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PRÁTICA SIMULADA I - CCJ0146 Aluno: Paulo Roberto Marques Rodrigues Junior Matrícula: 201501340778 Semana 2 Descrição Caso Concreto: 127º EXAME DE ORDEM SP (modificado) No dia 20/12/2016, Joana, brasileira, solteira, técnico em contabilidade, moradora de Itabuna/BA, recebeu notícia que seu filho Marcos, de 18 anos de idade, tinha sido preso de forma ilegal e encaminhado equivocadamente ao presidio XXX. No mesmo dia Joana procurou um advogado criminalista para atuar no caso, sendo que o advogado cobrou R$ 20.000,00 de honorários. Joana ao chegar em casa comentou com Joaquim, seu vizinho, que não tinha o valor cobrado pelo advogado e que estava desesperada. Joaquim vendo a necessidade de Joana de obter dinheiro para contratar um advogado, aproveitou a oportunidade para obter uma vantagem patrimonial, propôs a Joana comprar seu carro pelo valor de R$ 20.000,00, sendo que o carro o preço de mercado no calor de R$ 50.000,00. Diante da situação que se encontrava, Joana resolveu celebrar o negócio jurídico. No dia seguinte ao negócio jurídico realizado e antes de ir ao escritório do advogado criminalista Joana descobriu que a avó paterna de seu filho tinha contratado um outro advogado criminalista para atuar no caso e que tinha conseguido a liberdade de seu filho através de um Habeas Corpus. Diante destes novos fatos Joana fala com Joaquim para desfazerem o negócio, entretanto, Joaquim informa que não pretende desfazer o negócio jurídico celebrado. Desenvolvimento EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE ITABUNA/BA Joana, brasileira, solteira, técnica em contabilidade, portadora da carteira de identidade nº xxxx, expedida pelo xxx, inscrita no CPF/MF sob o nº xxx..., endereço eletrônico xxxx, domicílio, residente a Rua XXX, Itabuna/BA, por seu advogado Dra. XXXXXXXX, com endereço profissional XXXXXXXXXXX, para fins do artigo 77, inc. V,do CPC, vem a este juízo, propor AÇÃO DE ANULAÇÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO, Em face de Joaquim, brasileiro, solteiro, profissão, portador da carteira de identidade nº XXXXXX, expedida pelo XXXXX, inscrita no CPF/MF sob o nº XXXX, endereço eletrônico XXXXX, domicílio, residente Rua XXXX, Itabuna/BA, pelo procedimento comum, baseado nos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor. I - DA AUDIÊNCIA DE MEDIAÇÃO A parte autora deseja a participação da audiência de mediação a ser designada por este respeitável juízo. II - DOS FATOS A autora negociou com o réu, no dia 20/12/2006, a venda de seu carro pelo valor de R$ 20.000,00, um preço bem abaixo do mercado. Conforme tabela FIPE, o mesmo custa R$ 50.000,00. Usando de má-fé, o Sr. Joaquim, aproveitou-se do desespero da autora em contratar um advogado para que impetrasse o habeas corpus de seu filho Marcos, de 18 anos de idade, que havia sido preso de forma ilegal e encaminhado equivocadamente ao presidio XXX. Diante da situação que se encontrava, Joana resolveu celebrar o negócio jurídico para pagar as custas do advogado contratado. Ocorre que, no dia seguinte ao negócio jurídico realizado e antes de ir ao escritório do advogado criminalista Joana descobriu que a avó paterna de seu filho tinha contratado um outro advogado criminalista para atuar no caso e que tinha conseguido a liberdade de seu filho. Após a negociação, Joana pediu à Joaquim para desfazerem o negócio, entretanto, Joaquim informa que não pretende desfazer o negócio jurídico celebrado. III - DO DIREITO Tendo em vista os fatos mencionados, é evidente que o autor foi dolosamente ludibriado para vender seu carro ao autor. Trata-se, pois, vício da lesão, quando em contrato cumulativo, a parte contrata por necessidade premente de forma que fique prejudicada em razão da desproporção entre as prestações reciprocamente acordadas. O Código Civil, em seus artigos 157 e 171,II, trazem possibilidades de anulação em casos como este: “Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta; Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: I - ... II - Por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. ” IV – DA DOUTRINA A anulação do negócio jurídico é tema de diversos e renomados doutrinadores e retrato aqui, entendimento de um destes renomados autores: Segundo Orlando Gomes, a invalidade é a sanção imposta pela lei ao negócio praticado em desobediência ao que prescreve, ou no qual é defeituosa a vontade do agente. [...] O efeito jurídico querido pelo agente não se produz, ou se produz limitadamente. [...] Negócios defeituosos são, portanto, de graus diversos. Distinguem-se, com efeito em nulos e anuláveis. [...] São pressupostos para a validade do negócio jurídico: a- Capacidade do agente; b- Objeto lícito; c- Forma prescrita ou não defesa. Ato anulável é o que se pratica em desobediência a normas que protegem especialmente certas pessoas, e tutelam a vontade do agente contra os vícios que podem distorcê-la. São causas determinantes da anulabilidade do negócio jurídico: a- A incapacidade do agente; b- Os vícios do consentimento c- A situação particular em que se encontre determinada pessoa. São também anuláveis os atos nos quais a vontade do agente for viciada. O erro, o dolo e a coação impedem que a vontade real seja declarada, suscite os efeitos que a parte queria suscitar (GOMES, Orlando Introdução ao Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense, 1988, p. 485, 487, 489). V – DA JURISPRUDÊNCIA São muitas as decisões judiciais favoráveis ao pleito da autora, conforme passo a demonstrar abaixo: Tribunal de Justiça do Amazonas TJ-AM - Apelação : APL 02012658720088040001 AM 0201265-87.2008.8.04.0001 Ementa APELAÇÃO CÍVEL - NEGÓCIO JURÍDICO - VENDA DE IMÓVEL OBJETO DE LITÍGIO JUDICIAL - VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ CONTRATUAL - LESÃO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO E A TERCEIROS - EXISTÊNCIA DE DOLO - ANULAÇÃO DO NEGÓCIO JURÍDICO - RECURSO CONHECIDO E PROVIDO. 1. Os deveres de conduta são emprestados pela boa-fé ao negócio jurídico, destinando-se a resguardar o fiel processamento da relação obrigacional em que a prestação se integra. Eles incidem tanto sobre o devedor como sobre o credor, mediante resguardo dos direitos fundamentais de ambos, a partir de uma ordem de cooperação, proteção e informação, em via de facilitação do adimplemento. 2. O conjunto probatório carreado pelo Apelante faz ver a manifesta intenção dolosa do Apelado em lesionar o patrimônio público e terceiros, comportamento esse consubstanciado na venda de imóvel o qual sabia não ser o seu legítimo possuidor, ainda mais diante da existência de ação de reintegração de posse ajuizada por terceiros pleiteando a sua retomada. Sobreleva ressaltar que mesmo sabedor de que o imóvel estava sendo objeto de litígio judicial, assinou o Apelado, através de seu procurador, termo de recebimento de bônus de moradia (fls.76/77) o qual, em sua cláusula primeira, dispunha que o imóvel alienado encontrava-se livre e desembaraçado de qualquer ônus, judicial ou extrajudicial. 3. Na esteira do artigo 422 do Código Civil, os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios da probidade e boa-fé, fatores esses inobservados pelo Apelado, caracterizando indubitável má-fé de sua parte e dolo no intuito de lesionar terceiros e locupletar-se indevidamente. 4. Recurso conhecido e provido. VI - DO PEDIDO Avista do exposto, considerando - se o ora narrado, propõe- se a presente ação, visando- se à anulação do contrato de venda do mencionado bem, requerendo: 1- A designação de audiência prévia de conciliação, nos termos do art. 319, VII, do CPC; 2- A citação do requerido por meio postal, nos termos do art. 246, inciso I, do CPC para contestar, querendo, o presente pedido, em 15 (quinze) dias, sob pena de revelia, acompanhando- a até final decisão; 3- Ao final, seja dado provimento a presente ação, no intuito de condenar o réu a devolver a quantia paga e 4- Quando a mesma for julgada procedente, condenar – se- a o réu nos efeitos da sucumbência. VII - DAS PROVAS Protesta- se por provar o alegado por todos os meios de provas admitidas pelo Direito, admitidas, na amplitude do art. 369 e seguintes do CPC, em especial, o depoimento pessoal do réu, sob pena de confissão, caso não compareça ou comparecendo se recuse a depor, inquirição de testemunhas, juntada, requisição e exibição de documentos. Dá - se a causa o valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Nestes termos, Pede deferimento. Rio de Janeiro, 09 de março de 2018. Paulo Roberto Marques Rodrigues Junior XXXXXX-X OAB/RJ
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