Prévia do material em texto
Incas e Astecas: Culturas pré-Colombianas Páginas: 10 á 62 Jorge Luiz Ferreira Os Astecas: o Povo eleito do Sol formação da Confederação “Com a queda do Império Tolteca e sua capital Tula, destruída em 1224 a.D., [...] Por esta época, a belicosa tribo dos Mexicas, ou Astecas, constituía uma organização social de estrutura simples e igualitária, formada por soldados-camponeses.” (p. 11) “[...] Quando os Mexicas fundaram a cidade de Tenochtitlán em 1325 a.D., [...] esta passou a impor sua hegemonia sobre outras cidades-Estados e, aliando-se ás cidades de Texoco e Tlacopán, em 1434 a.D., formaram a chamada “Tríplice Aliança” ’’ (p. 11 e 12) “[...] A organização social dos Astecas transformou-se de uma estrutura simples e igualitária, em uma sociedade complexa, diferenciada e extremamente hierarquizada.” “[...] A expressão “Confederação Asteca” alude, assim, á hegemonia de uma etnia – náhuatl – em aliança com outras, que submetem populações numerosas heterogêneas, cuja dominação nem sempre foi aceita facilmente.” (p. 12) As comunidades Aldeãs “[...] A unidade social básica dos Astecas era o Altépetl, comunidade aldeã que detinha a propriedade coletiva da terra, formando a base da administração e tributação da Confederação” (p. 12) “[...] É necessário, também, lembrar a existência do Calpulli que, a princípio, tinha o mesmo estatuto do Altépetl, porém com algumas significativas diferenças. Enquanto o Altépetl formava o conjunto das comunidades sob o domínio da Confederação, recebiam o nome de Calpulli as comunidades que constituíam os bairros da cidade de Tenochtitlán.” (p.13) “[...] O Aldeão macehuali, enquanto membro da comunidade, detinha determinados direitos sociais que, ao mesmo tempo, legitimava a dominação de sua comunidade e justificava seus deveres para com o Estado. Como “cidadão” da Confederação, o homem comum tinha direito ao usufruto da terra no Altépetl, com acesso a uma parcela para cultivo da terra e construção de sua habitação[...]” (p. 13) “[...]Com seus direitos sociais garantidos, mas não sendo um nobre, nosso aldeão tinha, por sua vez, obrigações para com o Estado. [...] Um primeiro, o serviço militar nas tropas de conquista e “pacificação”. [...] Um segundo dever era o pagamento do tributo ao estado em forma de prestação de serviço pessoal. [...] Por fim sua terceira obrigação era o pagamento do tributo em espécie ao Estado.” (p. 13 á 14) “[...] É possível pensar as relações Estado/comunidades a partir do sentido social das práticas redistributivas e de reciprocidade que possibilitam a compreensão de uma certa visão de mundo, em que tanto o Estado justificava a necessidade de sua existência, quanto levava as comunidades a pagarem o tributo devido” (p. 14) As camadas dirigentes “[...]No cume da hierarquia asteca, representante e símbolo do poder estatal, estava o Tlotoani, o monarca, e a tradução literal da palavra pode ser pensado como “o que fala”, e este falar significava a capacidade de comando e liderança dos exércitos nos campos de batalha” (p. 15) “[...] A classe dirigente era recrutada na massa da população de acordo com o mérito e bravura nos campos de batalha. Todo jovem macehuali, a partir dos sete anos, recebia educação militar em instituições chamadas “casa dos rapazes”, e quando completava dez anos, deixava crescer uma mecha de cabelo na nuca até fazer um prisioneiro, sendo então promovido a um yac. A partir daí, o jovem guerreiro tinha de se distinguir em três batalhas [...]. Cumprindo sua meta, entrava forma efetiva para o quadro dos militares e ascendia sua carreira” (p. 16) “[...]Ao lado dos guerreiros de alta graduação, a classe dirigente era formada por uma espécie de nobreza que, ao mesmo tempo, eram funcionários estatais conhecidos como Pilli [..] isto é, todo aquele que exercia alguma espécie de chefia ou autoridade.” (p. 16) “[...] A terceira camada dirigente era constituída pelo setor sacerdotal, aberto porem apenas á classe dominante. O macehuali só tinha acesso a esta camada social se demostrasse grande aptidão para função.” (p. 17) “[...] Em termos gerais, a classe dominante, formada por guerreiros, nobres-funcionários e sacerdotes, existia enquanto classe a partir e dentro do Estado. Sua riqueza, em forma de casas, terras, joias, vestuário etc., era a consequência imediata dos cargos e funções que exerciam. A nível ideológico, a riqueza não era um fim em si mesma [...] o que contava era o prestigio e a posição social, e a riqueza advinha desta condição” (p. 18) A tributação “[...]O tributo entre os Astecas não apenas era a base da reprodução material da sociedade, como também se apresentava enquanto um projeto de consenso social, ou seja, ideologicamente, todos pagavam o tributo, desde, o anônimo macehuali até o poderoso Tlatoani.” (p. 18) “[...] Na prática estavam isentos do pagamento do tributo o Tlatoani, sacerdotes, a camada de nobres-funcionários, guerreiros, crianças, velhos, indigentes e escravos; porém, ideologicamente, todos eram tributados. [...] É necessário ressaltar que o tributo não pode ser visto apenas como uma variável puramente econômica, [...] mas também como sustentáculo ideológico da sociedade, legitimando e justificando o aparato estatal no processo de redistribuição e reciprocidade nas relações Estado/comunidades.” (p. 19) Pochtecas, escravos e artífices “[...] Além das classes fundamentais, a sociedade asteca era constituída por outros setores sociais que não estavam vinculados diretamente á produção agrícola tradicional. Destes setores, os que nos interessam são os pochtecas, escravos e artífices.” (p. 23) “[...] Os pochtecas se constituíam em comerciantes organizados em corporações que monopolizavam a circulação de mercadorias na Meso-América.” (p. 23) “[...]. Outra camada também marginal, eram os escravos (tlacotli), cujo estatuto social nada tinha de parecido com o do escravo clássico ou da colonização moderna. Seu trabalho poderia ser no campo ou nas residências, mas eram bem alojados, alimentados, vestidos como homem comum; poderiam acumular bens, como terras, casas e até escravos.” (p. 25) “ [...] Por fim, a terceira categoria social de certa importância eram os artífices. Pouco se sabe sobre este setor, pois nem os cronistas espanhóis nem os historiadores astecas se ocuparam com eles. [...] Tendo um atividade manufatureira organizada em oficinas familiares, tinham um modesto estatuto social, sem nenhuma pretensão á riqueza e ao prestígio social, apesar do reconhecimento público de sua atividade. Formavam uma camada estática e isolada e, em termos de estatuto social, estavam acima dos macehualtin e abaixo dos pochtecas.” (p. 25 á 26 ) Imaginário Asteca “[...] As culturas organizadas projetam construções explicativas de mundo que passam a dirigir os modelos de conduta, dando sentido á sua existência e promovendo a coesão do corpo social. Fenômeno humano e cultural, a produção de um imaginário social é inerente ao funcionamento e reprodução material e mental de qualquer sociedade” (p. 26) A origem “No caso asteca, uma possibilidade de interpretar o mito da origem esta no surgimento de suas divindades, em especial Uitzilopochtli e Quetzalcóatl.” (p. 26) O império Inca: o império dos quatro quadrantes A confederação Cusquenha e a expansão “Em finais do século XIII de nossa era, a pequena tribo dos Inncas chega ao Vale do Cuzco e, por esta época conta a lenda que de uma caverna a 30km ao sul do vale saíram quatro irmãos. [...] Sem pais, sem terra, em extrema pobreza, teriam migrado pelo vale sem rumo certo, até que Ayar, voltando a caverna transfomar-se-ia em Huaca- entidade divina local. [...] No mito da Caverna, Manco Cápac é, pois, o fundador do Império Inca e herói civilizador de toda humanidade.” (p. 37) “[...] Em 1438, os chancas tentam invadir e tomar a cidade de Cuzco. [...] Pachacuter Inca, assumiu a liderança da resistência, cujo sucesso levou não apenas á derrota dos chancas, mas a sua subordinação política aos Incas. A vitória sobre os chancas desequilibrou o frágil jogo deforças na área circunvizinha a Cuzco, levando os Incas a terem a hegemonia política na região[...]” (p. 38 á 39) “[...] Em pouco mais de um século, a pequena tribo dos Incas passa de uma pequena confederação no Vale do Cuzco para formar o Império mais vasto de toda América pré-colombiana.[...]” (p. 39) “[...]Ao contrário dos Astecas, os Incas não tinham uma mentalidade belicosa, e a paz era o bem supremo da humanidade e uma dádiva dos deuses. Enquanto discurso dominante, os Incas guerreavam buscando a paz e exerciam a dominação como missão civilizatória [...].” (p. 39 á 40) As relações socioeconômicas no ayllu “[...] A posse da terra no ayllu era comunal e se dividia em terras cultiváveis e de pastos de uso coletivo [...] Cada família recebia lotes de acordo o número de seus membros [...]” (p. 40) “[...] O trabalho no ayllu baseava-se na semeadura, colheita, construção de casas etc. e somente com o matrimônio o indivíduo adquiria autonomia e passava a ser um membro efetivo do ayllu [...]” (p. 41) O Império como ampliação do ayllu “O ayllu, enquanto unidade econômica e social de toda a região andina central, passou a constituir a base de dominação política e exploração social como a dominação inca [..]” (p. 41 á 42) “[...] Com a conquista militar, o Estado se apropria da terra e recursos naturais do ayllu. O Inca se proclama soberano da comunidade e divide as terras do ayllu da seguinte maneira: uma primeira parte são as terras do Estado ou do Inca; uma segunda, as terras do culto ou do Sol, e a terceira, a maior parte, é de toda comunidade conquistada, que é “cedida” á população local, numa demonstração da “benevolência” e “generosidade” do Inca conquistador, permitindo a subsistência da comunidade” (p. 42) A tributação “[...] A economia do Império Inca não conheceu a moeda. As relações comerciais baseavam-se na simples troca, e o tributo devido ao Inca assegurava a circulação de bens por todo o Império. (p. 44) “[...] Ao contrário do caso dos asteca, o tributo com os Incas era em forma d trabalho pessoal, e não em espécie. Estavam isentos do tributo os setores dominantes ligados ao Estado – guerreiros, burocratas e sacerdotes -, as crianças, velhos e inválidos. [...]” (p. 45) “[...] Havia entre os Incas, três tipos de tributos que as comunidades deviam ao Estado. Um primeiro era o trabalho coletivo nas terras do Inca e do Sol. [...] O segundo tipo de tributo era o serviço pessoal temporário, a mita. [...] Por fim, o tributo têxtil que tinha, ao mesmo tempo uma função econômica e um ritual religioso, com cada família entregando ao inca uma parte do produto fiado e tecido [...]” (p. 45 á 46) A organização político-administrativa “[...] Á meida que a expansão política e a subjugação das comunidades avançavam, o Estado passou a ter uma serie de necessidades para controle, distribuição e apropriação do excedente agrícola [...]” (p. 47) “[...] A forte centralização político administrativa de todo o Império em Cuzco tornou necessária a constituição de uma vasta burocracia fortemente hierarquizada. [...]” (p. 48) “[...] Sem dúvida, uma das figuras mais importantes nesta cadeia de mando era o Tukrikuk. Representante direto do Inca na sociedade e exercendo a justiça em seu nome [...] No auxílio ao Tukrikuk, nas atividades de contabilidade, estava o Kipukamaiyoc, a quem cabia a especializadíssima tarefa de manejar os kipus[...]” (p. 49) “[...] Com os Incas, os cargos burocráticos-administrativos não eram hereditários, e estes funcionários poderiam ser demitidos por motivos variados [...]” (p. 49) O imaginário Inca “[...] A construção de deuses, por sociedades no mesmo nível de desenvolvimento que a dos Incas, não significa um “primitivismo cultural”, estágio marcado pela a “fetividade” ou coisa similar [...] o que de fato é: um ser finito, pensante, sexuado etc.” (p. 52) “[...] Como no caso dos astecas, o imaginário inca era composto por um conjunto de práticas, crenças e costumes que não se reduziam a uma fórmula única. Porém, comparando com o caso asteca, o projeto de dominação inca parecia recorrer com mais frequência as construções teológicas, com imposição do culto solar todas as comunidades conquistadas nos Andes Centrais, cujo alcance político girava em torno da formulação de uma cultura hegemônica inca [...]” (p. 53) A representação do tempo histórico “[...] A representação do tempo histórico para os Incas em muito se assemelhava com a dos Asteca. O tempo histórico também era pensado como um tempo cíclico, não linear, com várias humanidades que surgiram e desapareceram junto com seu próprio tempo.” (p. 55) “O tempo atual dos Incas era entendido como a Quita Idade, precedida por outras quatro. A primeira Idade era chamada de “Homem de Viracocha” [...] A Segunda Idade seria a dos “Homens Sagrados” [...] A Terceira Idade, a dos “Homens Selvagens” [...] A Quarta Idade, dos “Homens Guerreiros” [...]” (p. 55) O Inca “[...] A necessidade de recorrer ás explicações, com base no aparato religioso, se fazia presente da forma mais delineada na legitimação do poder do Inca, levando sua figura a assumir posição sem igual no imaginário do período.” (p 56 ) “[...] Um Inca não tinha antecessor nem sucessor e a sucessão legitimava-se a partir da força ou seja os irmãos herdeiros pretendentes ao trono, representantes das diversas facções políticas, lutavam até um único vencedor [...]” (p. 56) “[...] O Inca era filho do Sol, fonte primordial nas relações entre mundo material e espiritual, a ligação entre natureza e a cultura e o ponto de encontro entre deuses e os homens. Numa palavra, o Inca era o centro carnal do universo [...]” (p. 57)