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Santo Agostinho: Confissões Livro XI - O homem e o tempo (pág. 266 a 295):
1) Confessar a Deus o que ele já conhece?
Sendo Deus dono de toda a eternidade e do tempo, confessar a Deus algo para Agostinho só tem um sentido, para que o homem possa exercitar o seu afeto para com Deus. Pois Deus conhece todas as coisas e o coração do homem, não sendo necessário ouvir dele mesmo algo, mas sim, despertar nele, a vontade de dizer: Deus é grande e digno de todo o louvor".
É um ato de amor confessar a Deus as nossas misérias para que ele em sua eterna misericórdia possa continuar com a nossa libertação para sermos felizes Nele, cessando de ser miseráveis em nós.
Para isso somos chamados a sermos misericordioso, puros e pacíficos.
2) Os arcanos das palavras divinas
Agostinho confessa que desde pequeno sentia vontade de conhecer a palavra divina e também de confessar a iluminação e as trevas de sua alma.
"Sejam as escrituras as minhas castas delícias. Que não seja enganado nelas, nem com elas engane os outros, escutai a minha alma Senhor e tende piedade de mim, ó meu Deus que sois a luz dos cegos, força dos enfermos, e simultaneamente luz dos que veem e força dos fortes". pág. 267-268.
Agostinho reconhece que Deus nos ouve quando estamos mergulhado no abismo, pois "se os Vossos ouvidos não estão presentes lá nesse abismo, para onde dirigiremos? Por quem chamaremos?". pág. 268.
"A vossa palavra é a minha alegria". pág. 268.
Agostinho clama compaixão de Deus e neste sentido espera além de misericórdia o seu ouvido pronto a escutar os vossos desejos, que não são mais terrestres, mas sim o reino do céus e sua justiça.
A Deus Agostinho reconhece como Pai e por seu Filho o grande mediador, o qual "por Ele nos buscastes para que também Vos busquemos". pág. 269.
Agostinho busca sabedoria e ciência na palavra de Deus, recordando Moisés que diz "isto diz Ele, isto diz a Verdade". pág. 269.
3) Como compreender Moisés?
Agostinho quer ter a fé de Moisés, compreendê-lo, sobretudo as coisas relativas a ciência da fé, quer compreender a passagem: "no princípio Deus criastes o céu e a terra".
Agostinho quer compreender a verdade dita por Moisés e a reconhecê-la como verdade, como não tem como interpelar Moisés sobre os seus ensinamentos, roga a Deus que o revele a verdade posta por ele.
4) Deus, no poema da criação
Sobre a criação do céu e da terra Agostinho afirma que foram criados pois estão em constante mudança e vicissitudes.
"Existimos porque fomos criados. Portanto não existíamos antes de existir, para que nos pudéssemos criar". pág. 270.
"A nossa ciência comparada a vossa é ignorância". pág. 270.
O criador nos criou, porém não somos nem tão belos, nem tão bons, nem tão formosos como Ele.
5) A palavra criadora
A palavra é criadora, mas como seria possível criar todas as coisas se antes não fora criada a imaginação?
Para Agostinho, Deus como artífice impõe forma a matéria, esta anterior a forma, o mesmo artífice cria o corpo, a alma que impera os membros.
Todas as criaturas louvam a Deus como criador, mas de que modo fazeis? Se interroga como Deus teria feito o céu e a terra, como teria criado o universo no universo, porque antes não existia espaço em que pudesse depois criá-lo.
Neste sentido, Agostinho chega a conclusão que somente a voz de Deus tenha criado todas as coisas.
"É necessário concluir que falastes e os seres foram criados. Vós os criastes pela vossa palavra". ". pág. 271.
6) A voz ecoando no sistema
De que modo Deus teria falado, como na passagem: "Este é o meu Filho amado?" (Mt 3, 17), como teria dito todas as coisas e depois ecoado o silêncio?
O verbo eterno sempre fala.
"A inteligência comparou essas palavras proferidas no tempo como o vosso Verbo, gerado no eterno silêncio". pág. 272.
"O verbo divino permanece em mim eternamente". pág. 272.
O verbo de Deus é gerado e não criado antes de tudo, antes do céu e da terra.
7) O Verbo de Deus coeterno com Deus
A palavra de Deus é coeterna com o próprio Deus.
"Deus junto de Vós que sois Deus, o qual é pronunciado por toda a eternidade e no qual tudo é pronunciado eternamente". pág. 273.
Tudo que vem de Deus se diz "simultaneamente e eternamente. Se assim não fosse já existiria tempo e mudança e não verdadeira eternidade e verdadeira imortalidade". pág. 273.
"No verbo de Deus nada desaparece, nada se substitui, porque é verdadeiramente eterno e imortal". pág. 273.
O verbo por ser coeterno com Deus dizei tudo ao mesmo tempo e eternamente tudo o que dizeis.
8) Nós, discípulos do Verbo
Agostinho ainda sobre o tema da criação afirma que "tudo quanto começa a existir só principia ou acaba quando se conhece, na Vossa Razão Eterna, que tudo isso deve ter começado ou terminado, ainda que nela nada comece e nada desapareça". pág. 273.
O Verbo divino segue a mesma lógica e a mesma razão explicitada acima.
Para Agostinho Deus só nos fala aquilo que nos ensina.
Deus nos ensina diretamente a verdade imutável, mas também os ensinamentos das criaturas mutáveis, somos encaminhados também para a verdade imutável, onde verdadeiramente aprendemos.
A voz divina nos conduz a origem de onde somos.
Deus é princípio e nossa esperança de sempre ter para onde voltarmos quando andarmos errantes.
9) A luz do verbo em mim
"Que luz é esta que me ilumina de quando em quando e me fere o coração, sem o lesar?". pág.274.
A luz divina do verbo em nós, afirma Agostinho.
"Vós tornastes compassivo para com todas as minhas inquietudes [...] resgatarei pois minha alma da corrupção, me coroareis na Vossa compaixão e misericórdia, saciareis de bem o meu desejo, porque então a minha juventude será renovada como a águia". pág.274.
A sabedoria de Deus é o princípio e por meio dela todas as coisas foram criadas.
10) Uma objeção dos velhos de espírito
Uma objeção de Agostinho em relação ao que Deus estava fazendo antes de criar as coisas, rebatendo as críticas de que se ele estava em toda a eternidade ali, porque em um momento decidiu criar, o porque desta vontade de dar vida as criaturas.
"A vontade de Deus não é uma criatura, está antes de toda a criatura, pois nada seria criado se antes não existisse a vontade do Criador". pág. 275.
"A vontade pertence a substância de Deus". pág. 275.
11) O tempo não pode medir a eternidade
O tempo de Deus é diferente do nosso, não é possível pensar em sucessão dos tempos passados e futuros, tudo isso é vão, só existe o presente para Deus.
"Na eternidade, nada passa, tudo é presente, ao passo que o tempo nunca é todo presente. Esse tal verá que o passado é impelido pelo futuro e que todo o futuro está precedido de um passado, e todo o passado e futuro são criados e dimanam d´Aquele que sempre é presente". pág. 276.
12) O que fazia Deus antes da criação do mundo
Agostinho confessa: "não sei - quando de fato não sei - do que apresentar aquela solução, dando motivo a que se escarneça do que propôs a dificuldade e se louve aquele que respondeu sofisticadamente". pág. 276.
Depois complementa: "Meu Deus, que sois o Criador de tudo o que foi criado [...] não temo em afirmar que antes de criardes o céu e a terra, não fazíeis coisa alguma. Pois se tivésseis feito alguma coisa, que poderia ser se não criatura Vossa?". pág. 277.
13) O eterno "hoje"
O que teria feito Deus nos incontáveis séculos anteriores da criação do mundo? Agostinho dá uma resposta interessante, ao afirmar que como poderia ter esperado todos esses séculos, se os séculos ainda não haviam sido criado? que tempo esperaria se esse nunca tivesse existido?
"Se antes da criação do céu e da terra não havia tempo, para que perguntar o que fazíeis então? Não podia haver então onde não havia tempo"". pág. 277.
Deus é anterior a todos os tempos.
"Os Vossos anos não vão nem vem, para que todos venham. Todos os vossos anos estão conjuntamente parados, porque estão fixos, nem os anos que chegam expulsam os que vão, porque estesnão passam. [...] Os Vossos anos são como um só dia, e o Vosso dia não se repete de modo que possa chamar-se quotidiano, mas é um perpétuo hoje, porque este Vosso hoje não se afasta do amanhã, nem sucede ao ontem. O vosso hoje é a eternidade". pág. 278.
14) O que é o tempo?
"Não ouve tempo nenhum que não fizésseis alguma coisa, pois fazíeis o próprio tempo". pág. 278.
Agostinho declara: "se nada sobrevivesse, não existiria tempo futuro, e se agora nada houvesse, não existia o tempo presente". pág. 278.
Existe uma complexidade em se explicar o passado e o futuro, um ainda não existe e o outro já não existe. E quanto ao presente se fosse sempre presente e nunca passado não seria presente, mas eternidade. Mas se ele tem que passar necessariamente pelo passado, como afirmar que ele existe?
O tempo é um ser de razão com fundamento na realidade. 
Agostinho estuda o problema do ser sob o aspecto psicológico, isto é, como é que nós o apreendemos.
Agostinho não estudo o tempo como um problema ontológico, isto é, como é o tempo em si mesmo.
15) As três divisões do tempo
Sobre a ideia de tempo longo e tempo breve, seja no passado ou no futuro, Agostinho propõe uma saída.
"O passado já não existe e o futuro ainda não existe. Não digamos: "é longo"; mas digamos do passado: "foi longo"; e do futuro: "será longo"". pág. 279.
Só podemos falar de um tempo longo no presente, quando existe alguma coisa capaz de ser longa.
"Não digamos pois "o tempo passado foi longo" porque não encontraremos aquilo que tivesse podido ser longo, visto que já não existe desde o instante em que passou. Digamos "aquele tempo foi longo" porque só enquanto foi presente foi longo". pág. 279.
Em relação ao tempo, ele pode ser longo só se existir, então só o pode ser durante o presente, e neste sentido da para medir a sua duração.
Por isso: "cem anos não podem ser presentes [...] nem o ano que está correndo pode ser presente [...] nem o mês que está correndo pode ser presente [...] nem sequer um dia é inteiramente presente [...] [nem sequer as horas] Se pudéssemos conceber um espaço de tempo que não seja suscetível de ser subdivido em tais partes, só a este podemos chamar de presente. Mas esse voa tão rapidamente do futuro ao passado que não tem nenhuma duração [...] logo o tempo presente não tem nenhum espaço". pág. 280.
"O tempo presente clama que não pode ser longo". pág. 281.
16) Pode-se medir o tempo
"Não medimos os tempos que passam, quando os medimos pela sensibilidade [...] quando está decorrendo o tempo pode-se percebê-lo e medi-lo". pág. 281.
Não se pode medir o tempo que já passou (passado) nem o que há de vir (futuro).
17) Através do pretérito e do futuro
Três tempos: passado, presente e futuro.
Só existe o tempo presente, pois passado já se foi e o futuro ainda não chegou.
"Efetivamente não é possível ver o que não existe". pág. 282.
Sobre os visionários ver o futuro e os saudosos relembrarem o passado, Agostinho afirma: "Existem, portanto, fatos futuros e pretéritos"". pág. 282.
18) O vaticínio do futuro pelo presente
"Se existem coisas futuras e passadas, quero saber onde elas estão [...] Se ainda não posso compreendê-las, sejam onde elas estiverem, aí não são futuras nem pretéritas, mas presentes". pág. 282.
Se são futuras = ainda lá não estão;
Se são pretéritas = já lá não estão.
Ainda que se narre os acontecimentos do passado a memória nunca relata os próprios acontecimentos mas as lembranças daquelas imagens, porém essa imagem vemos no tempo presente, porque ainda está na memória.
As premeditações que fazemos no futuro é para nós presente, ao passo que a ação premeditada ainda não existe, porque é futura. Quando começarmos a realizar aquela premeditação ela será presente, porque existirá.
Quando vemos a aurora já prognosticamos que o sol está por vir, o que vemos é presente e o que anunciamos é futuro.
"As coisas futuras ainda não existem; e se ainda não existem, não existem presentemente. De modo algum pode ser vistas se não existem. Mas podem ser prognosticadas pelas coisas presentes que já existem e se deixam observar". pág. 283.
19) Oração ao Senhor do futuro
Agostinho faz questionamentos sobre o modo de ensinar as coisas do futuro se elas ainda não existem."Pois o que não existe também não pode, evidentemente, ser ensinado". pág. 284.
Reconhece a limitação a cerca desses conhecimentos e confessa que só poderá por Deus compreender esses mistérios "ocultos aos olhos da alma". pág. 284.
20) Conclusão desta análise: nova terminologia
"Não há tempos futuros nem pretéritos". pág. 284.
Para Agostinho é impróprio afirmar que os tempos sejam três: pretérito, presente e futuro. Talvez o mais correto seja dizer que os tempos são três: presente das coisas passadas, presente das presentes e presentes das futuras.
"Existem, pois, estes três tempos na minha mente que não vejo em outra parte: lembrança presente das coisas passadas, visão presente das coisas presentes e esperança presente das coisas futuras". pág. 284.
Não importa para Agostinho as três definições de tempo como passado, presente e futuro, desde que "não se julgue que aquilo que é futuro já possui existência, ou que o passado subsiste ainda". pág. 284.
21) Novas dificuldades: como se pode medir o tempo
"Medimos os tempos ao decorrerem [com sabes?] [...] sei porque os medimos. Não medimos o que não existem [como medimos se não tem espaço?] [...] Mede-se quando passa". pág. 284-285.
A grande dificuldade é medir o tempo sem pensar na dimensão espaço-tempo, se usamos análogas como tempo simples, duplo, triplo, iguais. Em que espaço medimos? Se no passado já não mais existe e no futuro ele ainda não existe? Agostinho afirma: "para nós, não é mensurável o que já não existe". pág. 285.
22) Senhor, desfazei este enigma
Agostinho pede a Deus que ajude a desvendas os enigmas que não consegue resolver.
É necessário uma nova análise sobre a duração do tempo, pois as palavras se tornarem vulgares ao tentarei dimensionar o tempo das coisas.
23) O tempo é uma certa distensão
O movimento do sol serve de sinal para a duração do tempo.
"Há estrelas e luzeiros no céu que servem de sinais, indicam as estações, as horas e os anos". pág. 287.
Porém, para Agostinho é difícil afirmar que uma volta daquela roda de madeira (sol) represente um dia, ou que represente determinado tempo.
"Já que o movimento do sol e o seu percurso do Oriente ao Oriente completam um dia, ou se é a duração em que se realiza esse movimento, ou se são estas coisas coisas conjuntamente". pág. 287.
Os romanos mediam o dia de um nascer do sol até o outro nascer do sol. Os judeus, o contrário, contavam-no de um por-do-sol ao outro por-do-sol.
Para Agostinho o tempo não é o movimento dos corpos celestes, como a volta do sol na terra, mas uma certa distensão.
24) O tempo não é o movimento dos corpos
"Ouço dizer que os corpos só se podem mover-se no tempo. Mas não ouço dizer que o tempo é esse movimento dos corpos". pág. 288.
A medição do tempo é do instante que começo a ver o movimento de um determinado corpo até o momento que ele termina. "Só é permitido medir a duração do movimento desde o instante em que comecei a vê-lo até que que o deixei de ver". pág. 288.
Só se pode mensurar o tempo comparado no movimento observado "isso demorou tanto quanto aquilo", "isso durou o dobro que aquilo", etc.
Só poderemos medir o tempo da duração de um movimento se olharmos o corpo do seu ponto de partida até o seu ponto de chegada. "Portanto, o tempo não é o movimento dos corpos". pág. 289.
25) "Senhor, iluminareis as minhas trevas"
Quando dizemos algo, dizemos no tempo, e a longa demora de tudo que falamos é a duração no tempo.
Agostinho confessa sua dificuldade de entendimento sobre o tempo e pede: "Senhor, meu Deus, iluminareis as minhas trevas". Sl 17, 29.
26) Nova teoria sobre o tempo
"Como eu posso medir o tempo? É com um espaço mais breve detempo que calculamos outro mais longo". pág. 290.
De igual maneira medimos os versos, os poemas, etc.
Mas isso não resolve, pois é possível recitar mais lentamente um verso menor e mais rapidamente um verso maior.
"O tempo não é outra coisa se não distensão". pág. 290.
Dessa maneira medimos o tempo, mas não o futuro, pois este ainda não existe. Também não avalio o presente, pois não tem extensão, nem o passado, que não existe. 
O que meço então? O tempo que presentemente decorre (o momento, o instante).
27) Uma experiência
Uma coisa só é mensurável no instante em que está sendo, quando ainda não é, é futuro e não existe, quando já foi, pois é passado e não existe mais.
"Todo intervalo se mede desde um certo ponto até um limite determinado"". pág. 291.
"Medimos os tempos mas não os que ainda não existem ou já passaram, nem os que não tem relação alguma, nem os que não tem  limites". pág. 291.
"Não medimos os tempos futuros nem os passados, nem os presentes, nem os que estão passando. Contudo, medimos os tempos". pág. 291.
Não meço nada enquanto ela se dá, somente depois de terminada.
Para Agostinho é possível medir as impressões, pois elas permanecem, ainda depois delas terem passado, meço as impressões enquanto é presente. 
"Meço a impressão que as coisas gravam em ti à sua passagem, impressão que permanece, ainda depois de elas terem passado. Meço-as, a ela enquanto é presente, e não aquelas coisas que se sucederam para a impressão ser produzida, É a essa impressão que eu meço, quando meço os tempos. Portanto, ou esta impressão é os tempos ou eu não meço os tempos". pág. 292.
Não é possível medir só a voz enquanto objeto de duração, é possível também medir os silêncios, a partir do espaço de tempo.
"Com a diminuição do futuro, o passado cresce até ao momento em que seja tudo pretérito, pela consumação do futuro". pág. 293.
28) O tempo e o espírito
Como consumir o futuro se ele ainda não existe?
Como aumentar o pretérito já que ele não existe mais?
A partir de três coisas: expectação (futuro), atenção (presente) e memória (passado).
"Aquilo que o espírito espera, passa através do domínio da atenção para o domínio da memória". pág. 293.
"A expectação das coisas futuras está no espírito". pág. 293.
"A atenção perdura e através dela continua a retirar-se o que era presente". pág. 293.
"O futuro não é um tempo longo, porque ele não existe: o futuro longo é apenas a longa expectação do futuro". pág. 293.
"Nem é longo o tempo passado porque não existe, mas o pretérito longo outra coisa não é se não a longa lembrança do passado". pág. 293.
O ato de recitar um poema trás a dimensão da expectação de todo o poema, e enquanto o poema é recitado no presente, mais o passado aumenta e o futuro é consumido e quanto acaba, tudo vai para o domínio da memória.
29) A unidade do meu ser
A unidade do ser do homem se funda em Deus seu criador.
"Os meus pensamentos, as entranhas íntimas da minha alma, são dilaceradas por tumultuosas vicissitudes até ao momento em que eu, limpo e purificado pelo fogo do vosso amor, me una a Vós". pág. 295.
30) Para além dos tempos
"Estarei firme e imutável em Vós, na minha forma, na Vossa verdade". pág. 295.
"Nenhum tempo pode existir sem a criação". pág. 295.
"Vós sois antes de todos os tempos, o eterno Criador de todos os tempos". pág. 295.
31) Deus conhece de modo diferente as criaturas
"Longe de mim pensar que Vós, Criador do Universo, Criador das almas e dos corpos, longe de mim, pensar que conheceis assim todos os segredos futuros e passados, Vosso conhecimento diverge muito do nosso. É extraordinariamente mais admirável e incomparavelmente mais misterioso". pág. 296.
Deus para Agostinho teria criado céu e terra sem variar em nada sua atividade atual (antes da criação), pois é eterno e o desejo sempre esteve com Ele.

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