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A Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância

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Atuação da(o) enfermeira(o) na Atenção às Doenças Prevalentes na Infância
A promoção da saúde da criança tem sido um alvo a ser atingido pelos profissionais que atuam na saúde pública, especialmente os enfermeiros, políticos e gestores. No transcorrer dos anos, muitas alterações ocorreram na história da saúde e nas diretrizes das políticas de saúde pública direcionadas para a infância. Estas diretrizes são guiadas pelos indicadores de morbimortalidade infantil, os quais trazem um impacto tanto no nível da qualidade de saúde, como na qualidade de vida da população, pois os cuidados preventivos na infância repercutirão em adultos saudáveis (PINTO, 2014)
Torna-se indiscutível que houve uma considerável evolução quanto à implementação de políticas públicas assistenciais para a saúde da criança. A enfermagem possui ampla responsabilidade no acolhimento e na assistência à criança na atenção primaria, proporcionando atendimento de maneira que ofereça de forma saudável o crescimento e o desenvolvimento. Assim, os enfermeiros devem atender à criança e a família no contexto integral de forma resolutiva e humanizada (MEDEIROS, 2012). Para tanto houve a necessidade de implantação de uma estratégia que focasse a atenção integral de doenças prevalentes na infância.
Surgiu, então, uma nova abordagem da atenção à saúde na infância, a estratégia denominada de Atenção Integral às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI), desenvolvida originalmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Adolescência (UNICEF). Implantada no Brasil em 1996, inicialmente, nos Estados do Norte e Nordeste, por apresentarem elevados indicadores de morbidade e mortalidade, foi uma prioridade das políticas de saúde do Ministério de saúde (MS), para a população infantil, sendo realizada no contexto da Estratégia da saúde da família (ESF) na atenção primária com o propósito de reduzir a morbimortalidade na infância (HIGUCHI, 2011).
No Brasil, foi adaptada às características epidemiológicas da criança e às normas nacionais. As condutas preconizadas pela AIDPI incorporam todas as normas do Ministério da Saúde relativas à promoção, prevenção e tratamento dos problemas infantis mais frequentes. Foram incorporadas ações simples e específicas em estratégias de atenção básica com um trabalho amplo e integrado, como aqueles relacionados ao aleitamento materno, promoção de alimentação saudável, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, imunização, assim como o controle dos agravos à saúde tais como: desnutrição, doenças diarreicas, infecções respiratórias agudas e malária, entre outros, destinadas a melhorar a qualidade da atenção prestada e a reduzir a morbimortalidade na infância.
A Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) é um dos indicadores mais eficazes para refletir não somente aspectos da saúde de crianças como a qualidade de vida de uma determinada população. Nas regiões pobres do mundo, onde essas taxas são mais elevadas, a maioria das mortes infantis poderia ser evitada com medidas simples e eficazes. A utilização de sinais e sintomas que apresentam uma boa relação de sensibilidade e especificidade, permitindo um diagnóstico mais preciso, constitui o ponto alto dessa estratégia. (BRASIL, 2017).
Nas crianças menores de 5 anos, as principais causas de mortalidade incluem as afecções perinatais, as infecções respiratórias, as doenças diarreicas e a desnutrição, causas relevantes que devem ser enfrentadas, visando à melhoria da atenção prestada à população infantil, assim como a redução e otimização do gasto público. Enfrentar os fatores condicionantes e determinantes da mortalidade infantil tem sido um constante desafio para as autoridades brasileiras, levando o Ministério da Saúde a intensificar sua atuação na promoção da saúde desse grupo populacional de forma integral, dando prioridade a crianças pertencentes a grupos de risco, melhorando a qualidade do atendimento.
Essa estratégia implica em um conjunto de critérios simples para classificar, avaliar e tratar doenças prevalentes nas crianças menores de cinco anos, fundamentados sob a forma de decisões que orientam a avaliação, classificação, condução e resolução dos problemas de saúde da criança, especialmente nessa faixa etária, além de aconselhar a mãe, pai ou responsável pelo cuidado e consulta de retorno. (SANTOS, 2013). É apresentada em uma série de quadros que mostram a sequência e a forma dos procedimentos a serem adotados pelos profissionais de saúde.
Esses quadros descrevem os seguintes passos: 1 Avaliar a criança doente de 2 meses a 5 anos de idade ou a criança de 1 semana a 2 meses de idade, com anamnese e exame físico completo; 2 Classificar a doença determinando sua gravidade; 3 Identificar o tratamento apropriado; 4 Tratar a criança proporcionando atendimento no serviço de saúde, incluindo a prescrição de medicamentos e outros tratamentos a serem dispensados no domicílio, bem como as recomendações às mães para realizá-los bem.; 5 Aconselhar a mãe ou o acompanhante” e proceder às recomendações a serem feitas sobre os alimentos e líquidos que deve dar à criança, assim como instruí-la quanto ao retorno ao serviço de saúde; 6 Atenção à criança de 1 semana a 2 meses de idade; 7 Consulta de retorno; 8 Reavaliar o caso e prestar a atenção apropriada quando a criança voltar à unidade de saúde. (Brasil, 2017)
O objetivo não é estabelecer um diagnóstico específico de uma determinada doença, mas identificar sinais clínicos que permitam a avaliação e classificação adequada do quadro e fazer uma triagem rápida quanto a natureza da atenção requerida pela criança: encaminhamento urgente a um hospital, tratamento ambulatorial ou orientação para cuidados e vigilância no domicílio. 
Seu alicerça baseia-se em três pilares básicos: o primeiro é a capacitação de recursos humanos no nível primário de atenção, com a consequente melhoria da qualidade da assistência prestada; o segundo é a reorganização dos serviços de saúde, na perspectiva da AIDPI; e o último é a educação em saúde, na família e na comunidade, de modo que haja uma participação de todos na identificação, condução e resolução dos problemas de saúde dessa família, especialmente em menores de 5 anos de idade. 
No entanto, só pode ser efetiva se a família levar a criança doente no momento oportuno a um profissional de saúde que recebeu capacitação adequada. Por isso, um aspecto importante da prática da atenção integrada é recomendar às famílias (e procurar certificar sobre a compreensão da mensagem transmitida) quais os casos apresentados pela criança doente que devem procurar atendimento urgente no serviço de saúde, assim como aconselhamento sobre os cuidados a serem prestados à criança em casa e sobre as medidas de prevenção e promoção da saúde em consultas de rotina para vacinação e controle de crescimento e desenvolvimento. Os enfermeiros buscam relacionar- se na forma de ajuda com as famílias, mantendo uma atitude de respeito, aceitação, confiança nas suas possibilidades e potencialidades orientando para o desenvolvimento saudável da criança.
As condutas de atenção integrada descrevem como tratar crianças doentes que chegam à unidade de saúde no nível primário, tanto para a primeira consulta como para uma consulta de retorno, quando será avaliada se houve melhora ou não. Logo, devem fazer parte das ações de enfermagem, além do enfoque no manejo na identificação de risco de morte, a identificação dos sinais gerais de perigo no atendimento para crianças de 1 semana a menores de 5 anos e a necessidade de referência com urgência, com adequado atendimento pré referência.
O enfermeiro, como promotor da saúde, pode contribuir substancialmente com a redução da mortalidade infantil na população assistida, focalizando as ações que causam maior impacto nos indicadores de morbidade e mortalidade e influenciando diretamente na qualidade de vida destas. Deve atuar na avaliação, classificação e tratamento das crianças com doenças prevalentes, particularmente no âmbito das unidadesbásicas de saúde. Acolher a criança e seu acompanhante, compreender a dimensão do problema que a aflige e propor procedimentos de fácil aplicação e comprovada eficácia na atenção primária,
Dessa forma, a AIDIPI contribui não apenas para a redução da morbidade e mortalidade infantil, como também possibilita que os serviços de saúde estejam mais bem organizados, além de corroborar com o agir em saúde sistematizado das equipes, por sua base organizativa. Tem sua importância na mudança das práticas de cuidado das famílias e comunidades, por sua lógica de promoção da saúde e preservação da vida.
De acordo a Higuchi (2011) O uso da estratégia tem sido limitado por dificuldades enfrentadas pelos enfermeiros na prática, tais como desconhecimento dos demais profissionais acerca da AIDPI, não incorporação de todos os tratamentos previstos na estratégia ao protocolo de enfermagem do município, e até mesmo restrições explícitas para sua adoção.	
Embora todos esses avanços, os cuidados com a saúde da criança indígena ainda necessitam de maior fortalecimento na Política Nacional de Saúde e, neste sentido, faz-se necessário o envolvimento intrassetorial e interinstitucional. Para tanto, foi criada uma portaria em junho de 2017 que dispõe sobre a estratégia na AIDPI e sua implementação e execução no âmbito do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. Outra dificuldade é o não reconhecimento da estratégia por parte de alguns médicos e enfermeiros, além do tratamento ser considerado exclusivamente conduta médica e a instituição não permitir esse procedimento ao enfermeiro, apesar
Assim, embora a implantação da AIDPI nos serviços dependa de vontade política, o envolvimento de docentes e a inserção da estratégia no conteúdo das disciplinas, com ampla possibilidade de prática, são imprescindíveis para efetivar sua implantação. Isso porque a capacitação em AIDPI nos cursos de graduação de medicina e enfermagem permite a entrada de profissionais de saúde já qualificados no mercado de trabalho, como agentes multiplicadores da estratégia na equipe e na comunidade, e com maior possibilidade de prestar atenção integral à crianças, pois a metodologia da estratégia permite reconstruir o processo de raciocínio do profissional para o atendimento à criança.
Para um impacto ainda mais significativo dessas ações é preciso continuar avançando com compromisso e determinação, envolvendo o poder público e a sociedade civil. Vale ressaltar, que ainda persistem elevadas taxas de mortalidade neonatal, além de sérias desigualdades regionais e em grupos vulneráveis, como populações ribeirinhas, quilombolas e indígenas.
Evidencia-se, portanto, que o enfermeiro é capacitado para aplicação da estratégia AIDPI, intervindo na organização do processo de trabalho em saúde articulada com a equipe, a fim de que cada sujeito possa desempenhar seu trabalho como agente de transformação, proporcionando atendimento de maneira que ofereça de forma saudável, o crescimento e o desenvolvimento, além de responder as queixas mais frequentes das mães/criança. Como educador deve proporcionar aos pais informações suficientes para que possam desenvolver o seu cuidado com as crianças da melhor forma possível. A educação em saúde na família e na comunidade é atividade crucial dessa proposta.

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