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Estratégia C O N C U R S O S w Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 AULA 16: Intervenção do Estado na propriedade Sumário INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE................................................................................................2 Noções introdutórias. ........................................................................................................................................ 2 Fundamentos e quadro normativo Constitucional. ..............................................................................................2 Modalidades de intervenção. ...............................................................................................................................4 Desapropriação. ...................................................................................................................................................4 Servidão administrativa. ........................................................................................................................................ 21 Requisição. ............................................................................................................................................................ 23 Ocupação provisória. ............................................................................................................................................. 24 Limitação administrativa. ........................................................................................................................................25 Tombamento. ......................................................................................................................................................... 27 Direito de construir e seu exercício. .........................................................................................................................31 Loteamento e zoneamento. .................................................................................................................................... 32 Reversibilidade dos bens afetos ao serviço. ..............................................................................................................33 QUESTÕES COMENTADAS. ............................................................................................................................43 GABARITO.....................................................................................................................................................47 REFERÊNCIAS. ...............................................................................................................................................47 Olá pessoal, tudo bem? Na aula de hoje, conversaremos sobre o seguinte item: "6 In tervenção no dom ín io econôm ico: desapropriação. 10.4 L im itações adm in istrativas. 10.5 Zoneam ento. 10.6 Po líc ia ed ilíc ia. 10.7 Tombamento. 10.8 Serv idões adm in istrativas. 10.9 Requ is ição da p rop riedade privada. 10.10 Ocupação tem porária". Conforme mencionamos na aula anterior, deixaremos a resolução de questões do Cespe para uma aula complementar. Bons estudos e aproveitem! Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 1 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Estratégia r n N r i i R ç n çC O N C U R S O S Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 INTERVENÇÃO DO ESTADO NA PROPRIEDADE Noções introdutórias Há muitos anos se discute o papel do Estado na sociedade e até que ponto é válida a sua atuação. Com a ascensão das correntes liberais, passou-se a respeitar a propriedade privada, preservando-se os direitos individuais do cidadão. Todavia, as correntes liberais e o capitalismo geraram efeitos perversos na sociedade, com acentuada desigualdade social e concentração de renda. Surge, então, o Estado do Bem Estar Social, que passou a dar especial atenção ao bem estar da coletividade, fornecendo os mínimos direitos sociais do cidadão. Assim, a intervenção do Estado na propriedade privada passou a ser uma forma legítima de condicionar ou limitar direitos em benefício da sociedade. Na Constituição Federal de 1988, o patrimônio privado continuou sendo preservado, no entanto com um sentido social. Assim, surge o princípio da função social da propriedade, surgindo restrições no uso da propriedade. Com isso, tornam-se legítimas determinações de não fazer ou, até mesmo, de fazer, conforme bem determina o art. 182, §2°, que exige o adequado aproveitamento do solo urbano. Entretanto, o Estado deve impor restrições sobre o particular apenas quando o interesse da coletividade se imponha ao do particular, observando sempre os direitos individuais e, principalmente, balizando-se pelos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. Dessa forma, vamos estudar, nesta aula, as formas e procedimentos pelos quais o Estado intervém na propriedade privada, limitando ou condicionando o seu uso em prol do interesse público e da coletividade. Fundamentos e quadro normativo Constitucional Os fundamentos da intervenção do Estado na propriedade particular são: (a) a função social da propriedade: (b) a supremacia do interesse público sobre o privado. A função social da propriedade decorre do abandono da concepção individualista da propriedade, uma vez que, atualmente, predomina a visão Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 2 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Estratégia r n N r i i R ç n çC O N C U R S O S Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 de que o instituto configura-se uma forma de alcançar o bem-estar social1. Assim, mesmo sendo um conceito aberto, pode-se observar o seu significado em linhas gerais na Constituição. Nesse sentido, o texto constitucional diferenciou a função social da propriedade urbana e rural. Aquela deve atender às exigências fundamentais de ordenação da cidade previstas no plano diretor (CF, art. 182, §2°). A função social da propriedade rural, por sua vez, depende, simultaneamente, do atendimento das seguintes exigências (CF, art. 186): (a) aproveitamento racional e adequado; (b) utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; (c) observância das disposições que regulam as relações de trabalho; (d) exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. O segundo fundamento é a supremacia do interesse público sobre o privado. Assim, quando houver conflito entre o interesse público e o particular, aquele deve prevalecer. Na Constituição Federal de 1988, a intervenção do Estado na propriedade encontra suporte em alguns dispositivos. O art. 5°, XXII, garante o direito de propriedade, enquanto o inc. XXIII do mesmo artigo determina que a propriedade atenderá a sua função social. Dessa forma, se a propriedade não atender à função social, o Estado poderá nela intervir. Conforme vimos acima, a função social da propriedade urbana depende do atendimento das exigências de ordenação previstas no plano diretor. Não sendo atendida a função social, a Constituição permite que os municípios, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exijam do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, observando-se regras a serem estabelecidas em lei federal. Caso ainda assim o particular não promova a utilização do solo, o municípiopoderá impor o parcelamento ou edificação compulsória do solo; instituir o imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana - IPTU - progressivo no tempo; ou, até mesmo, promover a desapropriação (CF, art. 182, §4° e incisos). Outro dispositivo importante é o art. 5°, XXV, da CF, que permite que a autoridade competente utilize a propriedade particular em caso de iminente perigo público. Trata-se, pois, da denominada requisição administrativa, que será estudada adiante. 1 Dromi, 1995, apud Carvalho Filho, 2014, p. 794. Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 3 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Estratégia C O N C U R S O S w Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 Além desses dispositivos, podemos observar vários outros que fundamentam a intervenção do Estado na propriedade privada, incluindo os casos de desapropriação, que é o meio mais gravoso de intervenção. No entanto, deixaremos para abordar essas normas ao longo de nossa aula. Modalidades de intervenção A doutrina menciona duas modalidades de intervenção: a) intervenção restritiva: é aquela em que o Estado impõe restrições e condicionamentos ao uso da propriedade, sem, contudo, retirá-la de seu dono2. Dessa forma, o proprietário não poderá utilizar livremente a sua propriedade, pois deverá observar as imposições do Poder Público, porém preserva-se a propriedade sobre a sua esfera jurídica; b) intervenção supressiva: é aquela em que o Estado, utilizando-se de sua supremacia, transfere coercitivamente para si a propriedade do terceiro, em decorrência de algum interesse público previsto em lei. Nesse caso, ocorre a supressão da propriedade do antigo dono. Em resumo, na intervenção restritiva a propriedade continua com o dono original, porém são impostos condicionamentos ou restrições. Já a intervenção supressiva é muito mais gravosa, pois retira a propriedade do terceiro, transferindo-a para o Poder Público. São hipóteses de intervenção restritiva: a servidão administrativa, a requisição, a ocupação temporária, as limitações administrativas e o tombamento. Por outro lado, a única forma de intervenção supressiva é a desapropriação. Vamos estudar cada uma dessas hipóteses a seguir. Desapropriação Para a Prof. Maria Sylvia Zanella Di Pietro estabelece que a desapropriação "é o procedimento administrativo pelo qual o Poder Público ou seus delegados, mediante prévia declaração de necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, impõe ao proprietário a perda de um bem, substituindo-o em seu patrimônio por justa indenização". 2 Carvalho Filho, 2014, p. 796. Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 4 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Estratégiar n N r i i R ç n çC O N C U R S O S Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 De forma mais aprofundada, Hely Lopes Meirelles define a desapropriação ou exorooriacão como "a transferência compulsória da propriedade particular (ou pública de entidade de grau inferior para a superior) para o Poder Público ou seus delegados, por utilidade ou necessidade pública ou, ainda, por interesse social, mediante prévia e justa indenização em dinheiro (CF, art. 5°, XXIV), salvo as exceções constitucionais de pagamento em títulos da dívida pública de emissão previamente aprovado pelo Senado Federal, no caso de área urbana não edificada, subtilizada ou não utilizada (CF, art. 182, §4°, III), e de pagamento em títulos da dívida agrária, no caso de Reforma Agrária, por interesse social (CF, art. 184)". Nesse contexto, a desapropriação é a mais severa das formas de intervenção na propriedade privada, uma vez que representa a retirada da propriedade do particular. Com efeito, as demais formas de intervenção são apenas restritivas, pois impõem apenas restrições ou condicionamentos no uso da propriedade. Por outro lado, a desapropriação é uma forma de intervenção supressiva, justamente por suprimir o direito de propriedade do terceiro. ingresso independe de qualquer negócio jurídico anterior. Assim, o bem expropriado torna-se insuscetível de reinvindicação posterior e libera-se de qualquer ônus que sobre ele incidissem precedentemente, ficando sub- rogados no preço quaisquer ônus ou direitos que recaiam sobre o bem expropriado (Decreto-Lei 3.365/1941, art. 31). Nessa linha, como se trata de forma de aquisição originário de propriedade, mesmo que a indenização seja paga a pessoa que não é o verdadeiro proprietário do bem, isso não permitirá o reingresso ao patrimônio do verdadeiro dono. Conforme consta no art. 35 do Decreto- Lei 3.365/1941, uma vez incorporados à Fazenda Pública, os bens expropriados não podem ser objeto de reivindicação, ainda que fundada em nulidade do processo de desapropriação. Com isso, qualquer ação, julgada procedente, resolver-se-á em perdas e danos, mas não reverterá a desapropriação. Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 5 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM atento! A desapropriação é forma originária de aquisição de propriedade. Isso quer dizer que o bem ingressará no acervo proprietário do Estado livre de qualquer ônus de natureza real, uma vez que seu Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Estratégiar n N r i i R ç n çC O N C U R S O S Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 Fundamentos da desapropriação O direito de propriedade é garantido pela Constituição Federal (art. 5°, caput e inc. XXII), mas deverá atender à sua função social (art. 5°, XXIII). Além disso, a propriedade privada é um dos princípios da ordem econômica, nos termos do art. 170, III. Assim, podemos perceber que o direito de propriedade é assegurado pela Constituição Federal, mas não é absoluto, pois há imposição de a propriedade cumprir a sua função social. Nessa linha, o art. 5°, XXIV, estabelece que a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição. Assim, são três tipos de desapropriação: (a) necessidade pública; (b) utilidade pública; e (c) interesse social. Além desses três tipos, existe ainda a desapropriação das propriedades rurais e urbanas onde forem localizadas culturas ileaais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo, prevista no art. 243 da Constituição Federal (com redação dada pela Emenda Constitucional 813, de 5 de junho de 2014). Essas propriedades serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Porém, parte da doutrina não aborda este tipo como uma das espécies de desapropriação, tendo em vista que ela possui fundamento próprio no texto constitucional. De qualquer forma, vamos abordá-la em tópico específico desta aula. Desapropriação por necessidade ou utilidade pública A utilidade pública ocorre quando a desapropriação é conveniente para o Estado, mas não é imprescindível. São exemplos a desapropriação de um imóvel para construção de um posto de saúde ou de uma escola. 3 Importante observar a nova redação do art. 243 da Constituição Federal, com redação dada pela recente Emenda Constitucional 81/2014, uma vez que as bancas de concurso sempre gostam de abordar novidades. O novo texto incluiua desapropriação em decorrência de exploração de trabalho escravo, sendo que o antigo texto só apresentava a desapropriação das terras em que sejam localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas. Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 6 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Estratégia C O N C U R S O S w Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 Por outro lado, a desapropriação por necessidade pública decorre de situações de emergência, em que é imprescindível a imediata intervenção do Estado, promovendo a transferência urgente dos bens de terceiros para o Poder Público. São exemplos de desapropriação por necessidade pública as situações de segurança nacional, de defesa do Estado ou de socorro público em caso de emergência ou calamidade pública. O texto constitucional e a doutrina apresentam a utilidade e a necessidade pública como formas distintas de desapropriação, conforme consta no art. 5o, XXIV: "a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública Nessa linha, a doutrina apresenta a diferenciação conforme discutimos acima, ou seja, a necessidade pública decorre de situação de emergência, ao passo que a utilidade pública ocorre por conveniência. Todavia, o Decreto-Lei 3.365/1941 não faz distinção entre os dois termos, referindo-se tão somente à desapropriação por "utilidade pública". Vale dizer, o Decreto-Lei utiliza a utilidade pública como forma genérica, englobando casos de emergência e de conveniência. Nessa linha, o art. 5° do Decreto-Lei 3.365/1941 apresenta as seguintes hipóteses de desapropriação por "utilidade pública": a) a segurança nacional; b) a defesa do Estado; c) o socorro público em caso de calamidade; d) a salubridade pública; e) a criação e melhoramento de centros de população, seu abastecimento regular de meios de subsistência; f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas minerais, das águas e da energia hidráulica; g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, casas de saúde, clínicas, estações de clima e fontes medicinais; h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos; i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a construção ou ampliação de distritos industriais; j ) o funcionamento dos meios de transporte coletivo; k) a preservação e conservação dos monumentos históricos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e, ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente dotados pela natureza; l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, documentos e outros bens moveis de valor histórico ou artístico; m) a construção de edifícios públicos, monumentos comemorativos e cemitérios; n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pouso para aeronaves; o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natureza científica, artística ou literária; p) os demais casos previstos por leis especiais. Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 7 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Estratégia C O N C U R S O S w Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 Como se vê, utilizando a norma legal como referência, os casos de segurança nacional, defesa do Estado, socorro público em caso de calamidade, salubridade pública, etc, são abordados como hipóteses de "utilidade pública". Por outro lado, os mesmos casos, tomando a base doutrinária, são considerados de necessidade pública. De qualquer forma, o tratamento legal para as duas espécies é o mesmo e, por isso, podem ser considerados como uma única forma de desapropriação. Desapropriação por interesse social A desapropriação por interesse social consiste nas situações em que se destaca a função social da propriedade. Essa forma de desapropriação está disciplinada, entre outros normativos, na Lei 4.132/1962, que estabelece que a desapropriação por interesse social será decretada para promover a justa distribuição da propriedade ou condicionar o seu uso ao bem estar social (art. 1°). Nesse contexto, a desapropriação por interesse social comporta três espécies, como a desapropriação por interesse social "genérica"; a desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária; e a desapropriação por interesse social urbanística. A desapropriação "genérica" é assim chamada por não possuir uma disciplina própria, ao contrário do que ocorre na desapropriação para fins de reforma agrária e para fins urbanísticos. Isso não significa, porém, que ela não possui finalidade específica, pois toda desapropriação deverá ter uma finalidade pública específica. Assim, a Lei 4.132/1962 dispõe que são situações de interesse social, dentre outros: o aproveitamento de todo bem improdutivo ou explorado sem correspondência com as necessidades de habitação, trabalho e consumo dos centros de população a que deve ou possa suprir por seu destino econômico; a instalação ou a intensificação das culturas nas áreas em cuja exploração não se obedeça a plano de zoneamento agrícola; o estabelecimento e a manutenção de colônias ou cooperativas de povoamento e trabalho agrícola; a construção de casa populares; a proteção do solo e a preservação de cursos e mananciais de água e de reservas florestais; a utilização de áreas, locais ou bens que, por suas características, sejam apropriados ao desenvolvimento de atividades turísticas; etc. Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 8 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Estratégia C O N C U R S O S w Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 Importante destacar, ademais, que a competência para decretar a expropriação "genérica" é de todos os entes da Federação - União, estados, Distrito Federal e municípios. Por outro lado, a desapropriação de terras rurais por motivo de interesse social, para fins de reforma agrária, possui finalidade específica, conforme o próprio nome diz, qual seja: promover a reforma agrária. As regras para este tipo de expropriação estão previstas nos arts. 184 a 191 da CF, na Lei 8.629/1993, nos arts. 18 a 23 da Lei 4.504/1964 (Estatuto da Terra) e, especificamente quanto ao seu procedimento judicial, na Lei Complementar 76/1993. Nesse caso, a competência para promover a desapropriação é exclusiva da União, nos termos do art. 1844 da Constituição da República. Finalmente, a desapropriação urbanística, que tem como objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes, é de competência dos municípios, na forma prevista no art. 182, §§ 3° e 4°, III, da Constituição. Vamos fazer um pequeno resumo deste trecho5: Resumindo Tipo Competência Desapropriação por interesse social Genérica União, estados, Distrito Federal e municípios Terras rurais para fins de reforma agrária União Urbanística Municípios A Prof. Maria Sylvia Zanella Di Pietro6 denomina as desapropriações para fins de reforma agrária e para fins urbanístico, juntamente com as desapropriações prevista no art. 243 da CF (decorrente do cultivo ilegal de plantaspsicotrópicas ou da exploração de trabalho escravo7) como "desapropriação-sanção". 4 Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. 5 Adaptado de Scatolino e Trindade, 2014, p. 879. 6 Di Pietro, 2014, p. 167-170. 7 Na obra de 2014 da Prof. Di Pietro, consta somente a cultivo ilegal de plantas psicotrópicas, uma vez que a edição do livro pretere à promulgação da EC 81/2014. Contudo, entendemos que a desapropriação por Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 9 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 No caso da desapropriação urbanística, de competência dos municípios, algumas regras constitucionais e legais devem ser observadas. A Constituição Federal dispõe que é facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: a) parcelamento ou edificação compulsórios; b) imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo - IPTU progressivo no tempo; c) desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. Se, após notificado, o particular não proceder a adequada utilização da propriedade, ele poderá ser obrigado a parcelar ou edificar o imóvel. Não o fazendo no prazo legal, o município poderá instituir o IPTU progressivo no tempo, mediante a majoração da alíquota pelo prazo de cinco anos consecutivos, na forma do art. 7° da Lei 10.257/2001. Vencido este prazo, o município continuará exigindo a alíquota máxima, até que o particular dê o adequado aproveitamento ou o imóvel seja desapropriado. Decorridos cinco anos de cobrança do IPTU progressivo sem que o proprietário tenha cumprido a obrigação de parcelamento, edificação ou utilização, o município poderá proceder à desapropriação do imóvel, com pagamento em títulos da dívida pública, aprovados pelo Senado Federal e resgatáveis no prazo de até dez anos, em prestações anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais de seis por cento ao ano. Nesse caso de desapropriação-sanção, o município procederá ao adequado aproveitamento do imóvel no prazo máximo de cinco anos, exploração de trabalho escravo também é forma sancionatória, sendo que esperamos que tal atualização seja feita nas edições doutrinarias de 2015. Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 10 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Estratégiar n N r i i R ç n çC O N C U R S O S Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 contado a partir da sua incorporação ao patrimônio público (Lei. 10.257/2001, art. 8°, §4°). Desapropriação confiscatória A desapropriação confiscatória. que é uma forma de desapropriação-sanção, está prevista no art. 243 da Constituição da República, nos seguintes termos: Art. 243. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o disposto no art. 5°. Parágrafo único. Todo e qualquer bem de valor econômico apreendido em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e da exploração de trabalho escravo será confiscado e reverterá a fundo especial com destinação específica, na forma da lei. (grifos nossos) Conforme já destacamos acima, este texto possui nova redação, dada pela recente Emenda Constitucional 81, de 5 de junho de 2014. O novo texto inclui como forma de desapropriação a exploração de trabalho escravo. Além disso, a nova redação modificou a destinação dessas terras expropriadas, que serão destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular. A desapropriação de propriedade em que estão localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas é disciplinada pela Lei 8.257/1991. Destaca-se, contudo, que esta norma encontra-se desatualizada em relação ao novo texto constitucional, em particular por utilizar o termo "glebas", que é mais restrito que propriedade. A gleba significa uma porção de um terreno, ao passo que o termo propriedade é mais amplo, alcançando todo o terreno em que está localizado o cultivo. Apesar da diferença mencionada, o STF já considerava, antes mesmo da EC 81/2014, que o termo "glebas", que estava previsto na antiga redação constitucional, deveria ser interpretado no sentido de propriedade8. Assim, se for constatada a cultura ilegal de plantas psicotrópicas, deverá ocorrer a expropriação da propriedade urbana ou rural. 8 8 RE 543.974/MG: " 1. Gleba, no artigo 243 da Constituição do Brasil, só pode ser entendida como a propriedade na qual sejam localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas''. Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 11 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Estratégia r n N r i i R ç n çC O N C U R S O S Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 Quanto à desapropriação em decorrência de exploração de trabalho escravo, ainda não há legislação infraconstitucional regulamentando o tema. Atualmente, tramita no Senado Federal o Projeto de Lei do Senado 432/20139, que deverá definir o que é "trabalho escravo", além de criar um fundo específico para tratar deste tema. Ademais, é importante notar que a desapropriação confiscatória é mais severa que as demais formas de desapropriação, uma vez que independe de indenização. Bens suscetíveis de desapropriação Em regra, poderá ser desapropriado todo bem móvel ou imóvel, corpóreo ou incorpóreo, público ou privado, desde que possua valoração patrimonial. Com efeito, a desapropriação poderá incidir sobre o espaço aéreo, o subsolo, as ações, quotas ou direitos de qualquer sociedade, etc10. Assim, a desapropriação não se resume aos terrenos, mas poderá alcançar toda diversidade patrimonial passível de valoração. Por exemplo, é possível que as ações de uma empresa sejam desapropriadas para fins de estatização do controle da entidade, realizando-se a devida indenização. Entretanto, existem bens que não são passíveis de desapropriação. São exemplos a moeda corrente do país, uma vez que ela é justamente a forma utilizada para pagar a indenização da expropriação. Por outro lado, a moeda estrangeira é passível de desapropriação. Com efeito, também não se pode expropriar os direitos personalíssimos, como a honra, a liberdade e a cidadania. Além disso, não se admite a desapropriação de pessoas, sejam físicas ou jurídicas, pois se tratam de smjeitos de direito e não de objetos passíveis de apropriação.Com isso, a desapropriação não se configura como forma de extinção de uma pessoa jurídica. Admite-se, contudo, conforme já mencionamos, a desapropriação de ações ou o direito de créditos de uma sociedade em pessoas jurídicas. No que se refere aos bens públicos, o Decreto-Lei 3.365/1941 admite a desapropriação, desde que se respeitada a "hierarquia federativa"11, isto 9 PLS 432/2013. 10 Alexandrino e Paulo, 2011, p. 965. 11 Apesar de se mencionar "hierarquia federativa", destaca-se que não existe hierarquia entre os entes federados, ou seja, a União não é hierarquicamente superior aos estados, por exemplo. Assim, a terminologia é Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 12 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Estratégia C O N C U R S O S w Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 é, desde que a expropriação seja realizada pelo ente mais abrangente sobre o patrimônio do ente menos abrangente. Nesse contexto, a União poderá desapropriar bens pertencentes aos estados e aos municípios; os estados poderão desapropriar os bens dos municipais; mas não se admite o contrário - por exemplo, um estado não poderá desapropriar bens da União. Também não será possível que um estado desaproprie o bem de outro estado nem de municípios localizados em outros estados da Federação. Da mesma forma, um município não poderá desapropriar bens de outros municípios. Destaca-se, ademais, que a desapropriação realizada por um ente so outro dependerá sempre de autorização legislativa, conforme exige o art. 2°, §2°, do Decreto-Lei 3.365/1941: Art. 2°. [...] § 2° Os bens do domínio dos Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios poderão ser desapropriados pela União, e os dos Municípios pelos Estados, mas, em qualquer caso, ao ato deverá preceder autorização legislativa. Portanto, a desapropriação de bens públicos exige dois requisitos: (a) que seja realizada pelo ente mais abrangente sobre o menos abrangente; (b) que exista lei, editada pelo ente federado que efetuará a desapropriação, autorizando que seja realizado o procedimento. FIQUE atento! Nessa linha, podemos apresentar o seguinte resumo sobre o primeiro requisito mencionado acima12: a) a União pode desapropriar bens dos estados, do Distrito Federal e dos municípios; b) um estado pode desapropriar bens de um município, desde que se trate de um município situado no seu território; c) os municípios e o Distrito Federal não podem desapropriar bens nas demais entidades federativas; d) a União não pode ter os seus bens desapropriados. Essas regras sobre a desapropriação também se aplicam às pessoas administrativas vinculadas aos respectivos entes federados, mesmo que utilizada apenas para facilitar a compreensão de que o ente mais abrangente pode desapropriar bem público do menos abrangente, mas não se admite o contrário. 12 Alexandrino e Paulo, 2011, p. 966. Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 13 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Estratégia C O N C U R S O S w Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 seus bens sejam classificados como bens privados (como ocorre com as sociedades de economia mista, empresas públicas e fundações públicas de direito privado). A regra da hierarquia se aplica ainda que os bens não estejam vinculados a uma finalidade pública13. Nesse contexto, a União poderá desapropriar um bem de uma empresa pública estadual, mas o estado não poderá desapropriar o bem de uma empresa pública federal. Por fim, vale trazer a regra prevista na Súmula 479 do Supremo Tribunal Federal, que dispõe que "As margens dos rios navegáveis são de domínio público, insuscetíveis de expropriação e, por isso mesmo, excluídas de indenização". Isso porque eles são bens imóveis reservados e que, portanto, não podem ser objeto de desapropriação. Competência O estudo da competência divide-se em três situações: (a) legislativa; (b) declaratória; e (c) executória. A competência para legislar sobre desapropriação é privativa da União, nos termos do art. 22, II, da Constituição da República. Isso quer dizer que somente a União poderá estabelecer novas regras jurídicas sobre o assunto. Entretanto, poderá ser delegada aos estados e ao Distrito Federal a competência para legislar sobre questões específicas da matéria, desde que seja editada lei complementar efetuando a delegação (CF, art. 22, parágrafo único). A competência declaratória, isto é, a competência para declarar a utilidade ou necessidade pública e o interesse social dos bens para fins de desapropriação será concorrente de todos os entes federativos. Portanto, somente os entes políticos (União, estados, Distrito Federal e municípios) possuem competência para declarar a necessidade, utilidade pública ou interesse social do patrimônio. Essa regra admite algumas exceções, isto é, situações em que a declaração poderá ser 13 Neste aspecto, a Prof. Maria Sylvia Zanella Di Pietro apresenta entendimento diferente. Para a doutrinadora, em relação aos bens das entidades da administração indireta, as regras previstas no art. 2°, do Decreto-Lei 3.365/1941, somente serão aplicáveis se o bem estiver vinculado a uma finalidade pública. Por outro lado, José dos Santos Carvalho Filho e Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo entendem que a "hierarquia" na desapropriação alcança até mesmo os bens das pessoas administrativas que não estão afetados a uma finalidade pública. Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 14 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Estratégia C O N C U R S O S w Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 realizada por ente administrativo ou em que a competência não será concorrente, vejamos: ^ desapropriações comuns ou genéricas: o (a) o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) possui competência para promover a declaração de utilidade pública com o objetivo de implantar o Sistema Federal de Viação (Lei 10.233/2001, art. 82); o (b) a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) possui competência para declarar utilidade pública de bens privados para fins de instalação de empresas concessionárias e permissionárias do serviço de energia elétrica (Lei 9.074/1995); ^ desapropriação urbanística: conforme já discutimos, a competência é exclusiva dos municípios, nos termos do art. 182, §4°, III, da Constituição Federal; e ^ desapropriação rural: também já mencionada, essa forma de desapropriação é de competência exclusiva da União (CF, art. 184). Por fim, a competência executória. isto é, a competência para efetivamente promover a desapropriação, realizando-se todas as medidas necessárias à transferência da propriedade, é mais ampla, alcançando as entidades da administração direta e indireta e os delegatários de serviços públicos (concessionárias e permissionárias). Nesse contexto, a competência executória poderá ser dos entes políticos (União, estados, Distrito Federal e municípios), dos entes administrativos (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista) e até mesmo das empresas que prestam serviços públicos por meio de concessão ou permissão. Assim, essas entidades e empresas serão encarregadas de adotar as medidas de execução, incluindo aí o pagamento da indenização e a imissão na propriedade. No caso dos delegatáriosde serviço público, o exercício da competência executória é condicionada, pois dependerá de autorização expressa, constante em lei ou no contrato (Decreto-Lei 3.365/1941, art. 3°). Fases do procedimento O procedimento de desapropriação ocorre em duas fases distintas: Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 15 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Estratégiar n N r i i R ç n çC O N C U R S O S Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 (a) fase declaratória - em que o Poder Público emite a intenção de posteriormente promover a desapropriação, demonstrando a existência dos pressupostos constitucionais; (b) fase executória - em que são adotadas as providências para consumar a transferência do bem para o patrimônio do Poder Público ou do delegatário de serviço público. Fase declaratória Neste momento, o Poder Público deverá declarar a existência de utilidade, necessidade pública ou interesse social para a desapropriação de determinado bem. Além disso, deverá ser declarada a finalidade que será dada ao bem assim que for promovida a sua desapropriação. Com efeito, existem duas formas para se promover a declaração: (a) por decreto do Poder Executivo (decreto exproprietário - art. 6°14, do Decreto-Lei 3365/1941); ou (b) por meio de edição de lei de efeitos concretos, de competência do Poder Legislativo (art. 8°15, do Decreto-Lei 3365/1941), sendo que, neste caso, caberá ao Executivo praticar os atos necessários à sua efetivação. A declaração da desapropriação deverá conter16: (a) a descrição precisa do bem a ser desapropriado; (b) a finalidade da desapropriação; (c) o dispositivo legal da lei expropriatória que autoriza tal hipótese de desapropriação. A partir da expedição do decreto, declarando-se a necessidade, utilidade pública ou interesse social e manifestando-se o interesse do Poder Público em promover a desapropriação, surgem os seguintes efeitos17: a) permissão para que as autoridades competentes possam penetrar no prédio objeto da declaração, sendo possível o recurso à força policial no caso de resistência do proprietário; b) início da contagem do prazo para ocorrência da caducidade do ato; c) indicação do estado em que se encontra o bem objeto da declaração para efeito de fixar o valor da futura indenização; 14 Art. 6o A declaração de utilidade pública far-se-á por decreto do Presidente da República, Governador, Interventor ou Prefeito. 15 Art. 8o O Poder Legislativo poderá tomar a iniciativa da desapropriação, cumprindo, neste caso, ao Executivo, praticar os atos necessários à sua efetivação. 16 Alexandrino e Paulo, 2011, p. 971. 17 Alexandrino e Paulo, 2011, p. 971-972. Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 16 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Estratégia C O N C U R S O S w Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 d) não há impedimento para que sejam concedidas licenças para obras no imóvel já declarado de utilidade pública ou interesse social, mas o valor da obra não se incluirá na indenização, quando a desapropriação for efetivada (STF, Súmula 23). Fase executória Feita a declaração, o Poder Público passará à execução da desapropriação, adotando as medidas para efetivar a transferência, inclusive com o pagamento da indenização devida. A execução poderá ser via administrativa ou judicial. Pela via administrativa, a desapropriação ocorrerá por acordo sobre o valor da indenização entre o Poder Público e o proprietário. Assim, se o particular aceitar a oferta da Administração para promover a expropriação do bem, o procedimento será encerrado no próprio meio administrativo, sem nenhuma necessidade de homologação judicial. Por outro lado, a execução na via judicial ocorre por meio de acão de desapropriação, que ocorrerá sempre que não houver acordo quanto ao valor de indenização do bem ou quando o ente responsável pela desapropriação não souber que é o proprietário do bem, situação em que a citação ocorrerá por meio de publicação em edital. Agora, vejamos as regras sobre o procedimento judicial. Ação de desapropriação A ação de desapropriação deverá seguir o rito especial previsto no Decreto Lei 3.365/1941. Quando a União for autora, a ação será proposta no Distrito Federal ou no foro da Capital do Estado onde for domiciliado o réu, perante o juízo privativo, se houver; sendo outro o autor, no foro da situação dos bens (art. 11). Com efeito, a petição inicial, além dos requisitos previstos no Código de Processo Civil, conterá a oferta do preço e será instruída com um exemplar do contrato, ou do jornal oficial que houver publicado o decreto de desapropriação, ou cópia autenticada dos mesmos, e a planta ou descrição dos bens e suas confrontações (art. 13). Ao despachar a inicial, o juiz designará um perito de sua livre escolha, sempre que possível, técnico, para proceder à avaliação dos bens, sendo Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 17 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Estratégiar n N r i i R ç n çC O N C U R S O S Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 que o autor e o réu poderão indicar assistente técnico do perito (art. 14, caput e parágrafo único). Em seguida, far-se-á a citação, que é o instrumento utilizado para chamar o proprietário para contestar o que foi alegado pela entidade que moveu a ação. A citação será feita por mandado na pessoa do proprietário dos bens (art. 16). Contudo, quando não encontrar o citando, mas ciente de que se encontra no território da jurisdição do juiz, o oficial portador do mandado marcará desde logo hora certa para a citação, ao fim de 48 horas, independentemente de nova diligência ou despacho (art. 16, parágrafo único). Por outro lado, quando a ação não for proposta no foro do domicilio ou da residência do réu, a citação far-se-á por precatória, ou seja, será expedida carta para que o juízo competente da região em que se encontra o proprietário efetue a sua citação (art. 18). Caso o citando não for conhecido, ou estiver em lugar ignorado, incerto ou inacessível, ou, ainda, no estrangeiro - o que dois oficiais do juízo certificarão - a citação far-se-á por edital (art. 18). Feita a citação, a causa seguirá com o rito ordinário (art. 19). Após a citação, o réu terá 15 dias para apresentar sua defesa, nos termos da legislação processual. Contudo, a contestação só poderá versar sobre vício do processo judicial ou impugnação do preço da indenização, sendo que qualquer outra questão deverá ser decidida por meio de ação direta (art. 20). Explicando melhor, no bojo do processo de desapropriação só poderão ser contestados vícios do processo judicial ou o preço da indenização, sendo que outras questões serão discutidas ou outro processo. Caso o proprietário, durante a ação proposta, concorde com o preço ofertado, o juiz deverá promover a homologação por sentença, no despacho saneador. No entanto, se não houver concordância expressa até o término do prazo de contestação, o perito apresentará o laudo em cartório até cinco dias, pelo menos, antes da audiência de instrução e julgamento. Com efeito, o perito poderá o perito solicitar prazo especial para apresentação do laudo, desde que o faça antes de ser proferido o despacho saneador. A audiência de instrução e julgamento proceder-se-á na conformidade do Código de Processo Civil e,uma vez encerrado o debate, o juiz proferirá sentença fixando o preço da indenização (art. 24). Se não se julgar habilitado a decidir, o juiz designará desde logo outra audiência que se realizará dentro de 10 dias afim de publicar a sentença. Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 18 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Estratégiar n N r i i R ç n çC O N C U R S O S Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 Após isso, o juiz indicará na sentença os fatos que motivaram o seu convencimento e deverá atender, especialmente, à estimação dos bens para efeitos fiscais; ao preço de aquisição e interesse que deles aufere o proprietário; à sua situação, estado de conservação e segurança; ao valor venal dos da mesma espécie, nos últimos cinco anos, e à valorização ou depreciação de área remanescente, pertencente ao réu. Além disso, o Decreto-Lei estabelece que da sentença que fixar o preço da indenização caberá apelação. No caso de a apelação ser interposta pelo expropriado - ou seja, a pessoa que teve o bem desapropriado - os efeitos serão apenas devolutivos. Por outro lado, quando interposta pelo expropriante, os efeitos serão suspensivos e devolutivos. Finalmente, o art. 29 estabelece que, efetuado o pagamento ou a consignação, será expedido, em favor do expropriante, mandado de imissão de posse, valendo a sentença como título hábil para a transcrição no registro de imóveis. Imissão provisória na posse Em regra, a posse do expropriante sobre o bem expropriado só deve ocorrer quando o procedimento de desapropriação estiver concluído, efetuando-se a transferência do bem, após o correspondente pagamento da indenização. Entretanto, o Decreto-Lei 3.365/1941 reconhece hipótese de declaração de urgência, em que se poderá efetivar a imissão provisória do bem, antes de ser finalizada a ação de desapropriação. Nesse caso, além da urgência, o Poder Público deverá realizar depósito prévio do preço, em valor a ser definido segundo os critérios previstos na lei. Caso sejam cumpridos os requisitos acima, o expropriante terá o direito subjetivo à imissão provisória, não podendo este direito ser negado pelo juiz. Contudo, a lei obriga o expropriante a requerer a imissão provisória dentro do prazo improrrogável de 120 (cento e vinte) dias, a partir da alegação da urgência. Caso não seja feita neste prazo, o juiz não mais deferirá a imissão. Indenização De acordo com a Constituição Federal, a regra é que a indenização seja justa, prévia e em dinheiro. Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 19 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - T JD F T Estratégiar n N r i i R ç n çC O N C U R S O S Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 Nesse contexto, a indenização deverá abranger o valor atual do bem expropriado, assim como os danos emergentes, os lucros cessantes decorrentes da perda da propriedade, além da atualização monetária, das despesas judiciais e dos honorários advocatícios. Portanto, a justa indenização não se resume ao valor do bem, mas também engloba eventuais prejuízos, lucros que serão interrompidos e gastos necessários para a obtenção do direito de indenização. A Constituição admite, no entanto, alguns casos em que a indenização não será em dinheiro: a) na desapropriação para fins de reforma agrária de imóveis que não estejam cumprindo sua função social (art. 184), a indenização será feita por meio de títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão; b) na desapropriação para fins urbanísticos (CF, art. 182, §4°, III), o pagamento da indenização será feito através de títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais; c) na desapropriação confiscatória (art. 243), em que não existirá indenização. Caducidade da desapropriação De acordo com José dos Santos Carvalho Filho, a caducidade é "a perda dos efeitos jurídicos de um ato em decorrência de certa situação fática ou jurídica mencionada expressamepte em lei". Nesse contexto, o Decreto-Lei 3.365/1941 estabelece que é de cinco anos o prazo para caducidade do decreto expropriatório, referente à desapropriação por utilidade ou necessidade pública (art. 10). Assim, se a desapropriação não se efetivar mediante acordo administrativo ou judicial no prazo de cinco anos, a contar da data de expedição do decreto, ocorrerá a sua caducidade, perdendo-se os seus efeitos jurídicos. No caso da desapropriação por interesse social, o prazo de caducidade é de dois anos para efetivar a aludida desapropriação e iniciar as providências de aproveitamento do bem expropriado (Lei 4.132/1962, art. 3°). Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 20 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Estratégiar n N r i i R ç n çC O N C U R S O S Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 Com efeito, a caducidade é temporária. Isso porque o Decreto Lei 3.365/1941 dispõe que somente decorrido um ano, poderá o mesmo bem ser objeto de nova declaração. Assim, transcorrido o prazo mencionado acima, o Poder Público poderá providenciar um novo decreto para promover a desapropriação. Servidão administrativa Para José dos Santos Carvalho Filho, a servidão administrativa "é o direito real público que autoriza o poder público a usar p ropriedade im óve l para p e rm itir a execução de obras e se rv iços de in teresse coletivo". Portanto, a servidão administrativa é uma intervenção restritiva na propriedade privada, que faz com que o particular suporte o uso de sua propriedade pelo Estado, permitindo a execução de obras ou serviços de interesse para a coletividade. Vale dizer que a restrição é imposta ao particular, que deverá suportá-la independentemente de sua concordância (imperatividade). Nesse contexto, pode-se mencionar como exemplo de servidão administrativa a necessidade de utilização de uma parcela do terreno privado para a instalação de postes e fios de energia elétrica ou a utilização do muro de um imóvel particular para a fixação do nome da rua ou avenida em que está localizado. Ademais, a servidão fundamenta-se no princípio da supremacia do interesse público sobre o privado e na função social da propriedade. Além disso, ela decorre do exercício do poder de polícia do Estado. A servidão administrativa é u m instrumento semelhante à servidão de direito privado, prevista no Código Civil (arts. 1.378 a 1.389). A diferença entre os dois institutos é que18: (a) a servidão administrativa atende a interesse público, enquanto a servidão privada visa ao interesse privado; e (b) a servidão administrativa sofre o influxo de regras de direito público, ao contrário das servidões privadas, sujeitas ao direito privado. Além disso, a Prof. Maria Sylvia Zanella Di Pietro esclarece que a servidão administrativa deve seguir os seguintes princípios (também aplicáveis à servidão civil): o da perpetuidade (art. 1.378 do Código Civil) - como se trata de direito real sobre o imóvel, a servidão se perpetua ao 18 Carvalho Filho, 2014, p. 797. Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 21 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE:W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - T JD F T Estratégiar n N r i i R ç n çC O N C U R S O S Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 longo do tempo; o de que a servidão não se presume; o da indivisibilidade (art. 1.386 do Código Civil); o do uso moderado (art. 1.385 do Código Civil). Outra importante regra é que o objeto da servidão administrativa é a propriedade imóvel e bens privados, mas também se admite instituir servidão sobre os bens públicos, desde que respeitada a "hierarquia" entre os entes federados. A instituição da servidão poderá ocorrer por acordo ou sentença judicial. Na primeira hipótese, depois de ser declarada a necessidade pública de se instituir a servidão, o Poder Público e o particular celebram o acordo formal, por escritura pública, que garante ao Estado a utilização do bem público. Por outro lado, a servidão dependerá de sentença judicial quando não houver acordo entre as partes. A ação será movida pelo Poder Público contra o particular, demonstrando a existência de decreto específico de declaração de utilidade pública do bem. Caso o Poder Público institua a servidão sem acordo prévio, o particular poderá mover a ação para reconhecimento da servidão, para o fim de eventual indenização, se for o caso. Com efeito, a servidão deverá ser inscrita em Registro de Imóveis para produzis efeitos contra todos (erga omnes), uma vez que se trata de direito real de uso em favor do Estado. Sobre a indenização, deve-se frisar que a servidão implica apenas no direito real de uso do imóvel de terceiros para fins de prestação de serviços públicos. Com isso, não ocorrerá a perda da propriedade. Dessa forma, a indenização não ocorre em decorrência de perda do imóvel (coisa que não ocorrerá), mas sim pelos danos ou prejuízos que o Poder Público poderá causar pelo uso do imóvel. Assim, se não existir prejuízo, não há que se falar em indenização. Todavia, o particular poderá demonstrar que sofreu prejuízo e, com isso, requerer sua indenização, que deverá ser acrescida das parcelas relativas a juros de mora, atualização monetária e honorários advocatícios. Por fim, a regra é o caráter permanente da servidão, mas ela poderá ser extinta em decorrência de fatos supervenientes, como, por exemplo19: o desaparecimento do bem gravado com a servidão; a incorporação do bem 19 Alexandrino e Paulo, 2011, p. 953. Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 22 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Estratégia C O N C U R S O S w Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 gravado ao patrimônio da pessoa que instituiu a servidão - se o bem for incorporado pelo Poder Público, não há mais que se falar em servidão; o desinteresse superveniente do Estado em continuar utilizando o imóvel particular. José dos Santos Carvalho Filho apresenta as seguintes características da servidão administrativa20: a) a natureza jurídica é de direito real; b) incide sobre bem imóvel; c) tem caráter de definitividade; d) a indenização é prévia e condicionada (pois depende da comprovação do prejuízo); e) inexistência de autoexecutoriedade: só se constitui através de acordo ou decisão judicial. Requisição Requisição é a modalidade de intervenção estatal por meio da qual o Estado utiliza bens móveis, imóveis e serviços particulares em situação de perigo público iminente, ou, nas palavras de Hely Lopes Meirelles, "para atendimento de necessidades coletivas urgentes e transitórias". A requisição poderá ser civil ou militar. A primeira visa a evitar danos à vida, à saúde e aos bens da coletividade, diante de inundações, incêndios, epidemias, catástrofes, etc. Já a requisição militar aplica-se no resguardo da segurança interna e na manutenção da soberania nacional21. Nesse contexto, a requisiçãw terá como objeto a requisição de imóveis, móveis e serviços particulares, como ocorreria, por exemplo, em uma grande enchente em que se poderia requisitar um hospital, equipamentos de saúde e os serviços médicos para atender à população. Com efeito, a requisição está prevista no art. 5°, XXV, da Constituição Federal, que estabelece que "no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano". Portanto, a 20 Carvalho Filho, 2014, p. 803. 21 Alexandrino e Paulo, 2011, p. 954. Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 23 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Estratégia C O N C U R S O S w Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 indenização só ocorrerá posteriormente, e desde que seja comprovado o dano. Diferentemente da servidão, a requisição é autoexecutória, podendo ser realizada independentemente de qualquer manifestação judicial. Assim, uma vez presente o perigo iminente, a requisição será realizada imediatamente por meio de decreto. FIQUE atento! José dos Santos Carvalho Filho apresenta as seguintes características da requisição22: a) é direito pessoal da Administração (a servidão é direito real); b) seu pressuposto é o perigo público iminente (na servidão não existe essa exigência); c) incide sobre bens imóveis, móveis e serviços (a servidão só incide sobre bens móveis); d) caracteriza-se pela transitoriedade (a servidão tem caráter de definitividade); e) a indenização, se houver, é ulterior (na servidão, a indenização, embora também condicionada, é prévia). Ocupação provisória Na ocupação temporário, o Poder Público se utiliza transitoriamente de imóveis privados, como meio de apoio à execução de obras e serviços públicos. Um bom exemplo é a utilização de um terreno particular para a alocação de máquinas e materiais para a realização de obras ao longo de uma rodovia. Nesse caso, encg rrada a obra, o terreno será devolvido, demonstrando o caráter transitório dessa forma de intervenção. Trata-se de ato autoexecutório, no qual a autoridade competente emitirá o ato autorizando a ocupação e, se for o caso, fixando a justa indenização ao proprietário do imóvel. A extinção, por sua vez, ocorrerá com o término da obra ou serviço. Observa-se que a regra é não realizar indenização, a não ser que exista algum prejuízo comprovado. 22 Carvalho Filho, 2014, p. 806. Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 24 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Estratégia C O N C U R S O S w Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 f iq u e José dos Santos Carvalho Filho apresenta as seguintes Arjpatento! características da ocupação temporária23: a) cuida-se de direito de caráter não real (igual à requisição e diferente da servidão, que é direito real); b) só incide sobre a propriedade imóvel (neste ponto, é igual à servidão, mas se distingue da requisição, que incide sobre móveis, imóveis e serviços); c) tem caráter de transitoriedade (o mesmo que a requisição; a servidão, ao contrário, tem natureza permanente); d) a situação constitutiva da ocupação é a necessidade de realização de obras e serviços públicos normais (a mesma situação que a servidão, mas diversa da requisição, que exige situação de perigo público iminente); e) a indenizibilidade varia de acordo com a modalidadede ocupação: se for vinculada à desapropriação, haverá dever indenizatório; se não for, inexistirá o dever de indenizar, a não ser que haja prejuízos para o proprietário (a requisição e a servidão podem ou não ser indenizáveis; sendo assim, igualam- se, nesse aspecto, a esta última forma de ocupação temporária, mas se diferenciam da primeira, porque é sempre indenizável). Limitação administrativa O Prof. José dos Santos Carvalho Filho ensina que as "limitações administrativas são determinações de caráter geral, através das quais o Poder Público impõe a proprietários indeterminados obrigações positivas, negativas ou permissivas, para o fim de condicionar as propriedades ao atendimento da função social". Na mesma linha, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo estabelecem que: As limitações administrativas derivam do poder de polícia da Administração e se exteriorizam em imposições unilaterais e imperativas, sob a modalidade positiva (fazer), negativa (não fazer) ou permissiva (permitir fazer). No primeiro caso, o particular fica obrigado a realizar o que a Administração lhe impõe, no segundo, deve abster-se do que lhe é vedado; no terceiro, deve permitir algo em sua propriedade. As limitações administrativas devem ser gerais, dirigidas a propriedades indeterminadas. Para situações particulares que conflitem com o interesse público, deve ser empregada pelo Poder Público a servidão administrativa 23 Carvalho Filho, 2014, p. 810. Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.com.br Página 25 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Estratégia C O N C U R S O S w Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 ou a desapropriação, mediante justa indenização - nunca a limitação administrativa, cuja característica é a gratuidade e a generalidade da medida protetora dos interesses da coletividade. Portanto, a limitação administrativa é caracterizada por seu aspecto geral, ou seja, aplica-se indistintamente a todos as pessoas que se enquadrarem em determinada situação. Por exemplo, o Poder Público poderá proibir a construção em até dois metros de uma via para resguardar o interesse coletivo de construir calçadas. Tal medida será aplicável a todos que possuírem terrenos à margem da rodovia. Tal medida é instituída por lei ou regulamento, disciplinado por todos os entes da Federação, conforme o caso. Por ser uma regra geral, em regra não existirá o direito à indenização. Assim, mesmo que contrarie determinados interesses, a limitação administrativa não gera direitos subjetivos à indenização. Todavia, há situações excepcionais em que se permite a indenização na limitação administrativa, vejamos: a) quando a limitação inviabilizar totalmente a utilização econômica da propriedade; b) se realiza modificação nas linhas limítrofes entre o imóvel e o domínio público, reduzindo a área da propriedade privada. Não se deve confundir com o recuo obrigatório de construção (no qual a propriedade continua com o mesmo tamanho). FIQUE atento! José dos Santos Carvalho Filho apresenta as seguintes características da limitação administrativa24: a) são atos legislativos ou administrativos de caráter geral (todas as demais formas interventivas são atos singulares, com indivíduos determinados); b) têm caráter de definitividade (igual ao das servidões, mas diverso da natureza da requisição e da ocupação temporária); c) o motivo das limitações administrativas é constituído pelos interesses públicos abstratos (nas demais formas interventivas, o motivo é sempre a execução de obras e serviços públicos); d) ausência de indenizabilidade (nas outras formas, pode ocorrer indenização quando há prejuízo para o proprietário). 24 Carvalho Filho, 2014, p. 814. Prof. Herbert Almeida www.estrategiaconcursos.com.br Página 26 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Estratégia C O N C U R S O S W Tombamento Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 De acordo com o art. 216 da Constituição Federal Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I - as formas de expressão; II - os modos de criar, fazer e viver; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. Em seguida, o §1° estabelece que "o Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação". Nessa linha, o tombamento consiste em uma restrição estatal da propriedade privada, destinada especificamente à proteção do patrimônio histórico e artístico nacional. Com efeito, o art. 1°, do Decreto-Lei 25/1937, define "patrimônio histórico e artístico nacional" como "o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico". Instituição e legislação A competência para efetua r o tombamento é concorrente entre os entes federados, porquanto a União, os estados, o Distrito Federal ou os municípios podem realizar os atos necessários para efetuar a desapropriação. Assim, de acordo com o interesse - local, regional, ou nacional -, o patrimônio poderá ser desapropriado por cada um dos entes da Federação. Além disso, a competência para legislar sobre a proteção do patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico é concorrente União, aos estados e ao Distrito Federal (CF, art. 24, VII). Acrescenta- se, ainda, que os municípios poderão suplementar a legislação federal ou estadual, conforme consta no art. 30, II, da Constituição da República. Portanto, os municípios não possuem competência concorrente para legislar Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 27 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Estratégia C O N C U R S O S w Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 sobre o tombamento, podendo apenas dispor de forma suplementar sobre o tema. Procedimento O tombamento depende da realização de procedimento administrativo destinado a aferir o valor histórico e artístico do bem, assegurando-se o direito de defesa ao proprietário. Restando comprovado o valor histórico e artística, o bem será inscrito no denominado "Livro Tombo". Nesse contexto, Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo apresentam os seguintes tópicos obrigatórios no processo de tombamento25: a) parecer do órgão técnico cultural; b) a notificação ao proprietário, que poderá manifestar-se anuindo com o tombamento ou impugnando a intenção do Poder Público de decretá-lo; c) decisão do Conselho Consultivo da pessoa incumbida do tombamento, após as manifestações dos técnicos e do proprietário. A decisão concluirá: (c.1) pela anulação do processo, se houver ilegalidade; (c.2) pela rejeição da propostade tombamento; ou (c.3) pela homologação da proposta, se necessário o tombamento; d) possibilidade de interposição de recurso pelo proprietário, contra o tombamento, a ser dirigido ao Presidente da República. Portanto, o processo de tombamento sempre deverá respeitar o devido processo legal, assegurando ao proprietário o direito de contestar a decisão administrativa, provando que o bem não se relaciona com a proteção do patrimônio cultural. Modalidades O tombamento poderá ser classificado em algumas modalidades. Quando à constituição, o tombamento será (a) de ofício - quando incidir sobre os bens públicos pertencentes à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municíios; (b) voluntário - quando o proprietário consente com o ato; 25 Alexandrino e Paulo, 2011, p. 960. Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 28 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Estratégiar n N r i i R ç n çC O N C U R S O S Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 (c) compulsório - o Poder Público realiza o tombamento, mesmo com resistência do particular. Quanto à eficácia, o tombamento será: (a) provisório - quanto estiver em andamento um processo administrativo; (b) definição - ocorre com a conclusão do processo e correspondente inscrição no livro tombo; Quanto aos destinatários, o tombamento será: (a) geral - quando incide sobre todos os bens situados em uma região (por exemplo, na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, todos os imóveis são tombados; (b) individual - quando só atinge um bem determinado. O tombamento poderá ser desfeito por iniciativa da Administração (de ofício) ou por solicitação de proprietário ou interessados. Por se tratar de ato discricionário, na medida em que o administrador público deverá decidir, com base em seu juízo de conveniência e oportunidade, se o bem relaciona-se com a proteção do patrimônio cultural, também será possível revogar o ato, pelo mesmo poder discricionário. Vale dizer, se a autoridade responsável passar a considerar que o bem não mais se destina à proteção do patrimônio cultural, poderá decidir pela revogação do tombamento. Por outro lado, se restar comprovado vício no procedimento de tombamento, será possível proceder, por meio administrativo ou judicial, a anulação do tombamento. Além dessas formas de extinção, o tombamento poderá ser cancelado. Isso porque cabe ao proprietário preservar o bem tombado. Todavia, quando o dono não possuir condições para conservar o patrimônio tombado, deverá comunicar a situação ao Poder Público, que será responsável pelas providências requeridas para preservação do patrimônio. Caso o Poder Público não adote as providências cabíveis, o proprietário poderá requerer o cancelamento do tombamento (Decreto 25/1937, art. 19, §2°). Por fim, o tombamento poderá ser desfeito no caso de desaparecimento do bem. Seria o caso, por exemplo, de uma inundação Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 29 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Extinção Estratégia C O N C U R S O S w Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 que faça destrua totalmente um prédio tombado, fazendo desaparecer todas as suas características históricas. Efeitos Os efeitos do tombamento estão descritos no DL 25/1937, vejamos: a) as coisas tombadas não poderão, em caso nenhum ser destruídas, demolidas ou mutiladas, nem, sem prévia autorização especial do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ser reparadas, pintadas ou restauradas, sob pena de multa de cinquenta por cento do dano causado. Tratando-se de bens pertencentes à União, aos Estados ou aos municípios, a autoridade responsável pela infração do presente artigo incorrerá pessoalmente na multa b) não se poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, , sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o objeto, impondo-se neste caso a multa de cinquenta por cento do valor do mesmo objeto; c) proprietário de coisa tombada, que não dispuser de recursos para proceder às obras de conservação e reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das mencionadas obras, sob pena de multa correspondente ao dobro da importância em que for avaliado o dano sofrido pela mesma coisa; d) as coisas tombadas ficam sujeitas à vigilância permanente do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que poderá inspecioná-los sempre que for julgado conveniente, não podendo os respectivos proprietários ou responsáveis criar obstáculos à inspeção, sob pena de multa de cem mil réis, elevada ao dobro em caso de reincidência. e) em face da alienação onerosa de bens tombados, pertencentes a pessoas naturais ou a pessoas jurídicas de direito privado, a União, os Estados e os municípios terão, nesta ordem, o direito de preferência. Tal alienação não será permitida, sem que previamente sejam os bens oferecidos, pelo mesmo preço, à União, bem como ao Estado e ao município em que se encontrarem. O proprietário deverá notificar os titulares do direito de preferência a usá-lo, dentro de trinta dias, sob pena de perdê-lo. Prof. Herbert Almeida WWW.estrategiaconcursos.COm.br Página 30 de 47 ATENÇÃO! ESSE M ATERIAL PERTENCE AO SITE: W W W .M ATERIALPARACONCURSOS.COM Estratégia C O N C U R S O S w Direito Administrativo p/ Analista Judiciário - TJDFT Área Judiciária e Oficial de Justiça Teoria e exercícios comentados Prof. Herbert Almeida - Aula 16 f) E nula alienação realizada com violação do disposto no parágrafo anterior, ficando qualquer dos titulares do direito de preferência habilitado a sequestrar a coisa e a impor a multa de vinte por cento do seu valor ao transmitente e ao adquirente, que serão por ela solidariamente responsáveis. A nulidade será pronunciada, na forma da lei, pelo juiz que conceder o sequestro, o qual só será levantado depois de paga a multa e se qualquer dos titulares do direito de preferência não tiver adquirido a coisa no prazo de trinta dias. O direito de preferência não inibe o proprietário de gravar livremente a coisa tombada, de penhor, anticrese ou hipoteca. Nenhuma venda judicial de bens tombados se poderá realizar sem que, previamente, os titulares do direito de preferência sejam disso notificados judicialmente, não podendo os editais de praça ser expedidos, sob pena de nulidade, antes de feita a notificação. Destaca-se, por fim, que o tombamento não é o único instrumento de proteção do patrimônio cultural brasileiro, pois, ao lado dele, temos o direito de petição (CF, art. 5°, XXXIV26); a ação popular (CF art. 5°, LXXIII27; e a ação civil pública (CF, art. 129, III28; e Lei 7.347/1985). Direito de construir e seu exercício O direito de construir e seu exercício estão disciplinados no Código Civil (arts. 1.299 a 1.313). Basicamente, o proprietário pode levantar em seu terreno as construções que lhe aprouver, salvo o direito dos vizinhos e os regulamentos administrativos (art. 1.299). Portanto, o direito de construir é inerente ao proprietário, mas deverá ocorrer em respeito aos seus vizinhos e aos regulamentos adnp inistrativos. Nessa linha, o proprietário construirá de maneira que o seu prédio não despeje águas, diretamente, sobre o prédio vizinho (art. 1.300). 26 Art. 5° [...] XXXIV - são a todos
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