é conhecer, por meio da experiência, concretamente vivida, quais os desafios, as facilidades, as possibilidades técnicas encontradas durante o desenvolvimento de criação artística, para que se possa coordenar, instigar e desafiar com maior eficiência esse processo. Lanier (1984, p. 54) defende a ideia de que as artes devam estar presentes no currículo escolar pelos benefícios que apenas elas oferecem à educação e não por suas contribuições nesses campos de desenvolvimento. Aponta o autor: Consequentemente estou sugerindo que avaliemos, o mais objetivamente possível, tudo aquilo que fazemos na sala de aula, e que reorientemos nossa conduta numa direção que trate mais especificamente da aprendizagem em arte do que do desenvolvimento pessoal de qualidades não necessariamente relacionados com a arte. Em resumo, estou propondo que, de fato, devolvamos arte a arte- 35 educação. Fernando Pessoa (1982, p. 218) acrescenta que a função da arte é aperfeiçoar a subjetividade da vida. Podemos concluir, então, que, excluindo a arte do currículo, estamos, consequentemente, privando os alunos do aperfeiçoamento de sua própria subjetividade. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Arte (BRASIL, 1998, p. 29): É característica desse novo marco curricular a reivindicação de se designar a área por arte (e não mais por Educação Artística) e de incluí-la na estrutura curricular como área com conteúdos próprios ligados à cultura artística, e não apenas como atividade. A área da arte configura como o lugar da fala dos alunos, em que o professor presente e atento vai fornecendo os desafios e os recursos para que esta fala se articule e desenvolva-se com profundidade e coerência. Segundo Vygotsky (2003, p. 238): A estrutura comum da educação social está orientada para ampliar ao máximo os limites da experiência pessoal restrita, para organizar o contato da psique da criança com as esferas mais amplas possíveis da experiência social já acumulada, para inserir a criança na rede da vida com a maior amplitude possível. Esses objetivos gerais também determinam os caminhos da educação estética. A humanidade mantém, através da arte, uma experiência tão enorme e excepcional que, comparada com ela, toda experiência de criação doméstica e conquistas pessoais parece pobre e miserável. Por isso, quando se fala de educação estética dentro do sistema de formação geral, sempre se deve levar em conta, sobretudo, essa incorporação da criança à experiência estética da humanidade. A tarefa e o objetivo fundamentais são aproximar a criança da arte e, através dela, incorporar a psique da criança ao trabalho mundial que a humanidade realizou no decorrer de milênios, sublimando seu psiquismo na arte. Na educação infantil, o educador enfatiza a educação do olhar, criando símbolos que expressem o que sentimos e pensamos, para isso é necessário planejar, orientar e avaliar as atividades, ou seja, é fundamental o professor ser um observador atento e sensível, ter atitude e disposição e que esteja aberto a ter um envolvimento emocional com o projeto de aulas, ou seja, é preciso fazer cursos de capacitação, dedicar mais horas de treinamento, aperfeiçoar-se sempre. Iavelberg (2003, p. 12) afirma que: É necessário que o professor seja um “estudante” fascinado por arte, pois só assim terá entusiasmo para ensinar e transmitir a seus alunos a vontade de aprender. Nesse sentido, um professor mobilizado para a aprendizagem contínua, em sua vida pessoal e profissional, saberá ensinar essa postura a seus estudantes. A arte faz parte da herança cultural das sociedades, porém é um grupo muito pequeno e 36 seletivo de pessoas que têm acesso a museus, exposições, teatros ou qualquer meio que o aproxime deste universo cultural, por não existir um incentivo desde cedo e com isso não desenvolverem a capacidade de serem apreciadores e desfrutarem do que as manifestações artísticas têm a proporcionar. Então, a escola, e somente ela, em muitos casos, pode oferecer esse acesso. Com um trabalho significativo com obras de artistas, novas possibilidades de leitura visual acompanharão as crianças em suas criações e acontecerá automaticamente o incentivo a visitas em exposições e museus, onde as crianças têm a oportunidade de refinar o gosto, a capacidade de leitura de imagem mais criteriosa, construir representações diversas, aguçar os olhares sobre tudo o que o mundo lhe apresenta, e entrar em um universo de imaginação, sensibilidade, reflexão e criatividade. “[...] é na escola que oferecemos a oportunidade para que crianças e jovens possam efetivamente vivenciar e entender o processo artístico e sua história [...]” (FERRAZ, 1999, p. 19). O mundo das artes oportuniza aos alunos, conhecer, explorar, brincar e desenvolver a cultura infantil no âmbito de uma visão transformadora da educação, também, o contato com a arte de diversos períodos históricos e de outros lugares e regiões favorece um vínculo com a realidade e assim propicia uma cultura de tolerância, de valorização e de respeito mútuo. A arte pode contribuir para o desenvolvimento afetivo-emocional, para medir a compreensão da criança de seu mundo e para favorecer o elo entre a realidade e a fantasia. A escola deve compreender as aulas de artes visuais como um espaço de jogo, de experimentação lúdica, em que a criança, por meio da livre manipulação da linguagem vai construindo um discurso pessoal. Segundo Albano (1999, p. 48): As artes visuais operam, através das linhas, cores, formas e texturas, que constituem o seu alfabeto, um dos primeiros que a criança utiliza para se expressar. Podemos mesmo dizer que é sua primeira escrita, porque toda criança desenha. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (BRASIL, 1998) ressalta que as artes visuais devem ser concebidas como uma linguagem que tem estrutura e características próprias, cuja aprendizagem, no âmbito prático e reflexivo, se dá por meio da articulação dos seguintes aspectos: fazer artístico, apreciação e reflexão. O trabalho contextualizado com obras de arte dá conta de todas essas exigências. Realizando atividades artísticas, a criança desenvolve autoestima, sentimento de empatia, capacidade de simbolizar, analisar, avaliar, e fazer julgamentos e um pensamento mais flexível, além de desenvolver o senso estético e as habilidades 37 específicas da área artística, também a capacidade de expressar melhor suas ideias e sentimentos. Ferreira (2001, p. 67.) diz: [...] a maior de todas as contribuições das artes na educação infantil e básica para a formação dos alunos seja que, fazendo ou apreciando artes, os alunos passam por uma experiência estética e aprendem que, com ela, o mundo pode se tornar mais agradável e mais completo. Ao analisar desenhos de crianças, pode-se observar muito a respeito do seu modo de pensar e no que concernem as habilidades que possuem. Na Educação Infantil, a criança se encontra em fase de pensamento concreto e explora a utilização dos sentidos para desenvolver e enriquecer suas experiências. Nesta fase, as atividades artísticas contribuirão com ricas oportunidades para seu desenvolvimento, uma vez que põem ao seu alcance os mais diversos tipos de materiais para manipulação. Quando as habilidades das crianças são estimuladas, ajudam no processo ensino-aprendizado, pois desenvolvem a imaginação e a percepção; recursos indispensáveis para a compreensão
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