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Literatura Hispano-Americana - Aula 5 - Características Estéticas Um Encontro com José Martí e Rúben Darío

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Aula 5 - Características Estéticas: Um Encontro com José Martí e Rúben Darío
 
Contexto Histórico
 
Iniciado em princípios de 1880, o Modernismo é considerado o primeiro movimento estético originado na América. Revela-se como uma tendência intelectual e cultural, resultado do “desenraizamento” espiritual em face da Europa. Você perceberá que este movimento mostra a forma literária de um mundo em transformação (o mundo hispânico) e tem como característica máxima a pluralidade de traços estéticos (o sincretismo). Tudo envolto em uma tonalidade aristocrática.
 
Por volta dos 1880, a América Hispânica ainda não havia se libertada culturalmente. Por este motivo, os autores sentiam a necessidade de um rompimento e renovação radical e definitiva. Nos finais do século XIX a libertação político-econômica ainda não é total, porém existem algumas nações mais avançadas nesta área, tais quais o Chile, México e Venezuela. Entretanto todas elas sofreram investidas dos EUA a curto ou longo prazo.
 
A partir de 1914 a América Central está sob a proteção dos Estados Unidos, que recorrem à força para manter a ordem na região. Por este motivo, os escritores hispânicos se veem como homens de ação contra a invasão dos EUA e a sua cultural anglo-saxônica.
 
O movimento "Modernista", originado na Hispano-América, não é apenas um movimento literário, mas um instrumento de luta intelectual política e literária contra a repressão externa, buscando uma identidade e autonomia.
 
O Modernismo e suas características
 
Na literatura, é marcado por escritores cultos que dialogam com o mundo, que se recusam em isolar-se dentro da população latino-americana e se abrem ao diálogo universal. Nasce, então, uma cultura hispânica "cosmopolita", porém com uma característica marcante de receber e dar influência.
 
Há um diálogo mais próximo à França por conta da identificação entre os ideais (na França, "o século das luzes"). É a partir deste movimento que a Hispano-América exporta sua cultura, levando o estilo do Novo Mundo até a Espanha e outros países europeus. 
 
Segundo a prof. Bella Jozef, "o termo modernismo, bastante controvertido, usado na crítica anglo-americana para referir-se a textos antiimitativos e anti-realistas, nas literaturas hispânicas designa um determinado movimento literário. Primeiro movimento estético originado na América, como signo de seu desenraizamento cultural, surgiu como uma orientação geral dos espíritos." (JOZEF, Bella. História da literatura hispano-americana. P.110-111).
 
Apesar das semelhanças entre os escritores da época, o que os organizam em uma época literária e social, o mais importante é a manifestação da liberdade do poeta. Isto acontece, pois, o escritor não se preocupa mais em produzir uma literatura de ação e sim em uma "arte pela arte", haja vista que as repúblicas e liberdades da América estavam acontecendo.
 
O modernismo caracteriza-se pelo sincretismo eclético. Combinou o antigo e o moderno, o conformismo e rebeldia, renovação e tradição. Uma arte que juntava o que aconteceu com o que acontecia.
 
Com toda essa liberdade e regras não estabelecidas, há uma enorme dificuldade em caracterizar o modernismo e a sua manifestação. Existem coincidências entre os escritores:
 
Fim puramente estético: sem critérios moralizantes. O objetivo é a arte, beleza e prazer oriundo da produção artística.
 
Forte aristocracismo: o poeta manifesta-se utilizando como personagens, princesas, ninfas, musas etc. Os ambientes são luxuosos, os instrumentos são clássicos.
 
O cosmopolitismo: o intelectual sente-se cidadão do mundo.
 
Escapismo: uma fuga para interior do poeta ou para o passado hispânico, para a Grécia ou Roma, para o Oriente, ou para o passado indígena.
 
Musicalidade como elemento criador de beleza: importância na seleção de palavras (musicalidade), ritmo dentro do poema. Aliteração e repetição.
 
Preocupação formal: o poeta quer que sua obra seja bela internamente, mas deseja expressá-la também no seu exterior.
 
Profunda base cultural: o escritor é um conhecedor do mundo, faz contínuas referências.
 
Ênfases sensoriais: utilização constante de sinestesias.
 
Utilização de símbolos: os simbolistas utilizam símbolos, mas não obrigatoriamente da mesma forma. O principal símbolo da literatura Hispano-Americana é o Cisne. Na literatura francesa, esse representa a tristeza, desespero. Mas com os modernistas hispânicos este significado muda completamente, especialmente com Darío, e passa a ser visto como mensageiro da esperança; é a beleza, a nobreza e o mistério.
 
Sendo assim, o Modernismo Hispano-Americano possui parentesco próximo com outros movimentos. Seguem algumas teses e características aproveitadas pelos modernistas:
 
Romantismo: paixão pela morte, liberdade de inspiração, individualismo, sensibilidade, isolamento contemplativo;
Realismo: descrições e observação do real;
Simbolismo: exaltação da imaginação, misticismo, teoria das cores, sinestesia (mistura de sensações), impressões das coisas, razão X intuição;
Parnasianismo: seleção de imagens, ambientes elegantes, seleção vocabular, refinamento das sensações, a arte pela arte como forma de refúgio; o interesse pela cultura clássica e pelo exotismo do oriente.
 
Além destas características que mais aparecem, há o efeito novo do som, da luz e da cor, criando ritmos raros e exóticos para o poema. Conexões frasais de acordo com a emoção do poeta, exaltação da vida espiritual e religiosa.
 
Toda essa mescla de características revelou uma concepção de arte oposta à objetividade puramente didática e social.
 
Cada autor busca sua própria expressão cujo sentido fosse genuinamente americano. Com toda esta liberdade, cada país em que o Modernismo se manifestou, buscou-se assumir matrizes próprios.
 
José Martí
 
Entre 1881 e 1895, vive em Nova York. Trabalha nos jornais The Hour e The Sun. Em 1882, escreve para o jornal La Nación, Argentina. Publica, em NY, seu 1º livro de poemas, "Ismaelillo (1882)", considerado precursor do modernismo. Prosador, também em 1882, introduz a sinestesia, harmonia colorida e metáforas rebuscadas.
 
Seus "Versos Sencillos (1891)" são exemplos de musicalidade e imagens plásticas, regionalismo de dimensão local e universal. É um longo poema de amor, à mulher, à pátria, à natureza, à cultura e à humanidade. Considerado sua maior realização literária.
 
O livro anuncia a revolução que em mãos de Rubén Darío se propagou por toda a América. Ainda em 1891 publica, no México, o texto "Nuestra América", onde expõe claramente o seu objetivo: a integração entre os povos hispânicos como caminho necessário à integração continental.
 
Crítico literário, insubmisso aos europeus, buscava o desenvolvimento cultural próprio do "novo mundo" e para o "novo mundo". É autor dos versos que constitui a música "Guantanamera", hino revolucionário.
 
Considerado o mais universal dos cubanos, é morto em combate em maio de 1895, aos 42 anos, quando regressava para construir uma nova pátria. Cronista de sua época, do passado e do futuro, nunca deixou de servir o seu povo. Nos últimos anos de sua vida, teve apenas um objetivo: a libertação de Cuba.
 
"Conocer diversas culturas es el medio mejor de libertarse de la tiranía de alguna de ellas." (José Martí)
 
Martí é objeto de estudos acadêmico e referência política nos países hispânicos. Entregou-se desde cedo à causa da liberdade cubana. Por conta de uma carta a um amigo, foi julgado e condenado à prisão. Realizou trabalho forçado em pedreiras. Suas ideias políticas surgem em jornais clandestinos em 1869. Objetivando a Revolução Cubana, inaugurou um discurso no qual o "sentido de nação" e a "luta contra o imperialismo" Norte Americano se difundem. Foi um dos inventores do conceito de América Latina.
 
Rúben Darío
 
Dentro do Modernismo, alcançou notoriedade continental e universal. 
 
Diplomata, escritor e poeta nicaraguense (1867/1916), nasci em Metapa, mais tarde "Ciudad Darío" em sua homenagem. Considerado criadordo Modernismo literário e língua espanhola. Martí o chama carinhosamente de "filho".
 
De família tradicional, recebeu sólida formação religiosa e, ainda jovem, trabalhou na Biblioteca Nacional da Nicarágua. Na juventude, viaja por San Salvador, Chile e Argentina, lê e assimila os simbolistas franceses. Em 1888, no Chile, publica o livro "Azul", coletânea de textos poéticos em prosa e verso, influenciado pelo parnasianismo francês. É considerado o nascimento da nova poesia hispânica, com uma temática variada.
 
Em 1893, é nomeado cônsul da Colômbia em Buenos Aires. Desenvolve forte atividade jornalística. Tornou-se correspondente do jornal argentino La Nación, mudou-se para Madrid em 1898. Fixou residência em Paris (1899) e continuou viajando com frequência. Voltou como diplomata para a Espanha em 1908. Doente e com problemas financeiros, inicia uma viagem pelos EUA (1914) onde fez uma série de conferências. Com a piora da saúde, volta a sua terra natal e morre em León, Nicarágua.
 
Paralelo à poesia, há os contos, artigos jornalísticos e críticas literárias. Suas principais obras: "Azul (1888)", livro de prosa e verso; "Epistolas y poemas (1885)"; "Prosas profanas y otros poemas (1896)", coletânea de poemas com os principais elementos do modernismo (o exotismo, os ritmos franceses, a sensualidade, a ornamentação e o colorido); "Cantos de vida y esperanza (1905)", poemas mais íntimos e maior simplicidade expressiva; "El canto errante (1907)"; "Poema del otoño y otros poemas (1908)" e "El viaje a Nicaragua (1909)".
 
 
 
 Contextualizando...
É sob esta ótica então, que devemos compreender a estética dos modernistas hispano-americanos: sua busca pelo novo, sua busca pela palavra musical, pelas correspondências sinestésicas, pela permanente renovação da linguagem. Sua busca pela liberdade: liberdade como nação hispânica, liberdade de escrita poética.
 
José Martí: Um ideólogo curioso de todos os problemas sociais, políticos e educacionais, José Martí, sem dúvida, é o maior e mais completo modernista, pela imensidão de seus conhecimentos e pela variedade de suas atividades. Um homem que seduz pelo dom de constante invenção, sempre dentro de muita simplicidade. É o exemplo do homem cubano em sua totalidade.

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