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Ciência Psicológica Cap 09

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1953 1954 1960 Década de 1960 Década de 1960•...."'" .••...•. t.oriado centro dull "" "'- • obI-tIws Geor9! -.• bdttçio 6t&n. -KltItmIn. EuprIIl'~ I Std.~queo ~ Eugene GdInl~ f "-' l/'.Illl~ WtIlerMlIdwIf Btrlyne propOe que 1:1~lWbtn Ol!mtnt~ ~ __ I PrInm alIm um rnodm IMI$ Jlooos rtIIzam l,1'l\I ttl!1am lTIIlIterIm rWel ó'Jmomudll'9S eIttrkIl no tirtMl -•.."""" ~de~~ pesqvkllIIlIlt1nIo que fi •••••••••mJo~.~ txdtat6rlo$t lrIIJMrimno QIIe• pmoas sIa lIIClÜ'IIlidI5 ~makQplnl~Il!lII'.~ 6oIll1lDs. E~ -ndi1Jm ~PIlr.~1t por~~RlI ptIl'nçJo ...ao, fut1.nrnne.qw me perloclD$deREMda • dtlo:obrelp' o I'l/potjlamo~ ~ e un etdl ideII ma!I~drlnbise Iklológb 60 som.. -•...- ~mmo~mN. dI"'ij)ii'", ~ tm lIU!a5-- -...
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280
~r:-.:':1. . _' •• ' ,
;. '; '. Para estudar ai.-~ motivação
~.;t ..' .
Como 05 estados Internos sãO
regulados no corpo?
Qual é o papel do instinto no
comportamento?
Que papel o prazer desempenha
na motivaçJo de
compcH1àrnentos1
Como as pessoas estabelecem e
_!'tingem objetivos pessoais? .
Quais s:lo os correlatos ncurais da
motivaçao7
Por que as pessoas ficam obMas1
Como medimos o sono?
'.
GAZZANIGA e HEATHE~RT~ON~ _c_--
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Em 1965. Randy Gardner, de 17 anos, deddiu estabelecer um recorde muÀdialde permanecer acordado, como um projeto para uma feira de dências. Para,quebrar O recorde anterior, ele teria de se privar de sono por mais de 260 '",
horas. ou 11 dias completos. Seus pais ficaram preocupados, pois tinham lido que
a privação de sono podia causar sérias reações psicóticas. Um disc-jóquei de Nova
York que ficara 200 horas sem dormir. como parte de um golpe de publicidade,
começou a alucinar e teve uma grave paranóia. imaginando que estava sendo
envenenado. A reação de Gardoer foi menos grave, mas ele ficou paranóide,
irritável e teve alucinações. Ele também experiendou inúmeras dificuldades
mentais. Por exemplo, no 11° dia, quando lhe pediram para c9ntar
retrospectivamente de 1ao, ele parou em 65 porque esqueceu o que deveria fazer
(Ross, 1965).
Gardner conseguiu quebrar o recorde em 4 horas, mas'Suasreações mentais
mostram como foi difícil fazer isso. Quando ele finalmente foi dormir, dormiu 15
horas na primeira noite e 10 na segunda. Os problemas mentais que Gardner
àpresentou desapareceram depois que ele dormiu, e parece que ele não teve
nenhum problema mental ou fisico duradouro associado à sua proeza.
Considerando tudo, um projeto de feira de dências muito befTKucedido. A
propósito, o californiano Robert McDonald, que ficou acordado durante 453 horas
e 40 minutos (quase 19 dias) em uma cadeira de balanço. estabeleceu o atual
recorde mundial em 1986.
O desejo de Randy Gardner de estabelecer o recorde envolve muitas idéias
centrais para o conceito de motivação. Os cientistas psicológicos que estudam os
motivos estão interessados nos fatores que estimulam comportamentos. Esses
induem fatores físicos como a necessidade de sono e alimento, assim como os
fatores psicológicos que inspiram as pessoas a estabelecer objetivos e tentar atingi-
los. Muitas vezes, as pessoas tentam superar suas necessidades biológicas,
tentando ficar sem dormir ou sem comer, e muitas vezes descobrem que é difícil
fazer isso. O que determina que pessoas como Randy Gardner resolvam quebrar
recordes mundiais? Quanto é possível superar o corpo na tentativa de atingir
objetivos pessoais? Como aluno/a, você provavelmente está muito motivado/a a se
sair bem e, portanto, passa muitas das suas horas de vigma revisando anotações,
lendo livros e escrevendo trabalhos. Embora se sair bem neste curso possa não
ajudar sua sobrevivência imediata, o/a ajudará a atingir aspirações a longo prazo.
Este caprtulo trata dos fatores que motivam e mantêm comportamentos.
A motivação (do latim, "mover-se").é a área da ciência psicológica que estuda os fatores que
energiuun, ou estimulam, o comportamento. Especificamente, diz respeito a como o comportamen-
to é iniciado, dirigido e sustentado. Questões de motivação estão disseminadas pelos muitos níveis
de análise da ciência psicológica. Por exemplo, os conceitos de recompensa e reforço discutidos no
1974_.-
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CIÊNCIA PSICOLÓGICA
Capítulo 6 e os mecanismos fisiológicos discutidos no Capítulo 3 são centrais para as teorias da
motivação. Este capítulo explora diferentes concepções das bases da motivação e discute alguns dos
comportamentos mais comumente motivados. Esses comportamentos relacionam-se à sobrevivência
biológica imediata (como responder à fome, à sede e à ne'cessidade de sono) e a necessidades sociais
de longo prazo (como afiliação, realizações e lazer).
3J>ilf:l A MCfflVAÇAo ATiVA, DifilGE E
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As teorias mais gerais da motivação enfatizam quatro qualidades essenciais dos estados mori-
vacionais. Primeiro, os estados motivacionais são energizantes no sentido de que ativam ou estimu-
lam comportamentos - levam os animais a fazer algUma coisa. Por exemplo, o desejo de estar
fisicamente em forma pode motivar você a sair da cama e ir correr em uma manhã fria. Segundo, os
estados motivacionais são diretivos no sentido de que orientam o comportamento para satisfazer
objetivos ou necessidades específicos. A fome motiva o comer, a sede motiva o beber; e o orgulho (ou
o medo ou muitas outras coisas) motiva estudar muito para os exames. Terceiro, os estados motiva-
donais ajudam as pessoas a persistir em seu comportamento até que os objetivos sejam atingidos ou
as necessidades sejam satisfeitas. A fome nos atormenta até encontrarmos algo para comer; a persis-
tência nos leva a praticar arremessos de beisebol até cOllseguirmos acertar. Quarto, a maioria das
teorias concorda que os motivos diferem em sua força, dependendo de fatores internos e externos.
Muitas vezes nos deparamos com motivos concorrentes: devemos estUdar (orgulho) ou sair com
amigos (companheirismo)? Devemos comer uma pizza (prazer) ou arroz integral (saúde)? O motivo
mais forte geralmente vence. As teorias da motivação tentam responder a perguntas como: De onde
vêm as necessidades e os objetivos? Como as necessidades e os objetivos adquirem força? Como os
.-' motivos são transformados em ação? A seguir, examinaremos várias teorias concorrentes e suas
diferentes respostas.
ti, motivação é tanto intencional (orno reguladora
Os cientistas psicológicos que estudam a motivação têm seguido, tradicionalmente,uma de
duas ênfases de pesquisa. Após a revolução biológica na psicologia, os psicólogos fisiológicos estu-
dam os motivos reguladores em animais não-humanos (especialmente raros). Eles focalizam estados
internos e costumam ver a motivação em termos da neurobiologia subjacente, como os hormônios,
neurotransmissores e centros cerebrais. Em contraste, os psicólogos sociais, da personalidade e cog-
nitivos focalizam os motivos intencionais. Eles examinam como as pessoas tentam satisfazer objetivos
de vida e exercer controle sobre o próprio comportamento e o dos outros. Um objetivo é um resul.
tado desejado e normalmente está associado a um objeto especifico (como um alimento saboroso)
ou a uma intenção comportamenral futura (como entrar na escola de medicina). Compreender a
motivação humana requer atravessar os níveis de análise para examinar tanto as bases intencionais
(cognitivas) como as reguladoras (fisiológicas) do comportamento humano.
A maioria dos pesquisadores que estudam os estados motivacionais reguladores, como sede ou
fome, vê os comportamentos motivados como ajudando os animais a manter um estado interno
constante, ou equilíbrio. Walter Cannon, um jovem e brilhante fisiologista de Hanrard na década de
1920, cunhou o tenno homeostase para descrever a tendência das funções corporais de manter
equilíbrio. Por exemplo, no modelo defeedback negativo, as pessoas respondem a desvios em
relação ao equilibrio. Imagine um.sistema de aquecimento/resfriamento de uma casa controlado por
um termostato regulado em um nível ótimo, que chamamos de ponto estabelecido (veja a Figura
9.1). Um ponto estabelecido é um estado hipotético que indica homeostase. Se a temperatura
real está diferente do ponto estabelecido, a calefação ou o ar-condicionado vai entrar em ação para
ajustar a temperatura. Da mesma forma, o corpo humano regula um ponto estabelecido de aproxi-
madamente 37". Quando as pessoas estão quentes demáis ou frias demais, mecanismos cerebrais,
particulannente o hipotálamo, iniciam respo.stas como suar (para esfriar o corpo) ou tremer (para
aquecer o corpo). Ao mesmo tempo, comportamentos intencionais, como vestir ou tirar roupas,
também são motivados. Os modelos de feedbaek negativo são úteis para descrever alguns processos
biológicos básicos, como nutrição, regulação de fluidos e sono.
I
28'
motivação Fatores que
energizam, dirigem ou sustentam
comportamentos.
objetivo Um resultado desejado
associado a um objeto de desejo
especifico ou a alguma futura
intenção comporta mental.
homeost:ase A tendênda das
fun(ões corporais de manter o
equil1brio.
modelo de teedback
negativo As respoStas do corpo
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equillbrio.
ponto estabelecido Um estado
hipotético que indica homeostase.
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Ar<ondidonado
GAZZANIGA e HEATHERTON
No século XIX, o psicólogo estadunidense Willi.
am James propôs que grande parte do comportamento
humano era instintiva. Os instintos são ações não-
aprendidas, automáticas, desencadeadas por deixas
externas. Por exemplo, quando você escuta um baru-
lho alto, tende a olhar na direção da fonte do baru-
lho automaticamente, talvez sem sequer perceber que
está fazendo isso. A ousada afinnação de James con.
tradizia as crenças de teóricos anteriores de que o
comportamento humano é principalmente aprendi-
do, em vez de inato.
Os instintos são semelhantes aos reflexos no seno
tido de que produzem um impulso imediato de agir. A
menos que algo bloqueie o impulso, o instinto leva a
uma ação especifica. Atualmente, os instintos são co.
nheados como um padrão de ação fixa. Podemos ver
um exemplo disso no esgana-gata, um pequeno peixe
com três espinhaços (Tinbergen, 1951). Os esgana-
gatas machos desenvolvem um ventre vermelho niti.
damente perceptível durante a estação de acasalamen.
to e atacam os outros peixes com ventre vermelho que
se aproximam. Os ventres vermelhos servem como um
estúnulo liberador para o padrão de ação fixa de ata.
que. Mesmo um modelo malfeito de um peixe pintado
de vermelho na parte de baixo elicia esse padrão de
ação fixa. Da mesma forma, os perus machos ficam
excitados simplesmente ao observar a cabeça de outro peru, mesmo que não exista corpo preso à
cabeça ou que a cabeça seja falsa. Uma série de outros comportamentos parece ser instintiva: as
aranhas tecem teias, os pássaros voam e cantam, os cachorros perseguem gatos, os gatos perseguem
ratos. Exemplos de padrões de ação fixa nos humanos são certas expressões faciais que ocorrem
univ:ersalrnente em todas as culturas e, portanto, parecem ser instintivas.
No início do século xx, o psicólogo William McDougall transfonnou o conceito de instinto em
uma teoria geral da motivação. McDougall acreditava que os instintos consistem em componentes
cognitivos (conhecer o objeto ou resultado do instinto), componentes afetivos (sentimentosde prazer
ou dor) e esforços de aproximação ou afastamento de um dado objeto. Por exemplo, um bebê apren-
de que chorar traz atenção, o que gera sentimentos de prazer e o desejo de se aproximar da pessoa
que dá atenção.
A concepção de McDougall dos instintos entusiasmou os psicólogos, e muitos pesquisadores e
teóricos começaram a catalogar comportamentos que pareciam instintivos. As listas cresceram rapi-
damente, atingindo mais de 6 mil comportamentos supostamente instintivos. Mas 05 críticos logo
começaram a atacar a teoria do instinto, observando que a maiona dos chamados componamentos
instintivos - como brincar, oferecer consolo ou aprender a caçar para obter alimento - eram, na
verdade, modificados pela experiência. Mais seriamente, 05 críticos afinnaram que todo o conceito
de instinto se baseava em uma lógica circular e, por essa razão, tinha pouco valor explanatório. Um
comentarista descreveu astutamente a situação: "Se ele va! com os companheiros, é o 'instinto de
rebanho'; se ele vai sozinho, é o 'instinto anti-social'; se ele gira os polegares, é o 'instinto de girar os
polegares'; se ele não gira os polegares, é o 'instinto de não girar os polegares'. Assim, tudo é expli-
cado com a facilidade da mágica - li mágica da palavra" (Holt, 1931, p. 4). Esse raciocínio circular
levou muitos behavioristas a rejeitarem os estados motivacionais como sem significado. Os instintos
eram úteis no nível descritivo, mas não adiantavam muito como explicação. O interesse pelo concei.
to dos instintos morreu na década de 1930, em parte devido ao desafio dos behavioristas, que afir-
mavam que todo o comportamento resulta de aprendizagem. Hoje, como parte da revolução biológi.
ca, novos entendimentos de como os mecanismos neurais são traduzidos em comportamentos
reacendeu o interesse pelo exame desses comportamentos.
Feedbaek negativo
Feedbaek negativo
Temperatura
da sala ••
Qual é o papel do instinto no
comportamento?
282
_ ..---- ..__ ._-_ .. -------_._-----------------
instintos Ações n.!io-aprendidas,
automáticas, desencadeadas por
deixas específicas.
::'-i;.;:"(,~_ "::., Um modelo de homeostase de feedback negativo. Quando a temperatura
sobe acima do ponto estabelecido (temperatura da sala), é detectada uma discrepãncia e o
ar--eondicionado ê ativado. O ar é resfriado até a temperatura voltar ao ponto estabelecido.
••..... Inversamente, quando a temperatura cai abaixo do ponto estabelecido, a calefação é
ativada. Quando a temperatura atinge o ponto estabelecido, a calefação pára de fUncionar.
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CI~NOA PSICOLóGICA 283
,,-.
Estima
necessidades Estados corporais
de deficiência bJoI6gica ou social.
autOon!allzaçAo Um estado
atingido quando os sonhos e
aspirações da pessoa silo realizados.
hlenlrqula de necessidades A
dasslfJCaç!:o de Maslowdas
necessidades, em que as
necessidades básicas de
sobrevivência 510 Inferiores e as
necessidades de crescimento
pessoal 510 superiores em termos
de prioridade.
Impulsos Estados psicológicos
que motivam o organismo a
satisfazer suas necessidades.
exdtaçAo (arousal) T!mTlO que
descreve atlvaçAo fisiológica, como
uma atMdade cerebral aumentada.
respostas autonOmlCllS, sudorese ou
tens:io muscular.
Auto-
realização
, ~" .~
Pertenclmento e amor
FIGURA 9.2 A b"erarqtÂade MasIowdas necmkfades indica que
as necessidades básiYls.como a de aimento e água, são satisfeitas antes
das necessidades superiores. como a auto-reahação.
Impulsos Os impulsos são estados psicológicos ati'l3dos para sa-
tisfazer necessidades. Por exemplo, as pessoas podem ser descritas por
seu nfvel de impulso sexual ou caracterizadas como sendo impulsiona-
das para o sucesso. As necessidades criam acitação (arousal), que moti-
va comportamentos que satisfarão essas necessidades (Figura 9.3), Ex.
citação (arousaJ) é um tenno genérico empregado para descrever
ativação fisiológica (como atividade cerebral aumentada) ou respostas
autonômicas aumentadas (como batimentos cardíacos mais rápidos, su-
dorcse ou tensão muscular), Tente segurar a respiração o máximo que
puder. Se você continuar por mais de um minuto ou dois, provavelmente
tem um fone sentimento de urgência, até de ansiedade. Esse estado de
excitação é o impulso.
A teoria do impulso mais influente foi proposta na década de 1940
por Clark HuU (Figura 9.4), um dos principais behavioristas de seu rem-
po. HuU propôs que os estados pulsionais têm raízes em necessidades
biológicas e que o comportamento pode ser predito por fatores ambien-
tais. Hull propôs que quando um animal é privado de alguma necessida-
de (como água, sono ou sexo), o impulso e.spedfico aumenta propomo-
_:..~rr , , .-.. \1'- ntlptdsos f;:! ?~r~'!.:ornp~n$::r~::
.. ':"1" I~ I .- 'i'. rt?m?;"i-l:cl
As necessidades são estados de carência. Os psicólogos fisiológicos unlizam o tenno para se
referir 11 carências biológicas, tal como falta de ar ou alimenlo. Nós prtds4mos de ar e de alimento
para sobreviver. Mas os psicólogos sociais utilizam o renno para estados psicol6gicos e relaciona-
mentos sociais, como a necessidade de pbder, realização ou afiliação. As pessoas precisam de outras
pessoas, As necessidlldes, como quer que sejam definidas, levam a comportamentos dirigidos a um
objetivo. O fracasso em satisfazer a necessidade leva à prejufzo psicossocial ou físico, ou à morte.
Essa explicação separa as neassidades dos desejos. Uma criança pequena pode dizer que precisa de
um lápis vennelho e não de um azul, mas ter de usar o azul provavelmente não causará nenhum
problema duradouro.
Abraham Maslow propôs uma influente teoria de necessidades da motivação, na década de
1940. A teoria de Maslow é um exemplo da psicologia humanista, em que as pessoas são vistas como
seres holísticos que se esforçam para che&8! à realização pessoal. Na motivação, os humanistas
focalizam a pessoa - é John Smith que deseja comida, não o estômago de John Smith. Segundo a
perspectiva humanista, os seres humanos são únicos entre os animais porque tentam melhorar con-
tinuameme. Um estado de auteH'ealização ocorre quando os sonhos e as aspirações da pessoa são
realizados. A pessoo: auto-realizada m-e de acordo com o seu potencial e, portanto, é verdadeira-
mente feliz. Maslow escreve: "O músico precisa fazer música, o artista precisa pinta~ o poeta precisa
escrever, para que possam ficar em paz consigo mesmos. O que um homem pode ser, cle precisa. se(
(Maslow, 1%8, p. 46). '
Maslow acreditava que os humanos são impulsionados por muitas necessidades, que ele orga-
nizou numa hierarquIa de necessidades (Figura 9.21. em que as necessidades de sobrevivência
(como fome e sede) são inferiores e as necessidades de crescimento pessoal são superiores em ter-
-' mos de prioridade, Maslow acreditava que a satisfação das necessidades inferiores da hierarquia
pennitia que os humanos funcionassem num nfvel superiOt As pessoas precisam ter suas necessida-
des biológicas satisfeitas, precisam sentir-se seguras, amadas e ter uma boa opinião de si mesmas
para experiendar crescimento pessoal e atingir a auto-realização.
A hierarquia de necessidades de Maslow há muito tempo foi adotada na educação e na admi-
nistração, mas de modo geral ela não tem apoio empírico. Independentemente de precisannos ser
auto-realizados para sennos felizes, a classificação das necessidades não é tão simples como Maslow
sugere. Por exemplo, algumas pessoas passam fome até morrer para demonstrar a imponância de
suas crenças pessoais, ao passo que outras que têm satisfeitas suas ne-
cessidades fisiológicas e de segurança são solitários que não buscam a
companhia dos outros. Além disso, o conceito de auro-realização é difi.
eU"de definir e medir com precisão. A hierarquia de Maslow, portanto, é
mais útil no nfvel descritivo do que no nfveI empírico_
284 GAZZANIGA e HEATHERTON
nalmente. O estado pulsion.alleva à excitação e à ativação comporta-
mental, e o animal então age até que um de seus comportamentos satis.
faça o itnpulso e reduza a excitação. Assim, a satisfação das necessida-
des envolve aprendizagem. O modelo de Hull propõe que os
comportamentos apresentados pelo animal são arbitrários. Quando um
comportamento satisfaz a necessidade, ele é reforçado e, portanto, a
probabilidade de sua ocorrência aumenta. Com o passar do tempo, se
um comportamento reduz consistentemente um impulso, ele se torna
um hábito; a probabilidade de um comportamento ocorrer deve-se tan-
to ao impulso quanto ao hábito.
A teoria de Hull e seu clássico livro Princip!es Df behaYior tiveram
um tremendo impacto sobre a pesquisa psicológica. Uma crítica, contu-
do, é que a teoria de Hull sobre o impulso não podia explicar por que as
pessoaa-escolhem apresentar comportamentos que não parecem satisfa-
zer necessidades biológicas. Por que, por exemplo, as pessoas ficam acor.
dadas toda a noite estudando para um exame? Por que as pessoas co-
mem uma segunda fatia de tona de abóbora no Dia de Ação de Graças
mesmo não estando com fome depois de comer a primeira fatia?
De uma perspectiva evolutiva, os comportamentos associados ao prazer estão en.
tre os que promovem a sobrevivência e a reprodução do animal, ao passo que os com-
portamentos associados à dor interferem na sobrevivência e na reprodução. Um bom
exemplo disso é a doçura, que é preferida pela maioria dos animais. Os bebês que
recebem soluções doces consideram-nas prazerosas, comonne revelado por suas ex-
pressões fuciais (Steiner, 1977; Figura 9.5). A doçura nonnalmente indica que é seguro
Os éÓmportamento5 rnotivadDs têm valDr de
sobrevivência
';';:,,;': ,
Beber .,"
Comer
Compor-
tamento
Fome
Impulsos.
Hedonismo e recompensa Sigmund Freud acreditava que os impulsos são satisfeitos de acor-
do com opn1tdpio do prazer, que diz aos organismos para buscarem o prazer e evitarem a dOLEssa idéia
é central para muitas teorias da motivação. Com origem na antiga Grécia, o hedonismo, como prindpio
motivacional, refere-se às experiências humanas de prazer e desprazer. O prindpio do prazer de Freud
e a teoria do instinto de McDougall concordam que os animais e os humanos são motivados para buscar
o prazer e evitar a dor. O contemporâneo de Darwin, Herbert Spencer, escreveu: ~todo animal persiste
no ato que dá prazer - e desiste do ato que causa dor" (Spencer, 1872, citado em Stellar e Stellar,
1984). rodos esses grandes pensadores afinnaram tuna verdade essencial: o prazer. é um motivador
primário. Nós realmente fazemos as coisas que nos fazem sentir bem e, se alguma coisa faz com que nos
sintamos bem, nós a fazemos de novo. Um excelente exemplo de hedonismo e adaptatividade é o sexo.
O sexo é essencial para a sobrevivência das espécies, e poucas pessoas precisam ser persuadidas dos
aspectos prazerososdo comportamento sexual, independentemente de ele levar à repro-
dução. O estudo científico do comportamento sexual é discutido em ';.uravessando os
níveis de análise: Fatores que influenciam o desejo sexual~.
Lembre que um limite das teorias biológicas do impulso (como a de Clark Hull) é que
os animais apresentam comportamentos que necessariamente não satisfazem necessida-
des biológicas. Isso, comumente, ocorre quando o comportamento é prazeroso. Por exem.
pio, um clássico estudo examinou as preferências alimentares dos ratos (Sheffield e Roby,
1950). Uma das substâncias que produziram uma forte resposta foi a sacarina, que é doce
e, portanto, prazerosa, mas não satisfaz nenhuma necessidade biológica. Freqüentemen-
te, os animais escolhem o prazer, mais que a redução de impulsos biológicos. No clássico
estudo de aids e Mi1ne~ descobriu-se que a estimulação elétrica aplicada a certas regiões
cerebrais era altamente recompensadora (veja o Capítulo 6). Os animais capazes de se
auto-administrar estimulação elétrica ao pressionar uma alavanca fizeram isso umas 2 mil
vezes por hora. Ratos machos pressionavam a alavanca mesmo quando estavam privados
de comida, tinham acesso a uma fêmea sexualmente receptiva ou precisavam atravessar
uma grade eletrificada para chegarem à alavanca.
Função
celular
Necessi.
dade
Nutrientes
fiGURA 9.4 Oarlc:Hull, um dos pioneiros dos
modelos oomportamentais da redução do impulso. A
teoria pulsional da motivação de Hull está entre as teorias
mais influentes na hislôria da ciência psicolôgicõ.
i'"'lGUflJ" 9.3 As necessidades criam impulsós que motivam
comportamentos específicos.
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CI~NCI..-\ PSICOLÓGICA
FIGURA 9.5 Até os recém-nascidos preferem o sabor doce'ilo amargo: _1. rosto em descanso, 2,
reação à água destilada, 3. estímulos doces; 4, estímulos ácidos. '5. estímulos amargos.
comer aquele alimento. Em contraste, a maioria dos venenos e toxinas tem sabor amargo, de modo
que não surpreende que os animais evitem sabores amargos.
Lembre, do Capítulo 6, que a experiência de recompensa se deve principalmente à ativação de
neurônios de dopamina no núcleo accumbens. Os comportamentos adaptativos também utilizam o
sistema de dopamina. O comportamento sexual, por exemplo, leva ao aumento da dopamina no
núcleo accumbens. Os bloqueadores de dopamina interferem nas propriedades recompensadoras do
alimento, da água e de várias drogas, como cocaína e anfetamina, que nonnalmente são experiencia.
das como recompensadoras. Assim, a ativação de dopamina pode ajudar a orientar comportamentos
adaptativos ao ,recompensar os que promovem sobrevivência ou reprodução.
A motivação pode ser vista como uma capacidade que inicia, dirige e sustenta comportamentos
que promovem sobrevivência e reprodução. Assim, os animais são fortemente motivados a repetir
comportamentos adaptativos e a evitar comportamentos cieiadaptativos. Os estados motivacionais,
portanto, provocam comportamentos que resolvem problemas adaptativos. Os animais precisam
ingerir oxigênio, água e numentes e, dessa maneira, respirat; beber e comer são comportamentos
motivados. Para os humanos, a motivação de apresentar ci?mpoltamentos maternos promove o cui-
dado da prole, garantindo assim que os genes serão transmitidos. A amamentação provoca a libera-
ção do hormônio odtocina, que promove o vínculo e libera asendorfinas que dão origem a sentimen-
tos de prazer (Carter, 1998).
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285
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Que papel o prazer desempenha na
motivação de comportamentos?
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Como a mOtivação ativa. dirige e sustenta a ação?
Os estados motivacionais ativam, di,rigem e sustentam comportamentos que ajudam a satisfazer necessidades ou
atingir objetivos. Muitas teorias da motivação baseiam-se na idéia de que os organismos tentam manter a
homeostase ou o equillbrio. Os instintos, conhecidos como padrões de ação fixa. sao ações inatas, automáticas,
desencadeadas por deixas externas. Os estados pulsionais decorrem de deficiências de neCessidades e motivam
comportamentos que satisfazem essas necessidades. Segundo Maslow, as necessidades podem ser organizadas em
uma hierarquia, em que as necessidades fisiológicas têm precedência em relaçAo às necessidades de crescimento
pessoal. Um princípio motivacionalgeral é o hedonismo, que orienta os organismos a repetir comportamentos que
são prazerosos e a evitar comportamentos que são dolorosos. Seguir esse principiO pode ajudar os organismos a
sobreviver e a se reproduzir.
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FATORES QUE INFLUENCIAM O OESEJO SEXUAL
o desejo sexual há muito tempo ê reconhecido como um dos
motivadores mais duráveis e poderosos da humanidade. A força do
impulso sexual varia substancialmente entre os individuos e as
cir(unst~ncias; mas, mesmo assim, podemos dizer que a maioria
dos seres humanos apresenta um desejo significativo de sexo.
Tanto a natureza quanto a cultura contribuem para moldar
padrões de motivação sexual. Um dos nossos quatro temas maiores.
é que uma grande parte do comportamento é adaptativa. Nos
seres humanos (como em muitas outras espécies), o desejo sexual
evoluiu como um mecanismo crucial para propagar a espécie. Nem
sempre os bebês são feitos porque as pessoas os desejam
desesperadamente, mas porque se dedicam com entusiasmo ao
sexo, o que freqüentemente resulta em reproduç:lo. Algumas
espécies têm meios de reprodução não-sexuais, como a clonagem.
No entanto, a reprodução sexual é superior à reprodução não-
sexual em vários aspectos cruciais, especialmente em sua
capacidade de misturar genes e, assim, produzir uma prole
variada, tornando a espécie mais adaptável. Recentes avanços na
teoria evolutiva sugerem que as formas exatas de desejo sexual
humano são o resultado de pressões da seleç.llo natural (esses
G1chadossão discutidos no Capítulo 14). Então, como é que os
cientistas psicológicos contemporâneos estudam o sexo?
Nos nlveis neuroquímico e de sistemas cerebrais, a maioria das
pesquisas é realizada com animais não-humanos, especialmente
ratos. Por exemplo, estudos examinaram como os hormônios,
incluindo testosterona e ocitocina, estão envolvidos na produção e
terminação dos comportamentos sexuais (veja o Capitulo 3). Uma
linha interessante de pesquisa examina a influência dos
-" ferom6nios - substâncias químicas transmitidas de um animal
para outro pelo sentido do olfato - sobre a iniciação do sexo.
Aparentemente, uma proteina nos feromônios chamada afrodisina
é um atrativo sexual. Hamsters machos tentarào montar em um
hamster macho anestesiado se este for aspergido com afrodisina
(Singer, 1991). Interessantemente, os feromOnios também podem
afetar o comportamento social humano. Em um estudo, as
pesquisadas do sexo feminino que usaram durante a noite um
colar que continha androstenol, uma substância encontrada no
suor axilar masculino, passar~m mais tempo em interações sociais
com 110mens no dia seguinte do que as mulheres que usaram
colares contendo substâncias inertes (Cowiey e Brooksbank, 1991).
Esse efeito não ocorreu nos pesquisados do sexo masculino.
As pesquisas estão recém começando a examinar os correlatos
neurais do comportamento sexual humano. Por exemplo, em um
estudo que utilizou imagens de PETfoi mostrado a homens
imagens de videoclipes eróticos e neutros. Descobriu--se que os
clipes eróticos levavam à ativação de .áreas cerebrais assodadas à
motivaç:lo e à recompensa, como as várias estruturas Ifmb1cas. O
achado interessante foi que esse efeito foi maior para os homens
que tinham níveis sangüíneos de testosterona mais elevados
(Stoleru et aI., 1999). Ainda não ~e sabe se homens e mulheres
respondem diferentemente a estímulos sexuais. .
Um achado notável e consistente em quase todas as medidas
de desejo sexual é que os homens, em média, apresentam um nlvel
mais elevado de motivação sexualdo que as mulheres, embora
existam muitas exceções individuais. Em certas ocasiões, como
quando estão se apaixonando, o desejo sexual das mulheres pode
se equiparar ou superar o dos homens. Estudos também
._--------------------------------
descobriram que, em geral, os homens se masturbam mais
freqüentemente do que as mulheres, querem sexo mais cedo no
relacionamento, pensam e fantasiam sobre sexo com maior
freqüência, gastam mais tempo e dinheiro (e outros recursos) no
esforço de obter sexo, desejam mais atividades sexuais difeN!ntes.
iniciam mais o sexo e o recusam menos, e avaliam seu impulso
sexual como mais forte do que o das mulheres (Baumeister et aI.,
2001). Em um estudo, pesquisadores perguntaram a universitários
de ambos os sexos quantos parceiros sexuais eles gostariam de ter
na vida, se não se sentiam limitados pelo medo de doenças,
pressões sociais, e assim por diante (Miller e Fishkin, 1997). A
maioria das mulheres queria um ou dois, ao passo que a resposta
média dos homens era várias dezenas. No entanto, também houve
vários homens que queriam apenas uma parceira sexual e
mulheres que queriam muitos.
As mulheres tendem a ter índices mais elevados de erotofobia,
urna disposição a responder negativamente a deixas sexuais. As
pessoas com Indices elevados de erotofobia relatam uma postura
parental de rigidez em relação ao sexo, atitudes conservadoras e
evitação da masturbação (Fisher et aI., 1988). Paradoxalmente, as
pessoas com lndices altos de erotofobia correm um risco mais
elevado de gravidez indesejada e doenças sexualmente
transmitidas, porque é menos provável que carreguem consigo
preservativos e tomem outras precauções.
No nlvel sociaflcultural, o duplo padrão é uma influência
cultural muito conhecida. Ele estipula que certas atividades (como
o sexo pré-<:onjugal ou casual) são moral e socialmente aceitáveis
para os homens, mas ndo para as mulheres. A revoluçClOsexual do
século XXtrouxe grandes mudanças de comportamento sexual, a
maioria das quais deve ser atribuida a mudanças nas pressões e
expectativas culturais. Embora os costumes e as normas sexuais
variem até certo ponto entre as culturas, todas as culturas
conhecidas têm alguma forma de moralidade sexual, o que indica
como é importante para a sociedade regular de alguma maneira o
comportamento sexual. As culturas podem tentar limitar e
controlar o sexo por uma variedade de razões, incluindo manter o
controle sobre o lndice de nptalidade, estabelecer a paternidade,
oferecer às pessoas um roteiro a ser seguido no namoro e
acasalamento e reduzir conflitos.
A relativa influência da natureza e da cultura sobre a motivação
sexual pode variar com o gênero. Roy Baumeister (2000) utilizou o
termo plasticidade er6tica para se referir ao grau em que o impulso
sexual pode ser moldado por fatores sociais, culturais e situacionais.
As evidências sugerem que as mulheres apresentam maior
plasticidade er6tica que os homens. A sexualidade de uma mulher
pode evoluir e mudar durante sua vida adulta, ao passo que os
desejos dos homens permanecem relativamente constantes (exceto
pelo declinio gradual com a idade). Os desejos e comportamentos
sexuais das mulheres dependem significativamente de fator.es
sociais como educação e religião, enquanto a sexualidade dos
homens mostra uma relaçdo minima com tais influências. Por
exemplo, em uma revisão da literatura, Baumeister descobriu que
as mIJlheres com alto nível de instrução apresentam maior
probabiiidade do que as mulheres não-instruidas de realizar sexo
oral, anal, interações homossexuais e experimentação de novas
atividades, mas que os homens instruidos e não-instruidos nClo
diferem muito com relação a essas fonnas de sexo .
Cl~NClA PSICOLÓGICA 287
expectativas Representações
mentais de possíveis resultados
futuros.
incentivos Estímulos externos
que motivam comportamentos (em
oposição a impulsos internos).
motfvação
extr'nseca Motivação para
realizar uma ativIdade por causa
dos objetivos externos para os quais
essa atividade é dirigida.
motivação Intrinseca Motivação
para realizar uma atividade por
causa do valor ou do prazer
associado a essa atividade, e não
por um propósito ou objetivo
biológico aparente.
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,.i'::"l; ~
Vimos, anterionnente, que muitos pe.e;quisadores motivacionais focalizam os aspectos intencio-
nais do comportamento, OSfatores cognitivos e sociais subjacentes à motivação. Um dos maiores
desafios aos relatos behavioristas pulsionais da motivação foi a posição de Edward Tolman, um
pioneiro nas teorias cognitivas do comportamento. Na década de 1920, Tolman observou que os
comportamentos motivados "cheiram a um prop6siton, isto é, eles são dirigid~ a um objetivo. Por
meio da aprendizagem, os animais desenvolvem expeet<1tivas em relação ao que levará à conquista
dos objetivos. M expectativas são representações mentais de futuros resultados. Ao enfatizar as
expectativas, Tolman focalizou propriedades do objeto visado, em vez das necessidades biológicas.
Por exemplo, nós esperamos que um bolo de chocolate tenha um sabor melhor do que sardinha e,
portanto, escolhemos comer o bolo e não sardinhas quando estamos motivados a comer. Focalizar
objetos visados em vez de necessidades leva a modelos de motivação por incentivos. Os incentivos
são objetos externos, não impulsos internos, que motivam comportamentos. Tirar um "g no semes-
tre é o incentivo para estudar bastante; o delicioso gosto do chocolate é o incentivo para comer bolo;
ter dinheiro para comprar as coisas que você quer é o incentivo para trabalhar durante as férias de
verão. Amaior contribuição de Tolman foi salientar que algumas coisas são mais valiosas para nós do
que outras, e somos mais motivados a obter coisas de valor. O que valorizamos, por sua vez, é
detenninado em grande extensão pela cultura em que vivemos.
o b.rincar Uma das marcas registradas da infância é a curiosidade, um comportamento intrinse-
camente motivado. A5 crianças gostam de procurar novas situações e jogos. Quando encontram
novos objetos, ficam fascinadas e brincam com eles até o objeto ser inteiramente inspecionado e
todas as suas características serem exibidas. Depois que a criança examinou minuciosamente o obje-
to, o seu interesse diminui e ela passa para outra coisa nova. A exploração do brincar é caracteristica
de todos os mamíferos, especialmente dos primatas. Por exemplo, o psicólogo Harry Harlow e cola-
borado~es mostraram que os macacos têm um forte impulso exploratório e não desistem de tentar
resolver problemas relativamente complexos na ausência de qualquer motivação aparente CHarlow
et aL, 1950).
Que valor adaptativo tem o brincar? Uma função óbvia é aprender sobre os objetos do ambien-
te; isso, claramente, tem valor de sobrevivência. O conhecimento de como as coisas funcionam tam-
bém pennite que esses objetos sejam usados para outras tarefas. Em um estudo, crianças tiveram a
chance de brincar com materiais envolvidos em uma tarefa posterior de solução de problemas. A
tarefa requeria que as crianças juntassem duas varetas pam recuperar um pedaço de giz. M crianças
que tinham podido brincar com as varetas e presilhas por 19minutos realizaram melhor a tarefa do
que as crianças que não tinham sido expostas primeiramente aos materiais ou tinham sido informa-
das da solução da tarefa, mas não tinham podido brincar (Sylva et aI., 1976).
O brincar também ajuda os animais a aprender sobre o mundo sociaL Viver com os outros
requer a capacidade de cooperar e seguir regras, e o brincar ofer€l:e oportunidades para aprender as
regras. Stephen Suomi e Hany Harlow (1972) argumentaram que brincar com os seus iguais penni-
te que os macacos aprendam benefícios sociais, como se comportar com aqueles que são dominantes
e quando refrear impulsos agressivos.
Às vezes, as pessoas estão motivadas para apresentar comportamentos simplesmente porque
"",,&ostamde fazer aquilo. M pessoas gostam de desenhar,ouvir música, jogar xadrez, ler livros e
assistir aos seus programas favolitos de televisão. Os psicólogos diferenciam duas categolias gerais
de motivos, exmnsecos e intrínsecos. A motivação extrínseca enfatiza os objetivos externos para
os quais a atividade está sendo dirigida, tal como redução do impulso ou recompensa _ por exem-
plo, rrabalhar para ganhar um salário no final da semana. A motivação intrínseca se refere ao
valor ou prazer que está associado à atividade, mas não tem nenhum propósito ou objetivo biológico
aparente. Comportamentos intrinsecamente motivados são realizados por si mesmos. Esses com-
portamentos não se limitam aos humanos; qualquer pessoa que tenha tido filhotes de cão ou gato
sabe que grande parte do seu dia é dedicada ao comportamento de brincar.
288
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criatividade A capacidade de
gerar ou reconhecer idéias,
alternativas.ou possibilidades que
podem ser uteis para resolver
problemas, comunicar-se com os
outros ou entreter a nós mesmos e
os outros.
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GAZZANIGA e HEATHERTON
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Criatividade e solução de problemas Muito,; comportamentos intrinsecamente motiva-
dos pennitem que as pessoas expressem criatividade. Criatividade é a tendência a gerar idéias ou
alternativas que podem ser úteis para resolver problemas, comunicar e entreter os outros e a nós
mesmos (Franken, 1998). A criatividade envolve construir imagens novas, sintetizar duas ou mais
idéias ou conceitos e aplicar conhedimentos existentes à solução de novos problemas. A mente hu.
mana também tenta consolidar infonnações em histqrias ooerentes. As pessoas são motivadas a
compreender o mundo e, exatamente como os pacientes. com cérebro secionado que confabulam
para compreender as infonnações conflitantes que chegam em seus hemisférios separados (veja o
Capítulo 4), desenvolvem ativamente explicações de como o mlUldo funciona e como eventos cau.
sais estão conectados. Muitos teóricos salientam que a criatividade é um componente integral para a
solução de problemas adaptativos. Muitas atividades criativas não representam, em si mesmas, solu-
ções adaptativas, mas são usos modernos de mecanismos .que evoluiram para tais propósitos. Por
exemplo, tendemos a preferir arte que tenha elementos interessantes que captam a nossa atenção. A
capacidade de perceber e prestar at~nção a aspectos do ambiente, como alimentos ou predadores,
tem um valor adaptativo óbvio (p~er,.1997).
Aprendizagem e motivação ihtrínseca Lembre que um dos princípios básicos da teoria da
aprendizagem é que os comportamentos IWlmpensados aumentam em freqüência. Seria esperado,
portanto, que recompensar comportamentos intrinsecam~~ motivados os reforçasse. Surpreendente-
mente, evidências consistentes sugerem que recompensas extrínsecas podem enfraquecer a motivação
intrínseca e diminuir a probabilidade de as pessoas apresentarem o comportamento recompensado. Em
um clássico estudo, o psicólogo social Mark Lepper e colaboradores permitiram que crianças desenhas-
sem com canetas coloridas, uma atividade que a maioria das criariças considera intrlnsecamentemoti.
vadora (Lepper et al., 1973). Um grupo de crianças recebeu um motivo extrinseco para desenhar ao ser
levado a esperar um "prêmio de mellior desenho". Outro grupo foi inesperadamente recompensado
após a tarefa e um terceiro grupo não foi nem recompensado nem levado à expectativa de uma recom-
pensa. Durante um período subseqüente de brincadeira livre, as crianças que tinham ficado na expecta.
tiva de recompensas extrlnsecas passaram muito menos tempo brincando com as canetas coloridas do
que o grupo que não foi recompensado ou do que o grupo.que recebeu uma recompensa inesperada.-.~~-
Teoria do controle e autopercepção Por que as recompensas extrínsecas, às vezes, redu.
zem o valor intrínseco? Os psicólogos sociais Edward Deci e Richard Rya1]. (1987) argumentam que
os sentimentos de conlTole pessoal e' !=Ompetência fazem as pessoas se sentir~£!!lUlas mesmas
e inspiram-nas a fazer seus trabalhos mais criativos. Fazer alguma coisa para ganhar recompensas
ext~ern-'--as-na-o~-satisfaza nossa necessida<le"de autonomia. .
- Outra explicação se baseia 011 teoria da autopercepção do psicólogo Daryl Bem (1967), que
afirma que as pessoas raramente estão ci tes.Jkseus motiJos_especlfieos e tiram inferências sobre
sua motivação asea as no qu~. Por exemplo, alguém lhe dá um grande
co~ você bebe tudo, exclamando: "Puxa, eu estava mesmo com sede". Você acredita que
estava com sede porque bebeu todo o copo, mesmo que não estivesse ciente de nenhuma sensação
física de sede. Quando as pessoas ~llcmnraruma explicação externapbvia""para o seu
comportamento (como ~ recompensas!!.. ou satisfazer uma necessidade biológjca), elas concluem
que ~tawILaqUel~ com...QQ...rt@L~plesmente P.Q!9.uegostam de fazer aqYi1o•.ReçP.Dl...P!!t
sar as pessoas por realizar wna atividade intrínseca, todavia, lhes ~ma explica~o alternativa de,
~liuilo. Não é porque aquilo é div~do; é por causa da rec0II!pensa. Conse-
qüentemente,.!!! ausênci!!,.de recompens~uma razão para apresentar p cómportameIilib.
Uma vez que as notas escolares recompen~lYIJ,.Q...b9.mAes~1P-penho,poderíàmos concluir que
devemos terminar_com elas para preservar a curiosidade e o amor por aprender d!S crianças peque.
<nas. Mas Deci e Ryan argumentam. que, se a recomp!..nsa extrínseca informa quanto controle pessoal
_~oãS têm....sobr..eAªP:rendizagem. ela não_enfraquece@.a.mp..tivaçáQjntrínseca.Dessaperspecti-
va. receber notas na escola infonna que você ~ e. portanto, não enfrague£t a
~seca. Na verdade~n~ ainda mais a motiva.çãJLintríns.e.ca;..
agora você sabe que o trabalho escolar é algo que gosta de fazer e faz bem. Além d.i.sso,recompensas
extrínsecas só entra uecem os comportamentos que são intrinsecamente recom ensadores. Assim, o
des o para os educadores ~ enc umentar o valor intrínseco do trabalho escolar.
Não sendo possível isso, as!,ecompensas extrínsecas podem ser usadas para fazeLParecer que vale a
pena realizar uma tarefa de outra forma aborrecida.
"
289
Alta
(
Otimo
Excitação/ arousal
Baixa
o
I
FIGURA 9.6 segundo a lei de YerkeTOodson,o
desempenho melhora com a excitação alé um ponto
ótimo, após o quàra- excitação interfere no desempenho.
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Familiar '"Novo Famlliar'-
simples si'mples complexo:'
" _."...,
OENOA PSICOLÓGICA
o.~
.~z
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Potendalde exdtaçãci/arousal
A novidade e a excitação (arousa/) motivam
As pessoas são motivadas a
atingir objetivos
A curiosidade, o brincar e as atividades criativas todas levam a estados de excitação (arousal). A
excitação está associada a quão ativo/a e alerta você se sente durante o dia e também a como responde
aos eventos em seu entorno, tal como dirigir no trânsito ou encontrar alguém que acha atraente. O
princípio psicológico conhecido como a lei de Yerkes-Dodson (que recebeu o nome dos dois pesqui-
sadores que primeiro a estudaram, em 1908) dita que a eficiência comportamental aumenta com a
excitação (arousal) até um ponto ótimo, após o que diminui com a crescente excitação, mando assim a
forma de um U invertido (Figura 9.6). Portanto, você se sai melhor nos exames quando apresenta um
nível moderado de ansiedade. Pouca ansiedade pode levá.lo/a à dl'Satenção e ansiedade
demais pode paralisar seu pensamento e intetferir na memória.
O interessante é que o aumento da excitação (arousa/) que acompanha muitos
comportamentos desejáveis contradiz as teorias originais do impulso, que afirmavam
que a motivação funciona para reduzir os níveis de tensão e excitação. Em vez disso,
agora está bem estabelecido que os animais são motivados a buscar um m'vel6timo de
excitação, que é o nível de excitação associado ao valor hedônico máximo. Na década
de 1960, o psicólogo cognitivo Daniel Berlyne propôs que a relação entre excitação e
valor hedônico seguia a lei de Yerkes-Dodson: o humor aumentavacom o aumento da
complexidade e da novidade até um nlvelótimo, em cujo ponto o afeto passava a ficar
cada vez mais negativo (Figura 9.7). Por exemplo, as pessoas gostam de uma boa histó-
ria de mistério, mas ficam frustradas quando a trama é tão complexa que fica impossí-
vel de seguir. Berlyne concordava com o principio motivacional básico de que todos os
organismos devem buscar experiências positivas e evitar as negativas; sendo assim,
uma pessoa que está experienciando um baixo nÍVel de excitação estaria motivada a
buscar estimulação adicional. Segundo Berlyne, a novidade, a mudança súbita, a in-
congruência, a complexidade e a incerteza aumentam a excitação (arOllSaO e, portan-
to, aumentam o afeto positivo daqueles com baixa excitação. Mas os que já estão exci-
tados - como os alunos que estão estudando para exames - experienciam outros
eventos excitantes como ave'rsivos e tentarão reduzir a estimulação.
As teorias de excitação da motivação proporcionam uma explicação importante
para muitos comportamentos intrínsecos - nós os
realizamos porque eles nos excitam e absorvem a
nossa atenção. As pessoas gostam de fazer muitas
atividades que são excitantes, como dançaI; ouvir
música, ler livros emocionantes e assistir a filmes de
hOITore de aventura. Alguns teóricos obsemÍ'am que
música, arte e literatura têm o poder de afetar os nos-
sos estados emocionais. Seleções musicais são fre-
qüentemente utilizadas em laboratórios de pesquisa
para alterar o humor das pessoas. Gostar de músicas
novas segue o modelo de U invertido sugerido por
Ber1yne: conforme músicos e ouvintes se aborrecem
ao ouvir o mesmo estilo de música, passam a desejar
sons novos e diferentes. Rock, punk, rap, eletrônica e
outros estilos musicais se tomaram populares por-
que eram diferentes e porque excitavam o ouvinte,
assim como Mozart excitou aqueles que ouviam Bach
ou Handel no século XVIII.
Os motivos intencionais refletem necessidades
psicossociais de poder, auto.estima e realização. O es-
tudo desses motivos começou com Henry Murray, um
psicólogo da personalidade da Universidade de Har-
FIGURA 9.7 Daniel Berlynepropôs que a excitação aumentada está assodada a um
maior afeto positivoate um nlvelótimo, após o qual a excitação crescente passa a ser
aversiva.
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290
Como as pessoas estabelecem e
atingem objetivos pessoais?
auto-regulação , O processo pelo
qual as pessõas iniciam, ajustam ou
terminam ações a fim'de conseguir
realizar planos ou objetivos
pessoais.
autO-êficãda A expectativa de
que ds esforços pessoais levarllo ao
sucesso.
~voderealizaçãa Odesejo
de se sair bem relativamente a
padrões~ de excelênCia:
. ,.-, -. .
modelo lOTE -Um"modelo de
auto-regulaçao em que'as pessoas
avaliam o progresso na busca dos
seus objetivos. -
de5indiyidU~o ll~ ;ertado
mental de baixa autoconsciência,
em que as pessoas agem de uma
maneira desinibida.
GAZZANIGA e HEATHERTON
vard. Na década de 1930, Murray propôs 27 necessidades psicossociais básicas, como a necessidade
de poder, autonomia, realização, sexo e lazer. O estudo das necessidades psicossociais trouxe imights
importantes sobre o que motiva o comportamento humano. Destaca-se a motivação especial das
pessoas para atingir objetivos pessoais. A auto-regulação do comportamento é o processo pelo
qual as pessoas iniciam, ajustam ou terminam ações a fim de atingir objetivos pessoai5.
Às vezes, quando ficamos estudando até tarde da noite para um exame, perguntamo-nos por
que trabalhamos tanto. Para muitas pessoas, o trabalho duro é motivado por seus objetivos a longo
prazo. De acordo com uma teoria influente desenvolvida pelos psicólogos organizacionais Edwin
Locke e Gary Latham (1990), os objetivos dirigem a atenção e os esforços, estimulam a persistência
de longo prazo e ajudam as pessoas a desenvolver estratégias. Os objetivos que as pessoas estabele-
cem influenciam seus esforços de auto-regulação. Locke e Latham sugerem que 05 objetivos desafia-
dores, difíceis e específicos são mais produtivos. Objetivos desafiadores despertam maior esforço, per-
sistência e concentração, enquanto objetivos fáceis ou difíceis demais podem enfraquecer a motivação
e freqüentemente levam a maus resultados. Objetivos que podem ser divididos em etapas específicas
e concretas também favorecem o sucesso. Uma pessoa interessada em correr a Maratona de Boston
precisa primeiro desenvolver resistência para correr um quilômetro. Depois de atingir o objetivo de
correr 1 quilômetro, a pessoa pode se propor objetivos mais desafiadores até chegar à maratona de
26 quilômetros. Focalizar objetivos concretos no curto prazo facilita a conquista dos objetivos de
longo prazo.
Sentimentos de auto-eficácia Aibert Bandura (veja o Capítulo 6) argumentou que as ex-
pectativas pessoais de sucesso desempenham um papel importante na motivação. Por exemplo, se
você acredita que seus esforços de estudo levarão a uma boa nota no exame, será motivado a estudar.
A auto-eficáda representa a expectativa de que seus esforços levem ao sucesso, e essa crença
ajuda a mobilizar as suas energias. Se você tem baixa auto-eficácia e não acredita que seus esforços
levarão ao sucesso, talvez fique tão desanimado que nem tentará esrudar. ~ pessoas com grande
auto-eficácia tendem a estabelecer objetivos elevados e a obter resultados favoráveis. Entretamo, às
vezes, pessoas com uma visão inflada de si mesmas estabelecem objetivos que não terão condições
de atingir. Objetivos que são desafiadores, mas não esmagadores, geralmente são os que mais condu-
zem ao sucesso.
Motivação de realização A:ipessoas diferem na extensão em que perseguem objetivos desa-
fiadores. O motivo de realização se refere ao desejo de se sair bem relativamente a padrões de
excelência. Um dos alunos de Henry Murray, David McClelland (Figura 9.8), passou a maior parte dJ
sua carreira estudando pessoas com alta motivação para a realização. Em pesquisas ao longo de
quase SOanos, McClelland e seus alunos descobriram que o desejo de realizar ajudava as pessoas a
ter sucesso. Comparados aos que apresentavam baixa necessidade de realização, alunos com alta
necessidade sentavam-se na parte da frente da sala de aula, tiravam notas mais altas nos exames e
obtinham melhores conceitos nos cursos relevantes para os seus objetivos profissionais (McClelland,
1987). O que é interessante, os alunos com alta necessidade de realização tendiam a ser mais realis-
tas em suas aspirações profissionais do que os alunos com baixa necessidade. Eles estabeleciam
objetivos pessoais desafiadores, mas possíveis, enquanto os que apresentavam baixa necessidade de
realização cendiam a estabelecer ou objetivos extremamente fáceis ou quase impossíveis. Os pais dos .
alunos com alta necessidade de realização tendiam a estabelecer objetivos muito elevados para os
filhos e estimulavam a persistência. Esses pais desencorajavam queixas e desculpas para o mau
desempenho e incentivavam os filhós e tentar soluções novas.O único aspecto negativo para as pes-
soas com alta motivação para a realização é que elas gostam de atingir objetivos pessoais e, nas
situações em que precisam delegar, como em posições administrativas ou políticas, elas tendem a
assumir coisas demais. Na verdade, uma equipe de pesquisa descobriu que a necessidade de realiza-
ção estava inversamente relacionada à efetividade entre os lideres POlltiC05(Spangler e House, 1991)
A auto-regulação requer autoconsdência e
adiamento da gratificação
Como as pessoas controlam o próprio comportamento para atingir seus objetivos? Primeiro,
elas precisam ter uma boa idéia de quais são seus objetivos e do que devem fazer para atingi~los.
Sair29'
Se
incongruente
Feedback negativo
FIGURA 9.8 DavidMcCIeIandestudou o l'I'lOtMlde
. re:aização em muitas alturas.
CI£NQA PSICOLÓGICA
fIGURA 9.9 Uma unidade TOTE~ um modelo horneoostático de aut£Hegulação. O
feed'oad: negativo de d"ooepãncia entre o estado atual e o ideal motiva esforços para reduzir
a discrepância.
Comportamento autodestrutivo Segundo
carver e Scheier, uma maneira de reduzir o afeto ne.
gativo é evitar a autoconsciência pelo esco.pismo. Algu.
mas pessoas bebem álcool ou usam drogas para es-
quecer seus problemas; outras saem para dar uma
conida, lêem um livroou assistem a um filme.O apelo
seletivo do entretenimento escapista é que ele distrai
a pessda de refletir sobre seu fracasso em atingir os
considere o objetivo de se tomar um aluno A. Você primeiro teria de reconhecer que
aroalmente é um aluno Be precisa se esforçar mais Sequiser atingir seu objetivo.
De acordo com os psicólogos cognitivos George MiUer,Eu~e GlIlanter e Karl
Pribram (1960), as pessoas possuem representações menlais de seus estados desejados
e llS comparam com a sua posição atual nas dimensões relevantes. O mecanismo cogni.
tivo que dirige o comportamento baseia-se no fttdback negativo e é semelhante aos
modelos homeos~ticos utilizados por motivos tl!guladores. MiUere seus colegas cha.
rn:ltam esse mecanismo de unidade TOTE, de test.optTlltt-tesr-ail (teste-operar.resre-
szir) (Figura 9.9). Nesse modelo, é feita uma comparnçijo entre o estado atual da pes_
soa e o estado desejado. Umadiscrepânda entre os dois estados motiva comportamentos
para minimizar a discrepânda, e esse processo continua até o objetivo ser atingido,
ponto em que a pessoa sai do processo. O modelo TOTE requer que as pessoas te-
nham sempre presentes seus objeÔV9Se sejam autoconscientes, a fim de monitorar seu
progresso na busca dos objetivos. Por exemplo, paro se tomar um aluno A você precisa
prestar atenção em seu desempenho nos exames e tarefas da dasse, e também nas
notaS que precisa tirar para ganhar um A. Se as suas notas estiverem abaixo dos cité-
rios A, você terá de se esforçar mais e ser mais eficiente para atingir seu objetivo.
Os psicólogos sociais Charles Carver e Michael Scheier (1981; 1998) criaram uma
influente teoria auto-reguladora que se vale do modelo TOTEao enfatizar a influência
da autoconsciência. Quando a autoconsciência é alta, as pessoas agem de acordo com
padrões pessoais; quando é baixa, sua irulJiçãodesaparece e elas perdem conram com
esses padrões, um estado mental conhecido como deslndividuação. Em um estudo,
Edward Diener e seus colegas descobriram que era menos provável os alunos colarem em uma prova
se estivessem sentados na freme de um espelho - que presumivelmente aumentaVa a autoconsci!n-
cia (Diener, 1979). Damesma fonna, Diener descobriu que as crianças que estavam anônimas rouba .
.- vam mais guloseimas no Ha/IOWtt1l do que as crianças que não estavam anônimas. É por isso que
muitos cassinos são barulhentos e sem espelhos. Os cassinos tentam eliminar todas as deixas de
autoConcentração, para que as pessoas se desindividuem e superem suas inibições quanto a jogar
fora todo o seu dinheiro.
Segundo o modelo de Carver e Scheier,a autoconsciência das discrepâncias enrre o estado ideal
e o arualleva ou a um atelO negativo ou a um afetOpositivo, que então orienta todo o componamen-
lO subseqüente. Quando as pessoas sentem que seu d6empenho foi acima de um determinado pa.
drão, elas experienciam um afeto positivo e param de se avaliar naquela dimensão. Se seu desempe.
nho está melhor que o seu objetivo, você não ajusta o seu comportamento para recuar até o objetivo
(como sugeriria o modelo TOTE).
Quando o desempenho das pessoas está abaixo dos seus padrões ideais, elas experienciam um
afeto negativo, como sentimentos de tristeza, frustra.
ção e ansiedade - o afeto negativo serve como um
sinal de que você não está atingindo seus objetivos
pessoais. Um ponto essencial do modelo de Carver e
Scheier é que fururas tentativas de auto-regulação de-
pendem da probabilidade de ser capaz de diminuir a
lacuna entre onde você está agora e onde quer ir. Se a
probabilidade percebida de conseguir reduzir a d.iscre-
.' pância for alta, então o afeto negativo motiva tentati.
vas de reduzir a discrepância. Mas se a probabilidade
percebida de sucesso for baixa, então as pessoas pc- .
dem desistir de tentar.
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F;:;:;Ul\A 9.10 As crianças capazes de transformar cognições
quentes em cogniçàes frias têm maior facilidade para adiar a gratifICação.
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292
adiamento da
gratificação Quando as pessoas
transcendem tentações imediatas
para conseguir atingir objetivos a
longo prazo.
GAZZANIGA e HEATHERTON
objetivos e, assim, ajuda a evitar que se sintam mal com isso. Infelizmente, as evidências sugerem
que escapar da auroconsciência está associado a diversos componamentos autodestrutivos, como
comer descontroladamente, praticar sexo inseguro e cometer suicídio. Segundo o psicólogo social
Roy Baumeister (1991), esses problemas ocorrem porque as pessoas fazem coisas, quando têm baixa
autoconsciência, que jamais fariam se fossem autoconscientes.
Gratificação adiada Um desafio comum na auto-regulação é adiar a gratificação imediata na
busca de objetivos a longo prazo. Os alunos que querem se tomar médicos bem-sucedidos geralmen-
te têm de ficar em casa estudando em vez de sair com os amigos. O processo de transcender a
gratificação imediata a tifn de atingir objetivos a longo prazo é conhecido como adiamento da
gratificação. Em uma série de estudos agora clássicos, o psicólogo desenvolvimental Walter Mis-
chel pediu que crianças escolhessem entre esperar para receber um brinquedo ou alimento preferido
ou ganhar imediatamente um brinquedo ou alimento menos apreciado. Mischel descobriu que algu.
mas crianças conseguem adiar a gratificação melhor do que outras e que a capacidade de fazer isso
prediz o sucesso na vida. As crianças que conseguiram adiar a gratifica-
ção aos 4 anos de idade foram avaliadas, 10 anos mais tarde, como
socialmente mais competentes e mais capazes de lidar com a frustra-
ção. A capacidade de adiar a gratificação na infância prediz escores
mais elevados no SAI, melhores notas escolares e avaliações mais posi-
tivas por parte dos professores (Mischel et ai., 1989).
Como algumas crianças conseguem adiar a gratificação? Uma es-
uatégia era simplesmente ignorar o item tentador em vez de olhar para
ele. Crianças mais velhas, mais capazes de adiar a gratificação, tenta-
vam cobrir os olhos ou olhar para outro lado, enquanto crianças bem
pequenas tendiam a olhar diretamente para o item ao qual estavam
tentando resistir, tornando o adiamento especialmente difícil. Uma es-
uatégia relacionada era a autodistração, por meio de cantar uma músi-
ca, jogar algum jogo ou fingir dormir. A estratégia mais bem sucedida
envolvia o que Mischel e sua colega Janet Metcalfe referem como trans-
formar cognições quentes em cognições frias. Essa sofisticada estratégia
envowe transfonnar mentalmente o objeto desejado em algo indeseja-
do, tal como enxergar um pretJlel tentador como um pedaço de madeira
ou marshmaUows como nuvens (Figura 9.10). As cognições quentes fo-
calizam os aspectos gratificantes, prazerosos, dos objetos, enquanto as
cognições- frias focalizam significados conceituais ou simbólicos. Met-
calfe e Mischel (1999) propõem que essa distinção quente/frio baseia-
se em como a infonnação é processada no cérebro, com o sistema quen-
te ligado à anúgdala e o frio, ao Iúpocampo. Segundo essa teoria, a
anúgdala processa os aspectos gratificantes de estimulos biologicamen-
te significativos, enquanto o hipocampo processa planos, estratégias e
objetivos e, pórtanto, é responsável pelo autocontrole.Uma teoria refe-
rente aos limites do autocontrole é discutida em "Utilizando a ciência
psicológica: Domando os demônios da vida cotidiana".
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Como 05 fatores cognitivos. sociais e culturais influendam a motivação?
As pessoas são motivadas por fatores elctrínsecos e intrínsecos. Os fatores extrínsecos se referem ao valor de
incentivo ou recompensa da atividade. Os fatores intrínsecos induem a novidade e os motivos de lazer e
criatividade. Oferecer recompensas extrlnsecas para atividade intrínsecas reduz a motivaçao para buscar a atividade
intrlnseca. As pessoas são motivadas para estabelecer e atingir objetivos e para controlar seu comportamento a fim
de atingi-los. Os mel bares objetivos ~o-os desafiadores, concretos e divisíveis em etapas. O processo pelo qual as
pessoas atingem seus objetivos é conhecido como autOoregulaç1io. que depende da autoconsciência dos objetivos e
dos comportamentos. A força auto-reguladora permite às pessoas adiar a gratificaç.1lo imediata a serviço de
objetivos de longo prazo.
-~----------~ ._--- ----_._--- ~._--_._-._----------
293a~NOA PSICOlÓGICA
DOMANDO 'OSDEMONIOS DA VIDÁ- COTIDIANA
o hipotálamo regula as respostas fisiológicas aos estímulos e organiza os comportamentos que
mantêm a homeostase. Confonne você leu no Capítulo 3, o hipotálamo controla os sistemas auton6-
mico e endócrino, que supervisionam comportamentos relacionados à sobmivência e à reprodução.
Em 1954, Eliot Stellar propôs que existem no hipotálamo centros excitatórios e irubitórios que regu_
lam companamentos motivados. Essa teoria do cenuo dual da motivação com o tempo se revelou um
-- pouco simplista, mas está claro que regiões específicas do hipotálamo estão envolvidas em muitos
comportamentos motivados. Por exemplo, lesões no hipotálamo estão associadas a anonnalidades
morivacionais na alimentação, agressão ou comportamenro sexual, dependendo da área afetada;
diferentes áreas do hipotá1amo estão envolvidas na agressão ofensiva e defensiva.
O hipotálamo tem muitas conexões cerebrais importantes que contnõuem para a motivação,
incluindo inpurs de várias regiões cerebrais envolvidas na excitação (arousaO (como a formação
reticular) e projeções para os lobos frontais, amígdala' e medula espinal. Através do tálamo, o siste-
ma límbico retebe input dos sistemas sensoriais. Outra estn1wra Umbica, o hipocampo, influencia a
. " ':. '-~,'" ., '," " ,~.,,~.. -~:. ":';"'.', ," - .' '. .
Os humanos têm a capacldad~ de adiar a gratifica~o, de controlar f situadonals. A pessoa 'que está fazendo dieta e vaI o uma festa
, apetites e Impulsos e de perwverar a fim de atingir objetivos, mas -!-; cheia de comidas deliciosas talvez nllo consiga rl!Slstlra elas. Além
muitas pessoas têm dIficuldade para se controlllr de vez em ~ •• - ~ : ãlSSO,as ~s que se esforçam multo para controlar um aspecto
quando. Uma teoria d~nYOMda por ~oy Baumelster. e Todd .•••.•_.,_~" de sua vida geralmente têm dificufdade para se controlat,em
Heatherton (1996) sugere que a auta;-regulaçao pode ser mais bem outras ~reas. Talvez seja por Isso que as resoluçOes de Ano Novo .
conceltualizada como uma força Il'ldMdual.lsso significa que a -:. .', fracassam: as pessoas prometem parar de fumar, de beber; de
força auto-reguladora l! um recurso limitado, que pode ser. .. ~'l-Comer comidas com,altaS calorias. de ver telev\s:io; estabelecendo
renovado ao longo do tempo e aumentado com a prática. I: só • • para si ml!Smas a tarefa impossfvel de fazer isso tudo ao niesmo
exercitando regularmente a autodisciplina que uPessoas se ~. tempo. A força aUtO--reguladora tem nnittes, e exigIr demais dela é
tomam capazes de exercer autocontrole quando se deparam com' correr O risco de fraêassar em muitos domfnios aut<H"eguladores
tentações e de perseverar quando cst.i difidl atingir os objetivos. A '(MuraVen e Baumelster. 2000). ::
força auto-reguladora também pode diminuir por demandas ./,
--
QUE S!SlEMII.~ !'Jl:IJRA!5 F,;SYAo EI\I\lOc.VI005
NA MOnVlr.çJl,CH '
Uma vez que os prime~ teóricos da motivação não podiam examinar o cérebro em funciona.
mento, eles se dedicavam principahnenre a observar cOmportamentos e inferiam estados motivado-
nois a partir dessas observações. Agora que o nosso corhedmento dos sistemas cerebrais aumentou,
podemos estudar os processos neurais envolvidos no comportamento motivado. Essa revolução bio-
lógica está trazendo novos insights sobre os sistemas neurais envolvidos na motivação, que incluem
o núcleo aceumbens, o hipotálamo e os lobos frontais (Figura 9.11), .
Lembre a discussão, no Capitulo 6, sobre o papel da via me:solímbica de dopamina, que termina
no núcleo accumbtns, na criação dos estados gratificantes. Na motivação, os objetos que satisfazem
estados pulsionais (como o alimento para a fome, a água para a sede e um parteiro para a excitação
se~al) provocam liberação de dopamina no núcleo accumbens e, portanto, são experienciados como
gratificantes. Ao mesmo tempo, os neurônios do núcleo accumbens se comunicam com regiões cere-
brais envolvidas no controle e planejamento. motor, dirigindo, assim, o componamento para obter
objeros que desencadearão a gratificação. .
o hipotálamo está ligado à motivação
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FIGURA 9.11 Regiõesimportantesdo cêrebro associadasA mctiYaçáo.
motivação principalmente por seu papel na memória. MUI-
tos motivos requerem que as pessoas se lembrem de pIa-
nos, estratégias e objcl:h'OS pessoais, e essas memórias es-
tão associadas ao hipoc:ampo.
.)
o córtex pré-frontal está
envolvido na formulação de
objetivos e na auto-regulação
GAZZANlGA e HEATHERTON
Os lobos frontais, panicuJannente o córtex p"-fron!ll1,
são especialmente importantes para integrar informações dos
sentidos, sistemas de memória e sistemas de recompensa via
suas conexões com o tálamo e as estruturas límbicas (veja a
Figura 9.11), O córtex pre-frontal também está envoMdo na
funnulação de objetivos, planos e estratégias, EslUd•• que
utilizaram imagens _ d=>brirnm aiMçâ<> significa-
tiva da região pré-frontal durante tarefas dificeis, mas não
durante tarefas simples de recordação (Schacter e BuckneJ;
1998), As tarefas di/icris requerem esforço, o que liga a mo-
tivaçãoaoc6JteI pré-frontaL Lesõesno córtex pré-frontal estão associadas à dificuldade de fazer planos
e executar os componamemos ~os para atingir objetivos. Os pacientes com lesão pre-frontal
muitas \'l!ZeS têm inteligência e compreensão inraaas, mas não são capazes de utilizar seus conheci-
mentos. Eles podem dizer como se atinge um detenninado objetivo, mas parecem incapazes de seguir
as próprias sugestões e, freqüentemente, não estão nem dispostos a tentaI: Os cientistas acreditam que
as pessoas com lesões pré.frontais têm dificuldade de se concentrar nas tarefas por serem incapazes de
ignorar outros estímulos do ambiente {Knighte Graboweclq.j1995}.Por exemplo, se você sofresse uma
lesão em sua região pré.frontal talvez náo oomeguis:seêstudar, pois não mnseguiria deitar de prestar
atenção a ruídos de fundo ou outw distrações.
Córtex pré-frontal dorsolateral A região dorsolateral do cóerex pré-frontal está envolvida
na ~Leção e iniciação de ações (Spence e Frith, 1999), Por exemplo, quando as pessoas tentam criar
uma seqfiência aleatória, existe uma atividade seletiva aumentada nessa região pré-frontal. O cóerex
pré-frontal dorsolateral rambém desempenha um papel aftioo na mem6ria de trabalho (veja o Capi-
tulo n, que pennite que as pessoas co'mparem o desempeilho atual com padrões passados e objeti-
vos futuros. A memória de trabalho é impoerante para a organiução temporal da memória, que é
frequentemente exigida em tarefas auto-regu1adoras. Considere a tarefa de cozinhar uma refeição,
que requer fazer coisas numa certa ordem. Aspessoas comdisfunção no lobo frontal gerahnenre têm
dificuldade para seguir planos que ,requerem o ordenamento temporal de comportamentos. Elas
podem ser capazes de nos dizer todos os ingredientes de uma receita, mas ser incapazes de seguir Os
passos da receita na ordem neteSSária.
Quais 510 os'correlatos neurais da
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Áreas pr&frontais:
Dorsolateral
Cingulado
Orbitofrontal
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Córtex orbitofrontal Pane do oorrex pré-frontal, o córttx orbitofronral, é partieulannente
importante para planejar e coordenar componamemos destinados a atingir objetivos. Lesões na
região orbitofromal estão associadas à falta de autopreocupação e à motivação diminuída. É possível
que déficits motivacionais observados ápós lesão cerebral ocorram devido aos danos nos circuitos de
dopamina que ligam o córrex pré-frontal e orbitofrontal ao sistema tímbico. O córrex orbirofrontal
também é importante para codificar os possfveis valores de recompensa de diferentes resultados
comportamentais. Existem evidências convincentes de que lesões no córteXorbitofrontal estão asso-
ciadas a prejuízos no processamento de infonnações emocionais que ajudam no julgamento e na
tomada de decisão (Bechara et ai., 2000). Outras pesquisas mostram que essa área do córtex pré-
frontal é ativada durante a fissura por drogas (London et al., 2000). Portanto, a noção geral é que o
oorteJ: orbitofrontal conr:ribui para a auto-regulação ao avaliar o valor de recompensa e informar
sobre respostas emocionais às situações.
--------------~-~"------------------------...,---~ ..-
CIENCIA PSICOLÓGICA 295
F!'GUfV" 9.12 O gráfico mostra que o aumento no tempo de
resposta na tarefa de memória de trabalho mais difidl e51:ava
assoaado a uma maior ativação no arlgulado arlterior. Essa maior
ativação está indicada pelo amarelo na imagem cerebral mostrada.
soo
7
6
5
400300200100
teoria do marcador
somático Ações e decisões auto-
reguladoras são afetadas: pelas
reações corporais que surgem
quando as contemplamos.
Aumento no tempo de resposta°
•-0,4
-100
1,4
1,2 •
1,0
o
'~ 0,8
~ 0,6
~
~ 0,4•E 0,2iI
0,0
-0,2
Cingulado anterior Outra estrutura cerebraJ. envolvida no dirigir a
atenção para os objetivos é o cingulado anterior, que está localizado no cór-
tex pré-frontal, mas é às vezes considerado parte do sistema limbico. Estu-
dos com PE.Tindicam que o cingulado anterior se torna ativo durante tare.
fas novas, tarefas difíceis de atenção dividida e tarefas em que os pesquisadcs
têm de fazer escolhas pessoais. Por exemplo, num eSludo, os participantes
precisavam realizar uma tarefa de memória de trabalho com crescentes
níveis de dificuldade (Bunge et a!., 2001). Comparada a uma condição em
que os participantes tinham de manter na memória de trabalho uma ou
quatro letras, uma condição que requeria que mantivessem seis letras na
memória de trabalho produzia um aumento significativo no tempo de res.
posta, o que indica que essa era uma tarefa difícil. Esse aumento no tempo
de resposta estava correlacionado com uma ativação' aumentada no cingu-
lado anterior (Figura 9.12). Uma conclusão razoavelinente consistente re-
lativa ao cingulado anterior é que ele está envolvido em tarefas que são
exigentes (Seidman et aI., 1998). Quanto mais eXigente a tarefa, maior
ativação é obseiVada (Gevins et al., 1997).
Um papel plausível para o cingulado anterior e que ele age como um
sistema executivo de atenção ao ajudar outras regiões cerebrais a decidi-
rem quais estímulos requerem atenção imediata. Vários estados emocio-
nais também ativam o cingulado anterior, o que sugete que ele está envol-
vido no processamento de infonnações importantes.pàra o humor (Lane et
ai., 1998).
Existe uma estreita conexão entre
motivacão e emocão
, >
Os estados emocionais geralmente motivam comportamentos especí-
ficos. Por exemplo, a CIllpa pode nos motivar a oferecer uma compensação
ou a pedir desculpas, e o medo pode nos motivar a fugir de pessoas ou
situações ameaçadoras. Ligações entre os lobos frontais e o sistema límbi-
co, especialmente a amígdala e o córtex orbitofrontal, pennitem que as
pessoas antecipem suas reações emocionais a diferentes situações, o que.as
ajuda a regular o seu comportaménto. Por exemplo, pensar sobre como nos
sentiremos se recebennos uma multa por excesso de velocidade nos ajuda a
dirigir mais devagar.
O neurocrentista Antonio Damasio sugeriu que o' raciodnio e a tomada de decisão são guiados
pela avaliação emocional das conseqüências de uma áção. Damasio criou a teoria do marcador
somático em seu influente livro O Erro de Descartes, em que propõe que as ações e decisões mais
auto-reguladoras são afetadas pelas reações corporais, chamadas de marcadores somáticos, que sur-
gem quando contemplamos seus" resultados. Para Damasio, o termo "sentir nas ~ntranhas" quase
pode ser tomado literalmente. Quando refletimos sobre uma ação, experienciamos uma reação emo-
cional, baseada em parte na nossa exPectativa do resultado da ação, que é determinada por nossa
história passada envolvendo essa ação ou ações semelhantes. Na extensão em que dirigir rápido
demais levou a multas por excesso de velocidade no'passado, estaremos motivados a dirigir mais
devagar. Damasio descobriu que as pessoas com lesões no córtex orbitofrontal tendem a não usar
resultados passados para regular seu comportamento futuro. Por exemplo, em estudos que utiliza-
vam uma tarefa de jogo, os pacientes continuavam seguindo uma estratégia limscada que já se
mostrara deficiente em tentativas anteriores.
Em termos da explicação de adaptatividade para a motivação, as reações emocionais nos aju-
dam a selecionar respostas que provavelmente promoverão sobrevivência e reprodução. Assim, a
,antecipação de que um evento, ação ou objeto produiÍrá um estado emocional prazeroso nos motiva
a buscá-los, enquamo a antecipação de emoções negativas nos motiva a evitar outras situações.
Portanto, os marcadores somáticos podem orientar o's organismos para a exerução de comportamen-
tos adaptativos.
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296 GA2ZANIGA e HEATHERTON
--_ .." "'I,
Que sistemas neurais estão envolvidos na motivaçã,07
Novos métodos para a~aliar o cérebro em funcionamento permitem aos cientiStas explorar as bases neurais da
motivaç:lo. Várias,regiOes do cérebro estão envolvidas na motivação, incluindo sistemas sensoriais quetransmitem
informações sobre os objetos-alvo; sistemas de reoom~nsa de dopamina; estruturas límbicas,que deterTrIinam
emoções; o hipotálamo. que regula os comportamentos de sobrevivência; e os lobos frontais, que organizam o
comportamento voluntário. - '- .
QUE FATORES MOTIVAM O COMPORTAMIEI\!'!"O
AliMENTAR HUMANO?
Um dos maiores prazeres da vida é comer, e nós fazemos muito isso - a maioria dos estaduni-
deuses cOll'iome entre 75 mil e 85 mil refeições durante a vida, mais de 40 toneladas de comida!
Ingerir comida é algo que todos precisam faz~r para sobreviver, mas comer é mais do que simples.
mente sobrevivência. As ocasiões especiais geralmente envolvem banquetes elaborados, e grande
parte do mundo social gira ao redor de alimentos e de comer. Na alimentação, obselYamos intera.
ções complexas entre a biologia e as influências culturais sobre a cognição. O bom senso dita que a
maior parte do comer é controlada pela fome e pela saciedade. As pessoas comem quando têm fome
e param de comer quando se sentem satisfeitas. Entretanto, algumas pessoas comem muito, mesmo
quando não estão com fome, enquanto outras evitam comer, mesmo não estando satisfeitas. Quais
são os determÚlantes fisiológicos, culturais e cognitivos do comportamento alimentar humano?
Para sobreviver e funcionar

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